4 minute read

Quando Uma Cidade Inteira Cabe na Palma da Nossa Mão

A sociedade moderna debate-se com a cada vez mais difícil rotina corrida das grandes cidades e o acumular de actividades que, em certa medida, reduzem a qualidade de vida. Mas o que é que a tecnologia não consegue fazer para assegurar comodidade aos utilizadores? A UBI é uma dessas ferramentas que propõem resolver grandes problemas só com um clique

TEXTO Nário Sixpene • FOTOGRAFIA Paulo Almeida

Advertisement

Se “saber é poder”, então o que dizer de uma solução tecnológica que o torna capaz de saber tudo o que se passa na cidade onde vive? Isto pode não ser novo nos países mais desenvolvidos, mas é-o aqui, em Moçambique. Já existe e faz, de facto, uma grande diferença.

A cidade de Maputo, que nunca tinha tido uma ferramenta tecnológica que pudesse informar o cidadão sobre o que acontece em todas as esferas da sua dinâmica diária, passou a contar com este tipo de serviços a partir do momento que uma startup designada VOID decidiu criar a UBI, uma plataforma para manter o cidadão mais conectado à sua cidade.

A UBI (ubi.co.mz) é, na verdade, uma plataforma de informação sobre a cidade e tudo o que nela acontece, composta por um ecossistema de aplicações e quiosques interactivos colocados nas movimentadas avenidas de Maputo. O objectivo, desde o início da sua criação, é que tudo o que é informação sobre a cidade esteja disponível na plataforma, permitindo também acesso aos negócios locais. A plataforma congrega também um conjunto de ferramentas que os empreendedores locais podem utilizar, incluindo a possibilidade de criar a sua própria loja online, assinalar os produtos disponíveis ou criar campanhas promocionais.

Ou seja, através desta plataforma, é possível fazer o cruzamento entre a compra e a venda, na exacta intersecção entre os interessados em comprar um bem ou serviço e o vendedor.

Além disso, contém uma funcionalidade utilizada para eventos, que é, no fundo, uma agenda cultural de tudo o que se realiza na cidade.

Nela é possível, por exemplo, comprar bilhetes, receber convites e participar em promoções dentro dos eventos. E ao nível da mobilidade urbana, é ainda possível consultar as diferentes rotas de transporte para facilitar a mobilidade dos utilizadores.

“A UBI começou a ser trabalhada em 2015, mas só foi lançada em 2018. Foram praticamente três anos a trabalhar no projecto, num investimento feito com recursos próprios. Por isso levou tempo até ser lançada no mercado”, revela Alexandre Coelho, director-geral da VOID à E&M.

Em finais de 2021, a plataforma foi colocada em standby muito por causa do impacto da pandemia de covid-19, mas também pelo facto de a empresa estar a reposicionar-se e a mudar as estratégias de actuação.

No princípio não conseguiu muito espaço no mercado porque, segundo Alexandre Coelho, o público não estava preparado para algumas das inovações que a plataforma trazia, nem para o elevado grau de complexidade das suas funções, o que dificultava a sua utilização. Hoje, entretanto, a plataforma está em transformação e será reactivada ainda este ano. Alexandre Coelho confessa que a UBI nunca chegou a ser sustentável.

Embora tivesse algum rendimento, ainda não permitia alcançar o break even (quando os custos ultrapassam as receitas) do projecto.

“Então, desenhámos um plano para melhorar a sustentabilidade da plataforma. Íamos caminhar neste sentido, pelo menos era esta a estratégia, e logo à partida teríamos conseguido, mas a pandemia veio alterar tudo”, esclareceu o jovem gestor.

“Neste momento estamos à procura de investidores para a plataforma e isso poderá acelerar tudo o que temos em termos de planos”, sublinha. “Estávamos para relançá-la em finais do ano passado, pois tínhamos um investidor com quem estávamos a trabalhar, mas as negociações pararam e estamos novamente no mercado em busca de outro investidor que possa mudar o actual cenário da plataforma”, esclarece Alexandre Coelho.

Sobre esta questão, o responsável realça que um dos grandes obstáculos ao desenvolvimento das startups no País prende-se com “a falta de uma rede de investidores de capital de risco, que leva a que os novos produtos e serviços tecnológicos dependam apenas do investimento com fundos próprios”, que geralmente não são suficientes na primeira fase dos projectos.

Até porque, prossegue, “qualquer solução tecnológica exige muito investimento em marketing para garantir que se mantenha sempre na mente do cliente, para lá do investimento na solução em si”, reitera.

Para o futuro, “o que temos planeado é, após esta fase de transformação, relançarmos a plataforma e prosseguir com a estratégia de expansão da rede dos painéis digitais pelo País”, concluiu.

Empresa: VOID

Área: Comunicação

Plataforma: UBI

Propriet´ário: Alexandre Coelho

Criação: 2015

This article is from: