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NAÇÃO SAÚDE E BEM-ESTAR

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OPINIÃO

OPINIÃO

Guia de Fitness & Welness Trabalhar o Corpo (e a Mente) em Maputo

Mesmo em altura de férias, só fica parado quem quiser na capital de Moçambique, que oferece uma imensa variedade de actividades, do running pela Avenida Marginal à prática do Kitesurf, jogando capoeira ou acelerando nos karts. Maputo tem (cada vez mais) opções para todos os gostos e perfis e as possibilidades não param de crescer

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São inúmeros os motivos

pelos quais as pessoas devem praticar pelo menos 30 minutos de actividade física por dia, em intensidade moderada, de acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS).

Muito além de questões estéticas, a prática regular traz consideráveis melhorias para a redução das chances de desenvolver diabetes tipo 2, mortalidade por doenças cardiovasculares e hipertensão. Somado a isso, ainda melhora o sono e aumenta a longevidade.

Maputo, uma cidade plural, oferece muitas opções para aqueles que querem mexer o corpo. Seja fazer uma caminhada, frequentar um ginásio ou realizar a prática de alguma modalidade desportiva, a cidade disponibiliza diversas possibilidades para todas as idades, níveis e perfis.

No entanto, mesmo com tantas alternativas, nem sempre é fácil obter as informações necessárias para iniciar as práticas desportivas. A famosa propaganda boca-a-boca ainda é a maneira como muitos estabelecimentos disponibilizam informações sobre as suas actividades. O que, por um lado, pode ser muito positivo, pois significa que quem indica recomenda realmente o estabelecimento ou o professor. Mas pode ser um problema para a quantidade de pessoas que está sempre a chegar à cidade, para as novas modalidades que surgem de tempos a tempos ou até para aqueles que querem ter a possibilidade de conhecer e experimentar outras actividades, pois nem sempre é fácil ter acesso às informações – nós tivemos também algumas dificuldades em contactar as organizações.

Porém, insistimos, descobrimos e mapeámos uma gama de alternativas para quem quer começar a movimentar-se. Desde as mais tradicionais, como os ginásios e caminhadas, até práticas diferentes como o Kite, o Qigong e Tai Chi Chuan, além de novidades como o caso do Padel, que é já um sucesso noutras regiões do mundo e chega em tempo de Verão a Moçambique.

Dito isto, apresentamos a seguir um guia com as principais informações e convidamos todos os leitores a iniciarem uma destas actividades para a saúde física e mental.

Indoor Como, Onde e o Que se Pode Praticar Desportos Indoor?

Ginásios são, quase sem-

pre, as primeiras opções que as pessoas pensam quando se fala de actividade física. Além de práticos, a opção também é cómoda por disponibilizar, num mesmo espaço, a oportunidade de os praticantes fazerem musculação, aeróbica e, para aqueles que querem algo diferente, aulas de dança, treinos mais funcionais e spinning, por exemplo.

No entanto, uma das modalidades cujo número de praticantes tem aumentado em todo o mundo, mas também em Maputo, é o Crossfit. Consiste num treino de alta intensidade que mistura levantamento de pesos com actividades aeróbicas e, de acordo com os criadores do sistema, é feito para qualquer tipo de pessoa, desde as que não praticam actividades físicas até atletas de alto rendimento.

No mundo, existem mais de 13 mil academias registadas pela CrossFit Inc. Em Maputo, a modalidade é ainda relativamente nova, com o primeiro box (nome que se dá aos espaços da modalidade) criado em 2017. Actualmente, existem mais de cinco locais para a prática.

De acordo com Patrícia Jeichande, do CrossFit Aluta Continua, localizado no Glória Mall, “a modalidade é para todas as pessoas que estão à procura de saúde física e mental. Com vários escalões e níveis, cabe ao instrutor acertar o treino perante o nível e aptidão física da pessoa”. No Box Aluta Continua, para começar a prática, a pessoa interessada deve passar pelo que os instrutores chamam de foundations, ou seja, um período de testes para realizar a avaliação e entender qual o nível da pessoa, e se existe alguma condição médica ou lesão específica que deva ser levada em consideração. “Antes de começar o programa intenso, são necessárias cerca de seis aulas para conseguirmos verificar o nível da pessoa e direccionar melhor as classes”, explica Patrícia Jeichande. O box oferece dez aulas diárias com turmas para adultos, crianças (dos 4 aos 13 anos) e adolescentes (dos 14 aos 20 anos), além do levantamento de peso, que é um desporto olímpico.

Para os interessados neste último, Patrícia explica que o processo “começa aos poucos, sem peso específico, pois mais importante que a força é a execução correcta dos movimentos. É preciso aprender a proteger a coluna e os ligamentos antes de colocar as cargas”. Os boxes são totalmente preparados e desenhados para o treino da modalidade. No Aluta Continua, as turmas podem ter um máximo de 24 alunos para que os instrutores possam acompanhar de perto a execução dos movimentos.

Os valores no Aluta Continua começam em 7500 meticais com direito a 12 aulas mensais, que, de acordo com a sua responsável, “garantem o acesso ao levantamento físico, às aulas de condicionamento físico ou METCON (sigla para desenvolvimento metabólico), às aulas de CrossFit e ao acompanhamento de corrida uma vez por semana, com programas de curto, médio ou longos trajectos. O box oferece ainda aulas de boxe duas vezes por dia para quem estiver interessado”.

Além disso, o espaço realiza seminários em parceria com os instrutores e participantes de jogos de CrossFit internacionais, para ensinar novas técnicas e aprender mais sobre a modalidade e levantamento de pesos. Os eventos são abertos a toda a comunidade da cidade. GINÁSIOS CROSSFIT ALUTA CONTINUA

Local: Glória Mall – Avenida da Marginal, 4441, 18. Horários: 5h às 21h Aulas: CrossFit, levantamento de pesos, boxe, corrida, METCON. Preços: A partir de 7500 Mt Informações: contactar pelos número +258 84 065 9581 ou pelo instagram @ cf.alutacontinua

Local: Rua Justino Chemane, 29. Sommerschield 2. Horários: 6h às 20h Aulas: CrossFit Preços: A partir de 4000 Mt Informações: ir até o ginásio e fazer uma aula experimental. Instagram @ crossfit_indico ou telefone 845463606

Local: Av. Belmiro Obadias Muianga, Horários: segunda a sexta das 5h às 21h, sábados das 6h às 17h e domingos das 7h às13h. Aulas: Musculação, área de alongamento e cardio. Aulas de Spinning, Zumba, Pilates, Tabata, HIIT, Step & Tone, Strong, Yoga e Crossfit. Preços: A partir de 2800 Mt Informações: info@365fitness.co.mz

Local: na Rua Dom Sebastião, 99. Horários: 6h às 21h Aulas: Musculação e treino com PT. e aulas de Spinning, Pilates, Yoga, Circuit Training, Funcional Training, Zumba, Capoeira, Ballet, entre outros. Preços: Desde 2000 Mt. Informações: João Vaz +258 846286405

Local: Rua Kibiriti Diwane, 116 Horários: segunda a sexta das 5h às 21h, sábados das 6h às 17h e domingos das 7h às13h. Aulas: Exercícios e treinos personalizados, com a clínica de reabilitação e exercício com fisiatria, fisioterapia, nutrição, psicologia, coaching, massa-

GINÁSIO CROSSFIT ÍNDICO

GINÁSIO 365 FITNESS

GINÁSIO MONTEBELLO INDY

PERSONAL TRAINERS BEWELL – CLÍNICA DE REABILITAÇÃO E EXERCÍCIO

gens e pilates. Preços: Desde 10 000 Mt até 18 000 Mt. Informações: João Vaz +258 846286405

MENDES STUDIO

Local: Rua Mateus Sansão Muthemba, Comité Olímpico de Moçambique Horários: 5h às 20h30 Aulas: Objectivos basilares com todos os alunos, estabilidade articular e agilidade. Preços: Sob consulta. Informações: @mendes_studio_mz ou 847799497

GINÁSIO CLUBE NAVAL

Local: Clube Naval - Avenida da Marginal, 1866 Horários: Segunda a sexta das 6h às 21h, sábados das 7h às 17h e domingos das 7h às13h. Aulas: Musculação, aulas de Spinning, TRX e Pilates da MyBike A partir de 16 de Janeiro.

