A ARTE
URBANA
E Z D É PRETINHO
“Sou um artista e filósofo, entre, pode entrar, seja bem-vindo” Helenildo Domingos da Silva, Zé Pretinho
a arte urbana de zé pretinho Artista autodidata, Zé Pretinho reaproveita materiais e faz do seu trabalho uma interferência urbana no bairro Eldorado, em Diadema, local em que recria a significação dos objetos, onde predominam as bonecas, compondo um muro inusitado na paisagem da periferia. Tal experiência estética pode ser reconhecida também como Arte Urbana, pois transforma a paisagem da cidade provocando outras leituras e percepções acerca do espaço urbano. E para o público, torna-se uma oportunidade de ir ao encontro da expressão artística num contexto diferente do estabelecido pelos espaços consagrados do campo das artes visuais. A exposição apresenta a reprodução do Muro do Zé Pretinho com alguns de seus elementos físicos, uma mostra parcial de sua obra e fotografias que revelam seu cotidiano. Numa oportunidade para ampliar a compreensão de seu universo criativo, haverá encontros com o artista, bem como visitas ao seu ateliê. Para o Sesc, possibilitar a aproximação com o imaginário criativo do artista Zé Pretinho é manter a consonância com os desígnios da instituição, pois favorece o acesso aos bens culturais e valoriza a expressão artística popular, que nasce, muitas vezes, de forma intuitiva, para dividir com o outro uma visão particular sobre temas universais.
Sesc
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as facetas de zé pretinho Zé Pretinho se define como artista e filósofo. Devemos lhe acrescentar, sem medo de errar, o caráter de reciclador. Tampouco podemos deixar de perceber sua arte como uma vertente da Arte de Rua, já que a obra se revela e se completa em seu máximo alcance no Muro. Em suma, todos os elementos que formam o perfil de Arte Urbana. Essa multidimensionalidade dos discursos agrega à obra camadas de complexidade. Ao tentar entender os fios das meadas do artista, nos deparamos com limites borrados: até onde vai a reciclagem de materiais e começa a reciclagem das ideias? Até onde vai a mera reverberação dos fatos midiáticos e começa a elaboração? Até onde vai a crítica social e começa o grito do excluído e o clamor pelo reconhecimento da arte e da originalidade da sua forma de expressão? E ainda, quais os paralelos da obra do Zé Pretinho com o grafite e as intervenções urbanas ao se valer de espaços públicos para expressar seus conteúdos – às vezes indesejados ou até mesmo inoportunos?
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Ao conceber e montar a exposição O muro de Zé Pretinho, buscamos preservar a característica de significações espiraladas próprias da obra do artista. Ao trazer imagens e elementos do Muro, e emular seu ambiente, método de trabalho e forma de pensar, pretendemos transmitir a sensação de “surrealidade” que experimenta quem o visita no ateliê em Diadema. Um pouco como se fôssemos o próprio Zé Pretinho articulando e comentando uma obra sobre si próprio. Esperamos transmitir a força do seu trabalho, personalidade e criatividade. Que o visitante – assim como um transeunte em Diadema – pare, repare e prossiga. Transformado e ressignificado. Brenda Gottlieb, curadora Eitan Rosenthal, organizador
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Zé Pretinho, artista e filósofo Tem coisa que parece simples, mas não é. Ver as coisas é fácil, ver além é mais sutil. Já não ver, é cômodo. Zé Pretinho, no início, é coisa da terra. Trabalhava na fazenda e nasceu na segunda feira, que é o primeiro dia de trabalho. Ele mesmo viu que trabalhar na fazenda era na verdade ajudar os pais. Oras, afinal de contas o que é trabalhar? Mas logo ficou moço e comprou uma variante, que não é só carro antigo, mas de tanto variar chega a ser uma Ferrari. A variante é o pensamento dele ao transformar as coisas. Do lixo um luxo. Que humano! Para ele as coisas só ficam completas quando têm frases. Em sua obra, a palavra completa a arte, dos bonecos que não falam, mas expressam. E as frases foram feitas com o que havia, tábuas e o velho fogão a lenha. Porque ele sabe que criatividade às vezes é fazer o novo a partir do velho. Não é isso que o fogão dele faz? O ápice veio quando Zé Pretinho resolveu se aprofundar. Aí ele encontrou Platão, Sócrates e Voltaire. Todos estavam no lixo. Porque para quem não tem internet, encontrar as coisas no lixo tem o mesmo resultado. Sabedoria só é amiga do desejo e não da internet, nem dos livros. Saint-Exupéry disse, “Só se vê bem com o coração, o essencial é invisível aos olhos”. Zé Pretinho vê as coisas com o coração. E faz agente ver assim também. Encantador! Encantador! Carlos Eduardo T. Penna Psicólogo 06
“O mundo criado por Zé Pretinho retrata a trágica realidade que nos cerca, estruturando e ordenando, de maneira própria e criativa, uma narrativa das figuras e situações do cotidiano brasileiro e mundial. É um mundo particular, que reflete a sua interpretação dos fatos” Brenda Gottlieb, curadora
“A obra de arte não é uma confissão autobiográfica mas pode haurir sua seiva seja da vida do autor, seja do conturbado mundo que o cerca, assim como da pura contemplação da harmonia das esferas. Muitos, misteriosos e inesgotáveis são os caminhos da beleza” Olívio Tavares de Araújo, Livro de Artes Brasileiras
Exposição muro do zé pretinho Ocupação da área de convivência com reprodução em plotagem do Muro do Zé Pretinho, com alguns elementos físicos do muro e de seu ateliê. Exposição fotográfica de seu trabalho e cotidiano, e instalação audiovisual. Curadoria Brenda Gottlieb. Organização e direção Eitan Rosenthal. De 10/3 a 20/4 Segunda a sexta, 7h às 21h30 Sábados e feriados, 8h às 17h30
Bate-papos Datas em que o artista Zé Pretinho estará presente na unidade do Sesc São Caetano falando sobre o seu trabalho e suas múltiplas relações com a arte urbana.
