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Ronil Impulsiona “Sonhos Verdes” de Empreendedoras
A empresa do ramo automóvel Ronil tem um longo histórico de envolvimento em acções de responsabilidade social ao longo dos seus 75 anos de presença no País. Essa intervenção está cada vez mais forte. A Ronil decidiu agora dedicar especial atenção à sustentabilidade e às mulheres
Já não há dúvidas de que iniciativas para a emancipação económica da mulher e com alcance ao nível da sustentabilidade (económica, social e ambiental) geram impacto directo no crescimento e no desenvolvimento. Foi a pensar nestes resultados que a Ronil e a Hyundai lançaram o Primeiro Plano da Mulher Empreendedora, no âmbito do Dia da Mulher Moçambicana, assinalado a 7 de Abril. Trata-se de uma incubadora de projectos de empreendedorismo para apoiar mulheres com interesse em investir em iniciativas ambientalmente ‘verdes’.
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Segundo Dalila Tsihlakis, PCA da Ronil, “o programa faz parte do plano da empresa para se tornar mais proactiva em questões sociais e tinha dois objectivos concretos. O primeiro era apoiar o crescimento e desenvolvimento de negócios ‘verdes’, através de um programa de imersão, que ajudará a criar ou a transformar ideias em acções concretas – acções que permitam criar impacto e construir um negócio de elevado potencial. O segundo consistia em expor e dar a conhecer histórias de mulheres empreendedoras moçambicanas”.
Um dos pontos positivos desta primeira edição do programa (a Ronil já planeia avançar com a segunda edição em Abril de 2024) foi o facto de ter abrangido mulheres que vivem fora da capital, Maputo, e que, por isso, não têm tido oportunidade de beneficiar de iniciativas de incubação de negócios como este.
Mudança nos projectos de empreendedoras
O programa já está a influenciar de forma decisiva a actividade das mulheres empreendedoras beneficiárias. Yara Muchanga, 25 anos, do distrito de Xai-xai na provín- cia de Gaza, é finalista do curso de licenciatura em Química Industrial e é igualmente designer e artesã. Yara investe na produção de bijuterias e personalização de bolsas e calçados com carcaças de pescado (espinhas e escamas) e plástico. “Já tenho ferramentas que me permitem ver que a minha ideia de negócio ‘verde’ pode prosperar”, garante.
Sheila Badru, da província de Maputo, é licenciada em Engenharia Agronómica e frequenta um mestrado em Saúde Pública. Tem um negócio que consiste em produzir, em estufa, hortícolas e frutas, como mirtilos, tomate, entre outros. “Percebi que pouca gente se dedica às culturas que eu me proponho produzir e que a maioria das pessoas não compra no mercado interno, preferindo importar da África do Sul. Eu produzo em estufas durante todas as estações do ano e garanto a qualidade e a disponibilidade contínua”, explicou. Sheila oferece solução para outros grandes dilemas dos produtores que são o armazenamento, processamento e gestão de outros recursos como a água. Graças ao programa de incubação da Ronil e do Standard Bank, Sheila descobriu outras oportunidades para o seu negócio. “Posso fazer consultoria a outros agricultores e programas de formação. De agora em diante, sinto-me mais preparada. Vou implementar e procurar acelerar o meu negócio”, assegurou.
Outras beneficiárias que confirmaram resultados encorajadores incluem Lurdes Mucavel (24 anos) da cidade da Matola, província de Maputo, e Olga Matavel do distrito de Chibuto em Gaza. Ambas investem na reciclagem de pneus velhos para os transformar em objectos de decoração e de uso doméstico, nomeadamente cadeiras e puffs.
Um trabalho com parcerias
A Ronil trabalhou com o Standard Bank através do programa de incubação que o banco vem levando a cabo, designado iDeate Bootcamp. De acordo com Eric Vidal, coordenador de Marketing da Ronil, a parceria com o banco surgiu porque “o Standard Bank estava a trabalhar na segunda edição do iDeate” na mesma altura. “Portanto, o que era a ideia da Ronil e da Hyundai acabou por ser associada ao Standard Bank em todo o processo de desenvolvimento”. A iniciativa foi lançada no Dia da Mulher Moçambicana (7 de Abril) e o concurso decorreu durante as duas semanas seguintes. Nesta primeira edição, inscreveram-se mais de 90 jovens mulheres, entre os 18 e os 35 anos, das quais foram seleccionadas cinco vencedoras que tiveram a oportunidade de participar no iDeate Bootcamp do Standard Bank.
Nesta busca pelo apoio ao empreendedorismo ‘verde’, a empresa procura associar-se a parceiros que agreguem valor.
Apoio em todos os domínios
O programa de incubação não se limitou à formação. A Ronil dispôs-se a apoiar em todas as componentes de que as empreendedoras precisavam para concretizar as suas ideias, tudo em parceria com o Standard Bank. A postura da empresa, segundo Dalila Tsihlakis, tem alicerces no facto de a Ronil pretender ser “uma força motriz para a transformação social, promovendo a igualdade de género, o empreendedorismo e a sustentabilidade”, além do papel de representante da BMW, Hyundai e Mazda em Moçambique,
A presidente da Ronil revela que “a empresa está também a trabalhar para atrair mais mulheres para um sector que, pelas suas características, é dominado por homens”. “Temos vindo a procurar mulheres que tenham interesse pelo sector automóvel, apostando posteriormente na sua formação para que possam continuar a crescer pessoal e profissionalmente, seja como mecânicas, seja numa área mais administrativa”, concluiu.
Corria o ano de 2016 e eu começava literalmente a primeira obra da minha vida: construir uma escola na aldeia de Mahungo, no Bilene, num local cedido pelo município, em que ainda não havia nem água nem electricidade.
Cerca de 60 crianças vinham às aulas nesse ano lectivo, ainda na palhota inicial, que ficava a dez minutos deste terreno, e a complexidade que emergia exigia da nossa associação, já formalizada em Moçambique, cada vez mais recursos. Não apenas financeiros, suportados ainda por mim, na altura, mas exigia também uma espécie de omnipresença, omnicompetência e sobretudo paciência e resiliência. Um caminho que exigia atenção e cuidado para não entrar em meandros perigosos.
Uma das pessoas a quem pedi ajuda, que estava bem por dentro do tema - e muito bem posicionada no mercado do terceiro sector - teve a amabilidade e transparência de me explicar, sem filtros, as regras do jogo da assistência humanitária e a impossibilidade - não assumida - de irmos à corrida, onde só entravam “organizações previamente qualificadas” que obedecessem aos requisitos do sistema.
Eu conhecia este sistema, a partir de outros lugares, mas era a primeira vez enquanto fundadora de uma pequena organização, sem qualquer tipo de lobby
A partir daí, outro caminho independente se desenhou, mas claramente assente no poder da comunidade e da sinergia que um colectivo pode fazer emergir.
Nunca me deixei fascinar pelos convites que surgiram para “parceirizar” com grandes projectos, pois era claro que, alguns não passavam de conversa fiada e outros, sendo reais, implicavam vender a alma (e a essência) e/ou ficar escrava de doadores (de números, de relatórios e, acima de tudo, de exigências desumanas e extractivistas) que eu (re)conhecia