MAISHA SPA - POLANA SERENA HOTEL

Local: Polana Serena Hotel Horários: 6h às 21h Aulas: Musculação, Yoga, Pilates, Kickboxing e Personal. Preços: A partir de 15000 Mt Informações: 21 241 700

PHYSICAL COM POWER

Local: Avenida da Marginal, ao lado do Marítimo. Horários: Segunda a sexta das 5h às 21h, sábados das 7h às 16h e domingos das 7h30 às13h30. Informações: 84 314 9930

VOLT Electric Training Fitness. O que é?

Aelectroestimulação

muscular é um método que promove a contracção muscular recorrendo a impulsos eléctricos de baixa frequência, o que permite a contracção de 350 músculos em simultâneo. Ao treinar 20 minutos duas vezes por semana é possível alcançar resultados superiores a qualquer treino convencional com a mesma duração. Local: Shopping Gloria Mall, piso 1, loja 52, Avenida da Marginal, 4441 Horários: segunda a sexta das 5h às 21h e sábados das 8h às 14h Aulas: Treinos de electroestimulação muscular de 20 minutos Preços: Desde 1500 Mt até 2000 Mt por sessão Quem pode participar? Pessoas a partir dos 16 anos. Interdito a mulheres grávidas, pessoas que tenham pacemaker, cancro e epilepsia. Informações: 852477764 ou 833205497

Outdoor As Opções Desportivas e de Actividade Física Outdoor

Para quem prefere fazer actividades ao ar livre,

Maputo conta com diversos espaços para estas práticas, seja à beira-mar, na Avenida Marginal ou nas praças. São muitas as localidades para se praticar desporto outdoor. Quem gostar de correr, caminhar ou pedalar, a Avenida da Marginal, a rua Barnabé Thawe, a Julius Nyerere e a Avenida 10 de Novembro são óptimas opções.

Além destas modalidades, é sempre possível ver pessoas a praticarem outras actividades em praças e espaços da cidade. Nestas localidades, uma das situações mais comuns de serem vistas é a capoeira, uma arte marcial afro-brasileira, que utiliza movimentos de artes marciais em conjunto com a música e danças para realizar o que alguns mestres chamam de jogo, e outros chamam de luta.

O grupo Ginga de Maputo lecciona aulas principalmente na Faculdade de Educação Física e Desporto, mas também noutras localidades para crianças e adultos que queiram aprender a modalidade.

“O grupo foi fundado em Março de 1999, por Célia Marina Matue, moçambicana que trouxe a modalidade para a cidade. Actualmente, o grupo conta com cerca de 30 a 40 praticantes no espaço da Faculdade, mas também noutros lugares da cidade e região, como o Clube Desportivo da Matola, para adultos, sendo que trabalhamos também com crianças em colégios, creches e projectos sociais”, conta Ivan, um dos mestres do grupo. Um dos principais fundamentos da capoeira – que pode ser diferente de acordo com cada grupo – é o berimbau que comanda o jogo.

E, antes de tocar ou de iniciar um jogo, é preciso pedir autorização para o instrumento, que pode estar acompanhado de outros instrumentos de percussão, ditando o ritmo do jogo.

A capoeira, de acordo com Ivan, “no Ginga de Maputo, tem de ter, pelo menos, oito pessoas para iniciar uma roda de capoeira, pois começamos com três berimbaus, um atabaque, um agogô e um reco- reco e precisamos das pessoas que vão para o jogo.

Os primeiros jogadores ficam ao lado dos tocadores, agachados, a aguardar que o berimbau dê permissão para que iniciem o jogo de perguntas e respostas. Têm de estar com aptidão física e preparados para a luta”. Os movimentos são similares aos das artes marciais, mas misturam-se com a dança e seguem o ritmo da música.

Para quem estiver interessado nas práticas, o Grupo Ginga tem grupos e aulas a partir dos 3 anos de idade, em diferentes locais da cidade, com mensalidades que começam nos 1000 Mt para adultos, e 2500 Mt para crianças.

As práticas acontecem na Faculdade de Educação Física e Desporto, mas também na praia, praças e jardins da cidade e no Ginásio Olympia no prédio da antiga revista Tempo, além dos projectos e acções realizados em escolas, creches e empresas. GRUPO GINGA DE MAPUTO

Local: Av. Eduardo Mondlane, 955, esquina com a Av. Salvador Allende Horários: Quartas e sextas, entre as 18h e as 20h. A partir dos 16 anos

UNIVERSIDADE POLITÉCNICA

Local: Av. Amilcar Cabral, esquina com a Av. Emília Daússe Horários: Segunda: 18h às 20h. Valores: matrícula 500 Mt, mensalidade 1000 Mt Informações: https://gingademaputo. com/ ou Instagram @gingademaputo Adolescentes dos 3 aos 15 anos

GINÁSIO OLYMPIA

Local: Av. Ahmed Sekou Toure, 1126 Horários: segundas e quartas: 15h às 16h / sábados das 10h às 11h30. Preços: mensalidade 2500 Mt Informações: ginásio Olympia

KYMANU KITE & SURF

Informações: https://www.kymanisurf. com/ ou pelo Instagram: @kymani.kite. surf. Preços: Viagens a partir de 1080 USD dia. Clinics a partir de 25 USD por hora para aulas semi-particulares (duas a três pessoas) até 210 USD para 6h de aulas particulares. Onde praticar: Ponto A, em frente ao Taverna da Marginal, e Ponto B, em frente ao Shopping Marés.

VELA - CLUBE NAVAL DE MAPUTO

Local: Clube Naval – Avenida da Marginal, 1866 Horários: marcação, depende das condições climáticas Aulas: a partir de 7 anos de idade Preços: desde 6000 Mt para crianças e 5000 Mt para adultos, para aulas em grupo. Aulas particulares com um pacote de 22 500Mt para 24 horas de aula Informações: Eurêncio +258 84 768 1243

CLUBE MARÍTIMO DE DESPORTOS

Local: Avenida da Marginal Horários: das 8h às 21h Aulas: Vela, Surfski e Canoagem Preços: A consultar no clube Informações: 21 491 373

No Mar As Atracções do Mar… no Verão

Cercada pelo oceano ín-

dico, a cidade de Maputo também possibilita que as pessoas pratiquem desportos marítimos. Durante o ano inteiro, é possível realizar práticas de diferentes modalidades. Com a chegada do Verão, os bons ventos voltam para aqueles que gostam de praticar o Kitesurfing, modalidade que utiliza a força do vento para dar força ao kite ou, numa tradução simples, a ‘pipa’, que puxa as pessoas que utilizam pranchas para surfar.

Diferente do que muitos pensam, a força para praticar Kitesurf não está nos braços, mas sim no core, abdómen, lombar, quadril e pernas. De acordo com Ebony Neil e Luís Antunes, dois dos sócios da Kymany Kite & Surf, “para começar, é preciso fazer as classes, principalmente para entender sobre os elementos de segurança, que são os mais importantes quando se pratica o Kitesurf.

Existem alguns elementos que devem ser aprendidos antes de entrar na água, pois a pessoa pode se encontrar em algumas situações, como ventos fortes ou outras pessoas a praticarem no mesmo espaço que podem te colocar em certas situações que você precisa saber como navegar e se manter seguro”.

“As primeiras aulas são para aprender como o kite funciona e são realizadas ainda na areia, para entender como controlar o kite e sentir a força do vento para, então, colocar uma prancha nos pés e ir para a água”, explica Ebony. Esta fase compreende cerca de 10 horas de aulas, “a pessoa deve aprender a mover o kite e fluir suavemente para que o corpo e o cérebro tenham tempo de processar os movimentos”, completa Luiz. Mesmo após fazer as aulas, recomenda-se que, nas primeiras práticas no mar, se vá sempre acompanhado, “para ter alguém mais experiente e que possa dar dicas, além de ajudar a garantir a sua segurança”. Moçambique, na visão dos sócios, é um óptimo sítio para se aprender a prática desta modalidade, sendo que existem dois pontos fundamentais: um mais direccionado para a etapa das aulas iniciais, em frente ao Marés Shopping, e outro para quem já tem mais conhecimento e quer divertir-se, mas quer também praticar e ganhar mais confiança, em frente ao Taverna da Marginal. A cidade conta ainda com a Associação de Kitesurf de Moçambique (MOKA), que tem pontos de apoio nestas duas localidades. “Para participar na associação, é preciso pagar um fee mensal cujo propósito é empregar jovens moçambicanos, que ficam nestas bases para ajudar os praticantes da modalidade e a manter as praias limpas. Além de auxiliarem as pessoas com a montagem do kite, os jovens acabam também por aprender e praticar a modalidade”, explica Luís.

