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a educação é a base, forMar é fundaMental

Murade Murargy Ex-Secretário Executivo da CPLP

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murade murargy será, por-

ventura, o diplomata com mais tempo de carreira na história de Moçambique. Mas, apesar de ter andado pelo mundo ao longo das últimas quatro décadas, foi sempre alguém atento às grandes questões nacionais e ao desenvolvimento económico do país. À E&M, ele fala do que viu antes de partir e do que antevê, agora mais de perto, para o futuro do país nas vuas diversas dimensões, da sociedade à economia.

Como olha para a sua extensa carreira diplomática?

Comecei em 1976, como assessor jurídico do Presidente Chissano, então ministro dos Negócios Estrangeiros. Passados dez anos fui colocado em França como embaixador, onde estive 11 anos. Desenvolvi com os franceses uma intensa cooperação económica, e nessa altura muitas empresas francesas vieram para Moçambique. Elegi sempre na minha carreira diplomática a área da diplomacia económica, por considerar que estava aí, grande parte do futuro.

Que marca gostaria de ter deixado na CPLP?

Quando o Presidente Guebuza me chamou para a CPLP, primeiro em 2012 e depois em 2014, apanhei um susto pela dimensão do desafio. Mas percebi que havia ali um grande potencial e que não podíamos perder a oportunidade que se nos abria. Tentei sempre incitar os estados membros a encetarem um novo caminho. Na cimeira de Timor foi decidido que deveríamos recriar a CPLP para os próximos 20 anos. Terminei o meu mandato em 2016 com a aprovação de uma nova estratégica que aponta para os caminhos essenciais dessa transformação na saúde, educação, agricultura e cooperação económica e empresarial.

Como vê agora o país?

Moçambique tem um grande potencial. Numa visão macro, vemos que há muito que já está a acontecer. Não nos podemos esquecer que o mundo mudou e as grandes transformações também afectaram a nossa sociedade. Somos um país em desenvolvimento com carência de recursos, não apenas humanos mas, também financeiros e tecnológicos.

O que é que para si fundamental implementar desde já? O desenvolvimento de um país depende de todos, porque os desafios que se colocam a cada um de nós são enormes. Se continuarmos a não apostar nas pessoas como motor de desen-

cv

curriculim vitae

Nasceu em gaza, em Maio de 1946. Licenciado em Direito pela faculdade de Direito de Lisboa e com especialização em relações internacionais. tem uma carreira de 40 anos de percurso diplomático que atingiram o seu topo, quando foi nomeado secretário-executivo da CPLP, em 2012.

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volvimento, naquelas que são capazes de transformar a natureza e os recursos que têm, em beneficio do país, ficaremos eternamente na dependência. A educação é a base e formar é fundamental. Temos de identificar os melhores quadros e enviá-los para as grandes universidades e depois saber integrá-los no nosso tecido socio-económico.

Quais são o sectores mais importantes para esse tal desenvolvimento que vem preconizando nas suas várias intervenções?

O principal é a agricultura. É fundamental mesmo. O turismo também. Antigamente dizíamos que o turismo é o nosso petróleo. Hoje, acrescentaria a logística, porque somos o país do qual todos os países do hinterland dependem mas, para isso é preciso que estes serviços sejam eficientes, porque se não forem, procuram-se alternativas. Estamos numa economia de competição, se oferecemos qualidade e celeridade, todos vêm para cá.

Como idealiza o Moçambique das próximas décadas?

Para termos melhores condições para todos, é preciso dar passos de gigante. Primeiro, temos que pensar na necessidade de nos entendermos, e ter a noção de que todos os moçambicanos têm de pensar primeiro no país. Temos de travar a saída das populações para as cidades, mas para que permaneçam nos campos é preciso dar-lhes condições. Para que tenham escola, saúde e também saneamento básico, isto porque o desenvolvimento está no campo e não na cidade.

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MoçaMbicano pelo Mundo Quase dois anos depois de ter deixado a liderança da CPLP, Murade Murargy, o mais antigo diplomata moçambicano, perfilha de uma visão global do país. Para o presente e para o futuro

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