ERGONOMIA E QUALIDADE DE VIDA
BLOCO 04
EXCELÊNCIA EM EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA
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SUMÁRIO Unidade 13. Embasamento Legal da Ergonomia no Brasil.................... 04
Unidade 14. Análise Ergonômica dos Postos de Trabalho...................... 18
Unidade 15. Acessibilidade............................................................................. 30
Unidade 16. Doenças Ocupacionais.............................................................. 42
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Apresentação Neste quarto bloco estudaremos o embasamento legal existente no Brasil sobre como a Ergonomia deve ser aplicada nas empresas e aos trabalhadores, seja por meio da discussão das leis e Normas Regulamentadoras ou da aplicação da Análise Ergonômica do Trabalho. Faremos também uma discussão crítica sobre a acessibilidade, tanto nas empresas quanto nos ambientes públicos e até nas nossas residências, finalizando os estudos do bloco com a apresentação das principais doenças ocupacionais relacionadas ao risco ergonômico, e suas respectivas origens.
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UNIDADE
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EMBASAMENTO LEGAL DA ERGONOMIA NO BRASIL ERGONOMIA E QUALIDADE DE VIDA
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EMBASAMENTO LEGAL DA ERGONOMIA NO BRASIL Caro(a) Aluno(a), Nesta unidade discutiremos sobre as Normas Regulamentadoras (NRs) do Ministério do Trabalho que tratam da Ergonomia de forma direta ou indireta. Para isso, apresentaremos alguns itens elencados nas NRs 12 (Segurança do Trabalho em Máquinas e Equipamentos), 17 (Ergonomia) e 36 (Segurança e Saúde no Trabalho em Empresas de Abate e Processamento de Carnes e Derivados), além do que a Constituição trata sobre o tema. Desta forma, teremos o mínimo de embasamento legal para quando discutirmos assuntos relacionados à Ergonomia, saúde do trabalhador e qualidade de vida. Bom estudo!
Introdução
A aplicação da Ergonomia visando à melhoria das condições de segurança e saúde do trabalhador em prol de uma melhor produtividade, com conforto e promoção da qualidade de vida, teve seu início de embasamento legal, mesmo que de forma velada, através da aprovação da Consolidação das Leis de Trabalho. Desde então, várias modificações em seu texto já foram realizadas; em nosso estudo destacaremos o texto que trata da Prevenção da Fadiga. Posteriormente, com outras modificações na Lei e na criação de novas Portarias, os temas relacionados à Ergonomia e à Qualidade de Vida no Trabalho passaram a ter um pouco mais de importância.
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Destaca-se, neste ponto, a publicação das Portarias que criaram as Normas Regulamentadoras do Trabalho, inicialmente em número de 28, posteriormente aumentadas até a quantidade atual, com 36 Normas Regulamentadoras. Outras publicações oficiais foram feitas, visando orientar empregados e empregadores sobre a importância de uma atividade de trabalho menos penosa aos trabalhadores, ao mesmo tempo em que conferisse às empresas maior produtividade. Destacamos a Nota Técnica 060/2001 do Ministério do Trabalho, que tratava da indicação da melhor postura a ser adotada para a concepção de postos de trabalho. Assim, faremos uma compilação objetiva destes documentos públicos que buscaram, ao longo dos anos, regulamentar e estabelecer o melhor vínculo possível entre empresas e empregados, buscando sempre os melhores índices de produtividade, aliados aos melhores índices de promoção de saúde e prevenção de doenças.
CLT – Consolidação das Leis de Trabalho
A Consolidação das Leis de Trabalho foi aprovada inicialmente em 1º de Maio de 1943, através do Decreto-Lei nº 5452/43 (BRASIL, 1943). A Ergonomia não foi mencionada diretamente, até porque, como já estudamos anteriormente, naquela época esse assunto ainda não era tratado. Somente em 1967, através do Decreto-Lei nº 127/67 (atualmente revogado), começou-se a tratar de assuntos relacionados à Ergonomia e à Qualidade de Vida do trabalhador, mesmo que não atendendo a princípios claros de Ergonomia. Isso ocorreu no seu Artigo 181, que estabelecia o limite máximo de peso de 60 Kg para transporte manual de cargas, desconsiderando, portanto, casos em que o produto
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era puxado ou empurrado em carrinhos ou vagões. Esta legislação teve apenas uma realocação em 1977, já que, pelo Decreto-Lei nº 6514/77, o texto foi inserido no contexto da Seção XIV (Prevenção da Fadiga) do Capítulo V (Segurança e Medicina do Trabalho) do Título II (Normas Gerais de Tutela do Trabalho), passando a ser enquadrado como Artigo 198 e respectivo Parágrafo Único. Foi ainda acrescido o Artigo 199, que tratava da colocação de assentos que permitissem ao trabalhador uma boa postura na execução de sua atividade de trabalho: Art. . 198 - É de 60 kg (sessenta quilogramas) o peso máximo que um empregado pode remover individualmente, ressalvadas as disposições especiais relativas ao trabalho do menor e da mulher. Parágrafo único - Não está compreendida na proibição deste artigo a remoção de material feita por impulsão ou tração de vagonetes sobre trilhos, carros de mão ou quaisquer outros aparelhos mecânicos, podendo o Ministério do Trabalho, em tais casos, fixar limites diversos, que evitem sejam exigidos do empregado serviços superiores às suas forças. Art.199 - Será obrigatória a colocação de assentos que assegurem postura correta ao trabalhador, capazes de evitar posições incômodas ou forçadas, sempre que a execução da tarefa exija que trabalhe sentado. Parágrafo único - Quando o trabalho deva ser executado de pé, os empregados terão à sua disposição assentos para serem utilizados nas pausas que o serviço permitir. (BRASIL, 1977)
Qual o motivo da CLT estabelecer 60Kg como o limite de peso a ser manuseado pelos trabalhadores? Por que não 50kg? Por que não 25kg ou 70Kg? Lembre-se de que, naquela época, a carga e descarga dos pro-
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dutos agrícolas eram feitas manualmente. E, não por acaso, as sacas de café, arroz, feijão, soja, entre outros produtos, tinham o peso de 60Kg...
fig. 01
Norma Regulamentadora nº 12 (NR-12)
A NR-12 foi aprovada através da Portaria nº 3214/78 e passou por diversas atualizações desde então. Basicamente, esta NR trata da definição de referências técnicas para garantir a saúde e integridade física dos trabalhadores através de requisitos que prevenissem acidentes e doenças de trabalho durante a utilização de máquinas e equipamentos de todos os tipos. Entre os itens 12.94 e 12.105, a NR-12 trata dos aspectos ergonômicos de máquinas e equipamentos. Dentre os vários itens abordados, destaca-se: Ÿ
A construção e projeção de máquinas e equipamentos que atendam a variabilidade antropométrica e as exigências posturais, cognitivas e de esforços físicos dos trabalhadores, respeitando-se inclusive as necessidades de adaptação das condições de trabalho às características psicofisiológicas dos trabalhadores e à natureza dos trabalhos a executar;
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Ÿ
Os postos de trabalho devem possibilitar ao trabalhador a alternância de posturas;
Ÿ
As superfícies de trabalho não devem apresentar cantos vivos ou superfícies ásperas e cortantes;
Ÿ
Os postos de trabalho devem permitir o apoio integral da planta dos pés no chão;
Ÿ
O ritmo de trabalho e a velocidade das máquinas e equipamentos devem ser compatíveis com a capacidade física dos trabalhadores, evitando agravos à saúde.
