REVISTA PORTUGAL OUTUBRO 112

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Ciência e atualidade do setor dentário - ano XV O SONO EM MEDICINA ORAL

Tema de capa

PONTO DE VISTA

Formação em Medicina Dentária Ao abrigo deste oportuno tema de capa, publicamos uma entrevista com o médico dentista Francisco Teixeira Barbosa, divulgamos as opiniões dos líderes de diferentes sociedades científicas e associações do setor e revelamos as prioridades do novo presidente do Centro de Formação Contínua da OMD, António Roma Torres.

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A MAXILLARIS estreia nesta edição uma secção dedicada aos contornos do sono em Medicina Oral, da autoria do renomado especialista Miguel Meira e Cruz.

Tiago Fonseca, médico estomatologista, aborda o tema “Covid-19 e saúde oral”.



Outubro 2020 no 112 P

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destaques

Ciência e atualidade do setor dentário - ano XV

CRÓNICA

TEMA DE CAPA

Formação em Medicina Dentária

OMD reclama reserva de equipamentos para acautelar segunda vaga da pandemia. O SONO EM MEDICINA DENTÁRIA

A MAXILLARIS estreia nesta edição uma secção dedicada aos contornos do sono em Medicina Oral, da autoria do renomado especialista Miguel Meira e Cruz. PONTO DE VISTA

Tiago Fonseca, médico estomatologista: “Covid-19 e saúde oral”.

Ao abrigo deste oportuno tema de capa, publicamos uma entrevista com o médico dentista Francisco Teixeira Barbosa (na foto à esquerda), que desenvolve, em Barcelona, um intenso trabalho no domínio da formação e da comunicação online, divulgamos as opiniões dos líderes de diferentes sociedades científicas e associações do setor, e revelamos as prioridades do novo presidente do Centro de Formação Contínua da OMD, António Roma Torres (à direita).

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❏ Ponto de vista 34 Tiago Fonseca, médico estomatologista: “COVID-19 e saúde oral”.

sumário

❏ Ciência e prática 36 Irineu Gregnanin Pedron: “Reparação óssea por meio do uso de membrana de polipropileno após exérese cística”.

❏ Crónica 12 Reserva de equipamentos é estratégica para acautelar segunda vaga da pandemia. 14 Mundo A Sorrir apoia reabertura do setor de saúde oral na Guiné-Bissau. 16 Federação Europeia de Periodontologia lança campanha global “Perio & Cardio”.

❏ O sono em Medicina Oral

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A MAXILLARIS estreia nesta edição uma secção dedicada aos contornos do sono em Medicina Oral, da autoria do renomado especialista Miguel Meira e Cruz.

❏ Quiz de Medicina Oral 51 Demonstre os seus conhecimentos no teste elaborado para a MAXILLARIS por Germán Esparza Gómez.

❏ Tema de capa (Formaç ão) 20 Falamos com Francisco Teixeira Barbosa, médico dentista especializado em formação e comunicação: “Estamos a viver uma democratização da formação online”. 26 Inquérito: o que pensam os líderes de diferentes sociedades científicas e associações do setor que organizam cursos e sessões formativas. 32 Ponto de vista de António Roma Torres, presidente do Centro de Formação Contínua da Ordem dos Médicos Dentistas (OMD).

❏ Calendário 54 Agenda de cursos para os profissionais e calendário de congressos, simpósios, jornadas, encontros e exposições industriais. ❏ Novidades 58 Produtos e equipamentos. ❏ Indústria 60 Notícias do foro empresarial.

A Maxillaris é uma marca registada a nível europeu pelo Departamento de Harmonização do Mercado Interior Europeu de Marcas e Desenhos com o Nº 003098449. Proprietário: Grupo Asís Biomedia. Coordenador Edição Portuguesa: João Drago. portugal@maxillaris.com Publicidade: Maria João Miranda. comercialportugal@maxillaris.com Colaboradores: Gilberto Ferreira. João dos Santos. Maria Inês de Matos. Nuria Mauleón. Valéria Baptista Ferreira.

Edição online: www.maxillaris.com.pt Depósito Legal: M-44.552-2005. Assinatura anual: Portugal 35 €, resto 80 €.

Comissão Científica: Jaime Guimarães (diretor científico). Ana Cristina Mano Azul. Francisco Brandão de Brito. Francisco Teixeira Barbosa. Gil Alcoforado. Isabel Poiares Baptista. José Bilhoto. José Pedro Figueiredo. Paulo Ribeiro de Melo. Rui Figueiredo. Susana Noronha. Consultor para a América Latina: Pérsio Mariani.

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Editorial A formação continuada e/ou pós-graduada em Medicina Dentária, quer ao nível convencional (leia-se, presencial) quer no contexto das plataformas online, tem vindo a registar um grande desenvolvimento, que se acentuou este ano com o particular protagonismo que assumiu o ensino à distância, devido à pandemia de Covid-19. A atípica conjuntura que se instalou em Portugal (e no mundo) com o flagelo do novo coronavírus veio, efetivamente, impor novas ferramentas e canais alternativos, ou pelo menos complementares, no seio das diversas áreas e especialidades afetas à saúde oral no seu conjunto. Os tradicionais congressos presenciais das diversas sociedades científicas e associações do setor, que até aqui representavam uma das principais fontes de formação continuada (à margem do ensino superior/universitário), foram na sua maioria adiados para 2021, na expectativa de que a conjuntura possa ser, a médio prazo, mais favorável às “velhas cimeiras”, isto é, às conferências e palestras protagonizadas por oradores de renome, nacional e internacional, em auditórios com largas dezenas – em alguns casos, centenas – de congressistas, ainda que, daqui para a frente, com o inevitável distanciamento social que as regras da Direção-Geral da Saúde (DGS) ditam, e continuarão a ditar, enquanto o quotidiano global permanecer sob a égide da potencial-viral contaminação. Tudo aponta, porém, para que a nova realidade (vídeo) formativa veio para ficar, ou seja, o cenário pós-pandemia neste particular contexto irá centrar-se cada vez mais em fórmulas do foro virtual, tal como tudo indica que termos como webinário, streaming ou videoconferência vão fazer parte do vocabulário comum dos profissionais da classe dos médicos dentistas, assim como de muitas outras áreas de atividade. Os contornos e as renovadas equações no plano formativo em Medicina Dentária são, portanto, um bom motivo de destaque nesta edição da MAXILLARIS, numa altura em que o futuro próximo continua em suspenso, e em que o conceito de confinamento começa de novo a pairar no ar que se respira nos corredores dos gabinetes governamentais, ainda que com as devidas cautelas e reticências vinculadas à necessidade de se assegurar o (melhor possível) normal funcionamento da economia nacional, peninsular, europeia e global. Ao abrigo deste oportuno tema de capa, cuja leitura atenta recomendamos aos nossos leitores, publicamos uma entrevista com o médico dentista Francisco Teixeira Barbosa, residente em Barcelona, que desenvolve um intenso trabalho no domínio da formação e da comunicação, especialmente no contexto online, e divulgamos as opiniões dos líderes de diferentes sociedades científicas e associações que organizam cursos e sessões formativas nas mais diversas áreas e especialidades. Revelamos ainda as prioridades da nova equipa que compõe o Centro de Formação Contínua da Ordem dos Médicos Dentistas (OMD), liderada pelo médico dentista António Roma Torres.

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Os caminhos da formação



Coordenador Edição Espanhola: Julián Delgado. julian.delgado@maxillaris.com

índice

Diretora Comercial: Verónica Chichón. publicidad@maxillaris.com Redatores: María Santos e Diego Ibáñez. redaccion@maxillaris.com

BTI . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 5

Serviços Administrativos: administracion@maxillaris.com REDAÇÃO ESPANHA: Plaza de Antonio Beltrán Martínez, 1, 50002 Zaragoza Tel.;976 46 14 80

Dental Ópera . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 25

Edição online espanhola: www.maxillaris.com

Eckermann . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 64

Comissão Editorial: Nacho Rodríguez Ruiz. Miguel Roig Cayón. Raúl Ferrando Cascales. Beatriz Giménez González. Rafael Flores Ruiz. Daniel Rodrigo Gómez. Fernando Durán-Sindreu.

EMS . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 63

Comissão Científica (edição espanhola): Javier García Fernández (diretor científico). Armando Badet de Mena. Baoluo Gao. Blas Noguerol Rodríguez. Carlos Fernández Villares. Emilio Serena Rincón. Esther Nevado Rodríguez. Francisco Teixeira Barbosa. Germán Esparza Gómez. Héctor Tafalla Pastor. Jaime Jiménez García. Jaume Janer Suñé. José Manuel Navarro Martínez. Juan López Palafox. Luis Calatrava Larragán. Manuel Cueto Suárez. Manuel V. de la Torre Fajardo. Marcela Bisheimer Chemez. María Rosa Mourelle Martínez. Rafael Martín-Granizo López. Rui Figueiredo.

Fotoreira . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 13

Ledosa . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 17

Orisline . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 2

Roland . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 7

Systhex . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 15

Voco . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 18 e 19

Zhermack . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 9

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crónica Consultas caíram em 71% das clínicas e consultórios de Medicina Dentária Um inquérito realizado pela Ordem dos Médicos Dentistas (OMD), em agosto, mostra que em 71% das clínicas e consultórios a faturação caiu quando comparada com os meses de maio e junho do ano passado, sendo que quase 20% dos inquiridos reportam uma quebra superior a 40%, e 35% registaram uma descida entre 21 a 40%. Participaram no inquérito 4.136 médicos dentistas, de um total de 10.653 membros com inscrição ativa na OMD. O inquérito pretendeu fazer um primeiro balanço do impacto que a Covid-19 está a ter nos consultórios e clínicas de Medicina Dentária após a reabertura da atividade. Por imposição do Governo, os médicos dentistas estiveram parados entre meados de março e 4 de maio, atendendo apenas situações urgentes ou inadiáveis.

tos no intervalo entre consultas, 30% até 15 minutos e 15 % mencionam um intervalo superior a 30 minutos. Medidas adequadas De salientar que 99,5% dos médicos dentistas não se contaminou em ambiente clínico, o que demonstra que as medidas aplicadas são adequadas e que os médicos dentistas sabem o que estão a fazer no que concerne à infeção cruzada. Entre os médicos dentistas, 40% considera que os doentes não têm receio de contágio nas consultas, 30% admite que existe algum medo e 25% diz que talvez. Há 48% de inquiridos que relatam menor disponibilidade financeira dos doentes para prosseguir tratamentos planeados.

Entre os que responderam ao inquérito, perto de 68% refere que o número de consultas diminuiu após a reabertura. Para 46% dos que participaram no inquérito, o número de consultas diárias baixou entre uma a cinco, para 35% houve uma redução de seis a 10 e para quase 14% houve uma quebra superior a 10 consultas diárias.

Questionados sobre a sua situação salarial e apoios sociais durante o periodo em que as clínicas e consultórios estiveram com a atividade limitada, 46% dos médicos dentistas dizem que não auferiram de qualquer rendimento ou apoio social. Há 8% que recebeu até 250 euros, perto de 18% que conseguiu até 499 euros e outros tantos que obtiveram até 999 euros.

Para a reabertura das clínicas e consultórios de Medicina Dentária foram adoptadas uma série de medidas de prevenção de contágio da Covid-19 que obrigam, entre outras, à desinfeção dos gabinetes entre consultas. 45% dos médicos dentistas reportam um aumento entre 15 a 30 minu-

Quase 80% dos inquiridos aderiu ao regime de lay-off simplificado para os funcionários e 26% beneficiou do programa “Adaptar” para microempresas ou PME.

Quase metade dos inquiridos reportam um aumento entre 15 a 30 minutos no intervalo entre consultas.

Entre as medidas adoptadas pelos médicos dentistas para mitigar os efeitos do encerramento e da redução do número de consultas, 33% confessa que reduziu ou abdicou do salário enquanto sócio-gerente, 15% reduziu o horário de trabalho dos médicos dentistas e quase 11% mantém funcionários em lay-off. Para o bastonário da OMD, Miguel Pavão, é “urgente que o Governo adopte medidas específicas para a Medicina Dentária. Há linhas de apoio que devem ser adaptadas às necessidades e requisitos, que não se enquadram em apoios já existentes. No caso dos médicos dentistas, o Governo tem muito trabalho a fazer”. Miguel Pavão sublinha que quase 91% dos médicos dentistas que participaram no inquérito têm microempresas e quase 7% são PME com menos de 10 funcionários, concluindo que “é urgente apoiar estas empresas, sob pena de a situação económica que o país atravessa resultar em mais prejuízos”.

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Crónica

Pandemia reduziu emissão de cheques-dentista De janeiro a julho deste ano, segundo dados do Portal da Transparência, foram emitidos menos 99.160 cheques-dentista e utilizados menos 108.029. De igual forma, no âmbito do Projeto de Intervenção Precoce no Cancro Oral (PIPCO) registaram-se nesse período menos 2.343 cheques emitidos e menos 6.907 foram utilizados.

recuperação, que passa por implementar modelos diferentes para que o programa chegue de forma efetiva aos grupos vulneráveis da população. O bastonário Miguel Pavão sugere a possibilidade de a Direção-Geral da Saúde emitir os cheques-dentista em formato online.

O bastonário defende que os efeitos da pandemia no setor “obrigam a uma reflexão profunda sobre o programa e são uma oportunidade para propor novas soluções e mudanças nos programas de saúde oral”. E deixa o alerta: se nada for feito, “corre-se o risco de perder os ganhos de saúde oral alcançados nos últimos anos”.

Este cenário revela que o impacto da pandemia afetou não só a prática privada, mas também, “e de forma preocupante”, o Programa Nacional de Promoção da Saúde Oral (PNPSO), mais conhecido por cheque-dentista. A Ordem dos Médicos Dentistas (OMD) considera que esta área necessita de um plano de

Bastonário participa no movimento “Vacina para todos” O bastonário da Ordem dos Médicos Dentistas (OMD), Miguel Pavão, é uma das personalidades, nacionais e estrangeiras, que participa na campanha de promoção do movimento “Vacina para todos”. Um movimento internacional lançado pelo Prémio Nobel da Paz Muhammad Yunusna defesa do acesso justo e universal à vacina que

venha a ser encontrada para a prevenção do novo coronavírus.

mitindo desta forma que chegue a todos sem exceção.

Os subscritores deste movimento, cerca de uma centena de prémios Nobel e outros líderes mundiais, querem que qualquer vacina para a Covid-19 que venha a ser descoberta seja considerada um bem comum global, per-

No vídeo que gravou para o site do movimento, o bastonário da OMD salienta que “é essencial que as vacinas Covid-19 sejam consideradas um bem comum global, livres de qualquer direito de patente e de acesso universal, justo e sem discriminação”. Miguel Pavão apela a todos os profissionais de Medicina Dentária para que se juntem a esta causa, “porque ninguém pode ficar com a vida em suspenso”. Em Portugal, o movimento é lançado pelo Instituto Padre António Vieira, através do projeto Academia de Líderes Ubuntu. Os subscritores do movimento defendem que este processo seja liderado pela Organização Mundial de Saúde e pelo secretário-geral das Nações Unidas, apelando também a todos os líderes mundiais para que possam cooperar para encontrar uma solução de acesso justo e universal a toda e qualquer vacina contra a Covid-19.

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Crónica

Reserva de equipamentos é estratégica para acautelar segunda vaga da pandemia A Ordem dos Médicos Dentistas (OMD) vai pedir ao Governo a criação de uma reserva estratégica de Equipamentos de Proteção Individual (EPI) para os médicos dentistas e restantes profissionais de saúde. O objetivo da OMD é acautelar a existência de stocks suficientes de EPI para fazer face a uma segunda vaga da pandemia. Miguel Pavão, bastonário da OMD, recorda que “a escassez de EPI foi um dos grandes problemas sentidos por todos os profissionais de saúde, incluindo médicos dentistas, nos primeiros meses da pandemia. É por isso essencial garantir que Portugal está preparado para enfrentar uma segunda vaga da pandemia e isso faz-se criando uma reserva estratégica de EPI para distribuir por todos os profissionais de saúde, incluindo os médicos dentistas que são dos mais expostos aos riscos de transmissão do vírus.” A OMD pede ainda ao Governo que lance linhas de apoio para a aquisição de EPI, já que, nesta altura, trata-se de um bem essencial, imprescindível para atender doentes, e cujos preços têm sofrido fortes subidas, prejudicando a retoma da atividade. Potenciar o papel do médico dentista Para acompanhar a evolução da pandemia, e por proposta do bastonário da OMD, foi criado um Grupo de Reflexão e Acompanhamento da Covid-19. Na primeira reunião, para além da questão dos EPI, foi decidido pedir ao Ministério da Saúde para incluir os médicos dentistas no grupo prioritário da vacinação contra a gripe e, no futuro, na vacina contra a Covid-19, caso esta venha a existir. O coordenador do grupo, o médico dentista Fernando Guerra, também presidente do Conselho Geral da OMD, explica que “o objetivo deste grupo é, em conjunto com especialistas, acompanhar a evolução da

A escassez de equipamentos de proteção individual (EPI) foi um dos grandes problemas sentidos por todos os profissionais de saúde nos primeiros meses da pandemia.

