UNIDADE
08
A TEORIA MARXISTA – KARL MARX
ESTUDOS SOCIOLÓGICOS E ANTROPOLÓGICOS
EXCELÊNCIA EM EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA
A TEORIA MARXISTA – KARL MARX
APRESENTAÇÃO O desenvolvimento do pensamento sociológico abordou níveis diferentes da realidade. O método positivista expôs ao pensamento humano a ideia de que uma sociedade é mais que a soma de indivíduos, que há normas, instituições e valores estabelecidos que constituem o social. Weber, por sua vez, reorganizou os fatos sociais ‘à luz’ da história e da subjetividade do agente social. (COSTA, 1997, p.83)
Outra perspectiva teórica para entender a sociedade e a ação humana seria a proposta dada por Karl Marx no século XIX. Biografia de Karl Marx (1818-1883)
Fig.01
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Nasceu em 1818 na cidade de Treves, na Alemanha. Em 1836, matriculou-se na Universidade de Berlim, doutorando-se em filosofia em Iena. Foi redator de uma gazeta liberal em Colônia. Mudou-se em 1842 para Paris, onde conheceu Friedrich Engels, seu companheiro de ideias e publicações por toda a vida. Expulso da França em 1845 foi para Bruxelas, onde participou da recém-fundada Liga dos Comunistas. Em 1848 escreveu com Engels O Manifesto do Partido Comunista, obra fundadora do “marxismo” enquanto movimento político e social a favor do proletariado. Com o malogro das revoluções sociais de 1848, Marx mudou-se para Londres, onde se dedicou a um grandioso estudo crítico da economia política. Marx foi um dos fundadores da Associação Internacional dos Operários ou Primeira Internacional. Morreu em 1883, após intensa vida política e intelectual. Suas principais obras foram: A ideologia alemã, Miséria da filosofia, Para a crítica da economia política, A luta de classes em França, O capital (COSTA, 1997, p.83).
Karl Marx buscou apresentar e entender o capitalismo por uma perspectiva teórica chamada de materialismo histórico. Para ele, a estrutura de uma sociedade qualquer reflete a forma como os homens organizam a produção social de bens, que englobam dois fatores básicos: as forças produtivas e as relações de produção (Ibidem, p.91). As forças produtivas constituem as condições materiais de toda a produção de bens necessários para a nossa sobrevivência, que envolvem determinados objetos, instrumentos e o próprio Homem, principal elemento das forças produtivas. As relações de produção são formas pelas quais os Homens se organizam para executar a atividade produtiva, dependendo do tipo de matéria-prima, instrumentos, trabalhadores, produto final e de cada período histórico. Num determinado momento, as relações de produção podem ser cooperativistas, escravistas, servis ou capitalistas. O esquema a seguir pode nos ajudar a entender melhor o materialismo histórico:
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Relações de Produção
Forças Produtivas
Materialismo Histórico
Produção Social de bens
Objetos Instrumentos Homem
Cooperativas Escravistas Servir Capitalistas
Forças produtivas e relações de produção são condições naturais e históricas de toda atividade produtiva que ocorre em sociedade. A forma pela qual ambas existem e são reproduzidas numa determinada sociedade constitui o que Marx denominou modo de produção. (COSTA, 1997, p.92)
Portanto, para cada época histórica há um modo de produção específico e, agora, vivemos no modo de produção capitalista. Consequentemente, as relações sociais em sociedade se darão da forma como as condições materiais estão estabelecidas, isto é, os modelos de família, de leis, de religião, de ideias políticas, de valores sociais são dados de acordo com o modo de produção. Como exemplo do que Marx dizia, o modelo de leis hoje vigente tende a defender o modo de produção capitalista. Veja a questão da propriedade privada, pois ela é fundamental para a manutenção do sistema. As leis tendem a defender de forma absoluta o valor de se possuir e ter direito a uma propriedade. As leis, de maneira geral, seriam, assim, favoráveis ao desenvolvimento da indústria, do comércio, do capital financeiro, do lucro, da acumulação de capital, enfim, favorecendo de forma mais específica os chamados capitalistas. Entretanto, “em cada modo de produção, a desigualdade de propriedade, como fundamento das relações de produção, cria condições básicas com o desenvolvimento das forças produtivas. Essas contradições se acirram até provocar um processo revolucionário, com a derrocada do modo de produção vigente e a ascensão de outro” (COSTA, 1997, p.93). Para Marx, todas as sociedades possuem em si mesmas as contradições que levam ao movimento da história de superação do modelo vigente. Por exemplo, a escravidão acabou porque as contradições do sistema geraram sua própria eliminação e seria assim para todos os outros modos de produção.
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É fundamental para saber mais, a leitura dos textos e livros de Karl Marx e de Friedrich Engels ( já propomos a leitura de um livro de Engels na Unidade 03, sobre o tema Revolução Industrial). Neste sentido, a leitura da obra O Manifesto do Partido Comunista é fundamental para se entender a proposta de Marx e Engels para a sociedade. É uma obra em linguagem fácil, com o objetivo de divulgar as principais ideias do comunismo, enquanto um novo sistema econômico a ser instaurado pela revolução proletária. Marx e Engels apontam o caráter revolucionário, primeiro da burguesia capitalista e a transformação econômica que estão a realizar no mundo, mas igualmente destacam as enormes contradições que provocam, em especial com a desigualdade social gerada pela profunda diferença econômica entre as classes sociais, entre os burgueses e aos proletários. Será a profunda desigualdade social entre “ricos e pobres”, “patrões e operários” que desencadeará uma nova revolução, a revolução comunista. No link a seguir, você tem acesso ao Manifesto do Partido Comunista, publicado pela primeira vez em 1848. Disponível em: http://migre.me/u7AeB . Acesso em 07 jun. 2016.
