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Entrevista Batista e Paulo - ABIP
REVISTA PANIFICAÇÃO BRASILEIRA – José Batista, você cumpriu um jornada a frente da ABIP e agora se prepara para transmitir a presidência para o Paulo Meneguelli. Que frase você definiria esse período?
José Batista: Muito trabalho, sobretudo na área do conhecimento. De fato empenhamos incessantemente: conhecimento como forma de desenvolvimento do setor.
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REVISTA PANIFICAÇÃO BRASILEIRA – Falar de um período é sempre rico em momentos marcantes para quem está à frente da ABIP. Quais foram esses momentos? com José Batista de Oliveira - Presidente da ABIP 2013 – 2020 e Paulo Meneguelli - Presidente da ABIP 2020 - 2023 Os períodos mais marcantes que posso destacar, parte da virada que fizemos na ABIP. A mudança na forma como os Congressos (Congrepan) eram feitos, foi extremamente significativo em termos de ganhos para os panificadores. Antes, os congressos eram feitos pelos sindicatos e apoiado pela ABIP. A cidade que queria sediar o congresso era eleita e tinha o apoio da ABIP. Logo quando a gente assumiu, nós resolvemos que a ABIP faria o congresso. Com a mudança, passou a ser feito diretamente, mas com o apoio local. Isso tornou os congressos mais
com José Batista de Oliveira - Presidente da ABIP 2013 – 2020 e Paulo Meneguelli - Presidente da ABIP 2020 - 2023 dinâmicos e ricos em tomadas de decisões. Foi um resultado exitoso e muito expressivo. Outro ganho que foi o conhecimento passou a ser transmitido de forma mais nivelada em todas as regiões, respeitando as características de cada uma delas. Tornou-se uma constante a apresentação das tendências mais recentes a nível nacional e internacional durante os eventos. Exemplo disso, foi a participação no último congresso melhor padeiro da França, melhor das Américas, etc. Tivemos outros ganhos, por exemplo, passou-se a divulgar exaustivamente, o que é muito importante dá o setor de panificação.
REVISTA PANIFICAÇÃO BRASILEIRA – Se fosse possível listar as três realizações que você deixa, e que servirão de estruturação para o futuro da panificação no Brasil, quais seriam?
José Batista: 1 - O primeiro que destaco, é a Universidade do PÃO ligada ao Instituto Brasileiro de Panificação e Confeitaria, entidade liga a ABIP, que demos início e estruturamos o plano de projeto. Trabalhamos muito nesse projeto que já está bem encaminhado. Temos muito entusiasmo com esse projeto, por razões da importância e por ser feito a distância. Esperamos que a próxima gestão possa realizá-lo.
2 - O Congrepan no formato mais dinâmico, que hoje podemos considerar o melhor do mundo. Estivemos em outros, como o da UIBC, e nossa certeza só aumentou. O Congrepan hoje é o maior evento da ABIP, e no gênero é o maior do mundo.
3 - Outra são os Seminários da Panificação, como realizações pelo Brasil. Tanto a quantidade, como a qualidade desses seminários são marcas dessa transmissão de conhecimentos. O sucesso dos seminários cresce em importância, graças a participação dos fornecedores e entidades. A ainda, com o fato de levarmos o Propan e profissionais (padeiros e confeiteiros) renomados. Os seminários foram realizados em diversas partes do país, com duração de 1 a 2 dias, de forma repetida durante todos os anos. Teve ano que fizemos mais de 18 seminários. Sempre com as entidades locais.
Eu gostaria de colocar outras realizações importantes, tivemos um salto na comunicação com o mercado através de nossa redes sociais de forma exponencial, hoje falamos com o mercado de panificação de forma consistente, dentro deste foco, construímos o 1º CONGREPAN on-line, esse primeiro evento foi um grande sucesso por ter sido o primeiro congresso on-line de panificação brasileira, participaram palestrantes de altíssimo nível. Outra realização importante a destacar foi a última campanha do dia mundial do pão em outubro passado, essa campanha atingiu mais de Vinte e três MILHÕES de brasileiros, através de nossas redes sociais, e-mail marketing e TV, foi um verdadeiro sucesso.
REVISTA PANIFICAÇÃO BRASILEIRA – Agora chegou a hora da continuidade da entidade maior do setor de panificação, mudar de mãos. Qual o teu sentimento?
