Jornal de Abrantes - julho 2022

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/ JORNAL DE ABRANTES

122 ANOS

/ Abrantes / Constância / Mação / Sardoal / Vila Nova da Barquinha / Vila de Rei / Diretora Patrícia Seixas JULHO 2022 / Edição nº 5617 Mensal / ANO 122

/ DISTRIBUIÇÃO GRATUITA

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a j ¶

MAÇÃO

MAIS DE 30 MOINHOS DE ÁGUA VÃO SER RECUPERADOS NO CASTELO Pág.11 VILA DE REI

ESPECIAL FEIRA DE ENCHIDOS, QUEIJO E MEL Págs. 16 e 17

ABRANTES

PROGRAMA ALDEIAS SEGURAS CHEGA AO NORTE DO CONCELHO Pág. 9

SARDOAL

Campeões dos “Lagartos” homenageados pelo Município PUBLICIDADE

Pág. 24

ARQUEOPARQUE SOCIAL "ANDAKATU" É ÚNICO NO PAÍS Grupo

do passado, nomeadamente ligados à agricultura, criação de gado, fabrico de utensílios e construção de diversas estruturas. Pág. 15

uma nova forma de comunicar. ligados por natureza. 241 360 170 . geral@mediaon.com.pt www.mediaon.com.pt

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O Parque ArqueoSocial é um campo de experimentação de tecnologias pré-históricas e saberes tradicionais. Ali, os participantes podem vivenciar processos produtivos


A ABRIR / FOTO OBSERVADOR /

EDITORIAL /

/ Patrícia Seixas / DIRETORA

Não é novidade nenhuma que continuo aqui, mês após mês, a pedir que se cuidem porque isto da pandemia ainda não acabou. Eu sei, como todos sabem, que o número de casos diários continua muito elevado, sendo mesmo um dos mais altos do mundo. Contudo, também sabemos que o alívio das medidas e das restrições foi bem-vindo e que já pudemos sentir um pouco da “liberdade” de outros tempos. As Festas de Abrantes e a Feira do Tejo, em Vila Nova da Barquinha, foram um sucesso em termos de participação da comunidade. Mas o S. Pedro decidiu que o tempo também iria ajudar, e de que maneira. Se foram dias e noites espetaculares para a maioria, a mim os 40º graus de dia e as noites tropicais, não permitiram que pudesse desfrutar das Festas. Esta “flor de estufa” não se aguenta com tais temperaturas e apenas “vi” as Festas em trabalho. Ainda assim, praticamente nada. Aguardei ansiosa pela Feira Mostra de Mação. Dois anos de espera pelo concerto dos Xutos & Pontapés deram para preparar essa noite com antecedência. Falar com as amigas e cuidar para que fosse a noite perfeita. Que saudades dos Xutos! Pois é… Só que dois anos, três meses e 25 dias depois de ter sido conhecido o primeiro caso de Covid-19 em Portugal, eis que “o bicho” decide apresentar-se-me. Nada de cuidados, felizmente. Mas “esperou” exatamente por aquela semana do ano… É que não foi apenas o concerto dos Xutos que “ficou pelo caminho”. Se esse poderá ser substituído numa próxima oportunidade, já a presença na despedida de solteira de alguém muito importante para mim, perdeu-se para sempre. Para além de que estar fechada uma semana enquanto trabalho para que esta edição chegue às suas mãos, não é a melhor forma de fazer isto. Mas enfim… este rol para lhe dizer que os meus sintomas foram ligeiros, mas interromperam a minha vida. Só por sete dias, é verdade, mas eram dias importantes para andar lá por fora. E quem não tem essa oportunidade? E todos aqueles a quem o Covid-19 tirou mais do que sete dias de uma semana? Um concerto, uma festa, um fecho de edição… Tudo isto é nada comparado com a dor de quem perde os seus. Por isso lhes peço, não baixem a guarda. Vivamos, sim. Temos esse direito. Mas por favor, continuemos a olhar uns pelos outros. Só isso faz sentido. E não é assim tão difícil. Boas leituras, boas férias e até agosto!

No dia 1 de julho, a Comissão de Utentes da Saúde promoveu uma concentração de utentes em frente ao Centro de Saúde de Abrantes. Diversos contestantes deram voz ao problema da falta de médicos de família, não só em Abrantes como também em Constância. Ana Paula Cruz assegurou que as consultas de recursos

PERFIL /

/ Filipe Manuel Alfaiate Poupino, 54 anos / Funcionário Público

/ Naturalidade / Residência: Pego / Abrantes

comparativamente a outras pessoas, nada é...

/ Qual é o seu maior medo? Não ser feliz. Vivo diariamente com foco nesse objetivo e é algo que cada vez mais se impõe na minha vida. Conseguir gerir a minha vida de forma a estar estável e feliz é o que tento fazer e vou conseguindo, mas tenho sempre o medo de “tropeçar” e não conseguir.

/ Se pudesse mudar uma característica em si, o que seria? Dificuldade em dizer NÃO... mas esta característica também se trabalha e melhora... mas realmente tenho muita dificuldade em dizer NÃO!

/ Que pessoa viva mais admira? Eu, na verdade! Se não nos amarmos, se não nos considerarmos lendários, nada seremos... será esta força que nos faz continuar o caminho e acreditar. / Onde e quando foi mais feliz? Poderia enunciar vários momentos da minha vida, pois eles existem, mas curiosamente os meus maiores momentos de felicidade foram mesmo no Hospital de Abrantes (ESTRANHO GOSTO??), no decorrer dos nascimentos da Kika e da Babá. / Que talento mais gostaria de ter? Escrita, considerando que detenho algum talento (modéstia aparte), mas que,

ja / JORNAL DE ABRANTES

não são a solução e contou já ter ido ao Centro de Saúde de Abrantes para uma consulta de recurso, e “às 7h da manhã, já tinha três pessoas à minha frente. A primeira pessoa da fila tinha mais de 80 anos” e devido às condições climáticas “estava enrolada em mantas”. “Não podemos aceitar isto como o novo normal”.

/ Se soubesse que morria amanhã, o que faria hoje? Não faria nada de grandioso...ou talvez o seja, não sei bem. Mas unicamente acho que iria para um dos meus lugares de eleição, e ali ficaria a contemplar, refletir, e a ficar bem comigo e com este maravilhoso planeta... sozinho... / O que mais valoriza nos seus amigos? Serem genuínos...Mesmo. Vivemos numa época em que cada vez mais imperam as certezas de tudo e mais alguma coisa. Encontrar alguém genuíno é cada vez mais uma tarefa difícil, por isso há que valorizar quem o é, e desvalorizar quem vive uma vida onde não o é, embora muitos e muitas o queiram parecer. / Quem são os seus artistas favoritos?

Canto: Amália Rodrigues, porque sempre que ouço a emoção aparece. No teatro: Maria do Céu Guerra, já tive o privilégio de assistir ao desempenho de vários papéis; escrita: atualmente Mia Couto. / Quem é o seu herói da ficção? Meryl Streep / Com que figura história mais se identifica? Marquês de Pombal... que visionário.. / Quem são os seus heróis da vida real? As pessoas que me levantam, quando estou em queda livre...é sempre importante ter alguém que nos dá a mão. / Onde gostaria mais de viver? Num local para onde pudesse levar Abrantes, e ali ficar com Abrantes bem encostada ao mar, além de toda esta magnífica água deste concelho. / Se fosse presidente de Câmara, o que faria? Faria um chá de Camomila...cargo delicado...

FICHA TÉCNICA Direção Geral/Departamento Financeiro Luís Nuno Ablú Dias, 241 360 170, luisabludias@mediaon.com.pt. Diretora Patrícia Seixas (CP.4089 A), patriciaseixas@mediaon.com.pt Telem: 962 109 924 Redação Jerónimo Belo Jorge (CP.7524 A), jeronimobelojorge@mediaon.com.pt, Telem: 962 108 759, Maria Francisca Carvalho (estagiária). Colaboradores Berta Silva Lopes, Leonel Mourato, Paula Gil, Paulo Delgado, Taras Dudnyk, Teresa Aparício. Cronistas Alves Jana e Nuno Alves. Departamento Comercial. comercial@mediaon.com.pt. Design gráfico e paginação João Pereira. Sede do Impressor Unipress Centro Gráfico, Lda. Travessa Anselmo Braancamp 220, 4410-359 Arcozelo Vila Nova de Gaia. Contactos 241 360 170 | 962 108 759 | 962 109 924. geral@mediaon.com.pt. Sede do editor e sede da redação Av. General Humberto Delgado Edf. Mira Rio, Apartado 65, 2204-909 Abrantes. Editora e proprietária Media On Comunicação Social, Lda., Capital Social: 50.000 euros, Nº Contribuinte: 505 500 094. Av. General Humberto Delgado Edf. Mira Rio, Apartado 65, 2204-909 Abrantes. Detentores do capital social Luís Nuno Ablú Dias 70% e Susana Leonor Rodrigues André Ablú Dias 30%. Gerência Luís Nuno Ablú Dias. Tiragem 15.000 exemplares. Distribuição gratuita Dep. Legal 219397/04 Nº Registo ERC 100783. Estatuto do Jornal de Abrantes disponível em jornaldeabrantes.sapo.pt RECEBA COMODAMENTE O JORNAL DE ABRANTES EM SUA CASA POR APENAS 10 EUROS (CUSTOS DE ENVIO) IBAN: PT50003600599910009326567. Membro de:

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JORNAL DE ABRANTES / Julho 2022


ENTREVISTA /

Banco Alimentar de Abrantes recebe 348 toneladas de alimentos // O Banco Alimentar contra a fome está em Abrantes, já lá vão muitos anos. A atual direção, liderada por Sílvia Bagorro, está em funções desde 2014. Em 2021 foram recolhidas 348 toneladas de alimentos que foram armazenados em Abrantes para posterior distribuição de cabazes às famílias mais carenciadas, sempre através de IPSS’s dos 11 concelhos onde atua o Banco Alimentar (BA). Entrevista por Jerónimo Belo Jorge Ouve-se falar do BA nas campanhas, mas há muito mais trabalho ao longo do ano. Que trabalho é este?

Um dos valores principais da carta dos bancos alimentares é a recolha de excedentes. E, normalmente, o que se ouve falar mais é das campanhas, quando o nosso intuito é não deixar que haja excedentes, ou que estes sigam para o lixo ou que se estraguem, quando nós podemos e temos tanta família que pode aproveitar e pode usufruir desses alimentos, não é? E então o nosso grande objetivo é esse trabalho.

Nas campanhas são feitas recolhas de alimentos de longa duração, os excedentes já vamos para mais curta? (…)

Exato. A nível da campanha são os alimentos básicos: o arroz, o feijão, a massa… são aqueles que têm longa duração e que normalmente a nível de excedentes não chegam aqui, se chegam é em muito, muito, muito pouca quantidade. Quando se fala de excedentes, fala-se de alimentos de curta duração e, às vezes, até uns já fora da validade, mas que estão em condições de serem consumidos. Nós tentamos sensibilizar de alguma forma as instituições e as famílias, porque um alimento apesar de estar fora da validade, dá perfeitamente para vermos se está em condições ou não...

... E tem a margem de segurança ...

... só que há pessoas, há famílias, que isto não seja visto como forma de crítica - , mas há famílias que olham muito para a validade e nós não podemos, neste momento, funcionar assim. E nós tentamos que essa mentalidade seja alterada...

... explicam às pessoas...

... explicamos e às vezes incluímos uma observação nos sacos. E principalmente tentamos explicar às instituições, que são elas que neste momento fazem a ponte entre os alimentos do Banco e a chegada às famílias. São elas que tem de sensibilizar as pessoas a verem dessa forma, não é?

Ou seja, os produtos e cabazes são distribuídos ao longo dos meses e não apenas nos períodos após as campanhas de recolha?

A nível dos alimentos da campanha, normalmente esses alimentos

“acho que a sociedade toda precisa de ser um bocadinho mais solidária” são todos destinados a famílias, a instituições que fazem as entregas, o saco [nós chamamos saco ao cabaz] às famílias. Os excedentes, quando chegam, temos que trabalhar logo, temos que os pesar, separar e temos que os fazer sair de imediato. Esses vão, se possível, também para essas famílias, porque às vezes também a instituição não tem disponibilidade de distribuir, porque no fundo estão organizados para distribuir uma vez por mês. Mas contactamos sempre essas instituições e, se há disponibilidade, elas fazem chegar esses alimentos às famílias. Caso contrário, vão para as instituições que consomem e tem havido um grande aproveitamento desses excedentes.

O BA de Abrantes dá a apoio a quantas pessoas/famílias ou instituições?

Nós apoiamos cerca de 60, agora 61, 61 ou 62 instituições. No total de destinatários finais, temos 7.804 beneficiários. Aqui estão contabilizadas as instituições que consomem, que recebem os excedentes e aqueles que recebem os mensais. A nível de famílias que recebem o cabaz mensal, temos cerca de 1000 famílias, nos 11 concelhos que apoiamos.

Qual é, atualmente, a área de trabalho do BA de Abrantes?

Fazemos apoio a 11 concelhos: Abrantes, Alcanena, Constância, Entroncamento, Ferreira do Zêzere, Mação, Sardoal, Sertã, Tomar, Torres Novas e Vila Nova da Barquinha.

Esta é uma área que já foi maior, depois houve aqui ajustes. Até já teve uma delegação em Castelo Branco?

Tivemos um polo em Castelo Branco, que depois também foi transformado em Banco Alimentar. E também não se justificava estar ligado aqui a Abrantes.

Mesmo assim, 11 concelhos, 11 municípios. É o Médio Tejo. É um trabalho muito vasto com as instituições e com as famílias destes concelhos.

É um bocadinho. Isto é assim, é gratificante, dá-nos muito trabalho, mas por vezes há certas alturas que é complicado, mas tudo se faz, com boa vontade.

Há pessoas a virem aqui bater à porta? Como é feito o circuito para que possam receber ajuda?

Sim, ainda há. Já não há tantas como no início, mas ainda há algumas, mas através de telefonema. Uma ou outra é que vêm aqui ao banco e são encaminhadas para as instituições da área...

... O banco não dá individualmente?

Não, o banco não dá diretamente às famílias, portanto, o banco apoia as instituições que depois fazem essa ponte entre as famílias. E eu acho que é a melhor forma disto resultar, não é? E porque, para já, as instituições estão na área de residência dessas famílias

Julho 2022 / JORNAL DE ABRANTES

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ENTREVISTA /

e elas, melhor que ninguém, podem avaliar a situação das referidas famílias.

Em média que quantidade de alimentos recebe o BA numa das campanhas normais nos supermercados?

O que oferecem mais é o arroz, a massa, salsichas, bolachas, aqueles bens básicos. Agora se calhar é preferível dizer aqueles que fazem mais falta e que se calhar, que não incluem no saco, que é o azeite, o óleo. Eu penso que é aquilo que se nota mais. Por vezes, no final da campanha, quando estamos a fazer o último mês antes da campanha, notamos que há assim uma certa falta, uma quebra, no atum e nas salsichas. E por vezes há aqui um esforço e compramos para completar alguns cabazes. Estou a falar em situação normal, porque nós, não sei se posso já avançar, mas na altura da pandemia, e mesmo neste momento, nós estivemos na retaguarda… Nós não fizemos três campanhas e não nos faltou aqui alimentos, muito pelo contrário. Os cabazes começaram a ir com muitos mais alimentos, porque tivemos por trás, na retaguarda, a Federação dos bancos alimentares com duas campanhas, em parceria entre a Federação e a entreajuda, que foi a Rede Emergência Alimentar e a Todos Juntos.

