Magazine de Educação Artística - Jan e Fev 2015

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jan/fev 2015


DIREÇÃO GERAL

COORDENAÇÃO EDITORIAL

CONCEÇÃO GRÁFICA

MONTAGEM E PAGINAÇÃO

PROPRIEDADE

Revista Bimensal Edição janeiro - fevereiro 2015

COLABORADORES


O cinematógrafo funcionava através de uma manivela que capturava 16 fotos por segundo. O mecanismo usado para filmar e para a projeção era portátil e leve, uma invenção muito prática que logo fez sucesso. Os irmãos Lumière possuíam uma fábrica de materiais fotográficos e seu nome já era conhecido no mercado, o que facilitou o êxito. O cinema, por si só, é um espetáculo fabuloso. Porém, para que o cinema existisse, foram necessárias diversas tecnologias para reproduzirem o filme celulóide numa máquina que consegue projetar a velocidade em que o olho humano percebe o movimento, das impressões luminosas na retina, (para isso o olho necessita de cerca 2/45 segundos). Assim nasceu o cinema. Foi no final do século XIX, em 1895, na França, que os irmãos Louis e Auguste Lumière inventaram o cinematógrafo. Na primeira metade deste século a fotografia já havia sido inventada por Louis-Jacques Daguerre e Joseph Nicéphore Niepce, possibilitando esta criação revolucionária no mundo das artes e da indústria cultural: o cinema. O principio da invenção era captar e reproduzir imagens em movimento.

https://venturarte.wordpress.com/2013/06/07/ quem-inventou-o-cinema/

A primeira sessão pública de cinema dos Irmãos Lumière foi realizada no dia 28 de dezembro de 1895. Nela estava presente George Méliès, que encantado com a nova invenção, pediu para comprar uma câmara e um projetor. No entanto, recebeu como resposta que “o cinema tinha apenas fins científicos e era uma invenção sem futuro”. Nesse momento Méliès decidiu criar sua própria câmara e começou a filmar. Méliès inventou um dos principais efeitos especiais usados até hoje: o stop motion. Aconteceu quando estava a filmar uma rua de Paris: enquanto filmava alguns pedestres, a câmara desligou e obrigou Georges a fazer alguns reparos; Passados alguns minutos ele continuou a filmagem. Ao assistir ao resultado, viu os homens transformarem-se em mulheres e o autocarro a transformar-se numa carroça. Eis o início dos efeitos no cinema.

http://esquizofia.com/2012/03/30/cinema3d-martin-scorsese-e-georges-melies/


ÍNDICE 1. Grupos da DSEAM apresentam espetáculos “Interativos”: - Ensemble de Guitarras; - Si que Brade; - Incorporarte; - Ensemble de Acordeões; - Orquestra de Bandolins; - Ensemble de Clarinetes; - Orquestra de Sopros;

5.Estudos sobre educação e cultura;

2. aeQUALIS;

10. Inês Clode: uma celebração ao seu octogésimo aniversário;

3. Visões de futuro para as artes e cultura na Madeira;

6. Economia e cultura: turismo cultural; 7. Concurso curtas metragens; 8. Comunicação e Marketing Cultural; 9. Masterclass - Encontro de Acordeão II;

11. Revista de Educação Artística reconhecida no latindex ;

4. Edições da Livraria áreaVIRTUAL na Wook; 12. Iniciação à Composição e Orquestração.


fotos DSEAM

foto Tiago Machado


Grupos da DSEAM apresentam espetáculos interativos

O Governo Regional da Madeira, através da Secretaria Regional da Educação e Recursos Humanos, realizou concertos interativos, em diversos Municípios, inseridos na Temporada Artística 2015. pág: 6

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Ensemble de Guitarras da DRE/ Educação Artística no Salão Paroquial de São Martinho Informação DSEAM

O Ensemble de Guitarras da DRE/ Educação Artística apresentou-se no Salão Paroquial de São Martinho, contando com a participação especial de 66 alunos da EB1/PE de São Martinho, sob a orientação do Professor Adérito Gouveia. A direção artística deste concerto esteve a cargo do Prof. José António Silva, que dirigiu os 15 elementos do Ensemble de Guitarras, assim como as crianças que participaram neste projeto. Este evento foi uma coprodução entre a Associação Regional de Educação Artística e a Paróquia de São Martinho.

foto Sofia Pereira

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Si que Brade Informação DSEAM foto Sofia Pereira

Si Que Brade em Concerto Interativo O Governo Regional da Madeira, através da Secretaria Regional da Educação e Recursos Humanos, realizou o 1º concerto interativo, inserido na Temporada Artística 2015.

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O Si Que Brade da DRE/Educação Artística apresentou-se no Salão Paroquial da Quinta Grande no sábado, dia 31 de janeiro. Destacou-se por ser um Concerto interativo, contando com a participação especial de 65 alunos da EB1/PE da Quinta Grande, sob a orientação da Prof.ª Inês Paixão.


Em setembro de 2014 realizou nova digressão, desta vez pelo Norte do país. Realizou um concerto na Associação Cultural “Dar à Sola”, na cidade do Porto e participou no Encontro Nacional de Tocadores de Ukulele – Pulga Saltitante que decorreu em Castelo de Paiva. O Si Que Brade pretende dar a conhecer as raízes culturais do Cancioneiro Madeirense e divulgar os instrumentos tradicionais da Região. Atualmente tem como diretor artístico o Prof. Roberto Moritz. O Si que Brade da DRE/Educação Artística foi fundado em 1987. De entre diversas participações em eventos musicais, destacam-se as digressões aos Açores e à Região Centro do país. Em 2007 grava o seu primeiro CD, intitulado “Si que brade…qu`a gente toca”. Em Janeiro de 2008 participa na BTL (Bolsa de Turismo de Lisboa), com diversas atuações no Stand da Madeira, e no mesmo ano participa na Feira da Macaronésia, em Tenerife, a convite do Instituto do Vinho, do Bordado e do Artesanato da Madeira. Em agosto de 2011 realiza uma digressão pelo território continental, tendo a formação realizado concertos em Montemor-o-novo, Coimbra e no Festival ANDANÇAS (S. Pedro do Sul).

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Incorporarte da DRE/Educação Artística no Centro Cívico do Estreito de Câmara de Lobos Informação DSEAM

O Grupo de Dança Incorporarte da DRE/Educação Artística apresentou-se em espetáculo, no Centro Cívico do Estreito de Câmara de Lobos. Esta apresentação foi um espetáculo interativo com a participação de 20 alunos da EB1/PE do Estreito de Câmara de Lobos, sob a orientação da Prof.ª Maria Benvinda Gonçalves. Uma oportunidade de levar ao palco o trabalho desenvolvido nas salas de aula. Neste caso, uma demonstração das modalidades artísticas, desenvolvidas nas escolas da região. Este evento foi uma co-produção entre a Associação Regional de Educação Artística e a Câmara Municipal de Câmara de Lobos.

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Ensemble de Acordeões da DRE/Educação Artística no Centro de Ciência Viva (Porto Moniz) Informação DSEAM

O Ensemble de Acordeões da DRE/Educação Artística apresentou-se no Centro de Ciência Viva (Porto Moniz), num concerto interativo com alunos das escolas do Município do Porto Moniz, sob a orientação da Prof.ª Sandra Dias.

ros agrupamentos desta divisão, assim criando novas sonoridades e transcrições. Tem como principal objetivo demonstrar capacidade e versatilidade de Acordeão, apresentando o vasto repertório.

Este evento foi uma coprodução entre a Associação Regional de Educação Artística e a Câmara Municipal do Porto Moniz.

O seu fundador e responsável artístico é o professor Manuel Vieira. Desde outubro de 2006, o cargo e responsabilidade artística é do professor Slobodan Sarcevic.

