UNIDADE
06
INFECÇÃO HOSPITALAR
BIOSSEGURANÇA
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INFECÇÃO HOSPITALAR Nesta unidade falaremos sobre infecção hospitalar, comissão de controle de infecção hospitalar, sistema de notificação de infecção hospitalar, programa de controle de infecção hospitalar (IH). Nossa aula está baseada no manual prevenção de infecção hospitalar do Ministério da Saúde. O objetivo é conhecermos mais sobre este problema que afeta as instituições de saúde no Brasil, as IH custam fortunas aos cofres públicos e levam muitos pacientes a óbito. INTRODUÇÃO As Infecções Relacionadas à Assistência à Saúde (IRAS) são conceituadas como toda e qualquer infecção que compromete à saúde de um indivíduo, seja em atendimentos ambulatoriais na modalidade de hospital dia ou domiciliar, instituições hospitalares, qualquer procedimento que esteja associada a área assistencial, seja diagnóstico ou terapêutico (HORAN, 2008). IRAS A expressão infecção hospitalar tem sido substituído POR INFECÇÃO RELACIONADA À ASSISTÊNCIA À SAÚDE (IRAS), healthcare -associated infection, na língua inglesa. Esta substituição compreende a infecção adquirida no ambiente hospitar, de qualquer procedimento realizado em ambulatório, domicilio e a infecção ocupacional adquirida por profissionais de saúde (PILAU, 2015). As Infecções Relacionadas à Assistência a Saúde (IRAS) são reconhecidas como um problema de saúde pública pela Organização Mundial de Saúde (OMS), a qual indica que sejam desenvolvidas
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ações que visem à redução do risco de aquisição das IRAS. Os objetivos precisam ser definidos em âmbito regional ou nacional em concordância com demais objetivos de saúde nestas esferas (WHO, 2002; WHO, 2004). Há um consenso dos especialistas na área quanto à urgência em desenvolver ações estratégicas para a redução das IRAS. Cardo et al (2010) propõem que as ações devam ocorrer para eliminar as IRAS. O conceito de eliminação é considerado, como em outras doenças infecciosas: [...] a máxima redução de doença infecciosa causada por um agente específico em uma área geográfica definida como resultados de esforços deliberados; ações continuadas para a prevenção do reestabelecimento da doença são necessárias. (Cardo et al, 2010).
A eliminação das IRAS dependerá de quatro pilares estratégicos de ações segundo os autores anteriormente citados: 1. promover a adesão de práticas baseadas em evidência, educando, implementando e realizando investimentos; 2. aumentar a sustentabilidade por meio de alinhamento de incentivos financeiros e reinvestimento em estratégias que demonstrarem sucesso; 3. preencher as lacunas de conhecimento para responder a ameaças emergentes por meio de pesquisas básicas, epidemiológicas e translacionais; 4. coletar dados para direcionar esforços de prevenção e mensurar os progressos. ANTECEDENTES NO BRASIL As primeiras Comissões de Controle de Infecção Hospitalar (CCIH) surgiram na década de 60 (Fernandes, 2000). No ano de 1985, após o óbito do Presidente Tancredo Neves por infecção hospitalar, o
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assunto ganha mais visibilidade. Com o movimento contínuo dos profissionais, as ações da CCIH e envolvidos na área, houve uma evolução gradativa para a concepção das Infecções Relacionadas à Assistência à Saúde (IRAS) como um problema de saúde pública. Então, em 1988, ocorreu a instituição do Programa Nacional de Controle de Infecção Hospitalar, através da Portaria nº. 232/98, no âmbito do Ministério da Saúde. Após isso, foi criada a Divisão Nacional de Controle de Infecção Hospitalar por meio da Portaria nº. 666/90 (Anvisa, 2004). Em 1983 e 1992, foram publicadas respectivamente as Portarias nº. 196 e nº. 930 