MEME
Marina Burity Francisco REVISTA MEME Projeto Experimental de Conclusão de Curso apresentado ao Departamento de Design da Faculdade de Arquitetura, Artes e Comuicação (FAAC) da Universidade Estadual Paulista (UNESP) para obtenção do bacharelado em Design Gráfico. ORIENTADORA Prof. Dr. Cássia Letícia Carrara Dominiciano Bauru, SP Novembro / 2010
Aos meus pais, por todo amor e carinho e por sempre terem me apoiado e ajudado em tudo que eu precisasse. Às polainas, pelo companherismo, pela diversão e por serem minha família em Bauru. Aos meus amigos, por toda a diversão, ajuda e inspiração e pela amizade, essencial para mim nesses últimos anos. A todos que ajudaram e colaboraram com esse projeto de alguma forma. Essa revista também é de todos vocês.
Sumário Introdução. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . Conceito. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . Público. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . Processo. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . Análise de Similares. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . Análise de Referências. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . Projeto Editorial. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . Projeto Gráfico. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . Grid. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . Primeiras Tentativas. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . Páginas Finais. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . Estudo Tipográfico. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . Conclusão. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . Bibliografia. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .
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“A revista é um meio de comunicação com algumas vantagens sobre os outros: é portátil, fácil de usar e oferece grande quantidade de informação por um custo pequeno. Entra na nossa casa, amplia nosso conhecimento, nos ajuda a refletir sobre nós mesmos e, principalmente, nos dá referências para formamos nossa opinião.” A arte de editar revistas – Fatima Ali
Introdução Histórico
Desde seu inicio em 1663, as revistas promoveram a troca de idéias, influenciaram o pensamento, os costumes e a cultura do mundo moderno. Elas enfrentaram a competição do radio, do cinema, da televisão e da internet, e sobreviveram. Elas são responsáveis também pela maioria dos registros visuais do século 19 e 20 e refletem a sociedade do seu tempo. Quando surgiram, elas tinham conteúdo erudito e eram voltadas para intelectuais, artistas e cientistas e depois elas se tornaram um meio de comunicação exclusivos das elites. Essa situação se manteve até a revolução industrial quando, aproveitando o crescimento das cidades e a alfabetização em massa, visionários lançaram publicações a preços mais baixos, criando assim as primeiras revistas populares. No final do século 19, as revistas começaram a tomar a forma que tem até hoje. Na época, três editores descobriram que compensava vender revistas a preço baixo, às vezes até abaixo do custo, para aumentar significativamente o número de leitores e atrair a verba de anunciantes. Com isso, a publicidade estimulou o desenvolvimento do editorial das revistas. As agências passaram a investir cada vez mais na produção dos anúncios e isso obrigou os editores a tornarem tipografia, layouts e ilustrações ainda mais atraentes. A grande vantagem das revistas sobre os livros e jornais foi e é sua capacidade de segmentação, atingindo todos os grupos de pessoas. Atualmente, não existe um único interesse que não esteja representado por revista.
A importância do designer
O design de revistas tem duas funções primordiais: estabelecer a identidade visual e comunicar o conteúdo editorial. O resto é arte. O leitor não separa texto de arte. A maioria folheia as páginas e detémse ao encontrar algo que lhe interesse. Isso requer que as informações-chaves sejam percebidas num olhar. O design deve convencer o leitor de que a informação contida no texto vale a pena ser lida. Para conseguir transmitir e expressar as idéias do conteúdo, é preciso equilibrar todos os componentes: mensagem, linguagem, imagens, tipografia, espaço, cor, seqüência, contrastes, ordem e tudo o mais para orquestrá-los em um todo visualmente unificado e intelectualmente consistente. Não tem a ver com ‘arte’, mas com comunicação. Trabalhar com todos esses elementos de forma coerente e agradável é tarefa árdua e requere sensibilidade e conhecimentos diversos. Por isso o designer é tão importante na criação e desenvolvimento de uma revista. Ele deve ser capaz de apresentar o conteúdo escrito para o leitor de forma fácil e atraí-lo para a matéria. Além disso, ele deve manipular os elementos visuais para que eles sejam condizentes com o que está sendo apresentado. A principal consideração na criação do formato é a unidade visual. O leitor abre cada edição esperando similaridade e continuidade no formato; as mudanças e surpresas ficam por conta dos temas cobertos pelas matérias. Os principais elementos que contribuem para dar unidade são a grade, constância na tipografia, como, por exemplo, usar ao longa da revista uma única fonte que tenha uma variedade de estilos; usar a mesma fonte no logotipo e nas seções; recursos gráficos como iniciar as matérias com uma capitular; elementos repetitivos no mesmo lugar; esquema de cor, entre outros. A maior dificuldade nesse processo é fazer tudo isso de forma simples. O importante é deixar a revista acessível aos leitores, e não atraente para os iniciados da comunidade artística. O tamanho também é um elemento de comunicação. Maior significa luxo ou elegância, tamanho pequeno é jeitoso e econômico, formato tablóide dá idéia de notícia e atualidade.
Escolhi fazer uma revista como projeto de conclusão do curso porque entendo a importância desse veículo e fiquei muito interessada com a produção do mesmo nos últimos meses. Nós produzimos uma revista durante o curso, na disciplina de Projeto, e eu fiquei com vontade de aprofundar no assunto e ampliar o que foi feito anteriormente. Não quis manter o mesmo projeto de revista feito, quis criar um do zero. Para meu trabalho final eu também queria incluir algumas experiências pessoais que eu passei durante esses quatro anos de faculdade, e pensei que ao fazer uma revista para universitários, eu pudesse casar os dois. A ideia da MEME surge então, para ajudar os outros universitários e para guardar um pouco das minhas lembranças e experiências, juntando ainda os conhecimentos em design que acumulei durante o curso.
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Conceito “Meme” é tudo o que se aprende por cópia a partir de outra pessoa. Desde coisas simples, como comer usando talheres, até ações mais complexas , como escrever textos. Resumindo ao máximo, alguém faz, você vê, gosta e copia. Outras pessoas vão ver você fazendo, também gostarão e copiarão. “Desta maneira, a evolução de um ‘meme’ é quase sempre viral e exponencial.” Na internet, “meme” é o nome dado para coisas simples que são passadas e repassadas por tanta gente que elas viram conhecimento público. Isso vale principalmente para imagens e vídeos e demonstra o poder de distribuição da internet e do fenômeno “boca a boca”. O público leitor da revista é de uma geração que cresceu com a internet e a utiliza para tudo: para aprender, para se divertir, para se informar. Por isso, ficou mais comum essa técnica de aprendizagem por cópia. Tutoriais e referências infinitas estão acessíveis a qualquer pessoa com acesso a internet, e dá- se mais valor a esse aprendizado que à educação formal. Há uma grande troca de informações e técnicas, em nível horizontal, sem hierarquia. A revista MEME foi criada tendo em mente esses conceitos. Ela apresentará seu conteúdo em um formato prático, leve e barato, de forma que ela possa inspirar os jovens e ser compartilhada facilmente. Sua produção será parcialmente colaborativa, com os próprios estudantes produzindo e divulgando o que eles gostariam de ver. Da mesma forma que acontece na internet, o conhecimento e a informação são compartilhados de forma igualitária. O conteúdo não é exposto como se fosse um produto final, ele está aberto para modificações e acréscimos que possam ser necessários. Além disso, o nome foi escolhido também por já ser conhecido pelos leitores antes mesmo de conhecer a publicação.
Público
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O público da revista são jovens de 18 a 25 anos, de ambos os sexos, cursando a faculdade. Em sua maioria eles moram sozinhos ou com amigos, tem o dinheiro do mês contado e usam a internet para trabalho e lazer. Uma pesquisa com alguns estudantes de diferentes cursos e faculdades apontou quais são os maiores interesses dessa geração e assim foram decididas as seções e os assuntos que seriam abordados. Pensando no seu público, a revista terá um formato reduzido, tanto para privilegiar a praticidade como para diminuir seu preço. Ela contará com seções fixas e rotativas, dependendo do grau de interesse pelo assunto. O projeto gráfico é mais experimental que as revistas convencionais. Essa escolha foi feita para dar um diferencial para a publicação e também levando em conta que esse é um público que tem facilidade para lidar com mudanças.
Processo O primeiro passo na criação foi definir o tema e o público alvo da revista. Apesar de existirem várias publicações voltadas para jovens no mercado, poucas são unissex e menos ainda são voltadas exclusivamente aos universitários. Mas o que justifica o desenvolvimento de uma publicação para esse público aparentemente tão restrito? A universidade é um universo particular, ela representa um rito de passagem, de adolescente para adulto. É nesse período que os jovens começam a cultivar sua independência, começam a pensar no futuro e entram em contato com pessoas de origens diferentes da sua. Nessa época ele começa a formar sua visão do mundo e decide que tipo de pessoa ele quer ser. Mas esse período de descobertas e mudanças traz também ansiedade e medo. O objetivo da revista “meme” é aproveitar esse universo rico e servir como um canal para os estudantes trocarem informações e terem
contato com referências diversas. Ela não tem a pretensão de mostrar o caminho certo, e sim ajudar cada um a escolher o próprio caminho. Exatamente por isso, ela tem parte do conteúdo colaborativo e procura abranger gostos diversos. Apesar do público ser os universitários, o foco da revista não é o mercado de trabalho ou o currículo acadêmico de cada curso. Seu conteúdo serve mais como um catálogo de referências, que cada um utiliza como lhe convier, dependendo das suas expectativas e necessidades.
Análise de similares Depois de definido o conceito da revista, foi preciso procurar similares já existentes. O principal concorrente, tanto pelo público como pelo conteúdo, é a revista Offline. A revista Offline é produzida por estudantes e é a maior publicação voltada para o público jovem universitário do Brasil, com uma tiragem de 700 mil exemplares. Ela é gratuita e distribuída para o país inteiro, com maior concentração no estado de São Paulo e principalmente na capital. A Offline foi idealizada pelo empresário Ricardo Carvalho Cruz, fundador da Editora Novo Meio. Muito tempo antes da explosão da Web ele percebeu que o meio impresso, em determinadas circunstâncias, voltaria a ser valorizado. A revista também tem seu conteúdo parcialmente colaborativo. Tem um time fixo e um rotativo. (Fixo: Editor-chefe e diretor de arte/criação. Coordenadora de redação, coordenadora de mídias sociais e fotógrafo. Rotativo: equipe de universitários de várias áreas e faculdades que se reunem todas as segundas-feiras à tarde e formam a redação da revista.) Segundo o blog da revista eles “convidaram o universitário para escrever a revista que ele quer ler” criando assim uma comunicação de igual para igual. A Offline não pertence a nenhuma faculdade. Ela está presente em 550 instituições de ensino superior em todo o Brasil. No entanto, tem parcerias com várias faculdades, incluindo a USP. A revista é mensal, circula durante o período letivo. Normalmente são oito edições por ano. A proposta da Offline é bem parecida com a proposta da MEME. A problemática dela é que, por ser gratuita, é difícil de ser encontrada fora da cidade de São Paulo. Com isso, seu poder de disseminação é restrito. A MEME será vendida em bancas de revistas, assim ela poderá estar presente em mais estados. E ela terá um preço reduzido, podendo ser adquirida por estudantes de diversas classes sociais. As outras revistas voltadas para o público universitário são publicações focadas exclusivamente em assuntos como mercado de trabalho e empreendedorismo, ou ainda vestibular e currículos das faculdades. Como exemplos temos a Universitária News e a Ensino Superior. Sua proposta e enfoque é totalmente diferente do que será adotado na revista MEME. Já as revistas voltadas para jovens, universitários ou não, são principalmente Superinteressante e Bravo! A revista Superinteressante é a maior revista jovem do país. Sua proposta é “apresentar suas pautas com abordagens criativas para os temas que todos estão sendo discutidos e antecipar tendências, ajudando a entender o mundo complicado em que vivemos, ajudando a separar a verdade do mito, o importante do irrelevante, o novo do velho.”
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Seu público leitor é unissex e em sua maioria tem entre 20 e 30 anos. Além do conteúdo, a Superinteressante se preocupa bastante com a parte gráfica da revista, procurando sempre inovar no formato em que apresenta suas matérias. É notável também a preferência pelo uso de infográficos, tendo recebido já diversos prêmios pelos mesmos. A revista Bravo! abrange o mundo da cultura, e o faz de tal forma que atrai tanto o público mais cult quanto o mais pop, abordando o erudito e o popular de maneira acessível. Tem como proposta romper com o preconceito que coloca a arte e a cultura num patamar elitista. Tem seu conteúdo dividido em “artes plásticas”, “cinema”, “música” e “teatro e dança” e apresenta as novidades em cada área e estimula a discussão e o diálogo. Seu público alvo também é unissex e um pouco mais velho, de 20 a 40 anos.
