Jornal de Abrantes - abril 2022

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/ Abrantes / Constância / Mação / Sardoal / Vila Nova da Barquinha / Vila de Rei / Diretora Patrícia Seixas ABRIL 2022 / Edição nº 5614 Mensal / ANO 121

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/ JORNAL DE ABRANTES

121 ANOS

*De 01 a 30 de abril

a j ¶

POLÍTICA


A ABRIR / FOTO OBSERVADOR /

EDITORIAL /

/ Patrícia Seixas / DIRETORA

Chegámos ao mês da Páscoa. Mas numa altura em que se deseja que seja passada em paz e em família, os corações continuam apertados e angustiados com o que se vive aqui ao lado. A guerra continua a fazer vítimas e nós continuamos a sentir uma incerteza enorme em relação ao futuro. Contudo, que este seja o mês da introspeção e que realmente tenhamos aprendido algo de útil nos últimos anos de pandemia. Continuamos a precisar do espírito de entreajuda, da solidariedade entre povos e de muita resiliência. E para ajudar nessa caminhada, nada melhor do que passar pelo Sardoal e viver a Semana Santa com a intensidade com que os sardoalenses a vivem. Seja-se crente ou não. No entanto, para além das cerimónias religiosas, que trazem o peso da condenação e da morte mas também da alegria da ressurreição, não esquecer que a vida precisa de animação e que estão aí as Festas do Concelho de Constância, as primeiras da região. Os cabeças de cartaz falam por si e não dá mesmo para perder o concerto de Fernando Daniel e de assistir a Ana Laíns a atuar em casa. Este ano, as Festas têm uma novidade. Há mais um dia para aproveitar. Contamos-lhe tudo nas páginas do seu jornal. Finalmente, fechou-se o processo das Eleições Autárquicas no concelho de Abrantes. Os eleitores da União de Freguesias de Alvega e Concavada foram a votos e António Moutinho é o novo presidente da Junta. Foi o Movimento Independente que venceu as eleições e retirou a Junta ao PS. Outro processo que parece ter chegado ao fim é o da Central do Pego. A Endesa venceu o concurso público e apresenta um investimento de 600 milhões de euros. Pouco mais ainda se sabe mas aguardamos para ver o que se segue em termos de energias renováveis na região. Projetos parece que há, e ainda são alguns, resta saber o quê e quando. Mas aproveitemos abril que também é o mês da Revolução dos Cravos, numa altura em que já se viveram mais dias em liberdade do que os passados em ditadura. Para festejar e muito e lembrar que nada nesta vida, nem nestas democracias, é certo. Basta, mais uma vez, olhar para o lado. E abril é ainda o mês da Prevenção dos Maus Tratos na Infância. Um flagelo que persiste em pleno século XXI e que está apenas nas nossas mãos erradicar. Deixo-vos com uma palavra de esperança, apesar das nuvens negras que pairam sobre o mundo. Façamos, cada um de nós, a sua parte e talvez consigamos mudar o mundo. Pelo menos, o nosso mundo. Boas leituras.

ja / JORNAL DE ABRANTES

Os párocos do concelho de Abrantes, com as vestes do tempo que vivemos, em termos católicos, a Quaresma. O padre Ivan, convidado, com as vestes da igreja Ortodoxa, mas de bandeira da Ucrânia na mão, acompanhou a celebração num altar montado num palco na Praça Raimundo Soares, em Abrantes, com a Imagem de Nossa Senhora presente. E o espaço público bem composto por abrantinos e por ucranianos que vivem por estas

PERFIL /

/ Naturalidade / Residência: Lisboa / Tramagal

amanhã, o que faria hoje? Casava com a pessoa que amo.

/ Qual é o seu maior medo? Envelhecer sozinho.

/ O que mais valoriza nos seus amigos? Sem dúvida a fidelidade e a honestidade. Nos tempos em que vivemos estes são valores cada vez mais raros.

/ Que pessoa viva mais admira? A minha mãe.

/ Hugo Alexandre de Mongiardim Flor e Malainho Garcia, 44 anos / Repórter de Imagem free lancer depois de 11 anos como colaborador na Benfica TV.

bandas e que quiseram estar presentes. Foi assim o início de noite de 16 de março com a realização de uma vigília pela paz na Ucrânia. A cerimónia religiosa adaptou-se ao local e o presidente da Câmara de Abrantes anunciou que a bandeira da Ucrânia vai estar hasteada nos Paços do Concelho até que termine a guerra. Abrantes esteve solidária com o povo ucraniano.

/ Onde e quando foi mais feliz? Na minha adolescência em Madrid, onde vivi vários anos. São muitas as recordações que guardo dessa altura. Fui, e sou feliz em vários locais. Mas Madrid é especial. / Que talento mais gostaria de ter? Compor músicas ao piano, um dos meus instrumentos de eleição. Recentemente tive aulas de piano, no entanto, é uma paixão que ainda gostaria de aprofundar.

/ Quem são os seus artistas favoritos? Musicalmente os “Sigur Rós” que se voltaram a juntar e que vou ver ao vivo em Portugal em setembro próximo. Na área da fotografia, admiro vários artistas. É uma área em que atualmente me estou a especializar e estou muito atento ao trabalho dos artistas nacionais e regionais.

/ Se pudesse mudar uma característica em si, o que seria? Gostava de ser menos rezingão. É uma característica que tenho em momentos mais stressantes.

/ Quem é o seu herói da ficção? Da atualidade, uma das figuras de super heróis escolheria o “Wolverine”. Se me remeter à minha infância, recordo uma história de ficção que me marcou fortemente. Contudo, não tenho exatamente uma personagem a tirar deste livro / filme “Meu Pé de Laranja Lima”.

/ Se soubesse que morria

/ Com que figura histórica mais

se identifica? Existem vários. De entre alguns que admiro muito talvez escolhesse “Friedrich Nietzsche”. Um filósofo que escreveu vários textos críticos sobre a religião, a moral e a cultura contemporânea. / Quem são os seus heróis da vida real? “Pepe Mujica”, ex presidente da República do Uruguai pelos seus valores e a forma como encara a vida. / Onde gostaria mais de viver? Em Espanha, que revisito várias vezes ao ano, porque desde a adolescência me identifico com a cultura e forma de estar dos espanhóis. / Se fosse presidente de Câmara, o que faria? Promoveria as condições condignas para que ação social acontecesse de forma generalizada para todos os habitantes da região. Daria também uma importância redobrada à agenda cultural. É verdade que acontece em qualidade, mas sinto falta de mais atividades de rua.

FICHA TÉCNICA Direção Geral/Departamento Financeiro Luís Nuno Ablú Dias, 241 360 170, luisabludias@mediaon.com.pt. Diretora Patrícia Seixas (CP.4089 A), patriciaseixas@mediaon.com.pt Telem: 962 109 924 Redação Jerónimo Belo Jorge (CP.7524 A), jeronimobelojorge@mediaon.com.pt, Telem: 962 108 759. Colaboradores Berta Silva Lopes, Leonel Mourato, Paula Gil, Paulo Delgado, Taras Dudnyk, Teresa Aparício. Cronistas Alves Jana e Nuno Alves. Departamento Comercial. comercial@mediaon.com.pt. Design gráfico e paginação João Pereira. Sede do Impressor Unipress Centro Gráfico, Lda. Travessa Anselmo Braancamp 220, 4410-359 Arcozelo Vila Nova de Gaia. Contactos 241 360 170 | 962 108 759 | 962 109 924. geral@mediaon.com.pt. Sede do editor e sede da redação Av. General Humberto Delgado Edf. Mira Rio, Apartado 65, 2204-909 Abrantes. Editora e proprietária Media On - Comunicação Social, Lda., Capital Social: 50.000 euros, Nº Contribuinte: 505 500 094. Av. General Humberto Delgado Edf. Mira Rio, Apartado 65, 2204-909 Abrantes. Detentores do capital social Luís Nuno Ablú Dias 70% e Susana Leonor Rodrigues André Ablú Dias 30%. Gerência Luís Nuno Ablú Dias. Tiragem 15.000 exemplares. Distribuição gratuita Dep. Legal 219397/04 Nº Registo ERC 100783. Estatuto do Jornal de Abrantes disponível em jornaldeabrantes.sapo.pt RECEBA COMODAMENTE O JORNAL DE ABRANTES EM SUA CASA POR APENAS 10 EUROS (CUSTOS DE ENVIO) IBAN: PT50003600599910009326567. Membro de:

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JORNAL DE ABRANTES / Abril 2022


ENTREVISTA /

A urgência é o coração do CHMT senão, era um centro clínico

que tinham mais ‘aperto’ em relação à procura dos hospitais.

O investimento na Anatomia Patológica criou um laboratório de referência. É uma aposta de futuro?

// Casimiro Ramos assumiu a presidência do Conselho de Administração do Centro Hospitalar do Médio Tejo em junho do ano passado. Cerca de nove meses depois de entrar na Administração concedeu uma entrevista ao Jornal de Abrantes e à rádio Antena Livre onde fala sobre a Covid, que ainda marca a atividade hospitalar. Avançou com as novidades de que o Labora-tório (na unidade de Tomar) terá um serviço que coloca o CHMT como o primeiro segundo laboratório logo a seguir ao Instituto Ricardo Jorge. Confirmou que as obras da Urgência e Consulta Externa de Abrantes já está em fase de análise de propostas e que a Ressonância Magnética vai poder, em breve, fazer exames cardíacos. Anunciou novos investimentos na Pedopsiquiatria e diz que os cidadãos têm de olhar para a saúde de forma preventiva e não apenas no recurso aos tratamentos médicos. Entrevista por Jerónimo Belo Jorge

Vamos em 9 meses desde que este CA assumiu funções. Foram meses marcados pela pandemia ainda, mesmo que com o alívio gradual, por um lado da doença grave, e por outro, das medidas de restrição?

Embora estejamos, constantemente, na expetativa de deixar, a pouco e pouco, o impacto que a Covid tem no dia a dia de todos nós, e da atividade hospitalar em particular, na verdade, apesar de em setembro e outubro de 2021 estarmos animados e a relançar o novembro e dezembro trouxe mais doentes aos hospitais. E mais doentes com problemas de saúde tinham si-do adiados por causa da Covid. Dezembro e janeiro são meses marcados por duas coisas distintas, por um lado, a Covid que não nos deixa, e, por outro lado, a necessidade imperiosa de retomar a atividade normal de todos os serviços, em recuperar as situações dos doentes que têm visto ser adiadas as consultas e as intervenções cirúrgicas e que são de extrema urgência. Num esforço excecional, e já característico, dos profissionais do CHMT conseguiu-se, durante o mês de janeiro, não parar totalmente a atividade cirúrgica, houve um abrandamento para permitir a reabertura de uma segunda enfermaria Covid. Desde o início de março retomou-se a atividade cirúrgica normal e permitiu recuperar as listas de espera de forma brutal. Isto só foi possível com o empenho e sentido de responsabilidade dos profissionais do CHMT, porque se nos recordarmos de dezembro e janeiro

as dificuldades eram muitas em todas as unidades hospitalares. Quero deixar esta mensagem, há muitas coisas que necessitamos de melhorar, há coisas que podem não correr tão bem, mas todos devem ter orgulho nos profissionais que têm todos os dias a cuidar deles.

Este alívio social, digamos assim, foi acompanhado pelos serviços de saúde?

Mais ou menos. Também acresceu aquela vaga de janeiro/fevereiro muitos profissionais terem ficado infetados, e em isolamento, o que dificultou bastante a organização dos serviços. Ficamos com menos profissionais e mais doentes. Mas a partir de março tem havido um abrandamento nos cuida-dos intensivos de Covid, tivemos um caso ou dois, mas na enfermaria normal não tem diminuído, tem andado entre os 30 e os 45. O quadro é que não apresenta casos tão graves....

... quer dizer, de forma muito simples, que a vacina está a ter efeito...

... Exatamente. O vírus não é tão agressivo. Mais de 30% dos casos de pessoas que estão em enfermaria Covid, não estão por causa deste vírus. Estão por outras causas, fazem o teste, é detetado a Covid e ficam na área de isolamento da Covid. Muitas das vezes nem chegam

a apresentar sintomas, mas como estão infetados têm de estar nessas áreas. Tem-se falado na sexta vaga, mas os nossos especialistas, digo os nossos médicos especialistas que acompanham isto dia a dia, acham que esta sexta vaga, numa variante do Ómicron, ainda é menos agressiva e não vai necessitar tanto de cuida-dos hospitalares. Mesmo assim vamos manter, mais um ou dois meses, uma enfermaria que era a que tinha cuidados intensivos preparados para a necessidade de acorrermos a mais internamentos. Estamos com as coisas planeadas e preparadas para dar resposta aquilo que venha a surgir.

Portanto, aquele grande plano de 200 camas para Covid para o Vale do Tejo e retaguarda da Grande Lisboa já foi desativada?

Temos uma enfermaria com cuidados intensivos que não tem ninguém. Em dezembro tínhamos uma enfermaria com 26 camas, e em janeiro passámos a ter duas. Passamos a ter 52 camas. Muito diferente que tivemos como hospital de retaguarda para o país que recebeu 377 doentes de outras regiões e internou 3 mil no total. Em todos os momentos a tutela agradece ao Médio Tejo esse momento solidário para ajudar outros

Esse é marco que nós queremos potenciar e que, no nosso ponto de vista, vai marcar o futuro do CHMT. Nada pode melhorar, nada pode evoluir se não mudar. E para mudar é preciso inovar. E para inovar é preciso investigar. Daí que a nossa estratégia, no plano de atividades, está a implementação de um centro de investigação que pretendemos desenvolver com as diversas entidades de ensino superior da região, e até mesmo alargar. E já estamos a dar passos. Os protocolos que assinámos com a Cruz Vermelha Portuguesa, com o Instituto Politécnico de Tomar e outros com escolas secundárias. E queremos alagar a outras áreas para além da investigação clínica, ir para a investigação em gestão, trabalhos em administração hospitalar, na logística, portanto há uma área de trabalho muito grande quer queremos ter em colaboração com as universidades para sermos inovadores e diferenciadores. E nesse sentido a nossa Anatomia Patológica tem sido uma das joias da coroa que tem vindo ao de cima com esta situação. Tenhamos presente que foram feitos mais de 260 mil testes à Covid nos últimos dois anos, 120 mil no ano passado, uma capacidade de realização de 2 mil testes por dia. Somos os únicos que conseguimos isolar o vírus Ómicron por método científico de testagem. O único laboratório hospitalar certificado pelo Instituto Ricardo Jorge para identificar o Ómicron é o nosso laboratório que tem um quadro de pessoal muito qualificado e com muita vontade de investigar o que nos leva a fazer uma grande aposta nesta área, pelo que vamos criar um laboratório de nível 3 de segurança. Trata-se de uma sala toda isolada para evitar a contaminação de amostras e com isto colocarmo-nos no top como primeiro segundo laboratório do país. É algo brilhante que só se deve ao empenho e trabalho dos profissionais, em particular do seu diretor de serviço, dr. Carlos Cortes. É uma peça fundamental e muito visionário do que deverá ser o futuro.

Mas não havia esta previsão, do serviço passar para um Centro de Estudos...

...é como uma bola de neve. Aliás, a nossa estratégia e a nossa visão é mui-to clara. O CHMT tem de ser uma referência a nível nacional pela diferenciação em várias áreas. E isso consegue-se através de profissionais mais qualificação e atualização constante dos equipamentos disponíveis. Que os utentes venham ao CHMT por ser do Serviço Nacional de Saúde, mas que tenham a confiança: vou ali porque sei que vou ser bem tratado. Isso só acontece quando nas diversas áreas temos profissionais qualificados e damos resposta. Isso atrai cada vez mais profissionais, cada vez mais especialistas, isso permite fazer cada vez melhor serviço. E na Patologia Clínica aconteceu precisamente isso, porque a necessidade de fazer testes levou a um investimento, levou à qualificação das pessoas, que

Abril 2022 / JORNAL DE ABRANTES

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ENTREVISTA / um salto nas respostas de saúde que estão em défice?

Temos sentido, da parte dos profissionais, que a ambição deles é fazer coisas novas e aqui tem a possibilidade que não terão nos hospitais centrais onde estão os grandes profissionais. O que estamos a fazer com Santarém, e estamos a tentar abrir portas com outras unidades, é abrir o leque de oportunidades para o utente, em primeiro lugar. Com Santarém temos uma parceria em Nefrologia que é para aprofundar. Olhe, na área do Sangue, nós fazemos entrega de Sangue a Lisboa todas as semanas. O Hospital de Santarém faz recolha de Sangue, mas não faz separação de componentes. Nós fazemos separação em Torres Novas. E podem comprar ao CHMT e não a outra entidade fora do SNS. E se fizerem isto há poupança de recursos dentro do SNS. E isto mostra aos profissionais que há mais oportunidades. Esta lógica de rede também pode ser atrativa para os profissionais. levou à aposta no serviço faz com que tenhamos de apostar mais e crescer mais porque isso está-nos a diferenciar e a dar esse potencial que nós pretendemos.

A “long covid” é nesta altura uma preocupação real?

Esse é um trabalho que ainda está em curso e a Patologia Clínica vai fazer um trabalho importante, do ponto de vista da investigação. Temos, desde há seis meses, uma consulta pós-Covid que faz o acompanhamento dos do-entes que foram mais críticos, para se perceber a relação causa-efeito. É uma preocupação porque temos de antecipar as situações. Há uma que está sinalizada e que é a saúde mental que veio ao “de cima” com a pandemia, mas que já estava em crescendo na sociedade por diversas razões. Mas há um problema de saúde mental que é preciso acompanhar e numa faixa etária que vai dos 20 aos 30 anos e que é bastante preocupante. Daí que uma das apostas do CHMT nos próximos dois anos é a saúde mental. Temos um projeto na tutela, para nos candidatarmos a fundos de apoio, e que pretende alargar o serviço na unidade de Tomar para mais quatro camas e a construção, em módulos, de uma área de pedopsiquiatria, com gabinetes de consultas, salas de atividades porque os números que temos, da região, vai trazer problemas e temos de nos preparar para isso.

A saúde criou uma resposta à Covid-19, mas nas outras doenças, as outras especialidades médicas que foram ficando para trás, começamos a recuperar?

Começamos a reativar serviços a 15 de setembro e, para além disso, tive-mos a entrada em funcionamento da TAC em Torres Novas e da Ressonância Magnética em Abrantes que nos permitiu deixar de ir fazer estes exames ao exterior. Na recuperação das listas de espera a rapidez passou a ser muito maior. Em quase tudo recuperamos e o final de 2021 fechou com acréscimo de atividade superior a 2020 com apenas a exceção dos partos e da hemodiálise. E isso foi conseguido com o empenhamento de todos os

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JORNAL DE ABRANTES / Abril 2022

“Somos os únicos que conseguimos isolar o vírus Ómicron por método científico de testagem”

E a Urgência de Abrantes. A Renovação e alargamento do serviço de Urgência Medica e Cirúrgica (2,9 Milhões Euros), avança este ano?

profissionais e das condições que foram criadas para recuperar listas de espera. E mesmo em Ortopedia, um calcanhar de Aquiles, houve uma recuperação de 80%. Nós somos a única unidade hospitalar do país que faz operação ao colo do fémur em 48 horas. Se entrar alguém com este problema na urgência (de Abrantes) em 2 ou 3 horas está a ter intervenção. Isto é único no país. E nós estávamos no fim da lista e a equipa de ortopedia e anestesia, envolvidos neste processo, fizeram um trabalho fantástico nesta recuperação. No geral a situação está muito próxima da normalidade e a continuar a fazer a recuperação de listas de espera. Todos os serviços assumiram esta necessidade de recuperar as listas de espera. Mas também temos as nossas limitações, como a necessidade de mais alguns médicos nesta área ou noutra.

Temos todas as indicações, dentro do que está planeado, para que assim seja. O facto de o CHMT ter três unidades tem uma potencialidade brutal. Jamais nas três unidades, individualmente, era possível ter as ofertas que temos em todas as especialidades e ter a diferenciação que é possível fazer. Obviamente que três unidades separadas têm problemas, mas criamos agora o transporte para doentes com alta. Abrantes é o coração do Centro Hospitalar. É aqui a razão porque se chama Centro Hospitalar. Porque tem urgência, senão éramos um centro clínico. A nossa aposta em ter uma urgência para que a população tenha confiança é a prioridade máxima. Daí os investimentos nas Unidades de Cuidados Intensivos. Agora faltam as condições de trabalho adequadas aos médicos e aos utentes que vêm à urgência. Está a decorrer a requalificação da rede de águas, um investimento pesado, e depois seguirá a Urgência e a Consulta Externa. Houve um concorrente que ganhou os dois concursos e um outro que apresentou recurso. E é aí que está o processo.

Houve reforço de recursos humanos, médicos, enfermeiros... é complicado captar profissionais para estas zonas mais do interior do país?

Não havendo uma resposta nos cuidados primários de saúde continua a haver a “procura” da urgência para substituir essa falha?

Quero partilhar algo que todos na região nos devem orgulhar. Tenho senti-do uma atratividade da região por profissionais qualificados que nos deve deixar, a todos, muito satisfeitos. Ainda agora temos um concurso para uma bolsa de enfermeiros e tivemos 150 candidatos. Na especialidade médica cada vez são mais os casais de médicos a querer entrar no Centro Hospitalar. Era bom se tivéssemos mais recursos humanos, mas não estamos no ponto de dizer que temos défice de recursos.