Grupo de Reflexão e Acompanhamento da Covid-19 é coordenado pelo médico dentista Fernando Guerra.

pandemia e traçar estratégias para potenciar o papel do médico dentista neste contexto, e preparar a classe para uma segunda vaga. Neste sentido, consideramos prioritária a realização de testes periódicos à Covid-19 para médicos dentistas, que estão igualmente na linha da frente desta pandemia, não só no setor privado, mas também no Serviço Nacional de Saúde, no ensino e no setor social”. Para Fernando Guerra é também importante “estimular a intervenção ativa do médico dentista na comunidade, transformando-o num agente ativo na prevenção da transmissão do novo coronavírus, nomeadamente nas consultas, incentivando os pacientes a descarregarem a aplicação “Stayway Covid”, aconselhando a vacina da gripe aos grupos de risco e reforçando os questionários de triagem na pré-marcação de consultas, na confirmação e seguimento de consultas em todas as faixas etárias”. Na primeira reunião do Grupo de Reflexão e Acompanhamento da Covid-19 da OMD foi ainda debatida a hipótese de realizar testes rápidos aos pacientes imediatamente antes das consultas de Medicina Dentária e a provável inclusão de médicos dentistas voluntários na Linha Saúde 24, que está a ser estudada pela OMD com os Serviços Partilhados do Ministério da Saúde. Atendendo à complexidade desta pandemia, o grupo tem uma amplitude de cobertura, com várias perspetivas e várias entidades de referência, incluindo, entre outros, elementos do Instituto Nacional de Saúde Doutor Ricardo Jorge, da Ordem dos Contabilistas Certificados, da Sociedade Portuguesa de Estomatologia e Medicina Dentária, da Associação Nacional dos Médicos de Saúde Pública, do Instituto de Patologia e Imunologia Molecular da Universidade do Porto e do Instituto de Saúde Pública da Universidade do Porto, bem como o deputado à Assembleia da República, Alberto Machado, e membros do Conselho Diretivo da OMD e os presidentes da Comissão Científica da OMD, António Mata, e do Conselho Deontológico e de Disciplina, Luís Filipe Correia.

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Crónica

Médicos dentistas reclamam “via verde” de testagem como medida preventiva O bastonário da Ordem dos Médicos Dentistas (OMD), Miguel Pavão, e o representante da Ordem na Região Autónoma da Madeira (RAM), Fabião Castro Silva, reuniram-se no Funchal com o secretário Regional da Saúde, Pedro Ramos.

Durante a reunião foi abordada a evolução da Covid-19, tendo sido sugerido pelos representantes da OMD a criação, como medida preventiva, de uma “via verde” de testagem para médicos dentistas, tendo em conta que a Medicina Dentária é das áreas da saúde com maior risco de exposição. A OMD defendeu que os médicos dentistas devem ser testados antes da possível chegada de uma segunda vaga da pandemia. Na reunião, foi também abordada a criação da carreira pública para os médicos dentistas, tendo o secretário Regional da Saúde, Pedro Ramos, garantido que o documento, trabalhado em parceria com a OMD, está finalizado e irá ser enviado para a Assembleia Legislativa da RAM para aprovação. O dirigente madeirense foi ainda alertado para a necessidade de rever os valores da convenção que possibilita que os pacientes tratados pelos médicos dentistas na Madeira beneficiem de reembolso de alguns dos tratamentos dentários realizados.

Bastonário e representante da OMD na Madeira reuniram-se com o secretário Regional da Saúde.

A delegação da OMD reuniu-se também, pela primeira vez, com o presidente do Governo Regional da Madeira, Miguel Albuquerque, para uma sessão de cumprimentos.


Crónica

Mundo A Sorrir apoia reabertura do setor de saúde oral na Guiné-Bissau Face à situação epidemiológica da pandemia que continua a afetar o Mundo, a Mundo A Sorrir (MAS) mobilizou-se para apoiar a reabertura dos gabinetes de Medicina Dentária dos hospitais e clínicas sociais da Guiné-Bissau. Mariana Dolores, presidente da MAS, declarou que, “se em Portugal foi difícil reabrir o setor com todos os ajustes necessários e custos acrescidos, na Guiné-Bissau a situação foi ainda mais crítica. Vários médicos dentistas guineenses pediram o nosso apoio e num modelo de cooperação coesa, apoiamos com formação e materiais a reabertura dos gabinetes de dois hospitais centrais e três clínicas sociais”. A Mundo A Sorrir, juntamente com diversas empresas, fizeram uma doação de materiais de proteção individual.

Nos últimos meses, a organização não governamental recebeu vários pedidos de apoio de profissionais de saúde, dando conta do acesso limitado a equipamentos de proteção individual (EPI) para garantir o exercício da sua profissão em segurança. “O país já tinha as suas dificuldades na área da saúde e, agora, aumentaram devido a esta pandemia. Os profissionais de saúde estão a pôr as vidas em grande risco, devido à falta de materiais de proteção adequados para o trabalho”, realçou Mário N’Tick Nan Ala, médico clínico geral na Guiné-Bissau.

Em resposta ao número limitado de EPI, a Mundo A Sorrir, juntamente com diversas empresas, nomeadamente a UTrade, a Raitec 3D, a Univerplast Viseiras Médicas, a Gualter, Osório & Ca. Lda., Sucesso do Pano e o médico dentista, António Santos, fizeram uma doação de materiais de proteção individual aos hospitais e profissionais de saúde da Guiné-Bissau.

O médico guineense declarou que “normalmente usam, apenas, uma máscara descartável por dia, independentemente do número de horas de trabalho. Existem profissionais de saúde a fazer plantões de 24 horas”.

Perante os inúmeros desafios no combate à pandemia, a cooperação entre a Mundo A Sorrir e os atores locais prevalece para que, juntos, consigam apoiar um setor pouco desenvolvido no país e com acesso limitado às medidas de proteção da Covid-19.

Projeto “Aprender a ser saudável” vai abranger 5.000 crianças

A equipa técnica da Mundo A Sorrir vai desenvolver atividades com crianças e professores.

O projeto “Aprender a ser saudável” é uma das mais recentes iniciativas da Mundo A Sorrir (MAS), aprovadas pelo Portugal Inovação Social, no âmbito do programa parcerias para o Impacto. Esta Iniciativa de Inovação e Empreendedorismo Social (IIES) visa a promoção da saúde oral e da alimentação saudável junto de crianças, em meio escolar.

estreita com o Pelouro da Educação do Município do Porto e com os responsáveis dos agrupamentos das escolas do Município. Para além disso, a equipa técnica da Mundo A Sorrir terá presença contínua nas escolas, visitando-as periodicamente ao longo do ano letivo, desenvolvendo atividades com os professores e as crianças.

O projeto pretende envolver 5.000 crianças do ensino pré-escolar e do primeiro ciclo, que frequentam agrupamentos de escolas do Município do Porto, 200 professores e 1.750 encarregados de educação e família.

No final de cada ano letivo, serão promovidas ações de formação creditadas, dirigidas a todos os professores dos agrupamentos abrangidos por esta iniciativa, na área da saúde oral e alimentação saudável em meio escolar, o que permitirá a continuidade das atividades mesmo depois do término do projeto.

A sua metodologia é pioneira, uma vez que as atividades são desenvolvidas em articulação

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Crónica

IDS 2021 aposta em formatos mistos Existe a impressão de que, devido às diversas limitações para viajar, serão menos os visitantes de fora da Europa a participar na 39ª edição do salão internacional (IDS) que se celebrará em Colónia (Alemanha) em março do próximo ano. Para tornar possível a participação desses profissionais neste certame de referência mundial, a IDS oferece uma série de elementos mistos. A plataforma digital IDS tem por objetivo informar sobre soluções e proporcionar o streaming de webinários, as conferências de imprensa, eventos e a comunicação direta com os clientes. A feira de Colónia (Köelnmesse) realizou nos últimos meses, durante a crise do coronavírus, importantes esforços e colocou em marcha medidas concretas para a digitalização de feiras transformando-as em certames mistos. “É nosso propósito utilizar metodicamente para a IDS 2021 estas ferramentas digitais desarrolladas e

poder oferecer assim, tanto aos expositores como aos visitantes, múltiplas possibilidades de participação para além do certame presencial que se celebrará em Colónia”, revelou Oliver Frese, diretor da Köelnmesse. Por seu lado, os expositores da indústria estão muito interessados em continuar na IDS 2021 as experiências positivas que estão a ter (mais ou menos recentemente) com os novos formatos híbridos nas suas próprias empresas na relação com os seus clientes. O presidente da associação que representa a indústria dentária alemã (VDDI), Mark Stephen Pacem, considera que a IDS abre um novo capítulo na sua história. “Nos últimos decénios, o certame mostrou sempre os novos progresos do mercado dentário, apresentando aos seus atores e apoiando os utili-

zadores com inovações. Agora chegou o momento de continuar a encaminhar a IDS para uma nova era. Com efeito, nos últimos anos as inovações tecnológicas abriram novos horizontes para a comunicação com os nossos clientes e com todo o setor dentário que, em todo o caso, está muito vinculado ao mundo digital, tanto na produção como nas suas aplicações”.


Crónica

Federação Europeia de Periodontologia lança campanha global “Perio & Cardio” A nova campanha da Federação Europeia de Periodontologia (EFP), sob a designação de “Perio & Cardio”, lança o alerta para a relação direta entre as doenças gengivais e os problemas do foro cardiovascular. Esta recente iniciativa, com carácter educativo e preventivo, proporciona mensagens claras sobre a relação entre as doenças do coração e das gengivas, e explica os passos que os cardiologistas, médicos dentistas e pacientes devem tomar para prevenir ou tratar este flagelo. Os pacientes que sofrem ao mesmo tempo de periodontite e doenças do coração devem saber que correm maior risco de sofrer de problemas do foro cardiovascular, incluindo enfarte do miocárdio e acidente vascular cerebral. Devem ter bem presente outros fatores de risco como o tabagismo, a falta de exercício, o excesso de peso, a tensão arterial e dietas à base de gorduras saturadas e açúcares refinados. Neste contexto, devem seguir também, cuidadosamente, as recomendações dos profissionais de Medicina Dentária. Estas são algumas das mensagens chave da campanha global “Perio & Cardio” centrada no site perioandcardio.efp.org, que contém docu�mentos orientativos, infografias, vídeos animados e outro material

educativo. Tudo com o objetivo de facilitar o trabalho de sensibilização de médicos dentistas, cardiologistas e outros profissionais de saúde, dirigido aos seus pacientes e ao público em geral. A campanha baseia-se em estudos científicos de especialistas de renome da EFP e da World Heart Federation. A iniciativa “Perio & Cardio é particularmente importante porque sublinha os fortes laços entre a saúde oral e a saúde sistémica, e também destaca que ao assegurarmos umas gengivas saudáveis estamos a contribuir ativamente para a saúde do foro cardiovascular”, observa Filippo Graziani, antigo presidente da EFP e coordenador da campanha. Patologias em crescendo Tanto as patologias gengivais como os problemas cardiovasculares são doenças não comunicáveis que estão a aumentar exponencialmente. A periodontite, a doença das gengivas mais frequente, tem uma média de prevalência global de 45-50%, e a sua variante mais grave atinge 11,2% da população mundial, tornando-a a sexta patologia mais comum nos seres humanos. As doenças cardiovasculares são responsáveis por 17,9 milhões de mortes por ano em todo o mundo (um terço de todos os óbitos), incluindo 3,9 milhões na Europa (45% de todas as mortes), com as doenças isquémicas do coração, a trombose e a hipertensão na linha da frente das causas que levam a paragens cardíacas fatais. Embora os índices de mortalidade estejam a diminuir, os números globais aumentaram nos últimos 25 anos devido ao envelhecimento da população.

Cartaz da campanha de sensibilização que a EFP tem em marcha.

“Esta campanha envolve o empenho mútuo de duas importantes organizações globais: EFP e WHF,” observa Filippo Graziani, que aproveita a ocasião para agradecer à WHF “não apenas o consenso científico que foi possível alcançar connosco, como também o seu papel ativo na distribuição de materiais, ao abrigo deste projeto, entre a comunidade mundial de cardiologistas e os respetivos pacientes”. O coordenador da campanha também se mostra “muito agradecido ao professor Mariano Sanz, que organizou em Madrid um workshop de perio-cardio, bem como a todos os elementos que integram a comissão da EFP responsável por este projeto, pelo seu árduo trabalho no sentido de simplificar informação científica e torná-la acessível/explicativa ao pessoal médico e à população em geral”, conclui.

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Workflow digital completo com Dental Scan integrado e disco CAD-CAM nanocerâmico híbrido Dr. Miguel Stanley1, D.D.S. Dra. Inês Miguel1, D.D.S., MS Dra. Ana Paz1, D.D.S., MS Dra. Catarina Rodrigues1, D.D.S., MS Dra. Inês Correia1, D.D.S., MS Consultório privado na White Clinic, Rua Dr. António Loureiro Borges. Edif. 5, 1° Andar - Arquiparque; 1495-131 Algés, Lisboa, Portugal (scientificdepartment@whiteclinic.pt) 1

Descrição do caso

Idade e sexo do paciente: masculino, 44 anos.

Diagnóstico

Graves defeitos generalizados devido a CMD e bruxismo com perda da altura de oclusão. Descoloração dos dentes, lesão de cárie 35 distal e ligeiras alterações periodontais isoladas localmente limitadas.

Tratamento

Sequência dos passos de tratamento: • Aumento da dimensão vertical de oclusão (DVO) após leitura intraoral (CS 3500, Carestream Dental) usando um articulador virtual CAD-CAM. • Criação de modelos com a resina acrílica fotopolimerizável e de impressão 3D (V-Print modelbeige, VOCO). Esta ocorre através da exportação de ficheiros STL finais de wax-ups à impressora 3D (Solflex 650, VOCO).

Fig. 1. Situação inicial, imagem intraoral: vista oclusal.

• Criação de moldes de material sintético nos modelos acima mencionados. Deve usar-se um molde como forma negativa para a criação de um mock-up de um compósito nano-preenchido autopolimerizável. O material deverá ser idealmente adequado para coroas e pontes provisórias (Structur 3, A1, VOCO). • Fixação provisória convencional do mock-up com um cimento de polimerização dual e à base de compósito (Bifix Temp, VOCO). O paciente passou algumas semanas com um mock-up provisório na boca para poder testar a adaptação à nova dimensão vertical. O mesmo foi usado pelo paciente, até este indicar que a situação não lhe estava a provocar dores musculares. • Preparação dos dentes do maxilar superior em conformidade com as regras convencionais para restaurações de cerâmica pura. A seguir, as coroas definitivas nos dentes 16-26 foram feitas

a partir de um material compósito híbrido nanocerâmico (Grandio disc, A2 Low Translucent, VOCO) fresado. • Preparação também dos dentes do maxilar inferior em conformidade com as regras convencionais para restaurações de cerâmica pura. As facetas definitivas 33-43, assim como overlays dos pré-molares até ao segudo molar foram feitas de um compósito nano-híbrido (Grandio disc, A2 LT, VOCO) fresado. • Para uma excelente adesão, a superfície a fixar da restauração foi irradiada com óxido de alumínio (25-50 µm) a 1,5-2,0 bar, tendo sido removido em simultâneo o pó gerado com um dispositivo de aspiração. Para a limpeza das restaurações pré-tratadas foi usado um banho de ultrassons. A secagem foi feita com ar sem óleo. As áreas interiores das restaurações a fixar foram depois condicionadas com um agente de ligação de silano (Ceramic Bond, VOCO).

Fig. 2. Situação final, imagem intraoral: vista frontal/vista lateral. Coroas, facetas e overlays fabricados de compósito nano-híbrido fresado.


A

B

Fig. 3. Situação final, imagem intraoral: vista oclusal. Reabilitação total com restaurações de compósito nano-híbrido fresado.

• Fixação adesiva definitiva das restaurações indiretas, onde foram usados o adesivo universal de polimerização dual Futurabond U (VOCO) no dente e o sistema de fixação de polimerização dual (Bifix QM, VOCO) nas áreas interiores das restaurações a fixar. • A polimerização realizou-se com recurso a um instrumento de polimerização LED de alta potência (Celalux 3, VOCO).

Discussão

Atualmente, os tratamentos minimamente invasivos, que têm como objetivo manter o tecido dentário saudável, são cada vez mais importantes (Stanley, 2018). Fez-se previamente uma visualização do objetivo do tratamento para que o tratamento planeado pudesse ser orientado com ajuda de um wax-up virtual antes do tratamento e um mock-up de diagnóstico criado, que posteriormente pode ser utilizado para fins de referência funcional e estética (Edelhoff et al., 2016).

Vantagens especiais dos produtos VOCO usados

Structur 3: Graças ao cartucho numa relação de mistura 1:1 o fornecimento é simples, rápido e fiável. O tempo de presa intraoral também é curto. A fase elástica permite uma remoção rápida do dente preparado. As restaurações provisórias de Structur 3 dispõem de excelentes propriedades estéticas devido às oito tonalidades e à fluorescência natural e brilho. Não é necessário o polimento de brilho, uma vez que se obtém uma superfície de restauração brilhante apenas com a remoção da camada de inibição. As restaurações são muito duradouras devido à elevada resistência à pressão e à flexão. Futurabond U: Como adesivo de utilização universal para restaurações, tanto diretas como indiretas, de materiais à base de metacrilato, facilita muitos passos de tratamento. Oferece uma melhor capacidade de aderência do que outros adesivos com a mesma tolerância à humidade. Para além disso, é compatível com todos os materiais à base de metacrilato sem um ativador adicional para DC. Com a ajuda da forma de dosagem “SingleDose” o Futurabond U pode ser aplicado de forma fácil, higiénica e rápida em apenas uma camada (aplicação>secagem>presa em apenas 35 segundos), sendo evitada em simultâneo uma evaporação de

Fig. 4. Comparação entre a situação inicial e a situação final do maxilar superior. A) Situação inicial. B) Situação final, conseguida através de uma reabilitação total com coroas de compósito nano-híbrido fresado.

solventes. Consoante as necessidades e os requisitos, são possíveis todas as técnicas de Self-Etch, Selective-Etch ou Total-Etch para o dentista. Não é necessário um arrefecimento. Bifix Temp: Cimento temporário translúcido com coloração semelhante ao dente para restaurações estéticas. A polimerização dual permite tempos de endurecimento flexíveis (tempo de presa máx. 4 minutos) através da utilização de um fotopolimerizador. Além disso, após uma curta fotopolimerização (Tack Curing), o excesso de cimento é facilmente removido numa só peça. No caso do Bifix Temp trata-se de um cimento sem eugenol que, devido a esta característica, se adequa especialmente bem para a utilização numa fixação adesiva permanente (aqui Bifix QM), uma vez que não influencia nem limita de forma alguma o seu endurecimento. O eugenol pode mesmo dificultar o endurecimento de compósitos de cimentação, se os mesmos forem usados mais tarde na fase da fixação definitiva. Grandio disc: Os Grandio disc são compostos por compósito nano-híbrido e permitem preparações minimamente invasivas. O material apresenta uma semelhança inigualável aos dentes naturais, assim como excelentes valores físicos quanto à

resistência à flexão e à resistência ao desgaste (desgaste dos corpos), devido ao teor de massa de enchimento de 86% w/w, sendo uma opção ideal para o tratamento de pacientes com bruxismo. Através da utilização deste material também se consegue uma economia significativa de custos. Não há necessidade de aquecimento comparativamente a restaurações de cerâmica pura. A reparação de cerâmica pura prova ser mais difícil. E, por fim, Grandio disc é ideal para fresar mesmo com arestas finas. Bifix QM: O Bifix QM é um cimento permanente adequado para todos os materiais de restauração e apresenta uma excelente adesão em dentina e esmalte. A sua radiopacidade é calculada de forma a que possa ser reconhecido em imagens de raios X. Graças às três colorações disponíveis, providencia uma boa estética. A aplicação com a seringa QM permite uma aplicação eficiente e direta sem bolhas.