Análise de referências
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Assim como é necessário analisar as publicações semelhantes e concorrentes para definir um diferencial para a revista, também é necessário analisar diferentes publicações para coletar referências visuais. A proposta do projeto gráfico da MEME é que ela seja o mais experimental possível sem no entanto comprometer a legibilidade. Analisando as revistas presentes no mercado, é fácil perceber que a grande maioria apresenta um projeto gráfico clássico e sem grandes experimentações. Isso é compreensível quando se leva em conta o perfil do público leitor das mesmas, o conteúdo que elas apresentam e o objetivo máximo das revistas: comunicação. A MEME propõe-se a fazer uma revista mais moderna, quebrando o modelo clássico, mas sem esquecer que o objetivo maior da revista é justamente comunicar o conteúdo. Portanto, também foram descartados modelos experimentais demais, em que as páginas são em sua maioria mais bonitas que legíveis. Algumas publicações atuais tem a mesma preocupação, principalmente as que são voltadas para o público jovem. A Superinteressante há um bom tempo vem se preocupando bastante com seu projeto gráfico e apresenta novas soluções a cada edição, utilizando-se frequentemente de infográficos. É interessante observar o sumário da revista, que todo mês é apresentado de formar diferente e inovadora.
A revista Criativa, voltada para o público jovem feminino, recentemente atualizou seu projeto gráfico e também conta com várias experimentações, utilizando-se inclusive de grids inclinados, coisa rara nas revistas. É interessante notar também como a tipografia é utilizada para produzir contraste.
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Ainda assim, o mercado editorial brasileiro ainda é muito tímido nesse sentido. Por isso fui buscar inspiração em revistas importadas. Percebi que as revistas de moda são as que apresentam projetos mais ousados, talvez até por não terem um conteúdo escrito muito extenso. A WAD, uma publicação francesa de moda, é um bom exemplo disso. Na revista inteira são usados grids diagonais, criando um efeito único e muito interessante.
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A i-D, publicação também de moda, mas americana, é outra que ousa no seu projeto. Diversas vezes apresenta seu conteúdo, fotos e textos, na vertical, forçando o leitor a virar a revista para conseguir visualizar o conteúdo e quebrando o ritmo normal de leitura, deixando a publicação dinâmica.
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Outro exemplo, também de moda, é a brasileira ffw mag!. Apesar de ser uma revista de moda, apresenta conteúdo bastante variado, tendo um tema central a cada edição que define tudo que será apresentado. Ela dá bastante ênfase para fotos, e por isso as caixas de textos nunca são muito extensas.
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Depois de analisar todas essas publicações, tentei utilizar todos esses elementos em maior ou menor grau, sempre privilegiando a legibilidade e o ritmo da revista.
Projeto Editorial
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O público leitor da MEME são jovens universitários, com faixa etária entre 18 e 25 anos. A idéia da revista é que ela sirva como guia e companheira do aluno. Ela será produzida por pessoas da mesma faixa etária, sempre levando em conta o que os atrai no momento. A revista é voltada tanto para o público feminino como masculino e contará com matérias colaborativas em cada edição. As seções foram divididas em fixas e rotativas, de acordo com o interesse que elas despertam. No entanto, se for observado um maior ou menor interesse por algum assunto específico, poderão ocorrer mudanças. É importante lembrar que a revista MEME, por propor fazer parte da vida dos universitários, está sempre aberta a sugestões e alterações, de forma a ficar atual para seu público. Para conhecer melhor o público leitor da revista, fiz uma pesquisa com uma amostragem de estudantes, de diferentes cursos, faculdades e cidades. Dessa pesquisa foi possível extrair algumas informações importantes. Em sua maior parte, o estudante típico mora sozinho ou com amigos, faz sua própria comida, tem renda média mensal de R$830, bebe e sai bastante. Passa 10 horas diárias na internet, mas somente uma vendo TV. Assiste aos programas e filmes que gosta no computador. Levando em conta o perfil desse público, a revista deverá ser pequena, tanto para manter um custo baixo quanto para atrair os leitores, que passam mais tempo com leituras digitais que físicas. A linguagem deverá ser moderna e o conteúdo novo e inédito. A parte gráfica pode contar com experimentações, que costumam ser melhores aceitas por essa faixa etária e servirão como um diferencial, tomando cuidado para não prejudicar a legibilidade. A revista deverá ser prática e leve, para acompanhar o leitor, portanto foi adotado um tamanho reduzido, de 17cm x 22cm. Por ser voltada para um público que tem pouca renda, a revista terá seu preço também reduzido. Ela contará com seções fixas e rotativas, para não ficar muito grande e ter seu preço aumentado. A periodicidade será mensal. A distribuição será por venda nas bancas e por assinaturas.
Missão:
Acompanhar o estudante no seu dia a dia e fazer parte da sua rotina, das suas decisões, ouvindo e dando espaço ao que ele tem a dizer.
Seções:
Achados: lançamentos, novidades e projetos interessantes e originais e trabalhos de design. 2 páginas – fixa Música: lançamentos de CDs, agenda de shows e alguma banda nova e diferente. 2 páginas – fixa Cinema: essa seção terá um tema diferente a cada edição e mostrará filmes que tratem do tema escolhido. 2 ou 3 páginas – fixa Literatura: resenha de algum livro. 2 páginas – rotativa Viagem: dicas de lugares baratos para ir no Brasil e como fazer uma viagem internacional com pouco dinheiro. Albergues, economia, couch surfer, etc. 2 ou 3 páginas – rotativa Capa: apresenta algum entrevistado. A pessoa escolhida será alguém famoso que seja admirado pelos jovens – atores, banda, cantores, etc. 4 a 5 páginas – fixa Saúde: dicas de saúde e beleza. 2 páginas – rotativa Ensaio de moda: sempre com opções baratas de roupas. 7 ou 8 páginas – rotativa Ensaio fotográfico: ensaio de tema livre, feito por colaboradores. 7 ou 8 páginas – rotativa Filosofia: matérias que apresentam conceitos filosóficos de um jeito fácil de ser compreendido. 3 ou 4 páginas - rotativa Comportamento: matérias que abordem comportamentos e tendências entre os jovens. 3 ou 4 páginas – rotativa
Cursos extras: cada edição traz um ou dois cursos e mostra quais cursos complementares são interessantes ou necessários para a profissão. 1 ou 2 páginas - fixa Receita: seção com receitas rápidas, baratas e fáceis de serem feitas. 1 página – fixa Crônica: fecha a edição com uma crônica. 1 página - fixa
Projeto Gráfico Depois de definido o projeto editorial da revista, chegou a hora de pensar no projeto gráfico. Primeiramente, o logotipo da revista. A proposta do logo da MEME era usar uma fonte sem modificações, de forma que a palavra tivesse uma forma marcante e simples ao mesmo tempo. A princípio, a idéia era usar as letras do logo em caixa baixa.
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meme Primeiras experimentações com as fontes em caixa baixa.
Para o logotipo foi então escolhida a fonte Ayta Pro com tamanho de 150pt e kerning negativo em 70pt. Foram feitos alguns testes de como seria sua aplicação na capa, como pode ser visto abaixo.
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Aplicações do logo em possíveis capas.
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Acompanhando o logotipo escolhido, foram definidos os elementos internos da revista, as aberturas de seções e as cores utilizadas. O resultado encontrado foi o seguinte:
Receita >> mm Viagem >> mm Saúde >> mm Música >> mm
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Numa análise posterior, observei que tanto o logo quanto os elementos gráficos, assim como a palheta de cores escolhidas, estavam com cara de revista feminina e não condiziam com o projeto editorial. A revista, e todos os seus elementos, tinha que ser atraente para ambos os sexos, e o público masculino não estava sendo incluído. Tendo isso em mente, foi hora de voltar para as experimentações do logotipo. Dessa vez, procurei usar caixa alta, ideia que havia sido descartada anteriormente.
meme MemE
meme MEME meme Novas tentativas de logo da revista.
Dessa vez ficou decidido usar a fonte Harabara com 160pt de tamanho. Ela foi utilizada toda em caixa alta e foram feitas novas aplicações para ver como ela funcionaria na capa.
MEME
MEME
Aplicações com o novo logo.
Os elementos internos e a palheta de cores também tiveram que ser repensados, e uma nova solução foi encontrada.
Música Cinema >> MM
>> MM
Saúde Receita >> MM
A nova escolha ainda conta com bastante cores, deixando a revista com cara jovem, mas agora estas são mais saturadas e menos pastéis, sendo atraentes para estudantes de ambos os sexos. Os símbolos “>>” e “MM”, também na fonte Harabara são utilizados para demonstrar a continuidade ou término de uma matéria. Outro elemento presente em todas as seções é uma faixa retangular colorida, sem posição fixa. Ela pode ser usada no meio do corpo de texto, em títulos ou junto com imagens. Seu tamanho e espessura também são variáveis. Optei também como parte da identidade manter os fundos lisos, com poucas exceções. As páginas terão em sua maioria fundos brancos ou com cores chapadas. O uso de texturas não será muito explorado.
>> MM
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Abaixo encontra-se uma página com os elementos fixos.
Seção
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MEME novembro 2010
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MEME novembro 2010
O número da página ficará localizado sempre no centro da mesma, alinhado à esquerda ou à direita. Além disso, o número ficará em cima de uma tarja retangular. As cores, tanto dos números quanto da tarja, mudarão conforme a matéria. O nome da seção ficará sempre no canto superior, também por cima de uma faixa retangular. Por último temos o nome da revista e a data no canto inferior. Tanto o número da página quanto o rodapé podem desaparecer se estiverem sobrepondo uma foto ou caixa de texto que ultrapassou os limites da margem. A tarja é um elemento forte de identidade da revista, estando presente em todas as seções, com cores e posições diversas.
Grid O grid da MEME tem uma particularidade: ele não é fixo. De modo a conseguir fazer uma revista experimental sem prejudicar a legibilidade da mesma, foi decidido tornar o grid móvel e mutável, tirando o ar clássico da revista. A identidade da mesma se dá então por outros elementos, como a tipografia, as cores e os elementos internos. A única definição do grid é que ele terá 2 colunas para matérias com um volume de texto maior e 3 quando o volume de texto for menor. Definido isso, ele pode ser reto, inclinado, diagonal ou ainda em alguma forma diferente, mudando de acordo com a seção e a matéria em si. Cumprir esses requisitos mostrou-se ser uma tarefa mais difícil do que eu imaginava. Para romper com o grid clássico e com a fórmula “três colunas, olho no meio do corpo do texto” tive que me forçar a mudar. Olhei diversas matérias, das mais diferentes revistas, procurando o que eu poderia fazer de diferente, como eu poderia ousar e não prejudicar a legibilidade. E quando eu achava uma alternativa viável, tinha que tomar cuidado para não repetí-la e correr o risco de tornar a revista previsível. As primeiras tentativas ficaram muito tímidas. Os títulos não contrastavam com o corpo de texto e não havia mudanças na tipografia. Demorou um tempo também até eu conseguir consolidar a identidade visual com os outros elementos disponíveis.
Primeiras tentativas Aqui estão as primeiras tentativas de diagramação e os problemas que foram observados nas páginas.
Crônica
A
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o contrário das outras gentes miúdas, gostava de homens barbudos, e de escuro. Por isso sorria quando ouvia histórias de monstros presos em armários que se libertavam no escuro, e queria tocar em qualquer rosto que fosse coberto com pêlos. Tinha medo era das coisas improváveis, como o anoitecer, e como tudo silenciava quando o dia ia embora. O pai ia dormir tarde, ao contrário da mãe, o que ajudava a dar alguma movimentação a sua casa naquelas horas de desespero pueril. Não temia a falta de luz, temia a falta de gente, de movimento. Gostava de vida acontecendo, mesmo que não tivesse faculdades mentais constituídas para entender e participar dela. Só não gostava de ir par a cama por último, e, às vezes, só para enganar o medo, fingia sono e ia dormir primeiro. Gostava de deitar a cabecinha pequena no travesseiro e sentir as pessoas acordadas, o ruído da tevê sintonizada num telejornal qualquer – era como se o mundo todo estivesse acordado, enquanto ela descansava de seus pequenos medos. Pensava no absurdo que era temer monstros saídos de armários. Não adiantava trancar a porta, esconder-se debaixo do cobertor: o medo estava dentro. Foram seus primeiros desassossegos. Lembra da sensação de ir para a escola sozinha pela primeira vez. De ter de encarar todas aquelas carinhas olhando para ela, sentada numa carteira nos fundos da sala, sempre adiantada, com medo até do atraso. Chorava por dentro e temia que, no dia seguinte, chegassem antes dela. Imaginava, quieta, o horror que seria adentrar à sala com todas aquelas carinhas fitando sua insegurança. Benzia-se. Foi seu primeiro enfrentamento. Lembra de como se enchia de alegria quando balançada pelos braços do pai. E como gritava de histeria quando virada de ponta-cabeça até sentir todo o sangue correr para um lado só do seu corpo. Achava engraçado sair correndo e olhar-se no espelho, vermelha de alegria. Ficava olhando até o sangue escorrer de volta
Renata Penzani e ficava pensando no tédio que sentia o sangue, naquele momento, por ter que passar por isso todos os dias. E quando ganhava doces na padaria. Saltitava até em casa e comia tudo em mordidas rápidas com medo de o irmão saltar por cima de seu meio metro e roubar tudo. Foram suas primeiras artimanhas. Lembra também dos primeiros bilhetes de correio elegante, das primeiras inimizades de colégio, do primeiro tapa na cara – ardido e bobo, como todo tapa de criança. Revivia aquelas lembranças com gosto, mastigando cada sensação e tentando sentir outra vez todas aquelas aflições. Revirava bem a memória, invadindo com mãos desesperadas seu arquivo pessoal. Pequenas bobagens disfarçadas de angústia. Procurava, encontrava, lembrava, ria. Uma, duas, três vezes. Tanto que o coração ficou entediado de tanto sentir o passado. Não conseguia parar. Uma coisa faltava em todas as lembranças que resgatava: a verossimilhança. Não havia nada daquela micro-gente feita de medos e afeição à barbas nessa pessoa de agora, exceto a insegurança e alguns delírios. Estremecia ao não encontrar em si mesma a ingenuidade, a facilidade de sorrir, a alegria fácil, a vontade de sempre estar perto de gente. Essa pessoa de agora desconfia, argumenta, contra-ataca, deixa a luz acesa quando sai de casa para despistar ladrões. É precavida. Tem apego às coisas de fora e se esquece do que vai por dentro. Evita perigos desnecessários, mas nem se dá ao luxo de preocupar-se com miudezas. Tem receio de sorrir para estranhos por serem estranhos, e não porque são desconhecidos. Acha barbudos propensos à subversão. Vive menos, gosta menos das pessoas, e, certamente, não se importa em deitar a cabeça no travesseiro depois de todo mundo. Gosta quando anoitece porque é quando pode ficar sozinha com seus egoísmos. Aconteceu que depois de reanimadas tantas memórias e reencontradas tantas lembranças esquecidas, perdeu-se ela mesma. Sofria a delicadeza de seus sentimentos passados, que não combinavam com o presente, feito de medos mundanos e preocupações externas. Não sentia empatia por suas próprias memórias. E foi ali que sentiu o maior medo de todos: o medo de não conseguir sentir medo. “A ausência de medos não é mais suave que montes deles provocando sensações”, pensava, subnutrida de uma ternura que já fora sua. Foi seu primeiro deslumbramento.