Os acordos, as parcerias (exemplos do Hospitalar de Santarém ou da Cruz Vermelha Portuguesa) podem dar aqui

Tem três questões. Primeira: não podemos ter a ilusão que a falta de médicos nos cuidados de saúde primários vai ser ultrapassada de um dia para o outro. Não vai. Por outro lado, a especialidade de clínica geral não era atrativa para os jovens médicos. Segunda: a opção do utente “vou, mas é ao hospital que lá sou atendido”. Cria a chamada falsa urgência, que não é falsa porque o utente tem a necessidade de ser atendido. Mas não seria uma emergência tão premente que fosse necessário ir ao hospital. Terceira: a necessidade de dar literacia às pessoas para perceberem algo de si. Não de se automedicarem, mas de ter outros caminhos para procurar o hospital sem

necessidade de tratamento hospitalar. Porque pode encontrar uma outra doença em ambiente hospitalar, por um lado, e pode impedir outras pessoas com mais necessidade de tratamento hospitalar, por outro. Mas isso vai acontecer sempre e o hospital não vai fechar as portas aos utentes de entrem pela urgência. Mas há um trabalho que pertence a todos, passando pelas escolas e autarquias, que é a prevenção à alteração do estado de saúde. Isto é: nós somos, fundamentalmente, aquilo que comemos e o ar que respiramos. E o que comemos já vem inquinado desde a sua plantação, com químicos. E tem de ser esse o caminho, porque o cuidado hospitalar deve ser o recurso final e se passar a ser o primeiro, no dia em que isso acontecer, ou temos o país cheio de hospitais, ou será muito complicado. O inverter-se de cuidados finais para cuidados primários é algo que não está correto. Mesmo as condições para evitar esses riscos. Na região, a situação da apanha da azeitona é bastante preocupante. Em setembro outubro, se calhar, as Câmaras e a Proteção Civil deveriam fazer uma campanha de sensibilização. São 12 a 13 casos por dia de fraturas de pessoas que andam na apanha da azeitona.

Quais são os novos desafios, decorrentes, desta crise humanitária da Ucrânia?

Sentimos um profundo orgulho pelos nossos profissionais. Após a primeira bomba tentei de imediato saber os profissionais ucranianos que tínhamos. E temos cinco médicos e dois enfermeiros. Dois deles, filhos de uma enfermeira. Falei com eles e agradeceram o apoio e disponibilizaram-se para o que fosse necessário. Quando a Comunidade Intermunicipal do Médio Tejo foi resgatar cerca de uma centena de ucranianos à fronteira da Polónia, estas duas enfermeiras foram nos autocarros para prestar o apoio necessário e fazer desde logo a primeira triagem, com a realização dos testes de antigénio. E depois na chegada foram feitos testes PCR e Raios X para despistar eventuais patologias de Tuberculose que tem uma grande incidência naquele país. E funcionaram como intérpretes. Posso dizer-lhe uma coisa: te-mos por dinâmica de uma comissão de humanização do CHMT uma bolsa de intérpretes. No momento tem 16 voluntários a falar cerca de uma dezena de línguas.

E para o futuro, o que é que o CA do CHMT tem em mãos para este centro Hospitalar?

O que mais trabalhamos mais é recuperar o tempo perdido, para as pessoas. Isto é, há pessoas que continuam muitos dias à espera de uma consulta ou cirurgia. Segunda prioridade, criar todas as condições para a Urgência em Abrantes e a aquisição de um equipamento para complementar a Ressonância Magnética, que permite fazer ressonâncias magnéticas cardíacas. Passamos a ser completamente autónomos nesta área. Mas também é necessária em Tomar a Pedopsiquiatria e em Torres Novas na Fisioterapia e da Respiração Cardiovascular.


REGIÃO / Abrantes Município de Abrantes aceita competências na área da saúde // Há cerca de três semanas o executivo municipal de Abrantes tinha adiado a aceitação da transferência de competências na área da saúde por não existir acordo sobre o envelope financeiro que acompanha o processo administrativo. Entretanto, a situação alterou-se. No dia 23 de março foi assinado o auto de transferência de competências para a Câmara Municipal no domínio da saúde, entre o Ministério da Saúde, a Administração Regional de Saúde de Lisboa e Vale do Tejo e a autarquia de Abrantes. Há 15 dias, o Estado Central subiu os valores que anteriormente tinha atribuído e apontou a transferência anual de uma verba 723 mil euros para o Município de Abrantes. Sendo um valor dentro da expectativa da Câmara de Abrantes, o presidente assinou o acordo que prevê que a autarquia passa a ter competências na gestão e manutenção das unidades de saúde e da frota automóvel. Há ainda o registo para a integração de 20 assistentes operacionais nos quadros da Câmara. Para o presidente da Câmara, Manuel Jorge Valamatos, “este é o valor adequado face às responsabilidades a assumir e resultou de

/ USF D. Francisco de Almeida, em Abrantes uma negociação entre as partes”, acrescentando que o mesmo será atualizado em função da realidade e dos diferentes momentos. A transferência desta verba para a autarquia tem em conta a gestão e

responsabilidade que passa para a gestão municipal: recursos humanos (20 assistentes operacionais); 16 edifícios afetos aos cuidados de saúde primários (Unidade de Cuidados de Saúde Personalizados

e respetivas extensões de saúde; Unidades de Saúde Familiar; Unidade de Cuidados na Comunidade, Unidade de Saúde Pública e o Centro de Respostas Integradas), sendo que a autarquia fica responsável pela gestão, manutenção e conservação dos mesmos; e a frota automóvel (quatro veículos das unidades de prestação de cuidados de saúde, cuja manutenção e conservação também passa para a gestão municipal). O Município informa ainda que, acordo com a legislação, será constituída uma comissão de acompanhamento e monitorização da implementação e desenvolvimento do quadro de transferência desta competência. Manuel Jorge Valamatos salienta que o objetivo é uma gestão “mais eficaz” destes equipamentos, “servindo melhor as pessoas num contexto de proximidade”. Para a aceitação desta nova competência, contribuiu a experiência da Câmara de Abrantes por via do investimento que tem assumido nos últimos anos em matéria de construção de novos equipamentos (unidades de saúde familiar), competência que até aqui foi do Estado Central, mas que a Câmara quis assumir de forma a minimizar o problema da falta de médicos de família. O parque imobiliário que agora passa para competência mu-

nicipal está em boas condições, havendo apenas um deles que precisa de obras. Trata-se do Centro de Respostas Integradas, o antigo dispensário (localizado na rua da Barca) é de extrema importância no apoio a pessoas com dependência. Segundo declarações do presidente da Câmara Municipal de Abrantes à rádio Antena Livre no dia da assinatura do acordo, a ideia é preparar um projeto de recuperação deste edifício para apresentar a financiamento comunitário. A assunção de competências na área da saúde enquadra-se no âmbito da transferência de competências do Estado para as autarquias locais, expressa na Lei n.º50/2018, de 16 de agosto. Nota ainda para a contratação de profissionais de saúde – médicos, enfermeiros, assistentes administrativos e outros técnicos especialistas – continua a ser uma responsabilidade do Ministério da Saúde, ou seja, não está incluída neste pacote de transferência de competências. No entanto, por parte do presidente da Câmara de Abrantes, segundo uma nota do Município, há o compromisso de, sempre que necessário, interceder junto das entidades competentes no sentido de encontrar soluções que minimizem a falta de profissionais de saúde. Jerónimo Belo Jorge PUBLICIDADE

Abril 2022 / JORNAL DE ABRANTES

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REGIÃO / Abrantes

Escola do Alto de Santo António vai transformar-se em creche

/ Escola EB1 N.º 2, situada no Alto de Santo António

// A reunião do Executivo da Câmara de Abrantes teve lugar no dia 4 de março. Uma reunião antecipada devido à necessidade de aprovar a requalificação da Escola EB1 N.º 2 para instalação de uma Creche em Abrantes para que se pudesse avançar com a candidatura ao PRR - Plano de Recuperação e Resiliência “e aproveitar este momento para fazer a transformação daquela escola num espaço de que o Município é carente”. Antes da reunião de Câmara ter início, o vice-presidente João Gomes mostrou e explicou o projeto de requalificação da Escola EB1 N.º 2, situada no Alto de Santo António, para a instalação da Creche em Abrantes. O presidente Manuel Jorge Valamatos afirmou que o Executivo “está disponível para mostrar o projeto a qualquer cidadão” que o queira consultar. Já durante a apresentação do ponto em reunião, João Gomes explicou que, “para além da intervenção no edificado, para criar as condições que são necessárias para uma creche, vamos ter uma intervenção mais abrangente em todo o espaço envolvente. Criar, sobretudo, acessibilidades e mobilidade em todas as zonas da escola através da colocação de rampas. A zona de recreio vai ter três parques infantis dentro do perímetro da escola e, tendo em conta a questão pedagógica, vamos manter uma horta. Vai haver ainda um espaço coberto para permitir atividades no exterior, mesmo que as condições climáticas não o permitam”. A drenagem e a consolidação de muros para a Rua de Angola são outras das obras previstas. Relativamente à intervenção no edifício e o que vai ser criado, João Gomes avançou que a Creche irá ter “oito salas de berço e quatro salas de parque” o que vai permitir, segundo o vereador, acolher 58 crianças para a zona de berçário. Haverá duas salas de atividades para crianças até aos 24 meses, que poderá acolher até 23 crianças e mais três salas de atividades para crianças dos 24 aos 36 meses. “Na sua totalidade, esta Creche

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vai ficar preparada para poder dar resposta até 135 crianças”, anunciou João Gomes que disse ainda que o edifício vai ser eficiente em termos energéticos, uma exigência da candidatura. A cobertura terá painéis fotovoltaicos que “permitirá o auto-consumo e abastecer a própria escola”. O investimento será de 1 milhão e 577 mil euros e o prazo da obra é de 450 dias. A nova Creche vai acolher crianças dos quatro meses até aos três anos e o Executivo espera que a candidatura aos fundos comunitários seja aprovada para se poder avançar com a execução da obra. Vasco Damas, vereador eleito pelo ALTERNATIVAcom, considerou que o projeto, “em projeto, é fantástico” e que “o Município está de parabéns” pois, como disse, “estamos no presente a olhar para o futuro (...) e a trabalhar para construir o desenvolvimento”. Já Vítor Moura, vereador eleito pelo PSD, lembrou a proposta que tinha apresentado neste sentido, “foi aprovada e hoje está aqui a intenção objetiva para a executar. Não há, portanto, mais nada a acrescentar”. Contudo, lá proferiu o desejo de que a Creche “se revele pequena daqui a poucos anos”. Na sua capacidade máxima, a Creche criará 30 postos de trabalho. À margem da reunião de Câmara, em declarações aos jornalistas, Manuel Jorge Valamatos explicou que a Creche vai ficar situada no centro da cidade, numa escola que vai ficar desativada em breve “pelo surgir do novo Centro Escolar no antigo Colégio de Fátima”.

JORNAL DE ABRANTES / Abril 2022

Representa “um grande investimento, de mais de um milhão e meio de euros” e cuja candidatura ao PRR “vai ser submetida de imediato”, desejando que a candidatura “possa ser bem sucedida”

para que “a obra seja lançada o mais rapidamente possível”. O objetivo é “ter uma resposta maior numa área em que o concelho manifesta algumas fragilidades”.

/ João Gomes mostra e explica o projeto de requalificação aos vereadores

/ Projeto da nova Creche que vai nascer em Abrantes

A preocupação de ficar com um edifício devoluto, pela abertura do Centro Escolar - que o autarca espera ver a funcionar já no início do próximo ano letivo -, bem como a Escola dos Quinchosos, levou o autarca a considerar que “importa recuperá-los e revitalizá-los”. Falando dos postos de trabalho que poderão vir a ser criados com a nova Creche, o número avançado foi de 30 em plena atividade, Manuel Jorge Valamatos lembrou que “a construção de uma Creche pressupõe um conjunto de regras e normas e, para 135 crianças, prevemos a criação de 30 postos de trabalho nesta área, entre educadores, técnicos e auxiliares”. Disse ainda haver “uma mistura de vários interesses. Para além da resposta às crianças e às famílias, há a visão de empreendedorismo com a criação de novos postos de trabalho”. O facto do edifício ter que ser autossuficiente em termos energéticos “é uma das condições da candidatura (...) o que é uma mais-valia na composição desta reformulação deste edifício”. Do ponto de vista da sua gestão e funcionalidade, “temos muito trabalho pela frente”, revelou Manuel Jorge Valamatos que assumiu ter “algumas ideias” para o modelo. “Logo à nascença, não entendemos que esta estrutura seja gerida diretamente pelo Município. Iremos procurar uma estratégia de gestão, competente, capaz, que em princípio será externa e abriremos concurso para o efeito”, informou o presidente da Câmara de Abrantes. Patrícia Seixas


REGIÃO / Abrantes / Centro de Saúde de Mouriscas já tem médica de família

Mouriscas e Alferrarede têm novos médicos de família, nova USF está a ser trabalhada // Na reunião do Executivo Municipal de Abrantes, realizada a 4 de março, o presidente da Câmara, Manuel Jorge Valamatos, deu conta da situação de médicos de família em alguns centros de saúde do concelho e mostrou-se preocupado agora com Rio de Moinhos. O presidente da Câmara de Abrantes começou por informar que a médica que foi colocada em Mouriscas iria iniciar as consultas a 8 de março. Trata-se da dr.ª Galina, “uma médica que já está integrada na nossa comunidade há algum tempo”. O autarca adiantou também que “vamos ver a presença de uma nova médica às segundas, quartas e sextas-feiras no Centro de Saúde Alferrarede para reforçar o serviço de médicos de família”. Manuel Jorge Valamatos mostrou alguma preocupação com o conhecimento de algo “que estamos

a tratar” e que se prende com a situação da Extensão de Saúde de Rio de Moinhos. Pediu ajuda ao ACES Médio Tejo para um “reforço” neste centro pois, como explicou, “para além da freguesia de Rio de Moinhos, há um apoio importante à freguesia de Aldeia do Mato e Souto que faz transporte de pessoas para este Centro de Saúde”. O presidente disse que o Executivo “está atento a esta situação e queremos ver se, nos próximos dias, conseguimos reforçar as horas neste Centro de Saúde em termos de médico de família”.

À margem da reunião de Câmara, em declarações aos jornalistas, Manuel Jorge Valamatos explicou que a Extensão de Saúde de Rio de Moinhos dá apoio à União de Freguesias de Aldeia do Mato e Souto e “o médico está quase numa fase de aposentação e o que desejamos é que haja um reforço de serviço de horas disponível para estas freguesias por forma a responder àquilo que são as necessidades dos seus utentes”. A falta de médicos de família é um problema de nível nacional e, para Manuel Jorge Valamatos, “é

expectável que nos próximos tempos o Governo tenha que tomar iniciativas, tendo em conta esta escassez de médicos, sobretudo em algumas regiões do país, mais no interior do que no litoral”. No entanto, acrescentou, “nós criámos na cidade a Unidade de Saúde Familiar D. Francisco de Almeida, que tem uma composição e um funcionamento diferente, com maior capacidade de atrair médicos jovens para o nosso concelho. Criámos também, na margem sul, a Unidade de Saúde Beira Tejo, também com essa nova lógica de

organização”. Manuel Jorge Valamatos assumiu, contudo, a necessidade de uma USF a norte e disse que o Executivo estava a trabalhar com o Ministério da Saúde para a conseguir. A razão de ser de uma USF (Unidade de Saúde Familiar) prende-se com “a organização e a estrutura das USF” que disse terem “uma maior capacidade de atração”. Lembrou que a Câmara Municipal de Abrantes “tem um programa de apoio aos médicos que se organizam nas Unidades de Saúde Familiar e é nisso que estamos a apostar”. O presidente da Câmara referiu que o trabalho que está a ser feito com o Ministério da Saúde está a decorrer “a bom ritmo para estruturar e ter um novo projeto” para uma nova USF a norte do concelho, “mais concretamente em Alferrarede”. O facto da nova USF ficar localizada em zona urbana, não vai significar que os utentes das freguesias do norte do concelho de Abrantes se desloquem à sede “porque as Unidades de Saúde Familiar têm a capacidade de mobilizar os médicos para trabalharem em equipa” e “em função daquilo que é o dispositivo e as estruturas locais, conseguirmos ter no norte do concelho polos onde esses médicos se deslocam, (...) ao exemplo do que acontece no sul do concelho”. Para que tal aconteça, é necessário “criar e valorizar as respostas em termos de redes de transporte, quer públicos quer redes de transportes específicos. Isto com o apoio das Juntas de Freguesia para conseguirmos dar resposta, sobretudo em lugares onde há mais dificuldade de deslocar os profissionais”. Manuel Jorge Valamatos espera agora pelo Ministério da Saúde pois, como afirmou, “nós tudo faremos do ponto de vista das infraestruturas e dos equipamentos para que essas respostas aconteçam. O que desejamos é que o Ministério da Saúde, e o Governo, olhem para esta situação e criem todas as condições para que os profissionais possam vir para as nossas regiões”. Patrícia Seixas PUBLICIDADE

Abril 2022 / JORNAL DE ABRANTES

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POLÍTICA / Movimento independente ganha eleições em Alvega e Concavada // O Movimento de Independentes da União de Freguesias de Alvega e Concavada (MIUFAC) ganhou no dia 27 de março as eleições para esta Assembleia de Freguesia. O MIUFAC - Movimento de Independentes da União de Freguesias de Alvega e Concavada, conseguiu 491 votos, cinco eleitos, o PS perdeu a junta de freguesia, tendo ficado com 369 votos e 4 eleitos e a CDU ficou no terceiro lugar com 79 votos, não conseguindo eleger nenhum membro para a Assembleia de Freguesia. Em termos percentuais o MIUFAC faz 51,22%, o PS 39,30% e a CDU 8,41%. De um total de 1678 inscritos, houve 55,96% de votantes e uma abstenção de 44,04%. Mesmo assim houve um regista de 4 votos em branco e 6 votos nulos. Desta forma António Moutinho será o novo presidente da União de Freguesias de Alvega e Concavada, tendo em segundo lugar Eduardo Jorge e em terceiro Clara Vicente. O MIUFAC juntou na mesma lista os nomes que integraram as listas de PSD e Bloco de Esquerda em setembro do ano passado. O MIUFAC apresentou António Moutinho (foi o cabeça de lista do PSD) como candidato a presidente da União de Freguesias, seguindo-se Eduardo Jorge (foi o cabeça de lista do Bloco de Esquerda, como independente).

Depois foram ainda apresentados os nomes de Clara Vicente e Joaquim Catarrinho. No último dia de campanha eleitoral, numa entrevista concedida à rádio Antena Livre, António Moutinho traçou as prioridades em caso de vitória, a começar pela reorganização administrativa da freguesia ou dos serviços da freguesia, colocando Alvega e Concavada no mesmo patamar, no que ao serviço da freguesia diz respeito. A requalificação da Praça da República e do Jardim de Concavada foram outras propostas que o movimento apresentou. Já na noite de domingo, de-

pois de conhecidos os resultados, António Moutinho, mostrou, naturalmente, uma grande satisfação pela vitória, agradeceu aos eleitores e disse esperar todos os procedimentos administrativos para a tomada de posse e para assumir este desafio. António Moutinho apresentou ainda algumas ideias que passam pela necessidade de construção de um lar de idosos, pois a população está muito envelhecida, e adiantou que já tem algumas conversas feitas com particulares nesse sentido. Pretende ainda avançar com uma parceria com a Câmara Municipal e com

a Infraestruturas de Portugal no sentido de remodelar a rotunda do Pinheiro por forma a unificar mais a freguesia. Depois pensa ainda em criar, com o Município, uma creche para aumentar a oferta na freguesia e concelho e, com isso, dar mais condições para o aumento da natalidade. E na terceira idade pretende avançar com um projeto de transporte dos habitantes para as suas necessidades de saúde, ou seja, transportes para o Hospital de Abrantes ou centros de saúde. Outra das bandeiras será a solicitação à Câmara Municipal para concluir a implementação do saneamento básico em todas as localidades onde ele ainda não existe. António Moutinho apontou ainda a necessidade de a junta de freguesia adquirir um trator com respetivos acessórios por forma a manter as bermas das estradas limpas. E destacou o facto de União de Freguesias ser rural e ter uma área grande. Outra das ideias é a colocação de uma caixa multibanco na localidade de Casa Branca. O empate e a falta de entendimento entre três partidos Recorde-se que nas eleições autárquicas de 26 de setembro, o PS, que recandidatou José Felício, venceu a corrida àquela União de Freguesias do concelho de Abrantes por 23 votos de diferença, elegendo três elementos, tantos quantos o PSD, a segunda força política mais votada, e tantos quantos o BE. As três propostas apresentadas, na altura, pelo PS para formação de executivo na União de

Freguesias de Alvega e Concavada foram sempre chumbadas por BE e PSD, que acabaram por pedir renúncia de mandato e antecipar o cenário de novas eleições, o que se viria a confirmar em janeiro, em despacho assinado pelo secretário de Estado da Descentralização e Administração Local, Jorge Botelho. Na altura, em declarações à Lusa, José Felício descartou a ideia de formar executivo com pessoas “em quem não tem confiança”, ou seja, um executivo de acordo com o proposto pelos restantes dois partidos, integrando, além do presidente socialista, o cabeça de lista do PSD, António Moutinho, e o cabeça de lista do BE, Eduardo Jorge. O partido socialista propôs ainda, durante o processo, que a presidência da Mesa da Assembleia de Freguesia fosse detida pelo PSD e pelo BE, o que também foi recusado. Com os resultados de hoje, nove das 13 freguesias do concelho de Abrantes ficam com dirigentes do PS: Martinchel, Carvalhal, Fontes, Pego, União de Freguesias de Abrantes e Alferrarede, União de Freguesias de São Miguel do Rio Torto e Rossio ao Sul do Tejo, Bemposta, Mouriscas, e União de Freguesias de São Facundo e Vale das Mós. O PSD voltou a conquistar a União de Freguesias de Aldeia do Mato e Souto e os independentes conquistaram três freguesias: Tramagal, Rio de Moinhos e, agora, a União de Freguesias de Alvega e Concavada. Jerónimo Belo Jorge

Competências transferidas para os municípios no âmbito da descentralização O Governo definiu o dia 1 de abril como o prazo para descentralizar para os municípios competências na Educação e na Saúde, no âmbito da lei-quadro da descentralização de competências para as autarquias locais e entidades intermunicipais. Ao todo, são 20 as áreas em que o Governo está a transferir competências para os municípios, desde a aprovação da lei, em 2018, e 17 delas já são exercidas por estas autarquias desde 1 de janeiro de 2021: Cultura, Habitação, Justiça, Atendimento ao cidadão, Gestão do património imobiliário público, Vias de comunicação, Praias, Áreas portuárias, Transporte em vias navegáveis interiores, Cogestão de áreas protegidas, Proteção civil, Policiamento de proximidade, Segurança contra incêndios, Estacionamento público, Jogos de Fortuna e de azar, Arborização

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e rearborização e Associações de bombeiros. No entanto, a Educação, a Saúde e a Ação Social foram as áreas mais difíceis de negociar entre

JORNAL DE ABRANTES / Abril 2022

Governo e municípios, por envolverem a transferência de verbas para os municípios através do Orçamento do Estado, pelo que o prazo para a sua aceitação de-

finitiva foi adiado para 1 de abril de 2022. No caso da aceitação de competências na Ação Social, cujo diploma setorial foi apenas promulgado no início de fevereiro deste ano, o Governo decidiu prorrogar a aceitação pelos municípios até ao final de 2022. Os dados mais recentes divulgados pelo Governo, relativos ao início de 2022, demonstram algum atraso na aceitação destas competências pelos municípios: em 278 que poderiam assumir competências na Educação, apenas o tinham feito voluntariamente 125 (45%) e, no caso da Saúde, num universo de 201 municípios que poderiam cumprir esta competência, apenas tinham assinado autos de transferência 57 (28%). Nos últimos meses, vários autarcas, entre os quais os presi-

dentes das Câmaras do Porto e de Lisboa, têm pedido mais um adiamento da descentralização em curso, por considerarem que o processo ainda está confuso e sobretudo por criticarem os montantes envolvidos, considerados insuficientes. A ministra responsável cessante, Alexandra Leitão, recusou este adiamento por considerar que não se justifica no caso da Educação, enquanto no caso da Saúde “a transferência efetiva” só se dará quando os autos com os municípios forem assinados. Ainda não há um Orçamento do Estado aprovado para 2022, mas na versão rejeitada em outubro passado estava previsto um Fundo de Financiamento da Descentralização de 832 milhões de euros (ME), a atribuir entre abril e dezembro aos municípios, relativo às competências assumidas.


