MH Report - Estudo ACE

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Diabetes e coração

O Estudo ACE vai confirmar a evidência do tratamento por acarbose na prevenção das doenças cardiovasculares II Congresso Internacional sobre Pré-Diabetes e Síndrome Metabólica Palácio dos Congressos da Catalunha, Barcelona, Espanha 25 de abril de 2007 Dr. Pierre Lefèbvre (Bélgica) Página 7 e 9 Dr. Lars Ryden (Suécia) Página 3 Dra. Pan Chang-Yu (China) Página 6 Dr. Jean-Louis Chiasson (Canadá) Página 8

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Dr. Rury Holman (Inglaterra) Página 10


Diabetes e coração: os maus companheiros

A chave do controle das doenças cardiovasculares reside em grande parte no tratamento do pré-diabetes e do diabetes. O estudo internacional ACE vai confirmar a importância do uso da acarbose para diminuir a ligação entre as duas patologias. Acarbose (Glucobay) é o único medicamento aprovado para o tratamento do pré-diabetes e o benefício de seu emprego foi comprovado por estudos como STOP-NIDDM (Study to Prevent Non-Insulin Dependent Diabetes Mellitus), que demonstraram que a acarbose previne a ocorrência do diabetes e de suas complicações mais frequëntes, as doenças cardiovasculares (DCV). O estudo ACE (Acarbose Cardiovascular Evaluation), iniciado em 2007, tem como objetivo a detecção de novos eventos cardiovasculares em indivíduos pré-diabéticos e portadores de DCV. O objetivo secundário é a avaliação da ocorrência de novos casos de diabetes tipo 2 na mesma população. A duração prevista do estudo é de 4 anos e os primeiros resultados são esperados em 2013. Para este estudo multicêntrico (150 centros), realizado na China, serão recrutados 7.500 pacientes

com DCV e pré-diabetes, randomizados e tratados com acarbose ou placebo. O estudo ACE é coordenado pelo Prof. Dr. Rury Holman, do Diabetes Trials Units, University of Oxford, e pela Profa. Dra. Pan Chang-Yu, Universidade de Beijing, China. Os resultados do estudo ACE serão relevantes para os outros países, em razão das semelhanças das “epidemias” de diabetes e de DCV na Europa e na Ásia, como mostrado pelos estudos Euro Heart Survey e China Heart Survey, cujos resultados foram publicados em 2006. É esperado que o estudo ACE confirme os resultados de STOP-NIDDM, estudo realizada na Europa e América do Norte que demonstrou que acarbose reduz a progressão do pré-diabetes para diabetes tipo 2 em 36% e o risco de ocorrência de primeiro evento cardiovascular em 49%, com redução de 91% do risco de infarto do miocárdio.

Para apresentar o projeto ACE e explicar as razões deste novo estudo internacional, Bayer convidou a Barcelona palestrantes renomados, como os Drs. Pierre Lefèbvre, expresidente da IDF (International Diabetes Federation), Lars Rydén, ex-presidente da ESC (European Society of Cardiology), Jean-Louis Chiasson, Universidade de Montréal, Canadá e coordenador do estudo STOP-NIDDM, e, evidentemente, os Drs. Pan Chang-Yu e Rury Holman, coordenadores do estudo ACE.

report Realização Medicina Hoje Tel.: 11 3816-6192 / 8115-3636 mauricio@medicinahoje.com.br Editor: Dr. Jean-Louis Peytavin Comercial: Mauricio Galvão An­­­­derson Direção-arte: Cristiana Ribas O conteúdo de MH Report é de inteira responsabilidade da Editora Medicina Hoje.

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Prof. Dr. Lars Rydén

Controlar as doenças cardiovasculares e os distúrbios da glicemia? O diabetes ou o pré-diabetes são detectados na maioria dos pacientes hospitalizados por doença cardiovascular, na condição de procurá-lo sistematicamente pelo Teste Oral de Tolerância à Glicose.