FOTO: http://www.flickr.com/photos/slimjim/
escondeesconde
Problema: imagem de fundo muito escura, prejudicando a legibilidade, mesmo com o uso de box no fundo. A cor amarela também é problemática impressa, sendo necessário alguma tarja por baixo para dar contraste.
Antes de ir em frente, confira essas dicas: Se você vai RECEBER
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Problema: o conteúdo dessa parte da matéria é mais condizente com um box, com menos texto. Do jeito que está, parece uma continua-ção da matéria, sem contar que a foto no meio da caixa de texto deixa a página blocada.
viajantes
Como anfitrião, você pode e deve colocar as regras que você quiser para os visitantes na sua casa. Converse com as pessoas que moram com você e decida quais são os limites que vocês vão impor. Com que freqüência você quer ser anfitrião? Quantos dias por vez? Tudo bem se eles usarem a cozinha? Quanto tempo você pretende passar com os viajantes? Escreva tudo que você decidir no seu perfil. É baseado nessas informações que os viajantes vão fazer os pedidos de hospedam pra você. Você receberá vários pedidos de membros interessados em ficar no seu sofá. Leia-os com atenção. Os pedidos devem ser atenciosos e personalizados. Procure mensagens que indiquem que o membro leu seu perfil e depois analise os perfis deles. O melhor jeito de evitar problemas é escolher quem você quer e quando você quiser. Procure pessoas que entendam suas regras, estejam viajando em uma época conveniente para você e mais importante, estejam interessadas em aprender mais. Se o viajante tomar alguma atitude que te incomode, seja franco. Na maioria das vezes a atitude incômoda é resultado de diferenças culturais, e nada melhor que uma conversa para resolver. Se você não falar nada, o visitante não vai saber que está atrapalhando. E não se esqueça que em último caso, você tem o direito de pedir pra pessoa sair. MEME novembro 2010
Se você vai SE HOSPED
AR no sofá alheio
Antes de tudo, crie um perfil completo. Depois, faça contatos na comunidade. É melhor conhecer alguns surfistas antes de cair na estrada. Isso vai te ajudar a aprender sobre a comunidade, fazer amigos e pegar referencias. É bem mais fácil conseguir um sofá quando você tem um feedback de outros membros no seu perfil. Um ótimo jeito de começar é contatando seu embaixador local para conselhos. Embaixadores são membros ativos e voluntários que agem como fontes da comunidade. Não deixe para a última hora. Você deve procurar por sofás pelo menos uma semana antes de partir. Os membros esperam um pedido personalizado, então escreva-o com cuidado. No site existem dicas de como escrever um bom pedido. Planeja flexibilidade! Os membros podem não poder te hospedar pelo tempo que você gostaria e em algumas cidades pode ser muito difícil achar algum sofá. Couch Surfing pode ser imprevisível – e essa é parte da graça! Tenha sempre um dinheiro reserva para ficar em hostel caso você não consiga um anfitrião ou alguma coisa inesperada aconteça. E não se esqueça de ter com você um guia e um mapa da cidade. MM Para saber mais acesse: www.couchsurfing.org
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Música
Músicas par
a o verão
Encha seu ip od com ess as bandas brasileiras e aproveite o sol
Apesar de alguns tropeços, Do Amor não trai o nome. “Bonito” sai do clichê e torna-se algo que, na construção de cada refrão, investiga uma definição física da palavra. Assim, os latidos da primeira faixa funcionam como uma janela: “Vem me dar” é um pedido construído cheio de doçura e personalidade. É arriscado dizer, mas parece que Do Amor é uma apresentação clara de um pop brasileiro legítimo. Deboche e experimentalism o podem significar coragem, mas música, acima de tudo, exige harmonia. “I Picture Myself ” e “Shop Chop” são exemplos claros de músicas que podem funcionar ao vivo, mas que não são compreensíveis no disco. Destoam das encantadoras “Chalé”, “Meu Corpo Ali” e “Lindo Lago do Amor”, preciosidades da música brasileira. Ana Malmaceda
Você conhece? The Baggios
e de personagem quas Por trás de um gran me de tragédia. Não sempre há uma gran de prograas dess -l bana refiro a tragédia ao nalistas. Me refiro mas de tv sensacio grepalavra de origem sentido original da perum e entr ito confl ga, que se refere ao r, a de instância maio sonagem e uma figur dade. 15 e até mesmo a socie como a lei, deuses ficou que em um hom Baggio é o nome de andarilho que teria ‘um ser por o conhecid oa realidade’. Uma pess perdido a noção de enem viver de música que um dia sonhou fazer sucpara fios desa os s frentando todo o, ões. Em São Cristóvã esso com suas canç é de Sergipe, Baggio cidade do interior , banda gios Bag The o e um herói mítico com ta pres , na de hoje “descoberta’ da colu em ao primeiro símseu nome homenag r o ecido por ‘enfrenta bolo regional conh r com a própria vida paga e o’ ecid onh desc um caminho ar trilh er quer o preço por ’. nunca vai dar certo que todos dizem ‘que pelo um duo formado O The Baggios é bateripelo e rade guitarrista Júlio And ou o. A dupla já lanç sta Gabriel Car valh ano EPs, contudo, este alguns singles e álbum eiro prim do nto marca o lançame 2004 que começou em de uma trajetória a a hila como referênci trazendo na moc ZepLed , Hendrix sonoridade de Jimi ’ Skip Spence e ticos ‘luná dos até pelin e ilo as. Christian Cam o eterno Raul Seix
Stop Play Moon - Stop Play Moon
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Com seu disco de estreia, o Stop Play Moon cumpre o papel que propõe integralmente: faz música em que o único objetivo é desfrutar com leveza as possibilidades que uma pista de dança pode proporcionar. A vertente da banda é explícita da primeira à última faixa: faz parte do mesmo segmento de grupos como Metric e Copacabana Club. Bom pelo apelo certo, ruim pelos sintetizadores, letras e sonoridade já esperados. “Hey”, “Dance Floor” e “I wanna take it all” podem ilustrar musicalmente isso. Entretanto, apesar de uma certa falta de ambição aparente, a organização do disco é homogênea, impecável. Não é um disco inovador, mas é o que precisamos: um que dê pra escutar inteiro, no mesmo ritmo. Ana Malmaceda
Gulivers - Em boas mãos Indo contra o som moderninho que ocupa boa parte da linha de frente do hype atual, o Gulivers apostou em um som cheio de influências do rock gaúcho para sua estreia. A banda porto-alegrense recrutou o ex-RPM Ray-Z para produzir 12 faixas que deixarão orgulhosos os fãs do britpop de Oasis e Stone Roses e do indie rock nacional de bandas como Pública e a extinta Gram. As guitarras, ora sutis e bem arranjadas, ora urgentes, comandam a maioria das músicas e se encaixam perfeitamente com a versátil voz de Cristiano Bauce. Em Boas Mãos é daqueles discos que você começa a escutar e, quando percebe, o silêncio aparece e tudo o que resta é um sorriso quase que involuntário—e várias melodias e refrães que não sairão da sua cabeça por dias. Neto Rodrigues
Vespas Mandarinas – Da Doo Ron Na bio da banda, lê-se que os integrantes se juntaram para “interpretar rocks simples e de refrão”. Às vezes, isso é o suficiente. Ainda mais quando tais integrantes fazem ou fizeram parte de bandas como Forgotten Boys e Ludov. Da Doo Ron foi gravado no estúdio do guitarrista Chuck Hipolitho, que impôs seus riffs pegajosos nas faixas “Sem Nome” e “Impróprio”. Há também algo de cabaret rock na faixa que dá nome ao EP. Já “Pesadilla Blues” mostra que, mesmo se o momento pedir 5 minutos de guitarras cadenciadas e backing vocals bem trabalhados, o quarteto consegue entregar algo bem digno. Apesar da estreia só ter sete faixas, vale ficar de olho nas Vespas Mandarinas. Ou, como os próprios dizem, num feliz trocadilho, “beeware!”. Neto Rodrigues
MEME dezembro 2010
MEME dezembro 2010
Problema: falta de coesão. Tem texto justificado, alinhado à esquerda, à direita e centralizado, tudo na mesma página. Além disso, o título não está destacado o suficiente.
24 Cinema
FORADO E RDEM Netto Gomes
Os roteiros não-lineares estão cada vez mais presentes no cinema O Meio
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Existem sempre aqueles filmes que deixam um pouco confusos... Mas como o mocinho foi parar ali, se ele estava lá agora mesmo? O que acontece, é que muitos roteiristas usam o recurso de não linearidade cronológica na história contada, para poder colocar o ponto de vista que querem passar para o espectador. Esses roteiros que parecem todos bagunçados no tempo-espaço são conhecidos como roteiros não-lineares. Esse tipo de roteiro é freqüentemente utilizado para imitar lembranças e memórias, mas tem sido aplicado nas telonas por outras razões também, como ilustrar de forma inesperada e surpreendente certos momentos marcantes para o filme, como o ápice da ação. É bem difícil conseguir estruturar um roteiro fora da ordem cronológica sem confundir o espectador. Ainda assim, existem exemplos de bons filmes cuja estrutura são não-lineares, como “Kill Bill”, “Pulp Fiction – Tempo de Violência” e “Cães de Aluguel”, do diretor Quentin Tarantino, além de “Os Suspeitos”, “Assassinos Por Natureza”, “Corra, Lola, Corra!”, “Magnolia”, o clássico “Cidadão Kane”, “Brilho Eterno De Uma Mente Sem Lembranças”, o brasileiro “Cvidade de Deus”, entre vários outros.
O Final Por exemplo, o mundialmente conhecido “Amnésia” do diretor Christopher Nolan (de “Batman – O Cavaleiro das Trevas”), produção que ficou conhecido também como o “filme de trás pra frente”, vai muito além disso. Desenvolvendo-se como um thriller psicológico muito bem trabalhado, o filme tem duas linhas narrativas que se cruzam: as cenas coloridas, em ordem inversa, e as cenas em preto-e-branco, em ordem cronológica. Aliás, influenciados pelo boca-a-boca gerado pelo longa, grande parte das pessoas nunca repararam na importância das cenas em ordem “normal”, o que é uma pena, pois Amnésia não vale a pena simplesmente pelo fato de ser ao contrário. Vale porque o roteiro é desenvolvido de uma forma tal que o espectador não só se acostuma com aquela forma de
ver as coisas como fica tenso para saber o começo da história, algo bizarro, mas digno de aplausos. Outro que também faz sucesso entre os roteiros fora da ordem cronológica é “Brilho Eterno de uma Mente Sem Lembranças”. Também conhecido pelas alcunhas “Aquele filme que o Jim Carrey é sério” e “Aquele filme com nome comprido”, a produção já é considerada cult, mesmo não tendo nem 10 anos desde seu lançamento. Quando isso acontece, pode se ter certeza que o filme vale o título. Foi um dos primeiros filmes a utilizar a técnica da não-linearidade no roteiro para desenvolver um romance, e sem deixar o espectador perdido ao mesmo tempo em que faz com que o mesmo se envolva na história dos dois. Há produções nacionais que utilizam roteiros não-lineares também. Melhor filme brasileiro da década de 2000, “Cidade de Deus” é também aclamado por inúmeras pessoas de fora do país. Para se ter uma ideia, é hoje 17º melhor filme da história, segundo o IMDb (Internet Movie Database, o maior acervo de informações sobre cinema online do mundo – www.imdb.com). E grande parte desse êxito é devido à narrativa fragmentada, um pouco diferente das citadas acima, mas que definitivamente se encaixa no tema.
MEME novembro 2010
Problema: a página não estava harmoniosa nem visualmente agradável. Além do excesso de espaço em branco, as imagens estava muito pesadas em um só canto da página e não tinham ligação com o resto da matéria.