REGIÃO /

Médio Tejo promoveu região na BTL // Foram cinco dias de promoção da região do Médio Tejo naquela que é a maior feira do país na área do Turismo e que este ano regressou nos dias 16 a 20 de março, ao Parque das Nações, na FIL, em Lisboa. A Comunidade Intermunicipal do Médio Tejo (CIMT) esteve representada na Bolsa de Turismo de Lisboa, no Stand da Turismo do Centro de Portugal, com um programa vasto e diversificado, promovido por esta CIM e pelos municípios do Médio Tejo, em parceria com algumas entidades externas parceiras. Após o dia 17 de março, onde decorreu a apresentação de importantes ações intermunicipais. tais como o Guia das Rotas e Percursos do Médio Tejo, o Programa Páscoa no Médio Tejo, o lançamento do Campeonato do Mundo de Wakeboard de 2023 – WWA WAKEBOARD WORLD CHAMPIONSHIPS e a assinatura do Contrato-Programa de Cooperação Estratégica no âmbito da Indústria do Cinema entre a CIM Médio Tejo e a Centro de Portugal Film Commission, os dias seguintes foram muito ricos em intervenções e apresentações. A apresentação do Campeonato do Mundo de Wakeboard de 2023 – WWA WAKEBOARD WORLD CHAMPIONSHIPS que regressará

/ Anabela Freitas, presidente da CIMT a Portugal, e em especial ao Médio Tejo, levou Anabela Freitas a referir que “a Albufeira de Castelo do Bode será o palco privilegiado para este grande evento”. Uma ação que “confere grande responsabilidade e notoriedade à região, dando continuidade à aposta que a CIM Médio Tejo tem vindo a fazer no turismo náutico”.

O lançamento do Guia das Rotas e Percursos do Médio Tejo foi um dos momentos altos, tendo a presidente da CIMT referido que se trata “de um guia onde poderão encontrar várias propostas para melhor explorar as Grandes Rotas desta região, nomeadamente Tejo, Zêzere e Carso, entre outras rotas e percursos imperdíveis nos vários

concelhos do Médio Tejo”. E na ocasião, foi também possível proceder-se à assinatura do Contrato-Programa de Cooperação Estratégica no âmbito da Indústria do Cinema, entre o Centro Portugal Film Commission e a CIM Médio Tejo, momento este assegurado por Vasco Estrela, vice-presidente da CIM do Médio Tejo e Adriana Rodrigues, presidente do Centro Portugal Film Commission. No sábado, dia 19 de março, Pedro Dyonysyo Trio, do Entroncamento, brindou os presentes com o espetáculo musical “A Máquina (1978)”, alusivo à tradição ferroviária. Miguel Borges, presidente da Câmara Municipal de Sardoal, realizou a apresentação da Semana Santa 2022, onde em simultâneo se concretizou, ao vivo, um Tapete de Flores típico das celebrações pascais daquele concelho. E Carlos Miranda, presidente da Câmara Municipal de Sertã, lançou o Festival de Gastronomia do Maranho, a decorrer de 14 a 17 de julho na Sertã.

Seguidamente, decorreu um momento de degustação do “O Bolo de Chocolate + Feio de Vila de Rei” e um momento gastronómico “Do rio à terra e da terra ao rio” que contou com a apresentação do Agrupamento de Escolas Verde Horizonte e do presidente da Câmara Municipal de Mação, Vasco Estrela. Por último, neste sábado, foi a vez da atuação do Grupo de Concertinas da Casa do Benfica de Vila de Rei. Já no domingo, dia 20 de março, aFesta Templária com a atuação de danças medievais animou os presentes e a tarde foi ainda enriquecida pela atuação do Grupo de Concertinas da ADR Águas Belas, com momento de degustação assegurado pelo Município de Ferreira do Zêzere. Para Anabela Freitas, presidente da CIM do Médio Tejo, “esta participação revestiu-se de grande importância” uma vez que foi possível “promover a nossa região e as suas potencialidades em várias vertentes. Para o ano, esperamos voltar!”, rematou. PUBLICIDADE

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REGIÃO / Mação

Agrupamento de Escolas vai ter circuito de Orientação

// O projeto chama-se ORIENTA(M)AÇÃO 2022, tem seis parceiros envolvidos e o protocolo de colaboração foi assinado a 25 de Março no Agrupamento de Escolas de Mação. Ou seja, há a ideia de criar um circuito de iniciação à Orientação nas escolas de Mação, EB1 e EB 2.3 Secundária. O objetivo claro deste protocolo é o de “proporcionar às crianças e jovens das escolas de Mação, uma preparação e adaptação à orientação espacial, através de cartografia física (mapas).” E para que esta ideia avance está a ser dada formação especifica aos professores de educação física do Agrupamento de escolas. De acordo com a informação avançada pelas entidades que fizeram este protocolo de colaboração “pretende-se, criar jogos e modelos lúdicos em ambas as escolas, com o objetivo de melhorias no âmbito físico e cognitivo das crianças e jovens.” E também existe, desde logo, a criação de equipa para competição no campeonato nacional escolar, na EB2.3 Secundária. As entidades que estabeleceram este acordo e assinaram o protocolo são o Município de Mação (representado pelo presidente Vasco Estrela); Agrupamentos de Escolas Verde Horizonte Mação (representado pelo diretor José António Almeida), Associação Rotas de Mação (representada pelo presidente Leonel Mourato); Associação de País de Mação (representada pela presidente Ana Filipa Heitor); COA - Clube Orientação e Aventura Abrantes (representado pelo Artur Oliveira); a Federação Portuguesa de Orientação (que esteve representada pelo técnico José Oliveira). Entre os objetivos e as propostas para operacionalizar estes acordos há uma necessidade de criar os mapas de orientação. Assim, o COA já tem efetuado o mapeamento da Vila de Mação, através de cartografia local e mapas virtuais (Google).

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Tratou-se de um trabalho que teve a intervenção de técnicos do Departamento Cartográfico do Município de Mação. No que diz respeito ao circuito fixo na área da escola, a sua instalação será executada pelo Agrupamento de Escolas e consiste na colocação de chapas em vinil, fornecidas pela Federação de Orientação de Portugal, tendo por base o protocolo estabelecido com o Agrupamento Escolas Verde Horizonte e que estão de acordo com a sinalética oficial utilizada nos muitos percursos de orientação do país. Recorde-se que em dezembro de 2021, Leonel Mourato, presidente das Rotas de Mação já tinha revelado ao JA a intenção de “trazer algumas modalidades não muito comuns no dia a dia. A Orientação é um dos desportos com mais praticantes em todo o mundo.” E neste sentido a ideia que andava a ser marinada era a criação de dois circuitos fixos de Orientação. “Um na Eb1, escola primária de Mação, e outro na EB2/3, a escola secundária de Mação. Serão circuitos fixos em que as crianças poderão praticar. Queremos que eles percebam o que é a Orientação”, frisou o dirigente. Já José Oliveira, do COA, tinha explicado ao JA, também em dezembro de 2021, que “o objetivo é começar com as escolas. A ideia é “construir” circuitos permanentes em tudo idênticos aos outros. Têm um princípio, terá pontos de passagem e um fim. O estar em permanência permite que, a qualquer momento, os professores possam

JORNAL DE ABRANTES / Abril 2022

A Orientação é um dos desportos com mais praticantes em todo o mundo

agarrar nos alunos e colocá-los a praticar orientação. Uma das coisas que se está a perder muito, na infância, é a autonomia. A Orientação permite à criança criar uma autonomia e autoconfiança que permitem desenvolver outras capacidades. A ideia inicial é fazer estes percursos e teremos de dar formação aos professores e depois atividades com as crianças. A formação é feita em dois tipos. Numa primeira fase o COA vai ministrar uma formação não certificada aos

professores. Depois os professores, através dos centros de formação escolares têm formações certificadas em colaboração com a Federação Portuguesa de Orientação. Depois de termos os professores capacitados para fazer as atividades com as crianças, a nossa participação [COA] é também ajudar os docentes a realizar as atividades iniciais. Ajudá-los nas marcações dos circuitos permanentes. Também aqui a Federação tem um programa gratuito no qual a escola se pode inscrever. A Federação fornece as placas próprias para esses circuitos. E também os clubes, como o caso do COA, pode ter estas parcerias com outros clubes.” Este protocolo tem definidas as competências de cada das entidades. O Município de Mação assume os custos do projeto e deverá fornecer apoio cartográfico e logístico, ao passo que o Agrupamento de Escolas é o titular do espaço escolar

e terá envolvidos no projeto alunos e professores. A Associação Rotas de Mação vai assumir a dinamização de eventos e o COA - Clube Aventura e Orientação terá toda a responsabilidade técnica e formativa das atividades. A Federação Portuguesa de Orientação vai fornecer os meios físicos, placas de sinalização e informativas a instalar no circuito fixo e a Associação de Pais de Mação poderá fazer eventuais esclarecimento aos pais sobre a participação das crianças. Caber-lhe-á ainda a recolha de opiniões. Ao que tudo indica, e de acordo com as entidades envolvidas, o projeto deverá começar as suas atividades já este mês de abril. Recorde-se que o concelho de Mação, através da Associação Rotas de mação, tem nas suas seis freguesias 14 rotas. Embora ainda nem todas tenham a homologação feita, as rotas estão identificadas e podem ser percorridas, cada uma com as suas particularidades, desafios e dificuldades. Rota do Cabeço da Cruz (PR1-MAC), Rota do Brejo e Bando dos Santos (PR2-MAC), Rota do Carvoeiro (PR3-MAC), Rota da Ortiga Sul (PR4-MAC), Rota da Queixoperra (PR5-MAC), Rota da Amendoa (PR6-MAC), Rota Casas da Ribeira/Caratão (PR7-MAC), Rota dos Envendos (PR8-MAC), Rota do Penhascoso (PR9-MAC), Rota de Cardigos Praia (PR10-MAC), Rota das Matas e do Vale do Ocreza (PR11-MAC), Rota dos Vales de Cardigos (PR12-MAC), Rota do Bando do Codes (PR13-MAC) e Rota de Aboboreira (PR14-MAC). Jerónimo Belo Jorge


SOCIEDADE /

ALTERNATIVAcom convidou Luís Osório a visitar a terra da avó, Mouriscas // Foi uma conversa pausada, cheia de memórias e emotiva, apesar da sobriedade que o Luís Osório, comunicador, jornalista, escritor, colocou em todas as palavras e frases que foi soltando. Não havia guião. Apenas o mote da noite “raízes, tradições e identidade” e a visita à aldeia onde nasceu a sua avó Joaquina, de quem Osório tem as memórias marcantes da sua vida. E esta é uma memória emocional de tal forma marcante na vida do ex-jornalista, que o levou a partilhar com a plateia do restaurante “O Castiço”, em Mouriscas, no dia 25 de março, este momento da sua vida: o dia em que a avó Joaquina morreu foi o dia em que ele fez desaparecer o “Miguel”, nome pelo qual a avó o tratava. A avó Joaquina nasceu no lugar da “Carreira” na freguesia de Mouriscas, oriunda de uma família muito pobre. E terá sido também nesta freguesia que nasceu a sua mãe. Apesar de tudo, Osório nunca antes tinha vindo a Mouriscas em busca de uma qualquer memória que a avó Joaquina lhe tivesse transmitido, nas muitas conversas que tiveram. Luís confidencia que a avó foi o seu grande amparo e apoio, entre a máquina de costura com que fazia sutiãs para as senhoras. Nesta viagens ás as suas raízes e ao seu passado, a marca da partida da avó Joaquina foi tão intensa que nunca permitiu que viesse até Mouriscas para tentar conhecer esse local onde a avó nasceu e passou a sua meninice. Mas tudo mudou na sexta-feira, dia 25 de março. O movimento ALTERNATIVAcom convidou o autor do livro “Ficheiros Secretos” para um jantar/debate e ele aceitou. E deslocou-se mais cedo para poder visitar o terreno onde ainda se podem ver as ruínas da casa da avó Joaquina. E no meio de tantas emoções, Luís Osório revela que manteve a esperança que, nesta sua vinda a Mouriscas, a avó lhe enviasse um qualquer sinal. Luís Osório fez desfilar depois um pouco da sua vida. O lado paterno, com um pai burguês e comunista, e o lado materno com uma família muito pobre. Uma diferença tão grande que toldou a sua personalidade, como homem de pensamento simples, de esquerda.

Ser de esquerda ou de direita

Depois desta sua viagem, Luís Osório ficou disponível para perguntas dos participantes. E uma das perguntas foi: “Mas afinal o que é isto de ser de esquerda hoje?” Luís Osório diz que a resposta é muito simples. E depois começa a responder. “É fundamental dizer

/ Luís Osório e Vasco Damas que quando se diz que não se é de esquerda ou não se é de direita, tentando apagar a ideologia, normalmente essas pessoas são um perigo.” Luís Osório refere que “existe muitas vezes o vício do sectarismo” e esse vício “impede-nos de ver as coisas de uma maneira mais ampla”. E depois indica que este vício, do sectarismo, é que “muita esquerda olhar para a direita, sobretudo a direita que é inteligente, e é uma direita que acredita convictamente que aquilo que pensa é o melhor para o país. E há uma direita que olha para a esquerda e que pensa exatamente com o mesmo sectarismo, diabolizando as pessoas que são de esquerda.” E para o escritor este facto impede que haja uma discussão um debate verdadeiramente frutuoso. E diz que para ele é uma questão de pele. “Se eu tiver aqui uma mesa com pessoas de esquerda e ali com pessoas de direita e se não conhecer ninguém eu vou sentar-me aqui (na mesa das pessoas de esquerda).” A outra parte é que “acredito que ser de esquerda é acreditar numa ideia de igualdade, é acreditar de várias formas que todas as pessoas, mesmo as que nascem

com bilhetes truncados, é acreditar que o Estado deve criar as oportunidades para que essas pessoas se possam cumprir, mesmo que não tenham os bilhetes para entrar no circo. Ser de direita é acreditar que tudo se vai regular naturalmente e que a questão da igualdade é muito menos importante do que a questão da liberdade. Falo em termos de democracia porque depois há uma direita totalitária e fascista assim como também há uma esquerda totalitária e que não acreditam em nada disso. Acreditam noutras coisas.” Luís Osório afirma que “conceptualmente, a esquerda é otimista e a direita é pessimista em relação ao ser humano.” E depois afirma que a social-democracia é de esquerda e que Rui Rio tem razão e que o PSD está numa deriva. “O PSD é um partido com o social, o PSD é uma emanação no Marxismo.” E conclui com esta definição, a esquerda acredita muito mais uma ideia de Estado, que tem de ser forte para regular aquilo que são as desigualdades naturais. A direita acredita que o Estado deve ter menos peso, porque acredita que essas desigualdades podem ser muito mais facilmente resolvidas com um Estado menos forte e para deixar

“ser de esquerda é acreditar numa ideia de igualdade (...) ser de direita é acreditar que tudo se vai regular naturalmente” a economia mais forte. “No fundo, vai sempre haver ricos e pobres. A direita acredita que vai ser sempre assim. A esquerda é mais idealista, acredita que não pode ser assim.”

Em busca da identidade de Abrantes

Este jantar começou com uma intervenção de Vasco Damas, líder do movimento ALTERNATIVAcom e vereador na Câmara Municipal de Abrantes, e com uma ideia que já não é nova no movimento. Abrantes não tem, nesta altura, uma identidade, uma marca, que é, pensam os independentes, fulcral para o desenvolvimento do concelho e para “vender” este território para o exterior. Vasco Damas refere que “quanto mais forte for a nossa identidade, maior capacidade de atração

terá Abrantes e as suas freguesias” e aponta a uma atualidade em que, na opinião do movimento, Abrantes está com uma crise de identidade. E depois explica: “já fomos Abrantes cidade florida, Abrantes cidade da energia, Abrantes cidade digital, Abrantes cidade desportiva, Abrantes capital do azeite ou o mar de Abrantes entre outras bandeiras desfraldadas e com resultados manifestamente insatisfatórios para os resultados alcançados.” Vasco Damas, vinca que a sua posição é sempre “um ponto de partida e nunca um ponto de chegada”, pelo que defende que é preciso assumir que “nunca seremos um território integralmente urbano. O concelho é constituído por freguesias com características próprias que devem ser promovidas e valorizadas.” O vereador eleito pelos independentes ALTERNATIVAcom salienta que a afirmação da identidade passa, na sua opinião, “por assumir de forma estratégica que o concelho tem uma matriz rural, marcada pela fileira florestal, pelo azeite, pela silvicultura e por alguma indústria agropecuária e agroalimentar. Ao mesmo tempo, a valorização da matriz rural, deve ser integrada na afirmação de um território com uma tendência crescente para a urbanidade.” E depois avança que a matriz cultural do concelho reflete isto, porquanto a firmação dos traços etnográficos assenta nas associações “que teimam em manter vivas as suas tradições.” E depois frisa ainda que tem sido mais fácil manter viva a marca identitária da ruralidade do que o modo de vida urbano promovido nas freguesias mais centrais. “Se encontrarmos respostas para estas questões será possível definir uma estratégia que crie ou recupere uma identidade que permita valorizar e fixar o potencial humano, contribuindo para o acelerar de um desenvolvimento que todos desejamos.” Vasco Damas não apresentou a solução ou a ideia para o futuro, diz que quer promover o debate de ideias, colocar uma semente que permita fazer com que haja debate, conversas, para permitir que “as coisas aconteçam.” Jerónimo Belo Jorge

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Região / Constância

Bombeiros vão ter terceira Equipa de Intervenção Permanente // Em reunião do Executivo da Câmara de Constância, a vereadora da CDU questionou o presidente acerca da situação da Associação Humanitária dos Bombeiros Voluntários de Constância com o aumento dos combustíveis. Manuela Arsénio quis saber se há motivo de preocupação com a situação financeira da associação, se já manifestaram algum pedido e se o socorro não poderá vir a ficar comprometido no concelho. Sérgio Oliveira, presidente da Câmara, começou por dizer que “a questão dos combustíveis preocupa-nos a todos porque vai ter impacto, quer nas nossas vidas particulares, quer no que é a gestão da Câmara”. O autarca lembrou que a Associação Humanitária dos Bombeiros Voluntários de Constância “durante os últimos dois anos, e até ao mês de março, teve um apoio mensal por parte da Câmara de oito mil euros”. O autarca revelou ainda que, para além deste apoio, há uma “comparticipação de 50% de duas Equipas de Intervenção Permanente e do pagamento da água e da luz”. Para Sérgio Oliveira, “trata-se de um apoio grande que a Câmara tem dado, para além dos apoios pontuais”. O pagamento mensal de oito mil euros terminou no mês de março pois “felizmente, a situação do Covid parece estar ultrapassada e não há justificação para dar continuidade a esse apoio”. Contudo, adiantou o presidente da Câmara, “houve a possibilidade de constituir uma terceira Equipa de Intervenção Permanente (EIP)

/ Quartel dos Bombeiros Voluntários de Constância no concelho” e, a pedido da Associação Humanitária dos Bombeiros Voluntários de Constância, a Câmara deu um parecer favorável e “assumiu o compromisso de comparticipar em 50% essa EIP”. Aguarda-se agora que a tutela aprove ou não essa terceira Equipa de Intervenção Permanente. Ao ser constituída esta terceira equipa, “a Câmara Municipal assegurará o pagamento de metade dos

salários de 15 bombeiros voluntários da nossa Corporação. A outra metade será assegurada pela Autoridade Nacional”. Sérgio Oliveira acrescentou que “grosso modo, o Município irá apoiar, mensalmente, com 2.500 euros por cada EIP” ou seja, 7.500 euros mensais, “para além de água, luz, seguros e todas essas questões”. “Estes custos, não são custos porque acabam por ser um investimento na proteção e