Conclusão

Para além das mais modernas tecnologias digitais, também os materiais de alta qualidade ajudaram a alcançar os resultados visíveis.

Bibliografia Al-Omiri MK, Lamey PJ, Clifford T. Impact of tooth wear on daily living. Int J Prosthodont 2006; 19:601-5. Davies SJ, Gray RJM. Qualtrough AJE. Management of tooth surface loss. Br Dent J 2002; 192:11-23. Edelhoff D, Liebermann A, Beuer F, Stimmelmayr M, Güth JF. Minimally invasive treatment options in fixed prosthodontics. Quintessence Int 2016; 47:207-16. Jaeggi T, Grüninger A, Lussi A. Restorative therapy of erosion. Mon Oral Sci 2006; 20:200-14. Yassine H. The mock-up: your everyday tool international dentistry. African edition 2018; 8(1). Mehta SB, Banerji S, Millar BJ, Suarez-Feito JM. Current concepts on the management of tooth wear. Part I: assessment, treatment planning and strategies for the prevention and the passive management of tooth wear. Br Dent J 2012; 212:17-27. Ribeiro JCV, Coelho PG, Janal MN, Silva NRFA, Monteiro AJ, Fernandes CAO. The Influence of Temporary Cements on Dental Adhesive Systems for Luting Cementation. J Dent 2011; 39(3):255-62. Stanley M, Paz AG, Miguel I et al. Fully digital workflow, integrating dental scan, smile design and CAD-CAM: case report. BMC Oral Health 2018; 18.

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tema de capa FORMAÇÃO EM MEDICINA DENTÁRIA

Falamos com...

Francisco Teixeira Barbosa fundador do blog Periospot e especialista em formação online

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FORMAÇÃO EM MEDICINA DENTÁRIA tema de capa

Estamos a viver uma democratização da formação online” Francisco Teixeira Barbosa é um reputado implantologista, residente em Barcelona, que também desenvolve uma intensa atividade formativa e comunicativa, tanto de forma presencial como com formatos online. Sobre esta última metodologia é realmente um experto, uma vez que detém o blog Periospot, onde agora o acompanham outros profissionais, e participou em todo o tipo de iniciativas digitais para partilhar o seu conhecimento com a profissão. Nesta entrevista, Francisco Teixeira Barbosa não só fala dos benefícios do método online como também sobre como se deve direcionar o uso das redes sociais para a criação de uma marca digital.

Durante a crise de saúde pública originada pelo novo cornavírus, disparou a oferta de formação online. No seu caso, como profissional com ampla experiência nesta área, como viveu este auge? Sempre que há uma crise em todos os setores produz-se uma reestruturação, uma reinvenção e uma adaptação às novas circunstâncias. Isto acontece em diferentes âmbitos: económicos, sociais e também tecnológicos. Durante esta crise da COVID-19 vimos a adoção da tecnologia por parte de uma grande percentagem de profissionais. Esta crise não tem nada de positivo, mas se queremos buscar algo de que possamos tirar proveito, diria que graças a ela muita gente teve que adaptar-se à tecnologia. Ao longo da história recente, temos constatado que as grandes mudanças tecnológicas conseguiram o seu

maior impulso em paralelo a momentos de crise. Com as guerras mundiais do passado século surgiram alterações tecnológicas importantíssimas. A rádio demorou 30 anos para alcançar os 50 milhões de utilizadores e foi durante a Segunda Guerra Mundial que disparou o número de utilizadores porque era uma tecnologia necessária para estar informado. A televisão só precisou de 15 anos para conseguir os 50 milhões de telespectadores. No entanto, Facebook ou Twitter conseguiram esse mesmo número de utilizadores em apenas um ano. Cada vez fazemos a adaptação à tecnologia muito mais rápido. Com esta crise, muitos profissionais acostumaram-se a ferramentas como Microsoft Teams, Slack ou Zoom. Para a maioria dos médicos dentistas esta transformação foi importantíssima e faz parte de uma mudança social.

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“Em formação online tudo deve estar claramente definido a priori e sabermos a quem nos dirigimos. Se tentarmos criar conteúdo digital para todo a gente, acabaremos por criar algo que não serve ninguém” Superou-se o receio (ou as reticências) quanto ao recurso à formação online? Os escéticos da formação online sempre existiram, mas seguramente são cada vez menos. A formação online já existe há muito tempo. Um dos pioneiros foi o doutor Maurice Salama com Dental XP. Este tipo de formação sempre teve um sucesso relativo. Passámos muitos anos, cerca de duas décadas, assistindo a experiências quanto à formação online que são verdadeiramente interessantes, mas apesar de tudo o gold standard continuou a ser a formação presencial. Havia uma tendência generalizada no setor por apostar pelo método presencial. Acha que nos centrámos demasiado nas limitações da formação online? Todo o método tem as suas limitações, mas também temos que ver que a formação online tem muitíssimos benefícios. Exponho um exemplo que tive recentemente durante o período de confinamento devido ao coronavírus: vivo em Barcelona e tinha que viajar até Vigo para lecionar uma formação sobre redes sociais no Colégio de Ourense e Pontevedra; é claro que, com o Estado de Emergência, não podia viajar e pensámos anular a formação. No entanto, decidimos optar por fazê-la online e o resultado foi que os assistentes ficaram encantados com o método proposto: estiveram conetados dia e meio através do programa Zoom, podiam fazer as suas perguntas, enviar links, fazer exercícios em direto. Ficámos todos contentes, já que eles aprenderam e eu pude cumprir o meu compromisso como orador. Além disso, poupámos

tempo e dinheiro em transporte e alojamento, e não contaminámos. A formação online chegou para ficar. Observamos vários tipos de formação online. Por um lado, há propostas que se centram em pequenas cápsulas de conhecimento, como por exemplo webinars de meia hora para tratar conceitos básicos. Estes formatos geralmente são gratuitos para os profissionais ou têm muito baixo custo. Mas, por outro lado, também há webinars ou congressos virtuais de grande valor, com conteúdos online que requerem um pagamento para lhes ter acesso. Embora tudo isto já existisse, abre-se agora uma oportunidade clara de desenvolvimento, porque as pessoas se acostumaram à interação online. Além disso, as ferramentas foram criadas em tempo recorde. Nos últimos meses, lançaram-se e melhoraram-se ferramentas incríveis; de resto, na Periospot publiquei um artigo sobre as plataformas que se podem utilizar. Abriu-se a formação online para toda a profissão? Estamos a viver uma democratização da formação online. Nos últimos meses realizaram-se congressos de rotundo êxito, como o KitCOVID que organizou o doutor Daniel Robles com fins solidários. Como todos os outros, os médicos dentistas são resilientes e darão a volta por cima porque têm uma enorme capacidade de adaptação. A formação online não só vai acompanhar-nos, como vai encantar-nos. Outro aspeto que me parece relevante destacar da formação online é a humanização que temos visto nos úl-

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FORMAÇÃO EM MEDICINA DENTÁRIA tema de capa Falamos com...

O reputado médico dentista português está radicado em Barcelona, onde se dedica especialmente ao domínio da formação online.

timos meses. Os profissionais estão a frequentar cursos, reuniões ou entrevistas desde as suas casas, e de alguma maneira estamos a abrir as nossas casas e o nosso ambiente mais íntimo a outras personas. Pode acontecer que apareça um filho no ecrã ou vejamos parte do mobiliário da casa de outras pessoas, e é algo inevitável em muitos casos. Não me parece mal que para além do currículo das pessoas ou do conhecimento que cada um pode partilhar também vejamos a própria pessoa. Há uma formação online ajustada a cada perfil de profissional ou tudo vale para todos? Se tentarmos fazer uma formação online sem definir o nosso buyer persona (arquétipo de cliente ideal), o mais provável é falharmos. Quando se monta uma start-up, uma das perguntas frequentes dos investidores ou economistas é: isto é para quem? É preciso segmentar o público e definir o nosso buyer persona. O destinatário tipo tem que estar em concordância com o nosso

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produto, ou seja, o conteúdo está pensado exatamente para um perfil de profissional; por exemplo, médico dentista de 36 anos, trabalhador por conta de outrem numa grande cadeia. Em formação online tudo deve estar claramente definido a priori e sabermos a quem nos dirigimos. Se tentarmos criar conteúdo digital para toda a gente, acabaremos por criar algo que não serve ninguém. Uma vez alcançado o estatuto de organizador de formação online, falta a etapa da promoção, que também pode fazer-se mediante marketing digital. Qual é a estratégia recomendável neste sentido? É um aspeto muito interessante ao qual nem sempre se presta a devida atenção. Temos visto muitíssimos exemplos de profissionais que criam a sua network, o seu círculo de influência e promoção, baseando-se exclusivamente em plataformas de terceiros, tais como


tema de capa FORMAÇÃO EM MEDICINA DENTÁRIA Falamos com...

“A rede social é um meio para chegar ao público, mas todo esse tráfico de pessoas deve dirigir-se a uma plataforma web que deve ser nossa, e essa é que tem de ser cuidada” o Facebook ou Instagram. Na minha opinião, está-se a dar demasiada importância às redes sociais para uso de marketing ou de difusão e, estou em crer, está-se a cair num grande erro. Fazem-se grandes esforços para conseguir seguidores, gerando conteúdo para redes sociais, mas não podemos esquecer que se nos limitarmos a isto estamos nas mãos de terceiros. Se o Facebook encerra ou se bloqueia por qualquer escândalo, as consequências podem ser desastrosas. A rede social é um meio para chegar ao público, mas todo esse tráfico de pessoas deve dirigir-se a uma plataforma web que deve ser nossa, e essa é que tem de ser cuidada. Se quisermos construir algo relativo a formação, devemos contar com uma plataforma web própria; não depender de terceiros. Assistimos ao auge do Facebook, depois ao do Instagram, hoje está na moda o Tik-Tok, mas limitarmo-nos a isso é estarmos expostos à corrente do momento. O meu conselho é claro: as redes sociais são um meio, mas a chave é contar com uma plataforma própria,

que será a nossa marca. Evidentemente, essa plataforma deve assumir uma posição nos motores de busca. Estamos num mercado competitivo e quase todos querem melhorar o seu nível profissional; portanto, as empresas que contratam não o fazem às escuras, procuram o nosso nome na plataforma LinkedIn, veem quem somos, mas também se informam através das redes sociales; ou seja, o mais inteligente é derivar esse conteúdo subido às redes sociales para o nosso portal web. No meu caso, durante muito tempo a minha marca foi a Periospot, mas estamos a introduzir mudanças para que não seja um projeto ligado unicamente à minha pessoa, por detrás há uma equipa transversal de profissionais e isso é o que deve refletir-se. Todas as semanas enviamos uma newsletter gratuita para partilhar conhecimento diverso e próximo, mas sempre com rigor científico, porque aqui temos de pensar que o nosso benefício como profissionais tem que representar um benefício para o paciente.

Na opinião de Francisco Texeira Barbosa, está-se a dar demasiada importância às redes sociais para uso de marketing ou de difusão.

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tema de capa FORMAÇÃO EM MEDICINA DENTÁRIA

inquérito

Formação em Medicina Dentária enfrenta novos desafios e oportunidades Os desígnios da formação continuada e pós-graduada em Medicina Dentária, no plano convencional e através da internet, assumem particular relevância na pandémica conjuntura que se instalou, à escala global, e que continua a não ter prazo de (re)solução.

1

Tudo indica que os webinários, e a formação online em geral, vão assumir (definitivamente) um especial protagonismo no periodo pós-COVID-19. Partilha deste ponto de vista?

As velhas e novas ferramentas e os canais alternativos (leia-se, tele-formativos) que se impõem neste período pós-pandemia, no que respeita à imperiosa atualização de conhecimentos dos profissionais da área da saúde oral, justificam a eleição da(s) grande(s) causa(s) da formação para tema de capa desta edição, e a consequente opinião – sobre os desafios que se avizinham neste apartado – dos protagonistas das sociedades científicas e associações que dedicam uma parte da sua atividade à organização de cursos e sessões de caráter formativo, nas mais diversas áreas e/ou especialidades exercidas pela classe dos médicos dentistas.

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De que forma(s) a sociedade científica/ associação que dirige está a preparar-se para esta nova realidade?

3

Pondo de parte o “fator online”, que comentário lhe merece a evolução da formação continuada e da pós-graduação em Medicina Dentária, em geral, nos últimos anos?

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Na sua qualidade de profissional da área da saúde oral, como encara o presente e o futuro da classe face à inédita crise de saúde pública que o país e o mundo atravessam?

Nesse sentido, a MAXILLARIS formulou um breve questionário focado nesta temática, cujas (quatro) perguntas e as respetivas respostas, dos vários dirigentes inquiridos, em seguida se divulgam:

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FORMAÇÃO EM MEDICINA DENTÁRIA tema de capa inquérito

Nuno Cruz, presidente da Sociedade Portuguesa de Implantologia e Osteointegração (SOPIO)

“Seria importante regulamentar a formação pós-graduada” 1. Não diria um protagonismo especial, mas

um complemento especial. A formação online, já utilizada anteriormente e com alguma regularidade num formato em diferido, adquiriu um papel importantissimo a partir do momento que a impossibilidade de contacto social inviabilizou a realização de todos os eventos científicos. Tal facto motivou a sociedade, de uma maneira geral, a procurar alternativas como o ensino/formação online e em tempo real. A experiência agora adquirida e a otimização destas ferramentas permanecerão, sem dúvida, como um complemento das metodologias de ensino. 2. A Sociedade Portuguesa de Implantologia e Osteointegração já debateu sobre esta temática em reunião de direção, da qual surgiram algumas ideias muito interesantes, as quais tencionamos colocar em prática muito em breve. Ao assistirmos à massificação dos eventos científicos online percebemos que, à medida que o tempo foi passando, a adesão foi diminuindo por uma simples coincidência de fatores. Como tal, qualquer formação online que a partir de agora seja planeada terá que obedecer a um conjunto de critérios fundamentais que, no nosso entender, permitam que a mesma se torne aliciante. 3. Em Portugal assistimos nos últimos anos a uma evolução muito rápida da formação pós-graduada (considerando de uma forma simplista toda e qualquer formação adquirida após a licenciatura/mestrado integrado) nas mais diversas áreas da Medicina Dentária. Pessoalmente, considero que, de uma maneira geral, é de grande qualidade. Contudo, creio que seria importante regulamentar através da criação de um conjunto de normas e guidelines, ditadas por um organismo independente, capaz de assegurar um selo de qualidade de uma forma totalmente transparente. Naturalmente, será sempre algo muito difícil de pôr

em prática, mas quem sabe se no futuro não se consigam criar as condições para tal. 4. Neste aspeto encaro o futuro com alguma apreensão e creio que será um sentimento transversal a todos os colegas. Hoje em dia, os planos são sempre a curto prazo e, no meio de tanta incerteza, a maior ambição do momento é obter uma estabilidade profissional e social. O país e o mundo estão a ter uma grande dificuldade em parametrizar o famoso “novo normal”, com todas as consequências profissionais e pessoais que daí resultam. Contudo, não podemos deixar de ser otimistas e nunca deixar de tentar transformar as adversidades em desafios motivadores, algo que os médicos dentistas portugueses já estão habituados a fazer. Temos de estar informados, atentos e unidos enquanto classe profissional, a qual infelizmente ainda é muito vulnerável a crises como esta que vivemos atualmente.

Susana Noronha, presidente da Sociedade Portuguesa de Periodontologia e Implantes (SPPI)

“O contexto que vivemos obrigou-nos a desenvolver outras ferramentas” 1. Sem dúvida. O contexto que vivemos obri-

gou-nos a desenvolver outras ferramentas que permitem manter as oportunidades de formação e atualização, fundamentais para a atividade clínica em Medicina Dentária. Acredito que vamos continuar a utilizar o formato digital, otimizando as suas vantagens e contornando as desvantagens! 2. Estamos a pensar em alternativas para proporcionar aos sócios da SPPI a continuidade da divulgação científica das áreas da periodontologia e implantologia. Temos previsto realizar a reunião anual da SPPI em 2021, ajustando a organização às indicações e diretrizes que existirem nessa altura. 3. A formação pós-graduada em Portugal teve uma evolução tremenda nos últimos anos. As faculdades apostaram na continuidade da formação, oferecendo aos licenciados a possibilidade de especialização numa área em particular, criando cursos a tempo integral

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que cumprem os requisitos impostos pelas regras europeias. Por exemplo, na Faculdade de Medicina Dentária da Universidade de Lisboa, a pós-graduação de Periodontologia, que começou em 2005, tem uma duração de três anos, a tempo integral, inclui uma componente teórica muito completa e uma componente prática abrangente e intensa. 4. Com alguma apreensão e expectativa. Estamos empenhados em tratar os nossos pacientes, cumprindo as normas. Adaptámos os tempos de consulta e o intervalo entre as consultas. Utilizamos os equipamentos de proteção individual e otimizámos as medidas de desinfeção que sempre respeitámos. O futuro é incerto. Temos que nos ir adaptando às normas impostas, assegurando a continuidade dos tratamentos e salvaguardando não só a nossa saúde como também a dos nossos pacientes. Nesse sentido, é fundamental informar e tranquilizar os pacientes. Os médicos dentistas estão preparados para os receber e tratar em segurança.