Outro filme que virou ícone com este recurso marca a estreia de Quentin Tarantino nos cinemas, e é também seu melhor trabalho como roteirista. “Cães de Aluguel” conta com uma “cena principal” dentro de um galpão, a partir da qual nós, espectadores, somos lançados a uma história que os personagens conhecem, mas nós não. E aos poucos, a história vai se encaixando de forma perfeita, fazendo com que terminemos o filme com todos os acontecimentos em ordem em nossas cabeças.
O Começo Os roteiros não-lineares têm ganhado cada vez mais espaço no cinema em todo o mundo. Esse pode ser o início de uma onda de idéias originais e bem montadas para a sétima arte... ou pode estar na metade dessa onda! Será que é o final? MEME novembro 2010
Páginas finais Aqui estão algumas páginas prontas, mostrando como o grid mutável é utilizado e como é mantida a identidade visual. Aqui também estão as páginas problemáticas exibidas anteriormente corrigidas.
Crônica
(pausa para um pequeno absurdo) Renata Penzani
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estavam acostumados a ter espaço para se esticar, me rendeu uma íngua e ainda descansa, ileso, sob as honras de “dente do juízo”. Nem juízo ele trouxe, nem um pouquinho que seja, já que escrevi mais de 1600 caracteres sobre um pequeno pedaço de cálcio enraizado na minha gengiva – mas temos de ser justos com as bobagens, se quisermos escrever sobre o gênero humano; estaríamos suprimindo grande parte de sua verdade se as ignorássemos sempre. O irônico é que lamento este pequeno drama enquanto dirijo a caminho do dentista. O dente do juízo me venceu, mudou a minha rotina, mas, agora, munida de espátulas, anestésicos e algodão, dou fim ao dilema.
D
esisto. Morre hoje minha última esperança de dar alguma dignidade à minha raça. Esperei, tive cautela. Vim no momento em que a serenidade predominava na pessoa em questão, hospedeira de minha odontológica missão pelo bem de meus pares. Só o que consegui foram dores de cabeça, inchaços dolorosos, palavrões. Não entendem que sou imperfeição necessária, que faço parte desses pequenos absurdos que os compõem. Para eles, sou imprestável. Sou como um cravo no beijinho: subestimado e injustiçado. O que é irônico é que lamento este pequeno drama enquanto caminho em direção à clínica onde arrancam todos que são como eu. Mas, munido de coragem e anos de repressão acumulada, dou fim ao dilema. Daqui, eu não saio. – pensava o pequeno dente, lembrando Clarice: “até cortar os defeitos pode ser perigoso – nunca se sabe qual o defeito que sustenta nosso edifício inteiro”.
FOTO: http://www.flickr.com/photos/paulozapella/
H
oje me sinto ridiculamente humana. Meu dente do siso, chamado “dente do juízo”, irrompeu na minha gengiva. Um pouco tardio, é verdade, mas veio, e não é pela demora que se tornou mais bem quisto, mais necessário. Continua dispensável, fugaz, inútil, avermelhando a gengiva que o rodeia. E, ainda assim, lá está, atrás de todos os dentes, ocupando um espaço morto na minha boca. Um zero à esquerda, não fosse verdade que está à direita. Veio, e veio sozinho. Seus únicos comparsas ainda se escondem, inclusos, fincados nas profundezas do meu abismo bucal, descobertos apenas por Raio-x, os covarde. O dente do siso faz parte dessa quantidade enorme de coisas que não mudam o curso da humanidade em nenhuma medida, que não fazem bem e não chegam a fazer mal: cócegas na grande trama universal. É como o cravo no beijinho, o dente do siso, absolutamente gratuito. Não consegue nem mesmo angariar uma cárie, como o fazem os outros dentes, que, investidos de uma fome insaciável de glicose, se deliciam com todo tipo de açúcar. O dente do siso não dura tanto. E nem mesmo as comidas chegam até onde eles estão, parando nos primeiros dentes, maiores e mais espaçosos. O siso morre virgem, triste, desrespeitado. Pequeno absurdo que nos compõe. Outro mistério sobre ele é que nunca sabem como grafálo. Dentes do “cizo” e do “sizo” pululam aos montes em suas ortografias tortas sem que ninguém dê conta do erro. Nem mesmo os gramáticos os tais dentes parecem abalar. Mas, nesse momento, me abalam, e contrariam toda a lógica das coisas que não fazem mal, mas não chegam a fazer mal. O dente chegou, abalou a rotina dos meus dentes que
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Crônica
HIGH and DRY
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Renata Penzani
hado. Dos seus poros não brotava mais aquele suor insípido, amarelado, cansado de tanto suar. Era uma água límpida, fina, livre. E foi de calor em calor que ela aprendeu a apreciar seu novo estado, observando o sofrimento das pessoas que, leques em riste, lutavam para se esquivar das altas temperaturas. Para ela, ficou tudo mais simples. Podia usar as roupas que quisesse sem os arrepios quentes que vinham da sensação da camiseta encostando nas costas. O cabelo podia roçar sua nuca e os pés puderam calçar outra coisa que não fossem chinelos. Seu luxo maior passou a ser tomar cappuccino em pleno verão, ou fechar as janelas da casa toda sem se sentir sufocada. Enquanto os pobres mortais agonizavam em camisas em sopa e bigodes de suor, ela reinava, solene, em seu frescor absoluto. Com o tempo, porém, a coisa foi saindo do controle. Seu sofá mais parecia uma poça e suas roupas preferidas cheiravam a mofo. O cabelo ficou intolerante a penteados e nenhuma das pessoas que convivia com ela conseguia disfarçar o olhar perplexo, a vontade de querer decifrar a fonte da eterna umidade. Já não era tão legal ser molhada. Saía dos seus banhos com total indiferença. O mar não tinha mais graça. O primeiro gole de cerveja não surtia o mesmo efeito e nem correr na chuva e sentir os sapatos enxarcarem fazia algum sentido. Lavar o rosto não descansava seus calores. Não tinha mais suores para secar, nem desconforto para resolver: vivendo em seu frescor constante, desaprendeu o que era alívio. Era, e por isso não sabia mais o que era apenas estar. Estar molhada, estar seca, estar feliz. Dormiu com esforço e despencou num sono profundo, sonhando com lençóis quentinhos cheirando a aloe vera. Acordou praguejando o despertador, quebrado havia dois dias. Sentindo seu corpo todo acalorado e embrulhado naquele conhecido desconforto, re-acostumou seu corpo ao alento dos ventos que sopravam da janela. Largada na cama, a base de líquidos e soros, já não era o mesmo vento que sentir evaporar seus suores naquela candente manhã de domingo.
FOTO: http://www.flickr.com/photos/purpleapple/
A
expressão “suar em bicas” nunca fez tanto sentido para alguém quanto sempre fez para ela. Num sábado insosso de preguiças acaloradas, ela se revirava na cama, o lençol umedecido pela água quente que brotava dos seus poros. Sabia bem a fisiologia do calor: de tanto agonizar suores, ela foi estudar a fundo o processo. Entendia o mecanismo de defesa, a resposta biológica, o corpo querendo se resfriar através de movimentos desesperados de excreção de água. Só não entendia porque sentia tanto calor. Passava as tardes de verão como uma enferma, largada na cama a base de líquidos e soros, sentindo cada poro seu querendo se abrir, quase aprendendo a falar para se livrar daquilo, de todo o suor, de toda a sensação de estar na iminência de grudar em algo ou alguém. Um banho, dois, três. Desliga o chuveiro. Mistura água com gelo. Ajusta o ar condicionado. Ventilador na cara. Suco de abacaxi. Loção refrescante de pepino. Abre mais as janelas. Chiclete de hortelã. Chá verde. Nada fazia o calor esfriar. Dormiu querendo acordar molhada, imersa numa sensação de umidade perpétua. Queria viver todo o frescor prometido pelas publicidades de sabonete. Queria ser o próprio creme dental de menta. Ahhhh! Refrescância, palavra bonita. Dormia devagar soletrando longamente essas sílabas, a tal ponto que achava a própria pronúncia um tanto mentolada. Acordou num movimento repentino, achando tudo estranho, sentindo um cheiro de banho recém-tomado, os poros todos arregalados, curiosos com a nova sensação. Ela se levantou num susto, deixando a cama como quem deixa um cadáver. Não reconhecia aquele corpo que respirava, que não sofria os insuportáveis calores de sempre, e se olhou no espelho como quem fita um completo estranho. Tinha a pele toda coberta de um brilho desconhecido, diferente da oleosidade habitual que carecia de camadas e mais camadas de pó facial para encobrir as gotículas. Este rosto de agora era fresco, gelado, molhado. Não demorou para que percebesse o corpo inteiro assim também: completamente mol-
A sessão “crônica”, que fecha todas as edições, é a que apresenta um modelo mais fixo. Ela terá somente uma página, que contará sempre uma foto sangrada ocupando todo seu espaço. Esta foto será escolhida de forma a ter a sua área central livre, para que o texto fique legível e não seja preciso recorrer ao uso de boxes. Se necessário, as fotos podem ser modificadas para se adequarem a esse modelo. Essas fotos serão enviadas por colaboradores. O texto será distribuído em duas colunas, de tamanhos iguais, sem olho.
Música
O QUE TEM D E
NOVO?
Holger - Sung
a
Delphic
- Acolyte Sunga é um serv iço definitivo: mer Scissor Sister gulha em caracter - Quant s - Night Out os discos de ban ísticas da música das novas brasileira para você consegue dar originalidad Funcionalidade ouvir do início ea não é objetividad um CD com cara ao fim ? e. É Dep com uma afirmaç de internacion 14 ois de dois sing al – como nenhum ão tão cafona les fracos, o Delphic surp quanto os anos a banda brasile reendee conseg 80 que começo ira fazia de fato, mas ue trazer um álbu a fala bandas gringas r sob m autêntico e re o novo trabalho como Friendly do escutável-por-m Fires já estavam Scissor Sisters. ais-de-um-ano Partindo da épo cansadas de faze para o escasso ca que construiu a r. Em meio à 2010. Mais um nossa imagem batucada, os sint a vez, as maiores apo de pist etizadores e linh a de dança, você sab stas do ano dec as múltiplas de voc e o objetivo epcionam e temos de Night Work al surgem de form um grande disc a par genuína e imprevi a não tir da primeira o esperado em mão faixa. Talvez este sível, com um s. E não é seja o único equilíbrio que só a alquimia ent pode ser atribuí problema do disc re rock e música do o: sonoridade à produção do eletrônica que brooklyniano Pau muito óbvia par torna a estreia a l atin Manson. “Trans dos britânicos imp de clássico do pop gir o patamar finite”, “Let ‘em ecável. Acolyte é . Apesar do sen Shine Below”, um disco de estrutu ti“No Brakes” e mento de “já-ouv ra equilibrada e “She i- -antes” inerent Dances” evidenc hermética, as faix e, o Scissor mudou iam que se trat as se a . Está cada vez completam. de um CD par Músicas como a dançar. Mas mai s afas tado de qualqu “Red Lights” e é no rock ‘n’ roll de “To er som “This undergr Momentary ” lem othhless Turtles ound, cada vez bram Klaxons, ”, Cut na aura world mai s pop. music de “Beave Copy e, principa Night Work não r” e traz nada novo, no romantismo Order. O resultad lmente, New mas é uma tran de “W ho Knows” o é música lon sição inevitável que os coraçõe ge do vazio habitua para s podem ser fisg o grupo. Ouvir l, synthpop per ados “Ha de vez. É bem rde r You Get ” feito. Não é mai possível que que é como ver um s um álbum par a parada gay. E m conhecia a ban a ouvir três música é da pelo clima folk mar avilhoso, é a ded s no repeat. An e cru do EP The icação total às a Malmaceda Green Valley tam pistas de dança. bém Ana Malmaced não se decepcion a e. Maria Joana Avellar
Nina Becker -
o
Azul e Vermelh
não o dois discos – e o que tratam os cozinha multiplicar. É diss ker em sua aventura solo. A s Sobre somar e am Nina Bec rendem arranjo lanç or” que Am – lo “Do disco dup carioca” da cer o ouvinte arras da “escola , capaz de conven bém une os ada criativa e as guit afin voz à se somam ão, que tam memoráveis, que que ousa transmitir. A produç a é que ento e da própria Nin anda, de todo sentim urício Tagliari de Mir los Miranda, Ma ltado, nas palavras ca “espírito resu O talentos de Car . ões ou quem bus ção dessas adiç e” lica ent ltip dam mu a fun faz pro Vermelho em ama música pop sofisticado pode agradar “qu ansão”. Há, no de vozes universo em exp ir estereótipos É para se redefin de aventura, um amor em paz”. ansão suficiente um exp l “De Azu l por a suti e no um engano com maestri a de te izad par real o, fa ant lo. fica, no ent femininas – tare dup que m ta gun álbu per um urna. A discos de Nina pura e not l e Vermelho são s forte em de conta que Azu ções que resultasse ainda mai admitido: faz de can mix um ão, Não haveria, ent Fernando Corrêa um único disco?
Charly Coombes & The New Breed myspace.com/charlycoombes
Você tem que conhecer!
