© 2014 by PRINCIPAIS TEMAS EM ORTOPEDIA PARA RESIDÊNCIA MÉDICA Márcia Angellica Delbon Atiê Jorge - Gustavo Merheb Petrus - Eduardo Gasparotti - Ellen de Oliveira Goiano
Todos os direitos reservados.
Organizadores: Produção Editorial: Coordenação Editorial e de Arte: Diagramação: Criação de Capa: Assistência Editorial: Edição de Texto: Revisão Final: Revisão:
Atílio G. B. Barbosa - Sandriani Darine Caldeira Fátima Rodrigues Morais Martha Nazareth Fernandes Leite Jorlandi Ribeiro - Diego Cunha Sachito R2 - Criações Denis de Jesus Souza Vanessa Araújo Henrique Tadeu Malfará de Souza Hélen Xavier - Isabela Biz - Leandro Martins - Lívia Stevaux Luiz Filipe Armani - Mariana Rezende Goulart Assistência de Produção Gráfica: Daniel Del Fiore Serviços Editoriais: Andreza Queiroz - Eliane Cordeiro - Luan Vanderlinde
Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP) (Câmara Brasileira do Livro, SP, Brasil) Principais temas em Ortopedia para residência médica / Márcia Angellica Delbon Atiê Jorge - Gustavo Merheb Petrus - Eduardo Gasparotti - Ellen de Oliveira Goiano - 1. ed. -- São Paulo: Medcel, 2014. -(Principais temas para residência médica) Bibliografia. ISBN: 978-85-7925-450-5 1. Ortopedia - Concursos - 2. Residentes (Medicina)
Texto adaptado ao Novo Acordo Ortográfico.
O conteúdo deste livro é específico para provas de Residência, visando, principalmente, informar o leitor sobre as tendências dessas avaliações e prepará-lo para elas. Além disso, não é recomendado para a prática médica ou para a formação acadêmica. Acrescente-se que há a probabilidade de discordâncias entre conceitos das diferentes instituições, e que as informações contidas neste material estão de acordo com o regime vigente no momento da publicação, a serem complementadas conforme surgirem novos conhecimentos.
Março, 2014 Proibida a reprodução total ou parcial. Os infratores serão processados na forma da legislação vigente. Direitos exclusivos para a língua portuguesa licenciados à Medcel Editora e Eventos Ltda. Av. Paulista, 1776 - 2º andar - São Paulo - Brasil www.medcel.com.br (11) 3511 6161
AUTORIA E COLABORAÇÃO
Márcia Angellica Delbon Atiê Jorge Graduada pela Faculdade de Medicina da Universidade de Santo Amaro (UNISA). Título de especialista em Ortopedia e Traumatologia pela Sociedade Brasileira de Ortopedia e Traumatologia (SBOT). Especialista em Ortopedia Pediátrica e em Doenças Neuromusculares pela Santa Casa de Misericórdia de São Paulo (SCMSP) e membro da Sociedade Brasileira de Ortopedia Pediátrica (SBOP). Gustavo Merheb Petrus Graduado em Medicina pela Universidade Estadual de Londrina (UEL). Especialista em Ortopedia e Traumatologia, em Cirurgia do Joelho e em Artroscopia pela Santa Casa de Misericórdia de São Paulo (SCMSP). Membro da Sociedade Brasileira de Ortopedia e Traumatologia (SBOT). Membro da Sociedade Latinoamericana de Artroscopia e Joelho (SLARD), da International Society of Arthroscopy Knee Surgery (ISAKOS) e da American Academy of Orthopaedic Surgeons (AAOS). Médico assistente de Ortopedia da Santa Casa de Misericórdia de Curitiba. Eduardo Gasparotti Graduado pela Faculdade de Medicina do ABC (FMABC). Especialista em Ortopedia e Traumatologia e residente em Microcirurgia e Cirurgia da Mão pela FMABC. Membro da Sociedade Brasileira de Ortopedia e Traumatologia (SBOT). Ellen de Oliveira Goiano Graduada pela Faculdade de Medicina da Universidade Federal do Pará (UFPA). Especialista em Ortopedia e Traumatologia pela Associação Beneficente Nossa Senhora do Pari (ABNS Pari - São Paulo). Especialista em Ortopedia Pediátrica pela Santa Casa de São Paulo (FCMSC-SP). Título de especialista em Ortopedia e Traumatologia pela SBOT e AMB. Membro da Sociedade Brasileira de Ortopedia Pediátrica (SBOP). Coordenadora da Residência Médica de Ortopedia e Traumatologia da ABNS Pari.