AM aprova moção pelo alargamento do horário de Tesouraria da CGD // Em sessão de Assembleia Municipal de Constância, reunida no dia 25 de fevereiro, foi aprovada por maioria uma Moção subscrita e apresentada pela Bancada da CDU - Coligação Democrática Unitária, que defende o alargamento do horário de atendimento do Serviço de Tesouraria da Caixa Geral de Depósitos em Constância. Na Moção, pode ler-se que, “de acordo com a informação afixada nas instalações da Caixa Geral de Depósitos de Constância, o horário do serviço de tesouraria realiza-se todos os dias da semana das 8H30 às 12H30, não respondendo por isso às necessidades da população do concelho de Constância e limítrofes”. A CDU, em 12 pontos, justifica esta Moção: 1- Considerando que os serviços bancários são essenciais sendo mesmo legalmente obrigatório o uso de alguns destes serviços nas transações de natureza pecuniária; 2- Que a agência da CGD situada na sede do concelho é a única no município; 3- Que o concelho já teve 5 instituições Bancárias: 2 na sede do concelho, 1

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/ Agência da CGD com horários que não servem a população na freguesia de Montalvo e duas no Campo Militar de Santa Margarida e que servia a população da Freguesia de Santa Margarida da Coutada

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4- Que a esta agência se desloca população de concelhos limítrofes designadamente da Praia do Ribatejo, Madeiras, Limeiras, Martinchel;

socorro à população”, afirmou o presidente. Adiantou ainda que esta questão “foi pacífica entre a Câmara e a Associação Humanitária”. A Câmara disse-se “disponível para avançar e dar parecer positivo a uma terceira Equipa de Intervenção Permanente mas o apoio da Câmara não pode ir muito mais além do que o esforço que já estamos a fazer com estas comparticipações”. Para Sérgio oliveira, “atendendo à dimensão que o concelho tem, ter no corpo de bombeiros 15 profissionais em permanência, com aquilo que é o custo maior que são os salários, assegurados pelo Município e pela Autoridade Nacional, parece-me que a proteção e socorro às populações nunca, daqui para o futuro, poderá estar em risco”. O presidente da Câmara de Constância considera que “este é o caminho que o país deveria seguir: manter a base voluntária mas, ao mesmo tempo, criar uma base de profissionais que assegurassem” as ocorrências. No entanto, explicou que, com isto “não quero dizer que ficassem na dependência da Câma5- Que o índice de utentes idosos é muito elevado sendo esta faixa de população constituída por muitos pensionistas que para além de outros serviços bancários acedem quotidianamente às suas reformas e pensões. 6- Que a as alternativas electrónicas online não estão à disposição da grande maioria dos cidadãos desta faixa etária, por razões, desde logo, de natureza económica e financeira, mas também por falta de conhecimento e de confiança nos sistemas e em si próprios. 7- Que o concelho tem carência na oferta de transportes públicos; 8- Que para os utentes em geral, comerciantes e outros profissionais esta representa a proximidade dos serviços bancários indispensável. 9- Que os trabalhadores por conta de outrem têm de faltar ao serviço pelo facto da Agência encerrar das 12h30 às 13h00 10- Sinal da necessidade de alargamento do serviço de tesouraria da agência da CGD em Constância é o afluxo de utentes, gerador das filas visíveis naquelas instalações. 11- Que a Caixa Geral de Depósitos é uma empresa detida 100 % pelo Estado, sendo por natureza uma entidade de prestação de um serviço público;

ra, até porque não concordo com isso. Era manter o mesmo sistema que têm atualmente, baseado nas Associações Humanitárias, mas que o Estado assumisse a responsabilidade por uma área que deve ser o Estado Central a assumir”. Relativamente á questão do aumento dos combustíveis, o presidente da Câmara, “até à presente data, não tive nenhuma abordagem. Nem do senhor comandante, nem do senhor presidente da Direção”. Sérgio Oliveira também comunicou que no que diz respeito ao transporte não urgente de doentes, “com a mudança do Conselho de Administração do Centro Hospitalar do Médio Tejo”, os Bombeiros de Constância “retomaram” o serviço, o que “é uma fatia considerável da faturação da Associação Humanitária”. Considerou o autarca que, devido ao aumento do preço dos combustíveis, “é inevitável que o Centro Hospitalar tenha que atualizar o preço por quilómetro” pois os Bombeiros “têm que ser ressarcidos do impacto que esse aumento está a causar. Penso que será isso que terá que se passar mas continuaremos atentos”. “Se houver alguma questão que os Bombeiros nos façam chegar, analisaremos caso a caso e logo veremos. A Direção dos Bombeiros tem consciência de que a Câmara não pode ir muito mais além do que este apoio bastante generoso que a Câmara tem estado a dar”, concluiu Sérgio Oliveira. Patrícia Seixas

12- Que o alargamento do serviço de tesouraria melhoraria significativamente a vida da população. A Assembleia Municipal de Constância votou e, por maioria, aprovou deliberar em “instar a Administração da Caixa Geral de Depósitos para que o horário de Serviço de Tesouraria da agência de Constância seja das 8H30M às 15H00 ininterruptamente, instar o Governo, enquanto tutela e representante do acionista único público da CGD, a orientar as políticas de gestão da Caixa no sentido do primado do interesse público e remeter a moção ao Governo (Primeiro-Ministro e Ministro das Finanças), administração da Caixa Geral de Depósitos, gerente da Agência da CGD em Constância e Comunicação Social Regional”. A Moção não recolheu qualquer voto contra mas contou com cinco abstenções por parte da bancada socialista, nomeadamente pelo presidente da Junta de Freguesia de Santa Margarida da Coutada, José Manuel Ricardo, por Isabel Costa, Natércio Candeias, Carlos Lopes e Filipa Ferreira. Patrícia Seixas


REGIÃO / Constância

Fernando Daniel e Ana Laíns nas Festas de Nossa Senhora da Boa Viagem 2022 // As Festas do Concelho 2022 / Festa de Nossa Senhora da Boa Viagem voltam a Constância nos próximos dias 15, 16, 17 e 18 de abril, estando a ser preparadas pela Câmara Municipal, pela Paróquia, pelos moradores, pelas escolas, pelo comércio e pelas diferentes instituições do concelho. Os cabeças de cartaz das Festas de 2022 serão Fernando Daniel e Ana Laíns, dois grandes nomes do panorama musical português, que atuarão nos dias 16 e 18 de abril, respetivamente. Já no dia 15, primeiro dia de festa, o Palco Camões vai receber a partir das 22h00, o concerto com a Banda do Filme Variações. Já no domingo, dia 17, é a vez dos P*ta da Loucura atuarem no Palco Pelourinho, a partir das 22h30. De salientar ainda a atuação dos RED, no sábado, a partir das 23h30, no Palco Pelourinho. Ainda no sábado, mas de tarde, a partir das 16 horas, o Palco Pelourinho recebe Música à Tarde, com atuação da Banda da Associação Filarmónica Montalvense 24 de Janeiro, Pvgna Tagi – Grupo de Música Tradicional da CICO e o Grupo de Cantares da Casa do Povo de Montalvo. No domingo, a partir das 16 ho-

ras, é a vez do Palco Camões receber a Tarde de Folclore, por onde passarão o Rancho Folclórico "Os Camponeses" de Malpique, Constância, o Rancho Folclórico da Alegria do Alqueidão de Santo Amaro, Ferreira do Zêzere e o Rancho Folclórico e Etnográfico de Casais de Revelhos, Abrantes. Para além da música, o evento vai ainda contar com a 31.ª Mostra Nacional de Artesanato e a 14.ª Mostra de Doces sabores. Estes certames têm lugar no Parque de Merendas. Há ainda o Espaço Jovem, dinamizado por coletividades e que vai contar com muita animação. Os mais pequenos não foram esquecidos, havendo um Espaço Infantil com insufláveis e um espetáculo Infantil com o Palhaço Sorriso, no Palco Pelourinho, na sexta-feira, pelas 18h00. Na vertente desportiva, o sábado

das Festas volta a receber o Grande Prémio da Páscoa de Constância em Atletismo, que vai na sua 32.ª edição e que terá início na Avenida das Forças Armadas, a partir das 9h30. Às 18h00, há Mega Aula de Zumba na Praça Alexandre Herculano. O Grande Prémio da Páscoa em Atletismo, artesanato, o espaço infantil, o espaço jovem, exposições, música, ruas floridas, tasquinhas, gastronomia, doçaria e muita animação são as diversas vertentes que constituem as Festas de Nossa Senhora da Boa Viagem. O Dia do Concelho, segunda-feira de Páscoa, 18 de abril, no qual decorrerão as cerimónias religiosas, voltará a ser o ponto alto dos festejos, dos quais se destacam a Missa Solene, às 15h30, a Procissão em honra de Nossa Senhora da Boa Viagem e as Bênçãos dos Barcos nos rios Tejo e Zêzere e das viatu-

/ Ana Laíns atua no Palco Camões, dia 18, às 22 horas

ras na Praça Alexandre Herculano. A chegada das embarcações engalanadas ao cais de Constância, com a presença da Banda da Associação Filarmónica Montalvense 24 de Janeiro está agendada para as 13 horas. Para que as ruas floridas voltem a ser um dos motivos de atração de muitos visitantes às Festas do Concelho de Constância, a Câmara Municipal lançou o desafio à população e às associações, pelo que por todo o concelho decorrem os trabalhos de preparação das múltiplas decorações que darão origem a uma das vertentes muito apreciada do evento. As Festas de Nossa Senhora da Boa Viagem culminam com um espetáculo piromusical, com a presença do Carrilhão LVSITANVS. Vai ser na segunda-feira, às 24 horas, na margem ribeirinha. Patrícia Seixas PUBLICIDADE

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REGIÃO / Sardoal

Misericórdia com despedimento coletivo para equilibrar gestão // A Santa Casa da Misericórdia de Sardoal vai avançar com um despedimento coletivo de 21 trabalhadores por forma a equilibrar a gestão. Trata-se, segundo os responsáveis, da instituição uma necessidade premente para tentar ajustar a gestão da instituição, cujos problemas financeiros não são de agora. A Santa Casa da Misericórdia de Sardoal iniciou um processo de reorganização interna com o encerramento da creche e com outras medidas. Entretanto, a Mesa Administrativa pediu a demissão e um novo grupo de irmãos, liderado por Fernando Moleirinho, assumiu a gestão de uma instituição que é um dos maiores empregadores do concelho de Sardoal. Com muitos problemas financeiros foi solicitado apoio ao Fundo de Socorro da Segurança Social. Mesmo assim, há a necessidade de proceder a um novo ajustamento com a intenção de despedimento de mais 21 trabalhadores da instituição que preocupa, naturalmente, do ponto de vista social o presidente da Câmara Municipal de Sardoal, assim como o Sindicato dos Trabalhadores em Funções Públicas e Sociais do Sul e das Regiões Autónomas (STFPSSRA). E foi neste sentido que o sindicato reuniu com o presidente da Câmara de Sardoal, Miguel Borges, em meados de março para manifestar as preocupações com este despedimento e com as pessoas que vão ficar sem emprego. Trata-se de uma preocupação que é comum ao autarca de Sardoal que é igualmente o presidente da Assembleia Geral daquela instituição. Mas é enquanto autarca que Miguel Borges manifestou ao nosso jornal esta preocupação que não é boa para ninguém. E indicou de seguida que numa das reuniões, a mais recente, do Conselho Local de Ação Social (CLAS) aproveitou para falar com o representante do Instituto do Emprego e Formação Profissional (IEFP) “para perceber como é que nos podemos ir preparando para minimizar a situação destes trabalhadores que vão ficar em situação de desemprego. Há um conjunto de possibilidades e em articulação com o diretor do Centro

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de Emprego de Abrantes, estamos à procura de uma solução. Não será uma solução de emprego, mas uma solução que faça com que estas pessoas não fiquem em casa, uma solução de valorização profissional ou dar um novo rumo à sua vida”, explicou o autarca de Sardoal. E antevendo o futuro Miguel Borges disse ser necessário que estas pessoas que vão ficar em situação de desemprego procurem o Gabinete de Ação Social do Município, no sentido de haver uma resposta. “Há possibilidade de alguns empregos, haverá uma resposta articulada do IEFP e da Câmara Municipal”, explicou o presidente da Câmara que não escondeu a preocupação social que este despedimento pode ter. “Estamos a falar de tipologias familiares muito diversas por isso vamos acompanhar de perto”, vincou. Mas depois há uma instituição que se chama Santa Casa da Misericórdia de Sardoal que tem umas dezenas significativas de utentes e com o número de trabalhadores que tem não é sustentável. Ou seja, “o rácio utente/trabalhador

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está muito elevado. A Santa Casa fez a candidatura, já aprovada, ao Fundo de Socorro Social que tem um conjunto de exigências. Aquilo que desejamos é que tenhamos uma Santa Casa a funcionar. Para que perdure no tempo é vital que seja sustentável e para isso acontecer tem de haver um conjunto de decisões de gestão que têm de ser tomadas.” Miguel Borges referiu que os decisores da Misericórdia entenderam que esta era uma das opções, mas “porventura haveria outras.” O que é importante, nesta altura, revelou o autarca de Sardoal é “darmos a mão às pessoas que vão para a situação de desemprego, e estamos preparados para isso com o IEFP, e é também todos nós contribuirmos para que a Santa Casa não seja um problema ainda maior nos próximos tempos.” Com este despedimento coletivo de 21 trabalhadores a Santa Casa da Misericórdia de Sardoal fica com um efetivo de 52 empregados. Este corpo profissional vai fazer o apoio e acompanhamento de 44 utentes do lar de idosos, 13 em alojamentos

locais, 22 no apoio domiciliário e 12 em apoio residencial. Com este quadro há dúvidas sobre o modo como vai funcionar a instituição, nomeadamente na qualidade do serviço prestado, sendo que a valência lar trabalha 24 horas por dia por isso, há necessidade de trabalhos por turnos. Colocada a pergunta ao presidente da Câmara sobre a continuidade da qualidade do serviço no lar o autarca diz que é a pergunta que todos fazem e que a resposta terá de ser dada pelo Instituto da Segurança Social (ISS) que tem a capacidade de inspeção. “O ISS tem aqui um papel fundamental de perceber se o serviço da Santa Casa é de qualidade porque isso é inquestionável: tem de ser.” Mas depois ressalvou que “temos de estar todos no terreno, mas a Segurança Social tem de dar resposta e tem que garantir que a qualidade de serviço se mantém.” Miguel Borges disse ainda que este Fundo de Emergência é fundamental, mas não é a solução definitiva. “É uma injeção de valor para permitir que a Santa Casa

possa recomeçar o seu caminho numa situação de equilíbrio, mas esse equilíbrio só é feito se mais opções de gestão forem feitas. Os despedimentos são uma delas, mas não chegam. Há outras opções que vão ter de ser feitas, sempre com a garantia da qualidade do serviço. Isso é inquestionável.” O presidente da Câmara de Sardoal concluiu a referir que a autarquia e a sociedade têm de tentar dar o apoio a estas pessoas, tal como está a ser dado aos refugiados da Ucrânia. “Temos de olhar também para estes cidadãos que são nossos.” A Santa Casa da Misericórdia de Sardoal, com mais de 500 anos de história, continua a atravessar uma crise em que os dirigentes estão a fazer um trabalho de reequilíbrio de gestão e financeiro para permitir, como disse o autarca de Sardoal, a entrada numa nova fase sem os sobressaltos que tem tido, pelo menos, nos últimos dois anos. A fase, nesta altura, é que será inevitável este despedimento coletivo de 21 trabalhadores. Jerónimo Belo Jorge


/ Paulo Sousa

ESPECIAL SARDOAL / Semana Santa Programa Religioso - Semana Santa 2022 ABRIL Dia 2 A partir das 10h30m | Reconciliação 12 horas | Celebração da Eucaristia (Ofício pelos Defuntos) | Igreja Matriz Dia 3 16 horas | Celebração da Eucaristia | Procissão dos Passos do Senhor (A cargo da Irmandade da Vera Cruz – Sermão do Encontro e Sermão do Calvário) Saída da Igreja Matriz Dia 10 09 horas | Bênção e Procissão dos Ramos Saída da Capela do Espírito Santo Celebração da Eucaristia | Leitura da Paixão | Igreja Matriz Dia 14 – Quinta-feira Santa 19h30m | Celebração da Missa Vespertina da Ceia do Senhor Cerimónia do Lava-pés e Trasladação do Santíssimo Sacramento Adoração com a participação dos Irmãos da Irmandade do Santíssimo Sacramento Igreja Matriz 21h30m | Procissão do Senhor da Misericórdia (ou Fogaréus)

Sermão do Mandato (A cargo da Irmandade da Santa Casa da Misericórdia, na Igreja do Convento) Esta Procissão, que sai da Igreja da Misericórdia, é feita à luz de velas, archotes e candeeiros, com a eletricidade da rede pública desligada Dia 15 – Sexta-feira Santa 17h30m | Celebração da Paixão do Senhor Adoração da Cruz | Igreja Matriz 19h00m | Procissão do Enterro do Senhor Sermão da Soledade (Enterro) | A cargo da Irmandade da Vera Cruz e Santíssimo Sacramento Saída da Igreja Matriz Dia 16 – Sábado Santo 20 horas | Celebração da Vigília Pascal, Bênção do Lume Novo, Liturgia da Palavra, Liturgia Batismal (Bênção da Água, Renovação das Promessas do Batismo) (A cargo da Irmandade do Santíssimo Sacramento) | Igreja Matriz Dia 17 – Domingo de Páscoa 9 horas | Procissão | Anúncio Solene da Ressurreição do Senhor (A cargo da Irmandade do Santíssimo Sacramento) | Saída da Igreja

Matriz Celebração da Eucaristia | Dia da Ressurreição do Senhor Dia 24 de abril CABEÇA DAS MÓS Festividades do Senhor Jesus da Boa Morte 16.00 horas | Domingo da Misericórdia | Celebração da Eucaristia | Procissão Dia 1 de maio SARDOAL Festividades do Senhor dos Remédios 15 horas | Celebração da Eucaristia no Convento de Santa Maria da Caridade |Procissão Organização: Paróquia de São Tiago e São Mateus, Sardoal | Santa Casa da Misericórdia e Irmandades Dia 16 de junho SARDOAL | 9 horas | Corpo de Deus | Eucaristia e Procissão Horário de abertura da Igreja Matriz Quinta-feira dia 14 a sábado dia 15 de abril - das 15 às 19 horas Domingo, 17 de abril - das 15 às 17 horas

Programa Complementar EXPOSIÇÕES “Caminho de Fé” Centro Cultural Gil Vicente 1 a 30 de abril Horário da Exposição na Semana Santa: Domingo, 3 e 10 de abril - das 15h às 19h Quinta-feira Santa, 14 de abril - das 15h às 21h30m Sexta-feira Santa, 15 de abril - das 15h às 20h Sábado Santo, 16 de abril e Domingo de Páscoa, dia 17 - das 15h às 19h Horário normal: De terça a sexta-feira - das 16h às 18h horas Sábado - das 15h às 18h horas Encerra ao domingo e segunda-feira TRABALHOS PROJETO CAPELA Espaço “Cá da Terra” 1 a 30 de abril Com a participação do Agrupamento de Escolas de Sardoal

WORKSHOP Amêndoas caramelizadas com mel

PASSEIO PEDESTRE Caminhos da Fé

Sábado, 09 de abril - 10h30m às 12h30m Espaço “Cá da Terra” (ver programa próprio)

Sexta-feira Santa, 15 de abril (ver programa próprio)

OFICINA Tapetes de Flores Terça-feira, 12 de abril - 14h30m Espaço “Cá da Terra” (ver programa próprio) EXPOSIÇÃO Retrospetiva 12-19 Nas Capelas e Igrejas com tapetes de flores 14 a 17 de abril Tapetes de flores dos últimos 8 anos PAIXÃO DE CRISTO Teatro de Rua Sábado Santo Santa, 16 de abril 16h00m (ver programa próprio)

“DOCE QUIOSQUE” com venda de amêndoas Edifício dos Paços do Concelho Dias 3, 14, 15 e 16 de abril Abertura às 15 horas Preservação de uma antiga tradição local que remonta aos tempos em que o comércio local tinha horário livre, permanecendo aberto após terminarem as celebrações religiosas. Nessa ocasião, os casais ou pares de namorados aproveitavam para oferecerem amêndoas à pessoa amada. Esta iniciativa é efetuada há 20 anos consecutivos e, em cada ano, é convidado um agente comercial do concelho para o respetivo fornecimento.

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ESPECIAL SARDOAL / Semana Santa

“Temos um conjunto de recursos e queremos transformá-los num produto forte” // Está aí a Semana Santa de Sardoal. Mais uma mão cheia de momentos intensos, quer para quem é crente, quer para quem não o é, mas que em Sardoal não consegue fugir ao ambiente de introspeção que se vive por estes dias. Após dois anos de pandemi a e muitas restrições, fomos saber junto do presidente da Câmara Municipal, como vai ser este regresso “às ruas”. Miguel Borges em entrevista... por Patrícia Seixas / Paulo Sousa

A Semana Santa, já é um momento de introspeção. Após uma pandemia que ainda não passou e com uma guerra a atormentar os nossos dias, vai ser ainda mais marcante esta época em Sardoal?

É uma pergunta difícil porque estamos a entrar no foro pessoal e cada um sabe de si. A abordagem que cada um de nós faz à Semana Santa varia muito. Depende da fé, da religiosidade e da crença de cada pessoa. No entanto, é verdade que em termos comunitários, é um momento muito importante para todos nós. A Semana Santa é o ponto mais alto da nossa vida comunitária, como sardoalenses, independentemente de seremos crentes ou não crentes. Faz parte do nosso Património Imaterial, faz parte da história dos sardoalenses e da história do Sardoal. Também é verdade que quando temos alguns percalços na nossa vida, seja de que âmbito for, há sempre a procura de explicações, ou de bem-estar ou de algum consolo na espiritualidade, na fé e na religiosidade. Vimos de dois anos de uma pandemia que ainda não terminou, estamos num período de grande indefinição do nosso futuro coletivo, agravado por esta situação de guerra na nossa Europa, à porta da União Europeia...

Ainda estamos ainda num período de perda?

Estamos num período em que não conseguimos perceber o que vai ser o amanhã. Um período em que a única certeza que temos é uma enorme incerteza em relação ao nosso futuro. Mas também é um momento em que temos que puxar aquilo que é importante para nós, a solidariedade, o espírito de entreajuda, a cooperação - como fizemos na pandemia - pois tudo isto faz muita falta no nosso espírito coletivo. E sendo certo que a Semana Santa apela a tudo isto, em termos religiosos, é um bom momento de reflexão e introspeção, quer sejamos ou não crentes.

Ainda com medidas de prevenção da Covid-19, como vão decorrer as celebrações?

Acredito que seja uma Semana Santa já o mais próximo possível da normalidade, sendo certo que a normalidade de hoje é uma normalidade diferente do que era há três anos.

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Fogaréus, só quem assiste ou participa é que que consegue perceber o que é aquele momento. É difícil de transmitir por palavras. Por todo o enquadramento natural, pelo facto de ser à noite e as luzes artificiais estarem desligadas, pelo bater das varas dos Irmãos da Misericórdia, pelo som da Filarmónica... cria-se todo um ambiente de misticismo que faz com que seja diferenciador e são poucas as procissões no nosso país com estas características.

Falou da retoma da encenação da Paixão de Cristo. Foi sempre um dos momentos marcantes desta época...

Porque todos nós passámos pelo que passámos, uns mais diretamente, outros indiretamente, todos nós tivemos alguém próximo que sofreu com tudo isto e não queremos, de forma nenhuma, que as coisas se repitam. Há, portanto, uma responsabilização que foi passada, fora das imposições legais, mas que cada um de nós faça a introspeção do que tem que mudar. A responsabilização deixou de ser coletiva para passar a individual, olhando sempre para o bem-estar coletivo.

Notou-se uma maior vontade das pessoas em retornar a estas festividades ou nota que se afastaram?

Não. As pessoas estão empenhadas em regressar à tal normalidade e sentem esse enorme desejo de o fazer. Claro que há quem tenham mais receio, outros menos, mas tem que ser uma retoma calculada, defensiva. Mas há coisas que não vão mudar na nossa vida comunitária e é bom que assim seja.

Quantas capelas vão estar abertas com tapetes de flores?

Todas as capelas e igrejas que é habitual. Quer dentro da vila de Sardoal, quer nas freguesias. O desafio que lançámos continuou em

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todo o concelho para que as pessoas mantenham esta tradição que, a determinada altura, foi alargada por nós a todo o concelho. E vamos continuar a fazer o transporte com o circuito por todas as freguesias.

As cerimónias religiosas têm o seu calendário e não são da responsabilidade direta da Câmara. Mas o que vai trazer este ano a Autarquia de Sardoal para a Semana Santa?

Vamos ter uma exposição, como sempre fazemos, e este ano será sobre os painéis da Misericórdia. São os painéis que saem na Procissão dos Fogaréus, na quinta-feira à noite, e que ultimamente se têm utilizado réplicas por uma questão de preservação dos originais, que são muito antigos. Vamos agora colocá-los mais próximos de quem os queira ver, até para apreciar alguns pormenores que à distância não se veem. Ainda por cima, a Procissão dos Fogaréus é realizada sem luz artificial. De resto, vamos fazer uma programação normal mas é com muita alegria que vejo que a encenação da Paixão de Cristo vai ser retomada no sábado à tarde pelo grupo GETAS. É muito bom. Na Pascoela, vamos ter o Concerto da Páscoa pela Filarmónica

A Semana Santa é o ponto mais alto da nossa vida comunitária

União Sardoalense, há ainda o passeio Pedestre “Caminhos da Fé”, na Sexta-feira Santa, o Projeto Capela, workshops e oficinas... Muitas das atividades complementares até surgem por iniciativa das associações, às quais damos resposta e apoio. Na Semana Santa, a maioria das atividades são da responsabilidade das Irmandades.

A Procissão dos Fogaréus ainda continua a ser o momento alto da Semana Santa ? A Procissão que atrai mais gente à vila?

A Procissão dos Fogaréus e a Procissão do Anúncio Solene da Ressurreição do Senhor, no domingo de Páscoa, são momentos diferenciadores da Semana Santa do Sardoal, em relação a outros locais do país. Na Procissão dos

Sim, fora dos momentos de organização religiosa, ou seja, não é realizado por nenhuma das Irmandades nem pela Igreja mas por uma das nossa associações. No entanto, envolve um conjunto tão grande de participantes e figurantes que acabam por articular também com outras associações. A determinada altura começou a ser também um ponto de referência da nossa Semana Santa as pessoas virem assistir a esta encenação do momento da Paixão e Morte de Cristo.

Em anos ditos normais, a vila enche-se de gente. É a aposta no turismo religioso a dar frutos?

Sim, está a dar frutos. É uma aposta que tem sido lenta. Nós temos um conjunto de recursos e queremos transformá-los num produto forte. Temos a nossa estratégia de turismo mas estes dois anos de pandemia não ajudaram em nada à concretização de um projeto que gostaríamos que já estivesse pronto há um tempo, que é o Centro de Interpretação da Semana Santa e do Património. Acredito que nos próximos dois ou três meses possamos inaugurar este Centro de Interpretação. Uma parte já está concluída há algum tempo, que é a parte da arte e restauro. O que está em falta é a parte da produção de conteúdos. Está a demorar algum tempo por falta de materiais e dificuldade de entrega de alguns equipamentos, situações que têm feito parte das nossas vidas nos últimos tempos. Mas acredito que esteja disponível em breve para quem vier de fora, em qualquer época do ano, e queira perceber o que é a nossa fé e a religiosidade e o que é a nossa Semana Santa.


ESPECIAL SARDOAL / Semana Santa

Painéis da Misericórdia originais em exposição no Centro Cultural Gil Vicente

/ Fotos: Paulo Sousa

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s celebrações da Semana Santa, em Sardoal, contam com muitos atrativos onde se enquadram a Procissão dos Fogaréus, na Quinta-feira Santa, este ano no dia 14 de abril. Nestas duas procissões a tradição aponta para a saída dos Painéis da Misericórdia, ou seja, as telas do século XVI que representam a paixão de Cristo. De acordo com a informação disponível, a Igreja da Misericórdia mantém os originais painéis da Misericórdia, dos finais do século XVI e de autor desconhecido, mas atualmente são cópias das obras que saem nas procissões evitando, desta forma, a sua degradação. Este ano os originais vão estar em exposição no Centro Cultural Gil Vicente, como um dos caminhos das procissões e, com toda a certeza, de

paragem obrigatória para poder apreciar estas obras cujo autor é, ao dia de hoje desconhecido. Sabe-se apenas que os painéis têm pinturas iguais, mas de épocas diferentes na frente e no verso. Ou seja, de um dos lados apresentam uma pintura do século XVI e do verso do século XVII. Têm a mesma imagem, apenas pintadas em períodos diferentes. O conjunto dos Painéis da Misericórdia de Sardoal é constituído por duas bandeiras com Nossa Senhora da Misericórdia com o seu manto, a mãe que protege o Clero, a Nobreza e o Povo. Ou seja, protege todos os estratos da sociedade. Estas são as primeiras imagens da Procissão dos Fogaréus presas nos pendões. Elas estão desanexadas dos pendões, as originais, por estavam muito degradas com os anos de utilização, porque são pinturas sobre tela. Foram recuperadas pelo Instituto Politécnico de Tomar e acabaram por ser desanexadas dessa função, havendo agora réplicas para sair na procissão. A bandeira da Misericórdia tem no verso uma Nossa Senhora da Piedade, uma descida da Cruz que apresenta um São João Evangelista, Maria mãe de Jesus e Santa Maria Madalena. A seguir às bandeiras segue o painel com a cena da “Flagelação”, depois a “Coroação de Espinhos” e no final a “Queda” a caminho do Calvário. João Soares, estava a instalar a exposição dos painéis e disse ao JA que a exposição do Centro

Cultural conta ainda com outros dois painéis que não fazem parte da Procissão dos Fogaréus: um Calvário e uma Última Ceia, mas de Emaúz. João Soares revelou que esta última pintura tinha outro figurativo, mas através do levantamento da policromia apareceu esta última ceia por baixo, e percebemos que em perfeito estado de conservação. De acordo com a tradição é desta igreja sai a procissão de Quinta-feira Santa, a mais imponente das Procissões da Semana Santa do Sardoal, cuja organização pertence, desde há séculos, à Irmandade da Santa Casa da Misericórdia: a Procissão dos Fogaréus. Tem a particularidade de ser realizada com as ruas escuras, pois naquele momento é desligada a iluminação pública, sendo a procissão iluminada pelas velas e archotes de quem nela participa.

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ESPECIAL SARDOAL / Semana Santa

Paixão de Cristo do GETAS volta a trazer emoção à Praça / Paulo Sousa

A encenação teatral da Paixão de Cristo é, sem dúvida, um dos momentos mais apreciado pelos visitantes da vila de Sardoal na Semana Santa. O GETAS - Centro Cultural de Sardoal é o grupo responsável por este acontecimento que, desde 2011, não deixa indiferente quem assiste. Vai voltar à Praça da República, no sábado, e nós fomos saber o que está previsto para este ano. Falámos com Paulo Rosa, presidente do GETAS desde janeiro deste ano, que adiantou que a recriação vai ser feita “dentro do que tem sido feito nas últimas edições, respeitando o modelo original do que está descrito nos documentos históricos acerca dos últimos passos de Cristo até ao Calvário”. A história está escrita e “compete-nos retratar aquilo que nos foi transmitido da forma mais fiel possível”, sem esquecer todo o ambiente envolvente como os figurantes e os trajes por forma “a proporcionar ao público a experiência única de poder assistir a um teatro de rua com esta dimensão mas também ao crentes, para que possam sentir aquilo que está registado como tendo acontecido”. Quantos às cenas mais violentas desta passagem da Bíblia, Paulo Rosa admite que “têm que ser representadas”. Contudo, “estão encenadas para que, por exemplo, não impressionem as próprias crianças que participam como figurantes. É tudo representado mas de uma forma mais amenizada”. Quanto ao número de pessoas

que participam na Paixão de Cristo, é sempre incerto. Explica Paulo Rosa que “os atores principais estão definidos mas o número de participantes é sempre uma incógnita até ao próprio dia”. Isto porque “iniciámos este projeto em 2011 em parceria com outras associações que continuam a colaborar connosco. No entanto, há mais associações e entidades a entrarem e que nos trazem figurantes. Se esses figurantes forem adultos, por vezes

Sardoal promoveu potencialidades turísticas na Bolsa de Turismo de Lisboa O Município de Sardoal esteve presente, no dia 19 de março, na Bolsa de Turismo de Lisboa (BTL), com o intuito de apresentar e promover o Concelho. Integrada no stand da Associação de Municípios da Rota da Estrada Nacional 2 (EN2), o Município fez uma promoção do Concelho enquanto local de passagem da EN2. O Sardoal é um local privilegiado para os muitos turistas que percorrem a EN2, afirmando-se cada vez mais como

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um ponto de paragem obrigatório. No âmbito da estratégia de promoção do turismo religioso, a Semana Santa de Sardoal esteve em destaque no stand da Comunidade Intermunicipal do Médio Tejo (Turismo do Centro) onde, à semelhança de anos anteriores, foi elaborado ao vivo um dos tradicionais tapetes de flores que adornam as Capelas e Igrejas do Concelho. Pétala a pétala, os Sardoalenses realizaram um tapete com vários tipos de flores (cravos,

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trazem filhos. Dou o exemplo da Filarmónica que traz os alunos da Escola de Música que, por sua vez trazem os pais ou, outro exemplo, os atletas dos escalões de formação dos Lagartos são crianças e jovens que, por sua vez, trazem os pais”. Já no que diz respeito à logística em termos de trajes, “muitas vezes à última da hora, temos que ceder um traje a um pai ou a um filho que venha para participar”. Mas também há quem os faça em casa

“porque os trajes que se utilizavam à época, como túnicas e lenços para a cabeça, são coisas que se arranjam facilmente”. Portanto, “só no próprio dia poderemos ter um número aproximado de participantes porque nem os vamos conseguir contar todos rigorosamente”. A recriação inicia com a cena da Última Ceia, com os 12 discípulos e Jesus Cristo, e no núcleo principal entram ainda Pôncio Pilatos, o sacerdote Caifás ou os guardas

romanos o que perfaz um total de 20 pessoas. Diz Paulo Rosa que se trata de uma peça “que não requer ensaios mas sim orientação. Pode parecer estranho mas é assim que acontece. Os principais intervenientes têm o seu papel estudado e sabem o que têm que dizer. Depois existe um coordenador que conhece a história toda e que vai avaliar os momentos mais oportunos para que as cenas se desenrolem”. E isto acontece porquê? “Como não há zonas de contenção de público, as pessoas têm tendência para absorver a zona de cena. Quando a logística permite que haja cavalos, são os romanos a cavalo que têm como principal missão delimitar essa zona. Na ausência de cavalos, já tivemos anos que não os conseguimos trazer, sãos os guardas romanos que com as suas lanças vão mantendo o público afastado”. A Paixão de Cristo tem início na Praça da República, “aproveitando o edifício da Câmara Municipal para representar o palácio de Pôncio Pilatos, que discursa à varanda. Depois de Jesus Cristo ser preso e de lhe ser colocada a cruz às costas, “prosseguimos pela Rua Luís de Camões e pela 5 de Outubro até ao Largo do Convento, onde é o lar de idosos da Santa Casa da Misericórdia atualmente, e é aí que termina a representação com a crucificação de Cristo e dos dois vilões a seu lado”. Paulo Rosa assume que o sucesso desta recriação tem a ver com o facto de, “desde o início, ser criado com emoção e muito amor. O resultado tem sido algo que acaba também por emocionar as outras pessoas”. A Paixão de Cristo vai então ser levada à cena no sábado, 16 de abril, às 16 horas. Patrícia Seixas

/ Paulo Sousa

camélias e glicínias), que foi motivo de curiosidade para os muitos visitantes que se aproximaram do local para ver in loco a construção do mesmo. O Presidente da Autarquia Sardoalense, Miguel Borges, fez uma apresentação dos principais destaques da Semana Santa de 2022, revelando o programa religioso e evidenciando a importância que o evento tem para o Concelho e até para a região centro. A presença do Município na Bolsa de Turismo de Lisboa, que acontece pelo sexto ano, insere-se na estratégia de promoção do turismo, enquanto fator de desenvolvimento económico-social deste Concelho. A Bolsa de Turismo de Lisboa decorreu na Feira Internacional de Lisboa (FIL) no Parque das Nações, em Lisboa, entre 16 e 20 de março, sendo o mais importante certame de turismo que acontece no país. André Lopes


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Rock na Vila 2022 já tem cartaz // O Festival Rock na Vila está de regresso nos dias 3 e 4 de junho, após dois anos de interregno face à pandemia da Covid-19. O Parque de Feiras de Vila de Rei volta assim a receber nomes bem conhecidos da música nacional. Organizada pelo Município de Vila de Rei, esta é a décima sétima edição do Festival e apresenta como principais atrações Murta e o rapper Plutonio, entre outras bandas que apresentarão espetáculos aos milhares de festivaleiros esperados em mais um Rock na Vila. O 17º Festival Rock na Vila vai então contar com o seguinte programa: 3 de junho – Artigo 21; (Re)-Invention; Murta; DJ Nuno Calado; DJ Gonçalo Farinha. Os ‘Artigo 21’ são uma banda, natural de Lisboa, que vai mostrar o seu estilo Punk Rock cantado em português. Influenciados pelo mítico punk-rock Norte-Americano dos anos 90 e pelo punk-rock cantado em Português, a banda consegue criar um som próprio e facilmente identificável com a mistura das suas referências musicais. Nova banda de rock em português, os ‘(Re)-Invention’ são

compostos por músicos já com vasta experiência, oriundos da antiga banda ‘Mercadoria’, que passaram já por diversos palcos e tocaram com nomes como com Richie Campbell ou Diogo Piçarra. Os ‘(Re)-Invention’ prometem mais um espetáculo imperdível. ‘Murta’ é o cabeça-de-cartaz desta primeira noite do Festival. Muito conhecido do público nacional após a sua participação no programa televisivo ‘The Voice’, onde foi finalista, Francisco Murta é presença assídua no top das rádios nacionais através dos seus temas ‘Porquê’ (com mais de 7,5 milhões de visualizações no Youtube), ‘Vou-te Amar’, ‘Saudade’ ou ‘Palavra’. Nome bastante conhecido das pistas de dança a nível nacional, o DJ Nuno Calado marcará presença na tenda eletrónica do Rock na Vila. Com um longo percurso na rádio nacional, estando na fundação da Antena 3 e tendo-se notabilizado pelo seu programa

“Indiegente”, Nuno Calado será sempre associado a qualidade musical, com os seus sets a serem uma viagem de diversão por várias épicas da música. Depois do sucesso da sua presença na tenda eletrónica da última edição da Feira de Enchi-

dos, Queijo e Mel, o DJ Gonçalo Farinha vai fazer a sua estreia enquanto DJ do Festival Rock na Vila. Natural de Proença-a-Nova, o DJ Gonçalo Farinha marcou já presença em algumas das principais pistas da zona centro do País e prepara-se agora para animar os festivaleiros de Vila de Rei até altas horas da madrugada. 4 de junho – Blues & Outros Tons; Palomita e los Gringos Locos; Plutonio; Djs Kiss Kiss Bang Bang; DJ Seadas e MC Pinkie ‘Blues & Outros Tons’ vão apresentar temas originais e covers de grandes nomes da música mundial, como Muse, Coldplay, Queen, Radiohead, Amy Winehouse, entre muitos outros. Os músicos procuram a diversidade, as cores, os géneros e pretendem criar beleza com dissonâncias e contrapontos. ‘Palomita e los Gringos Locos’ é o novo projeto de Paloma del Pillar, que regressa assim ao palco do Festival Rock na Vila. A cantora vai mostrar o seu estilo musical sobejamente conhecido pelos portugueses através das suas participações em vários concursos musicais televisivos, como o ‘Factor X’ (2013), ‘Ídolos’ (2015), ‘Just Duet’ (2017) e ‘The Voice (2020).’ O rapper português Plutonio vai fazer a sua estreia em Vila de Rei e colocar ao rubro o muito público esperado para a sua atuação.

Temas como ‘Cafeína’, ‘Meu Deus’, ‘1 de Abril’, ‘Última Vez’, ‘Somos Iguais’ ou ‘Vergonha na Cara’ obtiveram milhões de visualizações no Youtube e serão certamente ouvidos em Vila de Rei na noite de 4 de junho. Plutonio passou já por grandes palcos nacionais, com destaque para as atuações no NOS Alive, Coliseu dos Recreios, em Lisboa, ou Hard Club, no Porto. Os DJs Kiss Kiss Bang Bang são presença habitual nos principais festivais e eventos académicos por todos o País, fazendo em 2022 a sua estreia nos palcos vilarregenses. A dupla de DJs é conhecida por combinar estilos musicais variados com uma excelente interação vocal com o público ao longo de toda a atuação. A encerrar a 17ª edição do Rock na Vila, a dupla vilarregense DJ Seadas & MC Pinkie regressa à tenda eletrónica do Festival e promete novos momentos de pura diversão. Ao som dos melhores hits dos mais diferentes estilos musicais, a dupla oferece sempre momentos de diversão e interação com o público. As entradas para o 17º Festival Rock na Vila são gratuitas, tal como o campismo que apresenta excelentes condições para quem desejar acampar e usufruir do evento em toda a sua plenitude. PUBLICIDADE

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CHMT e CVP formalizam cooperação para formação de profissionais // O presidente do CHMT – Centro Hospitalar do Médio Tejo, Casimiro Ramos, e a presidente da Cruz Vermelha Portuguesa, Ana Jorge, assinaram em 9 de março, no Hospital de Torres Novas, um protocolo de cooperação entre as duas instituições que tem como objetivo captar e capacitar jovens da região para as profissões técnicas e operacionais da Saúde. O protocolo envolve a formação de competências de profissionais de Saúde, através do pólo de Torres Novas da Escola Profissional da Cruz Vermelha Portuguesa, disponibilizando o CHMT os seus serviços para realização de estágios dos formandos. A parceria agora firmada irá também permitir a realização de estágios no CHMT no âmbito de Licenciaturas e ensino pós-graduado. Esta colaboração entre o CHMT e a CVP nasce do reconhecimento que é uma mais-valia o reforço de competências prévias dos profissionais que asseguram, nomeadamente, as funções de assistentes operacionais nos serviços de Saúde. Estes profissionais são da maior importância para as instituições e para os utentes – garantem a higiene e cuidados com forte componente de humanização aos doentes internados, asseguram a manutenção das condições de limpeza e higienização das instalações, executando, também, apoio logístico e administrativo.

/ Ana Jorge e Casimiro Ramos Estas funções exigem uma crescente capacitação formativa que envolve a aquisição de um conjunto de conhecimentos, atitudes e aptidões com o objetivo de dar resposta às exigências das instituições de Saúde, cujos padrões de qualidade e satisfação do utente são cada vez mais elevados.

Estas competências incluem conhecimentos teórico/científicos na área da patologia, passando pela compreensão da organização da própria instituição de saúde, até às atitudes e aptidões relacionadas diretamente com a prestação de cuidados de saúde e a capacidade para comunicar com o doente

e respetivos familiares nas mais diversas situações. Não menos importante, é que cada profissional tenha consciência da sua área de intervenção específica, assuma plenamente as suas responsabilidades nesse âmbito, mas não as ultrapasse. É no âmbito deste quadro que surge a parceria entre o CHMT e a CVP – as unidades que integram o CHMT irão colaborar na formação de Técnicos Auxiliares de Saúde, nomeadamente através de campos de estágio para estes formandos nos diversos serviços. Alguns enfermeiros do CHMT participarão, igualmente, nas ações de formação teórica. Por outro lado, o CHMT também irá colaborar com as Escolas Superiores de Saúde da Cruz Vermelha, também como campos de estágio, tanto de alunos das licenciaturas, bem como, no ensino pós-graduado. “Os desafios na área da Saúde são cada vez maiores e mais complexos, como pudemos assistir nos últimos dois anos de combate à pandemia”, afirma Casimiro Ra-

mos, presidente do Conselho de Administração do CHMT, acrescentando que “esta parceria surge num momento de viragem crucial. Trabalhar em Saúde envolve uma aprendizagem e formação continuas, e a pandemia também paralisou essa importante componente formativa. Mas também nos deu importantes lições, nomeadamente sobre a importância da humanização dos cuidados, que agora podemos integrar em boas-práticas e nos conteúdos programáticos formativos, para futuras situações de resposta a questões de saúde pública”. Ana Jorge, presidente da Cruz Vermelha Portuguesa, explicou que “com o lançamento deste protocolo, daremos em conjunto com o CHMT, um contributo para a existência de saídas profissionais com empregabilidade garantida, em Hospitais, cuidados continuados ou em estruturas residenciais para idosos. Os jovens poderão igualmente prosseguir estudos superiores, se assim for o seu desejo”. A presidente da Cruz Vermelha explicou ainda que o protocolo também irá abranger a área de investigação. Casimiro Ramos acredita que maior qualificação dos profissionais resultará em melhores cuidados de saúde, pois, como afirmou, “o CHMT encara a valorização e capacitação dos seus atuais e futuros profissionais como uma semente para um futuro com maiores níveis de eficiência e satisfação global pelos serviços prestados”.

CHMT anuncia resultado negativo de 12,6 milhões de euros O Centro Hospitalar do Médio Tejo (CHMT) anunciou, em 30 de março, um resultado negativo de 12,6 milhões de euros (ME) nas contas de 2021, cerca de metade dos 23,5 ME registados em 2020, afirmando ser a maior redução dos últimos cinco anos. “Apesar de negativos, [os resultados] eram expectáveis dadas as circunstâncias das dificuldades e restrições impostas pela crise da covid-19 e são até mais favoráveis do que seria de esperar”, disse o presidente do Conselho de Administração do CHMT. Casimiro Ramos falava na apresentação do relatório de contas e balanço de atividade desenvolvida naquele centro hospitalar, que agrega as unidades de Abrantes, Tomar e Torres Novas, uma cerimónia que decorreu em Abrantes. Segundo frisou o responsável, “apesar do resultado negativo, esta é a maior redução dos últimos cinco anos” nas contas do CHMT, só ultrapassada pelos resultados de 2016, ano em que o centro hospitalar registou um saldo negativo

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de 1,6 ME, um dado que o gestor associou a um "aumento muito expressivo" da atividade assistencial de redução das listas de espera, a par de medidas de contenção e rigor. “Só foi possível [este resultado] graças ao grande esforço na recuperação das listas de espera, que continuam ainda elevadas, e que permitiu aumentar a produção e a faturação”, notou, estimando um acréscimo na faturação na ordem dos “6 a 7 milhões de euros e destacado ainda as “medidas de rigor” implementadas ao nível das “despesas de funcionamento, gestão de stocks e aquisições”. Com um orçamento de 96 milhões de euros em 2021 e 2.237 trabalhadores, o presidente do CHMT destacou ainda investimentos efetuados na ordem dos 6 ME nos últimos dois anos, num balanço global que aponta para um total de 8 ME a mais de custos em 2021 do que de proveitos. A evolução favorável das contas hoje apresentadas, na comparação com 2020 e com os últimos

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cinco anos, resulta da melhoria do resultado das prestações de serviços e concessões, que totalizaram um montante global de 76,5 ME, contra os 55,1 ME de 2020, tendo sido registado, por outro lado, um aumento dos custos com mercadorias e matérias consumidas, fornecimentos e serviços externos, a par de gastos com pessoal, que regista um total de 2.237 trabalhadores (um aumento de 226 funcionários nos últimos dois anos) e uma folha salarial atual de 67,6 ME. A dívida total do CHMT ascende hoje aos 23,2 ME, um aumento relativamente a 2020 (19,9 ME) e uma diminuição relativamente a 2017 (31,6 ME), sendo o valor da dívida vencida no final de 2021 de 13,2 ME, um aumento relativamente a 2020 (10.09 ME) e uma diminuição para 23,4 ME comparativamente ao ano de 2017, valores finais que contaram com o apoio do governo através de um aumento de capital na ordem dos 7 ME. Tendo considerado 2021 como “um ano de grandes desafios”, o gestor disse que o centro hospitalar

afirmou-se, em termos económicos, pela “maior redução dos resultados negativos do CHMT dos últimos cinco anos”, pela “retoma da atividade assistencial a partir no quarto trimestre do ano, que permitiu ultrapassar os resultados de 2020 e ficar muito próximo dos níveis de 2019”, pela “entrada em funcionamento dos novos equipamentos” e ainda pelo “reforço do quadro de pessoal especializado”, que “permitiu a retoma dos serviços à sua atividade normal, acrescendo ainda atividade adicional com vista à recuperação de listas de espera”. O responsável realçou ainda que o “esforço e a dedicação” dos profissionais do CHMT permitiu o “reforço da atividade desenvolvida nas três unidades hospitalares” e dar “apoio no processo de vacinação contra a covid-19 da população da região do Médio Tejo”, a par da “realização de cerca de 120 mil testes à covid-19 para toda a região da Administração Regional de Saúde de Lisboa e Vale do Tejo (ARSLVT). Com um orçamento para 2022 de 113 ME, Casimiro Ramos disse

vislumbrar uma “luz ao fundo do túnel”, apesar da “sexta vaga em curso” em termos pandémicos e de, ao dia de hoje, o hospital de Abrantes ter 34 doentes internados com covid-19 em duas enfermarias dedicadas, um dos quais em cuidados intensivos. “É uma luz ao fundo do túnel poder aspirar a trabalhar sem a pressão do covid, para poder programar as atividades e organização dos serviços”, concretizou. Como perspetivas para este ano, o gestor antecipou uma “intensa retoma da atividade”, um “forte investimento na melhoria das instalações e dos equipamentos médico-cirúrgicos”, que disse serem na ordem dos 7 ME, a par de investimentos na criação de respostas aos cuidados de saúde mentais dos mais jovens, protocolos de colaboração com instituições de ensino superior, investimento na capacitação e formação dos profissionais e criação de comissões ao nível da humanização do CHMT e de ambiente e sustentabilidade. Lusa


SOCIEDADE /

Em Abril, outra guerra A solidariedade para com um povo sujeito à violência da guerra entre países é um bom princípio para sentirmos a violência de uma outra guerra – a guerra contra pessoas inocentes e sem capacidade de defesa própria. Dia após dia, mês após mês, ano após anos, há crianças e adolescentes vítimas de violência. Mais em concreto, de violência física ou psicológica, de bullying ou de abuso sexual, vítimas como bolas em jogo entre pais desavindos, vítimas da fome e da pobreza, da insegurança em que vivem as suas famílias e da falta de perspetivas de futuro… Os anos da infância e da adolescência são aqueles em que se estruturam os alicerces do corpo e da mente do futuro adulto. É nestes anos que o cérebro constrói as suas estruturas de perceber o mundo e de responder aos acontecimentos. Algumas crianças e jovens aprendem que o mundo é perigoso e não podem contar com mais ninguém, por vezes nem com aqueles em quem mais confiam, os pais. Uma criança ou adolescente sujeito a maus tratos fica diminuído, muitas vezes para sempre. Abril é o Mês da Prevenção dos Maus Tratos na Infância. A guerra na Ucrânia traz muita gente assustada. Que sentirá uma criança que vive sob uma guerra familar ou de proximidade permanente? E por que razão não se unem esforços para ajudar estas pessoas que não se podem ajudar a si próprias, isto é, que estão dependentes da ajuda de outros – de nós? No caso do concelho de Abrantes, por exemplo, só com processos ativos na Comissão de Proteção de Crianças e Jovens (CPCJ) há casos de crianças ou adolescentes (até aos 18 anos) sujeitos a negligência grave, comportamentos graves anti-sociais, sem acompanhamento familiar, vítimas de castigos corporais e de violência doméstica, entre outros.

// CONTACTOS • CPCJ de Abrantes ▶241 361 695 • CPCJ de Constância ▶969 105 656 • CPCJ de Mação ▶968516811 • CPCJ de Sardoal ▶964 520 768 • CPCJ de Vila Nova da Barquinha ▶249715143 • CPCJ de Vila de Rei ▶919636872

São pessoas: José ou Maria, Rosa ou Manuel, nomes fictícios que significam que são pessoas concretas, com nome próprio, e com sonhos… ameaçados ou já destruídos. A Declaração Universal dos Direitos do Homem (1948) e a Convenção dos Direitos da Criança (1989) deviam ser suficientes para que casos como estes, e vários outros, fossem motivo de indignação pública. Além destes códigos internacionais, há múltipla legislação nacional no mesmo sentido. Por que razão um acidente de automóvel de que resultaram apenas feridos ligeiros merece, e bem, intervenção ponta, mas estados de guerra continuada, por exemplo na família, na escola, nas redes sociais parecem contar com indiferença ou mesmo conivência? Há muito que pode e deve ser

feito. Veja-se, por exemplo, o caminho já andado na integração das crianças e jovens com deficiências: é a demonstração de que vale a pena trabalhar para criar melhores condições às crianças e adolescentes que não podem criá-las por si mesmos. Abril é o mês do Laço Azul. Sinal de que há uma urgência a ter em conta. Se soubermos de um caso, é importante comunicar à PSP, à GNR, aos serviços sociais da Câmara ou à Junta de Freguesia, à Direção da escola ou à CPCJ do concelho. Vale a pena insistir: neste momento, há no meu concelho (Abrantes ou outro) crianças e adolescentes a serem vítimas, abandonados, sem que alguém lhes dê uma resposta satisfatória.

// O LAÇO AZUL O Laço Azul surge em 1989, na Virgínia (EUA). Bonnie W. Finney prendeu uma fita azul na antena do seu carro “para fazer com que as pessoas se questionassem”. A curiosidade levou a que fosse ouvida a sua mensagem «sobre sobre os maus-tratos à sua neta, os quais já tinham morto o seu neto de forma brutal». O azul, cor do céu e da serenidade significava que «Bonnie Finney não queria esquecer os corpos batidos e cheios de nódoas negras dos seus dois netos. O azul servir-lhe-ia como um lembrete constante para a sua luta na proteção das crianças contra os maus-tratos.» A sua luta continua, agora ampliada pelo mundo com o Laço Azul. Abril é o mês do Laço Azul. Mas as nódoas negras, no corpo ou na alma, são de todos os dias.

José A. Jana PUBLICIDADE

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Abrantes recolheu 24 toneladas de ajuda para a Ucrânia // Foram 14 dias de uma campanha que abrangeu todo o concelho de Abrantes e que juntou 24 toneladas de ajuda humanitária que teve como destino a Ucrânia. A autarquia de Abrantes juntou nesta iniciativa de apoio todas as juntas de freguesia, que receberam donativos das gentes e empresas do concelho de Abrantes. A Cruz vermelha Portuguesa, núcleo de Abrantes, e os Bombeiros Voluntários de Abrantes também estiveram envolvidos como pontos de recolha das doações. O camião de 24 toneladas que encetou no dia 21 de março chegou ao seu destino, na Polónia, na segunda-feira, dia 28 de março. O destino deste camião foi a cidade de Lublin, na Polónia, e a bordo foram bens alimentares, produtos de higiene para adultos e crianças, medicamentos, material de primeiros socorros, roupas quentes e comida para animais. De acordo com informação do Município de Abrantes os bens recolhidos serão descarregados no armazém da associação humanitária IHRC – Internacional Human Rights Commission, em articulação com a Embaixada Portuguesa na Polónia.

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Raquel Olhicas, vereadora com o pelouro da Ação Social explicou que para além de roupa, que começava a não ser produto de primeira necessidade face à quantidade já recolhida em toda a Europa, a alimentação, primeiros socorros e produtos para bebés fizeram grande parte da carga. Houve ainda alimentação para animais, um dos pedidos feitos pelas autoridades locais, assim como botas, uma vez que as temperaturas na Ucrânia são muito agrestes, por estas alturas. A vereadora indicou ainda que o gabinete criado no âmbito do serviço social do Município tem sido procurado por cidadãos ucranianos e por portugueses. E a onda de solidariedade vai ao ponto de haver “ofertas de alojamento para as casas de primeira habitação, não para um anexo ou segunda habitação, mas para poderem ocupar um ou dois quartos da casa, em convivência com as famílias.” Manuel Jorge Valamatos, o presidente da Câmara de Abrantes,

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acompanhado por vários presidentes de junta de freguesia, que se envolveram nesta iniciativa, estiveram presentes no momento em que toda a carga saiu dos armazéns para o camião. O autarca de Abrantes vincou que aquele era “um camião cheio de solidariedade abrantina, das instituições e dos cidadãos. É uma resposta a uma situação de emergência, de uma guerra que todos lamentamos.” O presidente da Câmara notou que o camião que tinha ao lado representa ajuda a quem precisa, mas representa também “o fracasso da humanidade.” Esta campanha fechou no dia 14 de março, mas o apoio não fechou a porta e o autarca deixou a ideia clara de que irá haver apoio consoante as janelas de necessidades que venham a surgir, até de acordo com as entidades oficiais que estão a gerir estes processos. É que, destacou, este apoio e estas ações fazem parte de um plano do país e da Europa para apoiar as gentes

que ficam na Ucrânia e aqueles que fogem da guerra. Manuel Jorge Valamatos referiu ainda o “imenso trabalho de todos os técnicos municipais, com incidência na Ação Social." Há um acompanhamento individualizado de todos os cidadãos ucranianos que chegam a Abrantes. E de seguida deixou a nota dos cerca de 150 ucranianos que a Comunidade Intermunicipal do Médio Tejo “foi buscar” à fronteira da Polónia com a Ucrânia. “Continuaremos atentos para poder fazer o melhor que sabemos e podemos para ajudar o povo ucraniano que precisa da nossa ajuda.” No sábado, dia 15, chegaram dois autocarros, um outro já tinha chegado a meio da semana, contratados pela Comunidade Intermunicipal do Médio Tejo com um grupo de cidadãos ucranianos. Na maioria são mulheres e crianças, mas há também um grupo de surdo-mudos de uma instituição daquele país. Manuel Jorge Valamatos indicou que alguns destes cidadãos

ucranianos já estão em Abrantes, mas adiantou que todos os dias chegam pessoas e acrescentou “mesmo agora fomos informados que há mais uma cidadã que foi acolhida por amigos e que precisa agora de encaminhamento.” Há uma resposta que está a ser dada em rede, de acordo com o autarca, com o apoio da Paróquia e da Santa Casa da Misericórdia. E depois concluiu a referir que havia, à data, dez alunos ucranianos que foram integrados em escolas de Abrantes, nos dois agrupamentos (Solano de Abreu e Manuel Fernandes) que fazem o seu papel na integração destes jovens. O camião com as 24 toneladas de ajuda humanitária de Abrantes foi um “frete” com um custo superior a três mil euros que foi pago na totalidade pela empresa Oke Tillner-Perfis Lda. Sónia Ferreira, a representante da empresa, revelou que este foi um apoio de toda a empresa, desde os colaboradores aos administradores. Jerónimo Belo Jorge


GALERIA / Sara Coutinho de Lucena / 1, 2, 3 –Trabalho Imaginar Nova Iorque (Todas as imagens que estão por base neste trabalho são da autoria de Sara Lucena); / 4 – Imagem do novo grupo de fotografias do mesmo trabalho; / 5 – Çanakkale, Turquia - 2010; / 6 – Melrose Abbey, Escócia – 2011; / 7 – Edinburgh, Escócia – 2011;

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nasceu em Lisboa, em 1985. Mestre em Arquitetura pela ULHT e atualmente a exercer a profissão de arquiteta num gabinete na cidade de Abrantes, iniciou em 2006 um percurso autodidata na fotografia, que passou a ser um meio de expressão pessoal, uma ferramenta que a ajudou a reconstruir a realidade e a interpretá-la de uma nova maneira. Tornou-se numa paixão que terá surgido do seu gosto pela arte, particularmente o cinema. O modo artístico de representar a realidade, de a manipular e de lhe dar toda uma infinitude de novas possibilidades interpretativas. No âmbito da sua paixão particular pelo estilo a preto e branco e numa procura de transformar e abrir as suas fotografias ao imaginário de cada um, desenvolveu um trabalho fotográfico sobre a imagem da cidade de Nova Iorque, que esteve exposto durante o mês de abril de 2018 na Fábrica do Braço de Prata, em Lisboa. Imaginar Nova Iorque é um trabalho sobre a interpretação fotográfica da cidade à luz da sua dinâmica cosmopolita. Ainda enquanto estudante, participou em diversos concursos de fotografia e em 2010 ganhou o primeiro lugar no Concurso de Fotografia do Jardim Zoológico de Lisboa e sendo sua uma das fotografias exposta na Exposição do IV Concurso da National Geographic Portugal. Embora arquiteta de profissão, a fotografia está presente no seu dia a dia, trabalhando sob o nome de DADIPhotography desde 2013. Realiza trabalhos em eventos, fotografias com famílias, crianças e bebés e paralelamente trabalha na criação de conteúdos fotográficos para páginas pessoais.

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REGIÃO / Médio Tejo // OPINIÃO

ELEIÇÕES GERAIS PARA AS ELEIÇÕES INTERCALARES

ASSEMBLEIA DE FREGUESIA ALVEGA E CONCAVADA – 2022

Bem-vinda Primavera, época das alergias! / Dra. Maria Alfaro, Médica Pediatra

Curiosamente, as diferentes estações do ano podem provocar alterações no nosso organismo. O velho ditado “a primavera, o sangue altera”, poderá ter a ver com isto… É frequente as pessoas se queixarem nesta altura do ano de “falta de energia”, cansaço, cefaleia, problemas de concentração, alterações do humor, do sono... a famosa “astenia primaveral”. Tudo isto parece ter relação com a adaptação à nova estação, aos dias maiores, com maior exposição solar, mudança de temperatura e de pressão atmosférica, e ainda ao aparecimento dos sintomas alérgicos. As alergias primaveris são um problema cada vez mais frequente nas crianças, mas também nos adultos. Rinite, conjuntivite, asma e urticária são as manifestações alérgicas mais comuns na primavera, sendo os principais sintomas prurido ocular, lacrimejo, olhos vermelhos, congestão nasal, espirros, rinorreia, prurido nasal, faríngeo, palato e canal auditivo, prurido cutâneo, exantema, aparecimento ou exacerbação do ezcema, tosse e dificuldade respiratória. Trata-se de uma resposta exagerada do sistema imunológico frente a um ou vários alergénios do ambiente, ácaros e, principalmente, pólens. Em Portugal, devido ao clima, existem pólenes no ambiente o ano todo, sobretudo de fevereiro a outubro, com um pico máximo de abril a junho. Podemos prevenir os sintomas alérgicos? É impossível a evicção completa da exposição aos pólenes responsáveis pelos nossos sintomas alérgicos, mas podemos reduzir a exposição através de algumas medidas: • Consultar o boletim polínico semanal que divulga as previsões de quantidades de pólen nas diferentes regiões, evitandose sair nos dias de maior concentração polínica; • Evitar estar ao ar livre nas primeiras horas da manhã, sobretudo nos dias de muito

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vento e sol, quando existe mais pólen, e arejar as divisões da casa na parte da tarde; • Ao chegar a casa, tomar banho, mudar de roupa e fazer lavagem nasal com soro fisiológico; • Optar por ir de carro ou de transporte público até à escola ou trabalho; ir de janelas fechadas e usar/substituir regularmente os filtros anti pólen do ar condicionado; • Usar óculos escuros para aliviar os sintomas oculares; • Evitar idas ao campo e atividades ao ar livre nos dias de maior concentração de pólen. A importância da alimentação Sendo a base deste problema um quadro inflamatório mediado pela libertação de histamina, faz sentido o consumo de alimentos ricos em vitaminas e minerais, com efeito anti-inflamatório e antioxidantes, evitando outros alimentos considerados “libertadores de histamina”, os quais poderão contribuir negativamente no controlo dos sintomas alérgicos. No que respeita aos alimentos que funcionam como “aliados”, privilegiar o consumo de peixe azul, sementes de cânhamo, linhaça, kefir, leguminosas, levedura de cerveja, gérmen de trigo, cebola, alho, agrião, couve kale, gema de ovo, tomilho, algas clorella, espirulina, sementes de chia, bagas de goji, geleia real, açaí, gengibre e canela. Por outro lado, é aconselhado evitar alimentos chamados “libertadores de histamina”, próinflamatórios, nomeadamente: açúcar, cacau, enchidos, fumados, enlatados/conservas, queijos curados, vinagre, citrinos, tomate, marisco, molhos com glutamato, entre outros.