Em 2021 foram recolhidas 348 toneladas de alimentos em Abrantes....

... são números, também, incomuns e que teve a ver com estas duas campanhas anteriores que eu já referi entre a Rede de Emergência Alimentar, que fez entrar muitos, mas muitos mais alimentos do que é habitual. Depois acho que tem a ver com a altura da pandemia, que recebemos mais excedentes, porque neste momento já estão a diminuir um bocadinho mais. As coisas ficavam nas lojas e, portanto, uma maneira de escoar e de não se estragarem, era fazerem-nos chegar. Esta tonelada de alimentos aqui a entrar no Banco foi diferente dos anos anteriores,

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JORNAL DE ABRANTES / Julho 2022

o que também representou um trabalho acrescido para nós. Mas foi muito bom para as famílias.

E fora das campanhas, há outras ofertas de particulares ou empresas?

Normalmente entram em contacto connosco e nós temos já há bastante tempo esses donativos. Quando nós chegámos aqui já recebíamos doações, por exemplo, do entreposto do “Dia” de Torres Novas [que continuamos a receber]. Mas também houve um aumento porque ao princípio só recebíamos os bens básicos e a partir de uma certa altura começámos a receber os frescos, que estavam a ir para outro banco. Resolvemos começar também a receber e as coisas começaram a aumentar. Só que é a tal coisa, tudo dependia do nosso esforço, porque as coisas chegam, nós não temos câmara frigorífica e temos de fazer sair de imediato. Portanto, entra, temos de pesar, temos de separar e temos de chamar as instituições e fazer a distribuição de imediato.

Notaram esse maior apoio nos excedentes durante a pandemia? Foi um número que aumentou?

Muito, muito. Eu faço a minha análise, e principalmente até o que foi notado aqui foi um aumento dos produtos de marca. Eu acho que acabavam por ficar nas prateleiras, porque tinham um preço mais caro e acabaram por nos chegar aqui. E nós agradecemos e penso que as famílias foram beneficiadas por isso. Esperemos que também continuem a aparecer, de vez em quando. Não aquela quantidade exagerada, porque eu acho que era mau, era sinal que as coisas não estavam a entrar nos eixos, mas que continuem a chegar.

Em termos de campanha do cidadão, também aumentaram os números durante a pandemia ou após?

Tem diminuído um bocadinho, mas eu acho que de qualquer maneira, para toda esta conjuntura, está muito bom. E os portugueses continuam a ser muito

solidários. Eu sei que a maior parte dos bancos teve um aumento a nível da última campanha. Nós aqui tivemos uma diferença para menos, mas eu acho que teve a ver com concelhos com problemas de Covid e que a nível de grupos não se realizaram algumas lojas nos períodos que é habitual realizar. Então, houve uma diminuição. Aqui também tivemos o Intermaché que esteve fechado e também não pudemos contar com aquele espaço. Mas de qualquer maneira, com os produtos ao preço a que estão atualmente, eu acho que foi mesmo muito bom. Só temos a agradecer a quem contribuiu e que dá um bocadinho daquilo que tem. Se toda a gente der, facilita. Nós sabemos, temos conhecimento que há pessoas que não concordam muito com a política do banco alimentar. Mas o que eu apelo é que essas pessoas, - às vezes falam por falar e não têm conhecimento, não acreditam naquilo que o banco está a fazer, - é passarem por aqui e estar aqui dois ou três dias ou uma semana. Aquele tempo que acharem por bem, e depois sim, se não gostarem que nos digam “olha façam desta maneira ou façam daquela”. Mas não nos critiquem só por criticar.

Falamos de um serviço de voluntariado que tem o apoio dos Escuteiros nas recolhas, mas e depois ao longo do ano? Precisam de mais voluntários?

Somos poucos. Aqui ao nível de armazém, são mais ou menos 17 pessoas com quem contamos no final do mês para realizar os cabazes. É sempre na última terça e quinta-feira do mês, portanto, são esses os voluntários com que podemos contar. Agora aqui no dia-a-dia, basicamente, somos nós da direção e mais três voluntários. Cinco que agora já estão a aparecer mais dois. Eu acho que a pouco e pouco vão começando a aparecer mais. Isto da pandemia também afastou um bocadinho os voluntários, com receios. Penso que a pouco e pouco isto vai voltar ao normal. De qualquer forma, nós precisamos, aliás, eu acho que a sociedade toda precisa de ser um bocadinho mais solidária, dar um bocadinho mais do seu tempo e ver que é gratificante fazer voluntariado.

Quem quiser ser voluntário o que é que tem de fazer, vir aqui bater à porta?

Vir aqui bater à porta. Nós estamos aqui às terças e quintas. Pelo menos, este é o horário que temos e é o horário que nós tentamos cumprir, embora noutros dias também acabemos por vir aqui. Mas é vir aqui, falar connosco e inclusivamente experimentar e se gostar, continuar, mas acho que tem de aparecer e experimentar.

Nas campanhas este número dispara ...

... sim, nós a nível do concelho de Abrantes temos tido a facilidade de contar com os escuteiros, porque nas lojas que não os temos, às vezes já é difícil. O grupo que era responsável por esta ou por aquela loja, já tem muita

idade. Aliás, já têm todos muita idade e é preciso renovar estes voluntários que já não se encontram capazes para aguentar um dia inteiro ou duas horas, que seja, à porta do supermercado.

São várias centenas de voluntários nas campanhas?

Sim, a nível dos 11 concelhos e depois pela passagem aqui do armazém estamos a contabilizar tudo. Andará à volta de 700 ou 800 pessoas.

Para lá das recolhas com o transporte em permanência para o armazém?

Aqui contamos com a nossa Câmara Municipal a 100% e temos connosco sempre um carro ou dois para fazermos aqui os nossos supermercados. Depois, nos outros concelhos, temos contado também com as Câmaras que se põem ao dispor das instituições da localidade e que nos fazem chegar aqui os alimentos. Eles chegam, nós temos aqui uma mesa [no centro do armazém] onde vamos separando, arrumando, pesando. E aí contamos com o apoio de outros voluntários que vão aparecendo e que não têm nada a ver com a direção nem com aqueles que semanalmente estão connosco.

E como é ser voluntária? A Sílvia, quantas horas por dia, ou por semana, dedica a esta causa?

A Sílvia começou aqui em 2014, fazíamos a campanha, conseguíamos passar só aqueles dias que estavam estipulados. A partir do dia que nós começámos a abrir a porta para a entrada de mais alimentos, dos excedentes, começámos a aumentar as nossas presenças. Começámos a estar aqui às vezes de segunda a sexta e às vezes a sair daqui às 19 horas. Eu costumo dizer que eu, enquanto estive a trabalhar, fui voluntária e que agora estou a trabalhar. Eu estou convencida que se começar a diminuir a entrada de alimentos aqui, as coisas também vão funcionar de outra forma.

Nesta altura, se tivesse oportunidade de concretizar um desejo para o BA de Abrantes o que é que pedia?

Vai ser estranho o pedido. Esta direção está cá desde 2014. Não estamos cansados de fazer voluntariado. Aliás, nós queremos continuar a fazer voluntariado aqui e a ajudar. Nós queríamos é que em dezembro de 2023 [quando termina o mandato], aparecessem aqui duas ou três listas para nos substituir, para avançar com o banco, porque acho que todos nós depositámos aqui muito carinho e fizemos muita coisa com muita vontade e gostaríamos que alguém pegasse no banco da mesma forma que nós o fizemos. Essas listas, essas pessoas que quiserem vir, contarão sempre com a nossa colaboração lá em baixo no armazém. É aquilo que eu mais desejo, é que apareçam listas, é que apareçam voluntários com vontade de dar continuidade a este trabalho que vale a pena. Eu acho que só estando aqui presencialmente a lidar com tudo o que envolve o funcionamento do banco alimentar, é que se dá valor a este trabalho.


REGIÃO / Constância

IP insiste em não colocar barreiras acústicas na Capareira // Barreiras acústicas na Urbanização da Capareira, em Constância, junto à A23, são um desejo antigo mas ainda não é desta que a Infraestruturas de Portugal vai satisfazer a vontade da Autarquia e dos moradores. Processo chegou à Provedora de Justiça. Há muito que a colocação de barreiras acústicas para minimizar o ruído do trânsito da A23 junto à Urbanização da Capareira, em Constância, é desejada quer pela Autarquia, quer pelos moradores. No entanto, não tem sido esse o entendimento da Infraestruturas de Portugal, S.A. (IP), apesar de recentemente terem sido colocadas as mesmas barreiras nos concelhos limítrofes. Sérgio Oliveira, presidente da Câmara de Constância, comunicou que a resposta que tiveram da Infraestruturas de Portugal “é que continuam a insistir na ideia antiga de que devia ter sido acautelada a questão do ruído aquando da aprovação do loteamento da Capareira. Por esse motivo, entendem não se sentir na obrigação de colocar barreiras acústicas”. O presidente revelou depois que

/ Urbanização da Capareira junto à A23 “face a este cenário, o Município já apresentou uma exposição à senhora Provedora de Justiça, mostrando a profunda indignação pela discri-

minação que sentimos por terem sido colocadas barreiras acústicas em vários sítios e aqui, onde se vive um problema há décadas, não ter

sido resolvido”. A Câmara Municipal aguarda agora pela resposta da Provedora de Justiça, Maria Lúcia Amaral, que Sérgio Oliveira acredita que “fez as diligências necessárias junto da Infraestruturas de Portugal para perceber o que é que se passa do outro lado.” O presidente da Câmara Municipal de Constância também acredita que o processo possa ficar encerrado com a intervenção da Provedora de Justiça, mas “o Município não fecha qualquer outro tipo de ação para eliminar esta situação que sentimos ser uma discriminação sem sentido”. Sérgio Oliveira, formado em Direito, não tem qualquer dúvida de que esta situação “é uma clara violação do Princípio Constitucional da Igualdade, com base numa justificação de legislação que até foi aprovada depois da construção, não da A23, mas do Ip6”. Para já, é este o ponto de situação. Queixa apresentada à Provedora de Justiça, “de onde aguardamos que venha daí alguma coisa e que-

Autarca considera que é “uma discriminação sem sentido”

ríamos ficar por aí”. Até porque, como anunciou o autarca, “é nossa intuição que a senhora Provedora de Justiça vai dizer que o Município de Constância tem razão e que, mediante esse parecer, não será preciso ir mais além. Que a Infraestruturas de Portugal, neste caso o Estado Português, irá, efetivamente, levar a efeito uma empreitada para a colocação das barreiras acústicas na Urbanização da Capareira”. “Se assim não for”, adiantou Sérgio Oliveira, “logo estudaremos o que temos à nossa disposição para que isso seja uma realidade”. Patrícia Seixas PUBLICIDADE

Julho 2022 / JORNAL DE ABRANTES

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SOCIEDADE /

José Luís Peixoto escreve sobre Abrantes, Constância e Sardoal

// Chama-se “Onde” e é nova obra do escritor José Luís Peixoto. Esta obra é o resultado de um desafio feito ao escritor de Galveias pelo projeto Caminhos Literários e vai ter uma edição em livro e outra em 62 monólitos espalhados pelos três concelhos. Os textos são inspirados em 62 espaços dos três concelhos: Abrantes, Constância e Sardoal. Esta obra literária criada por José Luís Peixoto desenvolveu-se no âmbito do projeto Caminhos Literários que envolve os municípios de Abrantes, Constância e Sardoal e foi apresentada na Biblioteca Municipal António Botto, em Abrantes, onde foi também apresentado um protótipo das estruturas, monólitos, que poderão ser depois visitadas em dezenas de locais nos três concelhos envolvidos, criando assim um produto turístico-cultural em que a literatura é a alavanca para a descoberta de novas paisagens. A sessão teve lugar no dia 23 de junho e contou com a presença do escritor José Luís Peixoto, de Miguel Palmeiro, designer da United By (empresa responsável pelas estruturas a implementar nos territórios destes três concelhos), do Presidente da Câmara Municipal de Abrantes, Manuel Jorge Valamatos, da Vereadora da Câmara Municipal de Constância, Helena Roxo, e do Presidente da Câmara Municipal de Sardoal, Miguel Borges. O escritor de Galveias, que nasceu em Abrantes, começou por explicar o nascimento desta ideia de escrever sobre os três territórios. “Tudo isto nasceu de uma ideia que no início era muito vaga e abstrata, mas partiu de uma vontade de Abrantes, Constância e Sardoal juntarem forças e valorizarem conjuntamente a cultura e a literatura e foi a partir desta vontade que nasceu a ideia”, começou por referir José Luís Peixoto, acrescentando que “decidimos fazer uma seleção de lugares de várias naturezas presentes nestes territórios e escrever

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textos específicos sobre esses lugares. São textos que se relacionam com os lugares e foram escritos concretamente sobre estes lugares, mas que trazem várias ideias”. E um dos grandes desafios, de acordo com o autor, foi conseguir ligar os três territórios distintos e lugares dentro desses territórios, também eles distintos. “Há largos, edifícios, árvores.” “Onde – o exemplo de Abrantes, Constância e Sardoal” é o título do livro de José Luís Peixoto que nasceu deste projeto e que estará disponível a parir de 21 de julho de 2022. Segundo o autor, neste momento encontra-se na fase final de edição. “Espero que este livro também contribua para que as pessoas queiram ler os textos no próprio lugar e que são lugares muito específicos, como por exemplo, a Praça da República, em Sardoal, o miradouro do Cristo Rei, em Matagosa, concelho de Abrantes, a Praça Alexandre Herculano, em Constância, entre outros”. Nesta apresentação José Luís Peixoto explicou como é que chegou aos textos que estão feitos e em processo final de edição: “Estes 62 textos são de grande ambição e tenho esperança de que quando chegarem aos olhos de toda a gente, se identifiquem com eles e se reconheçam neles porque essa foi também uma das intenções. Espero que sejam claros, mas que tenham múltiplas leituras, da forma como se olha para aqueles lugares e que chamem à atenção para aspetos que não são evidentes”, referiu José Luís Peixoto que acrescentou ainda que “um livro é muito fino, é como uma garrafa que se atira e não se sabe onde vai parar.” Nesta mesma sessão esteve presente, Miguel Palmeiro, designer

JORNAL DE ABRANTES / Julho 2022

da United By, empresa responsável pelas estruturas a implementar nos territórios destes três concelhos, começou por salientar que “este foi um dos projetos que em 30 anos de carreira enquanto designer foi o mais desafiante que me apareceu porque nunca paginei um livro que é dividido em 62 páginas espalhas por três territórios.” Ora, uma paginação de um livro é uma coisa. Uma paginação no território, é outra. Desta forma foi preciso o pensamento do arquiteto e o pensamento do designer para haver uma conclusão e uma ideia. “Comecei por pensar em lugar e em identidade coletiva entre estes três municípios, mas fui confrontado com espaços urbanos, rurais e de natureza e queria construir algo que fosse uma página de um livro que pudesse estar em cima da relva, numa parede ou em asfalto e o desafio foi pensar nisto numa forma humilde, mas assumida”, explicou o designer. Daí que tudo começa num paralelepípedo que depois terá arestas e vértices laminados

e trabalhados de diversas formas para que cada peça se adeque ao local onde vai ser colocada. “E que permita também a leitura por diversos pontos.” Esta forma de paginação “física” procura também criar metáforas sobre os locais. Cada um dos elementos trás surpresas e textos distintos. E, ficou a saber-se também, que cada um destes monólitos vai ter QR Code para remeter os visitantes para um “website” onde poderão encontrar o fio de todo este projeto literário. Estas 62 estruturas vão ser colocadas em vários locais de Abrantes (22), Constância (20) e Sardoal (20), criando, assim, uma rota literária. No concelho de Abrantes, estas estruturas serão colocadas em locais como o cais de acostagem de Rio de Moinhos, o Miradouro da Penha, em Tramagal, o Santuário de Nossa Senhora do Tojo, a Oliveira do Mouchão em Mouriscas, o Largo da aldeia do Pego, ou no Alto de Santo António, em Abrantes, entre outros.