Atualização 2014 Ellen de Oliveira Goiano
APRESENTAÇÃO
S
e a árdua rotina de aulas teóricas e de plantões em diversos blocos é só o
primeiro dos desafios que o estudante de Medicina deve enfrentar na carreira, o seguinte é ainda mais determinante: a escolha de uma especialização que lhe traga satisfação profissional em uma instituição que lhe ofereça a melhor preparação possível. Essa etapa, entretanto, é marcada pelo difícil ingresso nos principais centros e programas de Residência Médica, conquistado apenas com o apoio de um material didático objetivo e que transmita confiança ao candidato. A Coleção SIC Principais Temas para Provas de Residência Médica 2014, da qual fazem parte os 31 volumes da Coleção SIC Extensivo, foi desenvolvida a partir dessa realidade. Os capítulos são baseados nos temas exigidos nas provas dos principais concursos do Brasil, enquanto os casos clínicos e as questões são comentados de modo a oferecer a interpretação mais segura possível das respostas.
Bons estudos!
Direção Medcel A medicina evoluiu, sua preparação para residência médica também.
ÍNDICE
Capítulo 1 - Terminologia ortopédica .............19
8. Resumo ........................................................................ 69
1. Conceitos ..................................................................... 19
Capítulo 6 - Doenças do metabolismo ósseo 71
2. Movimentos ................................................................ 20 3. Deformidades .............................................................. 22 4. Resumo ........................................................................ 23
Capítulo 2 - Infecção osteoarticular ...............25 1. Osteomielite ................................................................ 25 2. Artrite séptica .............................................................. 29 3. Resumo ........................................................................ 31
Capítulo 3 - Ortopedia adulto .........................33
r s O 0
2. Osteoporose ................................................................ 71 3. Raquitismo................................................................... 74 4. Osteogênese imperfeita .............................................. 75 5. Resumo ........................................................................ 76
Capítulo 7 - Tumores ósseos e lesões pseudotumorais .............................................. 77 1. Tumor de Ewing (tumor de células redondas) ............. 77
1. Ombro ......................................................................... 33
2. Osteossarcoma ............................................................ 77
2. Punho e mão ............................................................... 36
3. Condrossarcoma .......................................................... 78
3. Síndromes compressivas ............................................ 37 4. Quadril ......................................................................... 39 5. Joelho .......................................................................... 42 6. Hálux valgo .................................................................. 45 7. Lombalgias e lombociatalgias ...................................... 46
4. Mieloma múltiplo ........................................................ 78 5. Lesões metastáticas ..................................................... 79 6. Tumores benignos ....................................................... 80 7. Resumo ........................................................................ 83
8. Resumo ........................................................................ 49
Capítulo 8 - Traumatologia ortopédica .........85
Capítulo 4 - Medicina esportiva ..................... 51
1. Conceitos gerais........................................................... 85
1. Fraturas por estresse ................................................... 51
2. Fraturas expostas......................................................... 87
2. Tendinopatias .............................................................. 52
3. Síndrome compartimental........................................... 88
3. Ruptura do tendão calcâneo ....................................... 54
4. Entorse de tornozelo ................................................... 89
4. Lesão muscular ............................................................ 54
5. Fraturas e luxações em adultos ................................... 89
5. Resumo ........................................................................ 55
6. Fraturas e luxações em crianças ................................ 104
Capítulo 5 - Ortopedia pediátrica ................... 57
7. Resumo ...................................................................... 109
1. Displasia do desenvolvimento do quadril.................... 57
Capítulo 9 - Doenças neuromusculares ......113
2. Doença de Legg-Calvé-Perthes .................................... 60 3. Epifisiólise .................................................................... 61 4. Joelho varo e joelho valgo ........................................... 62 5. Pé torto congênito ....................................................... 63 6. Escoliose idiopática do adolescente ............................ 64 7. Osteocondrites ............................................................ 66
lugar!