Professor emérito de Cardiologia, Karo-

linska Institute, Suécia, foi presidente da Swedish Cardiac Society e da European Society of Cardiology. É Membro do Royal College of Physicians de Londres. Presidente da Task Force sobre Diabetes e Doenças cardiovasculares da Europe-

an Society of Cardiology e da European Association for the Study of Diabetes

recomendações sobre o manejo do diabetes, do pré-diabetes e das doenças cardiovasculares, novas recomendações que permitem unificar as campanhas contra o diabetes de cardiologistas e endocrinologistas. No estudo GAMI (Glucose tolerance in patients with Acute Myocardial Infarction) foram observados 181 pacientes, recrutados em dois hospitais suecos, sem nenhuma suspeita de diabetes. Na alta do hospital, um teste oral de tolerância à glicose (TOTG)

com 200 g de glicose, foi realizado sistematicamente em todos os pacientes. Esse teste mostrou que 31% dos pacientes tinham diabetes, 35 % tolerância à glicose diminuída (Impaired Glucose Tolerance IGT) e que somente 34% eram livres de diabetes ou de pré-diabetes. Esses números foram confirmados por um TOTG de controle 3 meses após a alta. A conclusão deste estudo foi que 2/3 das pessoas que apresentam um infarto do miocárdio (IM) têm um

(EASD) que publicou em 2007 as Recomendações sobre diabetes, prédiabetes e doenças cardiovasculares.

Figura 1 - Tolerância à glicose em pacientes com Infarto Agudo do Miocárdio.

A relação entre alteração da glicemia, ou “disglicemia”, e doenças cardiovasculares é conhecida há muitos anos, mas ela foi bem estabelecida e confirmada por 3 estudos importantes: - GAMI - Euro Heart Survey - China Heart Survey Esses estudos e outros dados disponíveis foram a origem de novas

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Figura 2 - Euro Heart Survey Diabetes and the Heart – Resultados TOTG.

distúrbio da tolerância à glicose. Podemos imaginar que o estresse agudo devido à dor do IM poderia ser responsável por esse fato. Mas não é o caso, porque o TOTG realizado 3 meses após o evento mostrou exatamente a mesma percentagem de diabéticos e pré-diabéticos. Nossa conclusão, nesse estudo, foi de que a alteração da glicose é o sintoma de uma doença metabólica no paciente com doença cardiovascular. Mas GAMI era um estudo com um número limitado de participantes, e precisava uma confirmação por um estudo de maior porte. É por isso que desenvolvemos o estudo Euro Heart Survey Diabetes and the Heart, com 110 centros em 25 países e 4961 participantes. Os pacientes foram acompanhados durante 2 a 6 semanas entre fevereiro de 2003 e janeiro de 2004, e todos tinham doença arterial coronariana (DAC). Quando consideramos o primeiro grupo de pacientes, seja o grupo com DCV e sem diabetes (n = 1920), podemos constatar que, na

admissão no hospital, 42% tinham uma glicemia normal, 4% glicemia

de jejum alterada (Impaired Fasting Glycemia IFG), 32% IGT e 22% um diabetes declarado. Os mesmos testes realizados em uma consulta posterior, após a alta do hospital, não mostraram resultados diferentes: a glicemia foi normal em 49% dos casos, 5% apresentaram IFG, 32% IGT e 14% diabetes. Todos os testes mostraram que somente a metade dos pacientes com IM agudo tem um teste de diabetes normal. Em conclusão, os resultados observados no GAMI foram completamente confirmados pelo Euro Heart Survey.

Figura 3 - Um ano de acompanhamento em relação ao estado glicometabólico.

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Figura 4 - Estudo GAMI - Tolerância à glicose em pacientes com infarto agudo do miocárdio.

Se considerarmos os resultados totais do estudo, sobre o coorte inteiro (n = 4961), só 29% dos pacientes tinham um metabolismo glicídico normal e 71% apresentaram um grau qualquer de alteração do metabolismo da glicose, desde o diabetes declarado até a IFG. No que se refere à glicose, insiste o Dr. Lars Rykén, é mais “normal” ser “anormal” no caso de ocorrência de uma doença arterial coronariana. Voltando no estudo GAMI, os pacientes com tolerância anormal à glicose, seja 67% dos pacientes, foram acompanhados durante 4 anos, e foi observado que a sobrevida sem eventos cardíacos é inferior de 30% em pacientes com tolerância anormal à glicose. No Euro Heart Survey, o acompanhamento durante 400 dias mostrou uma diminuição significativa da chance de sobrevida em pacientes com diabetes declarado ou re-

