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Turismo Nacional Tem Quase Tudo Para Dar Certo. Ainda Falta o Quase

O grupo VIP foi criado há 22 anos e conta hoje com quatro unidades hoteleiras, mas há planos para expandir o negócio. O objectivo é alargar a oferta num segmento onde, por enquanto, o potencial do País ainda não se reflecte nas receitas dos principais operadores - que ainda não recuperaram totalmente do impacto da pandemia nos seus negócios. Dado Gulamhussen, director-geral de operações do grupo VIP em Moçambique, fundador do Conselho Empresarial Nacional (CEN) da CTA e membro do Conselho Empresarial da Comunidade de Países de Língua Portuguesa (CPLP), em que ocupa o cargo de presidente da comissão especializada em Hotelaria e Restauração, fala à E&M sobre o estado da arte do Turismo em Moçambique.

Gulamhussen encontra no empreendedorismo a base da sua forma de estar no mercado. Atento aos desenvolvimentos da indústria na CPLP, não é um optimista inveterado em relação ao estado do sector, mas vê actualmente melhorias e elogia algumas das medidas de recuperação que têm vindo a ser tomadas a nível político. Medidas de que são exemplo, em Moçambique, a facilitação de vistos de entrada e a redução de preço dos voos internos. Ainda assim, olha com sentido crítico para o muito que ainda falta fazer para potenciar ao máximo aquele que é, para si, “um sector estruturante e fundamental” para o desenvolvimento económico e social do País.

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O pós-covid exige formas de ‘reanimar’ o sector

O gestor da rede de hotéis explica que a visão alargada do turismo vive da “integração de diversas partes num todo”: vontade política, disponibilidade de capital interno e externo e infra-estruturas de qualidade. “Condições naturais nós temos e em abundância. Da praia às zonas de conservação, como acontece aqui mesmo, tão perto, na reserva de Maputo, em que temos vida selvagem e paisagem natural a desembocar na praia. No mesmo dia, em poucos quilómetros, podemos ver elefantes e baleias. Isso não existe muito, mesmo em África”. Mas há mais áreas, “como Chimanimani, Gorongosa, Niassa...” O que falta então ao turismo em Moçambique para ser uma fonte de receita considerável para a economia? “Para podermos reinventar o sector, temos de começar por alinhar todos os inte- resses e tenho de dizer que há esforços nesse sentido, a nível das associações turísticas, do Governo e dos operadores. São esforços que já estão a produzir os primeiros resultados, que são animadores. Ainda é o início, claro. Depois, precisamos também - e se calhar até deveríamos começar por aí - de pensar que tipo de turismo pretendemos ter, se será corporativo, familiar ou de massas. Em Maputo, vivemos do turismo de negócios, mas ainda não está suficientemente desenvolvido. Teríamos de atrair grandes eventos internacionais de forma regular, como acontece em Joanesburgo, Lisboa e tantas outras cidades. Para outras zonas do País, a oferta tem de ser diferenciada. No que a nós, operadores, diz respeito, creio que, enquanto sector, devemos criar pacotes turísticos apetecíveis, promoções, ofertas diversificadas para os vários públicos-alvo. Por fim, aguardar por algum desenvolvimento económico e social para potenciar um vector do turismo muito importante, o turismo interno”. E prossegue: “creio que, a um nível mais alargado, será necessário fomentar infra-estruturas logísticas, do saneamento à saúde. Isso, aliado à oferta que o sector tem de gerar, irá fazer crescer uma verdadeira indústria em torno do turismo familiar e de lazer”.

Olhando ao grupo que lidera, explica que a ampliação da rede para Nampula e Cabo Delgado está no horizonte, para aproveitar o crescimento exponencial que se espera no norte do País, assim que avancem os projectos de gás. “O nosso objectivo é crescer, claro, mas sabemos, até por valores que temos na família, que temos de o fazer contando com os nossos colaboradores, formando as nossas equipas e gerando mais postos de trabalho. O nosso objectivo está bem vincado na identidade corporativa do grupo e passa por ser mais do que um hotel, contribuindo para a criação de cadeias de valor auto-sustentáveis, procurando ampliar a importância do que é hoje o turismo a vários níveis”, assegura.

Depois de anos difíceis para a economia nacional, em que o turismo também sofreu as consequências da pandemia e de uma desaceleraçao económica, o gestor acredita que o mercado nacional“torna tudo possível”. Uma crença assente na diversidade e potencial económico, social e cultural. “O turis- mo é, de facto, fundamental para o desenvolvimento sustentável do País, por via do incremento de receitas do Estado, das várias províncias e das comunidades”.

Em relação ao grupo VIP, explica como, no final da década passada e ainda antes da pandemia, “já havia o objectivo de ampliar a rede de hotéis e entrar em novos segmentos que não têm sido muito explorados. Depois veio a pandemia, mas podemos assegurar que esses planos são para executar”.

E é nesta perspectiva de expansão que se cumpre o desígnio do seu fundador: estar presente em todas as províncias do País. “Esse continua a ser um objectivo nosso, sem dúvida, através da abertura de resorts em que o turismo de lazer e o de negócios andam de mãos dadas e em que a oferta é absolutamente de qualidade. Queremos continuar a crescer e a ter, cada vez, mais qualidade”.

TEXTO Leandro Albino FOTOGRAFIA Mariano Silva

É uma cadeia hoteleira inteiramente moçambicana, mas cujo nascimento ocorreu fora do País, naquela que é uma história pouco usual: a rede de hotéis foi fundada em Portugal, em 1978, por um moçambicano. A expansão da actividade trouxe-a, décadas depois, de regresso a casa.

Era este, de resto, um sonho de família quando, há 43 anos, se iniciou um negócio que continua em crescimento até aos dias de hoje. O grupo tornou-se multinacional, mas nem por isso deixou de ter gestão familiar. Integra actualmente 16 unidades (de três, quatro e cinco estrelas) em funcionamento, entre Portugal, Angola e Moçambique.

Possui dois motores de 100 kW eléctricos e seis baterias que conferem uma autonomia de 50 milhas náuticas (cerca de 100 km em terra) entre recargas

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