A Kymany Kite & Surf tem três áreas principais para aqueles que querem praticar Kite. “Somos relativamente novos, mas oferecemos o que chamamos de Kite Clinics, ensinamos as lições teóricas durante um fim-de-semana inteiro, como um curso introdutório. A nossa segunda área são as chamadas Kite Trips em todo o País e não apenas em Maputo. Tanto principiantes quanto os mais experientes podem juntar-se às viagens. E a terceira área, que ainda não está a funcionar, é o Kitesurf para crianças – kite a partir dos 11 anos, e surf a partir dos 4”, detalha Ebony.

As viagens organizadas pela Kymany são para grupos pequenos, entre cinco e dez pessoas, e tem um custo diário de 180 USD, com todos os custos incluídos (acomodação, transporte, alimentação e suporte), e com a possibilidade de alugar os equipamentos para a prática do kite.

“As viagens acontecem de acordo com as condições climáticas, principalmente a questão do vento. Para quem mora em Maputo é mais fácil, pois podemos organizar para fazer as viagens de um dia ou um de um fim-de-semana” , finaliza Ebony.

Wellness Aprimorar Hábitos Saudáveis, Constantemente!

Cada vez mais em na or-

dem do dia, principalmente após a pandemia, a saúde mental ganhou grande destaque e relevância, tanto que a OMS incluiu o burnout – síndrome do esgotamento profissional, ou seja, a exaustão física e mental provocada pelo trabalho – na lista de doenças ocupacionais.

E um grande aliado para a saúde mental é a prática regular de exercício físico, que nem precisa ter grande impacto ou visar a alta performance.

Modalidades que podem até não ser consideradas como desportos, mas que buscam trabalhar também a respiração, a consciência na execução dos movimentos e o “estar presente” são grandes aliados de quem procura algo além do físico. Práticas como Yoga e Pilates são exemplos que estão a ganhar destaque ano após ano.

Em Maputo, o Mindful Wellness Center, um espaço relativamente novo, inaugurado em Fevereiro de 2022, é um exemplo de centro holístico que tem como objectivo promover e oferecer terapias alternativas como uma outra maneira de as pessoas encontrarem saúde, bem-estar e equilíbrio emocional. O único instrumento que as pessoas devem ter ao frequentar o local é uma mente aberta e ir sem expectativas ou, como bem resume Kátia Ah-Hoy, uma das sócias e instrutora de Pilates do centro, “aquilo que foi, foi. A pessoa pode gostar ou não, vai depender de cada um e do tipo de terapia realizado”.

Entre os tratamentos que o centro disponibiliza estão práticas de Yoga, Pilates, Yoda – uma mistura de yoga com dança –, Tai Chi Chuan, Qigong (ou Chi Kung), além de uma série de terapias que trabalha com os fluxos de energia, como Reiki, Thetahealing, Barra de Access e Hipnoterapia. Existe ainda a terapia tradicional para tratar da saúde emocional, e serviços como massagens, massoterapias e reflexologia para o bem-estar.

O Qigong terapêutico é um dos ramos da medicina tradicional chinesa. De acordo com a instrutora da prática e a outra sócia do centro, Nereyda Ah-Hoy, “é uma técnica milenar chinesa, com efeitos terapêuticos, que visa trabalhar ou cultivar a energia vital do corpo, ou seja, ao realizarem-se os movimentos a ideia é devolver ao corpo humano o seu movimento e a sua fluidez natural.

Com a vida quotidiana a obrigar as pessoas a ficarem muito tempo sentadas, acabamos por criar bloqueios energéticos, que podem gerar uma série de problemas nas articulações, na circulação sanguínea, nos linfomas e em | outras partes do corpo. E o Qigong trabalha com o sistema nervoso central, tanto físico quanto emocional, sendo por isso uma técnica muito curativa”, complementa Nereyda.

Tanto o Qigong quanto o Tai Chi Chuan têm a mesma base, as artes marciais: enquanto o Qigong actua mais com a energia e a respiração, um trabalho mais interno, o Tai Chi Chuan tem mais movimentos marciais, mas de uma maneira mais lenta, com grande atenção na respiração, concentração e foco.

Esta que vos escreve realizou uma sessão de Barra de Access Consciousness, que pode ser descrita como uma ferramenta de expansão de consciência que acede os 32 pontos energéticos na cabeça correlacionados com diferentes áreas e aspectos das nossas vidas.

Como nunca tinha feito esta terapia, posso dizer que se sente, de facto, a energia a fluir no nosso corpo. Foi uma sessão que me trouxe um relaxamento e uma sensação de paz muito grandes.

Recomendamos a que estejam abertos a experimentarem e façam esta ou outra terapia energética.

MINDFUL WELLNESS CENTER

Local: Rua da Argélia, 197 Horários: 6h às 19h Aulas: Yoda - sábados, das 8h às 9h30 Hatha Yoga - Terça, quinta e sexta, das 6h às 7h Tai Chi Chuan - Segundas, das 6h30 às 7h30 /Sextas - das 17h30 às 18h45 Pilates - Segunda a quinta-feira: 6h, 7h, 8h, 16h, 17h e 18h Qigong Terapêutico - Terças e quintas das 18h às 19h Terapias: ThetaHealing, Reiki, Psicologia, Hipnoterapia, PNL, Meditação, Terapia Meditativa, Barra de Access Consciousness, Leitura Intuitiva, Psicoterapia de casais, Reflexologia Podal e Life Coaching sob marcação. Preços das aulas: De 800 mt a 6500MT, dependendo da quantidade de aulas. Terapias: De 2000 Mt a 5000 Mt, dependendo da terapia escolhida. Informações: Whatsapp +258 853145804 ou pelo website: www.mildfulwc.org ou pelo Instagram @mindful_wellness_center

YOGA - CLAIDA TATIA

Local: Mindful Wellness Center (Rua de Argélia, 197) Horários: Segundas e quartas: 17h às 18h30 Preços: 3850 Mt para oito sessões. Modalidades: Hatha Yoga. Informações: Whatsapp +258 853145804 Quem pode participar: Qualquer pessoa, desde que não tenha recomendação médica contrária.

LISA YVONNES

Local: Mindful Wellness Center (Rua de Argélia, 197); Luxcorpus Health Club and Spa (Edificio JAT Center, 6.5 Rua dos Desportistas, 791); Vanja's Annex Studio (Avenida Kim Il Sung, 974), Horários: terças, quintas e sextas das 6h às 7h, no Mindful Wellness Center; terças e quintas, das 18h45 às 19h45 no Luxcorpus; segundas e quartas das 18h30 às 19h45 no Vanja's Annex Studio Preços: aulas particulares a consultar. Modalidade: Hatha Yoga Informações: Whatsapp +258 877098518 e Instagram @lisavyonneyoga Consultar as opções que os centros e clubes oferecem.

THE FAB LAB BY SIA LEWINSKY

Local: The Fab Lab – Av. Francisco Orlando Magumbwe, 993 ou Kwetu Horários:Segunda das 18h30 às 20h; quartas das 6h30 às 7h45 ou das 18h30 às 19h30; quintas: das 6h30 às 7h45 ou das 17h30 às 18h30; sábados das 9h às 10h Preços: desde 800 Mt. Aluguer de material de yoga por 100 Mt. Aulas particulares por agendamento Modalidades: Vinyasa ou Hatha Yoga. Informações: Whatsapp +258 849366355 Quem pode participar: a partir dos 10 anos

CRISTINA DIONÍSIO YOGA

Local: Yoga Home Studio, na Av. Mao Tse Tung, 591 - 3.º andar. Horários: segundas, quartas e quintas: das 18h30 às 19h45; terças e quintas: das 7h às 8h. Preços: desde 900 Mt até 6600 Mt. Modalidades: Ashtanga e Hatha Yoga. Informações: www.cristinadionisio. yoga/schedule ou através do e-mail hello@cristinadionisio.yoga ou Whatsapp: +258 84 634 68 92 Quem pode participar: pessoas a partir dos 15 anos. Recomenda-se levar tapete de Yoga, mas, caso não tenha, existe no estúdio.