Para o Presidente da Câmara Municipal de Abrantes, Manuel Jorge Valamatos, “este é um trabalho exemplar daquilo que se perspetiva para o futuro, esta ligação da cultura às questões das regiões e a proximidade entre os concelhos”. “Hoje lutamos muita pela questão dos territórios e precisamos de uma nova afirmação, de um novo registo e identidade comuns e estes apontamentos culturais comuns ajudam a construir essa nova identidade que todos desejamos”, reforçou Manuel Jorge Valamatos. Já Helena Roxo, vice-presidente da Câmara Municipal de Constância, mostrou a satisfação em integrar este projeto, deixando a mensagem que conhece muito bem Galveias e que é um prazer conhecer, agora, José Luís Peixoto. Miguel Borges, presidente da Câmara Municipal de Sardoal, começou por referir o nascimento do espaço de cultura onde aconteceu esta apresentação, a Biblioteca Municipal António Botto. De seguida, o autarca de Sardoal, disse que este é “o materializar” de um projeto que já vem sendo pensado. E a melhor forma de preservarmos cultura é criar algo para a eternidade. E isso consegue-se com a edição de livros, que perduram durante muitos e muitos anos. O projeto Caminhos Literários, que explora os territórios ligados a António Botto, Camões e Gil Vicente, pretende disponibilizar o usufruto da arte em locais públicos e de acesso livre, com a realização de diversas ações culturais, dinamizando, assim, a economia da região, através do turismo atraído por estes eventos. Jerónimo Belo Jorge


REGIÃO / Abrantes

Vale Mós Summer Fest está de volta // Seis anos depois está de volta o Vale da Mós Summer Fest. Com a batuta da Associação Juvenil “Cem Rumos”, o evento já foi apresentado publicamente

“Um festival da juventude, mas de todas as pessoas da região”

mover a marca.” Depois acrescentou que estão da trabalhar com os Serviços Municipalizados de Abrantes e com a Valnor para que “tenhamos a designação de eco-evento.” Tiago Ricardo concluiu ao

referir que “queremos que seja um festival da juventude, mas também de todas as pessoas da região.” Manuel Jorge Valamatos, presidente da Câmara de Abrantes esteve no lançamento do festival e

notou que “este não foi um apoio à-toa. Temos de gerir o dinheiro que é público com todo o rigor. Temos um programa de apoio ao associativismo e aos eventos, mas tem limites. Sentimos ser preciso agora aqui um impulso, um apoio. Fizemos o Festival das Juventudes e percebemos o que é preciso. E nós [Município] já temos a logística.” O autarca manifestou o seu apoio pessoal ao dizer “estamos a olhar para o que vocês vão fazer” para de seguida apontar à responsabilização da “Cem Rumos” ao dizer “agora está do vosso lado.” Mas logo de seguida manifestou a confiança na associação juvenil, na organização e reforçou “é bom que tenham essa responsabilidade e que a sintam.” O presidente da Câmara de Abrantes referiu-se depois, de forma geral, ao concelho que tem muitas festas com a nota de que “não podemos ter festivais de juventude em todas as freguesias, todos os

fins de semana” e concluiu adizer que “se for um grande festival será bom para todos.” Gregório Esteves, secretário da Junta de Freguesia de S. Facundo e Vale das Mós mostrou a vontade dos serviços em poder ajudar, em termos de alguma logística e do espaço porque “vai ser preciso muita ajuda.” Tiago Ricardo, o presidente da “Cem Rumos” fechou a apresentação a dizer que o apoio do município não cobre todo o programa, mas “temos um orçamento feito para cobrir o remanescente. A preocupação é não ter prejuízo”. E lembrou que a Cem Rumos é uma associação sem fins lucrativos. O Vale das Mós Summer Fest está agendado para 22 e 23 de julho, com as atuações de DJ Rasilmar e T-Rex no dia 22, e no dia seguinte, 23 de julho, Pool Party (na piscina de Vale das Mós), Funkoff, Syro e DJ Peat. A pulseira para um dia custa 6 euros e para todo o fim de semana são 10 euros. Jerónimo Belo Jorge PUBLICIDADE

Vão ser dois dias, 22 e 23 de julho, com concertos, dj’s, gastronomia, artesanato e campismo grátis. A última edição do Vale das Mós Summer Fest aconteceu em 2016 e deixou saudades. De tal forma que a associação juvenil “Cem Rumos” resolveu lançar-se na construção de um evento ainda mais ambicioso. Tratou de fazer um projeto e com as contas feitas foi bater à porta da Câmara Municipal de Abrantes a solicitar apoio. E a autarquia concedeu um apoio financeiro de 20 mil euros como incentivo ao arranque deste evento. Tiago Ricardo, presidente da “Cem Rumos - Associação Juvenil” apontou à edição de 2022 com um registo diferente do que tinha sido o evento, mas com a mesma base. “Este é um cartaz ambicioso. A ambição muito se deve aquilo que foi o apoio da Câmara Municipal que nos foi concedido”, revelou o presidente da associação acrescentando que o festival acarreta “muitas responsabilidades por sermos jovens, mas é isso que dá mais brilho. São os jovens a puxar pela freguesia. Já mostrámos isso com o baloiço, que um grupo informal de jovens construiu.” De acordo com Tiago Ricardo, este Vale das Mós Summer Fest “terá tem uma componente de música, de stands e de cultura junto às piscinas.” Tiago Ricardo explicou depois a aposta na imagem, num logótipo do festival para criar uma marca. “Criamos as redes sociais para pro-

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REGIÃO / Vila Nova da Barquinha Aprovada candidatura para divulgação de atrações turísticas // O Município de Vila Nova da Barquinha viu recentemente aprovada uma candidatura a fundos comunitários para a criação de suportes de comunicação para promover quatro dos principais atrativos turísticos do concelho – Castelo de Almourol, Trilho Panorâmico do Tejo, Caminhos de Santiago e Igreja Matriz de Atalaia. A ação será desenvolvida numa ótica de promoção conjunta destes quatro projetos apoiados pelos Fundos Estruturais e de Investimento, no âmbito do Portugal 2020. Será criado o chamado circuito “Visit Barquinha 2020” que fará a interligação entre os pontos de interesse. A candidatura ao POAT visa garantir uma ampla informação e divulgação do Portugal 2020 e dos

FEEI e prevê o desenvolvimento de várias ações de comunicação, nomeadamente a colocação de monopostes iluminados nas principais vias rodoviárias da região e do país (A1, A23 e A13), a produção de um vídeo promocional, bem como a impressão de desdobráveis em papel, em português e inglês. Com recurso a suportes comunicacionais de grande alcance, o projeto pretende despertar o in-

teresse para a visita ao concelho, durante os próximos meses. Tem um custo total de cerca de 25.000 euros, investimento cofinanciado a 80% pelo FEDER/Fundo de Coesão. Pretende-se aliar a componente principal de promoção (sensibilização para o importante papel dos fundos europeus em Portugal, apoios que se refletem na melhoria das condições de vida) à criação do circuito “Visit Barquinha

Gabinete de Saúde Oral já funciona // Já está em funcionamento no Centro de Saúde de Vila Nova da Barquinha, desde o dia 1 de junho, o novo Gabinete de Saúde Oral.

Fruto de um protocolo celebrado entre a Câmara Municipal de Vila Nova da Barquinha e a Administração Regional de Saúde de Lisboa e Vale do Tejo (ARSLVT), este equipamento pretende alargar os cuidados nesta área a todos os cidadãos, independentemente da sua condição económica e social. O Município adquiriu o equipamento para o gabinete de médico dentista, a ARSLVT custeou as obras de adaptação dos gabinetes a esta funcionalidade, competindo igualmente à ARS a contratação da equipa de profissionais (médico dentista e assistente), bem

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como o fornecimento de material de consumo clínico. Trata-se de um investimento de cerca de 40.000 euros, financiado com fundos comunitários, através do Portugal 2020, e irá abranger uma população de 8089 utentes inscritos na USF de Vila Nova da Barquinha. Pretende-se que o Gabinete de Saúde Oral permita prestar um novo serviço aos utentes, que de outra forma não teriam acesso a cuidados de saúde oral. Esta nova valência constitui uma resposta de proximidade a todos os munícipes na área da saúde e bem-es-

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tar, sobretudo às populações mais desfavorecidas. Desta forma pretende-se garantir uma resposta mais eficaz às necessidades da população que contribuam para a qualidade de vida, inclusão social e a coesão territorial, com consequências indiretas sobre a melhoria do índice de envelhecimento, bem como do índice de dependência dos idosos. Com este projeto pretende-se, também, contribuir para a mitigação das disparidades territoriais ainda existentes em termos de acesso e de qualidade assistencial da rede pública de saúde, melhorando a resposta à satisfação das necessidades ao nível dos serviços de saúde da população da região do Médio Tejo, em particular no concelho de Vila Nova da Barquinha. O Gabinete de Saúde Oral funciona na Rua de Dissay, n.º 14, às terças e quintas-feiras, das 09h00 às 17h30, e às sextas-feiras, das 14h00 às 18h00. Os interessados podem contactar o número 249 720900 e fazer a marcação de consulta para o médico de família, que fará o reencaminhamento para o Gabinete de Saúde Oral.

2020”, que junta quatro projetos financiados pelo Portugal 2020, como forma de ganhar escala ao nível do objetivo principal. Este produto turístico interliga 2 rotas e 2 elementos patrimoniais de elevada importância para o concelho e para o país, classificados como Monumentos Nacionais. O circuito “Visit Barquinha 2020” abarca os projetos Rotas e Percursos do Médio Tejo (Trilho

Panorâmico do Tejo-Almourol); Valorização do Castelo de Almourol; Programa de Ação para os Produtos Turísticos Integrados Médio Tejo (Caminho de Santiago) e Valorização da Igreja Matriz de Atalaia, sobre os quais se pretende operacionalizar um plano de promoção composto por ações de comunicação específicas com informação detalhada sobre os apoios concedidos.

Município recebe prémio de Turismo Militar

A Associação do Turismo Militar Português premiou a Câmara Municipal de Vila Nova da Barquinha, no passado dia 18 junho, em Porto de Mós, com a distinção “Turismo Militar Português 2021”. Este galardão distingue o trabalho desenvolvido no âmbito da salvaguarda, proteção e divulgação do património histórico-militar nacional e foi recebido pela vereadora Paula Pontes, em representação do Município, em cerimónia realizada no Cineteatro daquela vila, com a participação do presidente da Associação, Álvaro Covões. O prémio surge no âmbito da realização do projeto cultural em

rede VOLver, uma iniciativa que juntou os Municípios de Vila Nova da Barquinha, Entroncamento e Torres Novas. Inspirados pelo património material e imaterial do universo militar e policial comum, os três municípios criaram um projeto cultural que promoveu 84 eventos na região, entre concertos, exposições, conferências, cinema, dança, teatro e arte urbana. O prémio exalta a forte tradição militar do concelho de Vila Nova da Barquinha, onde atualmente existem duas unidades militares – Regimento de Engenharia N.º 1 e Regimento de Paraquedistas (BRR).


REGIÃO / Abrantes Programa Aldeias Seguras chega ao norte do concelho de Abrantes // O programa Aldeias Seguras e Pessoas Seguras começa a dar os primeiros passos no concelho de Abrantes. Há quatro locais identificados no norte do concelho para a implementação deste programa que tem como objetivo levar mais segurança às populações na eventualidade de se depararem com um incêndio de grandes dimensões. O programa é muito simples e pode, se funcionar bem, evitar dispersão de meios no caso da ocorrência de um fogo de grandes dimensões. Há uma primeira fase, já finalizada, que tem como trabalho base identificar locais de refúgio para os cidadãos e animais de companhia. Foram colocadas placas a sinalizar as direções para o refúgio daquela aldeia. O objetivo é que todas as pessoas que ali vivam saibam para onde se devem dirigir no caso de terem um incêndio de grandes dimensões à porta. Na Maxieira, entre Ribeira da Brunheta e Carregal, estão identificados e sinalizados dois locais de refúgio. O largo do café, em Ribeira da Brunheta, e o cruzamento onde está a paragem do autocarro na Maxieira, todas localidades pertencentes à União de Freguesias de Aldeia do Mato e Souto. Posto isto, sabendo quais são

os locais, Paulo Ferreira, coordenador municipal da Proteção Civil, deixou a indicação clara para quando for necessário que os habitantes acorram à chamada para os refúgios, mesmo sabendo “que custa muito deixar para trás

as nossas propriedades”. Mesmo assim foi feito o pedido para que os cidadãos percebam que, se um dia tiverem de acionar este mecanismo, é porque é mesmo necessário. “E devem sair para estes refúgios com a medicação

que tomam e com documentos de identificação, porque a deslocação pode ser por meia hora ou várias horas”. E logo de seguida o coordenador da Proteção Civil entregou um megafone ao “oficial de segurança” desta aldeia. João Santos terá a responsabilidade de percorrer as localidades a lançar o alerta para as pessoas saírem de casa para os pontos de refúgio. Esta ação é feita apenas depois da ordem emanada do posto de comando e o “oficial de segurança” deve saber dizer quantas pessoas estão no refúgio e quantas têm mobilidade reduzida para poderem acionar meios de evacuação dos cidadãos. Uma das perguntas feitas ao coordenador da Proteção Civil foi sobre o tempo que terão, no caso de necessidade de ativar este recurso. Paulo Ferreira indicou que no “posto de comando da ocorrência têm, pelo menos, uma margem de 30 minutos para perceber para onde vai a linha de fogo e para poderem posicionar meios no terreno”. Ao Jornal de Abrantes, o responsável indicou que havendo necessidade de evacuar uma aldeia, o que só é feito em último recurso, permite salvaguardar as vidas dessas pessoas, por um lado, e dar margem de manobra aos operacionais no terreno encarregues do combate, porquanto deixam de ter preocupações com a existência ou não de

civis naquele teatro de operações. O próprio megafone permite ao “oficial de segurança”, que “é uma pessoa que todos conhecem”, acionar uma sirene de alarme e ao mesmo tempo falar para dar indicações aos cidadãos. Álvaro Paulino, presidente da União de Freguesias de Aldeia do Mato e Souto deixou a indicação sobre as entidades responsáveis pelo programa, entre Proteção Civil e GNR. E deixou a nota da importância deste programa num vale [na zona de Ribeira da Brunheta] “que é quase sempre atingido.” Nesse sentido, a Junta de Freguesia e a Proteção Civil identificaram o vale para a implementação do programa. Dentro desta linha, esta semana foram efetuadas reuniões nos quatro locais onde vai ser implementado o programa. Em Maxieira, Carregal e Ribeira da Brunheta [no cruzamento da paragem do autocarro], no Carril [largo das festas], em Sentieiras (campo de futebol) e em Maxial. A esperança é que não haja necessidade de utilizar estes refúgios, mas é preciso haver esta preocupação com a segurança dos cidadãos, principalmente num verão que se espera muito seco e, como se verificou na última semana de junho, com ventos muito fortes. Jerónimo Belo Jorge PUBLICIDADE