1. Introdução ................................................................... 71
1. Paralisia cerebral ...................................................... 113 2. Mielomeningocele ..................................................... 115 3. Artrogripose .............................................................. 116 4. Resumo ...................................................................... 117
Casos Clínicos ...............................................119
QUESTÕES Cap. 1 - Terminologia ortopédica .................................. 127 Cap. 2 - Infecção osteoarticular ..................................... 127 Cap. 3 - Ortopedia adulto .............................................. 129 Cap. 4 - Medicina esportiva ........................................... 136 Cap. 5 - Ortopedia pediátrica ........................................ 137 Cap. 6 - Doenças do metabolismo ósseo....................... 141 Cap. 7 - Tumores ósseos e lesões pseudotumorais ....... 143 Cap. 8 - Traumatologia ortopédica ................................ 145 Cap. 9 - Doenças neuromusculares ............................... 153 Outros temas ................................................................ 154
COMENTÁRIOS Cap. 1 - Terminologia ortopédica .................................. 159 Cap. 2 - Infecção osteoarticular ..................................... 159 Cap. 3 - Ortopedia adulto .............................................. 161 Cap. 4 - Medicina esportiva ........................................... 167 Cap. 5 - Ortopedia pediátrica ........................................ 167 Cap. 6 - Doenças do metabolismo ósseo....................... 172 Cap. 7 - Tumores ósseos e lesões pseudotumorais ....... 173 Cap. 8 - Traumatologia ortopédica ................................ 176 Cap. 9 - Doenças neuromusculares ............................... 183 Outros temas ................................................................ 184
Referências bibliográficas ............................187
ORTOPEDIA CAPÍTULO
3
Ortopedia adulto Márcia Angéllica Delbon Atiê Jorge / Ellen de Oliveira Goiano
1. Ombro O ombro é a articulação de maior amplitude de movimento (ADM) no corpo humano, por isso é uma das mais vulneráveis a lesões. As queixas clínicas nas doenças do ombro podem ser divididas basicamente em 2 grandes grupos: as ligadas à dor e à limitação da mobilidade e as relacionadas com a instabilidade.
A - Síndrome do impacto e lesão do manguito rotador A síndrome do impacto representa um amplo espectro de distúrbios, podendo significar tanto bursite subacromial como tendinite do manguito, inclusive com ruptura parcial ou completa. Os músculos que fazem parte do manguito rotador são: supraespinal, infraespinal, redondo menor e subescapular (Figura 1). O tendão supraespinal se insere no tubérculo maior do úmero, junto com o infraespinal e o redondo menor. O subescapular se insere no tubérculo menor. O tendão mais acometido é o supraespinal, que é responsável pela elevação do membro. Quando a elevação ocorre, provoca impacto do tubérculo maior do úmero contra o acrômio (Figura 2).
Figura 1 - Músculos do manguito rotador e anatomia pertinente
33
b) Teste do impacto de Yocum O paciente, com a mão no ombro oposto, eleva ativamente o cotovelo (Figura 4). O teste é positivo se há dor provocada pelo impacto do tubérculo maior contra o arco coracoacromial (borda anteroinferior do acrômio, ligamento coracoacromial e borda lateral do processo coracoide).