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centemente diagnosticado. Esses dois estudos demonstraram a importância de detectar o diabetes em pacientes com doença cardiovascular. Agora, a recomendação é que devemos dar uma atenção especial ao risco de diabetes em todos os pa-

cientes cardiovasculares, porque ele é responsável por um risco maior de complicações cardiovasculares (recomendação classe I, evidência nível B). O melhor teste para avaliar os estágios precoces da hiperglicemia e de diabetes de tipo 2 assintomático é o TOTG, com dosagem da glicemia de jejum e 2 horas pós-carga (Classe I, nível B). Em conclusão, GAMI e Euro Heart Survey demonstraram que a alteração da glicemia é comum em paciente com DCV. A alteração da glicemia é associada à piora da evolução em paciente com DCV. A rotina do TOTG é recomendada em pacientes admitidos em hospital por DCV. As recomendações da EASD e da European Society of Cardiology encorajam o controle e o manejo das “disglicemias” em pacientes com DCV. Precisamos por isso, de uma colaboração mais estreita entre cardiologistas e endocrinologistas.

Figura 5 - Algoritmo de investigação para pacientes com DAC e DM.


Profa. Dra. Pan Chang-Yu

Interromper precocemente a progressão da doença Chefe do Departamento de Endocrinologia, General Hospital of the People´s

Liberation Army, Beijing, China. A Dra Pan Chang-Yu coordenou vários estudos sobre a prevalência, o tratamento e a prevenção do diabetes na China, como o DiabCare China em 2003 e o

A propagação das doenças cardíacas e diabéticas na Ásia segue exatamente o mesmo caminho epidêmico observado na Europa e nas Américas.

China Heart Survey.

A alteração da glicemia é associada a risco aumentado de mortalidade. Segundo o estudo DECODA (Diabetes Epidemiology: Collaboration Analysis of Diagnostic criteria in Asia), no qual participaram 6817 pacientes, existe uma relação clara entre glicemia de jejum e mortalidade por todas as causas, ainda mais evidente se consideramos os resultados do TOTG (Figura 1). O fator de risco principal é a hiperglicemia pós-prandial (Figura 1 e 2). Temos muitos dados mostrando a associação da hiperglicemia pósprandial e mortalidade cardiovascular, publicados desde os anos 1980. O objetivo do estudo China Heart Survey foi determinar o estado glicometabólico de pacientes com doença cardiovascular e investigar se os resultados do Euro Heart Sur-

vey se aplicam à população asiática. Os critérios de inclusão foram pacientes hospitalizados com doença arterial coronariana (angina pectoris estável, antecedente de IM, síndrome coronariana aguda). Foram excluídos pacientes com diabetes tipo 1 e pacientes sem diabetes

tipo 2 declarado foram testados por glicemia de jejum e TOTG. O China Heart Survey incluiu 52 hospitais em 7 cidades chineses, 3687 pacientes foram rastreados e 3513 participaram. Os resultados no grupo de pacientes sem diagnóstico inicial de

Figura 1 - A hiperglicemia pós-prandial é associada a risco aumentado de mortalidade. DECODA (n = 6.817).

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Figura 2 - Disglicemia é comum e insuficientemente diagnosticada em pacientes com DAC.

“Nós moramos no mesmo vilarejo, os estudos sobre diabetes e coração mostram que Europeus e Chineses têm os mesmos problemas. Devemos também enfatizar a importância do TOTG”. Dr. Pierre Lefebvre diabetes mostraram que a alteração da glicemia é comum e não diagnosticada em pacientes com DAC. Se considerarmos o total dos participantes, 75% dos pacientes tinham uma alteração do metabolismo da glicose, com a repartição seguinte: 33% de pacientes com diabetes já conhecido, 20% com diabetes diagnosticado na admissão ao hospital, 17% com pré-diabetes. No final, somente 23% apresentaram uma glicemia normal (Fig). O TOTG confirmou o diagnóstico de diabetes e de pré-diabetes. O estudo confirma que 81% dos diabéticos e 87% dos pré-diabéticos não teriam sido diagnosticados se o

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único teste realizado for o da glicemia de jejum. Em conclusão, os resultados do China Heart Survey confirmam os resultados do Euro Heart Survey, e, insiste a Dra. Pan Chang-Yu, “o TOTG deve ser usado sistematicamente em todos os pacientes com risco elevado de hiperglicemia pósprandial”. O China Heart Survey mostrou que o diabetes tipo 2 (53%) e prédiabetes (24%) são comuns em pacientes chineses portadores de DAC; que a alteração da glicemia é freqüentemente não diagnosticada (44%); que mais de 80% dos pacientes com alteração da glicemia não estariam diagnosticados com o simples teste da FGP; que o TOTG é importante para o diagnóstico da alteração da glicemia em pacientes com DAC.

