UNIDADE
09
CONTENÇÃO BIOLÓGICA – LIMPEZA, DESINFECÇÃO E ESTERILIZAÇÃO
BIOSSEGURANÇA
EXCELÊNCIA EM EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA
CONTENÇÃO BIOLÓGICA – LIMPEZA, DESINFECÇÃO E ESTERILIZAÇÃO
Nesta unidade falaremos sobre os tipos de contenção de microrganismos e os materiais médicos-odonto-hospitalares que podemos reprocessar e que manterão suas funções ativas e sem dano algum aos pacientes. Falaremos sobre conceitos e descrições importantes, testes e sobre a legislação que rege o reprocessamento de materiais e artigos. CONCEITOS • Processamento: é o método que será utilizado para cada tipo de material a ser processado. Alguns produtos são proibidos reprocessar, deve-se seguir as orientações do fabricante para reutilizar um produto. Este processo é composto das fases: limpeza, desinfecção, embalagem, esterilização e testes de qualidade (RDC 15/12). A carga microbiológica é chamada de Bioburdem, que é o número de contaminantes de um material antes de esterilizar. Inicialmente, é composta por sujidade visível e invisível, sendo considerada carga numérica de 10º a 109 sendo 109 sujidade visível e 10º livre de quaisquer contaminações – estéril (Ministério da Saúde, 2008).
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Existem três tipos de riscos, são eles:
• Risco físico: Enquanto ocorre a limpeza dos produtos, os profissionais sofrem exposição aos ruídos de máquinas, lavadoras, ar comprimido, exposição ao vapor e outros; • Risco Químico: a exposição a produtos químicos durante a limpeza dos artigos, os quais podem ocasionar danos físicos ou prejudicar à saúde; • Risco Biológico: na limpeza dos materiais pode ocorrer a exposição ocupacional a agentes biológicos. (ANVISA, 2004).
•
Classificação dos métodos e materiais:
Limpeza é o processo executado manualmente para retirar a sujidade através de fricção sobre determinado material, aplicando também ação química por meio de detergente próprio para este fim. Em seguida, deve ser realizada a lavagem mecânica ou automática. A limpeza automatizada não exclui o processo manual. Além disso, a limpeza dos materiais deve ser iniciada na sala específica chamada de área de limpeza. Esta etapa é de extrema importância para proceder a desinfecção ou esterilização (LEITE, 2008). O processo de limpeza precisa reduzir o Bioburden para 10² (dez a segunda). Por exemplo: carga pesada ou com sujidade é considerada 108, 109, ou seja, composta de resíduos, a matéria orgânica protege os microrganismos, também chamada de biofilme. A limpeza possui objetivo de diminuir o número de microrganismos e eliminar resíduos e outros fragmentos orgânicos (carboidrato, proteínas, hemoglobina, etc.) que se aderem no lúmen e na superfície dos artigos (LEITE, 2008). • Carga microbiana: para a criação de um biofilme, os microorganismos precisam de apenas 5 minutos em uma superficie ou um instrumental.
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O processo de limpeza de materiais médico-odonto-hospitalares deve ser realizado com detergente específico, chamado de detergente enzimático. Este, como o próprio nome diz, é composto por enzimas que agem sobre o sangue, gordura, muco, saliva e proteínas em geral produzindo um substrato, facilitando, assim, a remoção dos fragmentos orgânicos pelos agentes de limpeza, tornando mais efetiva a limpeza e reduzindo a carga microbiana a que chamamos Bioburden. (SMS-BH). Para certificar-se que sua limpeza está adequada e realmente reduzindo o bioburden, deve ser realizada uma avaliação de processo chamada de validação, esta nada mais é do que submeter o processo a testes, conforme RDC/ 15-2012, subseção II, das Atribuições/ artigo 33: IV – “Prover meios para garantir a rastreabilidade das etapas do processamento de produtos para saúde”. • Rastreabilidade: “[...] capacidade de traçar o histórico do processo do produto para a saúde e da sua utilização por meio de informações previamente registradas”. Parágrafo único. “Os registros devem ser arquivados, de forma a garantir a sua rastreabilidade, em conformidade com o estabelecido em legislação específica ou, na ausência desta, por um prazo mínimo de cinco anos, para efeitos de inspeção sanitária”. (RDC/ 15-2012). Ainda conforme a RDC/ 15-2012, subseção II, das Atribuições/ artigo 33: Parágrafo Único. “O Responsável Técnico do serviço de saúde deve ainda qualificar a empresa terceirizada de processamento de produtos para saúde”. Realizado o processo de limpeza, passamos ao preparo dos materiais, atividade que deve ser realizada em sala própria. Os materiais que serão esterilizados, armazenados e transportados precisam ser acondicionados em invólucro ou embalagem com barreira microbiana, criteriosamente escolhida para manter a segurança do processo (SOBEC, 2007). • Descontaminação: é a remoção parcial ou total da carga microbiana de artigos e superfícies.
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• Desinfecção: é a destruição e a eliminação de microrganismos que estejam em materiais e objetos através da aplicação de agentes físicos ou químicos, denominados desinfetantes ou germicidas, que possuem tempo de ação de 10 a 30 minutos. (SOBEC, 2007). O Mistério da Saúde autoriza o uso dos seguintes princípios ativos para desinfetantes: aldeídos, compostos fenólicos e ácido paracético. • Preparo: os invólucros utilizados para acondicionar os artigos determinam sua vida útil, mantêm o material estéril e garantem a sua integridade. (LACERDA, 2003). • Esterilização: a esterilização destrói todos os microrganismos, até que não seja possível detectar a presença deles nem mesmo com testes padrão. Os processos de esterilização de produtos no dia a dia são o calor, em forma úmida e seca, e os agentes químicos sob a forma líquida, gasosa e plasma (Ministério da Saúde, 2008). Na sala de preparo de materiais, deve-se realizar o monitoramento de processo de esterilização, conforme descrito na RDC 15/12. Indicador químico classe 2 ou Teste de Bowie & Dick Art. 93: “É obrigatório a realização de teste para avaliar o desempenho do sistema de remoção de ar (Bowie & Dick) da autoclave assistida por bomba de vácuo, no primeiro ciclo do dia. USO DIÁRIO”. Os testes Bowie Dick evoluíram ao longo do tempo, porém o objetivo continua o mesmo. O teste deve ser colocado no meio do invólucro, local com maior dificuldade de acesso interno para se ter a certeza de esterilização. Integrador químico classe 5 ou 6 RDC 15/12 Art. 96: “O monitoramento do processo de esterilização deve ser realizado em cada carga em pacote teste desafio com integradores químicos (classes 5 ou 6), segundo rotina definida pelo
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próprio CME ou pela empresa processadora”. Assim como o teste Bowie Dick e outros, o intergrador classe 5 e 6 evoluiu com o passar dos anos, esse teste libera a carga esterilizada e deve ser realizado em todas as vezes que seja esterilizado materiais. O integrador químico classe 5 necessita de temperatura, tempo e vapor em quantidade e qualidade adequada para obter sua eficácia; necessita também de um invólucro. O integrador classe 6 possui os requisitos do classe 5 e maior confiança em seus intervalos. Indicadores Biológicos • Art. 98: “No monitoramento do processo de esterilização dos produtos para saúde implantáveis deve ser adicionado um indicador biológico a cada carga”. “Parágrafo único. A carga só deve ser liberada para utilização após leitura negativa do indicador biológico”. • Art. 99: “O monitoramento do processo de esterilização com indicador biológico deve ser feito diariamente, em pacote desafio disponível comercialmente, ou construído pelo CME, ou pela empresa processadora, que deve ser posicionado no ponto de maior desafio ao processo de esterilização, definido durante os estudos térmicos na qualificação de desempenho do equipamento de esterilização”. O indicador biológico é composto por aproximadamente um milhão de microrganismos esporulados, os quais são comprovadamente resistentes ao agente esterilizante, caso este não esteja executando sua função de maneira adequada. De acordo com o Art. 29, da resolução - RDC nº 15/2012: os profissionais da CME e da empresa processadora devem receber capacitação específica e periódica nos seguintes temas: 1.
classificação de produtos para saúde;
2.
conceitos básicos de microbiologia;
3.
transporte dos produtos contaminados;
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4. processo de limpeza, desinfecção, preparo, inspeção, acondicionamento, embalagens, esterilização, funcionamento dos equipamentos existentes; 5. monitoramento de processos por indicadores químicos, biológicos e físicos; 6. rastreabilidade, armazenamento e distribuição dos produtos para saúde; 7.
manutenção da esterilidade do produto.
REFERÊNCIAS ANVISA, Agência Nacional de Vigilância Sanitária. Normas para Projetos Físicos de Estabelecimentos Assistenciais de Saúde. 2ª Ed. Brasília, 2004. DIRETORIA COLEGIADA. Dispõe sobre requisitos de boas práticas para o processamento de produtos para saúde e dá outras providências. Resolução - RDC Nº 15, de 15 de Março de 2012. Disponível em: <http://bvsms.saude.gov.br/bvs/saudelegis/anvisa/2012/ rdc0015_15_03_2012.html>. Acesso em: 23 jun. 2016. LACERDA, Rúbia Aparecida. Controle de Infecção em Centro Cirúrgico: fatos,mitos e controvérsias. Atheneu Editora. São Paulo, 2003. LEITE, F.B. Central de material esterilizado: projeto de reestruturação e ampliação do hospital regional de Francisco Sá [Internet]. Brasília (DF): Ministério da Saúde; 2008 [citado 2010 dez 02]. Disponível em: <http://bvsms.saude.gov.br/bvs/artigos/artigo_CME_flavia_ leite.pdf>. Acesso em: 23 jun. 2016. MANUAL de Normas e Rotinas Técnicas. Central Distrital de Material Esterilizado. SMSA / PBH. Secretaria Municipal de Saúde. Belo Horizonte. SOBECC, Nacional. Práticas Recomendadas. Sociedade Brasileira de Enfermeiros de Centro Cirúrgico Recuperação Anestésica e Centro de Material de Esterilização. 4ª Ed. São Paulo, 2007.
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