Figura 2 - Impacto entre o tubérculo maior e o acrômio que leva à inflamação da bursa subacromial
A lesão do manguito é a ruptura parcial ou total de 1 ou mais tendões do manguito rotador, sendo o supraespinal o mais acometido, pelo impacto da porção tendinosa do supraespinal e de outros tendões contra o arco coracoacromial. O tendão que sofre o impacto se degenera e pode romper. Pode ser pós-traumático ou consequente à síndrome do impacto. O paciente queixa-se de dor noturna na face lateral do braço e que piora à elevação. A tendinite do supraespinal também pode ser causada por processo degenerativo primário e por depósitos de cálcio, patologia conhecida como tendinite calcária. Os testes clínicos mais utilizados para avaliar a síndrome do impacto e a lesão do manguito rotador são:
Figura 4 - Teste do impacto de Yocum
c) Teste do impacto de Hawkins-Kennedy O membro superior é colocado em 90° de elevação com o cotovelo fletido a 90°. Rapidamente, o examinador roda internamente o membro superior, provocando impacto do tubérculo maior contra o ligamento coracoacromial e do tubérculo menor contra o processo coracoide (Figura 5).
a) Teste de Neer O membro superior é elevado rápida e passivamente no plano da escápula pelo examinador (Figura 3). O teste é positivo se o paciente apresenta dor, causada pelo impacto do tubérculo maior contra o acrômio.
Figura 5 - Teste do impacto de Hawkins-Kennedy
Figura 3 - Teste de Neer
34
d) Teste de Jobe Avalia o tendão supraespinal. O paciente realiza elevação ativa contrarresistência oposta pelo examinador, com o membro em rotação interna (Figura 6). Pode apresentar desde dor, acompanhada ou não de diminuição de força,
ORTOPEDIA CAPÍTULO
8
Traumatologia ortopédica Márcia Angéllica Delbon Atiê Jorge / Ellen de Oliveira Goiano
1. Conceitos gerais As fraturas por mecanismo de alta energia são muito frequentes nos dias de hoje. Os acidentes de trânsito tornaram-se uma verdadeira epidemia, sendo responsáveis por aproximadamente 25% dos gastos em saúde. As fraturas contribuem significativamente para aumentar a morbimortalidade do paciente politraumatizado, principalmente em ossos longos ou da pelve, pelo risco de choque hipovolêmico. Além disso, as lesões graves de partes moles liberam grande quantidade de citocinas e de substâncias inflamatórias que alteram o metabolismo, a permeabilidade endotelial e a coagulação. A capacidade do osso de resistir a qualquer carga aplicada depende do seu módulo de resistência, da elasticidade, da direção e da velocidade da carga (energia do trauma) e da capacidade do envelope de partes moles ao redor de absorver parte dessa energia. Desse modo, existem diversos padrões de fraturas, como as simples, as cominutas e as complexas.
- Classificação AO A consolidação óssea é o processo biológico que leva à regeneração do osso fraturado, em vez de formar tecido cicatricial, como em alguns outros órgãos. O reparo das fraturas pode ser dividido em 4 estágios: a) Inflamação Até 7 dias da fratura, o hematoma é gradualmente substituído por tecido de granulação, com formação de tecido fibroso, conforme a Figura 1.
Figura 1 - Hematoma consequente de lesão óssea
b) Formação de calo mole Desenvolvimento de calo fibrocartilaginoso que circunda a fratura. Corresponde aproximadamente ao tempo em que os fragmentos da fratura não estão mais se movendo livremente, por volta de 2 a 3 semanas da fratura, conforme a Figura 2.