José Batista: Bom, tenho dois sentimentos. O primeiro de dever cumprido, liderando a panificação brasileira, onde não nos furtamos da importante missão que recebi, entrando de cabeça e com alma. Meu desejo é ter deixado um legado importante para a panificação brasileira. Creio que essa linha do conhecimento que dei continuidade nos 7 anos que estive a frente da ABIP, serão continuado. Segundo, é a certeza de que uma entidade precisa oxigenar, receber novas ideias, ter sangue novo, cabeça nova. Paulo Meneguelli é uma pessoa muito alinhada com a panificação, um líder no setor. Já
de muito tempo ele trabalha no desenvolvimento no estado dele, atento as questões da gestão do município. Tenho o sentimento que estamos entregando em boas mãos. Um grande gestor estará frente da ABIP. É bem gostoso passar o cargo para que está alinhado com tudo. Destaco que o trabalho da começou lá atrás, onde a ABIP nos 20 anos vem sendo feito numa linha onde a entidade tem um importante peso para a panificação brasileira. Essa continuidade é quase como ganhar a eleição, também. A linha mestre continuará com Paulo Meneguelli. Guardadas as devidas diferenças é como na política do estado, quando tem um governo com uma linha de trabalho, entre outro com outra linha totalmente diferente..., muito se pode perde.
REVISTA PANIFICAÇÃO BRASILEIRA –Batista, que mensagem você deixa aos panificadores?
José Batista: Eu não esperava encerrar o nosso mandato em uma situação tão atípica como está que estamos atravessando. Ela é atípica nas nossas vidas pessoais e empresarial. Apesar da pandemia, sou tomado de otimismo quanto ao setor, mesmo diante de tantas dificuldades que cada padaria está enfrentando. Nós não ficamos parados totalmente, continuamos funcionando. A panificação demonstrou que é importante para a sociedade brasileira e que ocupa espaço na vida das pessoas. O otimismo vem por conta de que podemos ocupar mais espaço e mais rapidamente. Outros negócios vão demorar mais a se reorganizarem. O setor de panificação é muito importante e presente em todas as cidades do país e está à frente por não ter parado de funcionar. Chamo a atenção para estarmos atentos para esse detalhe: os restaurantes, cafeterias, lanchonetes... vão demorar a entrarem no estágio “normal”, nós estamos à frente no contato com os consumidores. É cuidar muito bem dessa diferença e trabalhar com segurança e qualidade. O setor pode e vai sair fortalecido – é uma oportunidade. O pão tomou mais visibilidade, a padaria está funcionando e vai evoluir. Aproveito a oportunidade para agradecer aos fornecedores, eles foram muito importantes todos esses anos. Em cada evento e realização da ABIP, pudemos contar com a participação deles. Outro agradecimento a todas as mídias: revistas, rádios e Tvs que apoiaram a entidade. Com muito apreço e carinho, destaco a Revista Panificação brasileira que nos apoiou e abraçou as ações e bandeiras da ABIP, durante todos esses anos. Por fim, estaremos ainda apoiando a transição na ABIP e sempre junto a panificação brasileira. Agradeço a todos os diretores das entidades, e principalmente, aos panificadores do Brasil.
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REVISTA PANIFICAÇÃO BRASILEIRA – Paulo, você é experimentado no setor associativo. Conte um pouco da tua história como panificador e como líder setorial. ?
Paulo Menegueli: Amigo, comecei muito cedo aos 12 nos ajudava um amigo nas feiras da Glória e Laranjeiras no RJ , quando chegava em casa via o sacrifício do espanhol Manuel Garcia Ferrin meu primeiro mestre construindo com muita dificuldade uma futura padaria onde ainda nem luz elétrica existia, como garoto levado brincava de pique e junto com os amigos destruía as paredes de tijolos refratários que ia formando o forno “João de Barro”. Ele me procurou pediu que eu tomasse contas dos meninos e prometeu pagar todo sábado um guaraná champanhe da Antárctica que era só pros meninos ricos. Pronto nunca mais quebramos nada, quando chegava da feira eu o ajudava pra ouvir a fala enrolada do espanhol, nos tornamos amigos quando fez as instalações deixou um espaço mais baixo no balcão e quando inaugurou avisou ao meu avô que aquele espaço era pra minha altura. Com 16 anos era o gerente da padaria, aos 22 anos casei aí Ele financiou minha primeira padaria em
condições que dá um livro. Com força da juventude e amizade dos grupos jovens da igreja, montei um clube Sport Pam onde tínhamos um espaço para esportes shows com renomados artistas, montei uma filial ganhei muito dinheiro no Pilar segundo distrito de Duque de Caxias. Em 1984 depois de vários assaltos fui pra Vitória comprei uma padaria próximo ao quartel da PM de medo. Procurei logo o sindicato porque no RJ desde 18 já frequentava. Lá no sindicato do Espirito Santo, conheci o segundo mestre Hélcio Rezende que virou meu Guru. Em 1996 fui eleito presidente do Sindipães fazendo o primeiro planejamento estratégico daí saiu a Centralpan, a Panshow, o Centro de qualificação especializado, a primeira Unidade Móvel dentro de um Ônibus e o Condepan, foi criado os polos regionais onde oportunizamos conhecimento em todo estado. Assumi vários cargos na Federação, nos municípios e Estado, mas nunca me afastei no setor nem deixei de possuir minha padaria que é minha vocação maior. Agora assumirei a ABIP com muita honra e responsabilidade trazendo presente todos os momentos importantes e amizades construídas nesses 42 anos exercendo a panificação prometendo muito trabalho e dedicação.