Figura 3 - Comparação do estado glicometabólico determinado por TOTG (valores de TOTG 0 min e 2h) e FPG (valor de TOTG 0 min).


Prof. Dr. Jean-Louis Chiasson

Tratar a hiperglicemia e reduzir as complicações vasculares Professor de Medicina, Universidade de Montréal, Canadá, Chefe do grupo de pesquisa sobre diabetes e a regulação metabólica do Centro Hospitalar da Universidade de Montreal, diretor do estudo STOP-NIDDM.

Acarbose retarda a absorção de carboidratos pelo intestino. Normalmente os carboidratos são absorvidos nos 20 primeiros centímetros do intestino, mas, com o uso do acarbose, a absorção é diminuída e ocorre em todo o intestino o que diminui significativamente o pico de hiperglicemia pós-prandial (Figura 1). Acarbose é muito eficaz no tratamento do diabetes tipo 2, como comprovado pela metánalise de 30 estudos controlados (n = 2838) por placebo, com diminuição média de 0,8% da HbA1c, de 1,1 mmol/l da glicemia de jejum e de 2,3 mmol/l da glicemia pós-prandial (Figura 2). Outro estudo publicado em 2006 com 205 participantes mostrou que acarbose reduz HbA1c de 0,63% em pacientes diabéticos inadequadamente controlados por dieta e/ou metformina (Figura 3).

O inimigo inicial é o pico hiperglicêmico pósprandial. O mecanismo de ação da acarbose permite reduzir precoce e simplesmente esse pico e suas consequências metabólicas e cardiovasculares. Acarbose é eficiente também em pré-diabéticos como comprovado pela Dra Chang-Yu na China, com redução significativa da hiperglicemia pós-prandial em pré-diabéticos (Figura 4). O estudo STOP-NIDDM foi o estudo mais importante para comprovar o efeito do acarbose. Este estudo randomizado, controlado por

placebo, multicêntrico, recrutou 1429 pacientes com pré-diabetes, que receberam acarbose ou placebo durante 3,3 anos. O primeiro objetivo foi determinar se acarbose pode prevenir ou adiar o desenvolvimento do diabetes tipo 2 em pacientes com prédiabetes. O objetivo secundário foi determinar se o tratamento com

Figura 1 - Acarbose reduz diretamente a hiperglicemia pós-prandial.

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Figura 2 - Acarbose melhora o controle glicêmico em pacientes diabéticos tipo 2 tratados somente por dieta.

acarbose reduz o risco de hipertensão arterial ou de DCV. Os resultados mostraram que acarbose reduz significativamente a ocorrência de diabetes com diminuição de 36% do número de casos em comparação com o placebo. Acarbose também reduz significativamente o número de novos casos de hipertensão arterial em pacientes com IGT, com diminuição de 34% em comparação com placebo. Enfim, acarbose diminui a incidência de eventos cardiovasculares em 49%. Uma recente metánalise do Dr. Hanefeld (Alemanha) sobre 2280 participantes, mostrou que acarbose diminui de 35% o número de eventos cardiovasculares e de 44% o número de infartos do miocárdio. Em conclusão, acarbose reduz diretamente a hiperglicemia pósprandial; é eficaz para melhorar o

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controle glicêmico em pacientes com diabetes tipo 2; é eficaz para tratar o pré-diabetes e diminuir o risco de desenvolvimento do diabetes. Acarbose é o único medicamento antidiabético por via oral aprovado para o tratamento do pré-diabetes (em 25 paises) e, enfim, o tratamento com acarbose é associado à redução do risco de eventos cardiovasculares em pacientes com pré-diabetes e diabetes tipo 2.

“Este estudo sobre acarbose é muito importante porque temos um mecanismo de ação bem definido, que é a diminuição da absorção da glicose no intestino e, conseqüentemente, uma redução significativa do diabetes e dos eventos cardiovasculares. É uma importante prova em um estudo de conceito”. Dr. Pierre Lefèbvre

Figura 2 - Acarbose reduz a hiperglicemia pós-prandial no pré-diabetes.