O Ensemble de Acordeões da DRE/ Educação Artística foi fundado em 2004. Apresentou-se em público em Março de 2005 na Gala da RTP/Diário de Noticías realizada no Centro de Congressos do Casino da Madeira com a transmissão em direto pela RTP/Madeira. É constituído pelos melhores alunos da área de Acordeão da Divisão de Expressões Artísticas da DSEAM. No ano 2004 participou no Festival Internacional de Música para Jovens – Gaia 2005, onde realizou três concertos. Fez parte em projetos de simbiose, nomeadamente “Anatomias Musicais”, “Contágio” e ”Simcomplex”, misturando-se com os out-

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Orquestra de Bandolins da DRE/ Educação Artística no Porto da Cruz Informação DSEAM A Orquestra de Bandolins da DRE/ Educação Artística subiu ao palco do Centro Cívico do Porto da Cruz no dia 01 de março. Foi um concerto interativo onde se apresentam 25 alunos da EB123/PE do Porto da Cruz. Neste projeto específico, a Orquestra de Bandolins da DRE/Educação Artística pretendeu sensibilizar os jovens estudantes para a prática de Bandolim, através de demonstrações e criação de novas experiências. A direção artística da Orquestra de Bandolins é da Prof.ª Teresa Leão, os alunos da escola participante foram orientados pela Professora Elas Cabrita.

O seu repertório incluiu músicas dos vários géneros: desde o clássico ao contemporâneo como também da música ligeira à música para o cinema. Esta Orquestra tem a sua base educativa no grupo de bandolins do DSEAM – Centro de Expressões Artísticas, que é frequentado por cerca de 45 crianças e jovens, cujo principal objetivo é incentivá-las para a prática deste instrumento, aumentando os seus conhecimentos teóricos e práticos da música, de repertório e géneros musicais.

Atualmente apresentou o projeto “Sons de Adega”, no Instituto do vinho, onde promoveu a fusão das mais variadas temáticas musicais da orquestra inspirada ao Vinho Madeira.

Este evento foi uma coprodução entre a Associação Regional de Educação Artística e a Câmara Municipal de Machico. A Orquestra de Bandolins foi criada em 1989 pela Secretaria Regional de Educação através da Direção de Serviços de Educação Artística e Multimédia.

Os instrumentos que integram esta Orquestra são: bandolins, bandolas, bandoloncelo, violas e contrabaixo. pág: 12

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Concerto interativo envolve alunos da Calheta e Ponta do Sol por Paulo Esteireiro

foto Tiago Machado

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Concerto Interativo envolve alun O Governo Regional da Madeira, através da Secretaria Regional da Educação e Recursos Humanos, promoveu um concerto com a Orquestra de Sopros da DRE/Educação Artística, que envolveu dezenas de alunos de escolas dos municípios da Calheta e da Ponta do Sol. O concerto realizou-se no dia 22 de fevereiro, no Centro das Artes – Casa das Mudas, na Calheta. Este foi mais um Concerto Interativo da Temporada Artística organizada pela Direção de Serviços de Educação Artística e Multimédia. Desta vez o grupo envolvido foi a Orquestra de Sopros da DRE/Educação Artística que partilhou o palco com cerca de 50 alunos da EB1/PE da Madalena do Mar, EB1/PE do Estreito da Calheta e EB1/ PE Vasco da Gama Rodrigues. Os alunos destas escolas foram orientados pelos Professores Celso Gonçalves, Filipa Carvalho, Carla Jardim e Jenny Pita, respetivamente. Concerto interativo significa que os alunos das escolas referidas são intérpretes ativos no espetáculo, quer seja can-

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tando, quer seja tocando instrumentos. Esta é uma estratégia de educação de públicos para a música que tem obtido grande sucesso na Região Autónoma da Madeira.


nos da Calheta e Ponta do Sol A Orquestra de Sopros da DRE/Educação Artística foi fundada em 1993. Realça-se a sua importância pedagógica no desenvolvimento do gosto pela prática instrumental em grupo e pela fusão de várias atividades num único projeto de orquestra. O seu repertório é essencialmente dedicado à interpretação de obras originais e orquestrações específicas para este tipo de orquestra, desde Bandas Sonoras,

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Jazz, Swing e outros. Atualmente é composta por 79 elementos e tem como diretor artístico o maestro Aquilino Silva. Este evento foi uma coprodução entre a Associação Regional de Educação Artística e a Sociedade de Desenvolvimento da Ponta Oeste, contando ainda com o apoio da Câmara Municipal da Calheta.

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Ensemble de Clarinetes no Centro Cultural John dos Passos Informação DSEAM

Este ano o Ensemble de Clarinetes A comemora 19 anos de existência interrupta.

No dia 01 de março, o Ensemble de Clarinetes da DRE/Educação Artística apresentou-se, no Centro Cultural John dos Passos – Ponta do Sol. Os dois “Ensembles de Clarinetes” da DRE/Educação Artística têm, desde a sua fundação, como Diretor Artístico o Professor José António de Sousa. Para este concerto, o Diretor Artístico teve a preocupação de escolher um programa que fosse ao encontro do público presente e local onde se iria realizar.

foto Tiago Machado

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O Ensemble de Clarinetes, que é constituído por 18 executantes com idades compreendidas entre os 12 e 30 anos e o Ensemble de Clarinetes B, constituído por 15 estudantes, com idades compreendidas entre 7 e 12 anos. Em palco estiveram também 20 alunos das escolas EB1/PE da Lombada e Sede da Ponta do Sol, sob a orientação do Prof. José Alberto Reis. Numa primeira parte, o Ensemble de Clarinetes B executou cinco obras, duas das quais em simbiose com os alunos das escolas do Município da Ponta do Sol. Os jovens elementos do Ensemble de Clarinetes B que apresentaram-se ao público pela primeira vez, sendo também uma estratégia para motivar os alunos das escolas do 1º ciclo, ao interagirem com músicos da sua idade. O Ensemble de Clarinetes A realizou a segunda parte do concerto, interpretando um repertório essencialmente dedicado a obras compostas para este tipo de Ensemble, desde o Swig, Ragtime e Hits dos anos 60 e 70.


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aeQUALIS: Arte pela in No dia 7 de fevereiro realizou-se no Teatro Municipal Baltazar Dias, no Funchal, um espetáculo inclusivo denominado de aeQUALIS, com duas sessões, respetivamente às 17h00 e às 21h30, numa organização da Direção de Serviços de Educação Artística e Multimédia (DSEAM), um departamento da Secretaria Regional da Educação da Madeira. Participaram oito agrupamentos artísticos (Ser mais Teatro; Orquestra Orff; Ensemble de Guitarras; Ensemble de Acordeões; Grupo de dança Kaleidoscope; Novéis Tangedores; Consort Bisel e Coro Infantil, todos da DSEAM), com um total de 140 participantes em palco, dos quais 98 alunos, 27 utentes com necessidades especiais, 4 colaboradores externos e 11 professores. Foi, sem qualquer dúvida, um momento muito especial, quer para os artistas, quer para o público ainda pouco habituado à inpág: 18

clusão. Da nossa parte podemos apenas referir que nos sentimos completamente emocionados com tudo o que vimos e ouvimos. Uma perfeita simbiose das artes de palco em que os nossos jovens e adultos com necessidades especiais estiveram plenamente integrados, desempenhando os seus papéis de forma brilhante. De realçar o excelente empenho dos professores envolvidos, pela forma como souberam criar e levar à cena algo tão importante neste período tão conturbado em que as pessoas, cada vez mais, pensam apenas no seu bem-estar, esquecendo que a nossa missão deve ser a de servir os outros.