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Devagar, mas constante, Charly Coombes & The New Breed tem mostrado que trabalho duro sempre paga bem no final. Reunida há pouco mais de um ano, a banda de Oxford, Reino Unido, tem um EP e uma turnê nos EUA na bagagem: “Ter um EP é uma maneira boa de atingir as pessoas, é difícil ter impacto na geração iPod; e também foi ótimo trabalhar com Gaz [Coombes, irmão de Charly e líder do Supergrass], ele é um produtor muito talentoso e conseguiu o melhor de nós”, diz Charly. O EP, intitulado Panic, contém quatro faixas que variam entre músicas que são perfeitas para o verão e músicas que seu pai mandaria você abaixar o volume. O disco, que tem a aparência de um vinil anos 60 do Bowie, mostra logo todo o cuidado envolvido no processo de criação: “Gravar um álbum é como construir uma casa, você não pode sentar depois e desejar que as coisas fossem diferentes, tudo precisa estar certo.” A banda acredita, também, que hoje em dia o sonho de ser descoberto por alguém muito poderoso é mais difícil e que a receita para o sucesso é o velho do it yourself. “Fomos colocados nessa posição, é a natureza dessa indústria. Agora você tem que ser o seu empresário e o seu agente, e isso te ensina muito, ao mesmo tempo que te estressa muito.” Jake, Rory, Charly e Dave encaram agora mais turnês e possivelmente um novo EP no inicio de 2011. Rayana Macedo
MEME novembro 2010
Música
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músicas para o Encha seu ipod com
essas bandas brasileiras e aproveite o sol
VERÃO
Apesar de alguns tropeços, Do Amor não trai o nome. “Bonito” sai do clichê e torna-se algo que, na construção de cada refrão, investiga uma definição física da palavra. Assim, os latidos da primeira faixa funcionam como uma janela: “Vem me dar” é um pedido construído cheio de doçura e personalidade. É arriscado dizer, mas parece que Do Amor é uma apresentação clara de um pop brasileiro legítimo. Deboche e experimentalism o podem significar coragem, mas música, acima de tudo, exige harmonia. “I Picture Myself ” e “Shop Chop” são exemplos claros de músicas que podem funcionar ao vivo, mas que não são compreensíveis no disco. Destoam das encantadoras “Chalé”, “Meu Corpo Ali” e “Lindo Lago do Amor”, preciosidades da música brasileira. Ana Malmaceda
E? VOCÊ CONHEC The Baggios Stop Play Moon - Stop Play Moon
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Com seu disco de estreia, o Stop Play Moon cumpre o papel que propõe integralmente: faz música em que o único objetivo é desfrutar com leveza as possibilidades que uma pista de dança pode proporcionar. A vertente da banda é explícita da primeira à última faixa: faz parte do mesmo segmento de grupos como Metric e Copacabana Club. Bom pelo apelo certo, ruim pelos sintetizadores, letras e sonoridade já esperados. “Hey”, “Dance Floor” e “I wanna take it all” podem ilustrar musicalmente isso. Entretanto, apesar de uma certa falta de ambição aparente, a organização do disco é homogênea, impecável. Não é um disco inovador, mas é o que precisamos: um que dê pra escutar inteiro, no mesmo ritmo. Ana Malmaceda
Gulivers - Em boas mãos Indo contra o som moderninho que ocupa boa parte da linha de frente do hype atual, o Gulivers apostou em um som cheio de influências do rock gaúcho para sua estreia. A banda porto-alegrense recrutou o ex-RPM Ray-Z para produzir 12 faixas que deixarão orgulhosos os fãs do britpop de Oasis e Stone Roses e do indie rock nacional de bandas como Pública e a extinta Gram. As guitarras, ora sutis e bem arranjadas, ora urgentes, comandam a maioria das músicas e se encaixam perfeitamente com a versátil voz de Cristiano Bauce. Em Boas Mãos é daqueles discos que você começa a escutar e, quando percebe, o silêncio aparece e tudo o que resta é um sorriso quase que involuntário—e várias melodias e refrães que não sairão da sua cabeça por dias. Neto Rodrigues
Vespas Mandarinas – Da Doo Ron Na bio da banda, lê-se que os integrantes se juntaram para “interpretar rocks simples e de refrão”. Às vezes, isso é o suficiente. Ainda mais quando tais integrantes fazem ou fizeram parte de bandas como Forgotten Boys e Ludov. Da Doo Ron foi gravado no estúdio do guitarrista Chuck Hipolitho, que impôs seus riffs pegajosos nas faixas “Sem Nome” e “Impróprio”. Há também algo de cabaret rock na faixa que dá nome ao EP. Já “Pesadilla Blues” mostra que, mesmo se o momento pedir 5 minutos de guitarras cadenciadas e backing vocals bem trabalhados, o quarteto consegue entregar algo bem digno. Apesar da estreia só ter sete faixas, vale ficar de olho nas Vespas Mandarinas. Ou, como os próprios dizem, num feliz trocadilho, “beeware!”. Neto Rodrigues
MEME dezembro 2010
A sessão “música” também é fixa, e é composta de resenhas de lançamentos de álbuns e sempre apresenta uma banda ainda desconhecida, mas que mostra muito potencial. Tem grid variável, podendo apresentar o texto em 3 colunas, 2 ou ainda só 1. Essa seção trabalha bastante com inclinação dos elementos, se aproveitando da pouca quantidade de texto.
e de personagem quas Por trás de um gran de tragédia. Não sempre há uma gran l -- dessas de bana dia tragé a o me refir acionalistas. Me programas de tv sens inal da palavra de refiro ao sentido orig refere ao conflito se que a, greg origem e uma figura de em entre um personag o a lei, deuses e até instância maior, com 15 io é o nome de Bagg . dade socie mesmo a conhecido por ser um homem que ficou o teria perdido a noçã que rilho anda ‘um pessoa que um dia de realidade’. Uma música enfrentando sonhou em viver de fazer sucesso com para fios desa os s todo Cristóvão, cidade São suas canções. Em i ipe, Baggio é um heró do interior de Serg banda “descoios, Bagg The o e mítico seu com ta pres , hoje berta’ da coluna de ao primeiro símbolo nome homenagem por ‘enfrentar o regional conhecido r com a própria vida desconhecido’ e paga trilhar um caminho o preço por querer ’. nunca vai dar certo ‘que m que todos dize pelo um duo formado O The Baggios é rade e pelo bateriAnd Júlio ta arris guit ou . A dupla já lanç sta Gabriel Carvalho ano EPs, contudo, este alguns singles e álbum nto do primeiro ame lanç o a marc 2004 que começou em de uma trajetória a a hila como referênci trazendo na moc drix, Led ZepHen Jimi de e sonoridad ce e Spen Skip ’ ticos pelin e até dos ‘luná ilo as. Christian Cam o eterno Raul Seix MEME dezembro 2010
Viagem
N COUC surfinH g
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Quer Marina Burity viajar e tá com pouca grana? Quer conhecer mais da cultura local com os nativos? Quer fazer amigos no mundo inteiro? O Couch Surfing proporciona isso e muito mais.
MEME novembro 2010
ão seria bom ter um amigo em cada país do mundo, e poder viajar sem ter que se preocupar com hospedagem? É mais ou menos isso que o Couch Surfing, ou “surfe de sofá”, propõe. Os surfistas de sofá são pessoas que oferecem suas casas (e sofás) para pessoas do mundo inteiro ficarem hospedadas. O site existe desde 2004 e funciona com a ajuda de voluntários e doações. Ele conecta viajantes com moradores locais em mais de 230 países e territórios no mundo inteiro e hoje já conta com mais de um milhão de membros. A missão da organização, mais que oferecer uma alternativa barata de hospedagem, é proporcionar experiências inspiradoras. “Nós temos uma visão do mundo em que todos podem explorar e criar conexões significativas com as pessoas e lugares que eles encontram. Cada
Os membros prezam bastante pela sua segurança e o site é um jeito muito mais seguro para conhecer pessoas do que parece a princípio. Como uma comunidade, os surfistas ajudam a se proteger compartilhando informações. Com o site, é como se você estivesse conhecendo um amigo do seu amigo. Você tem a chance de ler as experiências dos outros membros com essa pessoa, tanto positivas como negativas. Cada membro tem um perfil repleto de informações sobre seus interesses e perspectivas, e é possível se conectar com eles tanto quanto você quiser antes de conhecê-los pessoalmente. O site ainda conta com o ícone vouch (garantia). Esse ícone indica um laço forte entre dois membros e é um sinal de confiança. Quando você dá essa garantia a outro membro, você indica que você suporta todas as ações dele. Tudo que ele faz, bom ou mal, reflete nas pessoas que deram essa garantia a ele, portanto é uma
“Participe na criação de um mundo melhor, um sofá de cada vez” experiência trocada por um membro do Couch Surfing nos aproxima dessa visão” declara no site um dos fundadores, Casey Fenton. Ambos os lados são beneficiados ao participar do Couch Surfing. Anfitriões tem a oportunidade de conhecer pessoas de todo o mundo sem sair de casa e os “surfistas”, ou viajantes, podem participar da vida local dos lugares em que eles visitam. Essas trocas são uma forma rica e única de interação cultura. Se você não tem um sofá para oferecer para outros viajantes, pode participar do site mesmo assim. O único pedido dos organizadores é que você pense em oferecer seu sofá algum dia na sua vida, já que a comunidade funciona na base da reciprocidade. E claro, que tenha a mente aberta a diferenças culturais. Agora, a primeira pergunta que surge na cabeça das pessoas ao saber desse sistema é: “Será que é seguro?”.
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ferramenta usada com bastante discernimento. O site ainda checa o nome e endereço dos membros e disponibiliza um fórum onde as pessoas compartilham as tentativas de fraude. O maior atrativo desse esquema é realmente a troca cultural. Se hospedando na casa de um morador local, você será mais que um turista, poderá vivenciar a cidade como ela realmente é. Você poderá receber dicas daqueles lugares que não são mencionados em guias e se inserir na rotina local. Recebendo um morador, você estará em contato com outra cultura e outros hábitos e estará aprendendo ao mesmo tempo que ensina. Além disso você poderá compartilhar um pouco de você e da sua vida com outra pessoa que você normalmente não conheceria. Se interessou? Veja na próxima página as dicas para se tornar um Couch Surfer. >> MEME novembro 2010
Antes de ir em frente, confira essas dicas: Se você vai RECEBER viajantes
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ras que quiser Você pode colocar as reg quer impor e escreva Decida os limites que você ado nessas informações tudo no seu perfil. É base os pedidos para se hosfazer vão ntes viaja os que pedar com você.
Leia os pedidos com atenção Analise com cuidado os pedidos e os perfis dos interessados. O melhor jeito de evitar problemas é escolher quem você quer e quando você quiser.
Se você vai SE HOSPEDAR no sofá alheio 16
Crie um perfil completo
Seja franco
Se o viajante tom ar alguma atitude que te incomode, con verse com ele. Na ma ioria das vezes, a ati tude incômoda é res ultado de diferenças cul turais. Em último cas o, você tem o direito de pedir pra pessoa sair.
Crie sua conta e faça contatos antes de cair na estrada. É bem mais fácil conseguir um sofá quando você tem um feedback de outros membros no seu perfil.
ade Planeje flexibilidnão te hospedar
Os membros podem mas ê gostaria e em algu pelo tempo que voc m ito difícil achar algu cidades pode ser mu lsíve revi imp pode ser fing Sur ch Cou . sofá a! e essa é parte da graç
Não deixe pra última hora
Você deve procurar sofás pelo menos uma semana antes de partir. Escreva um pedido personalizado para ter mais chances de ser aceito. No site existem dicas de como escrever um bom pedido. MEME novembro 2010
Tenha dinh eiro reserva
A sessão de “viagem” é rotativa. Nessa edição a página dupla apresenta a matéria, mantendo a regra de duas colunas para textos grandes. Embora as duas colunas sejam retas e de tamanho iguais, o elemento que o diferencia é o desnível das colunas e o olho que quase se mescla com o Para saber mais acesse: www.couchsurfing.org fundo. A tarja retangular aparece em dois tons de verde, mantendo a identidade da matéria com o resto da revista. A última página apresenta dicas e seu formato foi totalmente refeito para diferenciar essa parte do resto da matéria. Foram incluídas mais fotos, em tamanho reduzido e o texto foi fragmentado para que seja mais rápido e fácil encontrar as informações contidas. Os textos e fotos foram organizados em módulos de tamanhos diferentes e para dar ainda mais agilidade à página, cerca de metade das caixas de textos são marcadas pelas faixas retangulares coloridas. Planeje-se pa ra a possibilidade de ficar em um hostel caso não cons iga um anfitrião ou algo inesperado aco nteça. E tenha sem pre com você um guia e um mapa da cid ade.
Literatura
VOLTANDO A PASSAR PELO CORAÇÃO
Eduardo Galeano e a arte das pequenas histórias por Renata Penzani
“No café da manhã, minhas certezas servem-se de dúvidas. E têm dias em que me sinto estrangeiro em Montevidéu e em qualquer outra parte. Nesses dias, dias sem sol, noites sem lua, nenhum lugar é o meu lugar e não consigo me reconhecer em nada, em ninguém. As palavras não se parecem àquilo que dão nome, e não se parecem nem mesmo ao seu próprio som. Então não estou onde estou. Deixo meu corpo e saio, para longe, para lugar nenhum, e não quero estar com ninguém, nem mesmo comigo, e não tenho, nem quero ter, nome algum: então perco a vontade de me chamar ou de ser chamado.”
