UNIDADE
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EXPOSIÇÃO A MATERIAIS BIOLÓGICOS
BIOSSEGURANÇA
EXCELÊNCIA EM EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA
EXPOSIÇÃO A MATERIAIS BIOLÓGICOS Nesta unidade, falaremos sobre a exposição a materiais biológicos, conceitos, históricos, causas, prevenções e medidas a serem tomadas após uma exposição. O trabalhador da área da saúde, em seu dia a dia no ambiente de trabalho, manipula produtos potencialmente contaminados, infectantes com material biológico, por isso, precisa ter atenção durante a realização das atividades e cumprimento das precauções padrão, conforme o tipo de atendimento, devendo ser utilizados a todos os pacientes, independentemente do diagnóstico, o qual inclui a higienização das mãos, a utilização dos equipamentos de proteção individual (EPI) e ao desprezar o lixo perfurocortante em local próprio (LIMA, OLIVEIRA E RODIGUES, 2011). Segundo o Ministério da Previdência Social (1999), a exposição a estes materiais durante o horário de trabalho é considerado como acidente de trabalho. Para o Ministério do Trabalho, é conceituado acidente de trabalho, como qualquer incidente que aconteça durante o período de atividades profissionais, ocasionando lesões corporais ou alterações funcionais que possam resultar em morte, perda ou diminuição temporária ou permanente da produtividade do profissional ao desempenhar suas funções. No ambiente hospitalar, a exposição a material biológico precisa de destaque em dois quesitos: frequência e gravidade. Estes tipos de acidentes são considerados situação de emergência médica, pois os cuidados profiláticos, como para com a infecção pelos vírus do HIV e da hepatite B devem ser começados nas primeiras horas após o contato, a fim obter melhor eficácia (SPAGNUOLO, BALDO, GUERRINI, 2008). Segundo Braga (2000), após a década de 1980, o assunto ganhou maior visibilidade, pois foi quando aconteceu a epidemia da Síndrome da Imunodeficiência Adquirida (HIV/AIDS). Ainda nesta época, houve debates sobre a criação de medidas profiláticas e o acompanhamento clínico-laboratorial dos profissionais que foram contaminados com material biológico. Os trabalhadores com maior chance de exposição à contaminação com material biológico são os ligados na atenção direta aos
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pacientes. Esta equipe, que faz o cuidado direto ao paciente e possui maior contato com sangue e outros fluídos corporais, é constituída, normalmente, pelas equipes de enfermagem e pela equipe médica. O atendimento hospitalar possui outros trabalhadores que podem estar expostos a este tipo de contaminação, como profissionais da higienização, as copeiras, os laboratoristas, os profissionais da lavanderia, entre outros (Ministério da Saúde, 2008). Com o grande número de profissionais ligados à assistência direta ou indireta ao paciente, é preciso que a instituição de saúde estabeleça medidas de biossegurança com foco na redução dos riscos ocupacionais tendo como base o que foi preconizado pelo Ministério da Saúde (2008). As normas de biossegurança no local trabalho compreendem atitudes que resultem em maior segurança na rotina dos profissionais a partir de redução dos riscos físicos, químicos, psicológicos, ergonômicos e biológicos aos quais estão expostos (CAVALCANTE et al, 2008). Até aqui, foi possível perceber a necessidade de orientar os trabalhadores da área da saúde para as atitudes e comportamentos que foquem nas normas de biossegurança no ambiente hospitalar. Para que isso aconteça, é preciso ter instruções sobre a realidade de cada instituição com base nos riscos característicos de cada ambiente de trabalho, observando a frequência, o tipo de acidente e, também, quais são os processos para a notificação do acidente, o acompanhamento necessário e o uso de medidas profiláticas. CONCEITOS IMPORTANTES Acidentes ocupacionais com material biológico São as eventualidades ligadas ao sangue ou outros fluídos orgânicos potencialmente contaminados. Os acidentes com material perfurocortantes, normalmente, são considerados como alto risco, pois são capazes de transmitir mais de 50 tipos de agentes infecciosos.