Design: Silvano Rodrigues


nclusão -

por Carlos Gonçalves

O mundo vive acelerado, focado no sucesso e na competição desenfreada, onde, supostamente, só vencem os mais fortes e os mais capazes. Neste espetáculo refletimos sobre os lugares comuns que ocupamos, sujeitos a permanentes mudanças. Assim, quem é mais forte e mais capaz hoje pode ser mais fraco e menos capaz amanhã. É tudo uma questão de tempo… Dois personagens conduzem a narrativa — um paraplégico e um invisual —, seres em condição de diferença, como pode acontecer a qualquer um de nós, num determinado momento, em algum lugar do mundo, sem pré-aviso, invadindo os nossos sonhos, movendo a realidade e arrastando-a até à aceitação da mudança. Começa numa “questão de pele” e evolui depois para as questões de ética e de direitos humanos.

o mote da semana: “Inclusão — tornemos o desafio real”. Mais um exercício de inclusão social e artística, reunindo momentos de igualdade e de diferença, num processo criativo que foi muito gratificante para todos nós. Carlos Gonçalves: Investigador integrado do INET -md

Este espetáculo foi feito com energia, coperação e generosidade pessoal e profissional pela equipa que lhe dá corpo, movendo diferentes expressões num curto espaço de tempo, sentindo e contornando dificuldades… até tornar possível a sua apresentação. Não quisemos mergulhar profundamente nas questões da igualdade e da equidade, simplesmente aflorá-las, tomando como inspiração fotos DSEAM

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aeQUALIS - ENTREVISTA a Depois de 25 anos de arte inclusiva na Madeira, o que representou para si, que está desde início neste projeto, o espetáculo aeQUALIS? aeQUALIS, é o quarto projeto de simbiose inclusiva, ocorrido desde 2012, ano em que o Núcleo de Inclusão pela Arte foi integrado na Direção de Serviços de Educação Artística e Multimédia. O primeiro ocorreu em dezembro de 2012, celebrando o 25.º aniversário de três grupos Artísticos: a Orquestra Juvenil da DREER (NIA), o Coro Infantil e o Si Que Brade. O segundo ocorreu em 2013, designou-se “Especial Natal” e reuniu a Orquestra de Sopros, o Coro Infantil, o Coro Juvenil, o Alta Cena (teatro juvenil), o Grupo de Iniciação ao Teatro (NIA) e Carla Jarimba (membro da Orquestra Orff do NIA), a solo. O terceiro, em maio de 2014, reuniu os grupos de teatro Línguas de Palco, GMT Oficina Versus e Kaleidoscope (Dança). Mas foi em aeQUALIS que mais nos aproximamos do formato simbiótico inclusivo, porque tudo foi pensado em função do processo pág: 20

criativo, focado na maior interação possível entre os intervenientes. Apesar de partirmos de peças já existentes nos diferentes grupos, quisemos criar um guião que nos permitisse sair do previsível, misturando diferentes linguagens artísticas e os seus intervenientes, com base numa mensagem geradora de consciência inclusiva no que se refere às pessoas com necessidades especiais.


Ester Vieira

(coordenação artística)

Explique-nos o significado do título aeQUALIS. Ao discutir o guião quisemos eleger e defender valores que levassem ao respeito pelas diferenças individuais e pela aceitação e inclusão da pessoa com necessidades especiais, dita “diferente”. E começamos por nos questionar: ser diferente implica igual tratamento, no seu todo? Afinal, o tratamento adequado face à diferença deverá ser feito em que base? Na base da igualdade ou da equidade? Alguém resumiu, com a frase “Não há maior desigualdade do que tratar pessoas desiguais de forma igual”. aeQUALIS corresponde à origem latina da palavra ‘igual’, que tem hoje diferentes conotações que nos distanciam da atitude

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assertiva face à diferença. Igual significa aquilo “que não apresenta diferenças”, “que é sempre o mesmo”, “que não varia”. Ao escolher a palavra aeQUALIS quisemos questionar a condição da pessoa, chamando a atenção para a atitude social. Afinal em que é que somos iguais e em que é que somos diferentes? A tónica da resposta recairá naturalmente sobre o conceito de “equidade”, por oposição a uma igualdade massificada que esquece a pessoa e as suas diferenças pessoais. O espetáculo termina com a questão para o público: “E você é igual ou é diferente?”…

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aeQUALIS - ENTREVISTA a Quais as mais-valias deste espetáculo para o público ainda pouco esclarecido e atento à plena integração das pessoas com necessidades especiais? Já no próprio título e no curso de todo o espetáculo, a relação com o público é pedagógica. Queremos que as pessoas observem o que lhes é dito, o que lhes é mostrado, e que se deixem tocar sobre uma realidade que pode também ser a sua, já amanhã… A mensagem é riquíssima e reconhecível: escolhemos alguns momentos emblemáticos da pessoa com necessidades especiais: na família, na escola, na discoteca, na emigração, nas barreiras físicas, na cegueira inesperada, na arte… As linguagens mostram aqui uma atitude no campo artístico que poderia ser transportada para o todo social e político. Mostram que é possível dar um lugar a todos, independentemente das suas capacidades, e mostram também que as capacidades das pessoas estão para além da sua aparência ou dos seus próprios limites.

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Mostra que há pessoas com necessidades especiais que são mais felizes no exercício da arte, mas que há outras pessoas que, apesar da sua condição, também são artistas.


Ester Vieira

(coordenação artística)

Este trabalho registou pequenas e grandes intervenções, permitiu aos intervenientes a experimentação de diferentes papéis e desempenhos, permitiu a proximidade com pessoas diferentes e a desmistificação de muitos preconceitos existentes, mesmo nos mais novos. Os músicos tornaram-se atores. Os bailarinos dançaram, interagindo diretamente com a música e a dramatização feita pelas pessoas com deficiência. O coro recitou os textos de António Gedeão, Luiz Vaz de Camões e Fernando Pessoa… Os solistas com e sem necessidades especiais cantaram em conjunto.

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No final e em tom de apoteose todos “mudam a cor da camisola”, simbolicamente, mostrando que o mundo só mudará se cada um mudar a sua atitude, todos os dias. Com este trabalho todos ficaram a ganhar: os alunos, os utentes, os professores, os colaboradores, as famílias, os funcionários do Teatro e o público. Só o facto de 140 pessoas se apresentarem em palco de forma tão equilibrada e genuína, com uma mensagem tão real, gerou no público uma atitude emotiva e empática.

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aeQUALIS - ENTREVISTA a Ester Vieira (coordenação artística)

Que projeto gostaria de ver implementado no futuro, seguindo esta lógica de verdadeira inclusão através das artes? Passados que são 25 anos de práticas no modelo inclusivo, posso dizer que, até agora, houve uma enorme evolução dos nossos utentes na sua relação com as linguagens artísticas e nos formatos de apresentação ao público. Temos hoje uma “marca” (dita “modelo artístico inclusivo”) que está bem identificada em termos de inclusão artística, no âmbito da Música e do Teatro. Neste momento, embora seja imprescindível manter a qualidade e o nível a que chegamos, sentimos que é preciso mais no que respeita à qualificação dos grupos, dos repertórios, das performance artística, do intercâmbio artístico, das logísticas de suporte e da própria investigação e transformação do modelo artístico inclusivo.

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Para que a evolução deste modelo seja uma realidade, há que garantir uma equipa técnica estável e experiente, no sentido de conseguirmos apoiar e surpreender com novos desafios e resultados mais inovadores.


aeQUALIS - ENTREVISTA a Duarte Rodrigues (docente de Teatro)

Quais as maiores dificuldades encontradas no percurso para se chegar a este espetáculo? O trabalho começa com o processo normal: a identificação e caracterização das personagens, a sua relação no tempo e no espaço. Depois, passamos aos jogos cénicos e finalmente à marcação de cena, cumprindo a encenação conforme a sua estética. É claro que estes jovens (de iniciação ao teatro), apresentam imensas dificuldades no processo criativo devido a uma falta de consciência do real, às suas experiências de vida, à instabilidade emocional, à interferência comportamental, à sua pouca ou nenhuma instrução académica e à privação de acesso às atividades culturais enquanto público.

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A mudança de espaço interfere com a sua capacidade de concentração, requerendo um timing de adaptação e treino acrescido, o que os torna muito particulares enquanto grupo artístico. Apesar de serem jovens escolhidos pela sua aptidão artística e autonomia social, nem todos são completamente autónomos na deslocação e no desempenho. Por estas e outras particularidades, estas pessoas exigem muito do diretor artístico, exigindo o acompanhamento de mais um assistente permanente quer nos ensaios quer nos espetáculos, tendo em conta as entradas e saídas, trocas de roupa e de objetos cénicos, momentos de intervenção, atitude, concentração e interação.

