A publicação como um social tie

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Catarina da Costa

Atelier de Design Gráfico II



A presente publicação mostra os resultados do exercício cujo objetivo era a estimulação do pensamento para uma investigação ativa que aponte uma ou mais direções para a dissertação. Todo o layout desenvolvido neste livro já visa uma primeira experiência e estudo sobre o que poderá ser um dos possíveis caminhos da comunicação visual do projeto de dissertação.


Ainda sinto os pés no terreiro Onde os meus avós bailavam o pézinho A bela Aurora e a Sapateia É que nas veias corre-me basalto negro E na lembrança vulcões e terramotos Por isso é que eu sou das ilhas de bruma Onde as gaivotas vão beijar a terra Se no olhar trago a dolência das ondas O olhar é a doçura das lagoas É que trago a ternura das hortênsias No coração a ardência das caldeiras. Por isso é que eu sou das ilhas de bruma Onde as gaivotas vão beijar a terra É que nas veias corre-me basalto negro No coração a ardência das caldeiras O mar imenso me enche a alma E tenho verde, tanto verde a indicar-me a esperança.

social ties

O livro

A Cultura é um conceito presente nas reflexões teóricas mais esmeradas e nas reflexões quotidianas menos apuradas.


Assim como a civilização humana, as formas de publicação foram evoluindo, o códice deu vida aquilo que são os livros modernos. A constituição de um livro passa por um conjunto de folhas onde estas podem adquirir um determinado formato, o ato de fazer livros é “...como dirigir uma experiência hipnótica, conduzindo-o o leitor a pegar num livro numa estante, abrindo-o, sentindo a capa, o papel e as cores, navegando-o e imaginando novos mundos, habitando a mente de outros e desvelando mistérios.” (0.itemzero, p.3, para. 1).

Segundo Ulisses Carrión, o livro é uma sequência de espaços e em cada um destes espaços existe uma perceção de um momento diferente porque o livro também é uma sequência de momentos. É um contentor da humanidade, encontra-se nas variadas culturas do mundo pode ser chamado de social tie, isto é, uma ligação que partilha informação, conhecimento, experiências e sentimento. Estes contentores por sua vez pertencem a arquivos que tem como objetivo construir uma base de conhecimento, “the practice of archiving is deeply entangled with the history of writing and print culture, of administration and paper work” (Rudi Gielen (2007). e archive of the digital an-archive, para.4).


Que impacto pode ter uma publicação sobre uma comunidade? O design no seu geral sempre influenciou a nossa vida e perceções desde os mais simples detalhes, instiga interação, conecta-nos ao mundo tanto o físico como o digital. Toda a linguagem visual e escrita é construída de forma a alcançar o seu leitor, e como tal afeta a sua tomada de decisão. Da mesma forma que objeto gráfico impacta a sociedade, o seu conteúdo é igualmente impactante para a publicação, “ninguém nem nada existe isoladamente: tudo é elemento de uma estrutura” (Carrión (1975)).

Toda a estrutura tem a sua composição, a forma, as publicações não são exceção. O livro apesar de ser caraterizado pelo seu formato convencional não significa que tenha de se restringir à sua forma convencional. O livro é uma ferramenta artística e como tal pode ser expressado de diferentes formas através da sua desconstrução e exploração. O desconstruir do objeto afeta a mensagem ou lança um novo ponto de vista sobre a mesma?


O conceito de desconstrução iniciou-se primeiramente como uma vanguarda literária foi introduzido por Jacques Derrida no livro “De la Grammatologie” publicado em 1967 em França. Mais tarde alguns designers como Katherine McCoy, Jeffery Keedy e David Carson ressurgiram com abordagens desconstrucionistas que repudiavam as ideias modernistas. O layout é uma parte importante da composição de um livro, este permite que o conteúdo ganhe uma nova dimensão ao evidenciar-se sobre uma forma de expressão visual. Na criação da estrutura é geralmente utilizada uma grelha que permite uma organização do texto e das imagens que o acompanham, é um status quo do design, no entanto a utilização da grid não é um consenso, apesar de alguns nomes de renome como Paul Rand abominarem a ideia de não a utilizar, o facto é que a sua utilização não oferece sempre a melhor solução para a mensagem a ser transmitida. A verdade é que o conteúdo tem por vezes a sua própria estrutura que deve ser tido em conta e compreendido, outras vezes o conteúdo em si deve ignorar esta estrutura de modo a criar reações emocionais ou invocar uma narrativa associada ao que se pretende transcender e transmitir outra forma de leitura e compreensão.


Autores de referência Ulisses Carrión Mário Moura Haslam Steven Heller Ellen Lupton & J Abbo Miller Manuel Portela Saussure Barthes

Livros e Dissertações Antropologia: o homem e a cultura - Ullmann Design e Comunicação Visual – Bruno Munari O livro enquanto objeto experimental – Joana Barros Meggs Making and Breaking the Grid e Erratic Life of Texts Made Public O Design que o Design não vê A Força da forma Design Et Al

Questões O que é uma publicação? Impactos que uma publicação pode ter sobre uma comunidade? Impacto da publicação sobre o seu conteúdo?


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