Norma Regulamentadora nº 17 (NR-17)
A NR-17 foi elaborada inicialmente pela Portaria 3214/78, sendo alterada pela Portaria 3751/90, você deve recordar que abordamos este assunto na Unidade 04. Posteriormente ela foi acrescida de dois anexos, através das Portarias 08 e 09 de 2007. A NR-17 apresenta, no seu item 17.2, uma série de normas para o manuseio de cargas, as quais atuam em conjunto com o que a CLT nos traz (estabelecendo o limite de 60Kg). No item 17.2.2, a NR aborda que “não deverá ser exigido nem admitido o transporte manual de cargas por um trabalhador cujo peso seja suscetível de comprometer sua saúde ou sua segurança”. Ou seja, respeita-se a hierarquia das Leis, na qual a CLT estabelece o limite máximo de 60kg, porém desde que este ocorra sem comprometer a saúde e segurança do trabalhador. A NR enfatiza ainda, no item 17.2.3, a necessidade de treinamento destes trabalhadores que frequentemente realizam o transporte de cargas pesadas. Mais adiante, a NR-17 trata dos assentos de trabalho. No item 17.3.3, estabelece os requisitos mínimos de conforto:
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Ÿ
altura ajustável à estatura do trabalhador e à natureza da função exercida;
Ÿ
características de pouca ou nenhuma conformação na base do assento;
Ÿ
borda frontal arredondada;
Ÿ
encosto com forma levemente adaptada ao corpo para proteção da região lombar.
fig. 02
Características de pouca ou nenhuma conformação na base do assento
Encosto com forma levemente adaptada ao corpo para proteção da região lombar
Borda frontal arrendondada
Altura ajustável à estatura do trabalhador e à natureza da função exercida
Conforme já redigidos pela CLT e pela NR-12, a NR-17 trata da necessidade de assentos para descanso quando o trabalho for feito em pé, assim como da possibilidade de adaptações para o apoio de todo o pé durante o trabalho sentado. No item referente aos equipamentos de postos de trabalho (17.4), a NR-17 foi redigida de forma mais específica às atividades de entrada de dados, devido ao seu contexto histórico de criação. Já no que se refere à Ergonomia relacionada ao ambiente de trabalho, a NR-17 trata de aspectos relacionados à temperatura e ruído,
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tendo como foco o conforto do trabalhador, diferentemente do que a NR-15 aborda, quando relaciona-se com aspectos de segurança do trabalhador. Assim, estabelece, por exemplo, que a temperatura ideal esteja entre 20 e 23 graus, assim como que o ruído do local de trabalho não seja superior a 65dB. Faz ainda alusão à Norma Técnica NBR5413, que trata da iluminação do ambiente de trabalho e como esta iluminação deve ser mensurada. Por fim, a NR-17 faz, de forma muito superficial e genérica, uma abordagem sobre os aspectos organizacionais do posto de trabalho, tratando de itens como as normas de produção, o modo operatório, a exigência de tempo, a determinação do conteúdo de tempo, o ritmo de trabalho e o conteúdo das tarefas. Na NR-17 não há uma descrição mais detalhada sobre o que trata cada um desses itens. O quadro a seguir explica-os melhor, de acordo com Brasil (2002, pp. 49-56): ITEM
Normas de Produção
Modo Operatório
Exigência de Tempo Determinação do Conteúdo de Tempo
Ritmo de Trabalho
Conteúdo das Tarefas
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DEFINIÇÕO São todas as normas que o trabalhador deve seguir para realizar a tarefa, incluindo-se desde o horário de trabalho (se diurno ou noturno, a duração e a frequência das pausas etc.) até a qualidade desejada do produto (um erro pode acarretar consequências graves), abordando os equipamentos utilizados para tal. O modo operatório designa as atividades que devem ser executadas para que se realize a tarefa de trabalho. Conforme já estudamos, pode ser prescrito (ditado pela empresa) ou real (o modo particular adotado pelo trabalhador para fazer face à variabilidade anteriormente mencionada). Expressa o quanto deve ser produzido em um determinado tempo, de acordo com o que a empresa entende ser o ideal. A determinação do conteúdo de tempo permite evidenciar o quanto de tempo se gasta para realizar uma tarefa paralela ou cada uma das atividades necessárias para a realização de todo o trabalho. O ritmo de trabalho é a maneira como as cadências são organizadas, podendo ser livre (quando o indivíduo tem autonomia para determinar sua própria cadência) ou imposto (por uma máquina, pela chefia ou por incentivos à produção). Assim, cabe ressaltar que a cadência refere-se à velocidade dos movimentos que se repetem em uma dada unidade de tempo. Designa o modo como o trabalhador percebe as condições de seu trabalho: estimulante, socialmente importante, monótono ou aquém de suas capacidades.
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Ao observarmos uma função como a de um coletor de lixo, temos que as normas de produção são todas aquelas que ditam como será o seu trabalho (horário de começo e final de expediente, se terá pausas ou não, quantas casas terá que atender, quais os equipamentos de segurança terá que utilizar. O modo operatório são as informações que o funcionário deve saber sobre como desenvolver seu trabalho: a segurança ao subir e descer do caminhão, como pegar os sacos de lixo e colocá-los na caçamba do caminhão de lixo, etc. A exigência de tempo é estabelecida pela jornada de trabalho deste funcionário, a qual deve permitir que ele colete o lixo residencial de todo o seu território, dando tempo de levá-lo ao depósito sanitário e retornar à base da empresa. A determinação do conteúdo de tempo permite ao funcionário compreender que algumas atividades gastam mais tempo do que outras, permitindo adotar estratégias diferentes em diferentes regiões (reunir os sacos de lixo nas esquinas para posteriormente colocá-los todos na caçamba do caminhão ou passar coletando de casa em casa junto com o caminhão. Isso determina também o ritmo de trabalho de suas tarefas. Por fim, o conteúdo das tarefas é a forma como cada funcionário compreende a importância social do seu trabalho e se ele é valorizado pela sociedade e pela empresa.
A NR-17 ainda teve acrescidos dois anexos, que tratam do trabalho de operadores de caixa de supermercado e de operadores de telemarketing. Em ambas as situações estabelecem, de forma mais criteriosa, específica e objetiva, normas sobre os postos de trabalho de cada uma das funções, além de regras específicas sobre aspectos relacionados à organização do trabalho.
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Norma Regulamentadora nº. 36 (NR-36)
A NR-36 foi apresentada através da Portaria 555/13, com o objetivo de estabelecer os requisitos mínimos para a avaliação, controle e monitoramento dos riscos existentes nas atividades desenvolvidas na indústria de abate e processamento de carnes e derivados destinados ao consumo humano, de forma a garantir permanentemente a segurança, a saúde e a qualidade de vida no trabalho. No seu item 36.5, trata de forma mais específica e detalhada (ainda que de forma qualitativa), sobre o levantamento e transporte de produtos e cargas. Apesar de mais ricos em detalhes, tal recomendação tem valor legal somente para as atividades da indústria de abate e processamento de carnes e derivados, valendo as regras gerais e superficiais para as demais atividades, conforme a própria NR-17. No item 36.12, a NR-36 faz uma breve menção de como a Ergonomia pode contribuir para a prevenção dos riscos ambientais e controle médico da saúde ocupacional dos trabalhadores da área de abate e processamento de carnes e derivados. Por fim, o item 36.16, trata especificamente da Análise Ergonômica do Trabalho, com a finalidade de adaptar as demandas de trabalho às características psicofisiológicas dos trabalhadores.
Tenha acesso às Normas regulamentadoras do Ministério do Trabalho através do link http://portal.mte.gov.br/legislacao/normasregulamentadoras-1.htm e mantenha-se atualizado!
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A Ergonomia e os aspectos que influenciam na Qualidade de Vida dos trabalhadores tem tido, ao longo dos anos, cada vez mais importância, pois recentemente a legislação tem tratado de forma mais específica e direta este tema. Seja através das Leis, Portarias ou Instruções Normativas a Ergonomia e a Qualidade de Vida está mais presente em nossas vidas.
Glossário
Cantos vivos: quinas, bordas que podem gerar compressão mecânica ao corpo do trabalhador. Lei: regras que devem ser seguidas; obrigação imposta; com o objetivo de controlar os comportamentos e ações dos indivíduos de acordo com os princípios daquela sociedade. Portaria: Documento oficial de ato administrativo, baixado por autoridade pública e destinado a dar instruções ou fazer determinações de várias ordens. Riscos ambientais: Em Segurança do Trabalho são ambientes nos quais há riscos de acidente ou adoecimento do trabalhador. Risco Físico, Risco Químico, Risco Biológico, Risco Ergonômico e Risco de Acidente.
Referências
BRASIL. Decreto-Lei nº 5452/43, de 1 de maio de 1943. Aprova a Consolidação das Leis do Trabalho. Diário Oficial da União. Rio de Janeiro, RJ, 1 maio 1943. Disponível em <
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https://www.planalto.gov.br/ccivil_03/decreto-lei/del5452.htm>. Acesso em 13/09/2015. BRASIL. Decreto-Lei nº 127/67, de 31 de janeiro de 1967. Dispõe sobre operação de carga e descarga de mercadorias nos portos organizados e dá outras providências. Diário Oficial da União. Rio de Janeiro, RJ. 31 jan. 1967. Disponível em <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/decreto-lei/19651988/Del0127impressao.htm >. Acesso em 13/09/2015. BRASIL. Decreto-Lei nº 6514/77, de 22 de dezembro de 1977. Altera o Capítulo V do Titulo II da Consolidação das Leis do Trabalho, relativo a segurança e medicina do trabalho e dá outras providências. Diário Oficial da União. Brasília, DF. 23 dez. 1977. Disponível em < http://www010.dataprev.gov.br/sislex/paginas/42/1977/6514.htm> Acesso em 13/08/2015. BRASIL. Ministério do Trabalho e do Emprego. Nota Técnica 060/2001. Ergonomia: indicação de postura a ser adota na concepção de postos de trabalho. Disponível em <http://www3.mte.gov.br/seg_sau/comissoes_cne_notatecnica.pdf> Acesso em 13/09/2015. BRASIL. Ministério do Trabalho e Emprego. Manual de Aplicação da Norma Regulamentadora Nº 17. 2. ed. Brasília: MTE/SIT, 2002. Disponível em: < http://www2.mte.gov.br/seg_sau/pub_cne_manual_nr17.pdf>. Acesso em 13/09/2015. BRASIL. Ministério do Trabalho e Emprego. NR 12 – Segurança no Trabalho em Máquinas e Equipamentos. Disponível em < http://portal.mte.gov.br/data/files/8A7C816A4DA189CA014E505FF44 96DF0/NR-12%20(atualizada%202015).pdf> Acesso em 13/09/2015. BRASIL. Ministério do Trabalho e Emprego. NR 17 – Ergonomia. Disponível em <
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http://portal.mte.gov.br/data/files/FF8080812BE914E6012BEFBAD706 4803/nr_17.pdf> Acesso em 13/09/2015. BRASIL. Ministério do Trabalho e Emprego. NR 36 – Segurança e Saúde no Trabalho em Empresas de Abate e Processamento de Carnes e Derivados. Disponível em <http://portal.mte.gov.br/data/files/8A7C812D3DCADFC3013E237DC D6635C2/NR-36%20(atualizada%202013).pdf> Acesso em 13/09/2015. Lista de imagens fig.01: Trabalhadores transportando cargas pesadas. br.freepik.com. fig.02: Cadeira de escritório. Autoral.
Fim da Unidade!
já deve Se você prestou atenção, teúdo. saber tudo sobre esse con s vemos Continue estudando. No na próxima unidade.
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“A vida de boa qualidade exige mais determinação e disciplina do que qualquer outra escolha do ser humano.”
ABILIO DINIZ
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ANÁLISE ERGONÔMICA DOS POSTOS DE TRABALHO ERGONOMIA E QUALIDADE DE VIDA
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ANÁLISE ERGONÔMICA DOS POSTOS DE TRABALHO Caro(a) Aluno(a),
Nesta unidade apresentaremos as principais metodologias de análise ergonômica dos postos de trabalho, a fim de melhor identificar os riscos ergonômicos presentes nesses ambientes para que se possa trabalhar as sugestões de melhoria visando o conforto do trabalhador, a sua produtividade, a prevenção de acidentes e adoecimentos e a promoção da sua saúde. Animado (a) para começar? Bom estudo!
Introdução
Diante das formalidades geradas pelo vínculo empregatício entre o empregado e o empregador, cabe a este gerenciar os riscos ambientais aos quais expõe o trabalhador. Basicamente, os riscos ambientais são cinco: risco físico, risco químico, risco biológico, risco de acidente e risco ergonômico. Os quatro primeiros riscos citados são avaliados através do Programa de Prevenção de Riscos Ambientais - PPRA. Já o risco ergonômico é avaliado através da Avaliação Ergonômica dos Postos de Trabalho – AET. Conforme estipula o item 17.1.2 da NR-17, cabe ao empregador realizar a Análise Ergonômica dos seus ambientes de trabalho (postos de trabalho). O posto de trabalho é a determinação espacial de onde o trabalhador realiza suas atividades laborais. Logo, o posto de trabalho
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compreende as instruções, os procedimentos e os meios que o funcionário deve atender ao longo da sua jornada de trabalho.
A Análise Ergonômica dos Postos de Trabalho (AET)
A AET é o levantamento dos riscos ergonômicos existentes no ambiente de trabalho, de acordo com o prescrito na NR-17 e seus anexos. Cabe ressaltar que, apesar de constarem informações mais objetivas e claras nos anexos da NR-17, eles só são válidos para as respectivas atribuições, ou seja: o Anexo I para postos de trabalho de operadores de checkout (caixa) de supermercado e o Anexo II para postos de trabalho de operadores de teleatendimento / telemarketing. Recentemente, com a publicação da NR-36, conforme vimos na Unidade anterior, utiliza-se também alguns critérios específicos para postos de trabalho das empresas de abate e processamento de carnes e derivados, ou seja, frigoríficos e similares. Segundo Baú (2002), na AET são realizados uma série de registros e levantamentos das diversas atividades de trabalho da empresa, suas ferramentas e modos operatórios, objetivando: melhorar a produtividade do trabalhador; fornecer dados para elaboração de manuais, normas e procedimentos para o trabalho através da racionalização das tarefas; corrigir as posturas dos trabalhadores, melhorando o nível de conforto e minimizando a ocorrência de doenças ocupacionais; reduzir o estresse ocupacional; reduzir o absenteísmo; fornecer dados para o treinamento do pessoal; e atender toda a legislação trabalhista no que confere o gerenciamento do risco ergonômico. Na AET, estes objetivos são almejados através da avaliação de aspectos como a duração da jornada de trabalho, das funções dos trabalhadores, dos seus respectivos ciclos de tarefa, números de movi-
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mentos, esforços, posturas adotadas e pausas. Assim, procura-se estabelecer se o ritmo de trabalho está adequado às características psicofisiológicas dos trabalhadores, e se as ferramentas e equipamentos utilizados estão adequados ao tipo de tarefa realizada. Dessa forma, a AET busca contribuir para a melhoria das situações de trabalho e, consequentemente, da qualidade de vida do trabalhador (VERONESI JUNIOR, 2008). Porém, a AET não se restringe apenas à análise do posto de trabalho espacialmente falando, ou dos requisitos físicos demandados pelos trabalhadores para cumprir suas atividades de trabalho, o que já estudamos em aulas anteriores, na Ergonomia Física. São analisados também os aspectos organizacionais e cognitivos (Ergonomia Organizacional e Ergonomia Cognitiva) dos processos necessários para que a atividade de trabalho ocorra, além das questões ambientais nas quais estão envoltos os funcionários analisados, principalmente para as atividades em que se avaliem as condições de conforto térmico, acústico e de iluminação.
Toda empresa está sujeita à fiscalização da DRT (Delegacia Regional do Trabalho). Caso não desenvolva nenhuma ação em ergonom
ia ou desenvolva ações insatisfatórias, pode ser notificada e
obt
er prazo para elaboração dos documentos solicitados, e geral-
mente um desses é a Análise Ergonômica. Caso a empresa não cumpra o estabelecido, poderá ser multada. Somente a não conformidade com a NR 17 já poderia gerar multas de R$6.704,45 a R$ 80.970,00
Técnicas utilizadas nas AET
Na abordagem da AET deve-se realizar, inicialmente, um enfo-
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que ergonômico baseado na análise biomecânica das posturas e na relação existente entre o trabalhador, o sistema de trabalho (processos de trabalho) e o ambiente (maquinário e ferramentas), o que já estudamos anteriormente como SHTM (sistema homem-tarefa-maquina), você está lembrado? (IIDA, 2005). Segundo VERONESI JUNIOR (2008), esta abordagem pode ser feita de duas formas distintas: através de técnicas objetivas (ou técnicas diretas) e de técnicas subjetivas (ou técnicas indiretas). Nas técnicas objetivas, as atividades de trabalho são registradas por um determinado período de tempo, de forma que este registro (audiovisual) permita a releitura das atividades de trabalho posteriormente, de forma mais específica, visando atender objetivos pontuais, muitas vezes gerados na própria demanda da tarefa ou durante uma análise indireta. Na técnica subjetiva (indireta) encontramos uma série de ferramentas de apoio, como questionários, check-lists e entrevistas com os funcionários, para basear a análise das atividades e da ergonomia do posto de trabalho. Muitas vezes, por meio destas ferramentas, é possível mapear o sistema organizacional do posto de trabalho avaliado.