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aeQUALIS - ENTREVISTA a Duarte Rodrigues (docente de Teatro)

Na sua qualidade de responsável pelo grupo SER MAIS TEATRO, do Núcleo de Inclusão pela Arte, como considera ter sido o resultado desta experiência? Como em qualquer simbiose artística, é uma experiência enriquecedora, uma vez que é na variedade que está o enriquecimento. Neste caso, para além da variedade no género (música, dança, canto e teatro), tivemos ainda a variedade de artistas, no ser, no sentir e no estar. Artistas com e sem necessidades especiais, numa convivência social e artística, como mais-valia do processo e do resultado final. Os outros artistas são modelos de referência que os incentivam, motivam e encorajam na sua performance, contribuindo para um maior nível de desempenho. Há um conhecimento vivo dos outros géneros artísticos e uma perceção mais alargada do valor e rigor do papel de cada um e da noção de pertença a um todo. Por outro lado, há um valor acrescentado para todos os outros intervenientes, cujo resultado se vai refletir no reconhe-

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cimento do direito à diferença, no respeito e atenção ao outro e no convívio mútuo. É um contributo importante no percurso artístico de todos, por diferentes razões.


aeQUALIS - ENTREVISTA a José António Silva (docente de Guitarra) Como sentiram esta simbiose humana, artisticamente falando? Foi uma experiência diferente que aproximou realidades diferentes. Vimos que o Ensemble de Guitarra se sentiu empenhado, interessado em participar, o que criou uma boa dinâmica de grupo. Foi uma boa experiência, artisticamente rica.

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Os seus alunos do Ensemble de Guitarras manifestaram algum sentimento depois desta experiência? Na nossa opinião achamos que os alunos sentiram o impacto emocional e gostaram de ter participado, tendo ficado mais sensibilizados para as diferenças. Este projeto resultou porque todos se empenharam e deram o seu melhor.

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aeQUALIS - Opiniões de alguns alunos Foi uma experiência bastante interessante pois pude observar e interagir com pessoas que gostam muito de arte e que, apesar das suas dificuldades, deram o seu máximo para aprenderem coisas novas com os mais experientes e que, mesmo vendo a diferença de capacidades, decidiram continuar, o que foi inspirador para quem já estava mais à vontade com o mundo artístico. Como aluno do Ensemble de Guitarras esta experiência permitiu uma evolução tanto a nível musical como a nível da mentalidade, pois fez-me perceber que algumas pessoas não são “presas” pelas condições e problemas que têm. Aluno Marcelo Ramos (baixo elétrico)

Senti-me bem e foi uma boa experiência. Agora vejo que pessoas com deficiências são capazes de fazer tudo o que gostam e mais alguma coisa. Depois deste espetáculo percebi que somos todos iguais. Aluno Tomás Mentes (guitarra) pág: 28

Na minha opinião, a simbiose humana foi um acontecimento didático que leva cada integrante a melhorar alguns aspetos artísticos e também outros a nível mais pessoal. Acho que é um processo muito proveitoso visto que nos exige maior dedicação para lidar com diversas situações em que é necessário limar algumas diferenças. Esta experiência mostrou que apesar da diversidade humana somos todos capazes e de igual valor. Assim sendo, fez transparecer a igualdade e valorização do ser humano. Aluna Joana Correia (guitarra)

Acho que foi uma oportunidade de ver que as pessoas com deficiência têm a mesma ambição, lutam para fazer tudo correto, não existiram papéis pequenos… O ambiente nos ensaios foi também acolhedor. Vejo agora pessoas com deficiência de outra forma, trabalhadoras, especialmente capazes de concluir algo que gostam. Aluno Nestor Fernandes (guitarra)


aeQUALIS - ENTREVISTA a Márcio Faria (docente de Acordeão)

Como docente, não só interpretou o seu instrumento como representou o papel de uma pessoa em cadeira de rodas. O que sentiu? Em primeiro lugar devo confessar que desde que se iniciou o projeto esta foi uma das questões que mais me colocaram. Perguntaram-me se me sentia bem na cadeira, se não me fazia confusão andar numa e o mais interessante é que muitas dessas pessoas acabavam por afirmar que não tinham a coragem de se sentar numa, pensando na sua conotação negativa. Respondo à pergunta da mesma forma como respondi anteriormente.

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Cada vez que me sentava na cadeira os sentimentos que surgiam eram o prazer e a vontade de dar o meu melhor a uma personagem, dignificando e enaltecendo a coragem e o respeito por todas as pessoas que por alguma situação da sua vida foram obrigadas a viver nesta condição, e a consciencialização de que para mim, até aos dias de hoje, sabia que terminava a minha interpretação e tinha a dádiva de “me levantar” para continuar a minha vida. No entanto, o mais importante, para mim, era desempenhar da melhor forma o meu papel neste projeto de modo a poder corresponder às exigências estabelecidas.

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aeQUALIS - ENTREVISTA a Márcio Faria (docente de Acordeão)

Alguma coisa mudou na sua vida depois desta interpretação?

Acredito que todos nós aprendemos com as experiências novas que vão surgindo na nossa vida. O meu papel neste espetáculo exigiu que tivesse uma interação mais pessoal com os membros do grupo de teatro do Núcleo de Inclusão pela Arte.

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A participação neste projeto fez-me ponderar sobre duas grandes questões que muitas vezes e por diversas razões acabo por não valorizar. Qual o meu papel, enquanto ser humano, neste mundo, e qual a minha atitude perante a diferença. O facto de parar e refletir sobre estas questões fez-me tornar numa melhor pessoa e vão alterar a minha perspetiva de vida.


aeQUALIS - ENTREVISTA a Roberto Moritz (docente de cordofones madeirenses)

Sei que o Roberto já integrou outros espetáculos inclusivos organizados pela DSEAM. Como classifica essas experiências?

Depois destas experiências o que mudou em si como professor?

Mesmo já tendo outras experiências de participação noutros espetáculos desta natureza, este marcou-me particularmente pela forma como foi concebido: numa verdadeira simbiose de expressões artísticas. É sabido que estes projetos têm como propósito de combater a exclusão social de pessoas que à partida não têm as mesmas oportunidades devido a condições específicas. É antes de mais uma oportunidade de partilhar um palco com estas pessoas que, podemos observar, se sentem realizadas e se sentem felizes. E por isto são pessoas especiais.

Diria que para além de professor, enquanto pessoa, penso que é uma forma de reforçar um sentido de alerta para com as necessidades dos outros – com ou sem necessidades educativas especiais.

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aeQUALIS - ENTREVISTA a Sa A Sara também tocou e interpretou um papel de uma pessoa cega. O que destaca dessa experiência? Há muito a destacar e a relatar desta experiência! Em primeiro lugar, diria que me sinto abençoada pela profissão que tenho, pelas vivências que a mesma me proporciona. E esta foi, sem a mínima sombra de dúvida, uma experiência que me marcou! Enquanto docente, é fabuloso dar a conhecer aos meus alunos outras formas de ver a vida. Mostrar-lhes que o mundo, pelas suas vicissitudes, horrores e, paradoxalmente, pela beleza que têm as pessoas diferentes. Todas passam aqui na vida, passam por nós, têm uma identidade e personalidade e merecem a oportunidade de viver. Através dessa possibilidade de conhecimento, sinto que posso contribuir e que, mais do que formar médicos, engenheiros, ou professores, estamos a formar bons cidadãos e a caminhar aos poucos para uma sociedade inclusiva e justa.

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No que diz respeito à minha experiência pessoal, sou alguém que gosta de abraçar desafios e vivenciar outras áreas artísticas. A interpretação de uma pessoa cega, nas condições em que essa pessoa surge no nosso espetáculo, confirma a lição de que, na vida, nada é para sempre, nada é certo e nada é seguro! Ensina-me, uma vez mais, que a arrogância, a mania da superioridade e o “ter as coisas como garantidas” não preveem um bom destino e são atitudes desumanas.


ara Faria

(docente de Flauta de Bisel)

Por outro lado, destaco o contacto com os utentes do Núcleo de Inclusão pela Arte (NIA), com quem nunca havia convivido. Conheci seres humanos que, entre muitas características próprias, apresentaram-me uma que admiro sobremaneira: a de não ter medo ou vergonha de mostrar os seus sentimentos, sejam eles uma capacidade incrível de amar, um desespero por um erro que cometeram, um ataque repentino de raiva ou uma gargalhada espontânea. Esta capacidade de sentir a vida na sua plenitude, não ter “filtros” de comportamento, é difícil até de entender, mas é espontânea e é um ensinamento para nós, os ditos “normais” que nos castramos diariamente, e que não nos permitimos SENTIR. Sinto necessidade de agradecer à Ester Vieira e ao Duarte Rodrigues a oportunidade que

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me deram. E, para acabar este meu relato que já vai grande, constato o excelente trabalho de grupo efetuado entre os docentes que estiveram envolvidos neste projeto. A envolvência e entrega de cada um (embora de maneira distinta mas, afinal, somos seres humanos diferentes) permitiu comprovar, uma vez mais, que através das artes contribuímos para uma educação pela cidadania.