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SOCIEDADE / / O apoio equivale a 20% do valor da renda mensal

Município apoia arrendamento jovem e aumenta incentivos à fixação de população // O Regulamento de Apoio ao Arrendamento Jovem no Concelho de Vila de Rei – “Viver no Centro”, aprovado em Assembleia Municipal e publicado em Diário da República, prevê que o período ordinário para a apresentação de candidaturas decorra durante o mês de abril de cada ano. Decorrido o prazo de candidaturas, verificou-se que solicitaram o referido apoio quatro agregados familiares, sendo que a Câmara Municipal aprovou a cedência do apoio mensal de 271,50 euros, o que perfaz um total anual de 3.258 euros de apoio às quatro famílias. O vereador com o pelouro da juventude, Paulo César, afirma que “o programa de Apoio ao Arrendamento Jovem no concelho de Vila de Rei visa facilitar a fixação de população jovem e, com isso, estimular igualmente o comércio e a economia locais. Pretendemos assim reforçar as condições com vista ao aumento do número de residentes em permanência no nosso concelho”. “Noutro plano”, explicou, “o Município está também a facilitar a reabilitação de zonas urbanas e edificações degradadas, estimulando essa reabilitação através da procura de casas no regime de arrendamento. Destaco ainda que o Município dispõe de apoios adicionais para a recuperação de casas degradadas em todo o concelho e outras vantagens para a reabilitação de edifícios nas Áreas de Reabilitação Urbana de Vila de

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Rei, Fundada, São João do Peso, Estevais e Milreu”. Este Regulamento tem o objetivo de “reforçar as condições com vista ao aumento do número de residentes em permanência no concelho de Vila de Rei, com especial enfoque na população jovem”. O valor de apoio ao jovem previsto no Regulamento para a fixação de residência na modalidade de arrendamento, equivale ao valor correspondente a 20% do valor da renda mensal paga pelo jovem. Esta percentagem pode aumentar até aos 35%, caso haja dois ou mais dependentes a cargo e/ou um dependente a cargo seja portador de deficiência com grau de incapacidade igual ou superior a 60%. A atribuição de apoios destina-se à habitação própria permanente, a jovens e jovens casais com idades entre os 18 e os 35 anos, podendo um dos elementos do casal ter até 37 anos de idade. O imóvel tem de estar situado no concelho de Vila de Rei, com os apoiados a não poderem ser proprietários de prédios urbanos habitáveis ou arrendatários/senhorios de outra habitação situada no concelho. O

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valor da renda não pode ultrapassar os 60% do valor global mensal dos rendimentos. Os proprietários que afetem edificações para habitação ao arrendamento urbano, no âmbito do presento Regulamento, poderão também usufruir de isenção de 50% de IMI, até ao máximo de cinco anos, ou isenção total de IMI, até ao máximo de cinco anos, caso realizem obras de construção, reconstrução, alteração, ampliação ou conservação nestas habitações.

Apoios à fixação de população foram “reforçados”

Também o Regulamento de apoio à fixação de população no concelho sofreu algumas alterações. Passada uma década desde a implementação do regulamento para apoio à fixação da população jovem no concelho de Vila de Rei, o Executivo Municipal aprovou por unanimidade a reforma do regulamento de apoio à fixação da população, para fazer face a algumas questões que os serviços têm tido ao longo da vigência deste regulamento, propondo uma reorganização da

sistemática dos mesmos. Segundo o Município, “tendo em conta a experiência adquirida ao longo dos anos, bem como a evolução da sociedade e do concelho, sente-se necessidade de criar um novo Regulamento que se adeque às novas necessidades assumidas pela autarquia, ou seja, um compromisso de apoio à fixação da população, com políticas sociais locais estratégicas designadas por apoio ao casamento e apoio à natalidade enquanto catalisadores de combate à desertificação, pois reconhece-se a família com a célula base da sociedade. Logo, e reconhecendo-se o quão importante é o papel da família para o desenvolvimento socioeconómico do concelho vilarregense, considera-se premente a Reforma do regulamento de apoio à fixação da população”. Adianta ainda que, “neste sentido, reconhecendo este Município a necessidade de melhorar as condições para atrair população com tão grande impacto neste concelho e efetuada uma ponderação de custos e de benefícios da medida projetada, verifica-se que os benefícios decorrentes da criação

de um conjunto de incentivos se afigura francamente superiores aos custos que lhe estão associados, igualando, assim, esta atividade a tantas outras com a ajuda de alguns benefícios”. Com as alterações agora efetuadas ao Regulamento, o apoio do Município “foi reforçado”. No entanto, como explicou ao Jornal de Abrantes o presidente da Câmara Municipal de Vila de Rei, “decidimos que esse apoio que nós estamos a dar às pessoas que se fixam cá, tem que ser deixado na terra, no nosso comércio”. Para Ricardo Aires, o panorama económico quer do país, quer do mundo, é agora uma incerteza maior e, como tal, “só pedimos que o dinheiro que damos, seja gasto no concelho”. Como “prenda”, serão também elegíveis para este apoio do Município quem permaneça no concelho ao fim de cinco anos. “É um agradecimento por permanecerem cá”, afirmou o presidente. Quanto ao número de pessoas que receberam este apoio do Município e tenham saído do concelho, “em vinte anos, há três casos”. Patrícia Seixas


REGIÃO / Mação

Mais de 30 moinhos de água vão ser recuperados no Castelo // O Castelo de Mação é uma aldeia situada na base da Serra do Bando (com mais de 600 metros de altitude) e, como tal, nas encostas conta com uma série de linhas de águas de nascentes que ficam lá mais no alto. E nessas linhas, encontram-se muitas levadas e moinhos de água. / Rotas de Mação

A meio da encosta, a Junta de Freguesia de Mação construiu um parque de merendas, no Brejo, local com nascentes de água e onde ao longo de anos foram feitos melhoramentos para acolher turistas e visitantes. Mas há um troço de serra que, junto ao Castelo (aldeia), junta uma linha de água com diversas derivações, designadas como levadas, e que criam canais superficiais e subterrâneos e que ao longo de anos alimentaram as rodas de mais de três dezenas de moinhos e azenhas. Sim, mais de 30 moinhos e azenhas numa linha de dois quilómetros que estão, agora, ao abandono porque deixaram de moer grãos para fazer farinha. Trata-se de um conjunto de propriedades e edificações privadas, propriedade de habitantes, ou herdeiros, da região e que podem agora, numa candidatura da Câmara Municipal de Mação, voltar a ganhar vida. Trata-se de uma ideia que já não é nova e que aponta à recuperação de grande parte destes moinhos de água, das levadas e dos espaços envolventes. Nesse sentido, a autarquia já iniciou o processo de preparação de uma candidatura ao Plano de Recuperação e Resiliência (PRR) pelo que houve a necessidade de ter contratos de comodato de todas as propriedades envolvidas. E esse trabalho de formiguinha foi concluído, havendo agora condições de preparar o processo. O vereador António Louro é o responsável por este processo e explicou à Antena Livre que “esta é uma ideia que a Câmara de Mação tem vindo a alimentar há muitos anos. O Castelo tem um património ímpar no concelho com uma concentração de moinhos de água e azenhas. E a Câmara já fez a recuperação de dois desses moinhos, mas são tantos, mais de 30, que tínhamos de recorrer a ajuda externa.” O vice-presidente notou que esta concentração de moinhos e azenhas está numa extensão de apenas dois quilómetros de linhas de água. “É muito interessante porque a cadência destes moinhos é muito próxima uns dos outros e, por vezes, a água em meia dúzia de metros passa por três ou quatro moinhos e noutros casos passa de uns moinhos para os outros”, revelou o autarca continuando a explicar que essa “água passa uma rua pelo ar e depois cai numa azenha e vai para um moinho e depois volta a ir para outra azenha...” António

Louro referiu-se ao facto de ser uma zona com um declive muito acentuado e que, por isso, permite fazer essa utilização da água. “Esta é uma tentativa, em conjunto com os proprietários, para justificar uma candidatura em termos documentais. O Município está plenamente empenhado neste projeto, tanto que está assumido pelo presidente, já tinha sido pensado antes, que o projeto vai avançar de qualquer forma,” garantiu o vereador que antevê ainda uma outra possibilidade de encontrar algum financiamento através dos projetos das AIGP (Área de Integrada de Gestão da Paisagem). Uma das vertentes destes projetos passa também pela salvaguarda e intervenção neste tipo de património. Assim, se não for através do PRR diretamente pode haver forma de o financiar através da AIGP prevista para aquela zona.

O Castelo tem um património ímpar no concelho

“Vai demorar algum tempo” mas vai ser um dos ex-líbris de Mação

“Vai demorar algum tempo, porque são muitos moinhos”, mas o vereador garantiu que, a muito curto prazo, vai ser um dos ex-líbris do concelho de Mação. Já foi criado um circuito pedestre á volta daquele itinerário e são tantos os edifícios que será difícil a recuperação de todos. António Louro vincou que já existe algum trabalho feito nesta matéria, com a associação do Castelo e das Rotas do Concelho, com a definição de itinerários que podem ser percorridos pelas levadas. E as infraestruturas são tantas que esta nossa ideia é ir mais além da reconstrução dos moinhos. “A ideia é ir às levadas e outros edificados. A ideia é avançar para uma reconstrução geral de todo aquele património rústico,” disse o autarca que acrescenta que também “não se justifica ter 37 moinhos a trabalhar.” Mas haverá

uma preocupação na recuperação de outros edifícios em pedra de xisto e calçadas próprias daquela localidade para que “não se perca essa riqueza.” Depois haverá ainda a necessidade de acrescentar algumas infraestruturas de apoio porque “um projeto desta dimensão vai atrair visitantes.” Haverá necessidade de criar um parque de merendas e sanitários, indicou António Louro, que vem juntar-se a um que já existe há muitos anos no Chão do Brejo e que foi desenvolvido pela Junta de Freguesia de Mação. “Aqui não será necessária uma infraestrutura tão pesada, mas serão necessárias infraestruturas mínimas para acolher os visitantes antes ou depois das caminhadas pelos percursos”, justificou o vereador. António Louro foi quem andou a contactar todos os proprietários dos terrenos ou edifícios que estão abandonados. “Eu acho que não há ninguém que tenha visto aquele património a trabalhar e que não tenha vontade de o preservar e transportar para as novas gerações. Sentiu-se nos proprietários em colaborar,” disse o vice-presidente da Câmara de Mação que repetiu que a autarquia “não quer os moinhos”, mas antes colaborar para sejam os proprietários a usufruir delas, mas suas utilizações rurais. Ora se haverá moinhos a funcionar pode vir a haver uns saquinhos de farinha do Castelo e, afirma o vereador, “quem sabe um pãozinho quente”. Um dos desafios, garante António Louro, é haver um conjunto de circuitos para lá do património e da natureza, como por exemplo o circuito do pão, desde o cereal até à moagem. “Quem sabe possamos fazer uma pequena brincadeira e ter um pão quente no final de cada visita”. E depois há outras parcerias, por exemplo, com a Pinhal Maior “na salvaguarda de muitas pequenas calçadas de pedra, devido ao declive. E temos ainda neste processo os lagares de azeite.” De referir que a água faz parte da vida destes territórios no sopé da Serra do Bando. As levadas correspondem a um verdadeiro labirinto de canais derivados a partir de um canal principal de escoamento de água. Estas levadas podem encontrar-se a oriente da povoação e são responsáveis pelo transporte de água desde a Serra até aos terrenos das vertentes dos vales junto à aldeia do Castelo. Jerónimo Belo Jorge

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REGIÃO /

Tejo Ambiente atualiza estudo de viabilidade e sobe tarifário da água, saneamento e resíduos // A empresa intermunicipal Tejo Ambiente avançou com uma atualização do Estudo Viabilidade Económica e Financeira por forma a criar o equilíbrio necessário nas suas contas para evitar uma dissolução obrigatória com três anos seguidos de prejuízos. Luís Albuquerque, presidente da Câmara de Ourém e presidente do Conselho de Administração da Tejo Ambiente, sustentou o trabalho feito desde que a empresa intermunicipal iniciou a gestão do abastecimento de água a Tomar, Mação, Sardoal, Barquinha e Ferreira do Zêzere e a gestão de águas residuais e resíduos sólidos urbanos nestes cinco concelhos e em Ourém. Esta reavaliação do Estudo Viabilidade Económica e Financeira pretende alterar tarifários para evitar a dissolução da empresa, tanto mais que o plano já foi aceite pela ERSAR (Entidade Reguladora dos Serviços de Águas e Resíduos) e é vinculativo. O plano prevê um aumento de investimento de 4 milhões de euros de imediato, tem como objetivo baixar dependência dos fornecedores em alta, principalmente da Águas de Portugal. Há ainda a disponibilidade de viatura para recolha de águas residuais de fossas pelo que os munícipes vão pagar a taxa de saneamento, mesmo sem acesso à rede. Contas feitas, nos cinco concelhos com os três serviços a fatura de ambiente vai ter um aumento de 4,81 euros para o consumo de água médio mensal de 10 metros cúbicos, dividido da seguinte foram: água 2,8 euros, águas residuais 1,70 e resíduos sólidos urbanos 0,30 euros. Luís Albuquerque explicou depois os prazos para a entrada em vigor deste plano que terá de ser aprovado por todos os executivos e assembleias municipais Anabela Freitas, presidente da CM de tomar vincou os investimentos que já foram feitos e os muitos que ainda há para fazer. Mas neste plano só o tarifário não chega Luís Albuquerque deixou claro que os seis concelhos, representados pelos 6 presidentes das Câmaras Municipais, estão alinhados e que a viabilidade da Tejo Ambiente é fundamental para o futuro deste território De notar que, em jeito de balanço, Luís Albuquerque explicou que antes da Tejo Ambiente havia 210 trabalhadores afetos a estas três áreas. Apenas 90 passaram para a Tejo Ambiente e, hoje, são apenas 60. Há falta de mão de obra na região pelo que houve dificuldade em contratar trabalhadores.