85
d) Remodelação Lenta substituição do osso reticulado pelo lamelar. Pode levar de meses a anos, até o osso voltar completamente à sua morfologia normal, incluindo a restauração do canal medular. Uma variedade de fatores locais e sistêmicos influencia a consolidação da fratura. As expostas e aquelas com grave lesão de partes moles possuem suprimento vascular deficiente e maior índice de retardo de consolidação e pseudoartrose. Além disso, fatores como idade, diabetes, desnutrição, uso crônico de corticosteroides e deficiências de vitaminas contribuem para o atraso da consolidação óssea. As radiografias dos membros são feitas conforme o quadro clínico do paciente e devem sempre incluir as 2 articulações adjacentes ao local do trauma. Para orientar na avaliação da gravidade, no tipo de tratamento e no prognóstico, as fraturas possuem diversos sistemas de classificação. Uma das mais utilizadas é a de Müller/AO, proposta pela AO Foundation, grupo suíço para o estudo da osteossíntese (Tabela 1). Sua proposta é criar uma padronização universal, para que, em qualquer lugar do mundo, seja possível identificar o local e o tipo de fratura pela sua classificação alfanumérica. Tabela 1 - Classificação de Müller Figura 2 - Hematoma organizado e formação de fibrocartilagem
Ossos longos 1 - Úmero 2 - Rádio/ulna 3 - Fêmur 4 - Tíbia/fíbula
Segmentos 1 - Proximal 2 - Diafisário 3 - Distal
Tipos de fratura A - Simples B - Em cunha C - Complexa
c) Formação de calo duro Quando as extremidades da fratura já estão unidas pelo calo mole, o estágio de calo duro começa e dura até os fragmentos estarem firmemente unidos por osso novo, aproximadamente 3 a 4 meses.
Desse modo, uma fratura diafisária do úmero é reconhecida como 12, e uma fratura do fêmur proximal, como 31.
Figura 3 - Estabilização da fratura pelo osso revascularizado e fibrocartilagem
Figura 4 - Classificação de AO para fraturas diafisárias do fêmur
86
CASOS CLÍNICOS
ORTOPEDIA 2011 - FMUSP
2011 - FMUSP
Um menino, de 8 anos, chega ao hospital com história de dor no membro inferior direito, de forte intensidade, e com dificuldade para deambular há 1 dia. Há 2 dias, levou um tombo enquanto jogava futebol. Teve dor na hora, mas como passou logo, continuou a partida até o final. Hoje, começou a apresentar febre de 38,5°C e piora importante da dor. Fez uso, em casa, de paracetamol, sem melhora. O exame clínico de entrada revela REG, consciente, orientado, descorado (+1/4+), hidratado, sudoreico, peso no percentil = 50%, PA = 110x70mmHg, FC = 97bpm, FR = 38irpm, pontuação na escala analógica de dor = 9/10, saturação de O2 em ar ambiente = 96% e T = 38,2°C. O exame articular mostra quadril direito em flexão e rotação externa com grande dificuldade à abdução. Não há outras alterações ao exame clínico.
Um menino, de 7 anos, caiu sobre seu membro superior e é trazido ao pronto-socorro. A imagem a seguir ilustra a inspeção local. O exame clínico geral é normal. Ao exame clínico do membro superior, nota-se dor e crepitação à mobilização do cotovelo.
2.
CASOS CLÍNICOS
1.
a) Cite a(s) hipótese(s) diagnóstica(s).
a) Descreva qual(is) a(s) outra(s) etapa(s) do exame clínico do membro superior que deve(m) ser realizada(s) nesse paciente. b) Qual(is) é(são) o(s) exame(s) que deve(m) ser solicitado(s) para elucidação diagnóstica?
c) Considerando a(s) hipótese(s) diagnóstica(s), cite a(s) conduta(s) terapêutica(s) imediata(s) a ser(em) adotada(s).
MEDCEL
3.
Um paciente de 25 anos, previamente hígido, refere aparecimento de tumoração indolor na face anterior da perna direita (Figura), que vem crescendo progressivamente no último mês, atualmente com cerca de 10cm de extensão. Nega tabagismo, etilismo e cirurgias prévias, mas refere traumas constantes na região, uma vez que pratica futebol 3 vezes por semana. Também nega outros episódios na família. À palpação, a massa é de consistência endurecida, sem sinais de flogose local. O restante do exame físico é normal.