Menu Para os fãs de Modalidades Desportivas

Maputo é realmente um prato cheio com diversas opções desporti-

vas, desde as mais tradicionais, como Futebol, Natação, Basquetebol, até modalidades como o Tai Chi Chuan e Taekwondo.

As práticas desportivas podem ser feitas individualmente ou em grupo, mais voltadas para o alto rendimento ou apenas para se exercitar. Para quem prefere desportos com uma maior adrenalina, o ATCM vai lançar uma academia para as modalidades de modificados, drifting e, mais em breve, para ensinar quando e como usar todas as funcionalidades de veículos 4x4.

BASQUETEBOL | CLUBE DE DESPORTOS DA COSTA DO SOL

Horários: terças e quintas das 7h30 às 9h; segundas, quartas e sextas das 14h30 às 17h Aulas: a partir dos 6 anos para as academias e 10 anos para as equipas de competição Preços: inscrição 2500 Mt; mensalidade 1500 Mt; equipamento 2500 Mt Informações: +258 842069512 ou +258 864429140 - Rui Évora

FUTEBOL | CLUBE DE DESPORTOS DA COSTA DO SOL

Clube de Desportos da Costa do Sol (Av. da Marginal n.º 141) Horários: segundas, quartas e sextas das 17h30 às 19h Aulas: a partir dos 6 anos para as academias e 10 anos para as equipas de competição. Preços: inscrição 3000 Mt, mensalidade 2000 Mt, equipamento 2500 Mt Informações: +258 845119996 - Miguel Guambe GINÁSTICA

Local: Faculdade de Educação Física e Desportos Av. Eduardo Mondlane no 955, esquina com a Av. Salvador Allende

Ginástica Rítmica

Terças e quintas das 17h às 18h, e sábados das 9h às 10h

Ginástica Artística

Terças e quintas das 15h às 16h; segundas, quartas e sextas das 17h30 às 18h30 para alunos dos 5 aos 10 anos e das 17h30 às 19h para alunos dos 11 aos 16 anos

Ginástica Acrobática

Segundas, quartas e sextas das 15h às 16h30

Tumbling Segundas e quartas das 9h10 às 10h10; terças e quintas das 17h às 18h e das 18h às 19h; sábados das 9h às 10h para alunos dos 5 aos 16 anos Valores: Ginástica Rítmica e Tumbling: inscrição 250 Mt / mensalidade: 1750 Mt Ginástica Artística: primeiro mês 2250 Mt, meses subsequentes 2000 Mt Ginástica Acrobática: primeiro mês 2250 Mt, meses subsequentes 2000 Mt Informações: ir à faculdade ou 842973907 (Aristides) GOLFE | CLUBE DE GOLFE DA POLANA

Local: Rua do Rio Inhamiara, 3867 Horários: marcação Aulas: a partir dos 5 anos de idade Preços: aulas - 1000 Mt por hora. Para jogar golfe, 300 Mt para nove buracos, 600 Mt para 18 buracos durante a semana, e 400Mt para nove buracos e 800 Mt para 18 buracos aos fins-de-semana. O custo para alugar o saco de golfe é de 1000 Mt Informações: polanagolfclub60@gmail. com

PADEL

PADEL CLUB | MAPUTO Local: ATCM, Autódromo do ATCM Horários: 6h às 22h. Aulas: Padel, Box Personal Trainer, Golf Driving Range Virtual, Circuito Manutenção. Preços: desde 500 Mt

JUDO | ESCOLA DE JUDÔ EDSON MADEIRA

Local: Clube Naval de Maputo (Avenida da Marginal, 1866); Academia Alfa (Av. Emília Dausse, 402) Horários: Clube Naval de Maputo: 6h às 7h, diariamente para adultos; 8h às 10h, diariamente, iniciados e federados; 15h30 às 16h30, diariamente, entre os 4 e os 6 anos; 16h30 às 17h30, diariamente, entre os 7 e os 9 anos; 17h30 às 18h30, diariamente, entre os 10 e os 14 anos; 18h30 às 20h, diariamente, a partir dos 15 anos.

Horário: Terças, quintas e sextas, das 16h às 18h | Preços: Clube Naval: inscrição desde 400 Mt. Renovação desde 300 Mt. Mensalidade desde 2000 Mt para três vezes por semana. | Academia alfa: Inscrição 300 Mt e mensalidade 1500 Mt Informações: www.edsonmadeira.org ou Instagram @escoladejudoedsonmadeira ou Facebook Escola de Judo Edson Madeira

TÉNIS | CLUBE DE TÉNIS DE MAPUTO

Local: Parque Tunduru, entrada pela Rua da Rádio Horários: das 6h às 22h. Aulas: a partir dos 4 anos, todas as terças e quintas das 15h às 19h ou com professores particulares em horários a serem combinados com os mesmos e com o clube. Preços: 3500 Mt duas vezes por semana. Aluguer do campo com antecedência por 550Mt/hora durante o dia, com taxa de iluminação de 200Mt/hora à noite. Informações: 845593569 ou 21427027 PAINTBALL PAINTBALL ARMY MOZ

Local: Tricamo Village Txumene – Av. Samora Machel, 1. P-3380/A. Estrada Nacional n.º4 Horários: das 9h às 17h – fazer reserva prévia. Preços: desde 600 Mt até 1400 Mt com direito a balas e equipamento. Informações: 844608664 ou Instagram @paintballarmymoz A partir dos 13 anos, não têm aulas, é apenas uma modalidade desportiva de recreação.

NATAÇÃO

Clube Naval de Maputo Local: Clube Naval – Avenida da Marginal, 1866 | Horários: das 5h30 às 11h45 e das 13h às 19h15 Aulas: Natação em grupo, particular e alta competição Preços: taxa de inscrição 1000 Mt, seguro 1000 Mt, mensalidades desde 1300 Mt até 16 000 Mt, dependendo da quantidade de aulas por semana. Informações: clubenaval@clubenaval. co.mz ou 843034887 TAEWKONDO

Taekwondo Baek Jul Bool Gool Local: Igreja Católica do bairro de Bagamoyo | Horários: segundas, quartas e sextas das 17h às 19h, e sábados das 9h às 11h. | Preços: Inscrição 500 Mt e mensalidade 700 Mt | Informações: 840691660 ou 861579266 ou pelo e-mail adilsonjossias@gmail.com ou Facebook Academia Taekwondo Baek jul Bool Gool

ACADEMIA ALFA

MAPUTO TENNIS ACADEMY

Local: Maputo e Matola, diferentes localidades Horários: das 6h às 21h Aulas: de Ténis e Cardio Ténis para crianças e adolescentes entre os 4 e os 19 anos, adultos entre os 29 e 65 anos Preços: desde 4000 Mt por mês Informações: 856468404 ou 863187322 (Whatsapp) e Instagram @maputo. tennis.academy

On Court Padel, a Grande Novidade da Capital

As novidades não pa-

ram na cidade e em finais do ano passado foram abertos mais dois espaços para realizar actividades físicas. A atrair cada dia mais praticantes da modalidade na Europa e ao das Américas, o Padel, um desporto praticado com raquetes maciças, ou seja sem rede, jogado em duplas e que combina elementos do ténis, squash e badminton, já chegou em grande estilo em Maputo.

O Padel Club Maputo conta com quatro campos para praticar em grupo, além de estar disponível o serviço de aulas personalizadas com professores formados internacionalmente. Tem também um box de personal trainer, podendo ser usado com professor disponível no local ou trazendo o seu PT próprio (alugando só o espaço à hora).

Tem também um Golf Driving Range para praticar o swing, sendo possível alugar com ou sem instrutor. Para além das actividades desportivas, conta com um bar de apoio à infra-estrutura desportiva, parque infantil, espaço para actividades ao ar livre como yoga ou outras aulas, alugável tanto para actividades pessoais como corporativas.

O espaço funciona das 6h às 22h todos os dias, com aulas entre as 9h e as 17h. O clube tem o serviço de venda ou aluguer de material e todo o sistema de reserva das infra-estruturas (dos vários desportos) é feito por meio da plataforma online. O Maputo Padel Club está localizado junto ao Autódromo de Maputo (ATCM), na Avenida da Marginal, atrás do Baía Mall.