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De notar que a entrada da Tejo Ambiente na gestão ambiental destes concelhos permitiu a Tomar e Ferreira a diminuição dos preços de água, mas de notar que a empresa intermunicipal ainda não fatura em tomar o que os serviços municipalizados de Tomar faturavam. No abastecimento de água foi nos municípios de Ferreira do Zêzere e Tomar que se registaram as maiores descidas do tarifário. No saneamento de águas residuais, Tomar foi o único município a registar uma descida no tarifário, sendo que nos restantes municí-

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pios se verificou um aumento da tarifa. Já nos resíduos sólidos urbanos os municípios que registaram uma descida neste tarifário foram Vila Nova da Barquinha, Ferreira do Zêzere e Tomar, sendo que nos restantes municípios se verificou um aumento da tarifa. Na análise feita por concelho, o quadro é o seguinte: Ferreira do Zêzere – aumentou o deficit da exploração dos serviços; Mação – reduziu o deficit da exploração dos serviços, mas mantém-se deficitária a exploração; Ourém – não só resolveu o deficit da exploração

dos serviços, bem como tem agora um resultado equilibrado; Sardoal – diminuiu o deficit de exploração dos serviços, mas mantém-se deficitária a exploração; Tomar – reduziu ligeiramente o deficit da exploração dos serviços, mas a exploração mantém-se deficitária; Vila Nova da Barquinha piorou o resultado da exploração dos serviços, pois em 2019 era positivo, tendo agora passado a deficitário. Houve também um trabalho de aplicação de medidas corretivas, por exemplo, na redução de chamadas não atendidas na empresa.

As chamadas não atendidas caíram para 9% o que é uma melhoria significativa. Noutro campo houve uma redução da percentagem de água não faturada, reduzindo custos com a ineficiência. “A percentagem de água não faturada no perímetro de atuação da Tejo Ambiente era de 52,2% em 2019, tendo esta percentagem sido reduzida para 51,6% em 2020 e para 46,5% em 2021, tendo como objetivo atingir 30% de água não faturada já nos próximos anos. O município onde se registou o melhor desempenho foi o de Mação, com uma redução de água não faturada efetiva superior a 15%.” A substituição contadores por antiguidade foi outro processo em que há um melhor controle. Havia mais de 24 mil contadores, de um universo de 42 mil, com mais de 12, quando o tempo de vida útil aponta aos seis anos. Deteção de fugas na rede de água também foi melhoras, com a criação de uma equipa especializada em detetar pequenas roturas. E também o tempo de reparação destas roturas diminuiu. Nas obras previstas para a rede de águas nos seis concelhos, programa vai ficar 100% concluída com dois concursos que vão avançar este mês, ambos no concelho de Mação. O aumento do montante de investimento (relativamente ao plano de investimentos anterior), a curto prazo, é de cerca de 4M€, num valor global acumulado de 42,4M€, até final de 2024. Este investimento, de acordo com a empresa, será distribuído na renovação dos emissários da ribeira de Seiça e da ETAR do alto Nabão; no aumento da taxa de cobertura das redes de saneamento de águas residuais e abastecimento de água; na renovação de redes de saneamento de águas residuais e abastecimento de água; na renovação e beneficiação de reservatórios; na execução de captações novas; com a aquisição e substituição de contadores; na implementação de sistema de gestão de perdas; no desenvolvimento de mecanismos de telegestão e implementação de ZMC e VRP. Em termos de obras foram aprovadas 23 operações, total de investimento de 29 milhões de euros e co-financiamento contratado de 14,5 milhões de euros, ou seja, 100 % de sucesso. Jerónimo Belo Jorge


REGIÃO / Sardoal

A construção de uma creche “é uma prioridade para o nosso concelho” // A atual creche no Sardoal conta, este ano, com algumas diferenças incluindo uma maior capacidade para o número de crianças dentro das três salas que esta disponibiliza. O presidente da Câmara Municipal de Sardoal, Miguel Borges, explica que mesmo com esta diferença, a creche continua a não corresponder às necessidades do município e já foi criado um projeto para uma nova creche, assim como uma candidatura ao Plano de Recuperação e Resiliência português (PRR). Todos os anos são ouvidos “profissionais da área, ou seja, as educadoras” e o “nosso Gabinete de Ação Social”, que ao ouvir os profissionais da área, apresentam uma proposta. Conclui-se assim que este ano a creche terá a capacidade para na “sala um”, o berçário, tem capacidade para dez crianças, “a sala dois, capacidade para 14 crianças e a sala três, capacidade para 15 crianças”. Estas salas não correspondem às necessidades do concelho de Sardoal, e também “às da nossa região”, uma vez que há casais de outros concelhos que também procuram este estabelecimento no Sardoal. Pelas palavras de Miguel Borges, “a procura excede sempre a oferta.” Porém, esta é a “capacidade que existe no espaço”. O presidente da Câmara do Sardoal continua a explicar que tiveram de construir

“esta valência de creche quase de um dia para o outro”. Com vista a terem uma creche no concelho, que tenha mais capacidade, criaram um “projeto e uma candidatura ao PRR” para a

“construção de uma nova creche”. Atualmente, a candidatura ao Plano de Recuperação e Resiliência português (PRR) encontra-se em fase de “audiência prévia”, sendo que ainda não foram esgotados todos os fundos

para a criação de novas “creches nos municípios e IPSS’s”. Vai haver um segundo aviso, no qual Miguel Borges irá atender e fazer “algumas melhorias e alguns acertos” no que toca ao orçamento. Estas diferenças no orçamento, explica o presidente da Câmara do Sardoal, devem-se ao facto de quando se deu início ao projeto apresentava um “desfasamento ligeiro” nos “valores que agora estão a ser praticados no mercado”. De forma a conseguir que a gestão da creche seja “atribuída a uma IPSS”, é necessário que a creche “cumpra as regras da Segurança Social”, o que atualmente o projeto cumpre. No entanto, o presidente da Câmara do Sardoal acrescenta que a própria creche tem de estar de acordo com “as exigências do Instituto da Segurança Social”. Sendo que existem estas “exigências” de forma a que creche pertença a uma IPSS, Miguel Borges tem

o cuidado de mostrar e pedir ao Instituto da Segurança Social para “validar o projeto”. Apresenta também o cuidado em fazer pequenas alterações como “a abertura das portas, que em vez de ficar para um lado é melhor ficar para o outro”. Se a gestão da creche ficar ao abrigo de uma IPSS, o autarca sente que é “ganho para o Município”, visto que “os custos são também comparticipados” para a IPSS e “não diretamente para o Município”, que fica responsável pela construção. “Estamos a falar do PRR”, reforça. O valor da creche varia entre os 30 euros e os 250 euros, consoante o que está no regulamento e os rendimentos que são apresentados. As condições de acesso à creche de Sardoal para o próximo ano letivo foram aprovadas por unanimidade na reunião do Executivo Municipal de dia 8 de junho. Maria Francisca Carvalho PUBLICIDADE

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SOCIEDADE /

“Se engraxar, engraxo. Se não engraxar, também não perco muito” // Engraxador desde os 10 anos de idade e sapateiro desde os 14, Carlos Fernandes ainda trabalha como engraxador em Barreiras do Tejo, Abrantes. Após a reforma e a viver sozinho com o neto António, explica que se dedicou novamente a engraxar os sapatos daqueles que ainda o procuram. Depois de se reformar do trabalho de muitos anos como “ajudante de motorista”, Carlos Fernandes emprega o seu tempo a engraxar os sapatos daqueles que por ali passam. “Como a reforma era muito pequena, dediquei-me a engraxar”. Está a engraxar em Barreiras do Tejo “há roda de 40 anos”. Conta que “comecei a engraxar tinha 10 anos, era dois escudos cada engraxadela”, e lembra que “davam-me 25 tostões”. Nos dias que correm, Carlos Fernandes leva “um euro” para engraxar, mas por vezes pagam-lhe “um euro e cinquenta” e outras vezes “dão-me dois euros”. Deixou o seu trabalho como engraxador “para ir para o Tejo trabalhar”, onde ficou por oito anos. Carlos “carregava camionetas, fazia areão, cascalho...”, entretanto passou para “a camionagem, passei para ajudante de motorista”, onde ficou muitos anos. Devido a um problema “na perna, que me apanhou o pé”, Carlos Fernandes explica que “dediquei-me a engraxar outra vez, tinha a caixa” e “fui andando, até hoje”. Pega na sua caixa de engraxar e segue para a rua em Barreiras do Tejo aos sábados e aos domingos, apenas da parte da manhã. Explica que se não dá nada até à uma, também “já não dá mais”. “Se engraxar, engraxo, se não engraxar, também não perco muito”. Por vezes, e nos dias mais chuvosos, Carlos acaba por ficar em casa pois explica que os “fregueses” nestes dias não fazem questão de por lá passar e engraxar os sapatos. Em tempos, tinha vários clientes, mas “já tive muito mais”. Carlos Fernandes sente que “a respeito de capital, está muito mau”. Nos dias que correm já não são tantas as pessoas que vão engraxar. Conta que são “os de mais idade” que procuram o seu trabalho, visto que “anda tudo também mais com os ténis, especialmente os mais jovens. “A caixa não foi ninguém que a fez, foi feita por mim”. Assegura que muitas pessoas lhe perguntaram onde mandou fazer a caixa de engraxar, “se podem tirar fotografia e eu digo que sim, que podem” e explica que foi ele mesmo que fez a caixa. “Arranjei estas tábuas, cortei-as e montei à minha maneira e cá estou com ela (a caixa).” Sempre engraxou em Barrei-

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ras do Tejo, e mesmo quando lhe perguntam “porque é que não vais para Abrantes”, ele responde que não, esta “é a minha terra”. “Habituei-me aqui, neste sítio e as pessoas já me conhecem”, esclarece. “Sou o único aqui da zona que ainda vou fazendo alguma coisita”, explica, ao dizer que apesar de já ter tido colegas que trabalhavam no Rossio ao Sul do Tejo, estes também já não exercem a profissão. Carlos Fernandes também trabalhou “muitos anos” como sapateiro. Conta inclusive que ainda “tenho máquina de cozer o calçado, tenho as ferramentas, mas hoje não faço quase nada”. Foi “deixando de dar” e, por causa da saúde, “eu parei com isso” há coisa de três anos. Lembra que quando começou a arranjar calçado, começou a “jun-

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tar freguesia”, tinha vários clientes. Por agora, vai só fazendo “alguma coisa leve”, são as pessoas que se dirigem a ele quando precisam de arranjar algo mais “leve” no que toca aos sapatos. O que fez Carlos Fernandes deixar a profissão de sapateiro foi quando acabou por “arranjar umas meias solas”. “Fiz esforço a mais, acabei por ir parar ao hospital”. Com os medicamentos que teve de comprar, acabou por deixar “o dinheiro que ganhei nas meias solas, foi para a farmácia”. Confessa que, após esta situação, já teve de recusar um trabalho: “não deitei as meias solas, disse que não podia”. Por ter recusado este trabalho, acabou por perder um cliente, “pedi que me desculpasse, mas o senhor zangou-se, nunca mais veio aqui engraxar”. “Consegui dinheiro para com-

prar aquela casa, como engraxador e como sapateiro”. Carlos Fernandes fala da casa onde vive atualmente com o seu neto e ainda de um carro para oferecer a António, o neto que Carlos criou “de bebé” com a esposa. “Tinha uma freguesia doida”. Carlos Fernandes chegou a ter clientes para engraxar os sapatos que vinham “de vários sítios”, desde Santarém, do Entroncamento, de Martinchel e até mesmo de Lisboa. “Um médico que vem de Lisboa para dar consultas no Pego, passa por aqui e engraxa”. Continua por dizer que “tinha mais era de fora, era o que dava mais interesse. Daqui (Barreiras do Tejo) tinha alguns, mas eram poucos.” Na caixa de engraxar, Carlos guarda “escova preta, para os sapatos para pintar de preto”. Tem

ainda “escovas para azul, escovas para branco e tenho escovas para castanho”. Continua por dizer que “também ponho sebo nas botas”, por isso na caixa também não falta “o sebo”. Carlos Fernandes explica que é o próprio que faz a mistura para criar a graxa que usa. “Arranjo as tintas, às vezes com um bocado de dificuldade” e faz a mistura. Depois da mistura feita, adiciona a cor: “faço o castanho, faço o preto”. Quando o trabalho requer tingir os sapatos, Carlos explica que “essa já é um bocado diferente”, por isso já tem de comprar, é uma “tinta rápida que é muito mais cara”. Neste trabalho de tingir os sapatos “não posso levar só um euro, tenho de levar cinco euros e tal”. Maria Francisca Carvalho


REGIÃO / Mação

Um lugar de encontro com saberes perdidos // Quem passar pela encosta do Calvário em Mação, pode observar no meio do bosque algumas construções. Vedações feitas com paus e umas cabanas de paus ou com telhado de palha. Esta é a explicação simples do que se vê. Mas se quiser aprofundar mais o que está ali construído pode entrar no Parque Arqueosocial de Mação, inaugurado no dia 1 de julho de 2022. “Este é um projeto muito antigo, no âmbito do Museu e da parceria entre a Câmara Municipal de Mação e o Instituto Politécnico de Tomar.” E depois adiantou aquela que foi a base para a criação deste parque. A existência de conhecimento e de recursos para identificar e reproduzir gestos do passado, com a referência a Pedro Cura, que ao longo de anos proporcionaram programas com escolas neste âmbito da pré-história. Luiz Oosterbeek resumiu este trabalho da seguinte forma: “Não só ensinar o passado, mas muito mais do que isso ensinar os conteúdos disciplinares do ensino básico e secundário através da experimentação. Este é um salto de qualidade em relação a tudo o que fizemos até agora.” É que, até aqui, havia uma capacidade de produzir objetos, como a cerâmica, trabalhar os metais, a pedra, os têxteis. “E quando se ensinam estas coisas ensina-se física, química, aritmética, geometria. Mas passar da escala do objeto para a arquitetura, e não há nenhum outro sítio em Portugal com estas características, nem na península ibérica, a esta escala”, explicou o responsável. E depois resumiu aquilo que é este parque: “É um terreno municipal e que começou a ser vedado com técnicas do passado. É um lugar de encontro entre esses saberes perdidos da sociedade da pré-história, os saberes tradicionais que se estão a perder.” E depois perceber no Parque Arqueosocial de Mação estamos num espaço de economia circular, que é uma coisa que se fala muito nos dias de hoje. “Todas as sociedades até à industrialização eram estruturadas até aquilo que hoje chamamos de economia circular. O aproveitamento exaustivo das matérias-primas.” E depois deu um exemplo concreto: “Os caçadores não matavam as crias. Não iam matar a alimentação do futuro, matavam os animais mais velhos. E depois aproveitavam tudo, as peles, as tripas, os ossos... e é isso que vão poder ver”, destacou Oosterbeek. O parque fica situado numa encosta acima das piscinas municipais de ar livre e terá quadro estruturas diferentes: O Paleolítico (os caçadores do período glaciar, anterior à nossa vida hoje), o Neo-

/ “Um lugar de encontro entre os saberes perdidos da sociedade da pré-história e os saberes tradicionais que se estão a perder” lítico (os primeiros agricultores), o Calcolítico (os primeiros metalurgistas) e a Idade do Bronze (as primeiras sociedades hierárquicas, as primeiras sociedades guerreiras). E fala-se de outras coisas. Este território onde estamos (e o Médio Tejo) tem um histórico de adaptação às alterações climáticas em que normalmente a densidade populacional era baixa. “Percebemos que os agricultores quando chegaram aqui ocuparam alguns espaços, produtivos. Estes territórios (Mação, Abrantes e Sardoal) foram territórios de explorações mineiras. E, adiantou Oosterbeek, “quando vamos ver os vestígios que temos são, acima de tudo, fortificações que defendiam o comércio de metais.” Já Pedro Cura explicou, em detalhe, as construções que estão feitas e que precisam sempre de ter muita manutenção. Por isso é um parque em que os visitantes, crianças ou seniores, vão poder ter essas experiências de poder

construir objetos mas, ao mesmo tempo, poderem perceber como funcionavam as sociedades naqueles quatro períodos. Trata-se do único parque, a esta escala, da Península Ibérica.