Os patógenos mais notificados são os vírus das hepatites B (HBV) Unidade 12. Exposição a Materiais Biológicos.
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e C (HCV) e o vírus da Imunodeficiência Humana (HIV). A probabilidade de adquirir infecção após a exposição ocupacional dependerá de diferentes fatores, como condições clínicas do paciente-fonte, o tipo de acidente, gravidade e tamanho do ferimento, presença e volume de sangue envolvido e o tratamento adequado após exposição (Ministério da Saúde, 2008). Tipos de exposição com material biológico • Arranhaduras e/ou mordeduras: possui risco, caso tenha a presença de sangue; • Exposição de pele não íntegra: contato da pele com dermatites ou lesões abertas; • Exposições de mucosas: respingos de secreção em locais de mucosa. Por exemplo: olho, nariz ou boca ou exposição de mucosa genital; • Exposições percutâneas: ferimentos causados por materiais perfurantes ou cortantes (ex.: agulhas, lâminas de bisturi, vidrarias, etc.) os quais transpassem a pele e estejam contaminados. MEDIDAS DE CONTROLE As medidas mais eficazes para evitar uma exposição ocupacional é a prevenção da transmissão dos vírus das hepatites B e C e o HIV; a imunização contra hepatite B e a profilaxia após exposição. Estes pontos são considerados os elementos integrais para o programa de prevenção de infecção pós-acidente de trabalho e também são componentes fundamentais para segurança do trabalho (BRAGA, 2000). Medidas individuais capazes de proteger um profissional • Utilizar as precauções padrão: avental, luvas, máscara e óculos sempre que entra em contato sangue e/ou fluídos corporais (independentemente do diagnóstico do paciente);
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• Descartar os materiais perfurocortantes em recipientes próprios; • Manusear agulhas e instrumentos cortantes com cuidado e atenção; •
Prestar atenção enquanto realiza procedimentos;
• Nunca reencapar agulhas após utilização. O correto é quebrá -las ou retirá-las das seringas com as mãos; • Obedecer ao esquema completo da vacinação contra a hepatite B. Acompanhamento pós-exposição Deve ser realizada a coleta das sorologias para HIV, hepatite B e hepatite C do acidentado e do paciente-fonte. Outros exames devem ser solicitados a partir da situação epidemiológica e do diagnóstico do paciente, por exemplo, sorologia para Doença de Chagas, HTLV, sífilis. A profilaxia é realizada quando recomendado (BRAGA, 2000). CONDUTAS GERAIS APÓS O ACIDENTE, SEGUNDO O MINISTÉRIO DA SAÚDE Cuidados imediatos do local da exposição • Exposições percutâneas: a lesão precisa ser lavada excessivamente com água e sabão. Não deve ser apertada, espremida ou pressionada. Tais movimentos são capazes de aumentar a superfície de contato. Os antissépticos podem ser usados, porém não existe evidência de que seja eficaz. Não usar produtos químicos irritantes no local (hipoclorito, éter, benzina); • Exposição de mucosa: nesta situação, o local exposto precisa ser lavado somente com água ou soro fisiológico 0,9%.
A notificação do acidente é de extrema importância para ali-
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mentar os dados sobre o assunto, evoluir e conhecer as classes profissionais que sofrem acidentes de trabalho com maior frequência.
