UNIDADE
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ACIDENTES DE TRABALHO
BIOSSEGURANÇA
EXCELÊNCIA EM EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA
ACIDENTES DE TRABALHO Nesta unidade, estudaremos sobre os acidentes de trabalho, as suas definições, o que causam, porque acontecem e os tipos de notificação aplicada a eles. Nosso objetivo é conhecermos os acidentes ocupacionais mais prevalentes, a sua maior causa e como preveni-los. O termo acidente do trabalho nos faz pensar em algo relacionado à desgraça, destruição, fatalidade, decorrente de um imprevisto ou/e algo anormal que pode debilitar completa ou parcialmente a saúde do profissional, levando a consequências materiais (COSTA, 2009). A Lei 8.213/1991 em seu artigo 19 conceitua acidente do trabalho da seguinte maneira: “Acidente do trabalho é o que ocorre pelo exercício do trabalho a serviço da empresa, ou ainda pelo exercício do trabalho dos segurados especiais, provocando lesão corporal ou perturbação funcional que cause morte, a perda ou redução da capacidade para o trabalho permanente ou temporário”.
Segundo Monteiro (2008), a lei caracteriza o acidente de maneira ampla, pensando em macrotrauma gerando lesão corporal ou perturbação funcional, podendo causar óbito, assim como a redução ou perda da capacidade temporária ou permanente para a realização do trabalho. Para Costa (2009), “podemos dizer que o acidente tipo, ou acidente modelo se define como um ataque inesperado ao corpo humano ocorrido durante o trabalho, decorrente de uma ação traumática violenta, subitânea, concentrada e de consequências identificadas”. Após várias pesquisas e estudos, constatou-se que as doenças ocupacionais e os acidentes do trabalho apresentam um número importante de imprevistos laborais. As justificativas dos acidentes são muitas, algumas estão ligadas direta ou indiretamente com o trabalho.
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Na área da saúde, os acidentes e doenças ocupacionais têm
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aumentado devido ao excesso de carga horária de trabalho, estresse, uso incorreto da biossegurança, estado emocional do paciente e/ou profissional. (DAMACENO, PEREIRA, 2005. MENDES, WÜNSCH, 2007) O manuseio de instrumentais perfurocortantes e materiais biológicos propiciam a ocorrência de acidentes ocupacionais e/ou doenças com profissionais da área de saúde, pois estão diretamente ligados ao risco por ter contato com diversos fluidos biológicos potencialmente contaminados (PALMA, SILVA et al 2007). As doenças mais comum de estarem envolvidas são a Herpes, a AIDS e a Hepatite B. O vírus da Herpes é o mais fácil de ser transmitido, pois está em muitos dos fluidos corporais (sangue, saliva e demais secreções corporais). A AIDS é a de menor risco laboral, porém é a de maior preocupação. Já a Hepatite B é o virus de maior contaminação, sendo transmitido, principalmente, por sangue contaminado (Ministério da Saúde, 2005). Santos e Peloggia (2002) afirmam que a prevenção e avalição são os melhores métodos para evitar acidentes laborais. Isso ocorrerá com a apresentação da importância da biossegurança, a manipulação correta dos instrumentos e materiais biológicos, imunização, além de ensinar o que fazer quando houver um acidente. A vacinação é uma forma eficaz de prevenção contra doenças como a hepatite B e o tétano, entretanto, por muitas vezes, não é realizada de maneira completa pelos profissionais de saúde, pois está relacionada com a falta de conhecimento sobre os riscos de contágio dessas doenças. O uso correto de Equipamento de Proteção Individual (EPI) e a imunização completa são maneiras capazes de evitar a contaminação de muitas doenças. Segundo Mauro et al. (2004), os riscos laborais originam-se de atividades insalubres e perigosas, aquelas que estão em contato com agentes biológicos, químicos, físicos e mecânicos do ambiente hospitalar e podem ocasionar problemas à saúde dos trabalhadores. Damasceno et al. (2006) e Brandão Junior (2002), afirmam que o principais motivos dos acidentes são cansaço físico, condições do paciente, descuido, equipamentos e estrutura, excesso de autoconfiança, imprudência, inadequação dos materiais, pressa, risco ineren-