Além do Padel, e sendo a coordenação da parte desportiva do Montebelo Indy Maputo feita pelo personal trainer e empreendedor João Vaz, existem mais atracções.

O My Bike, academia de spinning daquele empreendedor, ganhou mais um endereço e vai ocupar o segundo andar da área desportiva do hotel, com um espaço maior, onde estarão 30 bikes disponíveis para a aula.

João Vaz está ainda a investir em melhorias na área do ginásio e na sala para a prática de aulas como Yoga, Pilates, Circuit Training, Zumba, Capoeira e Ballet, além de novas modalidades para o mercado que são surpresa.

O Montebelo conta também com três quadras de ténis e uma piscina, que podem ser utilizadas para aulas, bem comco com facilidades como um salão de beleza, SPA, área para crianças, estacionamento grátis e um restaurante com cozinha local. O espaço funciona desde Novembro, entre as 6h e as 21h, e está localizado dentro do hotel, na Rua Dom Sebastião, 99.

On Track Karting Para Acelerar os Mais Novos

Maputo tem modalidades despor-

tivas para todas as idades, como já demonstrado, muitas das delas disponíveis para crianças a partir dos 4 ou 5 anos. Se o leitor for alguém que prefere mais adrenalina e quiser partilhar este sentimento com a sua criança, o Karting pode ser muito interessante.

Parte do Automóvel e Touring Clube de Moçambique (ATCM), a Academia de Karting Cristiano Morgado (o piloto de karts moçambicano cinco vezes campeão mundial da modalidade) oferece aulas para miúdos a partir dos 5 anos de idade. O espaço fornece todos os equipamentos necessários para quem quer aprender a modalidade, ou seja, os próprios karts e todos os equipamentos de segurança – macacão, balaclava, capacete, luvas, entre outros.

Segundo Rodrigo Rocha, presidente do ATCM e também vice-presidente da Federação Internacional do Automóvel (FIA) para África, “qualquer pessoa com 5 anos que queira iniciar o karting a nível internacional pode formar-se e criar as sinergias necessárias para começar uma carreira neste desporto.

O ponto positivo é que o karting forma pessoas para além daquilo que estamos à espera, pois manter-se saudável, com a sua integridade física, requer muito mais atenção que outras modalidades”, explica Rodrigo. “Felizmente, hoje em dia todas as regras do Karting tornam a modalidade, apesar de requerer alguns cuidados, menos perigosa que outros desportos. E isso mostra-se por números”, afirma Rodrigo Rocha. A Academia acontece algumas vezes por ano e tem uma média de dez pessoas por turma, “e o mais interessante é que a maioria são meninas”, comenta o resposnável. Apesar de ter uma idade mínima, não há um limite. Porém, a preferência é pelos miúdos. O curso é dividido em quatro etapas, um dia para cada, sendo que todos possuem dois momentos: um teórico e um prático. No primeiro dia de aulas, os pais são convidados a participarem para entenderem como funciona. No entanto, as aulas subsequentes são apenas para os filhos.

O ATCM realiza um campeonato de Karting anualmente, com cinco ou seis provas, realizando também algumas provas isoladas. Como vice-presidente da FIA para a África, Rodrigo Rocha está também a organizar o primeiro Campeonato Africano de Karting. Nas primeiras edições vai ser apenas uma prova. “Vai ser Cup, no sistema de arrive and drive, o piloto paga a inscrição, chega, tem já o carro e equipa, e compete”.

Como próximos passos, o responsável conta que os melhores pilotos entre os 8 e os 12 anos formados pela Academia “serão seleccionados, e vamos começar a alocar karts próprios, de alto rendimento, para serem utilizados por estes pilotos nas provas seguintes, numa corrida dedicada a essas pessoas. Temos, ao todo, cinco karts, por isso será este o número de seleccionados”. Caso o miúdo queira seguir na carreira, mas não seja seleccionado, deverá comprar o seu próprio carro para competições. A Academia tem um valor de 12 000Mt, sendo que, neste momento, o ATCM não está a fazer aluguer de karts para divertimento ou treinos. Porém, existe um plano para que isto passe a acontecer em 2023, até com as melhorias que estão a ser realizadas na pista, como a iluminação para utilização também no período da noite. O ATCM tem também três campeonatos por ano de e-sports, com uma classificação geral com o campeão absoluto.

Conta ainda conta com dois simuladores, havendo planos para a inauguração de um autódromo digital, com dez simuladores, todos ligados entre si e que competem uns contra os outros numa prova. A ideia é que comece a funcionar ainda este ano, e a prioridade é a competição, mas Rodrigo Rocha não descarta a possibilidade de abrir para fins recreativos.

Local: ATCM, na Avenida da Marginal. Horários: Quatro lições aos sábados, das 9h às 12h. Preços: 12 000 Mt Informações: sede do ATCM no Baía Mall - entrada 2 ou pelo mail academia@atcm.org.mzz

KART | ACADEMIA DE KARTING CRISTIANO MORGADO

Benson Marlon • Responsável pela Banca de Cadeia de Valores e Conteúdo Local no Absa Bank Moçambique

Mundialmente, a indústria dos transportes é um dos principais contribuidores para as emissões de carbono e, consequentemente, uma das maiores responsáveis pelas mudanças climáticas.

De acordo com a Agência Internacional de Energia, o sector dos transportes foi responsável por 27% das emissões globais de dióxido de carbono (CO2) em 2022, tornando-se a segunda maior fonte de emissões, depois do sector da energia. O caminho será a adopção de veículos elétricos (VE)? O que motivará esta decisão?

Mudanças climáticas: o transporte é uma das principais fontes de emissões de gases de efeito estufa, e os VE são uma forma sustentável de reduzir essas emissões. Estes não geram emissões quando estão em movimento e, mesmo quando estão a carregar, o nível de emissões é significativamente mais baixo quando comparado com o que os veículos movidos a gasolina emitem.

Independência energética: muitos países dependem fortemente do petróleo importado, o que significa um dreno significativo às suas economias. Ao mudar para VE, os países poderão reduzir significativamente a sua dependência do petróleo e impulsionar a sua independência energética.

Poluição do ar: os veículos movidos a gasolina emitem uma variedade de poluentes que podem ter sérios impactos na saúde, incluindo material particulado, óxido de nitrogénio e compostos orgânicos voláteis. Os VE não produzem emissões de escape, tornando-os mais limpos e saudáveis.

Custo: embora o custo inicial dos VE possa ainda ser maior do que o dos veículos movidos a gasolina, o custo de propriedade a longo prazo é, tendencialmente, menor. Estes veículos têm menos peças móveis e requerem menos manutenção, o que se traduz em custos de manutenção mais baixos. Eles usam também electricidade em vez de gasolina, que geralmente é mais barata.

Tecnologia: a electrificação do transporte está a impulsionar a inovação no desenvolvimento e adequação de novas tecnologias, incluindo baterias e infra-estruturas de carregamento. Isso poderá gerar novas oportunidades de negócio, geração de novos empregos e, consequentemente, um crescimento económico. Não há dúvida que a electrificação do transporte é um passo importante na redução das emissões de gases de efeito

estufa, melhorando a qualidade do ar e reduzindo a nossa dependência de combustíveis fósseis. Adicionalmente, tem o potencial de impulsionar a inovação tecnológica e o crescimento económico.

Especificamente para Moçambique, acredito que a electrificação da indústria de transportes poderá ser importante tendo em conta alguns factores que listo:

Em primeiro lugar, o nosso País é altamente vulnerável aos impactos das mudanças climáticas. Os eventos que se fizeram sentir nos últimos anos tiveram efeitos nefastos nas pessoas e no cres-

A Electrificação da Indústria dos Transportes Poderá Impulsionar a Liberdade Económica de Moçambique

Ao conceder incentivos, investir em infra-estruturas para carregamento, promover a consciencialização e a educação, estabelecer metas e objectivos... os Governos poderão ajudar a acelerar a adopção de veículos eléctricos

cimento e desenvolvimento de algumas regiões nacionais.

Temos uma forte dependência de combustíveis fósseis, que contribui, como mencionado, para as emissões de gases de efeito estufa. A mudança para VE será uma forma de reduzir essas emissões e mitigar os impactos negativos das mudanças climáticas.

