UNIDADE
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IDENTIDADE CULTURAL – RESPEITO ÀS DIFERENÇAS E A QUESTÃO DE GÊNERO ESTUDOS SOCIOLÓGICOS E ANTROPOLÓGICOS
EXCELÊNCIA EM EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA
IDENTIDADE CULTURAL – RESPEITO ÀS DIFERENÇAS E A QUESTÃO DE GÊNERO
APRESENTAÇÃO Como se constrói uma identidade cultural? Por que as pessoas são diferentes entre si? O que é ser homem e o que é ser mulher na sociedade? Existem outras possibilidades de manifestar nossa individualidade? IDENTIDADE CULTURAL A leitura do livro O povo brasileiro, de Darcy Ribeiro, proporciona compreender melhor a formação da cultura brasileira, da miscigenação1 de nossa gente entre as chamadas matrizes culturais (indígena, portuguesa, negra, europeia, asiática etc.), ao longo de cinco séculos. E, o autor interpreta que este processo, para o caso brasileiro, foi bastante positivo, pois apesar da diversidade cultural, formou-se uma igualdade (homogeneidade) linguística, uma integração de todos com todos, uma identidade cultural brasileira. Entretanto, somos um país que tem muito a crescer, tanto economicamente, quanto na consolidação de direitos e de igualdade de oportunidades, do fim dos racismos velados entre seus pares, de um necessário e contínuo refletir sobre nossa própria cultura. Este país, formou, então, os brasileiros.
Confira, a seguir, um trecho do final da obra de Darcy Ribeiro. “Nós, brasileiros, somos um povo em ser, impedido de sê -lo. Um povo mestiço na carne e no espírito, já que aqui a mestiçagem jamais foi crime ou pecado. Nela fomos feitos e ainda continuamos nos fazendo. Essa massa de nativos
1 Miscigenação: Cruzamento de etnias; caldeamento, mestiçagem, mestiçamento, mistura (FERREIRA, 2010, p.509).
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oriundos da mestiçagem viveu por séculos sem consciência de si, afundada na ninguendade. Assim foi até se definir como uma nova identidade étnico-nacional, a de brasileiros. Um povo, até hoje, em ser, na dura busca de seu destino. É de assinalar que, apesar de feitos pela fusão de matrizes tão diferenciadas, os brasileiros são, hoje, um dos povos mais homogêneos linguística e culturalmente e também um dos mais integrados socialmente da Terra. Falam uma mesma língua, sem dialetos. Não abrigam nenhum contingente reivindicativo de autonomia, nem se apegam a nenhum passado. Estamos abertos é para o futuro” (RIBEIRO, 2007, p.410).
Darcy Ribeiro tem confiança em um Brasil promissor, que de seu “caldeamento cultural” pode formar um povo novo e dinâmico, “um povo em ser” e que deve buscar a ser o melhor.
Disponível em: http://migre.me/utZhO . Acesso em 14 jul. 2016. Fig.01
Confira, ainda, o documentário realizado com o próprio Darcy Ribeiro, sobre sua obra, O Povo brasileiro. Disponível em: http://migre.me/utZjz . Acesso em 14 jul. 2016.
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GÊNERO Gênero, para este caso, é a discussão do significado do que é ser homem e do que é ser mulher na sociedade. De acordo com Carolina Cunha, da Novelo Comunicação, a reflexão de gênero surgiu nos fins dos anos 1940, com a filósofa francesa Simone de Beauvoir, no livro O Segundo sexo (1949), obra importante do movimento feminista, quando afirmou que ninguém nasce mulher, mas torna-se mulher. Com isto, ela estava contestando o pensamento determinista do final do século XIX que usava a biologia para explicar a inferiorização do sexo feminino e as desigualdades sociais entre os gêneros. Para a filósofa, o “ser mulher” é uma construção social e cultural. Continua Carolina Cunha dizendo que, “para tornar-se um homem ou mulher é preciso submeter-se a um processo que chamamos de socialização de gênero, baseado nas expectativas que a cultura de uma sociedade tem em relação a cada sexo. Assim, ao nascer, uma pessoa deve ter uma determinada conduta a seguir normas e comportamentos ‘aceitáveis’ de acordo com seu gênero”. Isto é, mulher deve agir de determinada forma por ser mulher. Da mesma maneira, há comportamentos específicos de homens por serem homens. Carolina Cunha apresenta, então, a filósofa estadunidense Judith Butler, que, em 1990, publicou o livro Problemas de Gênero (lançado no Brasil, pela editora Civilização Brasileira, em 2010). “A obra cunhou a noção de gênero como performatividade. Para ela, o gênero é uma produção social, ou seja, é um ato intencional construído ao longo dos anos. De fora para dentro e de dentro para fora. Segundo ela, gênero não deve ser visto como um atributo fixo de uma pessoa, mas como uma variável fluída, apresentando diferentes configurações”. A autora continua, afirmando que “Butler acredita que é preciso tratar os papéis homem-mulher ou feminino-masculino não como categorias fixas, mas constantemente mutáveis, fora do padrão voltado para a reprodução. A filósofa busca desconstruir todo tipo de identidade de gênero que oprime as características pessoais de cada um, ou seja, o ideal é que a pessoa escolhesse o gênero a que quer pertencer”.