para padronizar as ações de prevenção e controle de IRAS no país (Brasil, 1983; Brasil, 1992). As legislações e normativas atuais, que preconizam as diretrizes gerais para a prevenção e controle de IRAS são a Lei nº. 9.431 de 1997, a Portaria nº. 2.616 de 1998 e a RDC nº. 48 de 2000 (Brasil, 1997; Brasil, 1998; Anvisa, 2000). A Agência Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA) foi constituída oficialmente em 1999 ( Anvisa, 2000). O Programa Nacional de Controle de Infecção Hospitalar foi realocado do Ministério da Saúde para Gerência de Controle de Riscos à Saúde, da Diretoria de Serviços e Correlatos. A Agência Nacional de Vigilância Sanitária, responsabilizou-se, das atribuições e interfaces com órgãos de vigilância sanitária Estaduais e Municipais (Brasil, 1999). A Unidade de Controle de Infecção Hospitalar (UCISA) foi criada no ano de 2003 e passou a ser chamada de Gerência de Investigação e Prevenção das Infecções e dos Eventos Adversos (GIPEA) (Anvisa, 2003). Com uma nova reformulação estrutura organizacional da ANVISA, em 2011, o programa nacional passa a ser conduzido pela Gerência de Vigilância e Monitoramento em Serviços de Saúde (GVIMS) (Anvisa, 2011d). A ANVISA apresentou, em 2009, um documento dirigido para doentes de UTI que foi determinado a meta nacional de minimização da Infecção Primária da Corrente Sanguínea (IPCS) associada ao cateter venosa central (CVC) (Anvisa, 2009).
Para chegar neste propósito, um sistema de vigilância foi co-
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meçado, com o objetivo de identificar a magnitude destas infecções, conhecer o seu perfil epidemiológico e oferecer resposta às ocorrências infecciosas. (Anvisa, 2011a; Anvisa, 2011 b; Anvisa, 2011c; Anvisa, 2012a; Anvisa, 2012b). A Comissão Nacional de Prevenção e Controle de Infecções Relacionadas à Assistência à Saúde (CNCIRAS) foi instituída no ano de 2012, através da Portaria 158 (Anvisa, 2012), para assessorar a Diretoria Colegiada da ANVISA no desenvolvimento das diretrizes, normas e medidas para prevenção e controle de Infecções Relacionadas à Assistência à Saúde (IRAS). O primeiro Estado a implantar o Sistema “Online” de Notificação de Controle de Infecção Hospitalar (SONIH), em 2009, foi o Paraná, para propiciar mais agilidade e facilidade no envio das fichas de notificação de infecção hospitalar e análise dos dados pelos Hospitais e pelo Departamento de Vigilância Sanitária. O SONIH calcula os dados automáticamente e possibilita a criação de um banco de dados próprio para cada CCIH dos hospitais paranaenses notificantes.
O Paraná é o primeiro estado a utilizar sistema SONIH. O uso da plataforma “web” faz com que os dados tabulados sejam analisados em “tempo real”. • Os indicadores epidemiológicos para a vigilância e monitoramento das IRAS, no estado são: • Infecção primária de corrente sanguínea associada a cateter venoso central (IPCS/CVC); • Infecção de trato urinário associada à sondagem vesical de demora (ITU/SVD); •
Pneumonia associada à ventilação mecânica (PAV/VM).
O Sistema Online de Notificação de Infecção Hospitalar (SONIH) gera uma planilha Excel automaticamente com a análise dos dados obtidos.
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A infecção é causada através da interação entre os microrganismos, sua fonte de transmissão e o hospedeiro. De maneira mais detalhada, a infecção vai depender da quantidade de microrganismos que contamina o indivíduo, da capacidade deste germe em gerar uma infecção, da maneira de transmissão e da resistência imunológica do indivíduo (como o individuo irá responder à agressão) (ANVISA, 2012). Os microrganismos são transmitidos de pessoa para pessoa, principalmente pelas mãos; por isso a necessidade da higiene das mãos.
Outras maneiras de transmissão:
•
através de água e alimentos contaminados;
•
de gotículas que expelimos pela boca enquanto falamos;
• pelo ar, durante nossa respiração, quando inspiramos pó e poeira que contém microrganismos. Os riscos de aquisição desta infecção podem ser agrupados em três. São eles:
Relacionados aos cuidados prestados
Está ligada aos germes presentes nas mãos dos trabalhadores da área de saúde, no ambiente ou no paciente. Normalmente, estão relacionadas a procedimentos invasivos (por exemplo, intubação para auxiliar a respiração, cateteres venosos, cateteres no sistema urinário, cirurgias etc.). Algumas vezes, estas infecções podem ser prevenidas com antibióticos, especialmente as que ocorrem após cirurgias.
Relacionados à organização
A Estrutura física (distância adequada entre os leito do mesmo quarto, pias, papel toalha, gel alcoólico para higiene das mãos etc.), sistemas de ventilação de ar e de água e disponibilidade de profissionais (número de profissional por leito).
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Relacionados à condição clínica do paciente
Infecção ligada à gravidade da doença, associada à imunidade do paciente, a tempo da internação etc. Diabéticos, idosos, recémnascidos, pacientes com câncer e transplantados apresentam maiores riscos, pois estes possuem alterações em seu sistema de defesa contra os microrganismos. PROGRAMA DE CONTROLE DE INFECÇÃO HOSPITALAR (PCIH) ORGANIZAÇÃO É um conjunto de ações desenvolvidas deliberada e sistematicamente, com vistas à redução máxima da incidência e da gravidade das infecções hospitalares. Para a adequada execução do PCIH, os hospitais deverão constituir Comissão de Controle de Infecção Hospitalar (CCIH), órgão de assessoria à autoridade máxima da instituição e de execução das ações de controle de infecção hospitalar. A CCIH deverá ser composta por profissionais da área de saúde, de nível superior, formalmente designados. Os membros da CCIH serão de dois tipos: consultores e executores. O presidente ou coordenador da CCIH será qualquer um dos membros dela, indicado pela direção do hospital. Os membros consultores serão representantes, dos seguintes serviços: •
serviço médico;
•
serviço de enfermagem;
•
serviço de farmácia;
•
laboratório de microbiologia;
• administração.
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Os membros executores da CCIH representam o Serviço de Controle de Infecção hospitalar e, portanto, são encarregados da execução programada de controle de infecção hospitalar; Nos hospitais com leitos destinados a pacientes críticos, a CCIH deverá ser acrescida de outros profissionais de nível superior da área de saúde. Conforme determina a portaria nº 2616, de 12 de maio de 1998, do programa de controle de infecção hospitalar, anexo I, gabinete do ministro acerca da organização: • • • • • •
Para fins desta Portaria, consideram-se pacientes críticos: pacientes de terapia intensiva (adulto, pediátrico e neonatal); pacientes de berçário de alto risco; pacientes queimados; pacientes submetidos a transplantes de órgãos; pacientes hemato-oncológicos; pacientes com Síndrome da Imunodeficiência Adquirida.
COMPETÊNCIAS DA CCIH Ainda conforme determina a portaria nº 2616, de 12 de maio de 1998, do programa de controle de infecção hospitalar, a CCIH do hospital deverá elaborar, implementar, manter e avaliar programa de controle de infecção hospitalar, adequado às características e necessidades da instituição, contemplando no mínimo, ações relativas a: • implantação de um Sistema de Vigilância Epidemiológica das Infecções Hospitalares; • adequação, implementação e supervisão das normas e rotinas técnico-operacionais, visando a prevenção e controle das infecções hospitalares; • capacitação do quadro de funcionários e profissionais da instituição; • uso racional de antimicrobianos, germicidas e materiais médico -hospitalares; • avaliar, periódica e sistematicamente, as informações providas pelo Sistema de Vigilância Epidemiológica das infecções hospita-
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lares e aprovar as medidas de controle propostas pelos membros executores de CCIH; • realizar investigação epidemiológica de casos e surtos, sempre que indicado, e implantar medidas imediatas de controle; •
elaborar e divulgar, regularmente, relatórios e comunicar.