João Carlos Sampaio Fernandes, presidente da Sociedade Portuguesa de Estomatologia e Medicina Dentária (SPEMD)

“O modelo presencial na nossa área é imprescindível” 1. A formação à distância tem observado um

crescimento enorme, nomeadamente na última década. Nos Estados Unidos foi previsto para 2025 um crescimento do mercado online de formação que atingirá os 350 mil milhões de dólares. Claro que após a pandemia, que fez com que tudo ficasse obrigatoriamente parado fisicamente, houve necessidade de adaptação urgente à nova realidade, e o crescimento da oferta por parte de universidades, sociedades científicas e empresas de formação em geral aumentou exponencialmente. A facilidade com que rapidamente participamos num evento em qualquer local do mundo, a vantagem do valor de registo que, geral-


tema de capa FORMAÇÃO EM MEDICINA DENTÁRIA inquérito

mente por não ser presencial, é mais acessível, o facto de podermos gravar e/ou assistir na hora que nos for mais conveniente, entre outras vantagens, faz com que os webinars e a formação online em geral, tenha vindo para ficar e, mais que isso, vá alcançar novas metas. Sem dúvida que a formação mais teórica, que pode incluir vídeos comentados, ficou bem mais facilitada em termos de deslocações e de internacionalização dos participantes e oradores. No entanto, quem tem assistido a múltiplas formações online vê e sente que faltam aspetos fundamentais na aprendizagem. Não se veem as reações verbais e não verbais das pessoas na hora, que sempre valorizam as apresentações orais, e a interrupção apenas escrita (“bate papo”) é muito impessoal. Deixou de haver as conversas ao vivo com os oradores e outros participantes, e os encontros de amigos, o que também é um aspeto muito necessário e agradável dos cursos e congressos. E os encontros com os expositores não podem ser comparados com os standes virtuais agora na moda. Em resumo, em termos pedagógicos, apesar da aparente modernidade, voltamos quase sempre às aulas magistrais, de carácter expositivo e com os alunos numa atitude de quase completa passividade, que já foram substituídas no ensino moderno há muitos anos. Infelizmente, atualmente são raros os casos que nos lembram exposições teóricas extremamente bem elaboradas, feitas por professores muito competentes em diferentes campos do saber e com capacidade de comunicação elevada, que nos marcaram a memória e nos permitiram adquirir conhecimentos e capacidades de reflexão sobre variadas matérias. Refira-se ainda que a maior parte da formação especializada em Medicina Dentária envolve uma parte prática e, por isso, o modelo presencial na nossa área é imprescindível e irá sem dúvida reaparecer logo que as condições sanitárias o permitam. Espera-se que as universidades e as sociedades científicas, assim como a Ordem dos Médicos Dentistas (OMD), possam criar condições para implementar mais cursos práticos presenciais, ou à distância, o que não será muito difícil para quem tenha acesso a um consultório dentário e a doentes próprios. 2. Já há algum tempo que a SPEMD tem vindo a preparar condições para a nova realidade. Em janeiro deste ano a nossa revista passou a ser exclusivamente em formato digital. Criámos condições para que alguns eventos que organizamos possam ser vistos posteriormente pelos nossos sócios. É o que tem acontecido com as “Noites da SPEMD” que passa-

ram a regime online e com assistência diversificada em termos territoriais. Os nossos sócios, médicos dentistas, médicos estomatologistas e estudantes, assim como os que ainda não são nossos associados, passaram a participar comodamente e de forma fácil, independentemente de viverem nos Açores, na Madeira, em países europeus, africanos, no Brasil, ou fora das cidades de Lisboa, Coimbra ou Porto, onde se realizavam de forma presencial. O sucesso tem sido crescente. Por outro lado, fomos dos primeiros a tomar a decisão, na fase mais atribulada da crise provocada pela Covid-19, de adiar o nosso congresso anual de 2020, que iria decorrer em Coimbra, e a organizar um evento exclusivamente online denominado “Congresso Online SPEMD NextGen 2020”, com quatro webinars (dias 6, 8, 13 e 15 outubro, às 21 horas, em que os conferencistas são, respetivamente, os professores João Carlos Ramos e Manuel Gameiro, Stefan Koubi, Ricardo Faria e Almeida e Ramón Gómez Meda) e, numa fase posterior, com a submissão de trabalhos científicos e a sua apresentação online. Continuamos, assim, a apoiar e a projetar, nesta fase demasiado difícil e exigente para todos, a investigação cientifica de qualidade que se faz em Portugal. 3. A formação pós-graduada, que pode ser conferente de grau académico (mestrados) ou não conferente de grau (especializações ou cursos livres), é ministrada pelas instituições universitárias, pelas sociedades científicas, pela OMD ou por múltiplas organizações privadas. A formação básica (mestrado integrado) dos médicos dentistas tem crescido de forma muito significativa, atingindo níveis escandalosamente elevados nalgumas instituições. Isso tem sido acompanhado, em alguns casos, pela diminuição efetiva da aprendizagem em contexto clínico. Em consequência, a procura de formação pós-graduada tem aumentado, e é previsível que ainda vá crescer significativamente. Existe, pois, oferta crescente de cursos das mais variadas áreas científicas, sendo muito difícil discernir a sua qualidade efetiva. Mas é de referir que, na generalidade, os eventos parecem apresentar boa ou muito boa qualidade, quer em termos de instalações, quer de formadores. A defesa das pessoas que se inscrevem nesses cursos, muitas vezes com custos escandalosamente elevados, exige uma autoridade certificadora credível (OMD, nos termos legais), que dê a creditação e acreditação de cada formação ou de cada entidade formadora. A SPEMD, assim como alguns cursos de instituições universitárias públicas, apresentou em

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duas diferentes ocasiões a sua posição à OMD. O processo, muito polémico na versão então apresentada, não avançou. Espera-se que a nova direção da OMD retome esse processo. A SPEMD continua muito interessada e disponível para a criação de condições para a sua implementação. 4. A quantidade de profissionais atingiu há muito o nível necessário para assegurar a boa saúde oral dos portugueses. Criou-se uma situação de subemprego e desemprego de médicos dentistas, com condições nem sempre aceitáveis e com ordenados baixos para a maioria dos que trabalham. A situação tem sido mitigada pela emigração. Situações similares acontecem, infelizmente, com outras profissões, o que leva a uma perda excessiva de bons quadros para o nosso país, representando um verdadeiro desastre económico e agravando o nosso envelhecimento populacional. A presente crise sanitária mundial agrava muito a situação, o que exige medidas urgentes das autoridades governamentais, portuguesas e europeias, mas também da OMD, onde todos estamos obrigatoriamente inscritos. No entanto, lembremos que nem tudo está mal. Todos conhecemos imensos médicos dentistas que se formaram recentemente e que têm vingado na sua atividade profissional, em Portugal e no estrangeiro, o que muito nos honra e prova que, em comparação com muitos países, a nossa formação ainda é de elevada qualidade. E nunca devemos esquecer que é nas alturas de crise que devemos apostar na nossa formação. Os maus momentos sempre foram seguidos por épocas de recuperação, mesmo de euforia económica. Melhores tempos virão. Haja esperança.

André Almeida, presidente da Assembleia Geral da Sociedade Portuguesa de Disfunção Temporomandibular e Dor Orofacial (SPDOF)

“A formação contínua e pós-graduada em Portugal deverá ser revista ” 1. Sem dúvida que a pandemia que atingiu o mundo foi algo que mudou para já toda a nossa sociedade de uma forma dramática.


FORMAÇÃO EM MEDICINA DENTÁRIA tema de capa inquérito

Todos temos saudades dos nossos congressos, do contacto com os nossos colegas, das trocas de ideias, mas sem dúvida que a formação online veio para ficar, os webinários, os cursos online, os directos no Instagram são sem dúvida uma mais valia. Este tipo de formação permite-nos ter acesso a informação que única teríamos de outra forma, eu lembro-me que na altura do confinamento dei mais de 30 palestras, webinários e cursos, assisti a outro tantos. Este mês vou falar para o Brasil, México, Portugal, Espanha e eventualmente Filipinas sem sair de casa, enquanto continuo a dar aulas e a ver os meus doentes que tanto precisam. Por outro lado enquanto recetor de formação tenho oportunidade de ouvir peritos de toda a parte do mundo, trocar ideias com colegas e realizar formações que de outra forma me seriam impossíveis. E iremos manter a formação online mesmo pós pandemia, mesmo que seja em moldes mistos pela enorme vantagem que cria. 2. A SPDOF, que tem como presidente o doutor Júlio Fonseca, e da qual eu sou presidente da Assembleia Geral, adquiriu logo desde a sua génese um formato de descentralização. Optámos por congressos em diversas partes do país e ações de formação continua por todo o território nacional. Apesar de sermos uma sociedade jovem, a nossa maior preocupação é esta difusão da informação sobre dor orofacial e disfunção temporomandibular não só a todo o país, mas também o trabalho com outras classes profissionais e com outras sociedades profissionais e de outros países. Assim, este novo rumo online é um rumo já traçado por nós para os tempos mais próximos. Aproveito já para vos comunicar que iremos ter três ações de formação online com palestrantes nacionais e internacionais de referência ainda este ano. E o nosso congresso para 2021 vai igualmente trazer várias novidades bem como o nosso quarto livro. 3. A formação contínua e pós-graduada em Portugal deverá ser revista. Estamos numa era em que a regulação não está a ser feita, cursos aparecem todos os dias, os médicos dentistas são inundados de marketing desregulado, muitas vezes falso, sem qualquer garantia de qualidade, sem verificação de curriculum, de programa, de veracidade, cursos dados em qualquer local sem a mínima noção e condições nem para os formandos nem para os doentes, caso sejam clínicos. Outro ponto que deverá ser avaliado quando é escolhida uma pós-graduação é qual o objetivo, ou seja, o aluno deve saber exatamente o que quer atingir, e para isso é essen-

cial que quem dá a formação seja assertivo nos objetivos a atingir no final da formação. Costumo alertar os meus alunos de pré-grado para não serem papa-cursos, senão a única coisa que fazem é colecionar diplomas sem mais valia.Para mim é claro que a regulação da formação pós-graduada deve passar de alguma forma pelas faculdades, como forma de validação ou consultoria. 4. O presente e o futuro da Medicina Dentária vão ser de adaptação sucessiva, de expectativa e de realidade. Temos de ser rápidos a atuar, não podemos demorar o tempo que demoráramos a fazer o que é obvio, defender os doentes e defendermo-nos a nós próprios, mas sem histerismo, com assertividade, com trabalho, organizados e com hierarquias bem definidas. É inevitável o apoio do estado, e é inevitável que toda a classe dos médicos dentistas se una, de uma vez por todas de forma, inequívoca, em prol do futuro da Medicina Dentária. Neste momento temos de nos focar em afastar o medo do desconhecimento. Ainda há muitos doentes com muito medo de ir ao dentista e a culpa é, principalmente, de alguns disparates que foram passando para a sociedade geral, nomeadamente através de entrevistas e das redes sociais. É essencial o apoio à comunicação das clínicas nesta próxima fase que se aproxima, e é aqui que entra a Ordem dos Médicos Dentistas com toda a classe por trás. Estou seguro de que a investigação irá avançar a passos rápidos e iremos voltar à normalidade que conhecemos em pouco tempo, melhorados pelo que aprendemos nesta fase.

Tiago Borges, presidente da Associação Nacional Estudantes de Medicina Dentária (ANEMD)

“Todos tivemos de aprender a usar novas ferramentas e a comunicar virtualmente” 1. Sem dúvida. A formação, nos seus vários níveis, vivenciará uma nova realidade no periodo pós-Covid-19. Houve um adiantar da implementação de várias iniciativas que têm

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sido promovidas há algum tempo e que sofriam alguma resistência por uma parte da população. A pandemia de Covid-19 veio quebrar essa resistência, em que todos tivemos de aprender a usar novas ferramentas e a comunicar virtualmente. É exemplo disso o Ensino. Há vários anos que as instituições de ensino superior apetrecham as suas unidades orgânicas de múltiplas ferramentas de forma a dinamizar a disponibilização de matéria aos estudantes, promover a comunicação e, assim, inovar ao nível pedagógico. Deverá servir esta dura e drástica adaptação à Covid-19 para as instituições promoverem iniciativas mais sustentáveis e pedagogicamente interessantes. 2. A adaptação da Associação Nacional de Estudantes de Medicina Dentária (ANEMD) foi praticamente imediata. A ANEMD já vinha, por força da sua abrangência nacional, a desenvolver algumas iniciativas de carácter online, como o Ciclo de Webinars da Empregabilidade, que serviu de uma ótima aprendizagem à nossa federação. Ao longo do periodo de isolamento social, a ANEMD promoveu variados webinars e conteúdos online na rúbrica “Tempo de Quar (Antena)” por forma a colmatar alguma falta de contacto inicial dos estudantes à clínica durante a adaptação à nova realidade. E assim deverá continuar promovendo iniciativas e adaptando as atividades à nova realidade como uma revista disponível apenas online ou a realização, pela primeira vez, das assembleias gerais via online. 3. A formação disponibilizada aumentou porque existirá uma maior procura por parte dos médicos dentistas de formação contínua, o que é de louvar, pois o resultado final será sempre a prestação de um melhor serviço de saúde oral aos portugueses. No entanto, existe a falta de mecanismos que organizam esta formação, sobretudo ao nível das sociedades científicas. Acrescento, também, que este aumento não deve ter impacto, nas instituições de ensino médico-dentário, ao nível pedagógico nos estudantes do Mestrado Integrado em Medicina Dentária, seja no acesso a casos e atos diferenciados, ou no restringir da informação teórica aos estudantes. A formação contínua deverá sempre ser uma aposta na complementação e diferenciação dos médicos dentistas e não uma (re)aprendizagem de conteúdos essenciais não lecionados aos estudantes do Mestrado Integrado. 4. A Covid-19 expôs a fragilidade de muitos sistemas de saúde e das entidades responsáveis pela saúde a nível mundial. Em Portugal, o mesmo foi visível. Ainda assim, há exemplos de resiliência como a Medicina Dentária


tema de capa FORMAÇÃO EM MEDICINA DENTÁRIA inquérito

que, pelos protocolos de biosegurança já estabelecidos, soube adaptar-se de forma ágil. Sendo verdade que os consultórios tiveram a sua atividade condicionada, muito foi pelo desconhecimento relacionado com o vírus e com a particular exposição dos profissionais da saúde oral. Sabe-se agora que é muito seguro ir ao consultório médico-dentário e isso será certamente reconhecido pela população portuguesa. Cabe à Medicina Dentária e aos seus responsáveis saber preservar esta confiança junto da população, exercendo nas autoridades de saúde o devido reconhecimento por tal e pela importância da saúde oral.

António Ginjeira, presidente da Sociedade Portuguesa de Endodontologia (SPE)

“A aprendizagem da maioria das técnicas tem que ser feita em aulas práticas presenciais” 1. Durante o período em que for necessário dis-

tanciamento social, creio que todas as opções de formação à distância vão dominar, em detrimento das presenciais. No entanto, sempre que há uma componente prática, a presença física dos alunos e docentes é essencial para o sucesso dessa formação. Na Faculdade de Medicina Dentária da Universidade de Lisboa (FMDUL) iniciámos, há cerca de oito anos, uma pós-graduação em que uma parte importante das aulas teóricas, seminários, discussão de casos clínicos, etc., é feita usando ferramentas de videoconferência como a Webex ou a Zoom. A nossa experiência diz-nos que, embora a vertente online seja o núcleo principal da formação, as aulas presenciais continuam a ser extremamente importantes, e que a aprendizagem da maioria das técnicas tem que ser feita em aulas práticas presenciais. Quando falamos em grupos maiores, como o ensino pré-graduado, observa-se um maior distanciamento dos alunos em relação ao docente, e olhar para muitos quadradinhos negros em vez de pessoas pode ser desmotivador para este.