121
ORTOPEDIA
Caso 1 a) Sinovite do quadril e pioartrite de quadril (artrite séptica do quadril). b) - Provas infecciosas (hemograma, VHS e PCR); - Ultrassom de quadril; - Raio x; - Punção articular. c) Deve-se manter o paciente em jejum e realizar punção diagnóstica em ambiente estéril (centro cirúrgico) na urgência. Na presença de secreção purulenta na punção, realiza-se a drenagem aberta do quadril com limpeza da cavidade articular com soro fisiológico abundante. Deve-se, ainda, enviar material para cultura e antibiograma para antibioticoterapia específica. Após drenagem, utilizar antibioticoterapia empírica até que os resultados da cultura estejam disponíveis. Como a maioria das vezes a contaminação é por Staphylococcus aureus, utiliza-se, inicialmente, uma cefalosporina associada ao aminoglicosídeo.
Caso 2 a) A principal hipótese diagnóstica é a fratura supracondiliana do úmero, muito frequente nessa idade devido à alta remodelação óssea dessa região nessa fase da infância, causando zona de fragilidade óssea. O hematoma na região anterior do cotovelo (sinal de Kirmisson) é um sinal característico dessa fratura, indicando lesão do músculo braquial pelo fragmento ósseo. Deve-se avaliar a deformidade, o grau do edema e o exame neurovascular. Sendo assim, palpa-se o pulso da artéria braquial, radial e ulnar e avalia-se a sensibilidade dos dedos em suas zonas consideradas autônomas (nervo ulnar face medial da falange distal do 5º dedo; nervo mediano: face lateral da falange distal do 2º dedo; nervo radial: 1ª comissura interdigital). Para o exame motor desses nervos, solicita-se que o paciente faça extensão do polegar (nervo radial), adução/abdução dos dedos (nervo ulnar) e oposição entre o 1º e o 2º dedos (nervo mediano).
b) Em tumores como osteossarcoma, a radiografia já demonstra sinais de reação periosteal que aparece na radiografia. O exame permite o diagnóstico precoce e o tratamento, influenciando o prognóstico. Exames complementares, como tomografia e ressonância magnética, auxiliam no planejamento cirúrgico para pós-tratamento de lesão tumoral. A biópsia é indispensável para estabelecer a conduta terapêutica mais adequada e deve ser, preferencialmente, realizada com agulha tipo Tru-Cut®. Biópsias mal planejadas podem levar a alteração do planejamento cirúrgico, incluindo ressecções mais complexas e radioterapia adjuvante. Logo, esse procedimento pode comprometer a evolução e o prognóstico. c) A radioquimioterapia neoadjuvante está indicada a pacientes com tumores de partes moles não passíveis de ressecção cirúrgica com margem adequada. A quimioterapia neoadjuvante pré-operatória tem como principal vantagem a redução do edema, a diminuição do tamanho do tumor e o efeito sobre as micrometástases. d) São fatores que podem influenciar o prognóstico: idade, recorrência do tumor, tamanho, profundidade, grau de diferenciação e margens microscópicas após ressecção cirúrgica. Fatores como sexo e localização anatômica da lesão não estão associados a recidiva local ou prognóstico, enquanto a porcentagem de indução de necrose pela quimioterapia e as margens cirúrgicas obtidas na cirurgia são fatores associados ao controle local.
Caso 3 a) São dados que sugerem malignidade nos tumores de partes moles tamanho >5cm, crescimento rápido e consistência endurecida da lesão. A história de traumas prévios não tem relação alguma com o aparecimento da lesão. Os diagnósticos diferenciais são fratura por estresse e infecção.