ANÁLISE SOBRE O SALÁRIO EM KARL MARX Karl Marx é também um autor muito prolixo. É possível discutir inúmeras outras ideias de Marx para compreendermos a sociedade, em especial, o capitalismo. A ideia de alienação, de ideologia, de classes sociais, de mais-valia, de mercadoria, de Estado, política etc.
Por isso, vamos destacar como Marx analisa a questão do salá-
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rio na sociedade capitalista. No capitalismo, o operário é aquele indivíduo que, nada possuindo, é obrigado a sobreviver da venda de sua força de trabalho. A força de trabalho também se torna uma mercadoria, assim como qualquer outra mercadoria produzida, que se pode comprar e vender. Surge, assim, o contrato entre capitalista e operário, em que o primeiro pagaria um salário pela força de trabalho do operário (COSTA, 1997, p.87). O salário é, assim, o valor da força de trabalho, considerada como mercadoria. Como a força de trabalho não é uma “coisa”, mas uma capacidade, inseparável do corpo do operário, o salário deve corresponder à quantia que permita ao operário alimentar-se, vestirse, cuidar dos filhos, recuperar as energias e, assim, estar de volta ao serviço no dia seguinte. Em outras palavras, o salário deve garantir a reprodução das condições de subsistência do trabalhador e sua família (COSTA, 1997, p.87). Portanto, salário é a troca pelo serviço prestado ao capitalista que calcula o seu preço tendo como princípio o valor mínimo necessário para a sobrevivência do operário e sua família. Outros componentes do cálculo do preço do salário, para Marx, são a natureza do trabalho (se difícil, perigoso, complexo), a destreza e a habilidade do trabalhador, a qualificação do operário, com educação e treinamento para desenvolver suas capacidades.
Marx publica um texto discutindo o tema salário, preço e lucro, em 1865. MARX, Karl. Salário, preço e lucro (1865). Disponível em: http://migre.me/u7Aoj . Acesso em 07/05/2016. De qualquer forma, como se vê, o salário é sempre uma decisão do empregador, amparado por leis. Todo o excedente de riquezas produzidas pelos trabalhadores além de seu salário, além dos custos da manutenção da empresa, é o lucro do proprietário. A este movimento, Marx dá o nome de mais-valia.
Analise a seguir a charge, disponível no portal Sociologia, que
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apresenta o tema: Karl Marx – alienação e mais-valia. O que você conclui da charge?
Fig.02
Marx e os demais “marxistas” dirão que os próprios trabalhadores, frente à injustiça da desigualdade social provocada pelos capitalistas, iriam fazer a revolução comunista, para instituírem uma sociedade economicamente igual para todos, sem a propriedade privada, numa espécie de comunismo internacional. Alguns países do mundo, a partir do século XX, fizeram suas revoluções comunistas, como Rússia, países do leste europeu, países da Ásia, países da África, Cuba, na América Latina, enfim, uma tentativa de implementar os ideais igualitários comunistas. Porém, nem todos conseguiram implementar um regime político sólido, com igualdade real entre seus cidadãos, nem um ambiente associativista e democrático. Neste sentido, muitas críticas sociais também foram e são realizadas aos países ditos comunistas e a sua forma de organização social.
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O comunismo, com foi implantado no mundo, tendo como exemplo a ex-URSS (União das Repúblicas Socialistas Soviéticas) lideradas pela Rússia, que fez sua revolução no ano de 1917, provocou muitas reflexões e críticas de como o comunismo foi posto em prática no mundo. Aqui propomos a leitura do romance A revolução dos bichos, escrito pelo escritor britânico George Orwell, em 1945. O autor descreve como os animais da fazenda “Granja do solar”, cansados de serem explorados pelos seus donos, os humanos, fazem a revolução comunista, expulsando o seu opressor, os donos da fazenda, os humanos, deram continuidade ao processo revolucionário, pois, os porcos, animais mais inteligentes, acabavam ficando com todo o lucro da produção, enquanto os demais animais voltaram a trabalhar como escravos.
O romance pode ser lido no link a seguir:
http://migre.me/u7Ayq
Foi lançado tembém o filme Animal Farm (Revolução dos bichos), de direção de John Halas e Joy Batchelor. Você poderá assistir no seguinte link: http://migre.me/u7ABs
LISTA DE IMAGENS Fig.01: http://upload.wikimedia.org/ Fig.02: http://www.sociologia.com.br/
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REFERÊNCIAS COSTA, Cristina. Sociologia: introdução à ciência da sociedade. 2ª.ed. São Paulo: Moderna, 1997. FERREIRA, Aurélio Buarque de Holanda. Mini Aurélio: o dicionário da língua portuguesa. 8ªed. Curitiba: Positivo, 2010. MARX, Karl & ENGELS, Friedrich. O Manifesto do Partido Comunista (1848). Disponível em: <http://www.ebooksbrasil.org/adobeebook/ manifestocomunista.pdf>. Acesso em 07/06/2016. MARX, Karl. Salário, preço e lucro (1865). Disponível em: <https://www.marxists.org/portugues/marx/1865/salario/>. Acesso em 07/05/2016. ORWELL, George. A Revolução dos bichos. Disponível em: <http:// www.ebooksbrasil.org/adobeebook/animaisf.pdf>. Acesso em 07/06/2016.
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