Metodologia de Análise Ergonômica dos Postos de Trabalho
É fundamental para que ocorra a AET que o responsável pela avaliação tenha o máximo de conhecimento sobre o comportamento do ser humano nas atividades de trabalho (características psicofisiológicas dos trabalhadores), como vimos na Unidade 11. Os objetivos da AET devem estar bem claros para todos os envolvidos no processo: a empresa, os empregados e o responsável pela AET.
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Conforme é citado por FIGUEIREDO e MONT'ALVÃO (2008) não há um modelo específico de realização da AET. O que há são linhas de raciocínio estabelecido por alguns pesquisadores que direcionam a forma de realizar a AET. De uma forma geral, o estudo dos riscos ergonômicos de um posto de trabalho compreende três fases. Na primeira fase, tem-se a análise da demanda, na qual procura-se identificar quais os motivos que estão exigindo a necessidade do levantamento dos riscos ergonômicos dos postos de trabalho de uma empresa. Neste caso, a demanda pode ser desde uma notificação de um Auditor do Ministério do Trabalho, até a iniciativa da própria empresa em melhorar as condições de qualidade de vida no trabalho, passando pela identificação feita pelos técnicos da empresa em se melhorar alguma situação de ordem produtiva ou reduzir demandas de afastamentos ou queixas dos trabalhadores.
Uma demanda seria uma empresa cuja produção está funcionando plenamente, porém, o Setor de Recursos Humanos começa a perceber o aumento de atestados um determinado setor produtivo da empresa, com queixas similares dentre os faltantes. Apesar de ainda não existir uma queda na produção, nem afastamentos, a empresa atenta pode perceber o custo humano que uma atividade de trabalho pode estar desenvolvendo e agir, diagnosticando qual ou quais são os problemas e suas possíveis soluções.
A segunda etapa refere-se a análise da tarefa, quando são analisadas as condições ambientais, técnicas e organizacionais do trabalho. É neste instante que serão analisadas a Ergonomia Física do posto de trabalho (layout, posturas, movimentos repetitivos, alturas de
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bancadas e mesas, dentre outras situações) e a Ergonomia Organizacional (como ocorre o fluxo de trabalho, qual é o ritmo de trabalho, se há pausas para descanso, dentre outras situações da Organização do Trabalho). Por fim, tem-se a análise das atividades de trabalho, na qual observam-se os comportamentos do trabalhador na execução da sua atividade de trabalho e no relacionamento com seus colegas, chefias e subordinados. Isto representa uma análise dos comportamentos gestuais, das capacidades de comunicação do grupo, da interpretação dos sistemas regulatórios e da demanda cognitiva do trabalho, inclusive a capacidade e autonomia do trabalhador na tomada de decisões. Em todas as fases é importante realizar o levantamento padronizado dos dados. Para isso, observam-se os dados específicos da fase estudada em correlação com dados observados nas fases antecedentes. Assim, é possível realizar o apontamento de possíveis ações (intervenções ergonômicas) de acordo com a demanda, a tarefa e as atividades de trabalho (Figura 1).
ANÁLISE DE DEMANDA
ANÁLISE DA TAREFA
ANÁLISE DA TAREFA
DADOS
DADOS
DADOS
SITUAÇÃO DE TRABALHO DIAGNÓSTICO
fig. 01 SUGESTÕES DE MELHORIAS
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A intervenção Ergonômica
VERONESI JUNIOR (2008, p.52) afirma que a intervenção ergonômica ocorre em todas as fases do processo de Análise Ergonômica dos postos de trabalho. Entretanto estabelece uma hierarquia de ações que podem ser elencadas para desenvolver tal intervenção. A primeira ação é eliminar as ações primitivas nos postos de trabalho, como aquelas que estão relacionadas ao transporte de carga excessiva, exposição a ambientes extremamente insalubres, dentre outros exemplos. Em seguida, estabelece a necessidade da melhoria das condições de conforto relacionadas ao ambiente de trabalho (como por exemplo, o conforto térmico, sonoro e de iluminação para trabalhos intelectuais). A terceira ação está relacionada a melhoria dos métodos de trabalho, observando-se condições biomecânicas desfavoráveis e corrigindo-as, por exemplo. A próxima etapa esta na melhoria da organização do sistema de trabalho. Por fim, trabalhando na empresa a idéia da Ergonomia de Concepção, na qual a empresa estudaria o impacto da compra de uma máquina, da alteração do layout de uma fábrica ou do escritório sobre as pessoas e suas características psicofisiológicas. Figueiredo e Mont'alvão (2008) relatam também a necessidade de que as recomendações de ajustes dos postos de trabalho sejam apresentadas à empresa em ordem de prioridades, independentemente se o ajuste a ser feito será simples ou complexo. Para isso, as autoras detalham que a empresa deve atender aos critérios biomecânicos, fisiológicos, epidemiológicos, psicofísicos e ao critério da produtividade. Após esta priorização, há também que se expor os custos humanos envolvidos no processo, visto que o ajustes dos postos de trabalho podem ser feitos em poucas semanas ou até em muitos meses.
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Unidade 14. Análise Ergonômica dos Postos de Trabalho.
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Muitas vezes, o benefício da realização da AET vai além da prevenção do acidente e adoecimento do trabalhador ou da promoção da qualidade de vida e melhora da produtividade na empresa. Empresas que buscam certificações de reconhecimentos internacional de qualidade de produção e serviços (OHSAS 18001, BS8800, NBR18800, ISO14001) exigem alguns requisitos de Ergonomia e comprometimento com a saúde do trabalhador. É um processo em que ganha o trabalhador, com a melhoria das condições de trabalho, e ganha a empresa, com mais visibilidade no mercado através da qualificação do seu produto ou serviço.
A Ergonomia Participativa
Na Ergonomia Participativa são os trabalhadores que desempenham papel fundamental na identificação e análise dos problemas ergonômicos encontrados nos postos de trabalho, sendo eles mesmos os responsáveis pela discussão e formulação de soluções (IIDA, 2005, p. 64). Entretanto, para que seja bem-sucedido, é necessário que a empresa apoie e auxilie esse processo, oferecendo tempo e recursos para tal. Esse processo já ocorre em muitas empresas, e funciona a partir da formação de um comitê/comissão (Comitê de Ergonomia – COERGO), criado aos mesmos moldes da CIPA (Comissão Interna de Prevenção de Acidentes), com representantes dos trabalhadores dos diversos setores de uma empresa, representantes da Segurança e Medicina do Trabalho (normalmente o Técnico em Segurança, o Engenheiro de Segurança ou o Médico do Trabalho da empresa) e representantes da direção da empresa.
EXCELÊNCIA EM EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA
Unidade 14. Análise Ergonômica dos Postos de Trabalho.
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Nesse sistema pode haver a participação de um profissional externo, que será responsável pelo treinamento e assessoria dos profissionais do Comitê/Comissão, principalmente nos casos em que envolve o entendimento mais técnico para a busca da resolução de um determinado problema ergonômico.
A Ergonomia surge como uma ciência que visa adaptar as diversas situações de trabalho às mais variadas características físicas e comportamentais dos trabalhadores, entretanto, a busca pelas soluções de problemas ergonômicos depende da aceitação da existência do problema, tanto por parte da empresa quanto dos funcionários, ao se remanejar e alterar antigos sistemas de produção e vícios posturais em prol do conforto e qualidade de vida do trabalhador, associados a sua melhor produtividade.