O destaque às empresas PME Líder do concelho

Antes da pré-história foi feita a inauguração das obras de requalificação das piscinas de ar livre de Mação. Obra feita pela Construmação e pela Destaque e Rigor, duas empresas do concelho, num investimento de cerca de 600 mil euros executados exclusivamente pelo Município. Já na Feira Mostra, Vasco Estrela, presidente da Câmara de Mação vincou que a piscina “tem 51 anos, mais ou menos a idade do presidente da Câmara, e precisava de ser requalificada.” Depois evocou todas as obras que têm vindo a ser feitas ao nível de requalificação de edifícios no concelho. Muitas com financiamento comunitário, mas muitas

/ PME Líder 2021

▶ António Costa Dias Lda Panificação ▶ Construmacão Lda - Construções e terraplanagens ▶ Distrimacão Lda - Supermercados ▶ Indústrias Vip unipessoal Fabricação de Produtos Químicos ▶ Monteiro Lda - Serração de madeira ▶ Foresmad Lda - Gestão Florestal

com recurso de exclusivo ao orçamento municipal. Já sobre a 27.ª Feira Mostra repetiu o que já tinha dito no seu lançamento: “Esta é a Feira Mostra do concelho de Mação. Não é a Feira Mostra da Câmara de Mação. Temos 20 associações a colaborar neste evento.” De seguida deixou uma palavra para as empresas, associações, entidades que colaboram com o município e para os artesãos que estão presentes na Feira. Vasco Estrela avançou depois para as empresas do concelho que em 2021 conquistaram a distinção de “PME Líder” e “que têm aqui a sua sede. A Câmara tem feito todos os possíveis para ajudar naquilo que são as suas atividades.” Entre a gastronomia e a Feira Mostra a noite teve ainda a apresentação da Carta Cultural do concelho, um documento que regista o Património Imaterial de Mação e, para gáudio de milhares de pessoas, um concerto com os Xutos & Pontapés.

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ESPECIAL / Vila de Rei - Feira de Enchidos, Queijo e Mel

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ESPECIAL / Vila de Rei - Feira de Enchidos, Queijo e Mel

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REPORTAGEM /

“Não há educação sem arte e sem cultura” // Uma visita a uma escola (Dr. Manuel Fernandes) para ouvir alunos, pais e professores a falar de ensino artístico, só podia começar com um momento musical de piano, na entrada da escola. O ministro da Educação, João Costa, sempre num registo informal, começou por brincar ao dizer que “tinha cartão de passageiro frequente nesta escola.” Texto de Jerónimo Belo Jorge Fotografias de Maria Francisca Carvalho

A “residência”

O ministro ouviu alunos, pais e professores sobre o ensino. E houve necessidades que todos apontaram. Mas uma necessidade com solução à vista. E, pelos vistos, até o ministro conhece essa eventual solução num processo que é, como ele próprio classificou, como “muito complexo.” Os alunos sentem a necessidade de ter salas próprias para as suas aulas. “Não podemos estar a ter uma aula, a desafinar e a prejudicar quem está numa aula de história ou geografia ao lado”, disse Frederica, aluna finalista que escolheu o caminho artístico do violino. A solução era, claro, a antiga residência. Tem salas, “já ali tive aulas quando foram as obras na escola” e até tem um auditório, explicou. A questão de ocupar a antiga residência de estudantes com as aulas de artes foi vincada por todos os outros alunos. A Leonor, pianista, e a Madalena, violoncelista. O pedido sobre espaços para as artes foi extensivo aos alunos de dança e de teatro. A presidente da Associação de Pais, Susana Martins, deixou também uma nota sobre este local, que está fechado. “Que bom seria que as ‘Master Class’ pudessem vir para esta residência. Poderíamos ter

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/ João Costa, ministro da Educação, falou com alunos do ensino artístico aqui intercâmbios. Poderiam ter uns quartos com condições para fazer esses intercâmbios.” João Costa disse estar “quase apto a falar da residência com a quantidade de vezes que o prof. Alcino lhe falou no assunto”. Ainda nos pedidos ao ministro, o rol cresceu com as necessidades de um piano de cauda, de instrumentos de percussão ou figurinos e cenários (para a dança e teatro). Houve ainda sugestões de ajuste das disciplinas teóricas que permitam aos alunos, mais facilmente, poderem concorrer ao superior na área da música. O ministro ouviu e dialogou com os jovens, e pais, e sobre a residência disse conhecer muito bem toda a história, num processo que é complexo e que tem muitas dificuldades.

Palavra aos alunos

Rodrigo, aluno do primeiro ciclo, esteve uns momentos à con-

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versa com o ministro que lhe disse “que aos 14 anos deixou de estudar música.” Depois João Costa “disse que temos dificuldade em ter ensino artístico em todo o país. Temos feito um esforço desde 2008”. A mãe do Rodrigo disse ser difícil que continue com a música por causa do transporte entre Tramagal e Abrantes, quando passar para o segundo ciclo. Depois o Dinis, também do primeiro ciclo, disse a João Costa que aprende flauta e “aprendemos muito lá (na escola)”. Acrescentou que “valsa em três linhas é a música que estamos a decorar”. Disse depois que as suas disciplinas preferidas são a música e matemática. E quando o Dinis agradeceu à professora de música, o ministro foi lesto e disse ao Dinis que “devíamos dizer aos professores obrigado e não até amanhã.” A professora do Dinis, Luísa, deu um exemplo de um aluno com dislexia que “veio para música e

está a melhorar desse problema.” Ainda na música, mas no secundário, Leonor, pianista, e Madalena, violoncelista, deixaram a sua experiência e opinião sobre o curso. “É uma oportunidade de ter um curso gratuito e temos boas condições. Só temos de comprar os instrumentos. Temos bons professores”, disse a Madalena. Depois a Leonor explicou a recente deslocação de alguns alunos a um intercâmbio em França. “Tivemos um intercâmbio com pianistas de Avignon e vimos uma cultura diferente. Tínhamos um piano em qualquer lado. Numa estação. Num restaurante. Em casa”. O ministro fez a pergunta às alunas sobre a carga horária. Leonor respondeu “parece que há teoria a mais em relação às práticas” e Madalena acrescentou “há disciplinas que deveriam ter mais carga do que outras mais teóricas.” Rita, no 11.º ano no curso supletivo, concordou com as cole-

gas. Sobre a carga horária disse que no curso supletivo falta uma componente de composição. E depois vincou a necessidade de uma melhor conciliação do curso geral, humanístico ou ciências, com a música. O ministro deixou depois uma sugestão à nova diretora, Isabel Alves. “Criámos o plano de inovação em que poderia haver uma modalidade de permutas em cursos para poder haver algumas trocas do curso geral com algumas disciplinas de música”. Frederica frequenta o 12.º ano, é violinista, e explicou que está no supletivo e que iria ter o seu último concerto. Explicou que tem um colega que não teve aulas de composição. “Na minha turma somos quatro e um quarto da turma quer seguir música”. Concluiu a sua intervenção a dizer que “a escola fez um esforço monumental nesta área. Estamos a criar um público para a música clássica”. Duas alunas de dança explicaram que esta área consegue formar a parte física e psicológica dos alunos. “O curso tem condições boas, mas já com cinco turmas de dança precisava de mais espaço de estúdio para as atuações”. Nesta conversa franca, as jovens acabaram por dizer que a “música na dança é um problema. Os professores é que têm de trazer equipamento de casa. O estúdio é muito pequeno e os camarins também.” O ministro perguntou a carga horária da dança e as alunas responderam: “semanalmente são nove horas e meia na dança.” E apresentaram uma queixa: “dependemos de uma escola de Tomar para ter figurinos para as representações”. Já do curso de teatro, foi uma aluna do 11.º ano que deixou a sua opinião e como o teatro ajuda “no controlo das emoções. Os professores trabalham muito nisso”. Apontou ainda a dificuldade dos figurinos e fatos também para as representações. João Costa vincou que na reforma em curso, “colocamos a sensibilidade artística e estética nos objetivos”, deixando depois a


REPORTAGEM /

nota que “os ditadores têm medo dos artistas e os censores fazem a primeira censura nas artes. Escolas devem ser espaço de artes”. Margarida Carvalho, presidente da Associação de Estudantes, deixou um desabafo sobre a representação dos alunos que “dá” uma carga muito grande de horas de atividade e que até pode prejudicar aqui ou ali numa décima que pode fazer toda a diferença no acesso ao ensino superior. Ou seja, o tempo que “passamos na Associação de Estudantes não conta para nada”. O ministro concordou, em parte, tanto mais que referiu que está a ser “criado um passaporte para a vida. Não conta para nota, mas mostra aquilo que tu fizeste”. E acrescentou que mesmo não contando para nota, “a capacidade de pensar e de analisar, que se calhar não sentes agora que estas ferramentas te tenham ajudado, mas se calhar no futuro vais perceber que ajudaram.”

cou que veio “parar a Abrantes em altura de crise. Vim numa perspetiva de precisar de trabalhar e sentir que somos acolhidos nesta área artística é muito bom. Já germinava a área artística na escola”. Esta docente referiu que tem de haver estabilidade nos cursos e tem de haver uma ligação com a comunidade. E isso tem muito a ver com a continuidade. “Tem de ser semeado e germinado. Começamos a ter alunos que vêm de outros concelhos para estas áreas”. Por outro lado, deixou uma opinião curiosa: “a partilha do auditório é algo que me deixa stressada, por um lado, e orgulhosa, por outro, porque é a partilha do palco. Sinto-me bem ao estar em palco a trabalhar e ter mais pessoas à espera de usar esse mesmo palco”. E deixou a necessidade de que é “preciso mais intercâmbios e o acesso aos profissionais para ver como se faz. A maior parte dos alunos nunca foram ao teatro. Era preciso uma bolsa que permitisse levar estes alunos ao teatro”.

Gestão Industrial aponta a Centro Tecnológico Integrado

Sobre o curso de Gestão Industrial, que é lecionado na Escola Duarte Ferreira, em Tramagal, um dos professores presente explicou que têm protocolos com a Escola Superior de Tecnologia de Abrantes e com várias empresas da região, que dão feedback sobre as qualificações dos alunos. “Quando acabam o 12.º ano, entram de imediato no mercado de trabalho”. E depois deixa o pedido ao governante: “Peço é evolução e inovação. É importante conseguirmos entusiasmá-los”. Alcino Hermínio, ainda diretor do Agrupamento de Escolas N.º 2 de Abrantes, deixou depois a novidade de um processo que está em andamento e que terá parcerias com a Câmara Municipal de Abrantes e com a ESTA, mas que passará para a nova direção, e que visa a apresentação de uma candidatura para a criação de um Centro Tecnológico Integrado.

Os Professores de artes e os vínculos

Da parte dos docentes, a necessidade de espaços para aulas e ensaios foi uma constante. A antiga residência de estudantes, que inclui um auditório, era a solução perfeita. É que, para além dos espaços de aula, o auditório principal da escola, com excelentes condições para ensaios, tem uma ocupação permanente e nem sempre está disponível para quando os professores necessitam.

“Que bom seria que as ‘Master Class’ pudessem vir para a Residência”

“Era ótimo ter aqui um piano de cauda” Carolina, a professora de piano, revelou que com os anos começam a chegar os reconhecimentos. “Temos muitas conquistas e alunos premiados. Fomos a Paris com mais três alunas convidadas para um concerto”, explicou ao mesmo tempo que apresenta uma das dificuldades que se prende com a aquisição de instrumentos, por vezes muito caros. “Por exemplo, um piano de cauda que permitiria ter um salto nalgumas áreas do curso e até para a comunidade escolar”. Houve ainda tempo a uma outra novidade. É que neste intercâmbio em França, ficou alinhavado que em 2023 seria em Abrantes, em fevereiro ou abril. “Era ótimo ter esse piano aqui nessa altura”. Mas, vincou o ainda diretor, “isso é com o Município e com a nova direção”.

Já Paula, professora de dança, mostrou satisfação de “pela primeira vez não termos de justificar o ensino artístico”, acrescentando que a música tem oito anos, a dança quatro, e o teatro também vai avançar em força, pois no próximo ano letivo o teatro vai começar no básico. A docente deixou claro que “escolas públicas com ensino integrado como esta existem poucas no país”, mas que é preciso mais apoio, pois “a nossa preocupação é com o futuro para estes alunos e com uma maior ligação com o ensino superior e com o mercado de trabalho”. O ministro João Costa referiu que este Agrupamento está no Plano Nacional das Artes e que este é “meio caminho para abrir portas”. Já a professora de teatro expli-

Pais pedem ajustes dos materiais a pensar no IRS

Os pais dos alunos de artes também marcaram presença e foram ouvidos pelo ministro nesta reunião. E entre as coisas positivas que deixaram sobre as aulas de música e os elogios aos professores, houve também pedidos ao “governo”. Um dos pais pediu “uma discriminação positiva em termos fiscais para a aquisição de instrumentos musicais”, que atualmente não “cabem” nas despesas de educação. Uma das mães deixou o pedido de uma “maior estabilidade para os professores que ensinam a área artística. Deveriam ter uma carreira mais estável”. Já Susana Martins, presidente da Associação de Pais, referiu que este ensino artístico é “uma grande mais-valia para a cidade. A autarquia também nos convida para muitas coisas. Somos reconhecidos”. Depois acrescentou que há aspetos em que a Associação também dá o seu apoio. “Na dança há meninos com necessidades monetárias. Têm sido duas associações, a “Juventude Amiga” e a Associação de Pais que têm contribuído monetariamente para que não tenham desistido”. Foram quase duas horas de conversa com o ministro que terá gostado do que ouviu e levou alguns recados para fazer ajustes para que o ensino artístico possa melhorar ainda mais e para que possa ser uma outra via integrada ou supletiva ao ensino geral.

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REPORTAGEM /

Circular e trabalhar em cadeira de rodas // A acessibilidade para pessoas com mobilidade reduzida é um tema já abordado diversas vezes. No entanto, estas pessoas continuam a referir que, mesmo assim, ainda se deparam com diversas inconveniências, mesmo em locais que se intitulam de fácil acessibilidade para estes. // Na reunião do Executivo Municipal de Abrantes de dia 17 de junho, Vasco Damas, vereador eleito pelo Movimento ALTERNATIVAcom, voltou a referir a Associação Salvador que criou o projeto “+Acesso Para Todos - Por Comunidades Mais Inclusivas”. Este é um processo multirregional que combate o isolamento e a exclusão social das pessoas “com deficiência motora e/ou

O testemunho de Cristina Coxinho

“Custou-me mesmo muito” Ao Jornal de Abrantes, Cristina conta que ficou paraplégica aos 32 anos, no “dia 6 de junho de 1999." "Já foi há muitos anos”. Confessa que quando isto lhe aconteceu lhe “custou muito, muito, habituar à ideia". Diz que não “imaginava que pudesse ficar de cadeira de rodas o resto da minha vida, podia ser naquela altura, um tempo, mas que as coisas iam voltar ao normal”. Entretanto, foi-se habituando “à ideia”. Foi quando ficou internada em Alcoitão, em setembro desse mesmo ano, que Cristina encontrou “pessoal mais jovem, em situações piores” e pensou que “se calhar eu até estou bem, apesar dos outros estarem piores, é isso que ao mesmo tempo nos ajuda”.