• definir, em cooperação com a Comissão de Farmácia e Terapêutica, política de utilização de antimicrobianos, germicidas e materiais médico-hospitalares para a instituição; • elaborar regimento interno para a Comissão de Controle de Infecção Hospitalar; • cooperar com a ação do órgão de gestão do SUS, bem como fornecer, prontamente, as informações epidemiológicas solicitadas pelas autoridades competentes; • notificar, na ausência de um núcleo de epidemiologia, ao organismo de gestão do SUS, os casos diagnosticados ou suspeitos de outras doenças sob vigilância epidemiológica; • notificar ao Serviço de Vigilância Epidemiológica e Sanitária do organismo de gestão do SUS, os casos e surtos diagnosticados ou suspeitos de infecção associadas à utilização de insumos e/ou produtos industrializados. PREVENÇÃO DE IRAS Para a prevenção de IRAS, algumas medidas se fazem necessárias, como: • uso de avental/guarda-pó sempre fechado, devendo este ser retirado para as refeições; •
não utilizar avental/guarda-pó de outra instituição;
•
não sentar no leito do paciente;
•
manter cabelos sempre presos ou usá-los curtos;
•
não fazer uso de jóias ou qualquer outro adorno;
•
manter unhas limpas, curtas e sem esmalte;
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•
não se alimentar no posto de enfermagem;
•
não usar chinelos e sandálias, apenas sapato fechado;
• avisar a chefia se estiver resfriado, com diarréia e com feridas infectadas. • não transitar pelo hospital com alimentos (cafés, pacotes de bolacha, chás, pães, etc); •
lavagem das mãos;
•
antissepsia de mãos;
• antissepsia de regiões do corpo do paciente a serem manipuladas; •
higiene do corpo do paciente;
•
higiene do ambiente;
• utilizar materiais e equipamentos estéreis ou desinfetados conforme indicação.
REFERÊNCIAS BRASIL. Ministério da Saúde. Portaria n. 2616, de 12 de maio de 1998. Lex: Coletânea de Legislação e Jurisprudência, São Paulo, p. 742-743, mar./abr., 2. Trim. 1996. Disponível em: <http://bvsms.saude.gov.br/ bvs/saudelegis/gm/1998/prt2616_12_05_1998.html>. Acesso em: 13 jun. 2016. COUTINHO, Bárbara. Dia da Comissão de Controle de Infecção Hospitalar. Hospital Federal de Bonsucesso. 2006. Disponível em: <http://www.hgb.rj.saude.gov.br/noticias/not.asp?id=1209>. Acesso: 13 jun. 2016. DINIZ, Cláudio Galuppo. Aspectos Microbiológicos das IRAS (infecções relacionadas à assistência à saúde). 2015. Disponível em: <http://www.ufjf.br/microbiologia/files/2013/05/Aula-de-Infec%C3%A7%C3%B5es-Hospitalares.pdf>. Acesso em: 13 jun. 2016.
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PARANÁ. Governo do Estado. Boletim Informativo – SONIH 2014. Densidades De Incidência De Infecções Relacionadas À Assistência À Saúde Nas Unidades De Terapia Intensiva Do Estado Do Paraná. 2014. Disponível em: <http://www.saude.pr.gov.br/arquivos/File/DiogoPracz/Vigilancia_Sanitaria/BoletimInformativo_2014.pdf>. Acesso em: 13 jun. de 2016. PARANÁ. Secretaria da Saúde. Controle de infecção hospitalar. Disponível em:<http://www.saude.pr.gov.br/modules/conteudo/conteudo.php?conteudo=1159>. Acesso em: 13 jun. 2016. TIECHER, Francine. Cuidado com a infecção hospitalar! IMED. 2015. Disponível em: <https://www.imed.edu.br/Comunicacao/Noticias/cuidado-com-ainfeccao-hospitalar->. Acesso em: 13 jun. 2016.
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