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aeQUALIS - ENTREVISTAS aos Docentes Pela sua vivência, quer no seu país de origem (Sérvia), quer durante os seus estudos na Ucrânia, como compara a arte inclusiva praticada nesses países e na Madeira? Um olhar prismático sobre o assunto colocado leva-me a afirmar que projetos desta natureza existem, mas num formato menos declarado. No meu país de origem, a Sérvia, ou na Ucrânia, onde completei os meus estudos académicos, a situação económica limita a maior exposição das diferentes práticas artísticas. Aqui essas ações artísticas são mais apoiadas, afunilando os gastos para as vertentes e níveis de interpretação diferentes, favorecendo os envolvidos e o público em geral. Slobodan Sarcevic (docente de Acordeão)

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Para os seus alunos do coro, e pelo que lhe manifestaram ao longo de vários ensaios, o que ficou para cada um deles? Julgo que ficou o interesse e gosto por trabalhos a favor da inclusão de grupos em situação de vulnerabilidade na sociedade, especialmente crianças, adolescentes e jovens com necessidades educativas especiais. Zélia Gomes (docente do Canto Coral)


aeQUALIS - ENTREVISTA a Yuriy Tsikothskyy (docente da dança)

Como sentiu este espetáculo no todo? Em primeiro lugar valeu-me o ter de preparar os meus alunos para valores como a igualdade, o respeito e o civismo. Um trabalho gradual, diário, em cada aula e em algumas semanas. Senti o espetáculo forte e mesmo dramático! Sensível e ao mesmo tempo agradável ao nível da execução.

Mudaria alguma coisa para melhorar este espetáculo? Como foi a primeira vez que participei num projeto destes, dificilmente mudaria algo. Mas não há regras de desempenho. Neste tipo de trabalhos, temos é que estar sempre atentos para fazermos um mundo melhor, a partir da área em que trabalhamos.

Que importância pode ter o misturar os seus alunos com outros, ditos ‘diferentes’? Tenho a certeza de que os alunos tiveram uma experiência única, que espero não fique por aqui.

fotos DSEAM

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aeQUALIS - Inform Cerca de 10% da população, ou seja, 650 milhões de pessoas, vivem com uma deficiência. São a maior minoria do mundo. Segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS), este número está a aumentar devido ao crescimento demográfico, aos avanços da medicina e ao processo de envelhecimento. Nos países onde a esperança de vida é superior a 70 anos, cada indivíduo viverá com uma deficiência em média 8 anos, isto é 11,5% da sua existência. 80% das pessoas com deficiência vivem nos países em desenvolvimento, segundo o Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD). Na maioria dos países da OCDE, a incidência das deficiências é mais elevada entre as mulheres do que entre os homens.

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Nos países membros da Organização de Cooperação e de Desenvolvimento Económicos (OCDE), segundo o Secretariado desta Organização, a proporção das pessoas com deficiência é nitidamente mais elevada nos grupos com menos instrução. Em média, 19% das pessoas menos instruídas têm uma deficiência, em comparação com 11% das mais instruídas. O Banco Mundial estima que 20% das pessoas mais pobres tenham uma deficiência e em geral são consideradas como as mais desfavorecidas pelos membros da sua própria comunidade. As mulheres com deficiência sofrem múltiplas desvantagens, incluindo a exclusão devido ao seu sexo e deficiência.


mação adicional Informação DSEAM

As mulheres e raparigas com deficiência estão particularmente expostas a maus tratos. Um estudo realizado em Orissa (Índia), em 2004, mostra que quase todas as mulheres e raparigas com deficiência eram agredidas fisicamente em casa, 25% das mulheres com uma deficiência mental tinham sido violadas e 6% das mulheres com deficiência haviam sido esterilizadas à força. Estudos comparativos das leis sobre pessoas com deficiência mostram que apenas 45% dos países têm uma legislação anti-discriminatória ou que faça referência específica às pessoas com deficiência.

fotos DSEAM

Entre as crianças com deficiência a mortalidade pode atingir os 80%, em países onde a mortalidade total das crianças com menos de 5 anos diminuiu para menos de 20%, segundo o Ministério do Desenvolvimento Internacional do Reino Unido, que acrescenta que, em certos casos, parece que as crianças são “eliminadas”. Segundo a UNICEF, 30% dos jovens que vivem na rua são deficientes.

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aeQUALIS - Inform Educação: Nos países em desenvolvimento, 90% das crianças com deficiência não frequentam a escola, segundo a UNESCO. A taxa de alfabetização mundial relativa aos adultos com deficiência não excede os 3%, e 1% no caso das mulheres com deficiência, afirma um estudo do PNUD, de 1998. Nos países da OCDE, as pessoas com deficiência que seguem estudos superiores continuam a estar sub-representadas, embora o seu número esteja a aumentar, segundo a mesma Organização.

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mação adicional Informação DSEAM

Emprego: Cerca de 386 milhões de pessoas em idade de trabalhar são deficientes, segundo a Organização Mundial do Trabalho (OIT). No seu caso, o desemprego atinge os 80% em alguns países. Os empregadores partem, com frequência, do princípio de que as pessoas com deficiência não são capazes de trabalhar.

Segundo um estudo dos Estados Unidos, de 2004, apenas 35% das pessoas com deficiência em idade de trabalhar arranjam emprego, em comparação com 78% das pessoas sem deficiência. Dois terços dos desempregados com deficiência inquiridos declararam que gostariam de trabalhar, mas não conseguiam arranjar emprego.

Ainda que as pessoas com deficiência constituam 5 a 6% da população indiana, as suas necessidades em matéria de emprego não são tomadas em consideração, segundo um estudo do Centro Nacional da Índia para a Promoção do Emprego para as Pessoas com Deficiência, apesar de a Lei sobre as Pessoas com Deficiência lhes reservar 3% dos empregos na função pública. Apenas cem mil dos cerca de 70 milhões de deficientes indianos conseguiram obter um emprego na indústria.

Segundo um estudo realizado pela Universidade Rutgers, em 2003, as pessoas com deficiência física ou mental continuam a estar largamente sub-representadas no mercado de trabalho americano. Um terço dos empregadores inquiridos declaravam que as pessoas com deficiência não poderiam realizar convenientemente as tarefas exigidas. A segunda razão mais comum apresentada para não contratar pessoas com deficiência é a necessidade de ter de proceder a adaptações dispendiosas.

fotos DSEAM

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aeQUALIS - Inform Emprego: Segundo um inquérito americano a empregados, realizado em 2003, o custo dessas adaptações não ultrapassava os 500 dólares; 73% dos empregadores informavam que não tinha sido necessário fazer qualquer adaptação para os seus empregados. Segundo as empresas, as pessoas com deficiência têm uma taxa mais alta de conservação do emprego, o que reduz o elevado custo de renovação de efetivos, segundo um estudo dos Estados Unidos, realizado em 2002. Outros inquéritos americanos revelam que, ao fim de um ano de trabalho, as taxas de conservação do emprego das pessoas com deficiência é de 85%.

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Milhares de pessoas com deficiência são bem-sucedidas como pequenos empresários, segundo o Ministério do Trabalho dos Estados Unidos. O censo de 1990 revelou que a percentagem de pessoas com deficiência que trabalham como independentes ou têm experiência de gestão de uma pequena empresa (12,2%) é superior à das pessoas sem deficiência na mesma situação (7,8%)


mação adicional Informação DSEAM

Violência: Nas zonas de guerra, por cada criança morta, três são feridas e ficam com uma deficiência permanente. Em certos países, 25% das deficiências são devidas a ferimentos ou atos de violência, segundo a OMS.