A história de Hélder - quem fez Cristina pensar que “se calhar eu até estou bem”

Cristina Coxinho conta a história de Hélder, um rapaz de Setúbal, “muito mais novo que eu, que ficou tetraplégico”. Hélder “nem sequer conseguia mexer os braços”, tinham de ser os seus colegas e Cristina a ajudá-lo “a dar a comida”. “O Hélder resolvia fumar e tínhamos que ser nós a segurar no cigarro”. O Hélder só consegue andar sozinho se “for uma cadeira de rodas elétrica”. N o p ro l o n g a r d a h i s t ó r i a , Cristina conta que trabalhar em Abrantes, "ter uma ocupação", é algo que a ajuda e acaba por não ficar “eternamente a pensar se me consigo mexer ou não, acabo por pensar que tenho de trabalhar e acabou”.

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mobilidade reduzida”. Este projeto tem recurso a uma app, +Acesso Para Todos, e é dirigido essencialmente para pessoas com mobilidade reduzida, “mas também às autarquias, estabelecimentos sociais e empresas e às camadas mais jovens da sociedade”. // Municípios como o Porto, Gondomar, Maia, Guimarães, Leiria, Torres Vedras e outros, “já aderiram a este projeto”, o que leva Vasco Damas a questionar, “e Abrantes?”. Após ter deixado esta questão no ar, apresentou o testemunho de Cristina Coxinho. Um texto sobre o seu dia a dia em Abrantes e os problemas com que se depara ao tentar deslocar-se pela cidade.

por Maria Francisca Carvalho

O dia a dia no trabalho e em Abrantes

“Não é fácil”, é assim que Cristina começa por explicar o seu dia a dia por Abrantes, “mas eu costumo dizer que tudo se vai conseguindo”. Explica que para se dirigir ao trabalho, consegue arranjar um local onde “facilmente estaciono, tenho rampa pouco inclinada para a garagem”, sobe de elevador para o edifício onde trabalha e que se encontra todo adaptado: “a secretária onde eu trabalho, as casas de banho, tudo para me poder movimentar de cadeira de rodas”. Mas nem sempre foi assim. Antes de ter este parque de estacionamento, Cristina Coxinho conta que tinha de deixar o carro “na frente do edifico”, onde tem uma rampa para entrar. No entanto, “a rampa era muito inclinada e eu não conseguia subir sozinha”. Cristina tinha de pedir ajuda a uma das colegas, “normalmente a senhora da limpeza. E isto todos os dias”, até porque mesmo para sair do trabalho também precisava de ajuda. “Quando não tenho o elevador por alguma razão, lá tenho de pedir ajuda porque não consigo subir as escadas”. Apenas ficou presa no elevador, por este ter avariado, duas vezes, numa das vezes teve de pedir ajuda. “Tenho a sorte de ser levezinha”. O elevador parou entre dois pisos e “a meio, mas conseguiram tirar a cadeira de rodas naquele espaço”. Contudo, confessa que “apanhei um susto brutal”. Da outra vez, o elevador parou mesmo onde tinha de sair. Mas ao ter de se deslocar novamente para o trabalho, “a minha colega deu a volta pela rua, mas não é fácil”, por Abrantes ser “muito inclinada”, depois “subiu comigo ao colo as escadinhas para o primeiro andar”.

JORNAL DE ABRANTES / Julho 2022

“Quando saio do trabalho é que é complicado”. Cristina Coxinho fala sobre os lugares de estacionamento para incapacitados e dá o exemplo do estacionamento para a Praça do Barão da Batalha, que “tem um lugar para incapacitados precisamente na zona mais inclinada do estacionamento”. Explica que “pode ser um perigo, mesmo que a cadeira esteja a travar bem”, nada lhe garante que por ser uma “zona inclinada, que a cadeira não deslize”. Sair do carro neste estacionamento apenas se torna uma tarefa mais fácil se “for com alguém”. A calçada também “é um problema”, mas em algumas ruas “tem partes lisas, no meio da rua” o que facilita na mobilidade. Um entrave

são as ruas inclinadas, mas como Cristina diz, “isso faz parte da cidade, não podemos andar a pô-la plana”. Mesmo para quem anda de “canadianas”, não é agradável andar nos paralelos, “tem sempre algum espaço entre um paralelo e o outro e a canadiana entra”.

Restaurantes e praias têm acessibilidade para pessoas com mobilidade reduzida?

Cristina Coxinho volta a mencionar Alcoitão e diz que “apanhou uma fase muito agradável”, estava internada com um grupo de “jovens mais ou menos da mesma idade, costumo dizer, todos doidos” e sentiam necessidade de ocupar o tempo, “não ser só fisioterapia”. Um dia por semana iam jantar

fora, “íamos de cadeira de rodas para qualquer lado”. O problema era que para conseguir entrar nos restaurantes, “tínhamos passeio sem desnível nenhum e tínhamos sempre de pedir ajuda aos funcionários”, mas isto não acontece apenas em Alcoitão ou em Abrantes, “isso acontece em qualquer outro local do país”. Há relativamente pouco tempo, Cristina relata a sua ida a um novo restaurante em Abrantes, o Chef Victor. “Está adaptado, até nos escolheram o lugar onde eu pudesse ficar próxima da casa de banho, para não ter de andar a pedir licença a toda a gente, por acaso foram muito atenciosos”. Até mesmo o estacionamento, que Cristina Coxinho já referiu ser um problema em Abran-


REPORTAGEM / tes, era acessível, “tinha lugar para incapacitados e entrava logo a seguir no restaurante, porque tem rampa”. No que toca às praias, Cristina afirma que já são várias as praias que têm “cadeiras para nos levarem ao banho”, coisa que não havia “há uns anitos atrás”. Mesmo com esta forma de acessibilidade, Cristina sente que o país está a precisar “de muita mobilidade, que não estão a praticar”.

cia”. Mesmo tendo acesso a este comboio, explica que só consegue viagem a partir do Entroncamento e que “só tem acesso a uma cadeira de rodas, não tem fixador”. “Não há liberdade, não é justo”.

“Não há uma preocupação de falar connosco”

Trabalhar e ser paraplégica - A experiência de Cristina Coxinho

“Eu escolhi estar a trabalhar mesmo sendo paraplégica”, diz Cristina Coxinho quando reflete que se calhar muitas outras pessoas na mesma situação queriam estar a trabalhar, mas por falta de acessibilidade acabam por não o fazer. Pelas palavras de Cristina, “há muita gente que, com o mesmo problema que eu, prefere ficar em casa e eu acho que isso também é desagradável. Mas se calhar preferem por terem pouca mobilidade e não terem os meios que precisam”. “Eu não gosto mesmo de estar em casa, não gosto mesmo de estar quieta”, esta é uma das razões pelas quais Cristina arranjou motivação para trabalhar. Confessa ainda que se se reformasse agora “tinha de arranjar outra ocupação”, sente que não ia “melhorar fisicamente” por ficar por casa. Cristina tem a “sorte de ter ainda” a mãe, que mesmo com “muita idade” a ajuda, “ainda me faz o almocinho, ainda faz tudo”. Conta também que mesmo quando a mãe não a consegue ajudar, porque não conduz, tem a “irmã, o meu cunhado, os meus sobrinhos” que mesmo quando ficou paraplégica e ficou internada, todos os fins de semanas” a irmã ia buscar Cristina a Alcoitão. “Dá-nos sempre muita força.”

Como se coloca a cadeira de rodas no carro?

Cristina coloca-se do lado do carro, entra e deixa a cadeira de rodas de fora, “a primeira etapa já está”. De seguida, tem de encaixar as peças do “elevador” na cadeira de rodas e este coloca a cadeira de Cristina “no primeiro andar”.

/ Eduardo Jorge com o Presidente da República e secretária de Estado Ana Sofia Antunes

O testemunho de Eduardo Jorge

“É muito complicado” Eduardo Jorge é tetraplégico, tem “90% de incapacidade” e anda numa “cadeira de rodas elétrica” para se conseguir deslocar de forma mais independente. No entanto, Eduardo explica que nem sempre isso acontece. Nem todos os locais, mesmo os que se intitulam de fácil acessibilidade para estas pessoas, têm de facto o necessário para Eduardo e outras pessoas com mobilidade reduzida se conseguirem movimentar de forma independente. “É muito complicado, principalmente ao nível da falta de acessibilidade”, mesmo com uma legislação “própria que define e regula as acessibilidades”. Eduardo crê que “não há uma preocupação concreta e firme”, principalmente pelos “arquitetos e por quem fiscaliza”. Apesar de haver muito apoio e “muitas medidas” no que toca à empregabilidade, sente que “não há uma sensibilização por parte dos empregadores”. Eduardo

acrescenta que “nem a pagar nos querem”, porque ainda há “aquela ideia que não há competência nas pessoas com deficiência”.

“Vivo sozinho, trabalho e tenho imensos projetos” - As dificuldades que encontra no dia a dia

“Gosto muito de me deslocar aí nas tasquinhas e nas festas regionais e não consigo”. Eduardo dá o exemplo do Jardim da República em Abrantes, onde se situava a zona das tasquinhas nas festas de Abrantes este ano, 2022, que “não tem, sequer, acesso a cadeira de rodas”. Exemplifica que mesmo “que houvesse uma rampa lateral, não dava, ia estar toda ocupada por carros". Dá também o exemplo da loja da EDP, em Abrantes, que “além de não ter acesso a uma rua, nem sequer se consegue entrar num passeio”. Outro local onde tem dificuldades de acesso é o “próprio Serviço de Ação Social da Câmara”. Sente que “não há preocupação” e que muitas das vezes a solução para

estes problemas é “tão simples, rebaixar um passeio” para que estes possam conseguir ter acesso ao passeio e desta forma conseguir “frequentar alguns espaços”. Por vezes, “nem nas próprias passadeiras tem passeio rebaixado”. Eduardo também já se deparou com “um passeio rebaixado” com acesso a uma passadeira, mas quando chegou ao outro lado da rua “não existe esse rebaixamento e, portanto, temos de voltar para trás”. Quando tem de se dirigir ao banco, diz que apenas um banco em Abrantes é que é de fácil acesso a pessoas com mobilidade reduzida, o mesmo acontece com restaurantes e outros locais públicos. “A maioria não tem acesso”. Menciona então os transportes públicos, mais um entrave na vida destas pessoas. “O próprio comboio em Abrantes não tem acessibilidade”. Conta que o “único (comboio) que tem acesso a cadeira de rodas é o Alfa Pendular” e que mesmo assim “temos de avisar com 24 horas de antecedên-

Eduardo Jorge fala sobre o programa “Rampa”, ao qual a cidade de Abrantes e “a maioria das autarquias” aderiram. O objetivo do programa era fazer um levantamento sobre as inconveniências pelas quais uma pessoa com mobilidade reduzida passa nestas localidades. “Só se pode tratar dos problemas, conhecendo-os”. No entanto, Eduardo Jorge sente que “não há uma preocupação de falar connosco”. Existem medidas para ajudar as pessoas com mobilidade reduzida, mas que sem falar com estas pessoas, a solução para os problemas pode nem sempre ser a mais adequada. Menciona assim o slogan “nada sobre nós, sem nós”. “É algo que nós temos mais conhecimento, fazia mais sentido sermos nós a opinar e a fiscalizar”, esta é a opinião de Eduardo Jorge. “As pessoas sem acesso não saem”, este é um exemplo de palavras que Eduardo já ouviu ao longo da sua vida, ao que responde que “não, não criaram o acesso, a pessoa não vai”. Por vezes depara-se com locais que dizem ter acesso, mas “quando chegamos lá, há um degrau de dez centímetros”. “Todos acham que é muito fácil pegar-nos como um saco de batatas”, diz Eduardo Jorge ao falar sobre a solução que tentam encontrar para estes problemas, mas “não pode ser assim”. As casas de banho “são adaptadas”, Eduardo diz que não. “Têm umas simples barras”. Diz que por vezes em hotéis, “chega-se à estupidez”, dá o exemplo de uma banheira, “em que está uma simples cadeira rotativa”. “Uma pessoa tetraplégica como eu, nem sequer consegue” colocar-se numa cadeira, por falta de “equilíbrio no tronco”.

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ECONOMIA /

O maior Intermarché de Portugal abriu em Abrantes // É a maior loja Intermarché de todo o país e abriu no dia 16 de junho em Alferrarede, Abrantes. São 4.000 metros quadrados de espaço comercial com algumas nuances em relação àquilo que já era este hipermercado, mas com uma aposta muito mais forte na área comercial.

É que se no dia 16 de junho abriu apenas o supermercado, em julho, tudo aponta para isso, deverá abrir a Rádio Popular, um restaurante com esplanada no primeiro andar com capacidade para 110 pessoas e mais 21 lojas no rés-do-chão e primeiro andar a criar uma galeria comercial que acompanha toda a fachada do edifício. Miguel Alves e Aldina Henriques são o casal proprietário do Intermarché de Abrantes e após a abertura explicaram ao Jornal de Abrantes que apostaram “todas as fichas neste novo conceito” e que esperam que corra bem. Aliás, Miguel Alves, reforça que vai correr bem e que já pensa em fazer crescer a área, porque não sendo natural de Abrantes acredita no seu projeto nesta região. Com uma aposta reforçada nos frescos, a loja é maior que a anterior. São 4.000 metros quadrados com reforço da “praça dos frescos”, num conceito de vários expositores com uma ilha para pesagem da fruta e legumes. Depois houve um incremento maior na charcutaria, peixaria, de congelados e frescos, e talho a que se juntou um aumento da padaria e pastelaria com uma ampliação no serviço de pronto a comer para levar para casa. Outra das notas dos gerentes do espaço tem a ver com qualidade para o cliente. Mais luz natural, fruto das claraboias existentes no edifício, assim como as vidraças de todas as lojas da galeria para a rua. Acrescentam-se ainda os corredores mais largos no interior onde se cruzam os carrinhos de compras “sem necessidade de encontrões ou pequenos encostos.”