Glossário
Bancadas: superfícies de trabalho para atividades desenvolvidas em pé. Checkout: estação de trabalho para registro da saída de produtos; Checkout de supermercado refere-se ao caixa de supermercado. Check-lists: ferramenta de avaliação na qual há uma série de perguntas adaptadas para respostas simples (Sim ou Não), utilizada para uma conferência rápida e direta de um posto de trabalho ou uma tarefa de trabalho. Custos humanos: adoecimento do trabalhador. Registro audiovisual: fotografias ou filmagens em vídeo. Risco biológico: ambiente no qual há a exposição do trabalhador a
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Unidade 14. Análise Ergonômica dos Postos de Trabalho.
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Agentes Biológicos (vírus, bactérias, fungos, etc.). Risco físico: ambiente no qual há a exposição do trabalhador a Agentes Físicos (ruído, temperatura, pressão, umidade). Risco químico: ambiente no qual há a exposição do trabalhador a Agentes Químicos (gases, poeiras, substâncias tóxicas, etc.). Vínculo: relação
Referências
ABRAHÃO, J.; SZNELWAR, L.; SILVINO, A.; SARMERT, M.; PINHO, D. Introdução à Ergonomia: da Prática à Teoria. São Paulo: Blücher, 2009. BAÚ, L. M. S. Fisioterapia do Trabalho: ergonomia, legislação e reabilitação. Curitiba: Clãdosilva, 2002. FIGUEIREDO, F.; MONT'ALVÃO, C. Ginástica Laboral e Ergonomia. 2. ed. Rio de Janeiro: Sprint, 2008. GRANDJEAN, E. KROEMER, K. H. E. Manual de ergonomia: adaptando o trabalho ao homem. 5. ed. Porto Alegre: Bookman, 2005. IIDA, I. Ergonomia: projeto e produção. 2 ed. São Paulo: Blucher, 2005 VERONESI JUNIOR, J. R. Fisioterapia do Trabalho: cuidando da saúde funcional do trabalhador. São Paulo: Andreoli, 2008. Lista de imagens fig.01: Autoral.
EXCELÊNCIA EM EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA
Unidade 14. Análise Ergonômica dos Postos de Trabalho.
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“Não existe fórmula secreta. Somente a organização e a disciplina permitem que uma pessoa desempenhe todos os seus papeis e dê conta de todas as suas atividades de forma equilibrada e harmoniosa.”
ABILIO DINIZ
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Unidade 14. Análise Ergonômica dos Postos de Trabalho.
EXCELÊNCIA EM EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA
UNIDADE
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ACESSIBILIDADE
ERGONOMIA E QUALIDADE DE VIDA
EXCELÊNCIA EM EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA
ACESSIBILIDADE Caro(a) Aluno(a),
Nesta unidade vamos identificar a fronteira oculta que existe em nossa sociedade quanto à inclusão e acesso de portadores de deficiências aos seus direitos, comuns a todos os cidadãos. Assim, demonstraremos como a Ergonomia pode contribuir para o acesso de todos às possibilidades de participar das ações públicas e particulares às quais qualquer brasileiro tem direito, seja relacionado à saúde, à capacidade de trabalho, ao lazer ou a demandas sociais. Bom estudo!
Introdução
As diferenças existentes entre as pessoas não podem se limitar às características individuais físicas ou comportamentais próprias do ser humano: étnicas, psicológicas e sociais, que não exigem mudanças ou transformações do meio em que vivemos para o convívio social. Devemos observar também as diferenças pessoais resultantes das deficiências mental, física, auditiva, visual, entre outras, que, pelas características mais marcantes em relação a um modelo ideal, motivam sentimentos e reações de abandono, discriminação e exclusão, quer seja pela omissão ou pela negação de direitos. Assim, surge a necessidade de interpretar as diferenças entre os indivíduos com base nos princípios de equidade, respeito e cidadania, quebrando paradigmas e construindo novos significados sobre as especificidades das pessoas com deficiência, para além das manifesta-
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Unidade 15. Acessibilidade.
EXCELÊNCIA EM EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA
ções externas, valorizando as capacidades individuais de cada um enquanto ser humano. Esta concepção revela, para os diferentes contextos sociais da organização pública e privada, a necessidade de reconhecermos a diversidade de capacidades humanas, impedindo que as diferenças pessoais de cada um se traduzam em desigualdades, já que qualquer indivíduo pode desenvolver ou adquirir algum tipo de deficiência.
Pessoas com Deficiência
Segundo o Programa do Senado Federal de acessibilidade e de valorização da Pessoa com deficiência,
Deficiência é toda restrição física, mental ou sensorial, de natureza permanente ou transitória, que limita a capacidade funcional de exercer uma ou mais atividades essenciais da vida diária. (BRASIL, 2006, p. 11)
Desta forma, identificamos vários tipos de deficiência que podem acometer quaisquer pessoas, as quais devem ter preservados seus direitos fundamentais e constitucionais da dignidade humana. Dentre as várias formas de deficiência destacamos as mais comuns:
Ÿ
Deficiência Física;
Ÿ
Deficiência Visual;
Ÿ
Deficiência Auditiva;
Ÿ
Deficiência Mental.
EXCELÊNCIA EM EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA
Unidade 15. Acessibilidade.
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Segundo Couto (2005), cerca de 15% da população brasileira apresenta algum tipo de deficiência, considerando que estas deficiências podem ser permanentes (naturais ou adquiridas) ou temporárias, resultantes, por exemplo, de um acidente de trabalho ou acidente de trânsito.
Deficiência Física
A deficiência física é considerada a alteração total ou parcial de um ou de vários segmentos do corpo que geram limitação da capacidade física do corpo humano. Pode se apresentar das mais diferentes formas: amputações ou deformidades físicas de nascença ou adquiridas; nanismo; paralisias diversas (paraplegia, tetraplegia, monoplegia, hemiplegia) ou ainda aquelas que interferem na locomoção e coordenação do aparelho motor. fig. 01
Monoplegia
Hemiplegia
Paraplegia
Tetraplegia
Amputação
Para possibilitarmos a acessibilidade das pessoas com deficiência é necessário entendermos suas necessidades específicas, então poderemos possibilitar sua inclusão e participação na sociedade. Um dos principais pontos normalmente analisados para as pessoas que
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Unidade 15. Acessibilidade.
EXCELÊNCIA EM EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA
apresentam deficiência física está na criação de facilitadores da sua participação social através de rampas, adaptação de portas, banheiros, pisos e corredores, em locais públicos e nos ambientes de trabalho. Se a pessoa com deficiência física não consegue participar de forma efetiva das atividades promovidas pela sociedade, devemos observar se as condições de acesso a tais atividades estão presentes e se realmente são efetivas. Muitas vezes, a oportunidade de uma pessoa com deficiência assumir funções relevantes na sociedade, seja de forma voluntária ou profissional, são dependentes das possibilidades de acesso aos diferentes ambientes e espaços físicos. As dificuldades, encontradas nos espaços públicos e privados, que atrapalham o acesso da pessoa com deficiência são chamadas de barreiras arquitetônicas. Comumente, os indivíduos portadores de deficiência física utilizam-se de órteses ou de recursos de mobilidade, como a cadeira de rodas. As barreiras arquitetônicas dificultam ou até impedem totalmente a possibilidade de o sujeito portador de deficiência física transitar livremente de um local para outro.
Deficiência Visual fig. 02: Soroban.
A deficiência visual é caracterizada pela perda total (cegueira) ou parcial da capacidade visual em ambos os olhos, levando os indivíduos com deficiência à busca de recursos específicos para o seu desenvolvimento e inclusão social. Estamos falando, por exemplo, do Sistema Braile para a leitura e escrita, e do Sorobã para o aprendizado de números e cálculos, além da bengala e cão-guia, utilizados para auxiliar a locomoção.
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Unidade 15. Acessibilidade.
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Pessoas com capacidade visual reduzida apresentam algum resíduo de visão que possibilita que enxerguem objetos e escritas com o apoio de equipamentos específicos, que os ampliam de forma a ser possível a realização da leitura e da escrita, por exemplo.
fig. 03: Sistema Braille.