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te à profissão, sobrecarga de trabalho, falta de conhecimento sobre Biossegurança (educação continuada) e estresse emocional. Queiroz (1981) diz que os acidentes ocupacionais são causados principalmente por falhas humanas. Elas acontecem devido a atitudes e condições inseguras realizadas por profissionais em suas funções criadas ou mantidas no ambiente, que levam ao trabalhador a se lesionar e dão prejuízo à instituição. Os enfermeiros e auxiliares de enfermagem possuem uma rotina estressante, acrescentando o número de horas trabalhadas ininterruptamente e o número de pacientes a ser assistido, esse dois pontos podem aumentar o número de acidentes de trabalho. Caixeta e Barbosa (2005), após alguns estudos, concluíram que os trabalhadores da saúde acidentados com material biológico têm informações das normas de proteção, mas não aderem às medidas, fato que ocasiona riscos à saúde, só utilizam EPIs diante de diagnóstico de HIV. As normas de biossegurança têm boa aceitação teórica, porém, não está sendo praticada nas atividades diárias da mesma maneira. São atribuídos valores diferentes conforme o risco de infecção, categoria profissional, atividade executada e tempo de experiência na assistência a pacientes considerados “de risco”. (COSTA et al., 2000) Conforme Nunes et al. (2006), o dilema dos acidentes ocupacionais tem dimensões muito maiores do que as estatísticas existentes podem mostrar. O seu dimensionamento real, incluindo o custo social, é falho e dificultado por diferentes fatores, um deles é a falta de notificação dos acidentes por contaminação de materiais biológicos. NOTIFICAÇÃO E SUBNOTIFICAÇÃO ENTRE OS PROFISSIONAIS DA SAÚDE De acordo com Marcelino (1999), acidente laboral precisa ser comunicado imediatamente após a ocorrência por meio de preenchimento de um formulário de Comunicação de Acidente de Trabalho (CAT) à Previdência Social, ao acidentado, ao sindicato da categoria correspondente, ao hospital, ao Sistema Único de Saúde (SUS) e ao Ministério do Trabalho.
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Rapparini (2007) diz que o sistema de registros dos acidentes ocupacionais no Brasil deve ser alterado frente às dificuldades relacionadas à qualidade e quantidade de informações disponibilizadas no protocolo. Segundo Cocolo (2002) afirma, 41% dos trabalhadores da área da saúde não comunicam os acidentes de trabalho pelos fatores limitantes prevencionistas e jurídicos. A falta de notificação de frente ao acidente laboral, estabelece um ponto fundamental para a subnotificação do acidente, tendo as seguintes razões atribuídas pelo trabalhador: crença pessoal dos trabalhadores, desconhecimento do processo de notificação, falta de tempo, irrelevância da lesão ocasionada, medo de demissão e falta de informação sobre o registro dos dados (NAPOLEÃO, 1999; MARZIALE e RODRIGUES, 2002). REFERÊNCIAS BRASIL. Lei n. 8.213 de 24 de Julho de 1991. Atualizada até janeiro de 2008. Dispõe sobre os planos de benefícios da Previdência Social e dá outras providências. Diário Oficial da União, Brasília, 14 ago. 1991. BRASIL. Ministério da Saúde. Hepatites Virais: o Brasil esta atento. Brasília. 2005. 40p. CAIXETA, R. B.; BARBOSA, A. Acidente de trabalho, com material biológico, em profissionais de saúde de hospitais públicos do Distrito Federal, Brasil - 2002/2003. Caderno de Saúde Pública, v. 21, n. 3, p. 737-746, 2005. Disponível em: <http://www.scielo.br/pdf/csp/ v21n3/07.pdf>. Acesso em: 19 jul. 2012. COCOLO, A. C. Equipes médicas e de enfermagem menosprezam riscos de acidentes. Jornal Paulista, São Paulo, v. 15, n. 174, dez. 2002. Disponível em: <http://br.dir.groups.yahoo.com/group/pgrss/message/9185>. Acesso em: 12 jul. 2012. COSTA, Hertz Jacinto. Manual de Acidente do Trabalho. 3. ed. rev. e atual. Curitiba: Juruá, 2009. DAMACENO, A.P., PEREIRA, M. S. Acidentes ocupacionais com material biológico: a percepção do profissional acidentado. [Dissertação].Goiânia: Faculdade de Enfermagem, Universidade Federal de Goiais; 2005.
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