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A
pequena edição de capa amarela só revela o seu peso se o carregarmos no colo. Do Livro dos Abraços, de Eduardo Galeano despenca um mundo de possibilidades que só esperam que abramos os olhos. É um livro de restrições, de liberdades; de sonhos desperdiçados; do cotidiano e do extraordinário; de política e de amor; de tormentos e ternuras; de coisas tão pequenas que se perdem num abraço, mas que, ao mesmo tempo, ultrapassam a largura que os braços podem forjar. Eduardo Galeano, primeiro cidadão ilustre do Mercosul, nasceu em Montevidéu, em 1940. Mais que o Galeano conhecido por qualquer um que já tenha ouvido falar de uma América Latina de Veias Abertas ou que colecione citações críticas ao imperialismo, ele é o Galeano das palavras que andam, do mundo que vaga, dos mais de 30 títulos traduzidos em mais de 20 línguas, dos olhos azuis e sorriso largo que já completam 68 anos. O Livro dos Abraços foi publicado pela primeira vez em 1989 e, para Jay Parini, do suplemento literário do New York Times, é o livro mais ousada do autor. Mas, de tudo, o que fica é o impacto deste livro de abraços que mais parece um aperto. A ingenuidade das primeiras linhas vai traçando um caminho para o fantástico, que passa pelo absurdo, pelo protesto e pelo prosaico. Galeano passou sua vida sendo arremessado pelos quatro cantos da América Latina. Viveu o exílio dos anos 70 e sentiu várias fomes e dores que não somente as suas próprias. O Livro dos Abraços, como outras obras do autor, nasce do resultado de suas andanças. Uma singela tentativa de congelar a memória. Pequenos momentos, aqueles que sacodem a alma da gente sem a grandiloquência dos grandes heroísmos, mas com a grandeza da vida.
O começo, por sua descontextualização, incita uma certa inquietação, dessas que vêm só para depositar uma interrogação no meio da testa e depois ir embora. Não sabemos ao certo o que Galeano quer mostrar, quem são as personagens, o porquê de estarem ali, mas sabemos que deve valer o risco. De um pequeno conto entitulado O mundo, sai a primeira síntese dos pensamentos absurdos do autor: “o mundo é isso, um montão de gente, um mar de fogueirinhas”. Com a calma que nos é requisitada, continuamos a girar os olhos pelas páginas que seguem e, aos poucos, vão despontando cenários, personagens, criaturas míticas, fábulas: tudo aquilo que, até o final da última página, já estaremos pegando pela mão e chamando pelo nome. De súbitas guerras e relatos doloridos de tortura, a possibilidade de botar reparo nas pequenas coisas, de questionar o papel da arte, desbravar fronteiras não apenas geográficas do mapa da América, mas da moral humana. As mais feias imagens vistas da ótica mais pura que Galeano conseguiu encontrar. A pureza vista pelo ângulo mais frio. E o leitor já submerso num universo único de brincadeira e aguda seriedade. O autor mimetiza suas próprias palavras para construir uma narrativa repetitiva, mas nunca cansativa. Escreve pequenos contos que acabam numa página; outros maiores que logo ganham duas ou três, em que as reticências parecem aparecer para resguardar a melhor parte. O Livro dos Abraços é feito de histórias estilhaçadas que encontram a parte que lhes falta e a cola que as une no meio do caminho. A noite, por exemplo, é uma história ridiculamente pequena que tem suas quatro
“Na parede de um bote-
quim de Madri, um cartaz avisa: Proibido cantar. Na parede do aeroporto do Rio de Janeiro, um aviso informa: É proibido brincar com os carrinhos porta-bagagem. Ou seja: Ainda existe gente que canta, ainda existe gente que brinca.”
Ficha Técnica O Livro dos Abraços Eduardo Galeano Editora: L&PM Pocket 5ª edição – 1997 Tradução: Eric Nepomuceno
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partes divididas por apenas uma página. Todas falam da mesma mulher, do mesmo cenário, da mesma angústia e mesma alegria; é uma história completa, mas se não fosse fragmentada por essa página, não guardariam o mesmo grau de mistério e significação. É o livro da minúcia. Um trabalho artesanal de colagem de histórias que nos distrai a ponto de que, num momento que nunca saberemos ao certo, descobrimos que os personagens do começo são os mesmos do final do livro. Que a mulher que ele tanto destaca é, na verdade, a Helena de sempre, sua mulher. E assim, num livro que nem é biografia, em contos que nem são ficção, acabamos sabendo de Galeano como pessoa que casou, teve filhos, fome de abraços, saudade da pátria, infarto do miocárdio e simpatia por Portinari. Galeano conduz uma lanterna que observa o movimento tranquilo da narrativa. Observa as palavras que se dispersam para voltar a se esbarrarem e, finalmente, se abraçarem. Parece banal se pensarmos pequeno, mas como todo silêncio excessivo é estupidez, Galeano dá voz a todas às histórias que encontra por aí abandonadas para compor um livro de agradáveis relatos que tentam, a partir da despretensão, resgatar a grandeza das pequenices da vida. É por isso que O Livro dos Abraços nunca se esgota; é uma leitura de paciência e de sempre, que nunca encontra razão para parar. “A identidade não é uma peça de museu, quietinha na vitrine, mas a sempre assombrosa síntese das contradições”, diria o autor. Ou não. Apenas acenderia um cigarro e seguiria rumo à percepção de outras pequenas sutilezas.
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A sessão “literatura” também é rotativa e para essa edição usei linhas no fundo como forma de criar uma textura. Essa é uma exceção no projeto gráfico da revista, e serve justamente para quebrar um pouco o ritmo das páginas. Se o fundo inova, o corpo de texto volta a ser clássico. Esse jogo é feito durante a revista para surpreender o leitor, trazendo formatos sempre imprevisíveis. Desse jeito, o texto aparece bem blocado, com um olho no meio. Esse formato inclusive remete à diagramação de um livro, sendo condizente com o conteúdo apresentado.
Receita Essa é uma receita adaptada da Bruschetta. Originária da região central da Itália, a Bruschetta original é frita, mas para torná-la mais saudável, foi convertida à assada. Essa receita é super fácil e rápida de ser feita e serve como aperitivo ou jantar, para servir os amigos ou comer sozinho. E você pode ainda ainda fazer a sua própria versão, trocando os ingredientes pelo que você preferir. Fácil e versátil!
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Ingredientes > pão italiano > tomate > cebola > queijo mussarela > azeite > manjericão MEME novembro 2010
Modo de preparo Corte o pão italiano em fatias não muito finas e espalhe-as numa assadeira grande. Corte a cebola e o tomate em cubinhos e espalhe nas fatias. Jogue azeite por cima. O queijo vai em seguida. Ele pode ser cortado em cubos ou a fatia fininha pode cobrir todo o pão. Por último coloque o manjericão (que pode ser substituído por orégano) e deixe no forno médio de 15 a 20 minutos. Tá pronto!
A seção “receita” também faz parte do fechamento da revista. Por ter uma quantidade pequena de texto, apresenta uma só foto grande e o texto em uma só coluna.
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Cinema
a s de vid História am ir sp in que das fazem filmes fias um ra g io b no cine famoso gênero do to o mund
S A D I V As elas como são!
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Regina
Colon
“Chaplin” (1992) Steven Spielbe conta a história comediante e do ator, fará a cinebiografi rg acaba de anunciar que produtor Charle s Spencer Ch a dos Bee Gee lin, vivido por aps. Sacha Baron Cohen irá Robert Downe interpretar Fre y Jr. (de “Sherlo Ho lme s”), ddie Me desde o seu inic ck filme que contará io na a história de vida rcur y em Inglaterra até anos de sucesso os da banda Queen do vocalista no cinema mu . O cinema bra ndial. O filme de suas conqui fala sileiro viu há pouco, uma das stas, amores e des maiores bilheter amo por res. Ric Dirigido hard Attenb ias com Chico Xavier nas telo nas. por outra cinebio orough, que ganhou o Oscar grafia, “Gandh Não é de hoje i”. que os longas insp Uma das cinebio personagens reai irados em grafias mais ous s e suas trajetór men ada te, “Não Estou Lá” s atualias são lucrativos, emocion (2007) narra a antes e aguard Bob Dylan atra vida de ados. Vários prê mios Oscar fora vés de sete inte m dados a inte rpretações dife entes: Marcus rpretações reai rconfirmando que Carl Franklin, s, Whisha Ch esse gênero do rist ian Bal w, Heath Led cinema é bem valorizado. ger, Richard Ger e, Ben Blanchett. Ent e e Cate retanto, o filme Para interpre não tem tom doc tar uma pes men tal. A intenção do dire unecessário que soa real é tor Todd Hayne o ator mergulh “Velvet Godm e mais a fundo s (de história, buscan ine”) era contar na do a imitação os mitos por trás lenda do cantor perfeit da que retratará. Ger folk. almente, esse trab a daquele “Pia f ” (2007) rendeu quisa, não só à atriz francesa do ator, mas tam alho de pesCotillard (de “Ni Marion bém de toda a produção é tão ne”) um Oscar intenso que o film e um lugar ao em Hollywood sol e chama atenção pela fidelida . O filme, que tem de e é muito con a direção de Oli ver Dah an (de “Rios Ver siderado pela qualidade históric mel hos ”), a. mostra a vida da cantora Edith Piaf, cheia de sofr A cinebiografi imento e música a está no limite Audrey Tautou e documentário . entre filme (de “O Código , uma vez que o inte rpre Da ta Gabrielle Bon Vinci”) primeiro necessita de um rote heur Chanel, em iro comercial e Antes de Chane “Coco romântico (não no sentido amo l” (2009), mostra roso somente) ndo as fases e obstáculos que a e o segundo é a história bru estilista viveu ant ta. Nessas pro es de cost che ura gar a alta . Dirigido por An duções é preciso destacar momen ne Fon tos reais da vida taine (de “O Pre da Traição”). ço gem retratado. do personaNão se pode fala “Chico Xavier” r de todos, sendo fundamental a (2010) é uma seleção. livro de Marcel Souto Maior, “As adaptação do Dirigido pelo aclamado Oliver Xavier”, produz vidas de Chico “Platoon” e “W ido e dirigido por Stone (de all Street”), o film Daniel Filho (de “Se eu fosse voc e “The Doors” (1991) mostra ê”). O filme con a trajetória da ta a história do médium que vive banda de rock que ganhou fãs, u até os 92 anos, na qual exe principalmente atividades filan rceu , por causa do polêmico vocalis trópicas e escreve ta Jim Morrison, u mais de 400 ros psicografad livna ocasião por interpretado os. No elenco estã Val Kimer (de o Nelson Xavier, Ângelo Antôn “Batman Eterna mente”). io, Ton y Ram os, Christiane Tor Pedro Paulo Ran loni, gel entre outros.
Confira as cinebiografias que renderam estatuetas para atores e atrizes:
Sally Field interpreta Norma Rae no filme de mesmo nome de 1980, sindicalista que lutou por melhores condições de trabalho nas indústrias têxteis.
Ben Kingsley levou o Oscar pela sua interpretação em “Gandhi”, em 1983.
Em “Meninos não choram”, de 2000, Hillary Swank mostra a jovem Teena Brandon tentando assumir sua homossexualidade.
Em 2003 Adrien Brody interpretou um polonês judeu na 2ª Guerra Mundial em “O Pianista”.
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Famoso cantor cego, Ray Charles foi interpretado por Jamie Foxx em 2005 no filme “Ray”.
Julia Roberts recebeu seu Oscar depois de interpretar Erin Brockvich no filme homônimo de 2001.
“A Rainha”, de 2007, mostra a vida da rainha Elizabeth II depois da morte da princesa Diana. Bela interpretação de Helen Mirren.
Em “Capote”, Philip Seymour Hoffman dá vida ao escritor americano Truman Capote.
Primeiro gay assumido a ter um cargo público importante nos EUA, Harvey Milk foi levado às telas por Sean Penn em 2009, com “Milk”.
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A vida sofrida da cantora francesa Edith Piaf foi retratada por Marion Cotillard em 2008 no filme “Piaf - Um hino ao amor”. MEME novembro 2010
Cinema
FORADO E RD
Netto Gomes
EM
Os roteiros não-lineares estão cada vez mais presentes no cinema
O Meio Existem sempre aqueles filmes que deixam um pouco confusos... Mas como o mocinho foi parar ali, se ele estava lá agora mesmo? O que acontece, é que muitos roteiristas usam o recurso de não linearidade cronológica na história contada, para poder colocar o ponto de vista que querem passar para o espectador. Esses roteiros que parecem todos bagunçados no tempo-espaço são conhecidos como roteiros não-lineares. Esse tipo de roteiro é freqüentemente utilizado para imitar lembranças e memórias, mas tem sido aplicado nas telonas por outras razões também, como ilustrar de forma inesperada e surpreendente certos momentos marcantes para o filme, como o ápice da ação. É bem difícil conseguir estruturar um roteiro fora da ordem cronológica sem confundir o espectador. Ainda assim, existem exemplos de bons filmes cuja estrutura são não-lineares, como “Kill Bill”, “Pulp Fiction – Tempo de Violência” e “Cães de Aluguel”, do diretor Quentin Tarantino, além de “Os Suspeitos”, “Assassinos Por Natureza”, “Corra, Lola, Corra!”, “Magnolia”, o clássico “Cidadão Kane”, “Brilho Eterno De Uma Mente Sem Lembranças”, o brasileiro “Cvidade de Deus”, entre vários outros.
O Final Por exemplo, o mundialmente conhecido “Amnésia” do diretor Christopher Nolan (de “Batman – O Cavaleiro das Trevas”), produção que ficou conhecido também como o “filme de trás pra frente”, vai muito além disso.