Deficiência Auditiva
Trata-se da perda bilateral (parcial ou totalmente) da percepção normal dos sons. A perda auditiva pode ser classificada de diversas formas, desde uma perda leve (quando o indivíduo ouve com dificuldade) até profunda (ausência total da capacidade auditiva). Em indivíduos que apresentam uma deficiência auditiva leve, o uso de equipamentos auditivos que ampliem o som pode suprir tal deficiência, permitindo o acesso à comunicação. Já para os deficientes auditivos totais, a Língua Brasileira de Sinais (LIBRAS) é a principal forma de comunicação (Figura 3). Entretanto, para ambos os casos, atitudes simples, como conversar com a pessoa sempre à sua frente, tomando cuidado para que ela enxergue sua boca e falando de forma clara, já pode ajudar na comunicação, pois muitos deficientes auditivos desenvolvem a capacidade de realizar a leitura labial, compreendendo a mensagem a ser passada.
fig. 04: LIBRAS.
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Unidade 15. Acessibilidade.
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Como conversar com um surdo? Antes de qualquer coisa, é importante saber que existe mais de um tipo de deficiente auditivo. Para aqueles que possuem perda auditiva leve a moderada, geralmente os aparelhos auditivos resolvem boa parte do problema. Há os surdos sinalizados (conhecidos erroneamente como “surdos-mudos”). Eles conversam através da LIBRAS, uma língua própria, reconhecida por Lei no Brasil, com morfologia e sintaxe própria, independente da Língua Portuguesa. Há ainda os surdos oralizados, que conseguem comunicar-se pela fala (através de muita fonoterapia), mas, mesmo com aparelhos, não conseguem escutar, podendo utilizar-se do recurso da LIBRAS ou ainda da leitura labial. Segundo Lak Lobato, uma surda oralizada, há algumas dicas para se conversar com um deficiente auditivo: 1. Fale devagar, mas com naturalidade; 2. Fale de frente para o deficiente auditivo; 3. O volume da voz deve ser de acordo com a deficiência auditiva de cada um; entretanto, não adianta gritar, principalmente se a deficiência for severa... 4. Não tenha medo de cometer gafes como “Você está me ouvindo?” ou “Escuta essa”; 5. Para chamar um surdo, você precisa de algum sinal visual ou tátil; 6. Deficiência auditiva não gera deficiência cognitiva; 7. Não fale mastigando 8. Ambiente iluminado é muito importante na conversa com surdo, seja ela por meio da leitura labial ou da LIBRAS. FONTE: Adaptado de http://desculpenaoouvi.laklobato.com/2009/05/04/10-dicas-para-falar-comum-deficiente-auditivo/
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Unidade 15. Acessibilidade.
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Deficiência Mental
É o funcionamento intelectual significativamente inferior à média comum de uma pessoa, de acordo com a sua idade cronológica. Estão associadas à limitação de duas ou mais áreas de habilidades adaptativas, como a comunicação, o cuidado pessoal, as habilidades sociais, a percepção de saúde e segurança, habilidades acadêmicas e outras atividades que requerem modificações em estratégias de realização. Os tipos de deficiência mental mais conhecidos são o Retardo Mental e a Síndrome de Down. O Retardo Mental pode ser classificado como leve, moderado e severo. Cada vez mais, observamos a inclusão de pessoas com retardo mental leve e Síndrome de Down no mercado de trabalho e nos relacionamentos sociais, como nas escolas, por exemplo.
Ergonomia e Acessibilidade
Uma pessoa com alguma deficiência não pode ser comparada simplesmente com outra pessoa não deficiente. Os deficientes normalmente promovem um mecanismo de compensação. Os surdos podem ter aumentada a sua capacidade visual; os cegos desenvolvem capacidade de concentrar-se nas sensações táteis, auditivas e cinestésicas; os paraplégicos desenvolvem força e habilidades com as mãos. Muitas empresas promovem o aproveitamento da mão de obra de pessoas com deficiência mediante a escolha adequada da tarefa, treinamento e adaptações dos postos de trabalho. Eliminadas as barreiras arquitetônicas, os portadores de deficiência podem se tornar tão produtivos quanto qualquer trabalhador. O avanço dos programas de computadores, com softwares e
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Unidade 15. Acessibilidade.
EXCELÊNCIA EM EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA
aplicativos que auxiliam na comunicação, gerou muitas facilidades para os deficientes. Atualmente, cegos, surdos e deficientes físicos podem se utilizar de um mesmo aparelho celular, utilizando-se de comandos diferentes (mensagem escrita ou fonada, vídeos, comandos por voz, etc.). A Ergonomia busca, na sua essência, adaptar o meio conforme as características de cada sujeito, portador ou não de deficiência. Assim, tanto para o desenvolvimento de aparelhos, equipamentos e dispositivos que superem as deficiências quanto na adaptação de eletrodomésticos, carros, transportes coletivos, móveis e locais de casa ou da empresa, além de rampas, elevadores, piso tátil e placas sinalizadoras (inclusive em Braile), a Ergonomia está presente, permitindo o acesso de todos a todas as suas possibilidades.
fig. 05
EXCELÊNCIA EM EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA
Unidade 15. Acessibilidade.
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Iida (2005) cita algumas dimensões constantes da Norma Técnica NBR 9050, sobre os espaços físicos para permitir o tráfego de cadeiras de rodas ou indivíduos com uso de bengalas ou muletas, em ambientes públicos e privados: Ÿ
Áreas de circulação devem ter largura mínima de 120 cm;
Ÿ
A superfície deve ter uma declividade máxima de 12,5%;
Ÿ
Portas devem ter largura de pelo menos 80 cm.
Tenha acesso à íntegra da NBR9050 através do link: http://www.pessoacomdeficiencia.gov.br/app/sites/default/files/arquivo s/%5Bfield_generico_imagens-filefield-description%5D_164.pdf e conheça os detalhes das normas de acessibilidade a edificações, mobiliários, espaços e equipamentos urbanos.
Além disso, temos também que ter cuidado quanto à disposição dos objetos a serem manuseados, estando estes dentro do espaço normal de alcance. Assim, recomenda-se que interruptores, maçanetas, campainhas, torneiras e outros objetos de uso frequente em nossa residência situem-se aproximadamente a 1m. de altura.
A Ergonomia pode contribuir sensivelmente na adaptação dos ambientes públicos e privados às pessoas com deficiência, permitindolhes a acessibilidade e a fruição de seus direitos enquanto cidadãos. A eliminação de barreiras arquitetônicas facilita o acesso da pessoa com deficiência ao transporte público, ao trabalho, à independência funcional em suas casas e no convívio em sociedade.
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Unidade 15. Acessibilidade.
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Glossário
Cinestesia: Conjunto de sensações pelas quais são percebidos os movimentos musculares cujos estímulos provêm do próprio organismo. Equidade: Igualdade, imparcialidade, conformidade. Hemiplegia: Paralisia do hemicorpo, braços e pernas direito ou esquerdo. Monoplegia: Paralisia de apenas um segmento do corpo (um braço ou uma perna). Morfologia: No âmbito da língua portuguesa, morfologia é a parte da gramática que estuda as palavras observadas isoladamente. É o estudo da estrutura e formação das palavras, suas flexões e sua classificação. Nanismo: Alteração de origem endócrina, que inibe o crescimento das pessoas. Paraplegia: paralisia dos membros inferiores. Sintaxe: Parte da gramática que trata das funções das palavras na frase e das relações entre si. Tetraplegia: Paralisia dos membros inferiores, tronco e membros superiores.
Referência
ABRAHÃO, J.; SZNELWAR, L.; SILVINO, A.; SARMERT, M.; PINHO, D. Introdução à Ergonomia: da Prática à Teoria. São Paulo: Blücher, 2009. BRASIL. Constituição (1988). Constituição da República Federativa d o B r a s i l . B r a s í l i a , D F, S e n a d o , 1 9 9 8 . D i s p o n í v e l e m <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Constituicao/Constituicao.htm >. Acesso em 20 set 2015.
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Unidade 15. Acessibilidade.