A arte que transpõe fronteiras
Zé Pretinho, artista e filósofo, trajetória de vida e processo de trabalho. Dia 19/3, quarta, 17h
A arte urbana nos diversos espaços
O muro do Zé Pretinho e sua relação com manifestações da arte urbana. Dia 9/4, quinta, 17h
A reciclagem na obra de Zé Pretinho
Até onde vai a reciclagem de materiais e começa a reciclagem das ideias? Dia 16/4, quarta, 17h 11
Oficinas confecção de objetos com materiais recicláveis Hoje em dia, muitas coisas que consumimos vêm em embalagens descartáveis, que na maioria das vezes são jogadas no lixo, sem que se faça qualquer tipo de separação. No entanto, muitas pessoas usam a criatividade para confeccionar brinquedos, materiais utilitários, vasos para plantas, instrumentos musicais e tantos outros objetos. Nestas oficinas os educadores conduzirão os participantes a exercitar a criatividade e as habilidades artísticas, com o objetivo de mostrar que os resíduos podem se transformar em obras de arte. Com Iandé Educação e Sustentabilidade.
Confecção de brinquedos
O objetivo é construir alguns brinquedos criativos com material reciclado, e que ajudarão estimular a imaginação da criançada. Acima de 7 anos Dia 12/3, quarta. 14h
Confecção de materiais utilitários
A proposta é reaproveitar materiais e transformá-los em materiais utilitários que possam ser usados no dia-a-dia, explorando a criatividade dos participantes. Acima de 12 anos. Dia 19/3, quarta, 19h30
Construção de instrumentos musicais
Serão criados alguns modelos de instrumentos que podem ser feitos com material reciclado, e que produzem um som bem semelhante aos instrumentos originais. Acima de 7 anos. Dia 9/4 quarta, 14h
Construção de vasos
Além de garantir um jardim agradável e com um visual diferenciado, é possível contribuir para a preservação do meio ambiente. Acima de 12 anos. Dia 16/4 quarta, 19h30 Grátis Inscrições na Central de Atendimento. 12
Oficinas estêncil e lambe-lambe
Serão abordadas as principais características da arte urbana, seu potencial enquanto suporte de poesia, seu histórico, seus códigos, sua recepção e sua importância para o contexto sociopolítico de hoje. A parte histórico-teórica será utilizada como base para o processo de criação literária que resultará em conteúdo autoral desenvolvido pelos participantes. Com Cauê Maia
Estêncil
Tem como foco prático o ensino de todas as etapas da técnica do estêncil, da elaboração, corte da máscara à aplicação do spray. De 11/3 a 1/4, terças, 19h
Lambe-lambe
Ensino de todas as etapas da técnica do lambe-lambe (cartazes poéticos). Será realizada uma colagem coletiva de lambe-lambes criados e produzidos pelos participantes da oficina. De 8 a 29/4, terças, 19h Grátis. Acima de 12 anos. Inscrições na Central de Atendimento.
“Só se vê bem com o coração, o essencial é invisível aos olhos” Saint-Exupéry 13
Turismo arte urbana no abc Este passeio dará a oportunidade de olhar para as manifestações de arte urbana na região do ABC. Visita ao ateliê do artista Zé Pretinho pela manhã, incluindo um bate-papo com o artista. Passagem por locais em Diadema que ilustram e retratam a arte urbana, como o grafite, acompanhada pelo artista Pixote Mushi. Bate-papo e visita ao Centro Cultural Diadema e MAP (Museu de Arte Popular). Dia 12/4, sábado, 9h Grátis Inscrições a partir de 13/3, 15h
“Boa parte da arte popular – e do entretenimento – nos pede para habitar o seu mundo, para fugir do nosso. A arte mais ambiciosa nos convida, além disso, a ver ao redor e por trás dela; e a ver o nosso próprio mundo através dela” Peter Turchi em “Maps of the Imagination: The Writer as Cartographer”
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