Biossegurança - Unidade10

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UNIDADE

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NÍVEIS DE BIOSSEGURANÇA LABORATORIAL, CLASSIFICAÇÃO E RECOMENDAÇÕES BIOSSEGURANÇA

EXCELÊNCIA EM EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA


NÍVEIS DE BIOSSEGURANÇA LABORATORIAL, CLASSIFICAÇÃO E RECOMENDAÇÕES Esta aula está embasada no manual de Segurança e Controle de Qualidade no Laboratório de Microbiologia Clínica da ANVISA e as definições de Níveis de Biossegurança da FIOCRUZ. O nosso objetivo é conhecer sobre as classificações de laboratórios e seus níveis de biossegurança. CLASSIFICAÇÃO DOS LABORATÓRIOS SEGUNDO O NÍVEL DE BIOSSEGURANÇA A Comissão Técnica Nacional de Biossegurança (CTNBio) foi a responsável pelo desenvolvimento da maior parte das atribuições referentes à fixação de normas, análise de risco, acompanhamento, emissão de certificados de qualidade em biossegurança (CQB) para a criação de atividades em laboratório nessa área, além da descrição do nível de biossegurança e da classificação dos OGM (organismos geneticamente modificados). Tal comissão deve emitir parecer técnico conclusivo sobre a biossegurança dos OGM e seus derivados nas atividades de pesquisa e vendas (ANVISA, 2004). A partir do tipo do microrganismo manipulado, o laboratório precisará de uma estrutura física e de contenção previamente estipulada. Nível 1 de Biossegurança (NB-1) ou proteção básica (P1) As atividades, o equipamento de segurança e o projeto das instalações são adequados para o treinamento educacional secundário ou para aulas aos técnicos e professores de técnicas laboratoriais. São apropriadas as práticas que envolvam agentes com o menor grau de risco para todos do laboratório e para o meio ambiente, que não causem doenças aos humanos saudáveis. (FIOCRUZ).

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O laboratório com NB1 pode estar em edifício utilizado para di-

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versas atividades. O trabalho é realizado, em bancada própria e o uso de EPIs específicos não é exigido. As pessoas que utilizam o laboratório precisam possuir treinamento específico e ser supervisionadas por cientista com conhecimento em microbiologia ou ciência correlata. (ANVISA, 2004). Algumas Práticas Padrões NB1 Restringir o acesso ao laboratório a pessoas autorizadas pela chefia do laboratório; lavar as mãos; não ingerir alimentos, líquidos, fumar, mascar chicletes, tocar em lentes de contato, aplicar cosméticos ou armazenar alimentos para consumo nas áreas de trabalho. Pessoas que utilizam lentes de contato em laboratórios devem utilizar óculos de proteção ou protetores faciais; os alimentos devem ser guardados em local apropriado fora das áreas de trabalho. Além disso, é importante manter as unhas cortadas; não usar adornos; não usar a pia do laboratório como lavatório e usar roupa de proteção durante o trabalho. Tais peças não podem ser usadas em outros lugares fora do laboratório (escritório, biblioteca, salas de estar e refeitório). (FIOCRUZ NB1). As superfícies de trabalho precisam ser descontaminadas ao término da atividades e sempre após derramamento de material viável. As culturas, colônias de microrganismos e outros resíduos devem ser descontaminados, como por esterilização por calor úmido (autoclave). Deve-se também fixar o símbolo internacional de Risco Biológico na entrada do laboratório. Neste alerta precisa ter o (s) agente (s) manipulado (s), o nome e número do telefone do pesquisador responsável. Além dessas informações é necessário que existam Kits de primeiros socorros na área de apoio ao laboratório. O responsável pelo laboratório necessita assegurar que a equipe tenha conhecimento sobre as medidas de segurança e emergência e precisa existir um programa de controle de roedores e artrópodes. (FIOCRUZ NB1). O laboratório de nível 1 não necessita da utilização de Práticas Especiais. A seguir, alguns exemplos de barreiras utilizadas e biossegurança.

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Equipamento de Segurança (Barreiras Primárias)