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BRASIL. Programa do Senado Federal de acessibilidade e de valorização da Pessoa com deficiência. Brasília: Senado Federal, 2006. FIGUEIREDO, F.; MONT'ALVÃO, C. Ginástica Laboral e Ergonomia. 2. ed. Rio de Janeiro: Sprint, 2008. IIDA, I. Ergonomia: projeto e produção. 2. ed. São Paulo: Blucher, 2005. VERONESI JUNIOR, J. R. Fisioterapia do Trabalho: cuidando da saúde funcional do trabalhador. São Paulo: Andreoli, 2008. Lista de imagens fig.01: http://4.bp.blogspot.com/_x4Wto5qykQg/TRd5loDhsI/AAAAAAAAAG0/xBk8GyVlqis/s1600/hdc_0001_0003_0_img0192modificado.jpg fig.02: Autoral. fig.03: http://www.uhelp.com/wp-content/uploads/2015/09/3-BRAILE1.jpg fig.04: http://cursosgratis.blog.br/wp-content/uploads/2012/01/alfabeto-em-libras.jpg fig.05: Composição de imagens: a. http://i68.photobucket.com/albums/i27/rslonik/asnovidades2/Cadeiraelevador.jpg b. http://www.modecenter.com.br/wp-content/uploads/2011/07/pbb.jpg c. http://www.westernhardscapesupply.com/images/ada.jpg d. http://maonarodablog.com.br/wpcontent/uploads/2011/08/cid_18200691.jpg
Fim da Unidade!
já deve Se você prestou atenção, eúdo. nt saber tudo sobre esse co s vemos Continue estudando. No na próxima unidade.
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Unidade 15. Acessibilidade.
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UNIDADE
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DOENÇAS OCUPACIONAIS
ERGONOMIA E QUALIDADE DE VIDA
EXCELÊNCIA EM EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA
DOENÇAS OCUPACIONAIS Caro(a) Aluno(a),
Nesta unidade apresentaremos a definição de doenças ocupacionais, classificando-as de acordo com os Riscos Ambientais e seus respectivos agentes lesivos, dando ênfase para as doenças relacionadas a ambientes de trabalho que não atendem aos princípios da Ergonomia. Vamos lá? Bom estudo!
Introdução
Durante a primeira revolução industrial, na qual as máquinas a vapor foram utilizadas em maior escala no processo de produção, o adoecimento do trabalhador devido à exposição à sobrecarga de trabalho aumentou consideravelmente. Com as novas formas de organização do trabalho (Taylorismo e Fordismo), a fragmentação do trabalho trouxe maior penosidade ao trabalhador, potencializando as lesões de origem ocupacionais. Atualmente, apesar dos cuidados relacionados à saúde e segurança do trabalhador, ainda observamos ambientes de trabalho inadequados, com ferramentas, utensílios, acessórios e mobiliários inconvenientes. Tem-se, portanto, uma situação de distanciamento e angulações desajustadas, excesso de jornadas de trabalho, falta de intervalos apropriados, posturas inadequadas para desempenhar a atividade laboral, despreparo técnico para a execução das tarefas, exposição do trabalhador a situações de trabalho em temperaturas extremas, com
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Unidade 16. Doenças Ocupacionais.
EXCELÊNCIA EM EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA
vibração e sobrecargas musculares. Por outro lado, cresce o trabalho no setor terciário, que também se caracteriza pela introdução de novas tecnologias nos processos de trabalho, com o aumento do trabalho manual e do trabalho mental, em busca de um trabalhador polivalente. Torna-se muito importante que as instituições estudem em busca de soluções para a redução ou eliminação dos riscos que afligem os colaboradores dentro da empresa, a fim de preservar o ambiente de trabalho, o trabalhador e sua família.
Riscos Ambientais
Toda atividade ocorre em um determinado ambiente de trabalho. Este, por sua vez, sofre interferência de diversas naturezas: física, química, ergonômica e biológica. Os riscos no ambiente de trabalho são classificados, por meio das normas regulamentadoras, em cinco grupos: Ÿ
Risco de Acidente: qualquer fator que possa colocar em risco a integridade e o bem-estar físico e psíquico do trabalhador.
Ÿ
Riscos Ergonômicos: qualquer fator que possa interferir nas características psicofisiológicas do trabalhador, causando desconforto ou afetando sua saúde.
Ÿ
Riscos Físicos: consideram-se agentes de riscos físicos as diversas formas de energia a que possam estar expostos os trabalhadores.
Ÿ
Riscos Químicos: Consideram-se agentes de riscos químicos as substâncias, compostos ou produtos que possam penetrar no organismo do trabalhador pela via respiratória, absorvido pela pele ou ainda através da ingestão.
Ÿ
Riscos Biológicos: Consideram-se agentes de riscos biológicos as bactérias, vírus, fungos, parasitas, entre outros.
EXCELÊNCIA EM EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA
Unidade 16. Doenças Ocupacionais.
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Em se tratando do adoecimento do trabalhador pelos riscos químicos, físicos e biológicos, o Quadro a seguir apresenta um resumo das informações citadas por Bellusci (1996). Risco Ambiental
Agente Poeiras Fumos metálicos
Risco Químico
Doença Doenças Respiratórias Alergias (dermatoses) Intoxicação orgânica Doenças Respiratórias Alterações orgânicas locais
Gases (solventes)
(intoxicação orgânica) Depressão do SNC
Venenos/Pesticidas/
Dermatoses,
Fungicidas
Intoxicação orgânica generalizada
Vírus / Bactérias
Tuberculose, AIDS, Febre amarela.
Dejetos humanos ou Risco Biológico
de animais
Cólera, Esquistossomose Alergias, lesões cutâneas ou lesões
Animais peçonhentos
teciduais profundas, conforme a potência do veneno.
Calor
Hipertermia, desidratação, síncope.
Frio
Hipotermia Alterações respiratórias e no
Risco Físico
Pressão
organismo, lesões de pulmão e de seios paranasais.
Ruído Radiação
Perda Auditiva Alterações cromossômicas e desenvolvimento de câncer
Doenças Ocupacionais relacionadas aos Riscos Ergonômicos
Alguns setores de trabalho sofreram, nas últimas décadas, forte influência do uso do computador para o processamento de dados ou
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Unidade 16. Doenças Ocupacionais.
EXCELÊNCIA EM EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA
para o controle de maquinários. Quando este processo ocorre em um ambiente de trabalho sem o devido planejamento para sua implantação, gera o uso inadequado destes equipamentos, em condições que agridem o ser humano e nele provocam doenças. As lesões osteomusculares consequentes das atividades de trabalho podem gerar um problema epidêmico nas empresas e necessitam de providências por parte do Estado, das empresas e dos profissionais da área da saúde, no sentido de conter essa evolução que gera cada vez mais incapacitações de trabalhadores e prejuízos para a sociedade (BARBOSA, 2009).
Distúrbios Osteomusculares Relacionados ao Trabalho (DORT)
DORT (ou LER, como também era conhecido), não é uma doença, mas sim um nome para designar um grupo de doenças osteomusculares e suas repercussões sociopsicológicas que têm em comum o fato de serem provocadas por condições inadequadas no trabalho (BELLUSCI, 1996).
Desde o ano 2000, o último dia do mês de fevereiro é lembrado em vários países como o Dia Internacional de Conscientização sobre a DORT.
Segundo Baú (2002) e Veronesi Junior (2008), estudos epidemiológicos comprovam que a DORT tem uma dimensão multicausal. Esses estudos identificaram os fatores: Ÿ
Biomecânico: posturas desfavoráveis, forças excessivas, compressão mecânica, repetitividade.
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Unidade 16. Doenças Ocupacionais.
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Ÿ
Fisiológicos: hormônios, estrutura muscular (referente à diferença de gênero e de idade), obesidade, traumatismos anteriores, estado geral de saúde, diabetes, etc.
Ÿ
Psicossocial: estresse, atitude negativa em relação à vida, perfil psicológico, insatisfação dentro e fora do trabalho, desmotivação, etc.
Ÿ
Organizacional: Pausas curtas ou inexistentes entre os ciclos da atividade de trabalho, pressão temporal, programas de incentivo à produtividade, ritmo de trabalho imposto pela gerência ou linha de montagem, horas extras, monotonia, sobrecarga de produção, etc.
Ÿ
Ergonômico: postos de trabalho e uso de ferramentas não ergonômicas, temperaturas extremas (frio ou calor), vibrações, má iluminação do ambiente de trabalho, etc.