Prof. Dr. Rury Holman

Os objetivos do estudo ACE A acarbose pode reduzir a morbidade e a mortalidade cardiovascular, além de prevenir o diabetes tipo 2. O racional do estudo ACE é que estudos na Europa e na Ásia confirmaram a estreita associação entre alteração da glicemia e doenças cardiovasculares. São “maus companheiros”. As recomendações das Sociedades de Cardiologia e de Diabetes enfatizam hoje o manejo integrado da “disglicemia” e da DCV. Precisamos, na medida do possível, de medicamentos que possam melhorar o metabolismo glicídico e prevenir as DCV. A importância da intervenção precoce no diabetes é hoje bem aceita. O interesse pelos efeitos cardiovasculares dos medicamentos antidiabéticos orais está crescendo, porque a maioria das pessoas com diabetes apresentam ou vão apresentar uma doença cardiovascular. Temos uma evidência muito forte com o estudo STOP-NIDDM de Jean-Louis Chiasson, que, trabalhando com um objetivo muito específico como a hiperglicemia pós-prandial, podemos reduzir os eventos cardiovasculares. Foi comprovado que a acarbose diminui o risco de primeiro evento cardiovascular em pessoas com pré-diabetes. Qual efeito teria o mesmo tratamento sobre o risco de novas ocorrências de eventos cardiovasculares em pessoas com pré-diabetes? É o que vamos pesquisar com o estudo ACE, que é um estudo de colaboração entre a China e a Europa, e também entre a Universidade e a indústria farmacêutica. 10

Este estudo vai ser realizado na China e em Hong-kong, onde os médicos já têm a experiência da prescrição e da administração do acarbose. ACE será dirigido pela Dra. Pan Chang-Yu et pelo Dr. Rury Holman, e será coordenado pelo Diabetes Trials Unit da Universidade de Oxford, com patrocínio de Bayer Schering Pharma. ACE é um estudo duplo-cego, randomizado, com 7500 pacientes com DCV e IGT, de 150 centros, comparanda acarbose e placebo, durante 4 anos, após 18 meses de recrutamento. O primeiro objetivo é de determinar se em pacientes com DCV estabelecida e pré-diabetes, a acarbose pode reduzir a morbi-mortalidade cardiovascular (prevenção cardiovascular secundária). O segundo objetivo é de determinar se acarbose pode prevenir ou adiar a progressão para o diabetes tipo 2 (prevenção primária do diabetes). Os critérios de inclusão são: homens ou mulheres com idade > 50 anos; DCV confirmada (histórico de IM, angina instável anterior, angina estável atual), IGT confirmado com 2h-PG 7,8-11,0 mmol/l e FPG < 7,8 mmol/l. Os critérios de exclusão são: histórico de diabetes (salvo diabetes gestacional); IM, angina instável ou AVC nos 3 últimos meses; revascularização coronariana, cerebrovascular ou periférica planejada; insuficiência cardíaca classe III ou IV;

Professor de Medicina Diabética na Universidade de Oxford, UK, Diretor do Oxford Centre for Diabetes, Endocrinology and Metabolism, Diretor do Diabetes Trials Unit. Coordena os estudos NAVIGATOR (em curso), DREAM e foi o principal investigador do UK Prospective Diabetes Study (UKPDS).

evidência de doença hepática; insuficiência renal grave e outros critérios habituais de exclusão. O tratamento de DCV deverá ser otimizado no período de preparação, antes da randomização dos grupos, em conformidade com as recomendações internacionais e os pacientes receberão o tratamento na forma de comprimidos de 50 mg 3 vezes/dia, tomados nas refeições. O endpoint primário é definido como o primeiro evento seguinte após randomização: morte cardiovascular, parada cardiovascular com ressuscitação, IM não-fatal, AVC fatal ou não-fatal. “São eventos fortes”, explica o Dr. Rury Holman, “mas o adiamento ou a ausência desses eventos serão evidências também fortes da eficácia do tratamento.” O endpoint secundário é definido como: ocorrência de diabetes tipo 2 confirmado por 2 diagnósticos plasmáticos (FPG ≥ 7,0 mmol/l e/ ou 2h-PG ≥ 11,1 mmol/l); mortalidade todas causas; endpoint composite de morte CV (incluindo morte súbita), parada CV ressuscitada, IM não fatal, AVC fatal ou não fatal, hospitalização para insuficiência cardíaca ou angina instável. Os resultados são esperados para 2013. MH Report • janeiro de 2008