Informação/fotos DSEAM

As pessoas com deficiência têm maior probabilidade de serem vítimas de violência ou violação, segundo um estudo inglês de 2004, e têm menos hipóteses de obter a intervenção da polícia, proteção jurídica ou cuidados preventivos. Segundo os resultados da investigação, a taxa anual de violência contra crianças com deficiência é pelo menos 1,7 vezes mais elevada do que a relativa aos seus pares não deficientes.

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Visões de futuro para as artes e cu

Investigador integrad

Num momento particular em que nos preparamos para escolher o novo Governo desta Região Autónoma, que se prevê nos possa proporcionar um novo paradigma sobre as políticas e a estratégia económica, social e cultural, e porque durante 42 anos servimos, de forma leal, esta Terra que nos viu nascer e crescer, sentimo-nos no dever de alertar os nossos futuros governantes para algumas das questões das Artes e da Cultura. Neste mesmo espaço já tivemos oportunidade de partilhar ideias de como a cultura (e as artes) podem e devem ajudar a nossa economia. Como nota prévia gostaria de relembrar que o investimento público nas Artes e na Cultura na Madeira, segundo estudos do INE, ocupa um lugar inferior em quase todas as estatísticas culturais, ficando quase sempre atrás de regiões muito mais pobres como a região Norte, Centro, Alentejo e Açores.

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Então aqui ficam algumas sugestões, de uma política geradora de emprego e de profissionalização para o sector e que esteja orientada para os resultados. Que os projetos de educação artística em funcionamento em todo o sistema educativo regional tenham continuidade, pois são hoje uma referência aos níveis nacional e internacional e constituem uma grande mais-valia na formação holística das crianças e jovens;


ultura na Madeira -

por Carlos Gonçalves

do do INET-md (UNL)

Reforço que sem necessidade de mais custos isso seria possível; Bem como uma companhia de Bailado, uma de Teatro, e um Coro semiprofissional com Solistas, que permitissem a realização de espetáculos musicais e de ópera de forma permanente, para além dos concertos sinfónicos, proporcionando uma oferta cultural de qualidade para os residentes e os turistas. Acreditamos que, em poucos anos, se bem gerido este Instituto poderia ter uma receita própria muito próxima dos 50%

do seu orçamento; Envolver os agentes culturais numa rede em que pudessem ser ajudados através de um apoio técnico para acesso a fundos comunitários, bem como na divulgação e promoção dos seus eventos, de preferência integrados numa agenda única regional com divulgação, atempada, em todos os mercados emissores de turismo;

Berklee College of Music de Boston

Que sejam maximizados os recursos humanos e financeiros, quiçá com a criação de um Instituto das Artes da Madeira, ou Fundação para as Artes, onde pudessem estar integrados os projetos atualmente em ação;

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Visões de futuro para as artes e cultura na Madeira, por Carlos Gonçalves

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Criação, numa zona turística, de um espaço para os artistas independentes poderem expor as suas obras e apresentarem as suas performances. Também os luthieres de instrumentos musicais poderem estar a trabalhar e a divulgarem as suas obras. Como princípio, estas ideias poderiam ser implementadas sem um grande aumento de custos para o erário público. Implicariam uma boa reorganização e maximização dos recursos existentes, a constituição de uma rede de parceiros, bem como o acesso a apoios comunitários. Carlos Gonçalves: Investigador integrado do INET -md

Juilliard School de Nova Iorque

Incentivar a criação de cursos superiores em artes do espetáculo na UMa ou numa Escola Superior a criar, aproveitando os novos financiamentos para cursos superiores tecnológicos de um e dois anos, de modo a tornar a cultura num verdadeiro complemento do turismo, com qualidade cosmopolita. A ideia de se poder ter na Madeira uma espécie de Juilliard School de Nova Iorque ou a Berklee College of Music de Boston, eventualmente sob a supervisão de alguns docentes destas escolas, seria uma oportunidade para jovens, quer da Madeira, quer da Europa, poderem aceder aos cursos em artes do espetáculo numa Ilha com bom clima, com menores custos, muito mais perto do que os EUA e com um cariz mais profissionalizante, que os atuais existentes ao nível nacional, principalmente focados na música erudita;


Edições da Livraria areaVIRTUAL na Wook

A AREArtística tem a sua própria livraria online, designada de “areaVIRTUAL” (www.areavirtual.pt), onde pode encontrar o catálogo completo desta editora regional.


Edições da Livraria areaVIRTU

As edições da Associação Regional de Educação Artística (AREArtística – ex-Associação de Amigos do GCEA) estão já disponíveis para venda na “Wook” – www.wook.pt –, um site de comércio eletrónico, inserido no prestigiado grupo empresarial português Porto Editora, que vende para todo o mundo livros, em formato papel e digital - portugueses e estrangeiros - manuais e auxiliares de ensino, material didático, software, vídeo jogos e filmes.

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A atividade editorial da AREArtística destaca-se principalmente nas áreas da música, educação e artes. No catálogo desta editora regional é possível encontrar edições que contribuem para o aumento da oferta editorial de material didático disponível aos professores das áreas artísticas e projetos de investigação nos domínios da cultura e da educação artística. O seu catálogo de edições compreende atualmente mais de 140 títulos, onde se incluem livros, CD, DVD e CD-ROM. No total, a AREArtística já promoveu mais de quatro centenas de autores regionais, através das suas edições.


UAL na Wook -

Por Paulo Esteireiro

Entre os objetivos do seu programa editorial destacam-se a procura de: divulgar a riqueza do património artístico-musical madeirense, junto de alunos e docentes do sistema educativo regional; divulgar atividades pedagógicas que promovam as competências artísticas;

Entre as publicações desta editora destacam-se os CDs do “Festival da Canção Infanto-Juvenil da Madeira”, os livros “ORFFeu”, os manuais de expressão musical e dramática “Da Escola ao Palco”, as histórias do “Peixe Prateado”, as “Revistas Portuguesas de Educação Artística”, a “Coleção Madeira Música” e vários outros manuais educativos no domínio da educação pela arte.

incentivar a criatividade de professores, artistas e alunos da Região Autónoma da Madeira.

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Estudos sobre Educação A Associação Regional de Educação Artística vai apresentou no passado dia 2 de fevereiro, o livro “Estudos sobre Educação e Cultura”, da autoria do Doutor Paulo Esteireiro. A apresentação decorreu na sede da Direção de Serviços de Educação Artística e Multimédia (Travessa do Nogueira, 11), presidida por sua Excelência, o Secretário Regional da Educação e Recursos Humanos, Dr. Jaime Freitas. O livro é constituído por onze artigos que são um contributo para todos aqueles que, de uma forma direta ou indireta, se interessam pelas problemáticas do património musical, pela educação artística como forma de promover uma educação holística das crianças e jovens, e pela necessidade de se continuar a trabalhar e a melhorar as designadas “componentes regionais do

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currículo” – neste particular as de educação musical, que devem servir de ponto de partida para todas as outras áreas disciplinares do currículo. Com a atual globalização, os nossos alunos podem ficar a conhecer as tradições dos outros países e, desconhecer, totalmente, as do seu próprio País ou Região. Os estudos incluídos nesta edição foram apresentados em atas de congressos e em revistas científicas da especialidade, encontrando-se até agora dispersos num conjunto variado de edições online ou em suporte papel. Assim, com esta edição pretendeu-se reunir os principais estudos publicados num único volume, facilitando assim o seu acesso aos interessados nas questões educativas e culturais.


e Cultura - Por Carlos Gonçalves Paulo Esteireiro é colaborador da Secretaria Regional da Educação e Recursos Humanos, sendo Chefe de Divisão de Investigação e Multimédia, nos Serviços de Educação Artística e Multimédia da Direção Regional de Educação.