Além dos benefícios ambientais, a electrificação da indústria de transportes em Moçambique também poderá trazer benefícios económicos. Actualmente, o País importa uma quantidade significativa de petróleo, o que poderá, a médio e longo prazo, prejudicar a sua economia.

Ao mudar para VE, Moçambique poderá reduzir a sua dependência no que toca às importações de petróleo e, potencialmente, poupar a longo prazo, ao mesmo tempo que reduzirá os choques na economia advindos das flutuações do preço de combustível que afecta, directa e drasticamente, os preços de todos os bens de consumo.

Podemos considerar que Moçambique é uma das power houses de África, uma vez que produz, actualmente, cerca de 187 gigawatts, que ao compararmos com a África do Sul – o cliente número um de energia de Moçambique – apresenta uma produção de 58 095 megawatts. A produção energética no País está dividida da seguinte forma: hídrica, 75%, gás, 5%, solar, 1%, e outros, 19%, o que nos coloca como um dos maiores produtores de energia limpa em África.

O País produz mais energia do que consome, chegando a exportar perto de 60% da sua produção, pelo que electrificar a indústria dos transportes poderá servir também como uma forma de impulsionar a criação de um mercado interno para a nossa energia. A electrificação da indústria de transportes acabará por trazer melhorias ao nível da saúde, uma vez que os VE não produzem emissões de gás de escape e, portanto, são

A electrificação dos transportes é um passo importante para reduzir a dependência dos combustíveis fósseis

considerados mais limpos do que os veículos movidos a gasolina.

Consequentemente, melhorariam a qualidade do ar, o que seria especialmente benéfico em áreas urbanas onde os níveis de poluição costumam ser elevados.

No geral, a electrificação dos transportes em Moçambique é um passo importante para reduzir as emissões de gases com efeito estufa, melhorar a qualidade do ar e reduzir a dependência do País de combustíveis fósseis.

Os Governos têm um papel importante enquanto impulsionadores de mudança neste tema.

Existem várias formas de impulsionar a electrificação dos transportes no País:

- Fornecer incentivos para a adopção

de veículos eléctricos: conceder incentivos de modo a que os indivíduos e empresas mudem para VE, como, por exemplo, de âmbito fiscal ou em subsídios, o que poderia ajudar a tornar estes veículos mais acessíveis financeiramente e incentivar a que mais pessoas efectuassem a troca.

- Investir em infra-estruturas para

carregamento, podendo estar alojadas em estações de carregamento em áreas públicas ou conceder subsídios às empresas para a instalação de estações de carregamento em locais específicos, como estações de serviço.

- Promover a consciencialização e

educação na promoção sobre os benefícios dos VE e as opções disponíveis, sensibilizando a população para a redução da emissão de gases tóxicos e para a preservação do ambiente com vista a um futuro mais duradouro. - Estabelecer metas e objectivos para a electrificação do transporte, ou seja, estipular que uma certa percentagem de veículos nas estradas seja eléctrica até uma determinada data. Isso poderá ajudar a criar um senso de urgência e encorajar à mudança.

Efectuar parcerias com o sector pri-

vado e outras partes interessadas em toda a cadeia de valor, para ajudar a impulsionar a electrificação do transporte. Estas parcerias poderão ser no âmbito de projectos de infra-estruturas, apoio em pesquisas e desenvolvimentos ou até mesmo no âmbito de linhas de financiamento para esforços de electrificação. Há muitas maneiras pelas quais o Governo pode ajudar a impulsionar a electrificação dos transportes no País.

Ao conceder incentivos, investir em infra-estruturas para carregamento, promover a consciencialização e a educação, estabelecer metas e objectivos e fazer parcerias com o sector privado e outras partes interessadas, os governos poderão ajudar a acelerar a adopção de VE e impulsionar o progresso em direcção a um sistema de transportes mais limpo e sustentável.

O Papel da Banca Comercial

Os bancos comerciais pelo seu papel na sociedade poderão ser um mecanismo para a materialização destas iniciativas, quer seja pela concessão de financiamentos que suportem a aquisição directa de VE, quer pelo apoio a projectos de investimento em infra-estruturas que suportam a tecnologia “verde” e, eventualmente, pelo desenvolvimento de parcerias sustentáveis que ajudem a promover e a implementar estas iniciativas.

Assim, e em modo de conclusão, a electrificação comercial da indústria de transportes poderá ter uma forte contribuição económica para Moçambique. Esses esforços poderão ajudar a acelerar a adopção de veículos eléctricos e impulsionar o progresso em direcção a um sistema de transportes mais limpo e sustentável.

Moçambique tem todos os componentes necessários para posicionar-se como o primeiro país africano com emissões zero na indústria dos transportes.

As Artes Que, Mais do Que Dominar o Corpo, Ajudam a Formar a Mente

Cansado, resolveu procurar um desporto onde pudesse retribuir a provocação sem ser penalizado. Começou a praticar Taekwondo. Depois, descobriu que já não tinha tanta vontade de retribuir. Não é uma história incomum, esta, bem pelo contrário e ajuda a explicar como as disciplinas, este é o termo a reter, orientais, podem ser decisivas no desenvolvimento de competências, personalidade e valores tão importantes num contexto como o moçambicano

Texto Maria Dias • Fotografia Mariano Silva

Écaso para dizer que as aparências iludem. As artes marciais são, muitas vezes, julgadas agressivas pelo aspecto das técnicas que utilizam. Contudo, não é por acaso que se chamam de artes (marciais), porque se baseiam em várias filosofias orientais que, bem para lá da componente física, apuram o foco nos objectivos, activam a capacidade de superação e diminuem drasticamente, por contraditório que possa parecer, a apetência por comportamentos violentos.

Assim, tanto ao nível nacional como internacional, diferentes entidades, como a UNESCO - Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura –, incentivam a sua utilização para ajudar os jovens a construir a sua autoconfiança e a cultivar atitudes que promovem uma cultura de paz e não violência.

Por cá, quem já venceu, na vida como no tapete, garante que “as artes marciais aumentam o sentido de hierarquia, disciplina e respeito, contribuindo para melhorar a estrutura emocional, resiliência e controlo da agressividade de quem as pratica.” Por isso, os atletas entrevistados no contexto da celebração do Dia Mundial do Judo, que se celebrou a 28 de Outubro do ano passado, consideram que a “inclusão destas modalidades nas escolas poderia reduzir alguns dos problemas sociais que mais frequentemente afectam os jovens.”

Provas dadas

Dois campeões têm em comum o caminho que os levou das condições humildes dos bairros onde viviam, ao pódio de competições internacionais, sem esquecer o sucesso estudantil e profissional (integram ainda a reduzida taxa de alunos que concluiu a licenciatura e que exerce actividade na área da formação). Coincidência ou resultado da prática de artes marciais? Edson Madeira, acha que não, e a sua vida prova-o. Em 2008, foi o primeiro judoca moçambicano a ir aos Jogos Olímpicos, concretizando um sonho de criança, e em 2015 trouxe para casa a primeira medalha dos Jogos Pan-Africanos. A história de Edson, um pioneiro da modalidade em Moçambique, conta-se a partir da primeira coisa que se aprende no judo e, talvez, da lição mais marcante que levou dos tapetes – “só se levanta quem sabe cair”.

Depois, passa por tapetes de palha coberta com tecido que “doía e tinha pulgas”; pela medalha que trouxe da primeira viagem ao estrangeiro; pela concentração e espírito de fraternidade que encontrou nos colegas e treinadores; pela imposição dos pais para estudar e concluir com sucesso a licen-

A história de Edson Madeira, pioneiro da modalidade em Moçambique, conta-se a partir da primeira coisa que se aprende no judo — “só se levanta quem sabe cair”

ciatura e o mestrado em Educação Física; e pela calma e resiliência que aprendeu a manter, atributos indispensáveis para triunfar nas competições e na vida. Quando faz contas às muitas batalhas e adversidades vencidas, o atleta não hesita: “Aprendi muito com o judo e foram estas experiências que fizeram de mim o homem que sou hoje.”