123
CASOS CLÍNICOS
RESPOSTAS
QUESTÕES
ORTOPEDIA QUESTÕES
2008 HNMD 1. A perda permanente de relação articular, caracterizada por edema, dor, deformidade e resistência elástica, com prejuízo da função articular, é a definição de: a) artrodese b) fratura c) entorse d) luxação e) pseudoartrose Tenho domínio do assunto Refazer essa questão Reler o comentário Encontrei dificuldade para responder
Infecção osteoarticular 2014 UFG CLÍNICA CIRÚRGICA 2. Qual é o melhor exame de imagem para investigar osteomielite aguda em portador de pé diabético isquêmico com pulso poplíteo (+4/+4) e sem pulsos tibiais? a) cintilografia óssea b) radiografia simples c) ressonância magnética d) tomografia computadorizada Tenho domínio do assunto Refazer essa questão Reler o comentário Encontrei dificuldade para responder
2013 IFF 3. Um menino de 6 anos chega à Emergência com quadro de claudicação importante e dor à mobilização da perna direita que surgiu após uma partida de futebol na escola. No momento, não há outros sintomas constitucionais. No entanto, há 1 semana, esteve gripado com febre, tosse e rinorreia clara. Você resolve colher hemograma, velocidade de hemossedimentação e uma ultrassonografia de quadril, todos com resultados normais. De acordo com a história e os dados laboratoriais, trata-se de: a) osteomielite de quadril b) sinovite transitória do quadril c) tumor ósseo d) febre reumática Tenho domínio do assunto Refazer essa questão Reler o comentário Encontrei dificuldade para responder
2013 SANTA CASA BH 4. Uma criança de 2 anos é internada por quadro de febre, irritabilidade, prostração e choro intenso à mínima manipulação da região coxofemoral direita. O hemograma mostrou leucocitose com desvio à esquerda. O paciente tem passado de varicela há 10 dias. A hipótese diagnóstica mais provável seria:
a) b) c) d)
artrite séptica artrite reativa artrite reumatoide doença reumática Tenho domínio do assunto Refazer essa questão Reler o comentário Encontrei dificuldade para responder
2012 UFF CLÍNICA CIRÚRGICA 5. O micro-organismo que com mais frequência causa a osteomielite aguda hematogênica é conhecido como: a) Streptococcus pneumoniae b) Proteus mirabilis c) Pseudomonas aeruginosa d) Staphylococcus aureus e) Escherichia coli Tenho domínio do assunto Refazer essa questão Reler o comentário Encontrei dificuldade para responder
2012 UFPE 6. O sistema esquelético alberga até 35% dos casos de tuberculose extrapulmonar. Qual é o sítio esquelético onde mais frequentemente ocorre tuberculose? a) joelho b) coluna vertebral c) osso ilíaco d) omoplata Tenho domínio do assunto Refazer essa questão Reler o comentário Encontrei dificuldade para responder
2011 UFG 7. Na osteomielite hematogênica aguda dos ossos longos em crianças, o tratamento de escolha é o seguinte: a) anti-inflamatórios não esteroides e aguardar ambulatorialmente o resultado dos exames b) ressonância magnética da região, administrar antibióticos via oral, ambulatorialmente, e observar a evolução c) internação hospitalar imediata, tratamento cirúrgico e antibioticoterapia venosa d) medicação oral e permissão de carga precoce no membro afetado para evitar fraturas patológicas Tenho domínio do assunto Refazer essa questão Reler o comentário Encontrei dificuldade para responder
2011 CERMAM 8. Qual é o agente etiológico encontrado na infecção por osteomielite na faixa etária de zero a 28 dias de vida? a) Pseudomonas b) Klebsiella c) Staphylococcus aureus d) adenovírus e) Chlamydia Tenho domínio do assunto Refazer essa questão Reler o comentário Encontrei dificuldade para responder
127
QUESTÕES
Terminologia ortopédica
COMENTÁRIOS
ORTOPEDIA COMENTÁRIOS
Questão 1. Artrodese é a fusão de uma articulação promovida pelo cirurgião. Fratura é a perda da solução de continuidade de um osso. Entorse é um movimento torcional de uma articulação em que ocorre uma distensão ligamentar. Pseudoartrose é a ausência de consolidação de uma fratura, que promove um movimento anormal numa região do osso em que não deveria ocorrer, uma falsa articulação. Gabarito = D
Infecção osteoarticular Questão 2. A cintilografia óssea isotópica é o exame mais útil para diagnosticar osteomielite aguda, uma vez que, na fase aguda, a radiografia simples pode ser negativa. Mas a cintilografia com tecnécio-99m somente mostra captação aumentada em áreas de maior fluxo sanguíneo ou atividade osteoblástica. A tomografia computadorizada fornece excelente definição do osso cortical e avaliação razoável de tecidos moles adjacentes, além de ser especialmente útil na identificação de sequestros (osteomielite crônica). A ressonância nuclear magnética é mais útil para avaliação de partes moles do que a tomografia computadorizada, além de mostrar bem áreas de edema ósseo. Gabarito = C Questão 3. A sinovite transitória caracteriza-se por quadro agudo de dor, afetando um dos quadris de uma criança sadia. Os sintomas duram por tempo curto, e a recuperação completa ocorre em todos os casos. A dor surge subitamente no quadril de uma criança saudável, com limitação funcional do membro e claudicação, os sintomas duram de 1 a 10 dias, a evolução é benigna, sem deixar sequelas anatômicas e funcionais, e os achados laboratoriais e de imagem são normais. A osteomielite altera o estado geral, pode apresentar febre e os exames laboratoriais estão alterados. O tumor ósseo pode apresentar alteração de exames laboratoriais e no exame de imagem. A febre reumática tem dores articulares difusas e alteração no exame laboratorial. Gabarito = B Questão 4. O quadro clínico agudo evoluindo com febre e queda do estado geral é característico de infecção. Limitação da mobilidade e dor intensa na articulação do quadril ocorrem por distensão da cápsula articular por secreção purulenta. A artrite reativa ocorre após um quadro infeccioso, geralmente das vias aéreas superiores, nos dias anteriores à dor e claudicação no membro inferior, mas não causa fe-
bre ou queda do estado geral. As doenças reumatoides não causam febre e se caracterizam por acometimento em mais de 1 articulação. A poliartralgia geralmente é migratória. Gabarito = A Questão 5. A osteomielite aguda hematogênica apresenta 2 picos de incidência, 1 por volta dos 2 anos e outro dos 7 aos 9 anos, 3H:1M, e acomete preferencialmente as metáfises de ossos longos (geralmente distal no fêmur e proximal na tíbia), devido à maior vascularização da região. Sintomas incluem febre >37,5°C, dor e edema local, além de recusa da criança em usar o membro. É visível ao raio x apenas de 10 a 21 dias após o início da doença (importante para excluir outras causas), sendo nesse caso a cintilografia ou RM mais indicados para confirmar o diagnóstico. Cursa com achados inespecíficos como leucocitose, aumento de VHS e PCR (este mais sensível), importantes para acompanhar o tratamento e a cura. A hemocultura é positiva em 30 a 50% dos casos, e a cultura do material aspirado, em 50 a 80% dos casos. Atualmente, o agente mais comum é o Staphylococcus aureus em todas as faixas etárias, após a imunização contra Haemophilus influenzae do tipo B ser introduzida no calendário vacinal. Analisando as alternativas: - Alternativa “a”: incorreta. Streptococcus pneumoniae e Streptococcus do grupo B são encontrados em 3% dos casos, especialmente importantes em neonatos; - Alternativa “b”: incorreta. Raro; - Alternativa “c”: incorreta. Raro; - Alternativa “d”: correta. Ocorre em 85% dos casos; - Alternativa “e”: incorreta. Raro. Gabarito = D Questão 6. O local mais comum de acometimento esquelético na tuberculose é a coluna, principalmente na região toracolombar. É conhecido como mal de Pott. Gabarito = B Questão 7. Quando há um quadro de osteomielite hematogênica aguda, não há espaço para tratamento conservador ou expectante. Há a necessidade de uma intervenção urgente. Alternativas com antibióticos de administração oral e tratamento ambulatorial estão completamente contraindicados. Internação imediata, tratamento cirúrgico e antibioticoterapia intravenosa são imperativos. Gabarito = C Questão 8. O Staphylococcus aureus é o agente etiológico mais comum na osteomielite aguda em qualquer faixa etária (85% dos casos), inclusive ente zero e 28 dias de vida. Podem-se verificar ainda estreptococos (grupo B), colibacilos, hemófilos, pneumococos, gonococos, salmonela, pseu-
159
COMENTÁRIOS
Terminologia ortopédica