Carlos Gonçalves: Investigador integrado do INET -md

foto - Jornal da Madeira


Economia e cultura: turismo cultural por Carlos Gonçalves

Investigador integrado do INET-md (Polo no Instituto Politécnico do Porto)

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foto - Tony Cruz

Já defendemos nestas páginas a importância de uma estratégia concertada sobre o turismo cultural. Tivemos já alguns exemplos como o do Festival Bach, nos anos oitenta, que trazia aviões cheios de turistas para assistirem aos excelentes concertos realizados no Funchal. Infelizmente esse projeto terminou e até à data nenhum outro, com a mesma lógica, foi retomado. Temos o atual Festival de Música da Madeira em junho e, mais recentemente, o Festival de Órgão em novembro, que carecem de uma divulgação persistente nos mercados emissores, e com mais antecedência, envolvendo vários parceiros nomeadamente, Operadores Turísticos, Hotéis, Empresas, Autarquias, etc.

fotos DSEAM

TEF - Célia do Carmo

Grupo de animação da AGCFM

foto - CEPAM

Os turistas que nos visitam levam boas recordações das nossas paisagens paradisíacas, do nosso património edificado, das nossas tradições (gastronómicas, de cultura tradicional, entre outras), mas a Madeira e o Porto Santo são mais do que isto. Também têm CULTURA e ARTES. Exemplo disso são as Instituições Culturais que nesta Região, ano após ano – com todos os esforços que advém da fraca aposta do erário público nas artes – dão o seu importante contributo para que a Cultura seja uma prática com valor acrescentado, como por exemplo, a Orquestra Clássica da Madeira, a Orquestra de Bandolins da Madeira, o Teatro Experimental do Funchal, a Associação de Amigos do Conservatório, as Escolas de Dança, as Bandas Filarmónicas, os Coros, os Grupos de Música Tradicional, os Grupos Folclóricos, entre outros.

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Economia e cultur Por Carlos

Se as nossas empresas apostassem um pouco mais no patrocínio à cultura e às artes, seria mais fácil para as entidades públicas trabalharem nesse sentido. Não podemos esquecer que a língua e a cultura estão no coração dos fenómenos da identidade e que no nosso caso particular de Região Turística, devem estar intimamente ligados ao Turismo. O britânico Leonard J. Lickorish, ex-Director Geral da British Tourist Authority e Professor Universitário, defendia no início do milénio: “não há como negar a importância e o destaque desta atividade para a manutenção das culturas de determinadas comunidades, ou ainda, para a sobrevivência de outras, que veem no turismo uma fonte de renda e manutenção de bens culturais e patrimoniais”.

Se olharmos para o panorama nacional, existem igualmente vários estudos que nos devem fazer refletir. Em janeiro de 2010, Augusto Mateus & Associados apresentaram ao Ministério da Cultura um extenso estudo sobre o setor cultural e criativo em Portugal, em que referia nas conclusões: “o setor cultural e criativo assume um papel crescentemente relevante na criação de emprego e de riqueza e na promoção da qualidade de vida das populações, nomeadamente nas cidades (…)”.

Foto Canhas - Festival Aqui Acolá Grupo folcolórico de Santa Rita

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TEF - Célia do Carmo


ra: turismo cultural Gonçalves

Um outro estudo resultante de uma cooperação pioneira entre o Ministério da Economia e o Ministério da Educação e Ciência, designado de ENEI (Estratégia Nacional de Investigação e Inovação para uma Especialização Inteligente, 2014-2020), refere que as indústrias criativas constituem: “1. fator estratégico de competitividade; 2. sector gerador de emprego e riqueza; 3. meio de reforço da cidadania; 4. alavanca de coesão social e territorial; 5. veículo de afirmação internacional das comunidades”. Ainda o mesmo documento apresenta o conceito de Indústrias Culturais e Criativas (ICC) como vasto e diverso, abarcando um conjunto de atividades que têm em comum a utilização da criatividade, do conhecimento cultural e da propriedade intelectual como

Foto - OCM

recursos para produzir bens e serviços com significado social e cultural, como sejam as artes performativas e visuais, o património cultural, o artesanato e a joalharia, o cinema, a rádio, a televisão, a música, a edição, o software educacional e de entretenimento e outro software e serviços de informática, os novos media, a arquitetura, o design, a moda e a publicidade. Para quando um olhar dos Governos para as Artes e a Cultura com “olhos de ver”? Para quando uma estratégia concertada entre oferta cultural e turismo, como defendem inúmeros académicos de vários quadrantes? Carlos Gonçalves: Investigador integrado do INET -md

Foto - AGCFM

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Concurso Curt O Governo Regional da Madeira, através da Secretaria Regional da Educação e Recursos Humanos, apresentou a 5ª edição do Concurso de Curtas-Metragens, no dia 16 de janeiro de 2015, na FNAC do Madeira Shopping. O Concurso é operacionalizado pela Direção de Serviços de Educação Artística e Multimédia da DRE em parceria com o STAO - Centro de Atividades Ocupacionais de Machico, estando o concurso integrado pela primeira vez no programa Educamedia. O concurso destina-se a vídeos de curta duração, estando aberta a participação a todas as escolas da Região Autónoma da Madeira (RAM) e público geral, sendo estes trabalhos passíveis de serem desenvolvidos individualmente ou em grupo. A cerimónia de atribuição de prémios aos vencedores realizar-se-á no dia 19 de junho de 2015, no Teatro Municipal Baltazar Dias, Funchal, incluída no Festival Audiovisual e Cinema Escolar, no âmbito da Semana Regional das Artes de 2015, da Direção de Serviços de Educação Artística e Multimédia (DSEAM).

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Este projeto pretende reconhecer e premiar o trabalho realizado na área do vídeo de curta duração (até 2 minutos), posicionando-se desta maneira, como um instrumento importante na promoção da criação de conteúdos audiovisuais na RAM.


tas-Metragens Informação DSEAM A inscrição foi feita através do link http://goo.gl/zSdPLQ até dia 10 de abril de 2015 e o envio dos vídeos decorre até 30 de maio de 2015. Acrescenta-se que o tema é “A energia para o futuro”, que poderá ser interpretado de forma livre pelos participantes. Coordenadores do Concurso: Prof. Hel der Vasconcelos e Prof.ª Vera Baptista do STAO – Centro de Atividades Ocupacionais de Machico, contactos: 291963865/967052840. Website: www.educamedia.educatic.info Facebook: https://www.facebook.com/concurso.metragens?fref=ts E-mail: concursocurtasmetragens@gmail.com Spot Publicitário: http://youtu.be/tJFgZsweXx8

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Comunicação e Marketing A Secretaria Regional da Educação e Recursos Humanos realizou, entre os dias 28 a 30 de janeiro, uma formação intitulada de “Comunicação e Marketing Cultural”. Destinada a todos quantos estão, de certa forma, ligados a eventos culturais, a formação decorreu no anexo da Direção de Serviços de Educação Artística e Multimédia (DSEAM) – junto às piscinas da Levada - com um total de 15h e foi orientada por Rita Tomás, diplomada em Artes Cénicas pela Escola de Design Interativo e Tecnologia, atualmente a responsável pelo Departamento de Comunicação e Marketing do Teatro Maria Matos, em Lisboa, tendo antes disto estado a trabalhar no Centro Cultural de Belém. A formação ao longo da vida é um dos pilares no percurso profissional dos indivíduos. Este entendimento ganha particular relevo nos dias de hoje, fortemente caracterizado por aceleradas mudanças, exigindo a todos os profissionais respostas eficazes, assertivas e, ao mesmo tempo, inovadoras.