Não são exigidos equipamentos especiais de contenção para manipulações de agentes de classe de risco 1, como as cabines de segurança biológica. É importante o uso de jalecos, aventais ou uniformes próprios para evitarem a contaminação ou sujeira de suas roupas normais; luvas em casos de rachaduras ou ferimentos na pele das mãos. O uso de óculos protetores em procedimentos que produzam borrifos ou salpicos. Instalações Laboratoriais (Barreiras Secundárias) também são necessários. (FIOCRUZ NB, 1). Porta para controle do acesso, pia para lavagem das mãos, próxima à saída do laboratório são componentes importantes. Ele deve ser de fácil limpeza com paredes, teto e o piso lisos, ambos impermeáveis a líquidos e resistentes a produtos químicos e a desinfetantes que são usados no laboratório. O piso deve ser antiderrapante; a superfície das bancadas impermeável à água e resistente ao calor moderado e aos solventes orgânicos, ácidos, álcalis e químicos usados para a descontaminação da superfície de trabalho e do equipamento. (FIOCRUZ NB1). Nível 2 de Biossegurança (NB-2) ou (P2) As práticas, os equipamentos, as plantas e a construção das instalações são aplicáveis aos laboratórios clínicos, de diagnóstico, laboratórios escolas e outros laboratórios onde as atividades possuem maior espectro de agentes de risco moderado e que estejam associados a uma patologia humana de gravidade variável. Com técnicas adequadas de microbiologia, consegue-se usar esses agentes de maneira segura em atividades realizadas em uma bancada aberta, pois o risco para a produção de borrifos e aerossóis é baixo. O vírus da hepatite B, o HIV, a salmonela e o Toxoplasma spp. são exemplos de microrganismos que precisam deste nível de contenção. O Nível de biossegurança 2 é apropriado para as práticas que envolvam sangue humano, líquidos corporais, tecidos ou linhas de células humanas primárias, na qual pode haver um agente infeccioso desconhecido. (ANVISA, 2004).

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As pessoas do laboratório precisam de treinamento técnico es-

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pecífico para a manipulação de agentes patogênicos e precisam ser supervisionados por cientistas. O acesso ao laboratório necessita ser limitado durante os procedimentos operacionais. Aqueles que apresentem a possibilidade de formação de aerossóis infecciosos devem ser conduzidos em cabines de segurança biológica ou outro equipamento de contenção física. (ANVISA, 2004). As práticas padrões incluem todas as normas citadas na NB1 e as seguintes: •

não é permitida a entrada de crianças;

• o laboratório deve ser mantido trancado quando não utilizado e possuir controle das chaves; • a indumentária para proteção dentro do laboratório não pode ser guardada no mesmo armário junto com trajes pessoais; • não é recomendável permitir que pessoas portadoras de ferimentos, queimaduras, imunodeficientes ou imunodeprimidas trabalhem; •

providenciar o exame médico periódico. (FIOCRUZ, NB2).

Práticas Especiais

O acesso ao laboratório deverá ser limitado ou restrito de acordo com a definição do chefe do laboratório quando o trabalho com agentes infecciosos estiver sendo realizado. Em geral, pessoas susceptíveis às infecções ou pessoas que, quando infectadas possam apresentar sérias complicações, não são permitidas no laboratório, entre outros. (FIOCRUZ, NB2). •

Equipamento de Segurança (Barreira Primária)

Cabines de segurança biológica; proteção para o rosto; roupas apropriadas como jalecos, gorros ou uniformes de proteção; luvas (o mais indicado é utilizar dois pares de luvas); lavagem das mãos entre outros. (FIOCRUZ, NB2). Nível 3 de Biossegurança (NB-3) OU (P3) O nivel de segurança 3 é empregado para laboratórios clínicos de diagnóstico, ensino e pesquisa ou de produção que possuam ati-

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vidades com agentes e possam ocasionar doenças graves ou potencialmente fatais, como o resultado de exposição por inalação. A equipe precisa ter educação continuada específica para manusear agentes patogênicos e potencialmente letais, sendo supervisionados por cientistas experientes com estes patógenos (ANVISA, 2004). Os procedimentos que necessitarem do manejo de material contaminado precisam ser conduzidos dentro de cabines de segurança biológica ou outro sistema de contenção física. Os manipuladores precisam utilizar roupas de proteção individual e o laboratório necessita de instalações para o NB-3 (ANVISA, 2004). •

Práticas Padrões

O acesso é rigorosamente limitado; o trabalho deve ser realizado em dupla; roupas de proteção específicas devem ser utilizadas; programa rotineiro de controle de insetos e roedores deve acontecer etc. (FIOCRUZ NB3). •

Práticas Especiais

Não é permitida a atividades ou a presença de grávidas, de pessoas portadoras de ferimentos ou queimaduras, imunodeficientes ou imunodeprimidas. Além dessas, as demais normas citadas nos comentários anteriores. (FIOCRUZ NB3). •

Equipamento de Segurança (Barreiras Primárias)

Roupas de proteção; uso de luvas.

Todos os manejos com agentes contamidados precisam ser conduzidas em uma cabine de segurança biológica de Classe II ou de Classe III. (FIOCRUZ NB3). •

Instalações do Laboratório (Barreiras Secundárias)

O laboratório necessita estar distante das áreas de trânsito; entrada através de vestiário pressurizado; escritório tem de ser fora da

