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Bruno Seabra Médico dentista e fotógrafo. Formador na área da fotografi a em Medicina Dentária. Diretor do Light Up Studio, com sede no Lumiar (Lisboa). fotografi a@maxillaris.com

Diferença entre os principais sensores existentes nas câmaras fotográ cas

Depois de termos falado do tipo de câmaras, interessa especificar um pouco a diferença existente entre os principais sensores existentes nas câmaras que usamos.

O que é o sensor?

No interior da câmara existe um sistema que é sensível à luz (daí o nome de sensor), que resumidamente capta a luz que entra através da objetiva e que a partir dessa informação cria uma imagem digital.

A superfície do sensor é coberta com milhões de sensores microscópicos chamados fotositos e cada um deles representa um píxel da imagem que é captada. Por exemplo, se uma câmara tiver 21 megapixéis no seu sensor digital, ela terá 5.616 pixéis de largura por 3.744 pixéis de altura (5.616 x 3.744 = 21.000).

Quanto maior for o número de pixéis existentes na superfície dos sensores, maior será a resolução da imagem, ou seja, maior o seu detalhe. A maior resolução pode então ser alcançada através do aumento da superfície e do número de pixéis ou então recorrer-se a pixéis de dimensões mais reduzidas (que é o caso extremo dos telemóveis que conseguem ter câmaras com grande resolução mas sensores muito pequenos por usarem pixéis muito pequenos).

Curiosidade: no final de 2019 a Xiaomi apresentou o primeiro smartphone com uma câmara de 108 megapixéis: o Mi Note 10 (sensor fabricado pela Samsung, mas que permitiu que a Xiaomi usasse primeiro nos seus smartphones).

Como é captada a imagem?

O sensor de imagem não tem capacidade para determinar a cor da luz incidente, apenas a sua intensidade. A cor é normalmente identificada pelo uso de um filtro de cores, geralmente organizado segundo um padrão, utilizando um filtro Bayer que separa as cores R (“Red”), G (“Green”) e B (“Blue”) para cada píxel e que depois as encaminha para a superfície do sensor.

Apesar de existirem vários tipos de sensores (CCD, CMOS), a maior parte das marcas atualmente utilizam sensores CMOS (Complementary Metal Oxide Semiconductor) que permitem obter imagens com melhor qualidade e com menos ruído e a um preço mais acessível.

E o tamanho do sensor interessa? FullFrame ou APS-C?

Entre as câmaras DSLR e mirrorless mais utilizadas, há principalmente dois tamanhos de sensor: APS-C (Advanced Photo System type-C) e Full Frame (FF).

O sensor FF tem um tamanho de 36 x 24 mm, que é o tamanho correspondente às peliculas que usávamos no tempo da fotografia analógica e daí o termo “full-frame”. Já o sensor APS- -C é mais pequeno e tem cerca de 23 x 15 mm.

Essa diferença relativa de dimensão entre os sensores vai proporcionar algumas alterações na captação da imagem como vamos ver de seguida.

Fig. 1. Do RGB à imagem. a) Luz visível atravessa fi ltro bloqueador de Infravermelhos. b) fi ltro bayer (com presença de dois fi ltros verdes para um vermelho e um azul) controla a cor da luz que chega ao sensor. c) Luz que chega é convertida em sinal elétrico. d) Sensor com milhares de pixéis. Adaptado de http://www.jthonline.com/WordPress/archives/7268.

Para o sensor APS-C temos:

Menor ângulo de visão

O seu tamanho mais pequeno regista uma parte menor da imagem que é gerada pela lente. Por isso nos referirmos a esses sensores de tamanho inferior como tendo um fator de corte (crop). No caso do APS-C corresponde a 1.5x, o que faz com que uma lente de 50 mm, por exemplo, seja equivalente a uma de 75 mm (50 x 1,5 = 75).

Fig. 2. Esquema com os principais sensores em câmaras fotográfi cas e comparação entre o seu tamanho, área e fator de corte associado.

Maior ampliação

A principal vantagem no fator de corte é que ao fazermos fotografias a uma longa distância, como animais na natureza, a capacidade da sua teleobjetiva será maior. Na Medicina Dentária isso permite também obter uma maior ampliação dos dentes relativamente ao sensor FF. Por outro lado, para fazer um retrato necessitamos de nos afastar mais do nosso paciente, o que pressupõe termos mais espaço no gabinete que normalmente já não é muito grande (fig. 3). Para o sensor Full-Frame temos:

Maior sensibilidade à luz - capacidade de utilização ISO mais elevada

Como o sensor é maior e o tamanho dos pixéis também, temos a possibilidade de captar mais luz através de um número ISO mais alto, e com menos ruído. Esse aumento da sensibilidade pode ajudar bastante em situações de baixa luminosidade. No entanto, na área da Medicina Dentária

Fig. 3. Comparação do comportamento dos sensores FF e APS-C relativamente à ampliação provocada pelo fator de crop de 1.5x. O resultado fi nal comparado num monitor dá a impressão de termos de facto uma grande aproximação ao objeto.

temos sempre a luz controlada pela utilização de um flash para fotografia macro ou flash de estúdio.

Imagem maior e com melhor qualidade

Como o tamanho do sensor é maior, e os pixéis também são maiores, conseguimos obter ampliações maiores das imagens, o que é importante para quem pretenda imprimir em grande formato ou mesmo projetar imagens em grandes écrans. O facto do sensor ter maior qualidade permite também captar imagens com qualidade superior.

Diminuição da profundidade de campo

A profundidade de campo é muito importante em Medicina Dentária. Normalmente pretendemos obter fotografias de registo dos nossos casos clínicos em que os dentes estejam todos nítidos desde o incisivo central até ao último molar.

Figs. 4 e 5. Imagens captadas com sensor FF, em que conseguimos perceber a profundidade de campo diminuída. Temos apenas o 11 e o 21 nítidos. Quanto mais próximo estivermos do objeto, mais acentuamos esta perda de profundidade de campo, que é muitas vezes usada em fotografi as mais artísticas ou para evidenciar algum pormenor.

De facto, quando realizamos duas imagens intraorais, com a mesma abertura, mas uma com sensor FF e outra com um sensor com fator de corte, perdemos sempre alguma profundidade de campo na imagem captada pelo sensor FF.

E os sensores podem acumular sujidade?

De facto, durante o ato de troca de objetiva ou no caso da câmara ou da lente não ser selada e protegida contra salpicos e pó, a tendência é que o sensor comece a ficar sujo. Isso poderá afetar bastante o resultado final. Procurem lentes sem tubos que se estendam para focagem e por outro lado possibilitem uma ótima selagem entre corpo e lente.

Normalmente identificam-se pontos pretos sobrepostos à nossa imagem e que aparecem exatamente na mesma posição em todas as imagens captadas. No caso de uma Reflex, se olharmos através do visor não se consegue ver nada e aparenta estar tudo bem, pois essa imagem resulta do reflexo do espelho.

A permanência deste pó vai comprometer a qualidade da nossa fotografia e no caso de as querermos usar poderemos ser obrigados a editá-las. Para além de nos fazer perder tempo desnecessariamente, poderá também comprometer a veracidade das fotos.

Depois deste tema mais técnico, mas importante, iremos continuar a abordar o material ideal para fotografarmos na área da Medicina Dentária.

Ficaremos atentos aos vossos comentários!

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