Concluindo, penso que a formação online veio para ficar, mas como complemento da formação presencial ou como forma alternativa nos casos em que a formação presencial não é viável. Quando conseguirmos ultrapassar a pandemia e a necessidade de distanciamento, o papel da formação online estará estabelecido como complemento e alternativa, mas não creio que possa substituir as aulas presenciais no ensino da Medicina Dentária. 2. Desde o início do mandato desta direção que fazemos a maioria das reuniões por Zoom, e agora iremos ter uma assembleia geral também online, e temos estado a preparar tudo para podermos ter votações electrónicas. Estamos também a preparar algumas formações online, uma vez que tivemos que cancelar o nosso congresso de 2020. 3. Temos assistido ao crescimento da oferta de cursos de fim de semana, cursos modulares e algumas pós-graduações mais estruturadas em diversas áreas da Medicina Dentária, o que é positivo e contribui para elevar o nível científico e técnico na generalidade. Na endodontia, assistimos à criação de vários programas de pós-graduação com diferentes durações e cargas horárias. Tivemos a felicidade de ver a pós-graduação de Especialização em Endodontia da FMDUL obter a acreditação pela Sociedade Europeia de Endodontologia (ESE), tornando-se um dos poucos programas de pós-graduação europeus a atingir este estatuto, que garante reconhecimento automático como especialista pela ESE. Neste momento, há apenas seis programas acreditados em toda a Europa. Penso que esta tendência de crescimento da oferta de diferentes programas de pós-graduação vai continuar, e estender-se a todas as áreas da Medicina Dentária. 4. Creio que a classe tem respondido à crise adequando os seus procedimentos e o modo de funcionamento. A falta de linhas de orientação claras por parte das autoridades de saúde não tem facilitado essa adaptação, mas também é certo que a falta de informação científica confiável e a muita informação contraditória não facilita o estabelecimento de orientações precisas pela Direção-Geral da Saúde. Penso que é fundamental aplicar as regras de prevenção da infeção cruzada, conhecidas de todos, e estarmos atentos a toda a informação credível acerca dos meios de transmissão do vírus, para podermos atuar em conformidade. O aumento generalizado dos custos de funcionamento dos consultórios e clínicas, aliado à redução do número de pacientes devido às restrições de

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espaço, tem um impacto fortíssimo na sua viabilidade. Estou um pouco apreensivo quanto ao futuro, principalmente pelos efeitos económicos da pandemia na população em geral, que agravam a falta de vontade dos pacientes em dirigir-se aos consultórios e clínicas devido ao receio de se cruzarem com outras pessoas no trajeto ou enquanto esperam. Penso que o dinheiro dos nossos impostos não será suficiente para manter o poder de compra da generalidade da população, atendendo ao número de negócios que estão a encerrar com a consequente perda de empregos, e assim, só depois de se comprovar uma retoma da economia é que poderemos talvez regressar a um nível de atividade próximo dos tempos anteriores à pandemia.

Teresa Pinho, presidente da Sociedade Portuguesa de Ortodontia (SPO)

“Estamos perante uma mudança de paradigma no que diz respeito à formação” 1. Comungo dessa opinião na medida em que

assistimos, nestes últimos meses, a uma intensificação da oferta formativa em formato de webinars que propiciaram transportar para o ambiente virtual um conjunto de debates, seminários e conferências sobre temas de grande relevância para o exercício da nossa profissão. Estamos cientes de que o digital está a transformar o mundo em múltiplos setores e tudo indica que estamos, de facto, perante uma mudança de paradigma no que diz respeito à formação. As formações online irão continuar a conquistar terreno e a ganhar protagonismo, pelo menos durante este período de grande incerteza face à pandemia. Contudo, sou da opinião que, não obstante a importância que estas formações representam para os profissionais de Medicina Dentária, especialistas em ortodontia e comunidade científica em geral, não substituem as formações presenciais, já que estas


FORMAÇÃO EM MEDICINA DENTÁRIA tema de capa inquérito

são mais abrangentes e diversificadas no seu formato. Ao seu propósito científico alia-se a componente social; o reencontro de colegas e o contacto com representantes do sector da indústria de produtos, equipamentos e serviços, a partilha de conhecimento, experiência, pontos de vista, em diferentes cenários e ambientes são, igualmente enriquecedores, já que somos, por natureza, seres sociais. É percetível a nostalgia que alguns profissionais manifestam relativamente aos eventos presenciais. Hoje, mais que nunca, valorizamos todas as oportunidades de interação e tal só é, ou será, possível fora da esfera virtual. 2. Face ao atual contexto, o plano de iniciativas da Sociedade Portuguesa de Ortodontia (SPO) previsto para 2020 teve que ser forçosamente adaptado às contingências a que todos estamos sujeitos. Uma vez adiado o congresso deste ano, tendo em mente que se trata da nossa maior iniciativa científica, iremos organizar o II Simpósio da SPO em formato webinar. Oportunamente, serão revelados os intervenientes que, com toda a certeza, farão jus ao êxito alcançado no início do corrente ano. Temos ainda calendarizada uma outra formação online subordinada ao tema “Gestão de redes sociais no sector da Medicina Dentária - como atrair pacientes e novos seguidores”. Nestes tempos, torna-se imperioso tirar partido destas importantes e tão eficazes ferramentas de comunicação. Esta formação está prevista realizar-se no fim do próximo mês de novembro e será assegurada por experientes especialistas na área da comunicação digital. 3. Conforme já tive oportunidade de referir, o ensino e a formação contínua são, incontestavelmente, dois pilares basilares em qualquer especialidade. A expressiva adesão às pós-graduações universitárias são críveis indicadores do crescimento e interesse pela ortodontia. O ensino universitário neste domínio deverá continuar a evoluir de forma exponencial e as universidades devem estar preparadas para a formação dos seus discentes pós-graduados, propagando que, como princípio primordial, a ortodontia em Portugal deve ser exercida por profissionais altamente qualificados que acompanhem a constante inovação científica e técnica, em prol do melhor resultado para os seus pacientes. Tendo em conta que a ortodontia atual privilegia planos de tratamento menos invasivos e estéticos, o ensino teve, necessariamente, de progredir nesse sentido.

4. Esta crise sem precedentes veio pôr à prova

toda a resistência e a capacidade de adaptação das clínicas para manterem a operacionalidade dos serviços e a sustentabilidade das mesmas. Assistimos, com alguma apreensão e natural preocupação, às vulnerabilidades a que estão expostos os profissionais de Medicina Dentária, em particular da ortodontia. Os custos inerentes aos novos protocolos de atendimento dos pacientes, a aquisição obrigatória de equipamento de proteção individual (EPI), assim como o tempo mais alargado para cada consulta afetam, inevitavelmente, a produtividade e constituem uma diminuição significativa da rentabilidade das clínicas. Contudo, acreditamos que a qualificação do profissional, nomeadamente em relação à formação contínua e especializada, e atualização científica, é o fator diferenciador que distingue os que seguirão em frente sem sentirem o impacto da crise, dos que sofrerão quebras mais significativas na procura dos seus serviços. Os especialistas que mais valorizam e investem em formação, para além de reunirem um conjunto de competências humanas e técnico-científicas essenciais à prática clínica, acolhem a preferência dos pacientes que procuram a excelência.

Fátima Duarte, presidente da Associação Portuguesa de Higienistas Orais (APHO)

“Apostamos que se consiga uma situação mista, dividida entre formações presenciais e online” 1. A digitalização, a formação remota e a literacia

digital já faziam parte dos programas da Medicina Dentária/higiene oral, mas atendendo aos muitos constragimentos que estamos a passar, neste contexto atípico pandémico, creio que a formação online foi reforçada e ficará para colmatar as lacunas da formação presencial. A atualização de conhecimentos a nível profissional deve manter-se contínua e desta forma remota torna-se uma mais-valia, pois é possível fazer um alargamento por

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exemplo de horários, manter o isolamento social, entre outros. De qualquer forma, acho que paulatinamente voltaremos à formação presencial. A pandemia acelerou as competências tecnológicas, facilitou a formação à distância, mas, na prática, não vai mudar tão profundamente o modelo anterior, que é estar em contacto direto com pessoas. 2. A Associacão Portuguesa de Higienistas Orais (APHO) já é uma instituição que tem oferecido aos seus associados formação neste formato e que continuará a fazê-lo com todas as oportunidades que surgirem, sobretudo, neste quadro de incertezas. Mas, num futuro próximo, apostamos que se consiga uma situação mista, dividida entre formações presenciais e online. Todos entendemos que o ensino à distância pode ter mais-valias, inclusivamente alicerçar a formação, mas como prática total, acredito que não venha a acontecer. 3. Na última década vivemos um momento marcado por profundas e processuais transformações introduzidas pelo processo da globalização. O mercado de trabalho está a todo vapor. Os profissionais têm cada vez mais necessidade de se especializarem e de se atualizarem para garantir a concorrência no mercado de trabalho. Neste cenário, a formação continuada é uma das principais ferramentas de sucesso e, por isso, torna-se uma exigência para os tempos atuais. Na Medicina Dentária esta tendência tem estado a ser conseguida pelo largo espectro de oportunidades que têm vindo a surgir, nomeadamente as pós-graduaçóes nas diferentes especialidades. 4. A pandemia mostrou uma grande capacidade de resiliência e maturidade do sistema, sobretudo, nas áreas da Medicina Dentária/higiene oral, das mais atingidas. Desta forma é de elogiar a forma notável dos diversos profissionais ao conseguirem a adaptação dos seus planos de trabalho/formação à distância, neste contexto de mudança, que considero drástica. No que respeita à higiene oral, perpetivo que seja uma área largamente a expandir, pois no quadro “fantasmagórico” que vivemos tem de haver maior promoção de saúde, para combatermos, o mais possível, todas as ameaças à saúde, as já existentes e as vindouras. E é neste campo que os higienistas orais assumem um papel preponderante pela formação que têm como especialidade, que é a promoção e a prevenção das doenças orais. Nunca é de mais salientar que uma boa saúde oral provoca largos benefícios na saúde geral, e deve ser essa a filosofia que devemos fomentar, sobretudo, nesta era pandémica.


tema de capa FORMAÇÃO EM MEDICINA DENTÁRIA

ponto de vista O futuro da formação contínua

António Roma Torres

Médico dentista. Presidente do Centro de Formação Contínua da Ordem dos Médicos Dentistas (OMD)

A ciência médica tem evoluído de forma muito acelerada nos últimos anos e a proliferação de centros de estudos leva a um aumento da produção científica a nível mundial. Torna-se cada vez mais desafiante para o médico dentista estar a par de todos os desenvolvimentos que existem, quer ao nível do diagnóstico e compreensão da etiologia das doenças, quer do seu tratamento. Por outro lado, o desenvolvimento de novos materiais e instrumentos possibilitam abordagens de intervenção que seriam inviáveis no passado, permitindo que a Medicina Dentária evolua para uma abordagem menos invasiva e, por conseguinte, mais conservadora. A pandemia com que o mundo se depara atualmente obrigou-nos a repensar todos os aspetos da nossa vida, nomeadamente as nossas rotinas sociais, obrigando-nos a desmaterializar muitos eventos e momentos de aprendizagem que viviam da proximidade física e da relação interpessoal.

O ensino online já há muito dava sinais de ser um caminho de futuro, mas o que há um ano era uma tendência de nicho é neste momento uma necessidade, e com ela vêm novos desafios e novas oportunidades. A transmissão do conhecimento médico sempre viveu muito da troca de experiências entre os clínicos e de uma certa camaradagem entre quem se depara diariamente com as dificuldades e vicissitudes do tratamento médico. Mas não é menos verdade que existem limitações geográficas e físicas que acentuam a assimetria das oportunidades formativas e da sua distribuição pelo país. O Centro de Formação Continua (CFC) da Ordem dos Médicos Dentistas (OMD) é um órgão não estatutário que planeia e organiza toda a formação contínua anual disponibilizada pela OMD aos seus associados. O CFC tem vindo a procurar a difusão de conteúdos científicos e clínicos atuais, privilegiando os cursos práticos e alargando a sua oferta formativa por todo o país.

O ensino online já há muito dava sinais de ser um caminho de futuro, mas o que há um ano era uma tendência de nicho é neste momento uma necessidade, e com ela vêm novos desafios

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FORMAÇÃO EM MEDICINA DENTÁRIA tema de capa ponto de vista

O modelo focado nas novas tendências clínicas e nas últimas tecnologias contrasta, por exemplo, com o modelo anglo-saxónico, cuja formação contínua é direcionada para conteúdos mais abrangentes e nucleares da nossa profissão, tais como a radiologia e proteção radiológica, desinfeção e descontaminação, emergências médicas, entre outros. Ao longo deste mandato, o CFC vai procurar conciliar a oferta de formação das últimas técnicas e tecnologias clínicas com conteúdos mais basilares e estruturais da profissão, que dificilmente serão oferecidos por outras entidades e centros de formação. A curto prazo, iremos assistir a uma redução da oferta formativa de cariz prático e presencial pelas contingências sanitárias com que nos deparamos enquanto sociedade. Esta será uma oportunidade para fazer uma maior aposta no ensino online, à distância, que tem como desvantagem o natural afastamento entre o formador e o formando, mas tem como possibilidade uma maior massificação da oferta formativa com uma acessibilidade mais homogénea entre todos os profissionais.

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Neste momento, os médicos dentistas já dispõem, na página eletrónica da Ordem dos Médicos Dentistas, de um repositório com todos os cursos de fim de dia e todos os cursos que já se converteram para o formato online durante esta pandemia. Essa oferta será reforçada ao longo do ano pelas inúmeras atividades formativas que estão a ser delineadas para 2021. O CFC estará em contacto próximo com os diversos grupos de trabalho da Ordem com o fim de poder restabelecer a oferta formativa de cariz prático e presencial, no cumprimento de todas as normas e recomendações de segurança. Num mercado de trabalho cada vez mais exigente, a contabilização do tempo despendido com a formação contínua é importante e poderá ser uma vantagem competitiva para o médico dentista. Nesse sentido, um dos objetivos do CFC é a disponibilização do número de horas acumuladas por cada médico dentista no âmbito das atividades organizadas pelo CFC, na área de membro da página eletrónica da OMD.


ponto de vista COVID-19 e saúde oral

Tiago Fonseca

Médico estomatologista. Assistente hospitalar no Centro Hospitalar Universitário de São João. Assistente convidado na Faculdade de Medicina da Universidade do Porto. Coordenador da Clínica de Glândulas Salivares da Casa de Saúde da Boavista.

A COVID-19 corresponde à doença provocada pelo novo coronavírus, SARS-CoV-2, a qual assumiu a proporção de uma pandemia. Pelo facto de a transmissão do vírus se realizar entre pessoas também através de gotículas libertadas pela boca, nomeadamente quando determinado procedimento produz aerossol, a área da saúde oral acaba por ser aquela que é a mais atingida. A boca é a principal porta de entrada; a boca é a principal porta de saída. E as glândulas salivares e a saliva parecem ser o principal reservatório e veículo, respetivamente. É um vírus novo para a espécie humana, para a sociedade do Homem, que, apesar de já na segunda década do vigésimo primeiro século (d.C.), ainda se degladeia com mais dúvidas que certezas. É enquanto médico estomatologista, atuando sobretudo numa instituição pública “de fim de linha”, que me debruçarei nesta temática. E é a partir de um serviço de estomatologia de um hospital outrora epicentro da pandemia que a realidade, podendo parecer fictícia, assume os contornos curiosos, suis generis. Todos os serviços de estomatologia têm em comum possuirem realidades de estrutura arquitetónica e de equipamentos de AVAC, de recursos materiais e humanos e de atividade organizativa e assistencial.. muito díspares. As

A COVID-19 teve e continua a ter um impacto sem precedentes na disponibilização de cuidados de saúde oral dos doentes

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regras ditadas pela pandemia fizeram tábua rasa deles todos! Se há uma constante na vida, essa constante é a mudança. Agora, a mudança era imprescindível e emergente. A 15 de março deste ano foi publicado um despacho governamental que determinou a suspensão de toda e qualquer atividade de Medicina Dentária, de Estomatologia e de Odontologia, com exceção das situações comprovadamente urgentes e inadiáveis; nesse mesmo dia foi emitido um comunicado conjunto da Direção do Colégio da Especialidade de Estomatologia (DCEE) da Ordem dos Médicos (OM) e da Associação dos Médicos Estomatologistas Portugueses (AMEP) com o plano de contigência para ajustamento da atividade clínica dos serviços e clínicas ou consultórios de estomatologia, com indicação das situações com necessidade urgente e inadiável de cuidados. A nível hospitalar, incluia também recomendações de reorganização dos horários e prerrogativas dos profissionais médicos, de triagem de doentes, da utilização de EPI, entre outros aspetos. Mas já antes toda a atividade clínica programada havia sido suspensa, tendo isso significado cancelamento de consultas e cirurgias (mas mantendo-se a atividade de atendimento de urgência, devidamente adaptadas à luz do que se conhecia na altura). Caberia agora a cada serviço, a partir das respetivas direções, a adaptação destas recomendações às suas possibilidades. A prática clínica teve de se reinventar e, nalguns casos, o foco do tratamento do doente “doente” afunilou-se. A terapêutica já nem cabia no contexto de uma co-morbilidade menor: guardava-se, por exemplo, para a eliminação de focos infeccio-


ponto de vista

sos pré-intervenção cardiaca, para o controlo da discrasia hemorrágica complicada ou para os doentes em QT/RT. Porque a emoção acompanha a razão, permito-me o relato marcante de um colega: Era dia do Pai e de aniversário da sua filha pequena. Estava em serviço de urgência e apareceu um doente com leucemia mielóide aguda e um quadro infeccioso odontogénico. Habitualmente haveria lugar a um procedimento gerador de aerossol... mas não existiam equipamentos de proteção individual (EPI) adequados nem sala com condições para o realizar. Foram dadas recomendações gerais e foi prescrita medicação; na reavaliação, felizmente, houve resolução do quadro agudo. Nesse dia de Estado de Emergência, tendo saído e entrado em casa enquanto a filha ainda/já dormia, ficou a ansiedade pelo hipotético risco de contágio e a angústia pelo dilema ético. Esta era, naquela altura, entre tantos outros aspetos, a problemática principal: a dos EPI. Não deverá cair no esquecimento a escassez dos mesmos que, também de modo universal, assolou os serviços de estomatologia e que motivou uma onda de solidariedade de oferta dos mesmos, quer do setor privado da saúde oral (fundamentalmente da Medicina Dentária), quer de outros setores da sociedade. Tal como aconteceu transversalmente nos serviços de urgência geral, também a afluência de situações tidas como merecedoras deste tipo de atendimento no âmbito da estomatologia diminuiu. Com certeza que pela explicação mais plausível de receio no recurso a este tipo de serviço (e não pela diminuição das patologias ou das intercorrências que, antes, motivavam a procura). Desse ponto de vista, no início acabou por existir uma certa “compensação” do problema. Inexoravelmente, passou a haver uma quebra da capacidade de resposta assistencial; pragmaticamente, com o pouco que se sabia e que se tinha, fazia-se o melhor que se podia. Entretanto, a publicação de artigos sucedeu-se com a ciência que a Ciência possuía na altura. Inclusivamente trabalhos com manifestações orais em doentes com a doença. Na saúde oral, quase se pode dizer que o teletra-

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balho foi inventado (apesar de o exame objetivo intraoral não se poder fazer por webcam). A volatibilidade dos ajustes organizacionais era a constante. As orientações e as normas da Direção-Geral da Saúde (DGS) também se sucediam e a 1 de maio saía a orientação “COVID-19: Procedimentos em Clínicas, Consultórios ou Serviços de Saúde Oral dos Cuidados de Saúde Primários, Setor Social e Privado”. Mas tal documento deixava de fora o principal cenário desta “guerra”, onde os tais doentes “doentes” são tratados. De novo em conjunto, a DCEE da OM e a AMEP lançaram o documento “Recomendações para a retoma da atividade clínica em Estomatologia no contexto da pandemia COVID-19”. A 14 de julho, a DGS emitiu uma norma sobre “Prevenção e Controlo de Infeção por SARS-CoV-2: Blocos Operatórios e Procedimentos Cirúrgicos”, uma vez mais com particular interesse na área da saúde oral, focado em intervenções sob anestesia geral. Salvaguarda a consistência (?) do conhecimento, porque doentes nunca deixaram de existir nem tão-pouco a necessidade de os tratar naquelas circunstâncias, poder-se-á pensar – pelo menos – se tal documento não peca por tardio. A COVID-19 teve e continua a ter um impacto sem precedentes na disponibilização de cuidados de saúde oral dos doentes (uma vez mais, principalmente dos doentes “doentes” – com patologias associadas, leia-se), mas também na qualidade assistencial dos elementos da cadeia que deles cuidam (médicos, enfermeiros e assistentes) e, não esquecendo, na formação dos médicos internos (que para além de também terem estado na linha da frente, veem as suas oportunidades formativas ajustadas à nova realidade). A COVID-19 dar-nos-á um novo mundo. E porque, no final, a informação é a nossa melhor arma, há que partilhar informação fidedigna. Por exemplo, a pesquisa rápida de artigos médicos indexados por temas. Bastará visitar os sítios tiagofonsecaestomatologia.pt. ou pubcovid19.pt. Aos profissionais desta nobre área, uma mensagem: ânimo, protejam-se e bem hajam!


