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“Apostamos no Agro-Negócio pelo seu Grande Potencial”
O Standard Bank organiza fóruns de agro-negócio desde 2021 - já vão na quarta edição - como mecanismo para encontrar soluções para os desafios do sector. Qual tem sido o papel destes fóruns e o posicionamento da instituição? É o que nos explica o director de Banca Comercial e Negócios, João Guirengane
Osector do agro-negócio ocupa um lugar de destaque na economia moçambicana. Existe um enorme potencial no sector agrário, mas ainda existem desafios que devem ser superados, sendo os mais gritantes uma infra-estrutura logística deficiente, a fraca integração das cadeias de valor e o baixo nível de produtividade do sector, de uma forma geral. A partir desta constatação, o Standard Bank está a adoptar uma abordagem holística na oferta de soluções financeiras a este sector, que inclui a realização de fóruns, juntando os principais operadores da indústria da agricultura. Como é que isto funciona e que resultados se podem esperar?
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Quem é a audiência target dos fóruns de agro-negócio realizados pelo Standard Bank?
Estes fóruns são destinados a todos os actores da cadeia de valor do agro-negócio, incluindo fornecedores de produtos e serviços, pequenos agricultores, produtores, agregadores de produção, processadores, operadores de logística, comerciantes, empresas de inspecção e certificação, empresas de marketing e distribuição domésticas e internacionais, entre outras entidades.
O agro-negócio é um sector estruturante do presente e do futuro da economia nacional. Como é que o Standard Bank o encara e de que forma é que isto se reflecte na vossa oferta de serviços?
O Standard Bank reconhece o papel estruturante do agro-negócio na economia
Texto e Fotografia M4D Targeted Content
nacional e, em linha com esse potencial, tem organizado sessões de reflexão sobre o desenvolvimento deste sector, particularmente sobre o aumento da competitividade e resiliência e também sobre as oportunidades de crescimento. O Standard Bank adopta uma abordagem holística na oferta de produtos e serviços ao sector do agro-negócio, no sentido de ajudar o País a passar de uma economia agrícola de subsistência para uma agricultura comercial, através da bancarização do sector como um todo. Isto inclui a prestação de serviços à medida das necessidades dos vários operadores da cadeia de valor, para que possam transformar e fazer crescer o seu negócio de uma forma sustentável. O Standard Bank oferece um conjunto de soluções financeiras que facilitam o comércio doméstico e externo, incluindo empréstimos, crédito documentário, leasing e seguros.
Numa perspectiva mais macro, qual é a estratégia do banco face ao agro-negócio?
O agro-negócio é dos sectores da economia que melhor pode alavancar um desenvolvimento económico de base alargada, estimulando a aceleração do crescimento do PIB, a criação de mais postos de trabalho, a segurança alimentar, contenção da inflação, equilíbrio da balança comercial e com impacto positivo no desenvolvimento da infra-estrutura logística do País. Em reconhecimento a deste importante papel e efeito multiplicador que o sector desempenha na economia, o banco posiciona-se como parceiro de crescimento do sector de agro-negócio.
As PME estão no centro deste segmento. Qual é a estratégia do banco para este universo empresarial?
As PME constituem a larga maioria do tecido agro-empresarial moçambicano, por isso, não podem, de forma alguma, ser negligenciadas. Ciente deste facto, o banco tem como estratégia-mãe a exploração de ecossistemas de negócio que incluem, por exemplo, as ligações empresariais intrínsecas das grandes empresas com as PME, reflectindo a relação de interdependência entre ambos os segmentos empresariais. O Standard Bank foi o primeiro banco no mercado a criar uma incubadora de negócios com o objectivo de alavancar as startups e PME, incluindo as do sector de agro-negócio, através da qual o banco auxilia na estruturação de ideias de negócio que tenham impacto na comunidade e ajuda a resolver os problemas do dia-a-dia de forma simples e criativa.
Há outros eventos do género, dentro deste tema, e outros em agenda para o resto do ano?
Prevemos realizar mais um fórum de agro-negócio este ano. Após o evento dos dias 27 e 28 de Junho em Chimoio, o banco encontra-se neste momento a fazer uma avaliação para decidir onde e quando exactamente será o próximo.
A questão do financiamento: como é que a banca se pode posicionar como um player ao serviço do desenvolvimento do sector agrário?
O banco já é um player importante no financiamento ao sector, tendo forte exposição de crédito a subsectores agrários relevantes do País como o tabaco, milho, açúcar e banana. Tal financiamento é concedido a mutuários ao longo das várias cadeias de valor, incluindo traders, operadores logísticos, processadores, produtores (como os casos dos outgrowers) e fornecedores de produtos e serviços interligados comercialmente. Temos o exemplo da interligação existente entre uma empresa açucareira e os seus outgrowers que produzem cana para a empre- sa açucareira. Tendo dito isto, continua ainda a ser um desafio para os bancos comerciais financiarem o sector tendo em conta os riscos e incertezas inerentes. Contudo, o conhecimento especializado e experiência na estruturação de propostas de crédito ao sector que o banco detém, ajuda a manter o Standard Bank como um líder no financiamento ao agro-negócio no País.
Outro tópico que, por certo, é debatido nestes fóruns é a questão da promoção das exportações agrícolas: isto mexe com a questão da qualidade, infra-estruturas, energia, tecnologia, tudo temas e áreas em que o banco está a apostar.