Edvaldo Boca, arquitecto, pratica tang so doo, arte marcial coreana baseada no karaté que fomenta a unificação da mente, do corpo e do espírito. Participou em diversas provas nacionais e internacionais e sagrou-se bicampeão mundial da modalidade. E se não tivesse ido àquele treino e não tivesse continuado a praticar tang so doo, o que seria diferente? O campeão não duvida. Na Escola Secundária Estrela Vermelha, muito perto do bairro da Mafalala e Chamanculo, seria

muito fácil ele e os amigos “distraírem-se” e perderem-se pelos caminhos erráticos que o destino ali plantou. Mas não. A prática de artes marciais semeou-lhe a disciplina, e ensinou-o a distinguir o que é correcto e a ignorar as provocações, mantendo-o focado no objectivo. Não sabia ainda quais eram os destinos que o destino lhe guardava, mas do seu grupo de dez amigos do Bairro Estrela Vermelha, só ele se licenciou. E aqui está.

Passagem de testemunho

A Escola de Judo Edson Madeira foi fundada para fomentar a prática e a transmissão dos valores da arte a crianças e jovens em idade escolar, em particular nos meios mais desfavorecidos. Nesse sentido, a instituição estabeleceu protocolos com algumas escolas de Maputo para executar actividades, que permitem um primeiro contacto com o treino e a filosofia do judo, e trabalha actualmente com cerca de 300 crianças e jovens. Shenidy Carlos, a campeã de artes marciais mais jovem do País e a primeira judoca a ganhar uma medalha de ouro na categoria dos 57 Kg, é uma realidade viva desses projectos sociais.

A adolescente, a quem o tatami ensinou que, quando compete, “a primeira luta que tem de se travar é com o medo”, ainda não é consciente da influência que pode ter nos amigos e na comunidade. Mas, na opinião do seu mestre, “atletas como ela podem fazer a diferença na missão de mostrar o caminho aos mais novos.” Por isso, a academia de Edson organiza palestras durante as quais a prática e a (anti)relação das artes marciais com comportamentos de risco são tema de conversa entre os mais graduados e os mais novos. Foi assim que, na semana que antecedeu o Dia Internacional do Judo, encontrámos Carla Faria na Escola Secundária Quisse Mavota a falar sobre iaido e a preparação para a vida adulta. De katana embainhada (tradicional espada japonesa), qual personagem de um filme de Tarantino, a iaidoca explica a um grupo de adolescentes “que as drogas, o álcool e as relações sexuais desprotegidas põem em risco o sucesso escolar e profissional dos futuros adultos”. Por isso, tal como no iaido, arte que enfatiza a necessidade de aperfeiçoamento através da crescente complexidade das katas (formas que simulam combates), é importante manter o foco e estar sempre alerta para antecipar o perigo e para “cortar e sair de forma controlada de qualquer conflito que tenhamos na vida.”

Eventos como o Martial Fest, que juntou cerca de 500 atletas na demonstração de 20 artes marciais, são de grande importância para a divulgação e compreensão da filosofia base destas actividades

Prós e contras

O judo é reconhecido pela UNESCO como modalidade de utilidade mundial na formação do ser humano, na medida em que promove o desenvolvimento dos jovens dos quatro aos 21 anos de forma integral. Carla Santos, representante da instituição na comemoração do Dia Internacional do Judo, referiu que “a UNESCO está convicta de que esta arte é benéfica não só para a saúde mental e física do cidadão, mas também para a sua segurança e defesa pessoal.” Nesse sentido, disse, “existe uma necessidade de nos unirmos com o objectivo de incentivar esta prática no nosso quotidiano.”

Contudo, a aceitação destas práticas por diversos actores da cadeia de valor da educação encontra ainda muita resistência em diversas geografias, incluindo Moçambique. “A ideia que as pessoas têm é que isto (judo e artes marcais em geral) é uma coisa agressiva e vai fazer mal às crianças,” diz Edson, para quem este preconceito tem condicionado um maior apoio à introdução das actividades no contexto escolar. No entanto, não faltam estudos e casos práticos que provam o contrário. Para Edvaldo Boca, o problema reside no facto de as artes marciais se apresentarem pela parte física, isto é, pelos chutos e pontapés que são utilizados como ferramenta para o entretenimento, o que dificulta a visualização do modelo conceptual que está por trás disso. É necessário mudar mentalidades e tornar visível “a parte da disciplina e da perseverança que vem das artes marciais”.

Na opinião de Carla Faria, tornar estes desportos mais abrangentes ao nível escolar “poderia fazer toda a diferença em termos de educação e formação, dos resultados que podem atingir, de levar estes valores para casa e de, assim, ajudar a resolver problemas até nas próprias famílias.”

Mas a falta de uma cultura de actividades extracurriculares, associada à componente socioeconómica que envolve a educação, condiciona a divulgação e práctica de artes marciais no País, impedindo que esse efeito seja visível. Finalmente, a falta de uma infra-estrutura de apoio adequada reflecte-se numa taxa de desistências elevada que limita, também, a evolução e o impacto social destas modalidades. “Muitas vezes, os treinadores acabam por ser uma espécie de pais substitutos, aconselhando e até apoiando financeiramente os seus alunos para os manter no caminho certo,” recorda Edson, com conhecimento prático deste facto.

Rumo ao futuro

Ao nível internacional, o mérito do País mede-se pelas medalhas forjadas e suadas, no contexto das condições actuais, e Moçambique está muito bem visto. No entanto, a alta competição é muito exigente e os atletas precisam de apoio psicológico e financeiro consistente e sustentado para poderem evoluir e competir no seu melhor. Logo, para ir tão além quanto poderia, o País precisa de investir nas infra-estruturas necessárias e numa estratégia que permitam aproveitar os bons recursos humanos que tem.

Eventos como o Martial Fest organizado pela Academia de Edson Madeira, que juntou na sua 3.ª edição, a 29 de Outubro, cerca de 500 atletas moçambicanos na demonstração de 20 artes marciais, são de grande importância para a divulgação e compreensão da filosofia-base destas actividades e para a sua desmistificação e verdadeira implantação ao nível nacional.

Este ano, o Festival contou com o apoio das embaixadas do Japão e de Portugal, da UNESCO, do Município de Maputo, da Federação de Judo e de algumas empresas. Não obstante os esforços e sacrifícios já feitos, todos os actuais envolvidos continuam a lutar pelo dia em que a prática das artes marciais consiga trazer a todas as crianças e jovens moçambicanos a capacidade de transformação e o benefício de terem um objectivo que lhes poderá mudar a vida.

A resiliência e persistência vêm do foco, do treino, do sentimento de terem encontrado neste mundo um caminho e uma família, assim como dos momentos de alegria que vivem e proporcionam a quem os apoia quando, no tapete, vencem o medo e outros adversários.

“Não há dinheiro que pague a alegria que vimos nos olhares dos pais, avós e todas as pessoas próximas dela”, testemunha Edson, referindo-se ao dia em que Shenidy regressou a casa com a sua (e nossa) primeira medalha de ouro. “É isso que nos leva a querer trabalhar mais, todos os dias”.

Susana Cravo • Consultora & Fundadora da Kutsaca e da Plataforma Reflorestar.org

Aprimeira coisa a regenerar é o pensamento. A forma como percebemos o mundo e a vida e nos relacionamos com ela.

A predominante percepção de separação – Humanidade/Natureza, Interno/ Externo e até mesmo as inúmeras fragmentações manifestas entre Seres Humanos – é o primeiro aspecto a ser reavaliado, pois é a partir desta perspectiva que emergem todas as nossas interacções.

Esta percepção de separação não afecta apenas as questões mais primordiais e básicas, como compreender que nós somos a Terra e cuidar da Terra é cuidar de nós.

Ela estende-se a questões complexas e triviais do quotidiano, que nos fazem perceber o mundo como “Nós e os Outros”; “Aqui e Lá”; “Certo e Errado”; “Bom e Mau”. Deixando-nos frequentemente na “Equipa dos Bons”, e os “Outros” – Povos, Governos, Líderes – na Equipa dos Maus.

Gerando uma incapacidade em distinguir, por um lado, as várias tonalidades entre as polaridades e, por outro, a manifestação de todas elas em todos os sistemas vivos, que são dinâmicos, porosos e relacionais.

Outro importante convite que a regeneração nos faz é olhar para a vida, para os sistemas e para os lugares, colocando o foco no potencial. Até aqui, temos vindo a observar, pensar e agir a partir do problem-solving. É isto que andamos sempre a fazer, quer ao nível das instituições e estratégias - incluem-se aqui os Objectivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS), quer ao nível dos nossos sistemas e organizações.

