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“Investimos Muito e Tornámo-nos Numa Referência Regional”
Nos últimos anos, a Nacala Logistics realizou grandes intervenções na modernização da infra-estrutura logística e portuária, tornando o Corredor de Nacala num dos maiores projectos da região. Qual é a resposta em termos de competitividade e qual o contributo para o desenvolvimento nacional e regional?
Texto Celso Chambisso • Fotografia Nacala Logistics
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ANacala Logistics é parceira do grande exportador de carvão, a Vulcan Moçambique. É especializada em logística de carvão, carga geral e transporte de passageiros, além das operações portuárias. Hoje, os interesses das empresas de logística que operam ao longo do corredor - o Corredor de Desenvolvimento do Norte (CDN), o Corredor de Logística Integrada de Nacala (CLN) e as ferrovias do Centro Oriente Africano (CEAR) - estão consolidados e são representados pela Nacala Logistics.Numa entrevista à revista “Africa Outlook Magazine”, do Reino Unido, o CEO da Nacala Logistics, Abhay Mishra, afirmou que “o Corredor de Nacala é já um dos maiores projectos de infra-estrutura logística construído na África Austral”. O responsável referia-se ao resultado dos investimentos feitos nos últimos anos.
Qual é a magnitude de todo o empreendimento da Nacala Logistics e qual o seu peso em termos de competitividade, visibilidade e rentabilidade, comparando com outros corredores importantes como os de Maputo e da Beira?
O Corredor Logístico de Nacala é um projecto ambicioso que procura impulsionar o desenvolvimento económico e a competitividade do País. O Corredor de Desenvolvimento do Norte (CDN, ferrovia) é parte fundamental deste desenvolvimento, criado para conectar o Maláui e atender às necessidades de transporte de carga em trânsito (importação e exportação) para aquele país através do Porto de
Nacala. Comparando com outros corredores logísticos importantes, como o Corredor de Maputo e o Corredor da Beira, o de Nacala destaca-se por ocupar uma posição estratégica em termos de transporte de cargas em trânsito, ao nível da eficiência operacional e da qualidade de infra-estruturas nesta região. Esta posição estratégica torna-o numa peça chave para o desenvolvimento económico da região e para a competitividade de Moçambique no cenário global. Pela sua relevância no comércio externo do País e dos países vizinhos, o Corredor Logístico de Nacala desempenha um papel crucial para a economia regional. O transporte de produtos como gesso, clínquer, fertilizantes, grãos e outras commodities por este corredor é fundamental para o crescimento económico. Nos últimos anos foram realizados investimentos significativos na modernização das suas infra-estruturas, concretamente na ferrovia e no Porto de Nacala, resultando numa operação mais eficiente e confiável. Também foram feitos investimentos na construção de portos secos ao longo do corredor e as obras de ligação à Zâmbia, através da fronteira de Chipata, estão em andamento.
A Nacala Logistics vai introduzir mais uma rota de passageiros, entre Nampula e Nacala, após 33 anos sem o serviço neste percurso. Qual é a importância e o objectivo desta retoma?
É um grande marco na história da empresa e do País. Estamos para dar à comunidade de Nacala e à província de Nampula, em geral, mais uma via para o transporte de pessoas e mercadorias na rota
Nampula – Muchilipo, a um custo reduzido e com mais segurança que as outras alternativas. Onde há transporte, há desenvolvimento, há possibilidades de expansão de mercados de todo o tipo para melhorar a vida das comunidades. Para este serviço investimos na melhoria das infra-estruturas, como estações ferroviárias (em Namialo e Muchilipo) que, durante décadas, estiveram inoperacionais. Com a introdução deste comboio, mais pessoas poderão transportar os seus produtos, com menor custo. Temos orgulho em contribuir para este objectivo e fortalecer o nosso papel de impulsionadores da economia local.
A Nacala Logistics é uma empresa ferro-portuária responsável pela gestão de várias infra-estruturas: o Terminal Portuário Multiusos de Nacala-a-Velha e 1600 quilómetros de ferrovia. Os serviços de logística de carvão e das operações portuárias em Nacala-à-Velha têm maior peso que os restantes?
Com uma rede ferroviária com activos de nível mundial, a Nacala Logistics entrega um valor inesgotável aos seus utilizadores. Atendendo a uma lista diversa de clientes em todo o mundo, aproximadamente 70% do mercado da empresa está baseado na Ásia. Enquanto isso, África representa o segundo maior mercado com 5%. Sendo o carvão a principal carga do transporte ferroviário no Corredor de Nacala, é quase natural que seja a maior operação da empresa. No entanto, isso não significa que seja a nossa única prioridade. Fazemos todos os esforços de investimento, técnicos e de pessoal, para tornar o transporte de cargas gerais numa referência na região.