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área de biocontenção; lavatório para as mãos, lava-olhos e chuveiro de emergência etc. (FIOCRUZ NB3). Nível 4 de Biossegurança (NB- 4) ou (P4) No NB4, as práticas, o equipamento de segurança, o planejamento e a construção das dependências são os mesmos cabíveis para os laboratórios clínicos, de diagnósticos, laboratório escola, de pesquisa ou de produções. Estes laboratórios trabalham com materiais nativos ou exóticos, que podem ser transmissiveis por via respiratória, podendo resultar em infecções graves e potencialmente letais. Alguns microrganismos determinados para este nível são Mycobacterium tuberculosis, o vírus da encefalite de St. Louis e a Coxiella burnetii. Os riscos primários provocados aos profissionais que manipulam estes agentes incluem a auto-inoculação, a exposição, a ingestão de aerossóis infecciosos. (ANVISA, 2004). Poucos laboratórios no mundo possuem instalações compatíveis para NB4. •

Práticas Padrões

Acesso rigoroso, limitado e controlado; proibido a atividade de pessoas imunocomprometidas ou imunodeprimidas, portadores de ferimentos e de mulheres grávidas; as atividades devem ser executadas em duplas; sistema de contenção primária; todos os resíduos precisam ser obrigatoriamente esterilizados e incinerados; os líquidos, incluindo a água do chuveiro, devem ser descontaminados, descartados etc. (FIOCRUZ NB4). •

Práticas Especiais

Apenas os indivíduos envolvidos na programação e no suporte ao programa a ser desempenhado têm permissão para entrada; o supervisor do laboratório precisa treinar toda a equipe e exigir que todas as medidas sejam cumpridas; manual de biossegurança deve ser preparado e adotado; registrar quaisquer intercorrencias no sistema de notificação de acidentes e exposições laboratoriais. (FIOCRUZ NB4).

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Equipamento de Segurança (Barreiras Primárias)

Todas as atividade realizadas no laboratório precisam ser conduzidas em cabines de segurança biológica Classe III ou cabines de Classe II e utilizar roupas de proteção pessoal com pressão positiva e ventiladas por sistema de suporte de vida. (FIOCRUZ NB4). •

Instalação do Laboratório (Barreiras Secundárias)

4:

Existem dois modelos de laboratório de nível de Biossegurança

1. Onde todos os trabalhos são realizados em cabine de segurança biológica Classe III;

2. Onde os profissionais utilizam a roupa de proteção de pressão positiva.

Os laboratórios de nível de Biossegurança 4 devem seguir um dos modelos ou uma combinação dos dois. (FIOCRUZ NB4). Resumo da unidade 10: Classificando os organismos segundo seu potencial patogênico – ANVISA • Classe de Risco 1: manipulação de organismos que não provocam doenças (baixo risco individual e coletivo) Ex.: microrganismos utilizados na produção de cerveja, vinho, pão e queijo. (Lactobacillus casei, Penicillium camembertii, S. cerevisiae, etc); • Classe de Risco 2: agente infeccioso que ocasiona doença ao homem ou aos animais, mas não leva a sérios riscos a quem o maneja utilizando proteção, à comunidade, aos seres vivos e ao meio ambiente (risco individual e coletivo moderado ). Ex.: bactérias Clostridium tetani, Klebsiella pneumoniae, Staphylococcus aureus; vírus - EBV, herpes; fungos - Candida albicans; parasitas- Plasmodium, Schistosom;

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• Classe de Risco 3: agentes patógenos que, normalmente, provocam doenças graves ao homem ou aos animais e pode apresentar risco a quem o manipula. Podem ser um risco se disseminado na comunidade, mas geralmente possui tratamento e prevenção (risco individual e coletivo elevado). Ex.: bactérias - Bacillus anthracis, Brucella, Chlamydia psittaci, Mycobacterium tuberculosis; vírus - hepatites B e C, HTLV 1 e 2, HIV, febre amarela, dengue; fungos - Blastomyces dermatiolis, Histoplasma; parasitas- Echinococcus, Leishmania, Toxoplasma gondii, Trypanosoma cruzi. • Classe de Risco 4: agentes que são de grande ameaça para o ser humano e para aos animais, sendo de grande risco a quem o manipula e de fácil transmissibilidade. Geralmente, não possuem medidas preventivas e de tratamento (risco individual e coletivo elevado) Ex.: Vírus de febres hemorrágicas, Febre de Lassa, Machupo, Ebola, arenavírus e certos arbovírus. REFERÊNCIAS ANVISA. Segurança e Controle de Qualidade no Laboratório de Microbiologia Clínica. Módulo II. 2004. Disponível em:<http://www. anvisa.gov.br/servicosaude/manuais/microbiologia/mod_2_2004. pdf>. Acesso em: 23 jun. 2016. FIOCRUZ. Nível de Biossegurança NB2. Disponível em: <http://www. fiocruz.br/biosseguranca/Bis/lab_virtual/nb2.html>. Acesso em: 23 jun. 2016. FIOCRUZ. Nível de Biossegurança NB3. Disponível em: <http://www. fiocruz.br/biosseguranca/Bis/lab_virtual/nb3.html>. Acesso em: 23 jun. 2016. FIOCRUZ. Nível de Biossegurança NB4. Disponível em: <http://www. fiocruz.br/biosseguranca/Bis/lab_virtual/nb4.html>. Acesso em: 23 jun. 2016.

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