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Orlando Monteiro da Silva na hora da despedida faz balanço de cinco mandatos como bastonário
Após ter cumprido cinco mandatos como bastonário da Ordem dos Médicos Dentistas (OMD), Orlando Monteiro da Silva sublinha que foi “uma enorme honra ter dedicado essa parte substancial da minha vida a realizar o dever de defender a nossa classe, quer dentro do país quer nos diversos fóruns e confederações internacionais em que tive funções dirigentes”.
Na passagem de testemunho, o bastonário que cessou funções desejou “ao colega Miguel Pavão, bem como à sua equipa, as maiores felicidades para o mandato que agora se vai iniciar. Obteve nas eleições uma vitória inequívoca, diria retumbante, sendo depositário de muitas expetativas da profissão, umas mais realistas do que outras, mas todas legítimas, porque a ambição é própria dos audazes e nunca faltou no nosso meio”.
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Orlando Monteiro da Silva deixou ainda um agradecimento especial a todos os que consigo caminharam nestas quase duas décadas, quer integrando os órgãos sociais, quer através da sua participação nas muitas iniciativas e atividades da nossa Ordem. “Em conjunto, deixamos o legado que mais nos deve orgulhar – uma Ordem respeitada, ouvida, exemplarmente gerida, com um corpo de funcionários
A partir da esquerda, o bastonário cessante, Orlando Monteiro da Silva, e Miguel Pavão, que iniciou, em julho, o seu primeiro mandato à frente da OMD. e colaboradores leais, dedicados, competentes, incondicionais na sua entrega às tarefas inerentes ao funcionamento da instituição. Numa altura de crise generalizada do país, das instituições e das empresas, quero realçar o facto de deixarmos uma Ordem económica e financeiramente muito robusta, com disponibilidades e excedentes financeiros mais do que suficientes para enfrentar o que por aí possa vir, por pior que possa ser”.
O que foi feito
Nestes momentos de mudança, o bastonário cessante considera fundamental fazer um balanço do que foi feito nos seus mandatos durante quase 20 anos. De então para cá, recorda, foi possível aumentar a acessibilidade da população à saúde oral de cerca de 15% (em 2001) para mais de 60%. Para tal, os médicos dentistas inscritos na OMD (atualmente cerca de 11.000 no ativo em Portugal) revelaram-se fundamentais em diversas frentes: integrados numa rede de cerca de seis mil clínicas e consultórios de Medicina Dentária, cobrem 97% do território nacional; com a ajuda do programa cheque dentista, 3,5 milhões de portugueses acederam a consultas; e, recentemente, a integração de cerca de 120 médicos dentistas no Serviço Nacional de Saúde, um número que deverá crescer para mais de 300 até ao final da presente Legislatura.
Orlando Monteiro da Silva destaca outros objetivos que foram atingidos, como o reconhecimento pleno da Medicina Dentária como uma profissão médica, e dos médicos dentistas como “médicos de saúde oral”, alargando o seu papel e a sua intervenção na sociedade, mediante a introdução de especialidades e de competências em Medicina Dentária, ou o bem sucedido combate à elevadíssima taxa de exercício ilegal da profissão.
A criação de um Observatório de Saúde Oral foi, na sua opinião, uma iniciativa relevante que permitiu estudar e promover a profissão e a saúde oral através de barómetros, campanhas e estudos, que proporcionaram visibilidade pública e se revelaram eficazes e promotores de políticas de saúde pública mais efetivas.
A afirmação do congresso anual da Ordem como “um dos maiores e mais prestigiados da Europa” é outra “bandeira” evocada pela liderança de Orlando Monteiro da Silva que, enquanto bastonário, ocupou lugares de destaque e de prestígio dentro e fora do país. A presidência do Conselho Nacional das Ordens Profissionais e a sua presença no Comité Económico e Social são exemplos disso no plano nacional. A nível externo, assumiu uma participação ativa nos organismos mais representativos da profissão, designadamente na presidência e comités da Federação Dentária Internacional e do Conselho Europeu de Dentistas, e na presidencia da Federação dos Reguladores Europeus da profissão, para além de ter promovido diversas parcerias estabelecidas com os países de língua e expressão portuguesa, em especial o Brasil.
Orlando Monteiro da Silva afirma que a Medicina Dentária praticada no nosso país ultrapassa em muito os limites das nossas fronteiras, concluindo que “somos uma área de vanguarda, reconhecida como produtora de conhecimento e de mais-valias para Portugal”.
A afirmação do congresso anual como “um dos maiores e mais prestigiados da Europa” é um dos motivos de orgulho de Orlando Monteiro da Silva.
O recém-empossado bastonário da Ordem dos Médicos Dentistas (OMD), Miguel Pavão. foi recebido em audiência no Palácio de Belém, em Lisboa, pelo Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa.