Não estamos contra os problemas, eles existem. Mas o que acontece quando partimos do foco no problema? Essencialmente perdemos a visão do todo/do sistema maior, do lugar, das relaÉ que embora os pequenos agricultores de países em desenvolvimento produzam um terço dos alimentos do mundo, e sejam ele(a)s que na prática lidam com secas, inundações, ciclones e outros desastres, a estes chega apenas 1,7% do financiamento climático, um dado constrangedor lembrado por Sabrina Elba do Fundo Internacional das Nações Unidas para o Desenvolvimento Agrícola (FIDA), recentemente, na COP27.

E assim se anunciaram mais programas e milhões para resolver mais problemas, pois de Heróis Salvadores e Resolvedores está o mundo cada vez mais cheio.

Relembrando uma ideia-chave de Daniel Wahl: “a vida é uma força sintrópica. Não é para ser resolvida.”

A nossa intenção original de dividir e arrumar os assuntos, para melhor compreender, gerir, controlar, sistematizar, faz-nos perder e repetir os mesmos padrões. Como já dizia Einstein “não podemos resolver os nossos problemas com o mesmo pensamento que utilizamos quando os criamos.” Ou como nos provoca o nigeriano Bayo Akomolafe, “e se a forma como respondemos à crise for parte da crise?”

Vanessa Andreotti, professora e investigadora que integra o colectivo transnacional e interdisciplinar GTDF (Gesturing Towards Decolonial Futures – Global Citizenship Education Otherwise Study Program), reforça esta ideia, lembrando que, quando olhamos para os problemas de forma isolada, vamos acabar por usar abordagens que reproduzem três coisas: - Soluções simplistas; - Formas de envolvimento paterna-listas; - Ideais etnocêntricos de sustentabildade, justiça e mudança.

E tudo isto se afasta da dinâmica dos sistemas vivos e dos princípios da regeneração. Pelo contrário, o paradig-

Culturas Regenerativas – O Foco é no Potencial e não no Problema

ções de interdependência e respectivas consequências, que uma acção dirigida, ainda que bem-intencionada, pode acabar por gerar.

Os exemplos são vários, mas vamos usar um que nos toca (ou tocará) a todo(a)s:

Crises alimentares, provocadas por guerras, conflitos ou catástrofes, tendem a induzir-nos a acelerar os ciclos de produção agrícola, naturalmente recorrendo a meios artificiais.

Para quem lida de perto com a fome, a crítica impulsiva e simplista desta atitude é delicada. Mas a verdade é que a tentativa de resolver o problema da crise alimentar e a destruição massiva dos solos gerou, ao longo das últimas décadas,

É em rede e na qualidade de aprendiz/praticante que melhor se faz o caminho da regeneração

outros problemas que muitos de nós já bem conhecemos. Na recente COP27, Zitouni Ould-Dada, vice-director da Divisão de Clima e Meio Ambiente da ONU para a alimentação e agricultura, alertou para esta questão, lembrando que “temos 828 milhões de pessoas que passam fome todos os dias (…) no entanto, jogamos fora um terço dos alimentos que produzimos (…) além disso, não podemos continuar com o modelo actual de produzir alimentos e depois degradar o solo, diminuir a biodiversidade, afectar o meio ambiente.”

Se sabemos que a agricultura tem um papel importante na mitigação da crise climática, temos de pensar em formas mais sustentáveis, inclusivas e justas.

Partir do potencial abre possibilidades, caminhos, reforça o entusiasmo, motiva e mobiliza.

ma do problem-solving está muito ligado às fontes de processos degenerativos: (adaptado de Lúcida e Carol Sanford Institute)

1. Fragmentar: Focar em temas e problemas (pobreza, clima, alimentação, desigualdade de género); 2. Categorizar: Para conseguir gerir tanta informação; 3. Generalizar: Fazer com que todos encaixem nos conceitos idealizados; 4. Determinar: Em categorias, definindo intervalos de normalidade. Sistematizando processos rígidos onde todo(a)s têm de se encaixar, esquecendo o potencial dos lugares/sistemas, anulando a sua essência, bio-inteligência e capacidade de autodeterminação; 5. Agregar/linearizar: Reforçar uma visão de mundo como melhor que outra, como a “certa”; 6. Escalar: Levar os outros a aceitar essa visão de mundo, esses programas e medidas e, claro, as “comprovadas” best pratices; 7. Esquecer: Entrar em modo automático, reproduzindo os padrões definidos (e literalmente saturando os mercados com “soluções” que podem já não ter adequabilidade – ou o público adequado), sem reavaliar resultados.

Todos nós que já criámos, implementámos ou participámos em projectos e programas altamente patenteados, sabemos que, na prática, acabará frequentemente por existir um desencontro entre a necessidade e a realidade, entre a oferta e a procura e, acima de tudo, entre a solução e o impacto que era suposto gerar e o que concretamente acabou por se manifestar. Ainda assim, é sobretudo para resolver problemas que nós, consultores, somos frequentemente chamados.

E o jogo de cintura para no meio de diferentes interesses e forças, honrar e activar a inteligência colectiva do sistema, a caminho do seu melhor potencial, é um exercício delicado, que exige maturidade, profunda honestidade e ética e abertura para pedir e receber mentoria e suporte. Porque é também em rede e na qualidade de aprendiz/praticante que melhor se faz o caminho da regeneração.

É importante ainda acrescentar que, andar constantemente a combater problemas limita-nos, acaba por nos desgastar, imobiliza-nos, desmotiva-nos. É uma abordagem alopática.

Partir do potencial abre possibilidades, caminhos, reforça o entusiasmo, motiva e mobiliza. É uma abordagem sistémica.

Todos os Lugares/Sistemas têm um potencial único e estão em constantes ciclos evolutivos, e quem melhor conhece os Lugares são as suas Pessoas, que são, na verdade, a expressão desses territórios (ou organizações).

Por isso, mudar o paradigma do foco – do problem-solving para o potencial – só funciona nos (e com os) Lugares.

Não são democráticos – nem inteligentes, nem regenerativos – os modelos, agendas e programas em que os decisores são os “donos da visão de mundo melhor/certa”, e em que os verdadeiros especialistas dos Lugares não são chamados, ou devidamente escutados e valorizados.

Partir do potencial orienta a nossa perspectiva para o futuro e para as possibilidades de vida e harmonia para todo o sistema, e não apenas para parte(s) dele e/ou para visões demasiado curtas de futuro.

Actualmente seria impensável (à partida) produzir desenfreadamente plástico, pois aquilo que na altura resolveu e melhorou problemas de armazenamento, mobilidade e transporte gerou questões sérias, porque no momento da sua criação não foram feitas as perguntas certas, nem olhados, quer a interdependência e consequências, quer o horizonte alargado de futuro.

Quando partimos do potencial, as perguntas-guia que fazemos mudam.

Jenny Andersson, consultora organizacional, dá-nos um exemplo prático:

“Uma abordagem problem-solving faz a seguinte pergunta: como reduzimos a poluição atmosférica nesta cidade? (…) Banimos os veículos com elevadas emissões dos centros das cidades. Criamos zonas pedonais. Cobramos custos adicionais pelo acesso de veículos privados, que reinvestimos em medidas de qualidade do ar.

Uma abordagem de potencial regenerativo perguntaria: “qual é o potencial desta cidade para se tornar um ambiente saudável viver toda a vida?” Outras perguntas que podemos fazer:

“Qual é a essência deste Lugar/Sistema? O que queremos trazer/fazer gera vida? Para todo(a)s? Mantém a identidade? Ou descaracteriza? O que está a limitar a manifestação do potencial deste Lugar/Sistema?

Quais são as forças de activação e resistência presentes? Que forças de reconciliação podem harmonizar e trazer mais vitalidade a este Lugar/Sistema?”

Não é que as perguntas sejam mágicas ou nos tragam respostas definitivas. Mas elas abrem um campo novo, de possibilidades, de vitalidade, de vida.

Ainda assim, a frase que melhor me parece fechar esta reflexão é a que dá início ao Livro “Design de Culturas Regenerativas”, de Daniel Wahl, e que não temos a certeza, mas que é atribuída a Albert Einstein:

“Se eu tivesse uma hora para resolver um problema do qual a minha vida dependesse da solução, eu passaria os primeiros 55 minutos a determinar a pergunta certa a ser feita e, uma vez sabendo a pergunta, resolveria o problema em menos de cinco minutos.”

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