O material a seguir foi retirado da publicação do ministério da saúde: Acidentes com Perfuração - CEST PROFILAXIA ANTI-RETROVIRAL APÓS EXPOSIÇÃO OCUPACIONAL AO HIV
LEGENDA • + GRAVE: agulhas com lúmen/grosso calibre, lesão profunda, sangue visível no dispositivo usado ou agulha usada recentemente em artéria ou veia do paciente. • - GRAVE: lesão superficial, agulha sem lúmen. • PEQUENO VOLUME: poucas gotas de material biológico de risco, curta duração. • GRANDE VOLUME: contato prolongado ou grande quantidade de
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material biológico de risco. • (1) Estudos em exposição sexual e transmissão vertical sugerem que indivíduos com carga viral < 1500 cópias/ml apresentam um risco muito reduzido de transmissão do HIV. • (2) Quando a condição sorológica do paciente-fonte não é conhecida, o uso de PEP deve ser decidido em função da possibilidade da transmissão do HIV, que depende da gravidade do acidente e da probabilidade de infecção pelo HIV deste paciente (locais com alta prevalência de indivíduos HIV+ ou história epidemiológica para HIV e outras DST). Quando indicada, a PEP deve ser iniciada e reavaliada a sua manutenção de acordo com o resultado da sorologia do paciente-fonte.
• * 2 drogas = 2 inibidores da transcriptase reversa análogos de nucleosídeos (geralmente, AZT+3TC). • * 3 drogas = esquema de 2 drogas + inclusão 1 IP (geralmente, NFV ou IND/r). • ** Considerar = indica que a PEP é opcional e deve ser baseada na análise individualizada da exposição e decisão entre o acidentado e o médico assistente.
REFERÊNCIAS BRAGA, D. Acidente de trabalho com material biológico em trabalhadores da equipe de enfermagem do centro de pesquisas Hospital Evandro Chagas: um olhar da saúde do trabalhador. [dissertação]. Rio de Janeiro (RJ): Escola Nacional de Saúde Pública, Fundação Oswaldo Cruz, 2000. CAVALCANTE, N.J.F., Monteiro, A.L.C., Barbieri, D.D. Biossegurança: atualidades em DST/AIDS. Programa estadual DST/AIDS. 2ª ed. São Paulo (SP), 2003 [citado 2008 set 10] Disponível em: <http://bvsms. saude.gov.br/bvs/publicacoes/08Bioseguranca.pdf>. Acesso em: 27
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jul. 2016. MINISTÉRIO PÚBLICO. Manual De Condutas Em Exposição Ocupacional A Material Biológico. Secretaria de Políticas de Saúde. Coordenação Nacional de DST e AIDS. Disponível em: <http://143.107.206.201/restauradora/etica/manuexp.html>. Acesso em: 27 jul. 2016. LIMA, L. M. de; OLIVEIRA, C. C. de, RODRIGUES, K. M. R. de.Exposição ocupacional por material biológico no Hospital Santa Casa de Pelotas - 2004 a 2008. Esc. Anna Nery [online]. 2011, vol.15, n.1, pp.96102. ISSN 1414-8145. Disponível em: < http://migre.me/usokq>. Acesso em: 27 jul. 2016. MINISTÉRIO DA PREVIDÊNCIA SOCIAL (BR). Manual de Instruções para preenchimento da Comunicação de Acidentes do TrabalhoCAT. Conceito, definições e caracterização do acidente do trabalho, prestações e procedimentos. [internet] 1999. [citado 2008 set 09]. Disponível em: <http://www.cpsol.com.br/upload/arquivo_download/1872/manual%20preenchimento%20CAT.pdf>. Acesso em: 27 jul. 2016. MINISTÉRIO DA SAÚDE (BR). Manual de condutas em exposição ocupacional a material biológico. [internet]. [citado 2008 set 10]. Secretaria de Políticas de Saúde. Coordenação Nacional de DST e AIDS Disponível em: <www.cepis.org.pe/bvsacd/cd49/condutas.pdf>. Acesso em: 27 jul. 2016. SPAGNUOLO, R.S., BALDO, R.C.S, GUERRINI, I.A. Análise epidemiológica dos acidentes com material biológico registrados no Centro de Referência em Saúde do Trabalhador, Londrina, Paraná. Ver. Bras. Epidemiol. 2008 jun. 1192): 315-23.
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