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Ora, este processo formativo traduzido em expressões como “aprendizagem ao longo da vida”, “aprender a aprender”, requer um olhar atento por parte das instituições. Neste discorrer de ideias, e considerando os contextos e dinâmicas culturais da nossa região, achou-se por bem promover uma formação no âmbito da COMUNICAÇÃO E MARKETING CULTURAL, precisamente, por se considerar que esta vem colmatar uma necessidade resultante do processo evolutivo pelo qual a Madeira tem vindo a passar – um crescimento acelerado das iniciativas culturais.


g Cultural -

por Natalina Cristóvão

Com esta formação, pretende-se abordar temáticas que, de certa forma, ajudem todos aqueles que estão ligados à conceção, organização e promoção de eventos/espetáculos, tentando desenvolver capacidades relacionadas com as questões: Como conceber e apresentar um espetáculo apelativo? Como responder a fragilidades financeiras? Como mobilizar públicos? Como angariar parceiros? Permitir que um qualquer indivíduo, em qualquer fase da sua vida, possa dar continuidade aos seus estudos numa lógica de reconhecimento de competências e valências adquiridas nos mais diversos tipos de contexto ou permitir simplesmente que um qualquer indivíduo reconverta a sua carreira, são hoje imperativos.

DRA Rita Tomás - Teatro Maria Matos

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Masterclass - Encon

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ntro de Acordeão II Informação DSEAM

A Secretaria Regional de Educação e Recursos Humanos/Direção Regional de Educação, através da Direção de Serviços de Educação Artística e Multimédia (DSEAM), organizou nos dias 16, 17 e 18 de janeiro, um Masterclass - “Encontro de Acordeões II”, com o objetivo de trabalhar a vertente pedagógica no ensino e interpretação do Acordeão. Este é um 2.º momento do projeto uma vez que no ano transato, o mesmo já aconteceu com a orientação do Prof. Paulo Jorge Ferreira. Este encontro que reuniu alunos e professores, não só da DSEAM mas também do Conservatório Escola Profissional de Artes da Madeira, aconteceu nas instalações do Anexo da DSEAM, junto à Escola Dr. Ângelo Augusto da Silva, e teve como objetivo identificar diferentes dinâmicas de ensino; nesta edição os jovens acordeonistas tiveram a possibilidade de cruzar-se com o professor e músico Sérvio, Miljan Bjeletic, uma referência internacional.

fotos DSEAM

Considerado um dos professores mais promissores da atualidade acordeonista mundial, o Prof. Miljan Bjeletic é orientador da disciplina de Acordeão na Escola Superior de Artes do seu pais de origem. Desde 1998, ano em que inicia o seu percurso Artístico, obteve mais de 150 prémios com os seus alunos em concursos nacionais e internacionais. Realizou vários seminários a nível nacional e internacional, levando assim a sua abordagem sobre a interpretação e o ensino do Acordeão além-fronteiras. Países como a Croácia, a Eslovénia, a Lituânia, a França e a Sérvia já o tiveram presente nas suas formações. Esta jornada pedagógica foi encerrada no dia 18 de janeiro no Instituto do Vinho, do Bordado e do Artesanato da Madeira (IVBAM), um recital pelo professor convidado, o qual foi antecedido pela apresentação de alguns trabalhos dos formandos.

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Inês Clode: uma celebração ao seu o Falar desta personalidade da educação artística é falar de uma pessoa que nasceu numa importante família, de origem inglesa, que foi a principal responsável pela organização das Artes na Madeira, a partir da década de 1940. O seu pai, Eng.º Luís Peter Clode, com o seu irmão e outros filantropos criaram em 1946 – há 68 anos, a Academia de Música e Belas Artes da Madeira. Antes, em 1943, tinham fundado a Sociedade de Concertos da Madeira, mais tarde a Academia de Línguas da Madeira, o Posto Emissor do Funchal. Estas organizações foram os principais pilares para as atuais instituições como o Conservatório – Escola das Artes da Madeira, Eng.º Luís Peter Clode, Departamento de Belas Artes da UMa, Orquestra Clássica da Madeira, Coro de Câmara da Madeira, os projetos que levaram à criação da atual Direção de Serviços de Educação Artística e Multimédia, entre muitas outras instituições culturais que têm, na sua origem, fundadores que foram alunos da Academia de Música e Belas Artes da Madeira, nos quais me incluo.

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octogésimo aniversário Nesta Instituição fomos educados para as Artes mas também para os valores. Apesar do rigor e da exigência na qualidade artística, o clima que se vivia naquela escola era de uma verdadeira família que se respeitava mutuamente - alunos, professores, funcionários e direção -, e que nos marcou a todos os que tivemos o privilégio de por lá ter passado. A Dr.ª Inês Clode, que seguiu estudos musicais, entre outros, foi uma das nossas professoras e hoje, ao celebrar os seus 80 anos de vida, recordamo-la com saudade pelas aulas fantásticas em que nos transmitia conhecimentos da História da Música Universal, de uma forma tão cativante e transversal (o que só quem tem uma cultura geral acima da média é capaz de o fazer). Cada aula era um prazer revigorante que aumentava, a cada dia, a nossa vontade de aprender mais. Sinto que muito do que

Foto CEPAM

por Carlos Gonçalves

sou hoje devo a essa grande escola que foi a Academia de Música e Belas Artes da Madeira e aos seus excelentes e dedicados professores, dos quais se destaca a Dr.ª Inês Clode. Como é importante que uma sociedade saiba reconhecer todos aqueles que se destacam ao serviço do bem comum, fazemos aqui esta singela homenagem à Dr.ª Inês Clode no seu octogésimo aniversário e deixamos votos para que possa continuar junto de nós por muitos e bons anos e que, a exemplo de muitos dos seus antepassados, possa ultrapassar o seu centenário, com saúde e sempre com aquela sapiência que a carateriza. Um bem-haja! Carlos Gonçalves Investigador integrado do INET-md (Polo no Instituto Politécnico do Porto)

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Revista de Educação Artística reconhecida no latindex - por Paulo Esteireiro

O Governo Regional da Madeira, através da Secretaria Regional da Educação e Recursos Humanos, há cerca de 10 de anos que vem privilegiando a investigação no domínio da educação artística. Um dos projetos mais emblemáticos tem sido a publicação da Revista Portuguesa de Educação Artística, uma publicação de cariz científico que é atualmente reconhecida como uma das mais importantes revistas na área em Portugal. Prova disso mesmo, a Revista Portuguesa de Educação Artística foi reconhecida e indexada pelo Latindex (Sistema Regional de Informação para as Revistas Científicas de América Latina, Caribe, Espanha e Portugal).

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O “Latindex” é um sistema de informação académico, especializado em periódicos científicos editados nos países Ibero-americanos. O sistema é fruto da cooperação entre diferentes instituições de 23 países. Está disponível para consulta em http://www.latindex.org Em Portugal o “Latindex” está representado na FCT, de onde veio a autorização da indexação da RPEA. Este é naturalmente mais um passo importante para o sucesso da revista que a direção da RPEA partilha com todos aqueles que têm ajudado a construir este projeto editorial, importante para a divulgação da investigação na área da educação artística.


Iniciação à Composição e Orquestração - Por Paulo Esteireiro

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Iniciação à Composição e O Realizou-se a formação “Iniciação à composição e orquestração” – Nível I, destinada a todos professores de música do ensino básico, do ensino secundário e do ensino profissional, entre os dias 23 a 27 de março, no auditório da Direção de Serviços de Educação Artística e Multimédia (DSEAM), com um total de 25h. O formador foi o professor João Caldeira, jovem compositor madeirense que compôs a música para espetáculos tais como o bailado “Flor, Bela e Louca” e o musical “Levada d’Amores”. Os principais propósitos da formação foram: desenvolver nos formandos noções básicas de composição e orquestração, aumentando os conhecimentos sobre instrumentos e agrupamentos instrumentais e utilizando novas tecnologias (software de escrita, sequenciadores, samplers e misturas); partilhar ferramentas de trabalho no campo das novas tecnologias em música, fornecendo conhecimentos que permitam a criação de instrumentais/playbacks.

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Ao longo da formação, os formandos aprofundaram os seus conhecimentos nos seguintes domínios: instrumentos musicais (no âmbito da orquestra, do pop-rock e instrumentos do mundo e tradicionais); técnicas de composição (da ideia à escrita, combinação de instrumentos, conceito de cor sonora, intenção da música); e orquestração (combinação de instrumentos e agrupamentos instrumentais, relações de distanciamento/aproximação/separação entre instrumentos, e criar e usar templates em software).


Orquestração

fotos DSEAM

- Por Paulo Esteireiro

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Edição janeiro - fevereiro 2015



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