Durante o encontro, Miguel Pavão informou o Chefe de Estado sobre a situação atual da Medicina Dentária em Portugal e a fase difícil que os médicos dentistas atravessam no contexto da pandemia. A retoma da atividade está a ser feita com grandes condicionantes por causa das medidas adoptadas para evitar os riscos de contágio.
O novo bastonário alertou o Presidente da República para a falta de apoios aos médicos dentistas, explicando que são necessárias linhas de apoio específicas para a profissão.
Abordou ainda junto de Marcelo Rebelo de Sousa a questão do excesso de profissionais na Medicina Dentária, alertando que o impacto negativo do surto de Covid-19 poderá agravar ainda mais esta situação.
Miguel Pavão considera “urgente diminuir o número de vagas em Medicina Dentária. Uma medida que deveria ser adoptada de imediato, já no próximo ano letivo, por todas as faculdades que lecionam o mes
Audiência decorreu no Palácio de Belém, em Lisboa.
trado integrado. Todos os anos entram no mercado de trabalho, já muitíssimo saturado, cerca de 500 novos profissionais. Um número insustentável, que está a provocar um crescimento exponencial da emigração”. Hoje, 14% dos médicos dentistas estão emigrados, um fenómeno que continua em crescendo. Neste sentido, Miguel Pavão anuncia que irá enviar trimestralmente os números de colegas que abandonam o país ao Presidente da República e ao primeiro-ministro.
Mundo A Sorrir tem em marcha projeto para pessoas em situação de sem-abrigo
A Mundo a Sorrir (MAS) vê-se novamente distinguida pelo Portugal Inovação Social, no âmbito do Programa Parcerias para o Impacto, através da aprovação da iniciativa de inovação e empreendedorismo social “Prevenir, capacitar e incluir”, cofinanciada pelo Programa Operacional Inclusão Social e Emprego (POISE), tendo como investidor a Câmara Municipal do Porto.
O projeto visa prevenir as doenças orais e promover a saúde oral junto das pessoas em situação de sem-abrigo do concelho do Porto, através da realização de iniciativas de prevenção e promoção de saúde oral, especificamente sobre doenças orais associadas a comportamentos de risco e à ausência de hábitos de higiene oral. O principal impacto social que se pretende alcançar é a melhoria da saúde oral e da qualidade de vida destas pessoas.
Em marcha desde o passado mês de agosto, esta iniciativa da MAS desenvolverá as suas atividades ao longo de três anos, no concelho do Porto, abrangendo 600 pessoas em situação de sem-abrigo e 50 instituições sociais. Para além da realização de sessões de informação e capacitação, de rastreios orais, de encaminhamento dos casos mais graves para serviços de saúde oral públicos e/ou de resposta complementar, atuar-se-á junto dos profissionais que trabalham nas instituições sociais que apoiam estas pessoas, para que também fiquem capacitados para agir na área da promoção de saúde oral, nomeadamente ao nível dos hábitos de higiene oral e da prevenção das doenças orais.
Projeto premiado
Entretanto, o Prémio BPI “La Caixa” Infância 2020 distinguiu a Mundo A Sorrir pelo projeto “Foca-te”, que visa contribuir para o aumento da literacia do diagnóstico precoce das lesões potencialmente malignas e do cancro oral, através da realização de ações de educação para a saúde oral.
O projeto tem como destinatários adolescentes socioeconomicamente vulneráveis, que frequentam escolas profissionais do distrito do Porto, e que não são beneficiados por nenhum programa público de educação para a saúde oral.
O cancro oral é diagnosticado, anualmente, em cerca de 1.000 portugueses e aproximadamente 50% dos pacientes acabam por falecer desta causa num período de cinco anos. Estima-se que a taxa de sucesso no tratamento do cancro oral poderia ser de cerca de 80% se o diagnóstico fosse realizado precocemente (fonte: Direção-Geral da Saúde 2019).
Para contrariar esta tendência, o projeto “Foca- -te” aposta na prevenção do cancro oral, contribuindo para a aquisição de conhecimentos sobre esta doença, os fatores de risco, o seu diagnóstico e tratamento, e, por consequência, a melhoria da qualidade de vida futura dos jovens e suas famílias.
Os Prémios BPI “La Caixa” são uma iniciativa conjunta do BPI e da Fundação “La Caixa” e destinam-se a apoiar financeiramente projetos que promovam a melhoria da qualidade de vida e a igualdade de oportunidades de pessoas em situação de vulnerabilidade social.
O novo projeto da Mundo A Sorrir vai abranger, no concelho do Porto, 600 pessoas em situação de sem-abrigo e 50 instituições sociais.