JORNAL DE ABRANTES / Abril 2022

 O Partido Político “Partido Socialista” vem, nos termos e para os efeitos do n.º 4 do artigo 21.º da Lei n.º 19/2003, de 20 de junho, na atual redação, comunicar que constitui Mandatário Financeiro Local David Lopes Ferreira CARTÓRIO NOTARIAL EM ABRANTES A CARGO DA NOTÁRIA ANDREIA SORAIA MARTINS SILVA Extrato Notarial de Escritura Pública de “Justificação” _____ Certifico narrativamente, para efeitos de publicação, que por escritura lavrada na presente data a folhas cem e seguintes, do livro de notas para escrituras diversas número vinte e nove, do Cartório Notarial em Abrantes, sito na Avenida 25 de Abril, número duzentos e quarenta e oito, freguesia de União das Freguesias de Abrantes (São Vicente e São João) e Alferrarede, da Notária, Andreia Soraia Martins Silva: GUILHERME SILVÉRIO CASEIRO NIF 118.962.299, natural da freguesia de Aldeia do Mato, concelho de Abrantes, e mulher CRISTINA MARIA SILVÉRIO, NIF 122.272.765, natural da freguesia de Aldeia do Mato, concelho de Abrantes, casados sob o regime da comunhão geral de bens, residentes no Rua do Outeiro, número 105, Carreira do Mato, freguesia de Aldeia do Mato e Souto, concelho de Abrantes. DECLARARAM OS OUTORGANTES SOB SUA INTEIRA RESPONSABILIDADE: --------- Que, são donos e legítimos possuidores, com exclusão de outrem, do seguinte imóvel, não descrito na Conservatória do Registo Predial de Abrantes; --------- Prédio urbano, composto de casa de habitação com dois pisos e cinco divisões, localizado na Rua do Outeiro – Carreira do Mato, freguesia de União das freguesias de Aldeia do Mato e Souto, concelho de Abrantes, com a área total de novecentos metros quadrados, com a área de superfície coberta de setenta e sete metros quadrados, área descoberta de oitocentos e vinte e três metros quadrados, a confrontar de norte com Pedro Fernandes, de sul com Ernesto Maria, de nascente e de poente com Via Pública, inscrito na matriz predial urbana da freguesia de União das freguesias de Aldeia do Mato e Souto, sob o artigo 1440, anterior artigo 1225 da freguesia de Aldeia do Mato (extinta), com o valor patrimonial correspondente de 21.090,03€, a que atribuem igual valor. ------ Que desconhecem outros artigos anteriores a este imóvel. MAIS DECLARARAM: ---------- Que, o imóvel veio à posse deles ora justificantes, por compra e venda meramente verbal, já no estado de casados, efetuada em dia e mês que não podem precisar, mas no ano de mil novecentos e sessenta e quatro, feita a José Alves Caseiro e mulher Maria da Conceição Silvério, casados sob o regime da comunhão geral, residentes em Carreira do Mato, Aldeia do Mato, Abrantes, nunca tendo formalizado o respetivo contrato por escritura pública, de modo a proceder ao seu registo na Conservatória do Registo Predial de Abrantes. Que desconhecem os segundos ante possuidores devido ao lapso de tempo decorrido. Que desde esse ano, ou seja, há mais de vinte anos, entraram na posse do mencionado imóvel, e de imediato o ocuparam e passaram a usufruí-lo, habitando-o, ligaram-no às redes públicas de eletricidade e água, tratando da sua limpeza, fazendo obras de manutenção, guardando nele os seus pertences, haveres e utensílios, suportando e pagando as respetivas contribuições e impostos, isto é, gozando de todas as suas utilidades, direitos, e benefícios por ele proporcionadas. ------- Sendo esta posse exercida, sem qualquer interrupção, com o conhecimento de toda a gente, sem oposição de quem quer que seja, e com o ânimo de quem exerce direito próprio, ou seja, exercendo essa mesma posse de forma contínua, pública, pacífica, e de boa-fé. POR FIM DECLARARAM: --------- Que dadas as características de tal posse, invocam a aquisição desse bem por usucapião, justificando o seu direito de propriedade, para efeitos de inscrição na Conservatória do Registo Predial, dado que esta forma de aquisição não pode ser comprovada por qualquer outro título formal extrajudicial. Está conforme o original. _____Abrantes, 25 de março de 2022 _____A Notária, Andreia Soraia Martins Silva

NOTARIADO PORTUGUÊS CARTÓRIO NOTARIAL DE SÓNIA ONOFRE EM ABRANTES A CARGO DA NOTÁRIA SÓNIA MARIA ALCARAVELA ONOFRE ---Certifico para efeitos de publicação que por escritura lavrada no dia vinte e dois de Março de dois mil e vinte e dois, exarada a folhas cento e quarenta e seguintes, do Livro de Notas para Escrituras Diversas DUZENTOS E DEZASSEIS — A, deste Cartório Notarial, foi lavrada uma escritura de JUSTIFICAÇÃO, na qual os Senhores MARIA MANUELA FLORINDA DIAS, e marido SAMUEL DAS NEVES MARCÃO, casados no regime da comunhão de adquiridos, ambos naturais da freguesia de Pego, do concelho de Abrantes, residentes na Rua do Frade, número 33, primeiro andar, em Pego, Abrantes, e MANUEL DE JESUS DIAS AMARO, contribuinte fiscal número 106 042 203, divorciado, natural da freguesia de Pego, do concelho de Abrantes, residente na Travessa do Frade, número 33, em Pego, Abrantes, DECLARARAM, que: ----São os únicos herdeiros de MARIA FLORINDA, que também usava e era conhecida por MARIA FLORINDA DE JESUS, falecida no dia catorze de Dezembro de dois mil e um, e de JOAQUIM DIAS AMARO LOPES, falecido no dia doze de Agosto de dois mil e quatro, conforme escritura de Habilitações de Herdeiros outorgada no dia treze de Fevereiro de dois mil e sete, exarada a folhas quarenta e cinco e seguintes do Livro de Notas CINCO - A, deste Cartório Notarial. ---Que, com exclusão de outrem, as heranças ilíquidas e indivisas abertas por óbito dos referidos MARIA FLORINDA e JOAQUIM DIAS AMARO LOPES, são donas e legítimas possuidoras, do Prédio rústico sito em Pinheiro, na freguesia de Pego, do concelho de Abrantes, composto de marmeleiros, oliveiras e vinha, com a área de mil quatrocentos e quarenta metros quadrados, a confrontar de Norte com Herdeiros de Augusto Serrano Moedas, de Sul com Herdeiros de Francisco Lourenço Ruivo, de Nascente com Fernando António de Matos e de Poente com caminho público, inscrito na respectiva matriz sob o artigo 21 da secção H. ---Que este prédio faz parte do prédio rústico sito em Concelho, da freguesia de Pego, concelho de Abrantes, composto de terra, a confrontar de Norte com Tomás Lopes Vicente, de Sul com Joaquim Lopes, de Nascente com Manuel Rodrigues Marcão e de Poente com caminho público, descrito na Conservatória do Registo Predial de Abrantes sob o número DOIS MIL SETECENTOS E SETENTA E NOVE/Pego, lá registado na proporção de um sétimo (1/7) a favor de Joaquim Dias Amaro Lopes e de Maria Florinda de Jesus, casados no regime da comunhão geral de bens, actualmente falecidos, pela inscrição Ap. 06, de 22/02/1954. ---Que, porém, com a passaaem do Cadastro Geométrico no concelho de Abrantes, aquele sétimo (1/7) deu oriqem ao prédio hoje matricialmente inscrito sob o artigo 21 da Secção H, acima identificado. ---Que o prédio ora justificado está inscrito na matriz em nome da herança de Joaquim Dias Amaro Lopes (NIF 702 092 649). ---Que, eles justificantes, por si e como herdeiros dos mencionados Joaquim Dias Amaro Lopes e Maria Florinda de Jesus, são possuidores, em comum e sem determinação de parte ou direito, desde, pelo menos, mil novecentos e cinquenta e quatro, logo há mais de sessenta anos, do prédio acima identificado por compra a Tomaz Vicente Correia. ---Que, desde a referida data, vêm exercendo continuamente a sua posse, à vista de toda a gente, usufruindo de todas as utilidades do prédio, amanhandoo, limpando o mato, cortando a madeira, na convicção de exercer direito próprio, ignorando lesar direito alheio, sendo reconhecidos como seus donos por toda a gente, pacificamente, porque sem violência, continua e publicamente, de forma correspondente ao exercício do direito de propriedade, sem a menor oposição de quem quer que seja e pagando os respectivos impostos, verificando-se assim todos os requisitos legais para que a aquisição do citado imóvel seja por usucapião. ---Está conforme ao original e certifico que na parte omitida nada há em contrário ou além do que nesta se narra ou transcreve. ---Abrantes, 22 de Março de 2022.

ASSEMBLEIA GERAL CONVOCATÓRIA Nos termos da alínea b) do n o 4 do Art. 0 1 4 0 dos Estatutos convoco a Assembleia Geral Ordinária do Centro de Recuperação e Integração de Abrantes, para reunir nas instalações da Instituição, no próximo dia 1 4 de Abril, pelas 1 7:00 horas, com a seguinte Ordem de Trabalhos: Ponto 1 - Apreciação e Votação do Relatório de Atividades e Contas do ano de 2021 e do Parecer do Conselho Fiscal. Ponto 2 - Outros assuntos de interesse para a Instituição Se á hora marcada não estiver presente o número legal de Associados, a Assembleia reunirá, nos termos do no 2 do Art. 0 1 5 0 dos Estatutos, com qualquer número de associados, meia hora depois. Dada a situação pandémica que atravessamos, será possível que, na data de realização da Assembleia Geral, tenham de ser observados procedimentos impostos pelas autoridades de saúde, bem como por outros preceitos legais ou regulamentares aplicáveis. CRIA, 24 de Março de 2022 O Presidente da Assembleia Geral José Luis Rodrigues da Silva


CULTURA /

Às Artes, no Quartel e não só A galeria de arte de Abrantes – “Quartel da Arte Contemporânea de Abrantes - Coleção Figueiredo Ribeiro”, de seu nome – reabriu as portas a 5 de março. Fechada pela pandemia, voltou a apresentar uma exposição, “Objetos específicos”, com obras da coleção que lhe dá o nome. Assume-se como a “parte 2” da exposição de obras da mesma coleção patente no MIAA. Esta reabertura ocorre três meses após a inauguração do MIAA e antes da inauguração de mais um museu de arte contemporânea, no Edifício Carneiro, prevista para o próximo ano. Isso significa uma aposta da autarquia abrantina no campo das artes. Esse facto foi afirmado pelo presidente Manuel Valamatos, que referiu ainda o património como uma das dimensões do projeto. Contudo, o projeto não é ainda conhecido. Aquando da inauguração do MIAA, foi dito que o mesmo não podia ser divulgado, por nos encontrarmos então em fase pré-eleitoral, pelo que a sua

apresentação ficava adiada para março. No momento em que escrevo, não é ainda conhecido, ao que se sabe por Abrantes se manter em tempo eleitoral (Alvega e Concavada). Aguardemos, pois, um pouco mais.

- Estão a gozar comigo. Isto é que é arte?! Isto também eu fazia. - Ótimo. Então, faz. Importa recordar que um museu não existe verdadeiramente sem um “programa” e podemos dizer que uma galeria de arte também não. É a própria existência destes equipamentos que exige que se saiba o que fazer com eles e para quê, e os inevitáveis custos de funcionamento exigem uma boa justificação. Acresce que o MIAA continua sem diretor à vista e que

este conjunto de estruturas merece e exige uma gestão à altura. Por outro lado, a presença da Coleção Figueiredo Ribeiro em duas salas do museu e na única galeria em exclusivo dá-lhe um lugar de particular relevo, que merece ser justificado. Por outro lado, a forte aposta municipal na arte contemporânea traz a público um problema complexo. O direito dos cidadãos à Arte do seu tempo não bate certo com o generalizado analfabetismo relativamente às artes plásticas de hoje, cujas obras são muitas vezes vistas como mera provocação ou mesmo vigarice e ausência de arte. Este problema mostra a urgência de um trabalho de mediação, sem o qual as verbas não são investimento, mas apenas custos. Por resolver está também o que lugar que Abrantes quer dar aos artistas locais e da sua região mais próxima. E é curioso como nas referências verbais a este amplo projeto, surgem sempre e muito os turistas e muito pouco ou nada os cidadãos locais. A Arte é um bem coletivo indiscutível, por isso importa dar-lhe um lugar digno, mas impõe-se que o projeto seja competente do ponto de vista técnico e globalmente eficaz. José A. Jana

OPINIÃO /

A grande dívida ocidental à Ucrânia

A

/ Nuno Alves / MESTRE EM RELAÇÕES INTERNACIONAIS / nmalves@sapo.pt

Ucrânia é um dos países mais pobres da Europa per capita. E, no espaço de semanas, a invasão russa destruiu quase totalmente a base produtiva da economia ucraniana. No meio da desgraça e sem fim à vista para a guerra, não é fácil imaginar qualquer cenário de reconstrução que permita ao país erguer-se da destruição e recuperar as condições para uma vida digna tão cedo. Contudo, tal como a Ucrânia está a ser um símbolo mundial de resistência, também deve receber todo o apoio necessário para que seja um caso de sucesso na reconstrução do Estado. E, nisto, o mundo democrático, em particular a União Europeia e a NATO, têm uma grande dívida de gratidão para com a Ucrânia. A resistência ucraniana mostrou ao mundo que, afinal, a democracia não está em declínio e não é um sistema de governo moribundo. É, na realidade, um modelo de governação pelo qual vale a pena resistir contra a Rússia autocrática, uma das maiores potências militares do mundo. A resistência ucraniana mostrou que as democracias têm a capacidade de se unir em prol de valores que transcendem o mero interesse nacional. Se o Ocidente caminhava a passos largos para o abismo populista, talvez a Ucrânia, desgastada e sofrida mas confiante no futuro que quer para si, nos mostre o caminho que há muito perdemos. Por isso, os países ocidentais, tal como todos os povos livres da comunidade internacional, devem prestar todo o apoio necessário à Ucrânia, quer na sua reconstrução democrática, quer na sua reconstrução económica pósguerra. Neste processo, a Europa e os EUA têm um papel moral crucial que devem desempenhar. Em resultado das sanções económicas, os países ocidentais já confiscaram milhares de milhões em ativos financeiros do Estado russo no estrangeiro, bem como dos oligarcas russos. Muito ainda está por

descobrir, já que os oligarcas russos mantêm partes substanciais das suas fortunas escondidas em paraísos fiscais. Ainda assim, esta riqueza já reunida deve ser disponibilizada à Ucrânia como indemnização de guerra e como instrumento financeiro de apoio à reconstrução económica no curto prazo. A Europa, em particular, deve trabalhar bem e depressa para merecer o sacrifício ucraniano em prol da liberdade e democracia. Na sua hora mais negra, a Europa tem o dever de mostrar à Ucrânia a sua total solidariedade para com o povo ucraniano e impedir que a Ucrânia se transforme numa nova Chechénia: um território que vinte anos depois da guerra permanece pobre, controlado por máfias violentas ligadas ao Kremlin e cuja economia está totalmente dependente do apoio direto de Moscovo.

Abril 2022 / JORNAL DE ABRANTES

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REGIÃO / Sardoal Município avança com competências na Ação Social

OPINIÃO /

// O Município de Sardoal aceitou a transferência de competências na área da Ação Social já no dia 1 de abril. Segundo o presidente da Câmara, Miguel Borges, defensor desta medida, perante a possibilidade de adiar para janeiro de 2023, entendeu que Sardoal já tem o processo “bem avançado” e está “em condições de o aceitar”.

25 / José Alves Jana / FILÓSOFO

/ Serviço de Ação Social está a ser adaptado para um melhor atendimento O presidente da Câmara de Sardoal anunciou que “já nos estamos a preparar há uns meses a esta parte” e que “não ganharíamos nada” em adiar a transferência, referindo-se às competências na área da Ação Social que o Município se preparou para receber a partir de dia 1 de abril. As normas de funcionamento do Serviço de Ação Social foram discutidas e votadas durante o mês de março mas estiveram “a ser trabalhadas”. Em reunião do Executivo, realizada a 9 de março, o vereador socialista Pedro Duque disse que “genericamente, sempre fomos de acordo com a aceitação da transferência de competências em matéria de Ação Social” e defendeu um “reforço” ou ter “um Serviço de Ação Social ainda mais abrangente”. Disse reconhecer que “muito tem sido feito mas, politicamente, entendemos que é um dos serviços que deve estar na primeira linha de intervenção do Município”, dizendo-se “disponível para ampliar a dimensão do Serviço de Ação Social, caso o Município o entenda”. Miguel Borges afirmou não haver necessidade pois, como justificou, “se há investimento que nós temos feito e é prioritário, é no âmbito da Ação Social”. O pre-

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sidente da Câmara explicou que o trabalho praticado por este serviço “é invisível e muito feito no anonimato” mas que é assim que entende que deve ser feito. Adiantou ainda que o Serviço de Ação Social “tem a estrutura que é adequada e as condições físicas vão ser melhoradas”. Atualmente, o serviço conta com três técnicos superiores e dois administrativos. Miguel Borges acrescentou que o Serviço de Ação Social “não se esgota na Câmara. Temos o CLDS com um conjunto de técnicos e temos também os técnicos, quer da escola, quer das diferentes IPSS” do concelho. O autarca lembrou ainda o trabalho do Conselho Local de Ação Social que ainda inclui a CPCJ - Comissão de Proteção de Crianças e Jovens. Quanto ao pacote financeiro,

JORNAL DE ABRANTES / Abril 2022

Ao transferir as competências, o Governo sabe que vai haver ganhos para as populações...

será de quase 25 mil euros anuais o que, para o autarca, “corresponde à realidade” do Município. Miguel Borges lembrou, no entanto, que “nada disto é fechado”. O princípio base deste processo, segundo o edil, “é o de haver vantagem para as duas partes. Ao transferir as competências, o Governo sabe que vai haver ganhos para as populações e os Municípios, ao receber, também sabem que é bom para as populações. Mas é claro que não podemos tirar dinheiro daquilo que são as nossas competências próprias para ir gastá-lo naquilo que são as competências do Estado. Por isso, numa primeira fase, acho o envelope financeiro ajustado à nossa realidade. Sendo certo que este é o ponto de partida, pois podemos chegar ao final do ano e ter que renegociar tudo isto, provando que o dinheiro que estamos a receber não é suficiente”. Para já, a Câmara está a adaptar o espaço onde está instalado o Serviço de Ação Social “para melhor servir e dar uma maior autonomia aos atendimentos”. A transferência de competências na área da Ação Social foi aceite pela Câmara de Sardoal a partir de dia 1 de abril, num valor anual de 24.991 euros. Patrícia Seixas

esta vida são dois dias, diz o povo um já passou, foi ontem, o outro é amanhã, hoje não existe, é uma ilusão, um fogo fátuo que desliza arrastando o ontem a caminho do amanhã sem nunca lá chegar ontem já foi, morreremos amanhã ao fim da tarde, quanto mais tarde melhor quando ontem nascemos, abria-se-nos um universo de possibilidades, parte delas estão hoje já fechadas, o pior é que para muita gente, demasiada gente, as possibilidades ficaram por cumprir e não se vislumbra o que possa ainda vir a acontecer de verdade há vidas perdidas, que não conseguirão endireitar-se por si mesmas, pobre é aquele que se encontra caído num buraco de carências graves do qual não consegue sair pelos seus próprios meios, logo apenas outros o poderão ajudar a libertar-se penso num casal que conheci, um de entre muitos que são fáceis encontrar, sujeitos à fome e à doença, sem morada com um mínimo de condições, sem esperança de um futuro diferente para os filhos, porque a miséria reproduz-se, é mais segura de si que a riqueza como se pode ter filhos e ouvi-los dizer tenho fome e não ter nada para lhes dar, como se pode ter um filho doente e não ter meios para o levar ao médico, como se pode mandar um filho à escola sem ter dinheiro para o autocarro e menos ainda para os livros e tudo flui como se não existissem, como se estivesse tudo bem, tudo flui desde que não nos sintamos incomodados, desafiados e sobretudo desapossados das pequenas comodidades da nossa vida mediana num mundo em que, por definição, todos somos livres e capazes, quem não tem as condições mínimas é acusado de ser incapaz, chama-se a isto pobreza culpada, por vezes envergonhada de que valem os direitos das Declarações Universais, mas muito pouco universais, e da Constituição, se no concreto não há meios, não há recursos, não há como

o sol levanta-se e cai, dia após dia, e tudo permanece igual, sem futuro para os muitos caídos no buraco de onde não poderão sair, porque não poderão sair por si mesmos e não há os outros que os ajudem discutem os que discutem, que sim, que mais, que também, mas isso pouco adianta são invisíveis os pobres, não se sabe porquê, pois são 20% da população, um em cada cinco, por vezes acusados da sua pobreza, porque “não querem trabalhar, preferem viver do rendimento mínimo”, mas os estudos dizem que em Portugal «32,9% dos pobres são trabalhadores, 27,5% são reformados, 26,6% são precários e 13% são desempregados» a pobreza reproduz-se por si mesma, quem nasce pobre já tem o destino escrito na ombreira da porta, se é que tem porta, não nas estrelas, mas no modo como as coisas estão montadas o risco de pobreza aumentou com a pandemia, aumentará com a guerra, com uma seca, com uma qualquer crise económica, ou outra pandemia, ou com mais inflação ou esta vida são dois dias, diz o povo, um já passou e é cada vez mais tarde para começar a viver amanhã à tarde vamos morrer, todos, eles sem nunca terem vivido, que aquilo não é vida vamos dizer 25 de Abril sempre, o que dirão aqueles para quem o 25 de Abril ainda não foi, ainda está por acontecer

vão morrer sem nunca terem vivido, que aquilo não é vida


REGIÃO / Alerta de “fogo bacteriano” em Abrantes, Sardoal e Ferreira do Zêzere

OPINIÃO /

// A Direção Regional de Agricultura e Pescas (DRAP) de Lisboa e Vale do Tejo emitiu um alerta para o aparecimento do “fogo bacteriano” em diversas árvores na zona do Oeste e Vale do Tejo.