Reparação óssea por meio do uso de membrana de polipropileno após exérese cística

Irineu Gregnanin Pedron Médico dentista. Especialista em Periodontia e Implantologia. Mestre em Ciências Odontológicas pela Faculdade de Odontologia da Universidade de São Paulo (Brasil). Professor das disciplinas de Periodontia, Estomatologia e Cirurgia na Faculdade de Odontologia da Universidade Brasil (São Paulo). igpedron@alumni.usp.br Wagner Seroli Médico dentista. Especialista em Estomatologia. Mestre em Ciências da Saúde pelo Hospital Heliópolis. Professor das disciplinas de Patologia, Estomatologia e Cirurgia na Faculdade de Odontologia da Universidade Brasil. Munir Salomão Médico dentista. Especialista em Periodontia. Investigador em Regeneração Óssea na Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo. Hatsuo Kubo Médico dentista. Especialista em Ortodontia. Mestre e Doutor em Odontologia pela Faculdade de Odontologia da Universidade Paulista. Professor das disciplinas de Ortodontia e Patologia na Faculdade de Odontologia da Universidade Brasil. Caleb Shitsuka Médico dentista. Especialista em Odontopediatria. Mestre e Doutor em Ciências Odontológicas pela Faculdade de Odontologia da Universidade de São Paulo. Professor das disciplinas de Odontopediatria e Cariologia na Faculdade de Odontologia da Universidade Brasil e Faculdades Metropolitanas Unidas (São Paulo).

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Ciência e prática

Resumo

Introdução

Os cistos ósseos são lesões frequentemente observadas na clínica estomatológica e na Medicina Dentária. A principal técnica utilizada no seu tratamento é a exérese cirúrgica, com a enucleação da lesão. Geralmente, o defeito ósseo gerado pode-se tornar amplo, dependendo da dimensão da lesão cística. A reparação óssea, nestes casos, é lenta e pode oferecer riscos e complicações pós-cirúrgicas, tais como fraturas patológicas, risco de recorrência e perda de função pela dificuldade de reabilitação. Técnicas regenerativas podem favorecer a reparação óssea e acelerar o processo de cicatrização. O propósito deste trabalho é apresentar o caso da exérese cística num paciente pela técnica da enucleação da lesão, seguida da utilização da membrana de polipropileno. A membrana foi adaptada e mantida sobre o defeito ósseo, permanecendo por 10 dias. A permanência da membrana por este período foi suficiente para a manutenção do coágulo sanguíneo, considerado base biológica para a formação e maturação óssea, com reparação num curto espaço de tempo (seis meses). A utilização da membrana de polipropileno é uma técnica simples, eficiente e de custo acessível, que pode empregar-se em casos de exérese cirúrgica de lesões císticas, apresentando resultados satisfatórios e reparação óssea acelerada.

Lesões císticas são patologias frequentemente observadas na clínica estomatológica e na Medicina Dentária. Aproximadamente 86% são lesões odontogénicas de origem periapical e não requerem tratamento complexo, mesmo que podendo atingir dimensões maiores. Lesões císticas de dimensões maiores são mais raras e geralmente são diagnosticadas como cistos foliculares ou queratocistos. Os cistos radiculares podem também atingir dimensões maiores causando defeitos consideráveis1-3.

Palavras-chave: cisto radicular, cicatrização, regeneração óssea e cirurgia bucal.

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Os cistos radiculares residuais desenvolvem-se a partir de remanescentes epiteliais que foram estimulados e proliferam a partir do processo inflamatório em resposta a necrose pulpar de dentes não vitais, mesmo já extraídos. O desenvolvimento dimensional ocorre de modo autónomo. No decorrer do tempo, os cistos podem sofrer regressão, permanecer estáticos (em tamanho) ou crescer1. O diagnóstico das lesões císticas, exceto pela sintomatologia dolorosa relacionada com as condições endodônticas, são, na sua maioria, estabelecidas inadvertidamente por meio de exames radiológicos de rotina1. Entre as modalidades terapêuticas, destacam-se o tratamento endodôntico - quando necessário e indicado, particularmente em dentes com vitalidade pulpar negativa - e o tratamento cirúrgico1-3. A sobreinstrumentação endodôntica, traspassando o forame apical, pode algumas vezes produzir resposta inflamatória aguda transitória, destruindo o revestimento epitelial dos cistos radiculares convertendo-os em granulomas, que regridem espontaneamente2. Diversas técnicas podem ser empregadas, tais como a enucleação da lesão cística (padrão ouro), marsupialização e


Ciência e prática

descompressão. Estas últimas duas técnicas estão indicadas em casos de grandes dimensões, pois reduzem a pressão interna da lesão e favorecem a formação óssea e redução da cavidade cística, permitindo a posterior enucleação. Entretanto, estas técnicas necessitam da estrita cooperação e assiduidade dos pacientes, bem como visitas frequentes e manutenção da higiene da cavidade cística, podendo ser consideradas como limitações ou desvantagens destas técnicas. Em contrapartida, a exérese da lesão cística requer a manutenção do coágulo no interior da cavidade óssea após a enucleação da lesão à neoformação óssea. Essa técnica está bem indicada para lesões de pequenas dimensões, que geralmente regridem pela aposição fisiológica, enquanto que em lesões de dimensões maiores normalmente geram grandes defeitos ósseos1-3.

A membrana de polipropileno (BoneHeal®, São Paulo, Brasil) foi recortada, adaptada e inserida sobre o defeito ósseo (fig. 7) e subsequentemente suturou-se o retalho (fig. 8). Administraram-se ao paciente fármacos analgésicos (dipirona sódica 500 mg de oito em oito horas durante três dias), anti-inflamatórios (nimesulida 100 mg de 12 em 12 horas durante cinco dias) e antibiótico (amoxicilina 500 mg de oito em oito horas durante sete dias) no pós-cirúrgico. Os fragmentos da lesão ficaram-se em formol a 10% e encaminharam-se ao Serviço de Anatomia Patológica da Faculdade de Odontologia da Universidade de São Paulo. O exame histopatológico revelou fragmento de tecido conjuntivo

O emprego de técnicas regenerativas com o uso de biomateriais torna-se uma opção viável para a aceleração do processo de reparação óssea após a enucleação de lesões císticas. Entretanto, deve-se ponderar vantagens e desvantagens de cada material e das técnicas empregadas1. O propósito deste trabalho é apresentar o caso da exérese cística num paciente pela técnica da enucleação da lesão, seguida da utilização da membrana de polipropileno. Descrição do caso Paciente do género masculino, leucoderma, de 39 anos, compareceu na clínica com queixa de lesão em gengiva. Clinicamente foi observada uma fístula mucogengival e alteração cromática do dente 11 (fig. 1), bem como abaulamento da cortical palatina na região dos dentes 11 e 12 (fig. 2).

Fig. 1. Presença de fístula mucogengival e descoloração do incisivo central superior direito.

Radiograficamente, observou-se imagem radiotransparente sugestiva de lesão cística na região periapical dos dentes 11 e 12 (figs. 3 e 4). O dente 11 apresentou tratamento endodôntico realizado e o dente 12 apresentou vitalidade pulpar. Recomendou-se a exérese cística por meio da técnica de enucleação da lesão e sugeriu-se o uso da membrana de polipropileno para acelerar o processo de regeneração óssea na região. O paciente concordou e assinou o termo de consentimento do plano de tratamento. Sob anestesia local infiltrativa à distância pela vestibular e palatina, realizou-se a incisão sobre a linha mucogengival entre a mesial do dente 11 e a mesial do dente 12 na face vestibular. Após o afastamento e rebatimento do retalho mucoperiosteal, e observada a reabsorção da cortical externa, a lesão foi enucleada e a cavidade óssea devidamente lavada com soro fisiológico 0,9% (fig. 5). Foi estimulado o preenchimento de coágulo sanguíneo da cavidade óssea (fig. 6).

Fig. 2. Abaulamento da cortical palatina entre os incisivos central e lateral superiores direitos.

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Ciência e prática

Fig. 3. Lesão de aspeto cístico radiotransparente entre os incisivos central e lateral superiores direitos.

Fig. 5. Exposição da lesão óssea após retalho mucoperiosteal.

Fig. 4. Radiografia periapical apresentando aspeto radiotransparente entre os incisivos central e lateral superiores direito.

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Fig. 6. Preenchimento da cavidade óssea com conteúdo sanguíneo após a enucleação da lesão cística.


Ciência e prática

mole, exibindo intenso infiltrado inflamatório composto predominantemente por macrófagos espumosos e mononucleares. Também se observaram vasos sanguíneos de vários tamanhos. O diagnóstico final foi: processo inflamatório crónico inespecífico (granuloma dental).

Decorridos 10 dias do procedimento cirúrgico, removeram-se as suturas remanescentes e a membrana (figs. 9 a 11), e o sítio cirúrgico (fig. 12) foi novamente suturado. Após sete dias, removeram-se as suturas remanescentes (figs. 13 e 14). Não se reportaram alterações ou complicações pós-cirúrgicas.

Fig. 7. Adaptação e colocação da membrana de polipropileno sobre a cavidade óssea.

Fig. 8. Sutura na região.

Fig. 9. Fragmentos da lesão cística, encaminhados ao exame anátomo-patológico.

Fig. 10. Pós-cirúrgico (10 dias).

Fig. 11. Remoção da membrana de polipropileno após a remoção das suturas (10 dias).

Fig. 12. Leito cirúrgico, devendo ser suturado novamente.

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Ciência e prática

Fig. 13. Pós-cirúrgico (sete dias) após a remoção da membrana.

Fig. 14. Remoção da sutura (sete dias) após a remoção da membrana.

Reavaliou-se o paciente após seis meses do procedimento cirúrgico, com total reparação do leito cirúrgico. No exame imaginológico (radiografias panorâmica e periapical), observou-se reparação cirúrgica avançada na região da cavidade óssea (figs. 15 e 16). Discussão A hipótese de se utilizar ou não os materiais está associada às complicações pós-cirúrgicas, tais como riscos de fraturas patológicas, recorrência das lesões e perda de função pela dificuldade de reabilitação. A taxa de recorrência de lesões císticas após a enucleação foi estimada entre 11 a 18%3. Entretanto, segundo Perjuci et al.1 (2018), o uso de enxertos ósseos reduz o risco de fraturas espontâneas após a enucleação de grandes lesões císticas. Após a enucleação, os defeitos ósseos causados por lesões císticas pequenas (20 a 30 mm) apresentam densidade compatível com a regeneração óssea espontânea após 12 meses, enquanto que em lesões de grandes dimensões (maiores de 30 mm) apresentam a sua reparação geralmente após 24 meses1,2. O aumento da densidade óssea foi significativamente maior nos primeiros seis meses em comparação aos meses subsequentes1. Chacko et al.3 (2015) demonstraram que, por meio da análise digital das radiografias pós-cirúrgicas, houve redução do tamanho da cavidade residual de 25,85% após seis meses, 57,13% após nove meses, 81,03% após um ano e 100% após dois anos. Os autores sugeriram que a reparação óssea após enucleação de lesões císticas não depende do emprego de enxertos autógenos ou substitutos ósseos. Ainda recomendaram que não há necessidade do fortalecimento do osso com materiais de reposição para evitar fraturas patológicas da mandíbula. Entretanto, o favorecimento da aceleração do processo da reparação de grandes defeitos ósseos, utilizando-se o preenchimento com substitutos ósseos ou não, torna-se um dilema1,3. Frente a diversas vantagens e desvantagens, deve-se avaliar a melhor técnica e material.

Fig. 15. Regeneração óssea após seis meses da exérese cística.

Fig. 16. Regeneração óssea após seis meses da exérese cística (radiografia periapical).

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Ciência e prática

Ainda que o enxerto ósseo autógeno seja determinado como padrão ouro, apontam-se algumas desvantagens como tempo prolongado da cirurgia (tempo de colheita do enxerto, tempo de preparo do leito doador e recetor), morbidade do sítio doador, disponibilidade limitada de osso, quando da necessidade de reabastecer grandes defeitos, bem como a sua reabsorção. Consequentemente, materiais aloplásticos e xenógenos podem auxiliar no preenchimento dos defeitos ósseos após a enucleação das lesões císticas como alternativa aos enxertos autógenos. Apesar de reduzir a morbidade e riscos às complicações, os materiais aloplásticos apresentam como desvantagem as limitações de seu uso, visto que demonstram atividade osteogénica reduzida, pois necessitam ser inicialmente reabsorvidos e subsequentemente substituídos por novo tecido osteogénico, acabando por atrasar o processo de reparação óssea. Constatou-se que aproximadamente 20% dos casos com grandes defeitos tratados por enxertos xenógenos apresentaram falhas1. A Regeneração Óssea Guiada pretende selecionar células especializadas, compatíveis com a formação do novo tecido ósseo, por meio de osteoblastos, na cavidade óssea pós-enucleação cística, impedindo a movimentação do coágulo necessário para a angiogénese, quimiotaxia e neoformação de tecido de granulação, que culminará com a reparação óssea local e preenchimento da região com tecido ósseo maturado4-9. Adicionalmente, procedimentos utilizando técnicas regenerativas podem favorecer a manutenção da vitalidade pulpar em dentes adjacentes as lesões císticas2, como se apresentou neste relato de caso, com a manutenção da vitalidade pulpar do dente 12. Após a enucleação da lesão cística, a loja óssea torna-se uma cavidade preenchida por sangue proveniente dos vasos periodontais e feixe vásculo-nervoso apical rompidos. Devido a hemostasia e discreta participação da microbiota bucal e de enzimas salivares, evidencia-se a depressão do coágulo superficial. Estas condições, bem como manobras físicas hemostáticas transcirúrgicas (compressão física), podem favorecer a remodelação óssea e aumentar a reabsorção óssea pós-enucleação da lesão cística4-9. Assim como em outros procedimentos cirúrgicos (exodontia e instalação de implantes), vários materiais foram pesquisados com a intenção de ajudar na imobilização do coágulo, selecionar células viáveis, impedir a penetração bacteriana e manter um ambiente adequado, sem mudanças bruscas de temperatura. Busca-se a formação fisiológica da rede de fibrina, com quimiotaxia de células responsáveis pela angiogénese, migração de células indiferenciadas que competirão para ocupar o seu sítio proliferativo, promovendo mudanças secretórias e originando os tecidos de granulação, cuja diferenciação e síntese de matriz extracelular, pas-

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sível de mineralização e maturação, desenvolver-se-ão até os tecidos ósseos maduros4-9. Nesta perspetiva, utilizaram-se telas de ouro, mamona e politetrafluoretileno, não atingindo plenamente as características consideradas ideais para o uso promissor e seguro de uma membrana. Entre as características esperadas por esse material, encontram-se impermeabilidade; resistência; possibilidade de ser recortada com tesoura; apresentar maleabilidade; ter baixo custo; não necessitar de parafusos, telas compressivas ou tachas para fixação; podendo ser exposta ao meio bucal; favorecer contacto passivo das bordas do retalho; ser conservadora por não necessitar do emprego de incisões relaxantes; assentar passivamente; podendo ser removida com facilidade, caso necessário; e, atender as necessidades da técnica de regeneração óssea guiada, para preservação e funcionalidade dos ossos maxilares4-9. Além disso, a membrana de polipropileno oferece ainda outras vantagens, tais como a indicação de exposição intencional da membrana ao meio bucal; os retalhos devem ser mantidos distantes entre si; não há necessidade do emprego de outros biomateriais no interior do alvéolo, apenas o coágulo sanguíneo; sem maiores investimentos em instrumentais; sem necessidade de ser hidratada previamente; não sofre alterações dimensionais durante o periodo de permanência no leito cirúrgico; pode utilizar-se qualquer tipo de sutura; é totalmente impermeável; pode remover-se entre sete e 10 dias; não adere aos tecidos; a superfície interna promove adsorção do sangue; pode utilizar-se em casos de implantes imediatos; permite a regeneração simultânea de tecido ósseo e tecido queratinizado; dificulta a acumulação de biofilme dentário e detritos alimentares4-9. Todas essas características observaram-se no presente caso. A única desvantagem observada diz respeito à necessidade da sua remoção decorridos sete a 10 dias pós-cirúrgicos, com a necessidade de se anestesiar a região e proceder a nova sutura. A membrana de polipropileno apresentada no caso clínico dispõe de todas as características intrínsecas de um material com competência reparativa e regenerativa, proporcionando alternativa condizente na prática clínica atual. A membrana de polipropileno foi indicada originalmente após exodontias com vista à futura instalação de implantes osseointegrados4-9. Ainda vem sendo utilizada como membrana totalmente oclusiva após técnica de enxertia em seio maxilar, evitando-se a invaginação tecidual10,11; Regeneração Óssea Guiada em defeitos de uma parede óssea12-19. Recentemente, a membrana de polipropileno foi aplicada associada aos enxertos xenógenos e de tecido conjuntivo, prévios a reabilitação com implante osseointegrado20. A partir deste relato, bem como outros da nossa casuística, apresentamos o primeiro caso da utilização da membrana de polipropileno favorecendo a aceleração da reparação óssea.