Ÿ
Sociocultural: hobbies ou atividades domésticas que exigem dos membros superiores dupla jornada de trabalho, vestimentas (sutiã, por exemplo, podem gerar compressões de plexo braquial), tabagismo, etilismo, etc.
Ÿ
Predisposição: o sujeito pode apresentar uma capacidade aumentada de desenvolver uma determinada doença devido a alterações anatômicas, comportamentais ou fisiológicas.
O conhecimento do processo etiológico é de extrema importância, visto que de nada adianta fazer abordagem preventiva daquilo que não se conhece bem. A repetitividade pode ter como causas atos de trabalho como digitar, martelar, empurrar, puxar, apertar. Quanto maior o tempo de exposição às atividades repetitivas, maior a possibilidade de desenvolvimento das DORTs. A força excessiva para a realização das tarefas agrava o des-
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Unidade 16. Doenças Ocupacionais.
EXCELÊNCIA EM EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA
gaste físico, logo, quanto maior for essa exigência de força, maior será o risco de adoecimento do trabalhador. Têm-se como causas da força excessiva as atitudes corporais e comportamentais do trabalhador, a pega de objetos e cargas, o transporte de objetos pesados e o uso inadequado de braços de alavanca. As posturas inadequadas impõem esforços adicionais desequilibrados e inesperados ao trabalhador, com possibilidade de atingir a coluna vertebral e as extremidades superiores, e podem estar relacionadas a todas as posturas possíveis de trabalho (em pé, sentado, agachado, semissentado). Por fim, as compressões e vibrações mecânicas podem estar relacionadas ao uso de ferramentas como furadeiras, marteletes pneumáticos, britadeira ou ainda a atividades como martelar, apertar, amassar, etc.
Mecanismo de lesão
Para realizar um movimento, os ossos, músculos, tendões, ligamentos, vasos sanguíneos e nervos deslizam uns sobre os outros, provocando atrito. Em muitas partes do corpo esse atrito é bem absorvido pelo organismo, que possui mecanismos de defesa para evitar lesões nessas estruturas. Entretanto, a modernização do trabalho trouxe para o nosso meio o trabalho automatizado, de ritmo acelerado, fragmentado, sem pausas para recuperação e com repouso insuficiente para compensar o desgaste provocado por suas jornadas de trabalho inadequadas (BELLUSCI, 1996). Há algumas estruturas críticas do nosso corpo, como os nossos punhos, nos quais as estruturas articulares estão muito próximas e con-
EXCELÊNCIA EM EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA
Unidade 16. Doenças Ocupacionais.
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densadas umas às outras. Ao associarmos essa região do corpo a uma atividade de trabalho de ritmo acelerado e sem período de repouso, mesmo as compensações orgânicas existentes, que geram a “lubrificação” destas estruturas, não serão eficientes em evitar possíveis lesões, devido ao excesso de atrito entre elas. A somatória de microlesões em uma mesma estrutura gera um efeito fisiológico que somente piora a lubrificação e aumenta o atrito entre essas estruturas articulares. Isso aumenta ainda mais a possibilidade de lesões, principalmente as relacionadas aos tendões e nervos, provocando desconforto e dor. Como as estruturas lesionadas são aquelas normalmente ativadas nos movimentos de trabalho, a capacidade produtiva do trabalhador estará limitada, provocando mudanças de posturas ou modos operatórios que podem agravar mais ainda seu estado de saúde.
Classificação do Estágio de Evolução da DORT
Barbosa (2009) aponta a classificação de quatro estágios de evolução da DORT, conforme estabelecido pelo Ministério da Previdência Social. Ÿ
Grau I: sensação de peso e desconforto no membro afetado, com dor espontânea localizada, que aparece em caráter ocasional durante a jornada de trabalho e não interfere na produtividade do trabalhador, tendo um bom prognóstico de tratamento.
Ÿ
Grau II: a dor é mais persistente e mais intensa e aparece durante a jornada de trabalho intermitentemente, sendo tolerável e permitindo o desempenho da atividade profissional, mas já com reconhecida redução da produtividade. Pode ser observada irradiação da dor e no repouso geralmente ocorre a sua redução, apresentando ainda
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Unidade 16. Doenças Ocupacionais.
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prognóstico favorável de tratamento. Ÿ
Grau III: a dor torna-se mais persistente, de intensidade maior, apresentando irradiação mais definida. No repouso ocorre somente a atenuação da dor, permanecendo a sensação dolorosa mesmo fora do trabalho. Observa-se a perda de força muscular e parestesia, com sensível queda da produtividade do trabalhador. O prognóstico de tratamento é reservado.
Ÿ
Grau IV: relato de dor forte, contínua, por vezes insuportável, com intenso sofrimento do trabalhador. Os movimentos acentuam consideravelmente a dor, que em geral se irradia por todo o membro afetado. A capacidade de trabalho é anulada e a invalidez se caracteriza pela impossibilidade de um trabalho produtivo regular. Prognóstico de tratamento sombrio.
A Previdência Social prevê, para este ano, gastos de cerca de R$ 2,1 bilhões somente com as LER/DORT, segundo informação da Folha de São Paulo. De acordo com o diretor do Departamento de Políticas Públicas de Saúde e Segurança Ocupacional da Previdência Social, Remígio Todeschini, o setor de serviços é o responsável por grande parte desse número. Outros especialistas afirmaram ainda que um dos principais motivadores da doença, que aumentou 586% entre 2006 e 2008 (casos registrados em perícias do INSS), é a pressão por metas. Na mesma reportagem, o diretor de Saúde do Sindicato dos Bancários de São Paulo, Walcir Previtale, disse que ainda há subnotificações, assim como a falta de fundamentação nos laudos periciais. Será que se os gestores públicos e privados investissem 10% desse valor em fiscalização, campanhas de qualificação profissional e
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Unidade 16. Doenças Ocupacionais.
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orientação, além de incentivos em programas de prevenção, não teríamos um retorno mais decente para a sociedade? Tanto em economia de verbas indenizatórias e tratamento quanto em sofrimento dos trabalhadores e familiares? FONTE: Adaptado de http://www.contrafcut.org.br/noticias.asp?CodNoticia=17527
Diante dos diversos pontos apresentados nesta aula, o conhecimento dos riscos ambientais e seus respectivos agentes causadores de agravos subsidia uma avaliação criteriosa dos processos de trabalho de uma empresa, a fim de repensar as propostas de intervenção e melhoria da qualidade de vida no trabalho. A DORT necessita de uma maior atenção dos profissionais que trabalham com a saúde ocupacional, devendo-se primar pela prevenção contínua como a melhor forma de combater tais distúrbios.
Glossário
Atenuação: redução. Compressão mecânica: termo utilizado na ergonomia para designar uma situação de compressão de um segmento corporal a uma quina, comprimindo músculos, tendões, nervos e vasos sanguíneos durante a realização da atividade muscular e do trabalho. Parestesia: perda de sensibilidade. Penosidade: sofrimento. Prognóstico: previsão ou suposição do que deve acontecer.
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Referências
BARBOSA, L. G. Fisioterapia Preventiva nos Distúrbios Osteomusculares relacionados ao trabalho – DORTs: a Fisioterapia do Trabalho aplicada. 2. ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2009. BAÚ, L. M. S. Fisioterapia do Trabalho: Ergonomia, Legislação, Reabilitação. Curitiba: Clãdosilva, 2002. BELLUSCI, S. M. Doenças Profissionais ou do Trabalho. São Paulo: Editora Senac São Paulo, 1996. FIGUEIREDO, F.; MONT'ALVÃO, C. Ginástica Laboral e Ergonomia. 2. ed. Rio de Janeiro: Sprint, 2008. LUONGO, J.; FREITAS, G. F. Enfermagem do Trabalho. São Paulo: Riddel, 2012. VERONESI JUNIOR, J. R. Fisioterapia do Trabalho: cuidando da saúde funcional do trabalhador. São Paulo: Andreoli, 2008.
Fim do Bloco!
, já deve Se você prestou atenção teúdo. con saber tudo sobre esse idades. Na dúvida, releia as un Até as próximas aulas!
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“Se a sua vida for a melhor coisa que já te aconteceu, acredite, você tem mais sorte do que pode imaginar.”
Daniel Godri
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