GLUCOBAY® acarbose Composição: Glucobay® 50 - Contém 50 mg de acarbose por comprimido. Glucobay® 100 - Contém 100 mg de acarbose por comprimido. Indicação: Terapia adjuvante da dieta em pacientes com diabetes melito. Prevenção de diabetes tipo 2 em pacientes com intolerância à glicose (definido como níveis glicêmicos 2 horas pós-carga (2HPG) entre 7,8 e 11,1 mmol/l (140–200 mg/dl) e níveis glicêmicos em jejum entre 5,6 e 7,0 mmol/l (100-125 mg/dl)) confirmada, em combinação com dieta e exercício físico. Contra-indicações: Hipersensibilidade conhecida à acarbose e/ou a algum outro componente da fórmula. Uma vez que as informações sobre seus efeitos e tolerabilidade em crianças e adolescentes ainda são insuficientes, Glucobay® não deve ser utilizado por pacientes com menos de 18 anos de idade. Doenças intestinais crônicas associadas a distúrbios bem definidos de digestão e absorção. Quadros resultantes do aumento da formação de gases no intestino passíveis de deterioração (por exemplo, Síndrome de Roemheld, hérnias, obstruções intestinais e úlceras intestinais). Glucobay® não deve ser usado por pacientes com insuficiência renal grave (depuração de creatinina < 25 ml/min). Gravidez e lactação: Glucobay® não deve ser administrado durante a gestação, uma vez que não há dados disponíveis sobre seu uso em mulheres grávidas. Após a administração de acarbose marcada radioativamente a ratas lactantes, constatou-se um pouco de radioatividade no leite. Até o momento não foram determinados resultados correspondentes em seres humanos. Todavia, como não foram excluídos potenciais efeitos em bebês induzidos pela secreção de acarbose no leite, recomenda-se por princípio não prescrever Glucobay® durante o período de amamentação. Advertências e precauções: Podem ocorrer elevações assintomáticas das enzimas hepáticas em casos isolados. Portanto, deve-se considerar o monitoramento das enzimas hepáticas durante os primeiros 6 a 12 meses de tratamento. Nos casos avaliados, essas alterações foram reversíveis com a descontinuação do tratamento com Glucobay®. Sem dúvida, a obediência rigorosa à dieta para diabéticos é fundamental durante o tratamento com Glucobay®. A administração regular de Glucobay® não deve ser interrompida sem orientação médica, pois pode acarretar aumento da glicose sangüínea. Glucobay® não causa hipoglicemia em pacientes submetidos apenas a dieta para diabéticos. Caso ocorra hipoglicemia no tratamento com Glucobay® como resultado de menor necessidade de insulina ou em pacientes em tratamento com sulfoniluréia ou metformina, o paciente deve ingerir glicose e não sacarose (açúcar de cana). O tratamento com Glucobay® deve ser anotado no cartão de identificação do diabético. Interações medicamentosas: Durante o tratamento com Glucobay® a ingestão de sacarose (açúcar de cana) e alimentos contendo sacarose pode causar desconforto abdominal ou mesmo diarréia, conseqüência de um aumento da fermentação de carboidratos no cólon. Glucobay® apresenta um efeito anti-hiperglicemiante, mas não induz hipoglicemia por si só. Quando Glucobay® for administrado simultaneamente com medicamentos contendo sulfoniluréias ou metformina, ou em associação com insulina, pode haver queda dos valores da glicose sangüínea para níveis hipoglicêmicos, demandando uma diminuição adequada das doses de sulfoniluréia, metformina ou insulina. Em casos individuais pode ocorrer choque hipoglicêmico. Na ocorrência de hipoglicemia aguda, deve-se ter em mente que durante o tratamento com Glucobay® a sacarose (açúcar de cana) é metabolizada mais lentamente em frutose e glicose. Por essa razão, a sacarose não é adequada ao alívio rápido da hipoglicemia, devendo-se optar pela glicose. Glucobay® pode alterar a biodisponibilidade da digoxina o que requer o ajuste de dose da digoxina. Deve-se evitar a administração simultânea de colestiramina, adsorventes intestinais e produtos contendo enzimas digestivas, uma vez que podem influir sobre a atividade da acarbose. Não se observaram interações com a dimeticona/simeticona. Reações adversas: Muito comumente flatulência, com relativa freqüência diarréia e dor abdominal e raramente náuseas. Se a dieta para diabéticos prescrita não for seguida as reações adversas intestinais podem intensificar-se. Se apesar da obediência à dieta os sintomas graves persistirem, o médico responsável deverá ser consultado e a dose deverá ser temporária ou permanentemente reduzida. Podem ocorrer muito raramente subíleo/íleo e reações cutâneas de hipersensibilidade, por exemplo erupção cutânea, eritema, exantema e urticária. Em raras ocasiões observaram-se edemas. Há relatos de casos muito raros de icterícia e/ou hepatite associada a dano hepático. No Japão houve relatos individuais de hepatite fulminante, com evolução fatal. Não se determinou uma relação entre esses casos e a acarbose. Nos pacientes tratados com as doses recomendadas de 150 a 300 mg de acarbose/dia, raramente se observaram alterações clinicamente relevantes dos testes da função hepática (três vezes acima do limite superior da faixa normal). Valores anormais durante o tratamento com acarbose podem ser transitórios (vide o item Advertências e Precauções). Posologia: O médico deve ajustar a dose ao paciente uma vez que a eficácia e a tolerabilidade do produto variam de indivíduo para indivíduo. Terapia adicional em associação com dieta alimentar em pacientes com diabetes melito: Salvo prescrição médica contrária, recomendam-se as seguintes doses: Dose inicial 3 x 1 comprimido de 50 mg acarbose/dia ou 3 x ½ comprimido de 100 mg acarbose/dia até 3 x 2 comprimidos de 50 mg acarbose/dia ou 3 x 1 comprimido de 100 mg acarbose/dia. Ocasionalmente poderá ser necessário aumentar a dose para 3 x 200 mg de acarbose/dia. A dose poderá ser aumentada após 4 a 8 semanas de tratamento e se o paciente não apresentar resposta clínica adequada. Se ocorrerem reações desagradáveis a despeito da obediência rigorosa à dieta, a dose não deverá ser aumentada e se necessário, deverá ser reduzida. A dose média é de 300 mg de acarbose/dia (correspondendo a 3 x 2 comprimidos de Glucobay® 50 mg/dia, ou 3 x 1 comprimido de Glucobay® 100 mg/dia). Posologia e método de administração para a Prevenção de Diabetes Tipo 2 em pacientes com Tolerância à Glicose Diminuída (TGD): A dose recomendada é a seguinte: Dose inicial 1 x 1 comprimido de 50 mg acarbose/dia ou 1 x ½ comprimido de 100 mg acarbose/dia. Aumento para 3 x 2 comprimidos de 50 mg acarbose/dia ou 3 x 1 comprimido de 100 mg acarbose/dia. A dose recomendada é 3 x 100 mg de acarbose/dia. O tratamento deve ser iniciado com a dose de 50 mg de acarbose/dia e aumentada progressivamente até 3 x 100 mg acarbose/dia dentro de 3 meses. Idosos (acima de 65 anos): Não se recomenda alteração da dose ou da freqüência da administração em razão da idade dos pacientes. Crianças: Vide Contra-indicações. Insuficiência hepática: Não há necessidade de ajuste de dose em pacientes com insuficiência hepática preexistente. Insuficiência renal: Vide Contra-indicações. Modo de usar e duração do tratamento: Os comprimidos de Glucobay® são eficazes somente se ingeridos inteiros, com um pouco de líquido, imediatamente antes das refeições ou mastigados com os primeiros bocados de comida. Não foi prevista nenhuma limitação de tempo para o uso de Glucobay®. Superdose: Quando os comprimidos de Glucobay® são ingeridos com bebidas e/ou alimentos que contenham carboidratos (dissacarídeos, oligossacarídeos ou polissacarídeos), a superdose pode levar a meteorismo, flatulência e diarréia. Na eventualidade de superdose de comprimidos de Glucobay® não associada à alimentação, provavelmente não ocorrerão sintomas intestinais excessivos. Nos casos de superdose os pacientes não devem tomar bebidas ou alimentos contendo carboidratos (dissacarídeos, oligossacarídeos ou polissacarídeos) durante as 4 a 6 horas seguintes. Pacientes Idosos: Não se recomendam alterações de dose ou da freqüência de administração em pacientes idosos (acima de 65 anos). Glucobay® é apresentado na forma de comprimidos, em doses de 50 mg e 100 mg, em embalagens com 30 comprimidos. MS-1.0429.0084 Produto de venda sob prescrição médica. Fabricado por Bayer S.A. Para maiores informações, consulte a bula ou a Bayer S.A., Produtos Farmacêuticos, Rua Domingos Jorge, 1.000 - São Paulo, SP. 01/11/05

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