Desenvolvendo-se como um thriller psicológico muito bem trabalhado, o filme tem duas linhas narrativas que se cruzam: as cenas coloridas, em ordem inversa, e as cenas em preto-e-branco, em ordem cronológica. Aliás, influenciados pelo boca-a-boca gerado pelo longa, grande parte das pessoas nunca repararam na importância das cenas em ordem “normal”, o que é uma pena, pois Amnésia não vale a pena simplesmente pelo fato de ser ao contrário. Vale porque o roteiro é desenvolvido de uma forma tal que o espectador não só se acostuma com aquela forma de ver as coisas como fica tenso para saber o começo da história, algo bizarro, mas digno de aplausos. Outro que também faz sucesso entre os roteiros fora da ordem cronológica é “Brilho Eterno de uma Mente Sem Lembranças”. Também conhecido pelas alcunhas “Aquele filme que o Jim Carrey é sério” e “Aquele filme com nome comprido”, a produção já é considerada cult, mesmo não tendo nem 10 anos desde seu lançamento. Quando isso acontece, pode se ter certeza que o filme vale o título. Foi um dos primeiros filmes a utilizar a técnica da não-linearidade no roteiro para desenvolver um romance, e sem deixar o espectador perdido ao mesmo tempo em que faz com que o mesmo se envolva na história dos dois. Há produções nacionais que utilizam roteiros não-lineares também. Melhor filme brasileiro da década de 2000, “Cidade de Deus” é também aclamado por inúmeras pessoas de fora do país. Para se ter uma ideia, é hoje 17º melhor filme da história, segundo o IMDb (Internet Movie Database, o maior acervo de informações sobre cinema online do mundo – www.imdb.com). E grande parte desse êxito é devido à narrativa fragmentada, um pouco diferente das citadas acima, mas que definitivamente se encaixa no tema. Outro filme que virou ícone com este recurso marca a estreia de Quentin Tarantino nos cinemas, e é também seu melhor trabalho como roteirista. “Cães de Aluguel” conta com uma “cena principal” dentro de um galpão, a partir da qual nós, espectadores, somos lançados a uma história que os personagens conhecem, mas nós não. E aos poucos, a história vai se encaixando de forma perfeita, fazendo com que terminemos o filme com todos os acontecimentos em ordem em nossas cabeças.
O Começo Os roteiros não-lineares têm ganhado cada vez mais espaço no cinema em todo o mundo. Esse pode ser o início de uma onda de idéias originais e bem montadas para a sétima arte... ou pode estar na metade dessa onda! Será que é o final?
A sessão “cinema” é fixa, sempre apresentada em duas páginas. Cada edição traz um tema e apresenta os filmes, antigos e lançamentos, de acordo com esse tema, em uma matéria corrida. Também não apresenta um formato fixo de grid, mudando de acordo com a edição, o tema e as fotos. Observe que na matéria de cima foi usado duas colunas para a caixa de texto, com a mesma inclinada, e depois as informações adicionais foram colocadas na outra página e os elementos foram distribuídos em módulos. Na matéria de baixo, foi usado somente uma coluna para a caixa de texto. Esta apresenta recortes diferentes produzidos pelas fotos dispostas nas laterais. As fotos apresentam efeito 3D e as cores dos elementos seguem a mesma linha.
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A sessão “filosofia” é rotativa. Sua diagramação é feita de acordo com a matéria. Nessa edição, o tema tratado é “angústia”, portanto tentei passar esse conceito na parte gráfica. Para tanto usei letras brancas sobre fundo preto, combinação que sempre causa um desconforto. O grid é diagonal, produzindo mais estranheza ainda. Para finalizar, as colunas tem alturas diferentes e os olhos são justificados, ultrapassando a margem. Para não prejudicar muito a leitura, nesse caso específico, a entrelinha foi aumentada.
Filosofia Para o filósofo dinamarquês, a angústia é o fruto estonteante da liberdade humana. Descubra esse paradoxo
por José Francisco Botelho
Ao longo do século 20, poucas correntes filosóficas fizeram tanto sucesso quanto o existencialismo – escola de pensamento que sublinha a reflexão sobre o absurdo da vida humana, deixando de lado a busca pela verdade suprema ou o bem absoluto. Após duas guerras mundiais, genocídios, fracassos ideológicos e algumas bombas atômicas, esse elegante evangelho do desespero caiu no gosto de pensadores profissionais e leigos. No século passado, a figura mais célebre do cânone existencial foi sem dúvida o materialista Jean-Paul Sartre: graças a ele, o existencialismo acabou associado a um ateísmo militante que, em momentos extremos, beira a intolerância contra qualquer forma de religiosidade. Vale lembrar, no entanto, que o pai do pensamento existencialista moderno não foi um ateu, nem mesmo um agnóstico, mas um homem fervorosamente religioso que via no cristianismo sincero uma afirmação de individualismo e rebeldia: o dinamarquês Soren Kierkegaard (1813-1855). Inimigo declarado de todos os sistemas, Kierkegaard escreveu uma obra cheia de exaltação, espiritualidade e agonia. Seus livros são, ao mesmo tempo, um dilacerante testemunho de fé e uma virulenta zombaria contra a sociedade europeia do século 19. Para ele, a triunfante feiura da Revolução Industrial e a empolada moralidade da burguesia estavam criando uma civilização de pseudoindivíduos acostumados a viver sem paixão e conformados com o próprio tédio. Em um de seus textos, ele escreve com delicioso azedume: “A maior parte da humanidade hoje é composta por chatos. E ninguém será tão chato a ponto de negar essa verdade”. Foi por causa de sua arrasadora honestidade intelectual que esse cristão chegou a influenciar, 100 anos após sua morte, toda uma geração de descrentes. Com efeito, o pensamento de Kierkegaard tem ressonâncias que vão muito além da fé (ou da falta dela). Isso porque o
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E é nessa incapacidade de prever, de explicar ou de controlar nossa própria estadia sobre a Terra que Kierkegaard baseia seu conceito de angústia.
esse cristão renitente chegou a influenciar, 100 anos após sua morte, toda uma geração de descrentes. Com efeito, o pensamento de Kierkegaard tem ressonâncias que vão muito além da fé (ou da falta dela). Isso porque o tema mais prolífico e eloquente na obra do cristianíssimo rebelde dinamarquês é um daqueles assuntos que jamais envelhecem, e que podemos realmente chamar de universais: a angústia da condição humana. Mal de família Para compreender o gênio conturbado de Kierkegaard, é preciso entreabrir o baú de sua história familiar. Michael Kierkegaard, pai do filósofo, nasceu em absoluta miséria nas charnecas gélidas da serviriam ao retraído Soren como uma espécie de esJutlândia, no norte da Dinamarca, e passou a infâncudo contra o mundo. cia pastoreando rebanhos alheios debaixo de chuvas, Aos 24 anos, Kierkegaard quase conseguiu livrar-se ventanias e granizos. Era um garoto profundamente de sua herança de culpa e melancolia: foi nessa época religioso e, por isso mesmo, não compreendia como que se apaixonou por Regine Olsen, uma garota bela, Deus podia tratá-lo com tanta indiferença. Rezava culta e abastada. Após um namoro platônico, ambos constantemente por uma vida melhor, mas seus apenoivaram, planejando um futuro de idílios intelectuais los pareciam cair em moucos ouvidos divinos. Certo e amorosos. Dois dias após o noivado, contudo, Kidia, quando tinha 10 anos, Michael se revoltou contra erkegaard teve uma misteriosa crise de pânico. Subiaquela cósmica falta de consideração: subiu à encosta tamente, o compromisso pareceu-lhe um grande erro de um penhasco e, com o punho erguido contra o céu – e Soren acabou por repudiar Regine sem qualquer 16 ventoso e gelado, lançou uma terrível e solene maldição explicação. Até hoje ninguém sabe ao certo por que o contra Deus. filósofo rejeitou a mulher que amava. Alguns opinam Nos anos seguintes, Michael Kierkegaard mudouque ele pretendia levar uma vida de reflexão pura, na se para Copenhague e tornou-se um comerciante qual haveria pouco espaço para os deveres conjugais. imensamente rico. Mas a lembrança de sua épica Outros sugerem que Kierkegaard tinha um medo parblasfêmia perseguia-o como uma sombra. Acabou se alisante do sexo, o que tornaria esses deveres conjugais convencendo de que a maldição se voltaria contra ele: ainda mais assustadores. Deus, mais cedo ou mais tarde, haveria de punir sua Seja como for, o fato é que Kierkegaard acreditapetulância. A sina familiar sustentou sua paranoia: ele va-se incapaz de levar uma vida normal. Em vez de se casou duas vezes, e duas vezes tornou-se viúvo; dos lamuriar-se, contudo, ele resolveu transformar sua sete filhos que teve, cinco morreram ainda moços. Um miséria em objeto de reflexão. Se seu destino era a indos sobreviventes foi precisamente o caçula Soren – felicidade, ele seria apaixonadamente infeliz – o que, que teve uma infância soturna, marcada pelas mortes em todo caso, parecia-lhe mais interessante que ser consecutivas dos irmãos e assombrada pelo temperaalegremente tedioso. mento sinistro do pai. Soren Kierkegaard herdou a religiosidade atorExistência X essência mentada de Michael e passou a juventude obcecado pelo pecado e a culpa. Sua tábua de salvação foi a filoAo longo dos 20 anos seguintes, mergulhado na sofia. Ainda moço, entregou- se ao estudo dos pensolidão, remoendo suas frustrações e pensando sempre sadores gregos. Tinha especial apreço por Sócrates – em Regine Olsen (que, àquela altura, já se casara com com ele, aprendeu a esgrimir a lâmina da ironia. Nos outro homem), Kierkegaard lançou as bases do exisanos seguintes, o sarcasmo e a maledicência erudita tencialismo moderno em obras como Ou Isso ou AqMEME novembro 2010
somos ou fomos criaturas ferozmente singulares, iruilo, Tremor e Temor e O Conceito de Angústia. Para redutíveis a ideias abstratas. Somos, fomos e seremos, compreender sua obra, antes é preciso recapitular duas no fundo de nós mesmos, inexplicáveis. E também ideias de imensa importância para toda a história do imprevisíveis: já que a Razão não nos decifra, já que pensamento: os conceitos de “essência” e “existência”. os conceitos não nos enquadram, como poderíamos Ao escrever seus Diálogos, no século 5 a.C., Platão quantificar a nós mesmos? E é nessa incapacidade de legou à filosofia a divisão entre o mundo das coisas e prever, de explicar ou de controlar nossa própria estao mundo das ideias – ou seja, entre os seres concretos dia sobre a Terra que Kierkegaard baseia seu conceito e os conceitos racionais. Para Platão e seus discípulos, de angústia. as ideias são anteriores (e superiores) às coisas. Os indivíduos seriam apenas manifestações mais ou menos confusas e deturpadas de conceitos gerais, ou “essênAngústia terapêutica cias” – por isso, esse viés filosófico foi chamado de “essencialismo”. Ao longo dos séculos, esse modo de penSegundo Kierkegaard, a angústia é o fruto estonsar levou à construção de grandes sistemas abstratos em teante da liberdade humana. Para compreender essa que a existência individual se dilui na generalização: ideia aparentemente contraditória, é preciso esmiuçar sob tal ponto de vista, a ideia unificada de “humania ambígua teologia do cristão mais amado pelos ateus. dade” seria mais importante e significativa do que as Kierkegaard acreditava apaixonadamente em Deus, estranhezas e particularidades de cada um dos 6 bilhões mas também afirmava que sua existência não podia de seres humanos que hoje habitam a Terra. ser provada pela razão. A divindade de Kierkegaard Foi contra essa obsessão de unanimidade, essa febre estava além da inteligência humana – e de nada adianda abstração que Kierkegaard se rebelou. Para o filósofo taria recorrer a Ele em busca de dicas ou soluções para dinamarquês, o que realmente importava não era a esnossos dilemas. Nesse sentido, o livre arbítrio do ser sência do todo, mas a existência de cada ser em particuhumano é absoluto e inviolável: Deus jamais interfere lar – inclusive naquilo que possa ter de excêntrico, de em um único ato de suas criaturas, por mais desastrosas louco e de inclassificável. A existência é, precisamente, que venham a ser suas consequências. Quando Adão aquilo que escapa ao crivo do pensamento, o cerne irmordeu a fruta proibida, cometendo o pecado original racional que torna cada criatura única, insubstituível. e condenando toda sua descendência a uma história de As verdades subjetivas – próprias e inseparáveis de cada barbaridades e sofrimentos, a mão de Jeová não se esser humano – são mais importantes que as verdades tendeu para impedi-lo – e a culpa disso tudo não jaz objetivas: a ideia geral de humanidade pode servir para na omissão divina, mas na escolha de nosso tataravô livros de biologia ou manuais psicológicos, mas jamais mítico. dará conta de explicar ou definir plenamente um único Alguém poderia argumentar: mas, antes de comer a indivíduo. Você, eu, Sócrates e o próprio Kierkegaard fruta proibida, Adão desconhecia o bem e o mal; como poderia adivinhar que sua escolha traria milênios de desgraça? E é precisamente aí que se encontra a originalidade de Kierkegaard. Para ele, a cada momento de nossas vidas, somos como Adão no Paraíso, com o terrível pomo nas mãos, obrigados a fazer escolhas potencialmente catastróficas – e sem nenhuma força superior que nos guie e coordene, ou que ao menos nos impeça de errar. Distante de Deus, e perante a falência da razão, o homem carece das ferramentas necessárias para se assegurar de que escolhe o caminho certo. A angústia é, precisamente, a consciência dessa liberdade sem freios,
Se o homem fosse um animal ou um anjo, não sentiria angústia. Mas, sendo uma síntese, angustia-se. E tanto mais sente a angústia, quanto mais humano for.