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Ela conclui que “ainda que a destruição do conceito de gênero seja uma questão nova ou distante para a maioria da sociedade, pensar sobre gênero também é pensar sobre liberdade e cidadania. Não existem certezas, mas questões sobre um humano mais plural”. “No mundo atual, onde pessoas se expressam de forma tão diversa e plural, o respeito à singularidade e a tolerância de cada indivíduo tornar-se fator de extrema importância. Olhar para um mundo com mais respeito à diversidade dos gêneros é entender que o outro, independente de sua orientação é alguém que merece respeito e direitos políticos, sociais e econômicos”, diz Carolina Cunha. Para conferir todo o artigo de Carolina Cunha – Acesse o link: http://migre.me/uu0rx .
Um pouco sobre Simone de Beauvoir e Judith Butler
Simone de Beauvoir (1908-1986) nasceu e morreu em Paris, na França. Foi uma escritora, intelectual, filósofa existencialista, ativista política, feminista e teórica social francesa. Teve um relacionamento longo com o filósofo francês, o existencialista Jean Paul Sartre. A teoria feminista teve grande impulso reflexivo com seus trabalhos e ativismo. O ensaio O Segundo Sexo foi uma profunda análise sobre o papel que se constrói para as mulheres na sociedade. Afinal, é a construção social da mulher que fundamenta a opressão sobre elas, isto é, é dito para a mulher que determinados comportamentos são errados e outros são certos, como era o caso do direito ao voto. A mulher não tinha direito ao voto, pois isto não lhe cabia, era “errado” a sua participação na política. O patriarcado também é uma herança de que o homem seria superior à mulher. Entretanto, Beauvoir defendia que as mulheres são tão capazes de escolher e fazer quanto os homens. Disponível em: http://migre.me/uu0w8. Acesso em 14 jul. 2016.
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Judith Butler nasceu em Cleveland, Ohio, nos Estados Unidos, em 1956 e está com 60 anos (2016). É filósofa e uma das principais teóricas da questão contemporânea do feminismo e teoria queer. É professora na Universidade da Califórnia em Berkeley. Sobre a teoria queer, oficialmente queer theory (em inglês), “é uma teoria sobre o gênero que afirma que a orientação sexual e a identidade sexual ou de gênero dos indivíduos são o resultado de um constructo social e que, portanto, não existem papéis sexuais essencial ou biologicamente inscritos na natureza humana, antes formas socialmente variáveis de desempenhar um ou vários papéis sexuais”. Disponível em: http://migre.me/uu0Hc . Acesso em 14 jun. 2016.
A questão de gênero é bastante polêmica e precisa ser refletida para se buscar, sem preconceitos, uma visão mais clara de suas ideias e tendências. A grande contribuição desta perspectiva de identidade cultural é questionar o papel que homens e mulheres têm na sociedade, principalmente, quando isto causa desigualdades sociais. Uma mulher e um homem com o mesmo emprego, numa mesma empresa, mas o homem com o salário maior do que a mulher é um exemplo que deve ser combatido.
Vamos interpretar a seguinte charge:
Fig.02
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LISTA DE IMAGENS Fig.01: http://bibliotecasdobrasil.com/ Fig.02: http://br.pinterest.com/ REFERÊNCIAS ARAÚJO, Sílvia Maria de. Sociologia: volume único: ensino médio. Silvia Maria de Araújo, Maria Aparecida Bridi, Benilde Lenzi Motim. São Paulo: Scipione, 2013. COSTA, Cristina. Sociologia: introdução à ciência da sociedade. 2ª.ed. São Paulo: Moderna, 1997. FERREIRA, Aurélio Buarque de Holanda. Mini Aurélio: o dicionário da língua portuguesa. 8ªed. Curitiba: Positivo, 2010. LAPLANTINE, François. Aprender antropologia. São Paulo: Brasiliense, 2003. RIBEIRO, Darcy. O povo brasileiro. São Paulo: Companhia das Letras, 2007.
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