Exactamente. Neste último fórum de Manica e no segundo fórum realizado em meados do ano passado em Nampula houve discussões muito centradas na promoção das exportações. Aí entram todos esses factores com impacto na capacidade de os produtos de Moçambique poderem penetrar e competir em mercados externos com outros países. As reflexões que temos tido nestes fóruns e a experiência do banco sugerem que a construção da competitividade no comércio internacional é um processo contínuo que vai muito além de os produtos do País serem ou não competitivos na perspectiva de custo-preço. Há muitos outros factores como, por exemplo, a qualidade em conformidade com os padrões internacionalmente aceites, capacidade de fornecer com a regularidade requerida pelo mercado, rastreabilidade do produto desde a sua origem e muito mais. Mais recentemente, factores como a compatibilidade dos processos produtivos com metas ambientais e sociais começam a pesar também na questão de competitividade associada a exportações para certos mercados mais exigentes. Ainda para promover a exportação de produtos agrícolas e o acesso a novos mercados, o banco tem facilitado a entrada de empresas moçambicanas no mercado chinês. Recentemente, o Standard Bank levou algumas empresas que operam no sector agrícola a duas feiras na China, nomeadamente a China International Import Expo e China Africa Economic and Trade Expo.
Sendo o Standard um banco muito associado ao investimento e à relação com parceiros de investimento externos, que tipo de valor acrescentado é que este tipo de iniciativa pode trazer? De que forma se pode fazer a ponte entre o sector e os principais investidores e parceiros de investimento no País?
Tipicamente, os investidores e potenciais investidores baseiam as suas decisões, entre outros factores, em informação concreta de mercado para aferir a viabilidade e o nível de retorno do seu investimento. Nesta perspectiva, este tipo de iniciativas apoia a identificação e divulgação de oportunidades de investimento, apoia o mapeamento e ligação de investidores com outras entidades (fornecedores de produtos e serviços, parceiros de negócio) e serve como um canal para networking entre investidores. O Standard Bank é um banco com presença em várias praças financeiras em África e fo- ra do continente, ou seja, com uma vasta rede de comunicação que serve para divulgação e promoção de oportunidades de investimento no agro-negócio do País e não só.
Qual é o balanço que o Standard Bank faz dos três fóruns de agro-negócios já realizados?
O balanço é positivo. A cada fórum realizado verificamos maior percepção dos objectivos e interesse do público-alvo, através de uma participação activa crescente. Por outro lado, o evento tem conseguido alcançar o seu propósito de ligar todos os intervenientes da indústria da agricultura, sejam eles pequenas ou grandes empresas, produtores ou prestadores de serviços, do sector privado ou do sector público. Um exemplo disso é o facto de, na última edição, realizada nos dias 27 e 28 de Junho, em Chimoio, ter-se verificado a participação de empresas sediadas em províncias distantes como Maputo, por exemplo. E de representantes de produtores de pequena escala também terem participado. Neste último fórum, em Chimoio, tivemos também a participação de representantes do sector de países vizinhos, nomeadamente do Zimbabué e da África do Sul, o que é um grande ganho, na medida em que um dos objectivos é ligar todos os integrantes da cadeia de valor também na perspectiva da zona africana de comércio livre – adesão à qual Moçambique ratificou recentemente, promovendo maior investimento, mais resiliência e maior competitividade.
Ainflação tem sido um tema de grande destaque desde 2020 até ao momento devido às repercussões que tem provocado e aos efeitos no custo de vida dos agentes económicos. Os factores que predominantemente contribuem para a evolução dos preços na economia global são: a inflação motivada pela procura, a inflação por custos, a depreciação da moeda, o aumento da base monetária e os aumentos salariais.
A inflação por via da procura, também conhecida como demand pull inflation, ocorre quando a procura por bens e serviços excede a capacidade da economia de produzi-los e fornecê-los, resultando em pressões positivas nos preços. A inflação por custos, também chamada de cost-pull inflation, acontece quando os custos relacionados com a produção das empresas aumentam, levando-as a repassar esses custos para os preços pagos pelos consumidores. A depreciação da moeda é outro factor importante, pois quando a moeda nacional se desvaloriza no mercado cambial, as exportações do país tornam-se mais atraentes para outras economias, aumentando a procura por bens domésticos e tornando os produtos estrangeiros mais caros devido à taxa de câmbio. Isso leva o país a importar inflação do exterior de forma directa. O aumento da base monetária exerce também pressão sobre os preços, pois aumenta a quantidade de dinheiro em circulação na economia, geralmente por meio da actividade de concessão de crédito pelos bancos comerciais.
Esses quatro factores têm sido observados desde o relaxamento das restrições impostas durante a pandemia de covid-19 em 2020. Os elevados estímulos económicos dos bancos centrais, juntamente com os constrangimentos nas cadeias de abastecimento e a retoma da procura com a abertura das economias, levaram à alta da inflação em todo o mundo. A eclosão da guerra na Ucrânia também agravou significativamente os preços das commodities energéticas e alimentares, gerando inflação a nível global. Actualmente, temos observado uma reversão na tendência da inflação, com quedas em muitas economias devido ao ajustamento nos preços das commodities. Por exemplo, nos Estados Unidos, a inflação em Junho de 2022 fixou-se em