Ciência e prática

Conclusão Este caso ilustra mais uma nova e promissora indicação da membrana de polipropileno, após a enucleação de lesões císticas para acelerar a reparação óssea. O processo de reparação óssea é simples na sua essência e apresenta enorme percentagem de sucesso per si. Contudo, o estudo da regeneração tecidual criou novas possibilidades no que concerne ao controlo da osteopromoção, por intermédio do uso de membranas de polipropileno. O baixo custo, a facilidade de acesso e manipulação e o controlo participativo na fisiologia tecidual faz com que a técnica seja uma alternativa potencial na minimização da reabsorção óssea ou mesmo na imobilização do coágulo, favorecendo a aceleração da reparação óssea e compondo o arsenal terapêutico do médico dentista.

Bibliografia 1. Perjuci F, Ademi-Abdyli R, Abdyli Y, Morina E, Gashi A, Agani Z, Ahmedi J. Evaluation of spontaneous bone healing after enucleation of large residual cyst in maxila without graft material utilization: case report. Acta Stomatol Croat 2018 Mar; 52(1): 53-60. 2. Tian FC, Bergeron BE, Kalathingal S, Morris M, Wang XY, Niu LN, Tay FR. Management of large radicular lesions using decompression: A case series and review of the literature. J Endod 2019 Mar 1; pii: S0099-2399(18)30874-4. 3. Chacko R, Kumar S, Paul A, Arvind. Spontaneous bone regeneration after enucleation of large jaw cysts: A digital radiographic analysis of 44 consecutive cases. J Clin Diagn Res 2015 Sep; 9(9): ZC84-9. 4. Pedron IG, Salomão M, Bispo LB. Regeneração óssea guiada com membrana de polipropileno na preservação alveolar pós-exodontia prévia a futura instalação de implante osteointegrado. Rev Maxillaris Portugal 2017; 83(10): 36-45. 5. Pedron IG, Bispo LB, Salomão M. Selective polypropylene membrane: alveolar behavior in post-extraction repair with a view to the future installation of osseointegrated implants. Italian Journal of Dental Medicine 2018; 3(2): 33-8. 6. Pedron IG, Magno Filho LC, Salomão M, Varoli FP, Al-Juboori MJ. Guided bone regeneration with polypropylene membrane associated with dental implant placement. J Health Sci Inst 2018; 36(4): 275-80. 7. Pedron IG, Salomão M. Polypropylene membrane in post-extraction alveolar repair with a future perspective on osseointegrated implants. Implants - International Magazine of Oral Implantology 2019; 20(1): 10-15. 8. Pedron IG, Salomão M. Cosmetic & Implants. China 2019 (1): 17-20. 9. Pedron IG, Salomão M, Medeiros JMF, Shitsuka C, Magno Filho LC. Placement of dental implant after use of guided bone regeneration with polypropylene membrane. Scientific Archives of Dental Sciences 2019; 2(8): 25-30. 10. Lacerda EJR, Lacerda HM, Salomão M. Invaginação de tecido conjuntivo após levantamento do seio maxilar, uso de biomateriais e implante tardio: resolução cirúrgica em um caso clínico. ImplantNews 2012; 9(6): 843-50.

11. Borges FL, Dias RO, Piattelli A, Onuma T, Cardoso LAG, Salomão M, Scarano A, Ayub E, Shibli JA. Simultaneos sinus membrane elevation and dental implant placement without bone graft: A 6-month follow-up study. J Periodontol 2011; 82(3): 403-12. 12. Salomão M, Cunha J, Morales RJ, Siqueira JTT. Regeneração óssea guiada com barreira de polipropileno intencionalmente exposta ao meio bucal. Rev Catarinense Impl 2012; 12(14): 65-8. 13. Zeppini LAS. Barreira de polipropileno - Uma nova abordagem para regeneração óssea guiada (ROG). Rev Odontol (ATO) 2014; 14(5): 301-7. 14. Salomão M, Alvarez FK, Siqueira JTT. Regeneração óssea guiada em defeitos extensos pós-exodontias utilizando membrana exposta ao meio bucal. ImplantNews 2010; 7(6): 753-59. 15. Salomão M, Siqueira JTT. Uso de barreira de polipropileno pós exodontia. Relato de três casos clínicos. Rev Bras Impl 2009; 15(2): 12-5. 16. Salomão M, Siqueira JTT. Regeneração óssea guiada através de barreira exposta ao meio bucal após exodontias. Rev Bras Impl 2010; 16(3): 5-7. 17. Salomão M, Siqueira JTT. Recuperação do rebordo alveolar através de barreira exposta ao meio bucal. Novo paradigma? Rev Catarinense Impl 2010; 10(12): 26-8. 18. Salomão M, Siqueira JTT. Uso de barreira exposta ao meio bucal para regeneração óssea guiada após exodontia. Rev Assoc Paul Cir Dent 2010; 64(3): 184-8. 19. Silva BCR, Salomão M, Siqueira JTT. Regeneração de defeito ósseo extenso pós-exodontia para instalação de implante osteointegrável com uso de barreira intencionalmente exposta ao meio bucal. Relato de caso. Rev Catarinense Impl 2013; 13(15): 54-7. 20. Salomão M, Junior POT, Fonseca MB. Caso clínico - Regeneração óssea guiada utilizando barreira de polipropileno (Bone Heal®), associado a enxerto xenógeno (BIO-OSS®) e enxerto de tecido conjuntivo, otimizando a reabilitação com implante dental. Rev Catarinense Impl 2016; 18(17): 42-4.

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O SONO EM MEDICINA ORAL

Miguel Meira e Cruz

A MAXILLARIS estreia nesta edição uma secção dedicada aos contornos do sono em Medicina Oral, da autoria do reputado especialista Miguel Meira e Cruz, com vasto currículo neste domínio: mestre em Ciências do Sono pela Faculdade de Medicina de Lisboa; pós-graduado em Medicina do Sono pelo Royal College of Edimburgh (Escócia); titular do Master em Fisiologia e Medicina do Sono pela Universidade Pablo Olavide (Sevilha); pós-graduado em Doenças Respiratórias e do Sono na Criança pela Faculdade de Medicina de Lisboa; coordenador da Unidade de Sono do Centro Cardiovascular da Universidade de Lisboa; professor visitante estrangeiro da Faculdade São Leopoldo Mandic (Campinas, Brasil); diretor do Centro Europeu do Sono; presidente da Associação Portuguesa de Cronobiologia e Medicina do Sono e vice-presidente da Sociedade Ibero-Americana de Medicina Oral do Sono.

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O SONO EM MEDICINA ORAL

Bruxismo como primeira manifestação de perturbação respiratória durante o sono Apresenta-se o caso de uma mulher, de 67 anos, obesa (IMC = 36 kg/m), com queixa de dor dentária generalizada, dor muscular e cansaço intenso na face, manifestado bilateralmente, e iniciando logo após o despertar matinal com evolução de vários anos. Na história pregressa e atual foi de salientar a presença de hipertensão controlada, dislipidémia, úlcera péptica e osteoartrite, com medicação em curso destinando-se ao controlo da hipertensão arterial, colesterol e proteção gástrica. No exame clínico apresentava algum desgaste dentário e queixa de despertares frequentes durante a noite e de ressonar intenso apesar de ausência de pausas respiratórias óbvias testemunhadas.

Diagnóstico Foi aplicado Questionário de Berlim (QB), que mede a probabilidade de apneia do sono, o Índice de Qualidade do Sono de Pittsburgh (PSQI), que avalia a qualidade de sono no último mês, e a Escala de Sonolência de Epworth (ESE), que estima a sonolência diurna excessiva. A hipótese diagnóstica foi de Bruxismo do Sono (BS) comorbida com Síndrome de Apneia Obstrutiva do Sono (SAOS). O exame poligráfico cardiorrespiratório durante o sono (estudo de sono nível III) foi solicitado e o diagnóstico foi de BS secundário a SAOS moderada.

Fig 1. Estatus clínico oral da paciente no momento do diagnóstico.

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O SONO EM MEDICINA ORAL

Fig. 2. Estudo poligráfico do sono (nível 3). Diagnóstico: época de cinco minutos evidenciando a sincronia entre os eventos respiratórios (ronco, apneias e hipopneias) e motores (bruxismo).

Fig. 3. Estudo poligráfico do sono (nível 3) terapêutico (com APAP a 4/12 Cm H2O; P90 = 6 cm H2O): época de cinco minutos sem ocorrência de eventos notados anteriormente.

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O SONO EM MEDICINA ORAL

Terapêutica

Conclusão

Recomendou-se o uso de pressão positiva na modalidade CPAP (Continuous Positive Airway Pressure) com máscara nasal, verificando-se um resultado eficaz tanto para o controlo da AOS (IAH, IDO, Tempo de Ressonar) como do RMMA/BS (tabela 1). Também se observou melhoria nos scores de todos os questionários com o uso do CPAP (tabela 2).

Conclui-se que a presença do bruxismo do sono pode ser a primeira e principal manifestação da SAOS. Os sintomas relacionados ao BS devem ser adequadamente avaliados dentro de um contexto global que inclua a avaliação do sono, da função diurna e noturna, durante o sono. Nos casos em que o BS coexista com SAOS, pese a dificuldade em garantir a relação causal e consequentemente a definição inequívoca da condição primária, o tratamento da SAOS é, para além de indicado, favorável ao controlo do BS.

Tabela 1. Dados da PSG pré e com CPAP. PSG III

Diagnóstico

Com CPAP

IAH

18.0

0.9

IDO

18.0

0.9

SaO2 média %

94

95

Tempo de Ressonar

43.3

0.0

RMMA

10.6

1.8

IAH: índice de apneia/hipopneia; IDO: índice de dessaturação da oxihemoglobina; SaO2: saturação da oxihemoglobina; RMMA: atividade de movimento mastigatório rítmico repetitivo/bruxismo.

Tabela 2. Resultados da avaliação subjetiva pré e com CPAP. Questionários

Diagnóstico

Com CPAP

PSQI

7

3

QB

Risco Alto de SAOS

Risco Baixo de SAOS

ESE

13

2

ESE: escala de sonolência de Epworth; QB: questionário de Berlim; PSQI: índice de qualidade do sono de Pitsburg.

Bibliografia Meira e Cruz M, Rebocho S, Drummond M. Sleep Bruxism as the main manifestation of sleep disordered breathing – case report. Sleep Medicine. 2013; 14(1): e103-e104.

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de Medicina Oral

Germán Esparza Gómez Médico estomatologista. Doutorado em Medicina e Cirurgia. Professor titular de Medicina Oral. Departamento de Medicina e Cirurgia Bucofacial. Faculdade de Odontologia, Universidade Complutense de Madrid (Espanha). medoral@infomed.es

Responda a esta pergunta em: www.maxillaris.com/foro-20200918Quiz-de-Medicina-Oral-(16).aspx

16

A observação da lesão da imagem, em princípio, a que diagnóstico clínico mais provável corresponderia? A. Papiloma. B. Rânula. C. Fibroma. D. Linfangioma.

A solução publicar-se-á de forma imediata no site e em formato impresso no próximo número.

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Quiz de Medicina Oral

Solução do Quiz no 15 (abril/maio 2020)

A resposta correta é a B:

Informar o paciente da sua condição.

Trata-se de uma língua fissurada. A língua fissurada é uma entidade benigna e inconsequente que não requer nenhum tratamento específico para além de informar o paciente da sua natureza. É uma condição muito frequente, de etiologia desconhecida, que produz profundidades excessivas dos sulcos e dobras que estão presentes na superfície lingual em condições fisiológicas. Geralmente, não provoca nenhum sintoma e só alguns pacientes se queixam de sensação de ardor ao introduzirem-se determinados alimentos na profundidade dos sulcos. Deve recomendar-se sempre escovar o dorso lingual para evitar o depósito de restos nos sulcos que possam atuar como uma fonte de irritação. Na opinião de alguns autores, e à semelhança do que sucede com a língua geográfica, não deve ser considerada como uma condição patológica, mas antes como uma variação da normalidade.

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CLINICAL STUDIES FOR ALL DENTAL SPECIALTIES WRITTEN BY THE MAIN EXPERTS IN THE SEVERAL BRANCHES OF DENTISTRY.

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Calendário

CIRURGIA ORAL

IMPLANTOLOGIA

Exodontia dos terceiros molares inclusos

Gestão de tecidos leves em torno dos implantes

O Centro de Formação Contínua da Ordem dos Médicos Dentistas agendou para o dia 19 deste mês um curso de fim de dia em regime de transmissão online, subordinado ao tema “Abordagem clínica da exodontia dos terceiros molares inclusos”, ministrada pelo médica dentista Joana Saraiva Amaral . Neste curso pretende-se apresentar o estado da arte das diferentes abordagens cirúrgicas na extração de terceiros molares inclusos e semi-inclusos, bem como as suas indicações, vantagens e desvantagens, complementada com a apresentação de alguns casos clínicos.

Ao abrigo do programa do congresso online SPEMD NextGen 2020, que se celebra este mês, no próximo dia 15 terá lugar um webinário subordinado ao tema “Gestão de tecidos leves em torno dos implantes: de um simples dente à reabilitação de um arco completo”. Esta sessão, agendada para as 21.30 horas da citada data, tem como orientador o médico dentista espanhol Ramón Gómez Meda, que nos últimos anos desenvolveu uma intensa atividade como orador internacional sobre periodontia, implantologia, estética e tratamentos multidisciplinares nos principais congressos, grupos de estudo e sociedades profissionais da Europa, América e Ásia.

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DESTAQUE

SPPI realiza reunião anual em fevereiro de 2021

Sociedade Portuguesa de Periodontologia e Implantes www.sppi.pt

A reunião anual da Sociedade Portuguesa de Periodontologia e Implantes (SPPI) vai ter lugar nos dias 5 e 6 de fevereiro do próximo ano, no Centro de Congressos de Aveiro, depois de a edição deste ano ter sido adiada devido à atual conjuntura de pandemia, provocada pelo surto de COVID-19. O programa prevê-se sem alterações relativamente ao cartaz que estava previsto para este ano, e centrar-se-á nos principais desafios da prática clínica atual da periodontologia e da implantologia. O primeiro dia da reunião será dedicado a cursos hands-on, ao passo que a segunda jornada será preenchida com palestras de oradores de renome, tais como Sofia Aroca, que é uma das referências mundiais em cirurgia plástica periodontal e, nomeadamente, no tratamento de recessões gengivais. Da Universidade Complutense de Madrid (Espanha) virão Ignacio Sanz Sánchez e Ana Molina Villar. De França, e em representação da Sociedade Francesa de Periodontologia e Implantologia Oral, espera-se a presença de Frédéric Gadenne. Os oradores portugueses serão António Mano Azul e Pedro Moura.

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Calendário

ORTODONTIA

ORTODONTIA

Experto em ortodontia, pós-graduação de dois anos

Desenho e desenvolvimento de alinhadores

A ORTOCERVERA, líder em ortodontia digital, agendou para os dias 25 a 27 de março próximo, em Madrid (Espanha), a 91ª edição da pós-graduação em ortodontia “Experto em ortodontia”, orientada pelo especialista espanhol Alberto Cervera. O programa desta pós-graduação, com a duração de dois anos, divide-se em nove módulos presenciais e complementa-se com sessões clínicas online. Abrange as seguintes áreas: protocolo de diagnóstico e tratamento, estudos de síndromas clínicos, práticas em simuladores com brackets metálicos, estéticos e alinhadores, e práticas clínicas tutorizadas.

A ORTOCERVERA, líder em ortodontia digital, organiza em Madrid (Espanha), nos dias 15 a 17 deste mês, o curso de formação “Desenho de alinhadores”, orientado pelo médico dentista espanhol Alberto Cervera. Esta formação complementa o programa “Experto em ortodontia”, também com a chancela da ORTOCERVERA, e tem como finalidade transmitir conhecimentos na área do desenho e desenvolvimento das distintas fases de tratamento com alinhadores. Inclui práticas com simulador de alinhadores.

(0034) 915 541 029 - www.ortocervera.com

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ORTODONTIA Desenho de alinhadores para técnicos de prótese

Novos conceitos em periodontologia

A ORTOCERVERA, líder em ortodontia digital, organiza regularmente, em Madrid (Espanha), o curso de formação “Desenho de alinhadores para técnicos de prótese”, orientado pelo médico dentista espanhol Alberto Cervera. Esta formação destina-se tanto a técnicos de prótese que já estão familiarizados com a área da ortodontia como a profissionais sem experiência neste domínio, que pretendem conhecer as possibilidades que as técnicas com alinhadores oferecem.

O Centro de Formação Contínua da Ordem dos Médicos Dentistas (OMD) tem agendado para o próximo dia 31 deste mês mais uma sessão formativa em regime de transmissão online, desta feita subordinada ao tema “Periodontologia: novos conceitos e sua aplicação clínica”, que terá como orientador o médico dentista Ricardo Castro Alves. Especialista em Periodontologia pela OMD, Ricardo Castro Alves é regente das unidades curriculares de Periodontologia do Instituto Universitário Egas Moniz, onde também é docente da Pós-Graduação em Periodontologia Clínica Internacional.

(0034) 915 541 029 - www.ortocervera.com

226 197 690 - formacao@omd.pt

A próxima edição do congresso anual da Ordem dos Médicos Dentistas (OMD) vai realizar-se, pela primeira vez, em formato online, nos dias 27 e 28 de novembro. Face às condições associadas à pandemia de Covid-19, o Conselho Diretivo da OMD decidiu apostar num evento virtual e imersivo na última sexta-feira e sábado do próximo mês. A médica dentista Célia Coutinho Alves preside à comissão organizadora deste evento que adota na 29ª edição um inovador formato online, possibilitando a participação de todos a partir de qualquer local e em segurança, e de forma a continuar a mostrar, debater e valorizar a Medicina Dentária em Portugal. O congresso irá viver esta edição centralizado numa plataforma online desenvolvida de raiz para o efeito e acessível por desktop e mobile, disponibilizando conteúdos genéricos, bem como conteúdos exclusivos para os participantes inscritos. Os stands da Expodentária ganham vida num showroom virtual que proporcionará aos visitantes uma experiência imersiva e aos expositores a possibilidade de idealizar um espaço de contacto com os médicos dentistas e de apresentação das suas novidades.

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29º congresso da OMD realiza-se em novembro em formato online

Ordem dos Médicos Dentistas www.omd.pt

DESTAQUE

PERIODONTOLOGIA


Calendário

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IV Meeting SOPIO realiza-se em maio

Congresso da SPEMD regressa a Coimbra em 2021

O IV Meeting da Sociedade Portuguesa de Implantologia e Osteointegração (SOPIO), que esteve agendado para o passado mês de maio, no Auditório do Fórum Tecnológico de Lisboa, mas foi adiado devido à presente situação de pandemia associada ao novo coronavírus, já tem nova data marcada: vai ter lugar no dia 22 de maio do próximo ano. A comissão organizadora do encontro, presidida pelo médico dentista Gonçalo Assis, adianta que irá tentar manter o cartaz científico que estava previsto para este ano, composto pelo seguinte leque de oradores: Liliana Silva, Pedro Moura, Stefano Parma-Benfenati, Ramón Gómez Meda, André Chen, João Mouzinho e Tiago Marques

O XL congresso da Sociedade Portuguesa de Estomatologia e Medicina Dentária (SPEMD) foi adiado, devido à pandemia de COVID-19. O próximo encontro anual da centenária sociedade científica, por sinal a mais antiga do setor dentário na Península Ibérica, deverá celebrar-se no segundo fim de semana de outubro de 2021, em Coimbra. O congresso da SPEMD voltará a reunir no emblemático Convento de São Francisco da cidade dos estudantes cerca de um milhar de participantes, entre oradores e profissionais de todas as áreas da saúde oral, bem como algumas dezenas de representantes da indústria dentária. www.spemd.pt

www.sopio.pt

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Próxima IDS agendada para meados de março

XXXII reunião da SPODF celebra-se em abril de 2021

A próxima edição da IDS, a principal feira mundial da indústria dentária que se celebra de dois em dois anos em Colónia (Alemanha), está agendada para os dias 9 a 13 de março do próximo ano. As últimas inovações em produtos, serviços e tecnologia nas diferentes áreas da Medicina Dentária vão ser, como habitualmente, exibidas durante cinco dias no amplo recinto de feiras da referida cidade alemã (Kolnmesse). Para além da vertente comercial, a IDS proporciona, ao abrigo da modalidade Speaker´s Corner, sessões formativas com oradores de renome mundial.

A XXXII reunião científica anual da Sociedade Portuguesa de Ortopedia Dento-Facial (SPODF) vai ter lugar de 15 a 17 de abril de 2021, depois de ter sido adiada (estava prevista para abril deste ano) devido aos constrangimentos provocados pela pandemia de COVID-19. O cenário deste congresso manter-se-á o pavilhão Altive Arena de Braga, de acordo com a respetiva comissão organizadora que assegura que tudo fará para manter o excelente “cartaz” científico que tinha programado para este ano. Para já, confirma-se que a pré-reunião continuará a ter como protagonista James A. Mcnamara.

www.english.ids-cologne.de

secretariado@spodf.pt

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Expodental de Madrid adiada para 2022

Jornadas internacionais em formato online

O Salão Internacional de Equipamentos, Produtos e Serviços Dentários (Expodental), que se realiza de dois em dois anos em Madrid, adiou para 2022 a edição que estava prevista para este ano. Esta decisão foi tomada pela comissão organizadora da Expodental no contexto atual gerado pela pandemia de COVID-19. A organização do certame decidiu manter a mesma estrutura que a prevista para este ano, pelo que a feira celebrar-se-á nos pavilhões 2, 4, 6 e 8 do recinto de feiras de Madrid. À partida, também se manterá a misma distribuição e atribuição de espaços de 2020. Em 2022, os reponsáveis da Expodental esperam atrair a atenção dos profissionais do setor, dentro e fora de Espanha, e superar os 31.000 visitantes da última edição.

As XXVIII Jornadas Internacionais de Medicina Dentária do Instituto Universitário Egas Moniz, que estavam programadas para o passado mês de março e foram adiadas devido à pandemia de COVID-19, vão realizar-se em formato online no dia 21 do próximo mês de novembro, em conformidade com as orientações da Direção-Geral de Saúde. A organização irá proporcionar aos patrocinadores uma massiva publicidade nas redes sociais e irá ainda ser criado um stand virtual onde os congressistas poderão consultar informações acerca dos patrocinadores do evento, garantindo vários palestrantes de renome quer nacional quer internacional e trabalhando para ser uma iniciativa online que marque pela diferença e que seja um verdadeiro sucesso.

www.ifema.es

www.xxviiijinternacionais@gmail.com

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WCDT Lisboa adiado para junho de 2021

Congresso da APHO reagendado para janeiro de 2021

O 21º World Congress in Dental Traumatology (WCDT), que estava agendado para o passado mês de junho no Centro de Congressos de Lisboa, mas foi adiado devido à pandemia de COVID-19, vai realizar-se de 2 a 5 de junho do próximo ano no mesmo recinto lisboeta. A organização local deste evento internacional está a cargo da Sociedade Portuguesa de Endodontologia, presidida por António Ginjeira, em parceria com a International Association of Dental Traumatology (IADT) e a European Society of Endodontology (ESE).

Com os recentes desenvolvimentos que afetam o normal panorama de saúde pública, a Associação Portuguesa de Higienistas Orais (APHO) analisou o assunto globalmente, atendendo às recomendações nacionais e internacionais, tendo decidido adiar o seu XX congresso nacional, que estava previsto realizar-se em abril passado. A direção da APHO e a comissão organizadora do congresso tomaram esta decisão com o objetivo de assegurar as melhores condições de segurança e a saúde de todos os intervenientes. A nova data prevista será os dias 29 e 30 de janeiro de 2021, mantendo-se o local da sua realização (Lisboa) e o programa científico.

www.wcdt2021.com

www.apho.pt

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Barcelona Dental Show é nova plataforma de negócios

Aplicação clínica do avanço mandibular para o tratamento do SAHS

O certame Barcelona Dental Show é a nova plataforma de negócios do setor, em território espanhol, que de 27 a 29 de maio do próximo ano reunirá médicos dentistas, técnicos de prótese, higienistas orais e estomatologistas, em busca dos parceiros clínicos que lhes ofereçam as inovações para levar os seus negócios a uma dimensão médica e empresarial. Barcelona acolherá este novo evento profissional onde se exibirão as últimas soluções para a transformação das clínicas e laboratórios, e marcarão presença os líderes e a inovação em saúde oral.

A ORTOCERVERA, líder em ortodontia digital, organiza este curso personalizado, ministrado por Mónica Simón Pardell, em Madrid (Espanha), para o correto enfoque terapêutico dos transtornos respiratórios obstrutivos do sono. Este curso obedece ao seguinte programa: introdução ao SAHS (conceitos básicos e definições), protocolo diagnóstico odontológico do SAHS, tratamento do SAHS, algoritmo do tratamento do SAHS, toma de registos e individualização de parâmetros para a confeção de um dispositivo de avanço mandibular (DAM), aplicação com casos práticos e curso personalizado e “a la carta”.

info@dentalshowbcn.com.pt

(0034) 915 541 029 - www.ortocervera.com

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ARRENDO CONSULTÓRIO

IV congresso da SPDOF realiza-se em maio de 2021 Face à situação originada pela pandemia do novo coronavírus, a Sociedade Portuguesa de Disfunção Oro-Facial (SPDOF) decidiu adiar o congresso que esteve marcado para o passado mês de maio. A quarta edição do encontro transita, mantendo programa e local, para os dias 13 a 15 de maio de 2021, na Fundação Bissaya Barreto, em Coimbra. Todos os compromissos da SPDOF serão mantidos no que toca a palestrantes, patrocinadores, colaboradores e congressistas. A plataforma e o site do congresso continuarão ativos, a receber inscrições e resumos para as novas datas.

Edifício Mayflower, junto ao H.U.C. , na Av. Calouste Gulbenkian, Coimbra. É uma ex-clínica dentária, com 42 metros quadrados de área. Contacto: 933 462 697

www.spdof.pt

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Novidades

Sistema X-Guide introduz uma mudança na cirurgia

Linha de scanners Generation Red A 3Shape deu um novo impulso à odontologia digital com o recente lançamento da www.3shape.com/es/scanners/lab linha Generation Red de scanners de laboratório e novas versões de seu software Dental System e TRIOS Dental Desktop. Os populares scanners de laboratório E1, E2 e E3 foram atualizados para a mesma plataforma de digitalização de última geração do scanner E4, fornecendo velocidade 20% mais rápida. Projetados com um anel vermelho distinto, os leitores 3Shape Generation Red são agora muito mais produtivos com o mesmo preço de sempre. As atualizações do TRIOS Dental Desktop e do Sistema Dental incorporam grandes melhorias no desenho digital com os seus fluxos de trabalho mais flexíveis e de maior qualidade.

A cirurgia de implantes com navegação dinâmica 3D pressupõe uma mudança de paradigma na planificação e exewww.nobelbiocare.com cução previsível do tratamento com implantes para conseguir resultados ótimos. Implica uma mudança evolutiva na cirurgia guiada de implantes. Neste contexto, o sistema X-Guide realiza cirurgias à mão com uma guia 3D em tempo real para as suas fresas e implantes. Permite readaptar o plano traçado em qualquer momento durante a cirurgia, e habilita a cirurgia guiada no mesmo dia. Tal como permite exportar o plano de tratamento de implantes de DTX Studio Implant a X-Guide para cirurgia navegada 3D. Reduza o tempo de tratamento dos seus pacientes com X-Guide, o salto evolutivo da cirurgia guiada.

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Novidades

Lasermaq lança a inovadora fresadora Coritec 150i PRO

Inovador software DTX Studio Suite

www.lasermaq.pt A fresadora 150iPRO vai revolucionar o mercado das fresadoras híbridas compactas, com máxima flexibilidade e uma grande variedade de funcionalidades. Também está disponível nas versões DRY e DRY ECO, para quem procura um equipamento mais simples, apenas para fresar a seco ou um modelo mais básico visando um investimento mais económico. O novo equipamento apresenta, entre outras características, um corpo monobloco para máxima estabilidade e maior precisão possível, bem como tecnologia simultânea de cinco eixos que possibilita uma relação única entre o tamanho e funcionalidade da máquina. O seu poderoso Spindle de alta frequência de 0,75 kW pode atingir velocidades até 100.000 rpm presente em todas as versões com uma compressão de ar mínima. Outras mais-valias são as ferramentas de fresagem com um diâmetro do veio até 3 mm, a utilização de um suporte semiaberto (C-Clamp) que suporta a fresagem com ângulos extremamente amplos, o ionizador integrado e o sistema de arrefecimento totalmente integrado, não sendo necessário abastecimento exterior de água.

O software DTX Studio Suite é uma única e www.nobelbiocare.com potente plataforma que faz a ligação entre toda a equipa de tratamento, os dispositivos e as tecnologías, desde a clínica até ao laboratório, com várias funções em mente: capturar dados do paciente; diagnosticar, planificar e desenhar, e produzir. Este software foi desenhado para adaptar-se às necessidades individuais do profissional de Medicina Dentária, beneficiando a sua eficiência nos processos de trabalho. Produz restaurações incomparáveis com todo a equipa interligada do princípio ao fim.


Indústria

Malo Clinic tem novo presidente executivo

BioHorizons Camlog lança “Accelerate Bounceback”

A Malo Clinic entrou numa nova fase de desenvolvimento, tendo reforçado a sua equipa de gestão com a contratação de Pedro de Albuquerque Mateus para presidente executivo (CEO). O gestor tem como missão potenciar o desenvolvimento da Malo Clinic, que concluiu o seu processo de reorganização e revitalização e está agora preparada para explorar as oportunidades existentes no setor da Medicina Dentária. Pedro de Albuquerque Mateus é um gestor com percurso consolidado no setor da prestação de cuidados de saúde, tendo sido presidente executivo do Hospital Lusíadas Lisboa, administrador no Grupo Lusíadas Saúde/UnitedHealth Group e na Galilei Saúde, entre outras funções de gestão em vários grupos privados do setor.

DESTAQUE

Pedro de Albuquerque Mateus.

Henry Schein nomeada para lista da revista Fortune

www.henryschein.com

“Accelerate Bounceback” é uma iniciativa global da BioHorizons Camlog cujo objetivo é apoiar os profissionais da Medicina Dentária no relançamento do seu negócio e acelerar a chegada da nova normalidade da implantologia dentária. Através da sua rede de parceiros, põe à disposição dos profissionais do setor um conjunto de ferramentas pensadas para os ajudar a planificar a estratégia para reiniciar a atividade clínica, e uma vasta gama de produtos e soluções adaptados às necessidades atuais. Este projeto aborda temas como a segurança, a forma de chegar a pacientes novos e existentes, como maximizar o rendimento da clínica, tratamentos de vanguarda e uma seleção de seminários online gratuitos, entre outros.

www.maloclinics.com

https://www.biohorizonscamlog.com/Spain/Index

A Henry Schein anunciou que foi nomeada para a lista “Change the World” da revista Fortune, uma classificação anual das empresas que produziram impactos sociais positivos através de atividades que fazem parte da sua estratégia de negócio principal. A Henry Schein foi reconhecida por ter ajudado a criar a Cadeia de Abastecimento para o Combate à Pandemia (PSCN, do inglês Pandemic Supply Chain Network), que se traduz numa parceria público-privada estabelecida com o objetivo de salvar vidas, através do reforço da resiliência da cadeia de abastecimento global para a área da saúde, em resposta à pandemia. A Henry Schein desempenha a função de líder do setor privado na PSCN. Desde a fundação da PSCN, a empresa tem trabalhado intensamente para desenvolver uma plataforma que facilite a partilha de dados, a visibilidade no mercado e a coordenação operacional, no que se refere aos produtos para cuidados de saúde, com vista a promover uma adequação eficaz da oferta global à procura global. A Fortune avalia as empresas tendo em conta o seu impacto social mensurável, os seus resultados de negócio, o seu grau de inovação e o seu nível de integração empresarial.

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Indústria

Ivoclar Vivadent reforça prazo de garantia em IPS e.max A Ivoclar Vivadent oferece aos médicos dentistas e técnicos de prótese uma garantia de 10 anos nas restaurações IPS e.max recém colocadas. A garantia é válida desde 1 de julho de O laboratório receberá un reembolso único 2020 e aplica-se retroativamente ou a substituição do produto. durante cinco anos para as restaurações dentárias colocadas de forma permanente a partir del 1 de julho de 2015. O laboratório receberá um reembolso único ou a substituição do produto, ao passo que o médico dentista receberá um reembolso pela substituição ou reparação do trabalho prévio. Com mais de 150 milhões de restaurações, uma taxa de sobrevivência superior a 96% e mais de 15 anos de experiência, a Ivoclar Vivadent oferece confiança e tranquilidade adicionais. www.ivoclarvivadent.com

Inibsa aumenta produção de cartuchos de anestesia A Inibsa incorporou uma nova linha de enchimento de cartuchos de anestesia dentária com a qual amplia a sua capacidade de produção nesta categoria. Durante os dois últimos anos, a companhia esteve a trabalhar nas suas instalações no sentido de colocar e instalar novos equipamentos, que permitem à Inibsa consolidar a sua posição como segundo produtor de anestesia dentária à escala mundial. Com uma investimento de 10 milhões de euros, este novo reforço de produção permite à empresa aumentar em cerca de 37,5% a sua capacidade e alcançar o volume anual de 300 milhões de cartuchos de anestesia dentária. www.inibsa.pt

Dentsply Sirona triplica participação na sua formação Mais de 470.000 profissionais de saúde oral, entre médicos dentistas, higienistas e técnicos de prótese, participaram nas quase 15.000 atividades do foro formativo organizadas, Dentsply Sirona Academy reprogramou em 2019, pela Dentsply Sirona Aca- cursos em resposta à pandemia. demy, entre as quais se contam aulas em direto, cursos de capacitação sobre produtos, sessões destinadas a formadores, cursos autodidáticos, seminários online e workshops de formação prática. Em resposta à pandemia de Covid-19, a Dentsply Sirona Academy reprogramou rapidamente cursos presenciais, tais como seminários web e aprendizagem sob encomenda, e desde o início da crise de saúde pública global, e ao longo de dez semanas, mais de 377.000 personas oriundas dos quatro cantos do mundo registaram-se em 636 sessões online em directo. www.dentsplysirona.com

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