Por quem os sinos dobram

O Oeste e na Península de Setúbal. A bactéria Erwinia amylovora é o agente causal da doença denominada por “fogo bacteriano”, que afeta várias espécies vegetais, em particular da família das rosáceas, designadamente pereiras, macieiras, marmeleiros e algumas espécies ornamentais, provocando importantes danos económicos e, no limite, a total perda de produção e dos pomares. A DRAP emitiu este alerta com base numa portaria que estabelece medidas adicionais de proteção fitossanitária destinadas ao controlo, no território nacional, da bactéria “Erwinia amylovora (Burr.) Winsl. et. al.” Nesta portaria é divulgada a “a lista com as freguesias com zonas contaminadas onde foi detetada a presença da bactéria e que foram declaradas contaminadas pelos serviços de inspeção fitossanitária das Direções Regionais de Agricultura e Pescas (DRAP), constantes do Anexo ao presente despacho.” Ainda segundo o edital da DRAP as medidas de contenção obrigatoriamente aplicáveis nas zonas contaminadas são as se-

guintes: a) Arranque e destruição imediata, por queima ou enterramento, de todos os vegetais hospedeiros com sintomas no tronco, sem necessidade de análise para confirmação; b) Remoção e destruição, por queima ou enterramento, de partes de vegetais hospedeiros com sintomas com o corte efetuado, pelo menos, 50 cm abaixo das zonas visivelmente atacadas, sem necessidade de análise para confirmação; c) Desinfeção do material utilizado na poda, após a realização da operação, em cada vegetal hospedeiro; d) Proibição de transporte para fora da zona contaminada de vegetais ou partes de vegetais hospedeiros, salvo autorização expressa dos serviços de controlo fitossanitário da respetiva DRAP; e) Proibição de introdução e movimentação de apiários no interior dos pomares infetados no período desde 1 de março a 30 de junho de cada ano civil. O edital da DRAP está em vigor deste o dia 14 de março. Jerónimo Belo Jorge

título desta crónica é de um livro escrito por um beberrão de tudo quanto tivesse álcool, amante da festa brava/ brava e das festas de S. Fermin, denodado caçador e pescador (leiam O Velho e o Mar) que horrorizado por tudo quanto viu, ouviu e sentiu no desenrolar da guerra civil de Espanha (meio milhão de mortos) decidiu verter para livro tal testemunho. Ora, dos milhares de obras escritas referentes a guerras entendi resgatar do olvido o livro do autor de Fiesta na esperança de um leitor do JA se aventure a lê-lo a fim de transpor a floresta de banalidades vomitadas horas a fio pelas rádios e televisões a ponto de nos tornarem insensíveis ao horrível drama dos ucranianos em geral e as crianças e mulheres em particular. Não há guerras boas é uma verdade do senhor de La Palice, todas são más e nefastas, por assim ser, levando em linha de conta a estridente evidência de as crianças portuguesas verem/ assistirem em directo a carnificinas a que chamamos Guerra os pais e professores de todos os graus devem empenhar-se na cabal e racional explicação das monstruosidades que acometem as meninas e os meninos, as raparigas e os rapazes a toda a hora e momento causando-lhe emotivo sofrimento, pulsões asfixiantes dos valores civilizacionais e culturais. Obviamente, as Bibliotecas e Museus devem ser elemento

/ Armando Fernandes

primacial no desenvolvimento de acções e programas nesse âmbito onde os mediadores procurarão exercer as funções de modo isento desprovido de qualquer parcialidade. Em França no rescaldo da I Grande Guerra, as Bibliotecas Públicas encetaram uma vigorosa campanha destinada às crianças tristes e deprimidas pela calamidade que atingiu a sociedade francesa. Estava-se em 1919! Agora, em 2022, com o jorro de terríveis imagens, pareceme pertinente sugerir a todos nós o são desanuviamento das mentes (de todas) pois bastam os problemas de vários géneros que nos assolam a torto-e-a-direito, daí dispensarmos de bom grado a guerra, as guerras. Estive na grotesca guerra colonial (1968/70) numa zona de combate, não disparei um tiro, o MPLA acoimava-nos de fingidas pombas da paz, a má experiência continua agora, muito mais cruel e a apontar-me a irracionalidade substantiva das guerras, ora mais pérfidas e tenebrosas, mercê das armas ditas inteligentes. Inteligentes?

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De acordo com a informação da DRAP este alerta é emitido para as freguesias onde foi detetada a doença em árvores como pereiras, macieiras, marmeleiros e algumas espécies ornamentais. No concelho de Abrantes o alerta visa as freguesias de Bemposta, Tramagal e União de freguesias de São Facundo e Vale de Mós, no concelho de Sardoal a freguesia de Sardoal e no concelho de Ferreira do Zêzere está ativo para todas as freguesias. Luís Damas, presidente da Associação de Agricultores de Abrantes, Constância, Mação e Sardoal, explicou à Antena Livre que a bactéria chama-se fogo porque é isso mesmo que parece “as árvores ou os ramos afetados ficam completamente secos”, parecendo que foram atingidas por fogo. O procedimento é único e como revela o alerta fitossanitário que é cortar e queimar ou enterrar. O dirigente explicou que na nossa zona não há muita expressão neste tipo de culturas, embora reconheça a existência no Tramagal de um pomar de dimensão razoável. Desta forma quem poderá sentir mais esta bactéria são os pequenos agricultores que têm árvores nas suas hortas. Luís Damas revelou ainda que a associação enviou alertas a todos os associados e tem de haver cuidados. Ou seja, tem de haver uma observação das árvores, agora que começam a ganhar flores e folhas. Luís Damas reforça ainda a proibição da DRAP em não poder haver movimentações de apiários para as zonas afetadas, mesmo para os retirar. “É preciso conter a bactéria para ela não se espalhar pelo país todo”, justificou Luís Damas que confirmou esta ilha de casos no norte do Ribatejo. Porque os grandes focos do “Fogo Bacteriano” estão localizados no

Fisabrantes

Centro de Fisioterapia Unipessoal, Lda. Terapia da Fala Dr.ª Sara Pereira

Médico Fisiatra Dr. Jorge Manuel B. Monteiro

Psicóloga Clínica Aconselhamento

Fisioterapeuta Teresinha M. M. Gueifão

Audiologia / aparelhos auditivos

Ana Lúcia Silvério Dr.ª Helena Inocêncio

Acordos: C.G.D., SAMS, PSP, SEGUROS, PT - Consultas pela ADSE -------------------------------------------------Telef./Fax 241 372 082 Praceta Arq. Raul Lino, Sala 6, Piso 1 - 2200 ABRANTES Abril 2022 / JORNAL DE ABRANTES

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ECONOMIA /

Endesa ganha concurso para Central do Pego // O júri do concurso para o ponto de ligação à rede elétrica da central do Pego, em Abrantes, escolheu a proposta da Endesa e irá agora remeter à DGEG a sua decisão, de acordo com o relatório publicado na sexta-feira, dia 25 de março.

/ Depois da fase de recurso, o júri continuou a colocar a Endesa em primeiro lugar "O júri, encerrada a fase de avaliação, propõe ao órgão competente para a atribuição de reserva de capacidade de injeção na Rede Elétrica de Serviço Público a adjudicação do objeto do presente procedimento concorrencial à Endesa - Endesa Generación Portugal, S.A., concorrente classificado em primeiro lugar", pode ler-se no documento. O relatório indica ainda que "o júri considera ser de remeter ao diretor-geral da DGEG [Direção-Geral de Energia e Geologia] a presente proposta de adjudicação e os documentos respeitantes à proposta do concorrente, na medida em que esta o vincula perante a entidade adjudicante, bem como todo o processo administrativo do presente procedimento". O relatório final manteve as classificações do relatório preliminar revisto, conhecido em 14 de março. Ou seja, a proposta da Endesa foi a mais bem classificada, com 3,42, seguida da apresentada pela Tejo Energia (3,20), que manteve a segunda posição. A Endesa apresentou um projeto avaliado em 600 milhões de

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euros e promete a “reciclagem profissional” de mais de 2.000 pessoas. Num comunicado, tornado público ainda no dia 25 de março, logo após ter sido conhecida a decisão, a elétrica adiantou que “através da sua filial Endesa Generación Portugal, venceu o concurso de transição justa do Pego, em Portugal, com um projeto que combina a hibridização de fontes renováveis e o seu armazenamento naquela que será a maior bateria da Europa, com iniciativas de desenvolvimento social e económico”. Na mesma nota de imprensa, a Endesa detalhou que “recebeu um direito de ligação à Rede Elétrica de Serviço Público (RESP) de 224 MVA [MegavoltAmpere] para instalar 365 MWp [megawatts-pico] de energia solar, 264 MW de energia eólica com armazenamento integrado de 168,6 MW e um eletrolisador de 500 kW [quilowatts] para a produção de hidrogénio verde”. “A hibridização destas tecnologias permitirá otimizar a produção e obter um elevado fator de carga, colocando Portugal na vanguarda da Europa relativamente ao de-

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senvolvimento e utilização destas energias” é adiantado pela elétricaO grupo destacou ainda que “além do desenvolvimento de fontes de energias renováveis”, apresentou “um plano no qual envolveu todos os agentes locais”, ou seja, “partindo do estudo e da análise das suas necessidades elaborou um plano específico para o crescimento económico e social da região que inclui a criação de 75 postos de trabalho, 12.000 horas de formação e o apoio às PME para que integrem os seus projetos na região, criando novas oportunidades de crescimento e riqueza para a Região de Abrantes”. O projeto da Endesa “representa um investimento total de 600 milhões de euros, não estando sujeito a ajuda externa por se tratar de uma iniciativa economicamente sustentável”, sendo que se destina “à construção de nova capacidade solar (365 MWp) e eólica (264 MW) num regime de hibridização apoiado por um sistema de armazenamento com baterias com uma capacidade total de 168,6 MW”. Ainda de acordo com a Endesa, “este sistema de baterias visa apro-

veitar ao máximo a produção renovável através da injeção da energia armazenada na RESP de forma dinâmica e otimizada, reduzindo as perdas de energia e otimizando a sua utilização”, sendo que “será instalado um eletrolisador de 500 kW que entra em funcionamento em simultâneo para aproveitar os excedentes que não podem ser geridos pelo sistema de armazenamento”. O grupo garantiu que este é um modelo “inovador, possível graças à avançada legislação portuguesa em matéria de hibridização e armazenamento de energia elétrica” e que “vai permitir a obtenção de quase 6.000 horas de produção, superior ao funcionamento de qualquer central térmica convencional”. A empresa referiu ainda que o seu projeto “foi concebido desde o início como uma colaboração com a região de Abrantes e com os trabalhadores envolvidos no encerramento da central a carvão do Pego, pelo que a proposta apresentada inclui um projeto de formação e de desenvolvimento social e económico”. Assim, o grupo “elaborou um plano de formação de mais de

12.000 horas, que permitirá a reciclagem profissional de mais de 2.000 pessoas, abrindo também a possibilidade de futuros empregos para os desempregados da região”, acrescentando que “esta formação é essencial na abordagem aos novos projetos de energias renováveis da Endesa no Pego, pois será necessária mão-de-obra qualificada”. O grupo compromete-se a “criar 75 postos de trabalho diretos permanentes, recorrendo prioritariamente a mão-de-obra de antigos trabalhadores da central do Pego”, de acordo com o mesmo comunicado. “Com esta adjudicação, a Endesa reforça o seu compromisso com Portugal, com a Transição Justa e, fundamentalmente, com as comunidades com as quais trabalhamos há 3 décadas na Região de Abrantes e com as quais vamos agora construir o futuro para as próximas três ou mais décadas", explicou Nuno Ribeiro da Silva, diretor-geral da Endesa em Portugal, na mesma nota. Jerónimo Belo Jorge C/ Lusa


PATRIMÓNIO / NOMES COM HISTÓRIA / Grupo

Rua da Videira ou Rua de Santo António / Teresa Aparício

através da nossa redação ou por transferência bancária: NIB 0036 0059 99100093265 67

uma nova forma de comunicar. ligados por natureza. 241 360 170 . geral@mediaon.com.pt www.mediaon.com.pt

já então sopravam por aqui. Foi extinta arbitrariamente em 1940, dada a antipatia do Estado Novo por este género de instituições. Durante o seu tempo de vida foi um importante centro de convívio, recreio e cultura, possuindo uma boa biblioteca, proveniente de doações várias, devendo-se talvez o maior contributo ao Dr. António Eduardo de Moura, que em 1907 lhe legou todos os seus livros. Depois de extinta esta Sociedade, os livros foram integrados na Biblioteca Municipal. Em Abril de 1946, foi iniciada a sua demolição para no local ser construído o Teatro de S. Pedro, que herdou o nome do antigo templo Na década de quarenta do século XX, Abrantes não dispunha de uma sala de espectáculos condigna. O velho Teatro Taborda que durante muitos anos dera vida ao há muito desactivado Convento da Esperança e que por decisão régia fora cedido à Câmara em 1835, tinha sido encerrado, porque não oferecia condições de segurança. O cinema funcionava num barracão anexo à Misericórdia, quente no Verão e no Inverno a sinfonia da chuva a bater na frágil cobertura acompanhava a música dos filmes. Os abrantinos mais activos há muito que, nos jornais da região, clamavam pela necessidade urgente de construir em Abrantes uma sala de espectáculos condigna. Em face disto, a Sociedade de Iniciativas de Abrantes, presidida pelo Dr. Manuel Fernandes, lançou mãos à obra e a 18 de Março de 1947, foi assinado o contrato da empreitada do que seria a futura casa de espectáculos de Abrantes. Entregue a obra à Construtora Abranti-

na, no início de 1949 já a nova casa de espectáculos estava pronta e equipada de modo a poder ser inaugurada. O edifício imponente e moderno, com traços arquitectónicos arrojados para a época, levantou acesas polémicas na altura e marcou de forma indelével esta rua e até a paisagem da nossa cidade. O importante evento que marcou a sua inauguração teve lugar a 19 de Fevereiro de 1949, com muita adesão da população local. Foi escolhida a companhia de Amélia Rey Colaço, com a peça de Júlio Dantas “Outono em Flor”, então em cena no Teatro Nacional D. Maria II. No dia 22, teve lugar a primeira sessão de cinema, com a comédia musical “A Dama do Arminho”que só daí a uns dias seria estreada no cinema Tivoli, em Lisboa. Esta rua, ao contrário do que acontece hoje, era no século XVIII bastante povoada e dos seus moradores, distribuídos por várias profissões, 41 estavam fintados, isto é pagavam impostos, o que é realmente um número assinalável. Destes salientavam-se: 4 sapateiros, 2 alfaiates, 2 pedreiros, 2 espingardeiros, 3 mareantes, 2 carpinteiros, 1 tecedeira, 1 almocreve, 1 barqueiro e 1 carvoeiro. Hoje já não são muitos os seus habitantes e ainda menos os que pagam impostos relativos à profissão que exercem.

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É uma rua do centro histórico de Abrantes e desce do Largo do Teatro de S. Pedro até à Rua José Estêvão. Não se sabe a origem do topónimo, que é bastante comum em Portugal. Muito possivelmente houve em tempos por ali alguma destas plantas que pelas suas características teria sido digna de nota, ou alguém com este nome que se tornaria conhecido por alguma faceta especial. Aqui na região, há também uma rua da Videira no Pego e outra em Mação. Em relação a esta última, Eduardo Campo, citando Francisco Serrano, explica a origem do topónimo …aquela rua oferecia noutros tempos um aspecto interessante e pitoresco, porquanto era rara a casa que não tivesse à sua frente parreiras ao alto em latadas que além de oferecerem uma bela sombra aos habitantes, ostentavam, pendentes, belos e apetitosos cachos de uvas…Em Abrantes poderia ter tido uma origem semelhante, mas não se sabe ao certo, é apenas uma conjectura. O topónimo é já antigo, pois vem atestado num documento de 1490, referindo uma casa que a albergaria do concelho possuía na Rua da Videira. Em Junho de 1941, a Câmara Municipal decidiu atribuir-lhe a designação de rua de Santo António, não se sabe bem porquê, mas é um facto que numa pequena reentrância existente do lado direito, quando se sobe, encontra-se, num muro, um azulejo já antigo onde figura o referido santo e que já aparece pelo menos em fotografias da década de trinta. Presentemente, o seu nome oficial voltou ao antigo, pois é este que vemos nas placas toponímicas da responsabilidade da Câmara. No início dessa mesma década de trinta, encontrava-se ladeada à esquerda por muros já bastante degradados, mas poucos anos depois teria sido objecto de melhoramentos pois surge, noutras fotos, já um pouco mais larga e alinhada e com os muros reconstruídos. Ao cimo, também do lado esquerdo, podia ainda ver-se a igreja de S. Pedro-o-Novo e sabemos que aquele pequeno templo já ali existia em 1731 e que pertencia à paróquia de S. Vicente. Depois do templo dessacralizado, no edifício funcionou ainda durante muitos anos, a chamada Sociedade dos Artistas, também conhecida por Sociedade Artística 1º de Maio, criada em 1905, fruto dos ventos republicanos que

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Consultas: - Campos, Eduardo, Toponímia Abrantina, edição da Câmara Municipal de Abrantes, 1989 - Periódicos locais, sobretudo o Jornal de Abrantes, da década de quarenta do século XX.

Abril 2022 / JORNAL DE ABRANTES

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SAÚDE /

Protocolo do CHMT com o IPT pretende afirmar Médio Tejo como polo de conhecimento e inovação O Centro Hospitalar do Médio Tejo (CHMT) concretizou, no dia 22 de março, a assinatura do protocolo de cooperação com o Instituto Politécnico de Tomar (IPT), que tem como objetivo contribuir para a afirmação da região do Médio Tejo como polo de conhecimento, investigação e tecnologia. A cerimónia, realizada no Auditório da Unidade de Tomar, contou com a presença do presidente do Conselho de Administração do CHMT, Casimiro Ramos e pelo presidente do IPT, João Freitas Coroado. A parceria agora celebrada entre as duas instituições prevê a organização de ações de formação e a criação de projetos conjuntos de investigação e desenvolvimento tecnológico, bem como a realização de eventos conjuntos. “A constituição de laços entre as duas instituições beneficiará a nossa população, nomeadamente através da criação na Unidade de Tomar do CHMT de um centro de investigação”, explicou Casimiro Ramos na sua intervenção, sublinhando que a aposta do CHMT no estabelecimento de parcerias com instituições de ensino supe-

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/ Margarida Arnaut / Enfermeira, Unidade Saúde Pública do ACES Médio Tejo

SAÚDE, um desafio Individual e Coletivo

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JORNAL DE ABRANTES / Abril 2022

rior permitirá a investigadores de várias áreas de conhecimento concretizar oportunidades de investigação e desenvolvimento num contexto hospitalar em benefício dos doentes. O presidente do CHMT explicou que, no âmbito deste protocolo com o IPT, serão desenvolvidos inúmeros projetos que têm como foco o doente e a inovação dos cuidados de saúde prestados, dando o exemplo da criação de protótipos que venham a tornar-se ferramentas preciosas no auxílio à recuperação de doentes, nomeadamente nas áreas da medicina física e reabilitação/ fisioterapia. A partilha de conhecimento nas áreas clínicas e da gestão estará também em foco nesta parceria, explicou o Presidente do CHMT. Casimiro Ramos quis também expressar a componente da afirmação da região do Médio Tejo no âmbito deste acordo de cooperação afirmando que “este protocolo aposta numa identidade regional assente nas parcerias em volta do conhecimento e da cooperação. Há uma aposta na coesão territorial com esta parceA OCDE, no seu relatório anual publicado HEALTH AT A GLANCE , analisa a situação de saúde dos países que a constituem, o qual espelha os resultados de Portugal em comparação com os outros Países. Portugal, como tem sido regra nas últimas décadas, comparativamente aos outros Países da OCDE, situase bem posicionado na maioria dos indicadores, o que ressalva a importância de termos a saúde, como sendo um domínio de intervenção privilegiado do Estado, sustentado na universalidade, equidade e solidariedade, conforme consagrado na Constituição da República de 1976. Portugal encontra-se numa posição cimeira, quanto à esperança de vida à nascença passando dos 67 anos em 1970 para os 81,8 anos em 2019. Estando melhor que a média dos países da OCDE que é de 81 anos. Contudo, diminuiu temporariamente 0,8 anos em 2020 em consequência da pandemia de COVID-19. E na taxa de mortalidade infantil, em 2019, foi de 2,8 óbitos por mil nados-vivos, que comparam com 4,2 na média da OCDE. Apesar de termos uma maior esperança de vida em Portugal, os anos de vida saudáveis, são de apenas 30% para as mulheres após os 65 anos e, de 43% para os homens, porque mais de metade do tempo vivido após os 65 anos, são de baixa qualidade de vida. Existem pontos fulcrais ao nível da saúde que urgem mudança, nomeadamente as mortes por causa evitáveis. Cerca de um terço (30 %) de todas as mortes registadas em Portugal em 2019 podem ser atribuídas a fatores de risco comportamentais, como o

ria, e uma aposta no emprego, no conhecimento e na qualificação, que será determinante para a manutenção de recursos humanos na nossa região". O presidente do IPT, João Freitas Coroado, deixou nota da importância desta parceria para a instituição que dirige, frisando os resultados positivos que podem advir da formação em Saúde. Disse que "a disponibilidade do IPT abraçar novos projetos, e de aumentar os laços que o uniam ao CHMT, irá permitir um reforço da investigação científica e formação no sector da Saúde, nomeadamente no âmbito da Gestão de Saúde e da vida assistida, contribuindo para o aumento da qualidade de vida da população e contrariando os problemas de mobilidade física e cognitiva". Na cerimónia da assinatura do protocolo estiveram também presentes Francisco Carvalho, diretor da Escola de Gestão do IPT, João Patrício, diretor da Escola de Tecnologia, Carlos Gil, vogal executivo do CHMT e Piedade Pinto, enfermeira-diretora do CHMT.

tabagismo, alimentação, álcool e ao baixo nível de exercício físico. Urge a mudança, de atitudes e de comportamentos, a qual, tem uma relação muito estreita com a literacia em saúde. A literacia em saúde é definida pela Organização Mundial da Saúde (OMS), como “competências cognitivas e sociais e a capacidade dos indivíduos para ganharem acesso a compreenderem e a usarem informação de formas que promovam e mantenham boa saúde”. Visa a capacidade do indivíduo na tomada de decisões em saúde, fundamentadas no dia a dia, permite o aumento do controlo à sua saúde e das responsabilidades, com base na informação recolhida. Contribuindo assim, para a promoção da saúde, prevenção da doença da pessoa, bem como, para a eficácia e eficiência dos serviços de saúde. Mudar comportamentos, implica perceber o que as pessoas compreendem, o que desejam, bem como a forma como acedem e usam os serviços de saúde. A tomada de decisão deve ser alicerçada pelos fatores racionais e emocionais. As pessoas mudam atitudes/ comportamentos, quando se convencem que a mudança é melhor do que não mudar aí, estão disponíveis para tomadas de decisão com vista ao seu bem-estar. Este é o desafio que devemos “abraçar” neste tempo de pós pandemia Covid-19, com vista à resolução das situações de Saúde que ficaram em suspenso, mas que visam o bem-estar futuro de todos nós, com vista à melhoria continua da qualidade de vida e da saúde em Portugal.


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