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A cantora performática Silvia Machete canta e encanta o público por onde passa. Saiba mais sobre ela na entrevista que ela concedeu em sua passagem por Bauru, SP.
“Boa noite! Meu nome é Silvia Machete, que rima com raquete, chacrete, corvete e com tudo o que a imaginação masculina pensar”.
para músicas românticas
Performance safada 16
É de forma irreverente e debochada que a cantora carioca se apresenta e sobe aos palcos do Sesc de Bauru pela primeira vez. Quem passou à tarde pelo Sesc e teve a oportunidade de assistir a um pouco da passagem de som da banda, com certeza, deve ter se encantando com a voz de Silvia, isso é fato. Só acho que o espectador transeunte não teria a ideia de que nem um quarto do charme e da magia da apresentação estava sendo mostrado. É que, de um jeito mais tímido, em baixo de seu Wayfarer e jaqueta de frio, Silvia guardava a artista circense para mais tarde. Ressurgida com muito glitter, vestidinho colado e pomba na cabeça a cantora cantou e encantou, esbanjando sua simpatia que contagia e arranca risadas da pateia. Silvia interagiu com o público a noite inteira: chamou gente pra dançar coladinho com ela, ensinou-os a falar inglês numa brincadeira. Bamboleou em cima do palco enquanto enrolava um cigarro de orégano e, depois de tomar um drink azul, começou a soltar bolas de sabão pela boca. Trunfo da performance também são os músicos que acompanham Silvia. De fisionomia aparentemente séria, eles caem na brincadeira da cantora, até na hora em que Silvia veste uma peruca dourada no guitarrista enquanto ele sola Sweet Child of Mine. Aliás, os arranjos escolhidos para as releituras de clássicos chamam a atenção pelo tom moderno e a presença de guitarras um pouco mais pesadas e ressaltantes. A cantora com pinta de pin-up moderna e dona do hino que diz que “toda bêbada canta”, falou sobre sua carreira, música e me contou da “safadeza bonitinha” do povo brasileiro.
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Como foi o seu começo de carreira?
Eu vim para o Brasil depois de ter morado muito tempo fora, lá eu trabalhava com teatro de rua e circo. Decidi que queria cantar depois que fiz o papel de uma cantora em uma peça circense em Nova York. Mas eu sempre cantei desde pequena e sempre tive o sonho de ser cantora. E depois de voltar para o Brasil e de ter me separado do meu parceiro de longa data, eu resolvi vir pra cá e realizar esse sonho, e aí foi que eu gravei o meu primeiro CD, o “Bomb of Love”, e depois o DVD “Eu não sou nenhuma santa”, e agora eu estou morando aqui no Brasil.
Já se apresentou fazendo performances em mais de trinta países, como foi a recepção lá fora? No exterior as pessoas respeitam mais os artistas? O público é muito carinhoso sempre, não interessa onde você está. Eu acho que lá fora realmente tem um valor muito forte a cultura, é claro que você é muito bem recebido quando você é de fora, assim como a gente recebe as pessoas de fora. Nós fomos muito bem recebidos, é muito bom ser artista brasileiro lá fora.
Como nasceu a ideia de unir música à performance? Foi uma coisa muito natural, como eu já fazia a performance, depois que eu fiz esse papel de cantora numa peça, eu realmente decidi: “Não, eu
tenho que ser cantora e fazer um show diferente com essas coisas que eu já faço”. Então juntei todas as coisas que eu sei fazer e coloquei tudo numa coisa só.
O subtítulo do deu primeiro álbum é: “Música safada para corações românticos”, como você explica esse subtítulo?
É um pouco de como eu vejo o brasileiro, é um povo muito romântico e ao mesmo tempo safado, mas é uma safadeza muito bonitinha, sem coisas ruins, é uma coisa muito boa.
Suas músicas têm um bom tom de humor, é esse o jeito que você encontrou para tratar de uma forma mais leve o amor? É, eu acho que eu tento escrever e passar na música um pouco desse amor contemporâneo que a gente vive, que apesar de leve é muito profundo. Eu vou a fundo nas minhas relações, mas tem que também ter leveza, tem que ter humor... Eu acho que amor sem humor não funciona.
O repertório do seu primeiro CD é super eclético, você canta até em inglês, por que cantar em inglês?
Ah, eu sei falar em inglês então por que não cantar em inglês? E é uma outra forma de cantar, a voz quando você canta em inglês ela está colocada de outra forma, então é legal poder cantar em outras línguas, eu canto em francês, eu pretendo apren-
der uma música em alemão, eu gosto dessa possibilidade de poder misturar um monte de tipos de músicas.
Você é uma mistura de ritmo e estilos, é “santa e devassa”, como definiria o seu som?
Eu ouço muita música, e eu me inspiro em várias coisas, como a Johnny Michel que é uma cantora canadense folk, e ouço coisas que me tocaram muito como David Byrne, mas ouço também som nacional como Caetano Veloso... Eu gosto de música e eu aprendo muito ouvindo música, então na hora de fazer um repertório eu estou tocando aquilo que me toca de alguma forma ou porque eu me divirto muito ou porque eu me identifico com aquilo. Eu tenho a impressão de que meu ultimo CD que acabou de sair é bem mais maduro que o primeiro, então é uma questão de evolução.
O que você definiria que é influência chave na sua música?
Ai, eu não sei... Tem uma mistura muito grande, porque ao mesmo tempo em que eu tenho contato com algumas músicas que não são brasileiras, eu sou muito brasileira... Eu amo Bororó, Marcos Valle, Hyldon... Eu acho que eu gosto de fazer música feminina e engraçada também.
Você ouvia muita música em casa?
Eu ouvi muita música com meus pais, meu pai to-
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cava violão e minha família é totalmente musical, meus irmãos são músicos: um toca com o Martinho da Villa outro com Martinália... Então foi quase impossível não entrar para esse mundo, eu até tentei resistir, tanto que eu entrei tarde, aos trinta.
Qual é o álbum não sai do seu cd player?
No momento eu tenho ouvido o Soft Machine, que é uma banda dos anos 70 bem rock’n’roll que é linda, é incrível. Eu quero até fazer alguma coisa com as músicas deles.
O cenário da MPB atual vive um boom de vozes femininas...
É, e eu acho todas umas chatas, confesso logo de uma vez, é sempre a mesma coisa, tirando algumas exceções. Todas cantam bem e são ótimas cantoras, mas falta personalidade, acho que porque elas são muito jovens.
Rio de Janeiro ou Nova York?
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(Risos) Páreo duro! Deixa-me explicar: quando eu estou em Nova York eu penso no Rio, quando eu estou no Rio eu penso em Nova York!
O tropical sacana de Silvia Machete
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Quatro anos separam Extravaganza de Bomb of Love - Música Safada para Corações Românticos (2006), disco de estreia da artista, e as incertezas acerca do lançamento se fizeram presentes. “Este é um trabalho que foi desafiador, por ter que me firmar como uma cantora”, conta ela. Machete, contudo, decidiu seguir seu feeling, mesmo tendo a visão de que as vias mais fáceis para o sucesso possivelmente seriam aquelas com as quais o público poderia se encontrar mais familiarizado. A cantora não quis o básico para seu novo disco. Ao ouvir a faixa “Tropical Extravaganza”, a porção latina do álbum se mostra mais evidente, até em tom de deboche - contando com metais marcantes e diversos “ai, ai, ai”. Entretanto, é em sua versão para “A Cigarra”, homenagem feita à argentina Mercedes Sosa, que Silvia Machete passa por outro tipo de sonoridade, resgatando as influências latinas, mas sem recorrer a estereótipos. A marimba, comumente encontrada nas produções musicais latino-americanas, também marca presença no disco. “É um instrumento bastante extravagante”, caracteriza. Segundo ela, montar um álbum que passasse pela latinidade e ao mesmo tempo por faixas com mistura de marchinhas ao rock (como é o “Vou pra Rua”), baladas (“Feminino Frágil”, composta com Erasmo Carlos), um clássico de Itamar Assumpção com cara nova (“Noite Torta”) e aspectos circenses (“Sábado e Domingo”) consistiu em um exercício de quebra-cabeças. “Você levanta várias músicas, ensaia e vê o que é mais coerente”, explica. Além do passeio pelos sons diferenciados, Machete também não se vale do “mais do mesmo” na hora de buscar canções antigas para regravações. Além dos já citados Itamar Assumpção e Mercedes Sosa, ela presta homenagem a Jorge Mautner, com a nada ingênua “Manjar de Reis”. “Adoro procurar as coisas escondidas e há tanto material bom”, diz.
A matéria de capa da 1ª edição apresenta a cantora Silvia Machete. Para a abertura da matéria, resolvi colocar a foto e o texto na vertical, como se formasse um poster. Essa página dupla está localizada exatamente no meio da revista. Isso produz uma quebra no ritmo de leitura, chamando mais atenção para a matéria principal. A próxima página dupla traz o texto que introduz a entrevista também na vertical, diferenciando-o do resto do conteúdo. A entrevista depois é apresentada em uma caixa de texto ligeiramente menor. A matéria termina com uma resenha do último CD da cantora, e para diferenciar do resto, é colocado em um box colorido. As fotos utilizadas são todas grandes e sangradas, e destacam a personalidade da entrevistada.
MEME MEME Edição 01 - novembro 2010 - R$2,50
Edição 02 - dezembro 2010 - R$2,50
SILVIA MACHETE faz música safada para corações românticos.
Seleção de músicas para te acompanhar nesse verão.
Viaje pelo mundo sem pagar hospedagem com o Couch Surfing. BRUSCHETTA Aprenda a fazer essa receita italiana e impressione seus amigos. O futuro é ANALÓGICO! Descubra os efeitos do vazamento de luz, possível somente em fotos com filme.
BANDA GENTILEZA mistura todos os ritmos musicais que acha pela frente.
O que não pode faltar no cardápio de um vegetariano.
PROCRASTINAÇÃO: o terrível hábito de deixar tudo para depois.
Capas finais. A identidade das tiras coloridas é mantida inclusive na capa. Cada uma tem quatro chamadas, em tamanhos diferentes. A cor do logo muda conforme a foto de fundo, que é sempre do entrevistado do mês.
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Estudo Tipográfico Foram usadas diversas fontes em toda a revista. Elas estão apresentadas abaixo:
Corpo de texto: Adobe Caslon Pro (e suas variações itálico e bold) ABCDEFGHIJKLMNOPQRSTUVWXYZ abcdefghijklmnopqrstuvwxyz 0123456789
Títulos, olhos e chamadas no corpo de texto: Futura (e suas variações light, book, heavy, bold, extra black, entre outras) ABCDEFGHIJKLMNOPQRSTUVWXYZ abcdefghijklmnopqrstuvwxyz 0123456789
Logotipo, seções, rodapé e páginas: Harabara ABCDEFGHIJKLMNOPQRSTUVWXYZ abcdefghijklmnopqrstuvwxyz 0123456789
Logotipo, seções, rodapé e páginas: Alido ABCDEFGHIJKLMNOPQRSTUVWXYZ abcdefghijklmnopqrstuvwxyz 0123456789
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Conclusão Quando pensei nesse projeto, quis fazer algo em que eu pudesse colocar um pouco de tudo que passei nos últimos 4 anos em Bauru. Minha escolha então foi fazer a MEME, onde eu poderia colocar minhas experiências em forma de matéria. Desenvolver a revista foi algo muito proveitoso. Fucei minhas memórias para decidir as pautas e achei muita coisa interessante nesse processo. Analisei diversas revistas em busca de inspiração e sinto que agora, no final, tenho um olhar muito mais apurado e muito mais respeito pelas pessoas que participam do desenvolvimento de revistas. É um processo complexo, mas muito recompensador. Fiz o melhor que eu pude e fiquei bastante satisfeita com o resultado. Acho que os objetivos que eu tinha no começo do projeto foram atingidos, e acredito que os outros estudantes conseguirão se identificar e apreciar a revista. Obrigada Marina Burity Francisco
Bibliografia ALI, Fatima. A Arte de Editar Revistas. S達o Paulo, Companhia Editora Nacional, 2009. AMBROSE, Gavin e HARRIS, Paul. Grids. (trad. Mariana Belloli). S達o Paulo, Bookman, 2008. LUPTON, Ellen e PHILLIPS, Jennifer Cole. Novos Fundamentos do Design. (trad. Cristian Borges). S達o Paulo, Cosac Naify, 2008. Sites consultados Blog Move That Jukebox http://movethatjukebox.com/ Blog A Day in The Life http://colunistas.ig.com.br/tiagoagostini/ Revistas Consultadas Revista Superinteressante. Editora Abril. http://super.abril.com.br/ Revista Bravo! Editora Abril. http://bravonline.abril.com.br/ Revista Vida Simples. Editora Abril. http://vidasimples.abril.com.br/ Revista Rolling Stone. Editora Spring. http://www.rollingstone.com.br/ Revista Criativa. Editora Globo. http://revistacriativa.globo.com/ Revista Noize. http://noize.virgula.uol.com.br/ Revista Offline. http://www.offline.com.br
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