Nos últimos tempos, anunciaram intervenções de vulto na modernização. Em que consistiram, quanto custaram e que impacto trouxeram para a eficiência e rentabilidade da empresa?
Nos últimos três anos fizemos um grande investimento para aumentar a capacidade de movimentação e transporte de cargas na ferrovia, com melhorias nas linhas sul e norte. Fizemos um investimento específico para carga geral na secção sul-norte do Maláui e adquirimos mais locomotivas. Estamos a falar de milhares de dólares em investimentos que, obviamente, trazem resultados. Desde que assumimos a gestão da empresa, realizámos melhorias significativas e superámos grandes problemas operacionais e de manutenção em pouco tempo. Estou feliz por partilhar que a equipa da Nacala Logistics quebrou todos os recordes anteriores de operação ferroviária e portuária no primeiro ano de gestão da actual companhia. Para complementar, de 2019 até ao final de 2022, pagámos aproximadamente 540 milhões em impostos, incluindo impostos corporativos, taxas de concessão e outros.
O conflito entre a Rússia e Ucrânia também determinou mudanças importantes ao nível do comércio inter- nacional. Isso teve impacto no Corredor de Nacala?
No primeiro ano teve um impacto significativo. As consequências foram sentidas directamente nas operações logísticas da região. O Corredor de Nacala é vital no transporte de commodities como fertilizantes e trigo para os países da África Austral, e como o conflito afectou a disponibilidade desses produtos no mercado internacional, isso levou a uma redução do volume de importação pelo Corredor. Além disso, a falta de produtos importados, principalmente trigo e fertilizantes, causou um aumento significativo dos seus preços, o que tem um impacto negativo na competitividade do Corredor de Nacala em relação a outras rotas comerciais disponíveis na região. Os países dependentes desta rota depararam-se com a difícil decisão de absorver os custos de transporte mais elevados ao longo do Corredor de Nacala ou de explorar alternativas de importação através de outras rotas, procurando preços mais vantajosos.
Quais os grandes desafios que os operadores do Corredor de Nacala enfrentam na actualidade e quais são as ambições e compromissos para o futuro?
A prioridade é estabilizar as operações. Depois da transição da reestruturação societária e do enorme impacto dos ciclones que este ano passaram por Moçambique e Maláui, tivemos de recuperar praticamente do zero. Olhando do ponto de vista comercial, a vocação natural do corredor é atingir toda a sua extensão, ou seja, levar os caminhos-de-ferro a operar até à fronteira da Zâmbia, no curto prazo. Diversificar a actividade para outros modelos logísticos está também em cima da mesa. O caminho-de-ferro é o modo de transporte por excelência, mas, eventualmente, o envolvimento com o modelo rodoviário pode optimizar alguns fluxos e apoiar o crescimento do corredor na sua capacidade total.
João Gomes • Partner @BlueBiz
Vem este artigo a propósito de estudos1 recentes que nos revelam que:
- 45%2 das empresas africanas classificaram a Transformação Digital (TD) como uma prioridade estratégica.
- A adopção de tecnologias digitais nas empresas africanas pode aumentar a produtividade em até 20% e os lucros em até 25%.3
Contudo, em África, a adopção da TD apresenta oportunidades e desafios únicos.
Neste artigo, convido o meu leitor@ a responder à pergunta: Que estratégias poderão as empresas africanas utilizar para maximizar o retorno sobre o investimento (ROI) dos seus projectos de TD?
Vejamos sucessivamente:
- O que é a Transformação Digital (TD) no contexto africano.
- Como se calcula o Retorno do Investimento (ROI).
- Que estratégias empregar para maximizar o ROI dos projectos de TD. - Conclusão.
1. O que é a Transformação Digital (TD), no contexto africano?
Na minha opinião, e de acordo com o Projecto de Estratégia de Transformação Digital para África (2020-2030)4, a Transformação Digital consiste:
- Num conjunto articulado de iniciativas: Por exemplo, até 2030, todos os cidadãos africanos deverão estar digitalmente habilitados e capazes de aceder de forma segura e protegida a, pelo menos, 6 Mb/s [megabits por segundo de largura de banda de Internet] em qualquer lugar do continente africano, a um preço acessível não superior a 1 cts USD por Mb, através de um dispositivo inteligente fabricado no continente, a um preço que não ultrapasse 100 USD, para be-