NOVO PRESIDENTE DA ABIP
REVISTA PANIFICAÇÃO BRASILEIRA – A direção da ABIP e equipe de marketing fizeram importantes ações para ajudar as padarias de todo o país no enfrentado do isolamento, flexibilização e preparação para o “novo normal”. Como você vê essas ações e como pretende conduzi-las no seu mandato?
Paulo Menegueli: Foi muito oportuno a diretoria da ABIP ter construído tanto material importante para orientação do panificador neste início da PANDEMIA. Entramos nessa guerra sem saber exatamente qual arma usar, identificamos e construímos material e informações para o panificador que foram postados no site da ABIP e chamada nas redes sociais. Esse material gerou um dos mais altos fluxos no site da ABIP e nas redes sociais, ou seja a diretoria da ABIP acertou na produção deste material. Por muito tempo as tendências nos mostraram um caminho onde a diversificação de produtos e principalmente de serviços como a melhor direção e foi por muito tempo algumas lojas chegaram a ter elevado faturamento. Nesse novo momento, precisamos nos reinventar com normas mais rígidas de higiene revisar linha de produção retirando produtos com pouca participação no faturamento implantando novas formas de abordagem e fidelização, junto com um bom planejamento buscaremos novos modelos de negócios visando aumento do consumo de pão. E já sabemos, já identificamos uma série de tendências para nosso setor e esse será discutido com profundida e estratégia e mostrado ao nosso segmento, pois o que estão chamando de “novo normal”, precisará construir novas posturas, novas formas de vender e relacionar com os clientes, entre outras diversas tendências. Tudo isso será levado em consideração na construção do planejamento estratégico.
REVISTA PANIFICAÇÃO BRASILEIRA – As padarias estão tendo perdas importantes no faturamento, principalmente, na área de refeições e lanches. Como você fez na sua padaria e como a ABIP, vai poder ajudar as padarias? Paulo Menegueli: No primeiro momento ficamos todos perdidos, mas nosso setor é uma grande família e a troca de experiências foi fundamental para amenizar os prejuízos, Acredito que esse momento difícil de pandemia irá passar, nós brasileiros somos únicos no planeta, empreendedores natos verdadeiros camaleões, novas pesquisas com outros centros, produtos com mais tempo de prateleira incluído o congelamento na produção, implantação do delivery e inserção do pão em novos mercados com criativas formas de apresentação. Nosso programa prevê um Conselho de Desenvolvimento da Panificação, envolvendo os stakeholders com objetivo de buscar a sustentabilidade da panificação brasileira e um salto em termos de qualidade e resultado financeiro, que com certeza é do interesse de todos que vivem e lucram com o setor
REVISTA PANIFICAÇÃO BRASILEIRA – Entendemos que esse é um momento muito importante para o “pão da padaria”. A ABIP pode tomar esse rumo de trazer o bom pão e suas variedades para as padarias de todo o Brasil?
Paulo Menegueli: A busca e inovação por novos produtos e processos, aprimoramento aos já existentes. Ouvir as novas gerações que procuram praticidade, pesquisas, Eventos esportivos entre outas ideias que surgirão com esse grupo que compõe o Conselho de Desenvolvimento da Panificação. Neste conselho teremos diretores da ABIP, profissionais e representantes de grandes empresas fornecedoras. Precisamos convergir interesses e principalmente conhecimento e informação que ajude o setor de panificação a dar um expressivo salto em tecnologia, qualidade, produtividade e lucratividade. Essa convergência de interesses acredito, trará uma relação importantíssimo entre aqueles que querem contribuir com a melhoria da qualidade do pão no brasil, o aumento do consumo do pão e a produtividade da padarias em um patamar superior A padaria é muito mais que um ponto de vendas de produtos, é um lugar de Alegria, de prazer, de reunir e encontrar amigos, de fazer negócios, de a Vida, isso devemos explorar também, pois faz parte da identidade de nosso negócio.