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Há ainda um espaço que cresceu e que tem a ver com a vida saudável, ou seja, é quase um anexo para produtos biológicos e de dietética. Outra das novidades des-

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te complexo, que por enquanto mostra apenas o supermercado Intermarché, é a existência de um parque de estacionamento subterrâneo com capacidade de 170 lugares de estacionamento

e com acesso ao piso térreo com tapete rolante. Mesmo antes de abrir as portas, Miguel Alves faz uma “roda” como se vê nos jogos de desportos coletivos, para agradecer e, ao mesmo tempo, saudar todos os funcionários que cresceram neste último mês. Os funcionários de todas as secções fizeram uma espécie de guarda de honra ao grupo de primeiros clientes que entraram no espaço. E foram estes mesmos funcionários que durante cinco minutos aplaudiram os clientes que iam entrando nos 4.000 metros quadrados de loja comercial. Depois cada um “correu” para a sua secção porque os clientes vinham para fazer compras. Uns habituais lá iam dizendo que sentiram a falta da sua loja. Outros vieram ver o “novo” espaço. Ainda por cima, em dia feriado, houve

mesmo um acesso reforçado a este local. O investimento, superior a 15 milhões de euros, é grande e houve uma grande preocupação com os orçamentos e matéria-prima por causa do conflito na Ucrânia. Aliás, se no pós-pandemia a economia estava a dar sinais de recuperação, com o conflito armado as coisas voltaram a complicar-se. Mesmo assim, o empresário refere que não podia ficar parado com a obra a meio e teve mesmo de avançar. O primeiro piso do espaço tem uma área administrativa e de serviços que vai acolher entre 15 a 17 funcionários. Entre a administração, recursos humanos e logística, há um conjunto de instalações destinadas ao conforto dos colaboradores. Desde os balneários, com cacifos coloridos, para fugir aos tons cinza do chão e das paredes, ao refeitório com capacidade para 30 pessoas em simultâneo, até a uma sala de convívio onde há cadeiras relaxantes, uma mesa de matraquilhos ou um espaço onde as crianças podem esperar pela saída dos progenitores. “Se queremos clientes satisfeitos, a satisfação dos nossos colaboradores, da nossa equipa, é fundamental e temos tido essa preocupação. Aqui foi ainda mais reforçada”, aponta Miguel Alves sublinhado o sonho da mulher que “adora crianças”. E esse sonho poderá passar por ter um ATL de apoio às crianças, e, ao mesmo tempo, aos progenitores. O Intermarché de Abrantes reforçou a sua equipa com mais 55 colaboradores, empregando agora mais de 100 pessoas da região. Jerónimo Belo Jorge


GALERIA / Paulo Miranda Baptista Damasceno

Nascido em Abrantes no ano 1967. Fotógrafo autodidacta como hobby. O gosto pela fotografia foi-me transmitido pelo meu pai, tendo iniciado a fotografar com a máquina dele, uma máquina fotográfica de rolo de 35mm, totalmente mecânica sem prisma óptico ou espelho. Das primeiras fotografias por mim tiradas penso que foi do nevão de 1983 em Abrantes, mas perdi o paradeiro dos negativos e das fotos então tiradas. Gosto de tirar fotografias a quase tudo, mas essencialmente gosto de experimentar as diversas formas de fotografar, nomeadamente fotos

de longa exposição e fotografia a fotografia a preto e branco. Com o aparecimento das máquinas digitais veio dar um novo folgo ao hobby, pois já não era necessário esperar por terminar o rolo, revela-lo e passar as fotos para papel para ver o resultado final. Este hobby tornou-se mais intenso com aquando conheci a Maria Isabel Clara, Nuno Martins e a Sandra Santos, pelo que fui levado a comparar uma máquina fotográfica digital do tipo DSLR, melhor que a que possuía, e que me permitiu explorar melhor as diversas formas de fotografar e aperfeiçoar técnicas.

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DESPORTO /

Campeões dos “Lagartos” homenageados pelo Município

CARTÓRIO NOTARIAL EM ABRANTES A CARGO DA NOTÁRIA ANDREIA SORAIA MARTINS SILVA Extrato Notarial de Escritura Pública de “Justificação”

// Os Juvenis dos Lagartos do Sardoal ganharam o título de campeões distritais da II Divisão, da sua categoria, e por isso subiram ao salão nobre dos Paços do Concelho da vila, para receberem uma homenagem por parte da Autarquia. Foi na tarde de dia 21 de junho que a equipa de Juvenis do Grupo Desportivo e Recreativo “Os Lagartos”, de Sardoal, campeã distrital da II Divisão do seu escalão, foi recebida no Salão Nobre dos Paços do Concelho. Levaram a Taça para mostrar ao Executivo Municipal e receberam uma lembrança. Pelas palavras do presidente da Câmara de Sardoal, Miguel Borges, “aquilo que vocês fizeram… fizeram um trabalho excelente”. Fala não só para os jogadores, mas também para os outros membros da Direção do Clube. Continua e menciona que este deve ser um trabalho que “merece ser destacado” e que deve “ficar registado, numa prateleira da vossa casa, para toda a vida”. “Estão de parabéns”, diz Miguel Borges ao relatar que este título foi conquistado “com muito trabalho, muito empenho e dedicação”. O Grupo Desportivo e Recreativo “Os Lagartos” foi criado no início da década de 80 e estes jovens já vestem as camisolas verdes desde os “7 anos” de idade. “Vocês podem não ser Cristianos Ronaldos, mas uma coisa é certa, serão melhores homens do que seriam se não tivessem este trabalho, esta formação”, disse o presidente da Câmara Municipal de Sardoal aos jovens Lagartos.

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Quando fala para os dirigentes, Miguel Borges diz sentir que “não é fácil este trabalho” e ainda que se torna mais difícil encontrar “pessoas disponíveis”. “Sem vós, isto não seria possível”. O presidente da Câmara agradece também aos dirigentes do Clube pelo trabalho que têm vindo a realizar. Vasco Carola, presidente do Grupo Desportivo e Recreativo “Os Lagartos”, agradece à Autarquia pela “disponibilidade que nos deu, transporte, ao campo” e pelo apoio prestado à equipa. Agradece também aos pais, “sem eles nada disto era possível”, visto que também trabalharam como uma extensão dos dirigentes. Francisco Jerónimo, presidente da Associação de Futebol de Santarém, sente que este é um momento “de grande relevância”. Não só para os Juvenis dos Lagartos como “para a própria Associação de Futebol de Santarém”. Continua e diz que os Lagartos

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são o exemplo de que “com querer e vontade é possível atingir êxitos”. Os Lagartos são “um clube relativamente pequeno”, mas que conseguiram dar o exemplo “estes últimos anos”. Na época de 2019-20, o Grupo Desportivo e Recreativo “Os Lagartos” tinha 73 atletas inscritos. Em 2020-21, “em plena pandemia”, época em que “houve uma quebra para a Associação” e de 30% e de 40% a nível nacional, “os Lagartos de Sardoal subiram, de 73 para 92” atletas inscritos. Já nesta época, 2021-22, acabam com uma “vitória distrital e com 107 atletas”. “Foi graças ao trabalho dos dirigentes que o desempenho, a dedicação e o acreditar, venceram este período” que foram os últimos dois anos, estas são as palavras de homenagem de Francisco Jerónimo para os dirigentes do clube que fizeram com que este fosse o clube, de todos os 75 do distrito, que “tivesse o resultado de crescimento” mais alto. “Parabéns mesmo, porque vocês merecem”, o presidente da Associação de Futebol de Santarém volta a felicitar esta equipa que mesmo sendo de um “concelho de tão pouca densidade”, conseguiram chegar a campeões distritais de segunda categoria dos juvenis. Jerónimo Belo Jorge e Maria Francisca Carvalho

Certifico narrativamente, para efeitos de publicação, que por escritura lavrada na presente data a folhas cinquenta e cinco e seguintes, do livro de notas para escrituras diversas número trinta e quatro do Cartório Notarial em Abrantes, sito na Avenida 25 de Abril, número duzentos e quarenta e trinta e três, freguesia de União das Freguesias de Abrantes (São Vicente e São João) e Alferrarede, da Notária, Andreia Soraia Martins Silva: JOÃO MANUEL FILIPE ANDRÉ, NIF 152.578.692, natural da freguesia de Souto, concelho de Abrantes, divorciado, residente na Rua Vieira da Silva, número 10, quinto andar esquerdo, 2745-893 Queluz, união de freguesias de Massamá e Monte Abraão, concelho de Sintra. DECLAROU O OUTORGANTE SOB SUA INTEIRA RESPONSABILIDADE: Que, com exclusão de outrem, é dono e legítimo possuidor do seguinte imóvel, não descrito na Conservatória do Registo Predial de Abrantes: Prédio Misto, com a área total de sete mil novecentos e sessenta metros quadrados, composto por parte rústica: cultura arvense, figueiras, cultura arvense de regadio, citrinos, oliveiras, pinhal, cerejeiras e macieiras – sete mil oitocentos e oitenta metros quadrados; e parte urbana: casa de rés do chão, destinada a habitação - oitenta metros quadrados, denominado ou localizado, Atalaia, Covões, freguesia de União de Freguesias de Aldeia do Mato e Souto, concelho de Abrantes, a confrontar de norte com José Filipe, de sul com herdeiros de Manuel Fernandes Rosa Machado, de nascente com Rua do Cabeço, e de poente com Rua do Ribeiro, inscrito na matriz predial urbana, sob o artigo 925, da freguesia de União de Freguesias de Aldeia do Mato e Souto, anterior artigo 1064, da freguesia de Souto (extinta), com o valor patrimonial de 7.135,45€, a que atribui igual valor, e inscrito na matriz predial rústica da freguesia de União de Freguesias de Aldeia do Mato e Souto, sob o artigo 509, da secção BZ, anterior artigo 509, da secção BZ, da freguesia de Souto (extinta), com o valor patrimonial para efeitos de IMT de 715,20€, a que atribui igual valor. Que desconhece outras proveniências em artigos anteriores, nomeadamente os que vigoraram em anterior matriz. Que o mencionado prédio não é nem se confunde com os descritos na Conservatória do Registo Predial de Abrantes, sob os números respetivamente, 13.276 e 13.277, folhas 109 e 109 verso, respectivamente, do Livro B-34, nomeadamente, pelas diferenças encontradas quanto à composição, confrontações, artigo e área. MAIS DECLAROU: Que, o imóvel supra identificado, e ora justificado veio à posse dele justificante, em dia e mês que não pode precisar, mas no ano de mil novecentos e oitenta e sete, data em que entrou na posse do mesmo, ainda no estado de solteiro, tendo casado posteriormente com Paula dos Santos Pires André, sob o regime da comunhão de adquiridos, de quem é atualmente divorciado, por doação meramente verbal, de seus pais, Joaquim do Carmo André e mulher Maria Amélia Filipe, casados que foram entre si sob o regime da comunhão geral de bens, e residentes que foram na Rua do Ribeiro, Atalaia, Souto, Abrantes, os quais por sua vez o haviam adquirido, por compra meramente verbal a José António Claro e mulher Maria do Carmo Claro, casados sob o regime da comunhão geral de bens, residentes na Rua da República da Bolívia, número 52, segundo andar esquerdo, Lisboa. Que dada a forma de aquisição não tem título formal que lhe permita requerer o registo a seu favor. Que, assim se encontra, na posse do mencionado imóvel, há mais de vinte anos, tendo desde essa data, usufruindo do referido prédio acima melhor identificado, tendo passado a usufrui-lo, vedando-o, plantando-o, semeando-o, lavrando-o, cultivando-o, tratando-o, colhendo os respetivos frutos, e ainda, ligou-o às redes públicas de eletricidade e água, tratando da sua limpeza, fazendo obras de manutenção, guardando nele os seus pertences, haveres e utensílios, suportando e pagando as respetivas contribuições e impostos, isto é, gozando de todas as suas utilidades, direitos, e benefícios por ele proporcionadas. Que sempre foi reputado por toda a gente como proprietário do mesmo e sempre se considerou como tal. Que, assim nos termos expostos, a sua posse tem sido, pois exercida ostensivamente perante toda a gente sem oposição de quem quer que seja, continuadamente há mais de vinte anos, sendo por isso uma posse pacífica, continua e pública, e de boa fé, pelo que adquiriu o referido prédio por usucapião, o que invoca para efeitos de primeira inscrição no registo predial. Está conforme o original. Abrantes, 23 de junho de 2022. A Notária, Andreia Soraia Martins Silva


REGIÃO / / CONSTÂNCIA

Festival da Juventude é no próximo dia 9 de julho // No sábado, dia 9 de julho, Constância recebe o Festival da Juventude. Uma iniciativa que decorre na vila a partir das 9h00. Um Passeio Convívio de BTT, um Passeio Convívio em Bicicleta em Família, o 5º Downhill Urbano de Constância e uma noite de animação com o Concerto Hotel Jugoslavija e o DJ Coffee Beats Live Set são os diversos eventos que integram o Festival da Juventude. O Passeio Convívio de BTT e o Passeio Convívio em Bicicleta em Família começam a partir das 9h00 e das 9h30, respetivamente. Com ponto de encontro no Parque de Merendas de Constância, as duas iniciativas têm inscrição obrigatória, a qual deverá ser efetuada até 7 de julho através do email carrapiteirobiketeam@sapo.pt, ou do telefone 918628234. A atividade tem um custo de 2,5 euros para menores de 12 anos e 5 euros para maiores de 12 anos. O 5º Downhill Urbano de Constância, tem lugar a partir das 15h00, na Zona Histórica de Cons-

O mundo está a desglobalizar. E agora, Europa?

A

tância. A participação na prova tem inscrição obrigatória até 7 de julho, em www.lap2go.com, e tem um custo de 5 euros. No que concerne à animação

noturna, vai decorrer a partir das 22h00, no Anfiteatro dos Rios, e integra um concerto com Hotel Jugoslavija e o DJ Coffee Beats Live Set.

/ ALFERRAREDE

Azeite Casa Anadia conquista medalha de ouro em Prémio Património Português // O concurso de azeites virgem 2022, realizado em paralelo com a Feira Nacional de Olivicultura, conheceu os novos vencedores este ano. Entre as principais categorias a concurso, destaca-se aquela que representa o prestígio da variedade mais portuguesa de todas, a Galega. Em 2022, a medalha de ouro, correspondente ao Prémio Património Português - Galega, que destaca o melhor azeite monovarietal da variedade Galega, foi atribuído ao azeite Casa Anadia Tributo- Galega. “O Azeite Casa Anadia Tributo – Galega, foi precisamente a forma que a marca encontrou para homenagear não só a variedade mais portuguesa de todas, mas também a sua história e a história de todas as famílias que ao longo dos séculos trabalharam os olivais e esta variedade no país inteiro. Receber este prémio é por isso mesmo um orgulho para nós, que mantemos a tradição viva”, refere David Magarreiro o responsável de marketing e comercial da marca. Recorde-se que a Casa Anadia

OPINIÃO /

abriu recentemente as portas da Quinta ao público, com visitas guiadas e programas de Olivoturismo, onde é possível viver e experienciar a sua história e provar os seus azeites. O azeite Casa Anadia é herdeiro e continuador de uma antiga tradição que remonta pelo menos ao séc. XVII, época da construção do antigo Solar com capela, localizado no Ribatejo, em Alferrarede - Abrantes. Marcados pelo clima local, perfeito para a produção de azeites de alta qualidade, os azeites Casa Anadia, utilizam “os melhores processos de produção, aliados à experiência centenária, para lhe trazer os melhores e mais nobres azeites virgem extra, frescos, frutados e com uma acidez mínima”.

União Europeia continua a ser, até hoje, um sucesso no campo da integração económica. No entanto, ao nível da integração política, o caminho tem sido mais lento e sinuoso. É verdade que a Comissão Europeia tem mais poderes que nunca. Contudo, continuam a ser os Estados membros a tomarem as decisões mais relevantes do Bloco. Inevitavelmente, a União Europeia evidencia semelhanças com a Itália do século XV que, na época, com cidades-Estado como Veneza ou Génova, era um gigante económico mas, fruto do controlo político da região por diversas cidades-Estado, ducados, pequenos reinos e pelos Estados papais que rivalizavam entre si, a Itália era um anão político. Para a Europa, o futuro provavelmente está em perceber que o mundo que o Projeto Europeu ajudou a criar nas últimas décadas e que lhe trouxe prosperidade e sucesso, acabou. Este mundo que a União Europeia ajudou a criar espelhava as suas próprias origens: abandonar a rivalidade geopolítica entre Estados e construir um projeto assente em interesses comuns geridos por instituições supranacionais nas quais cada Estado delegava poderes para a concretização desses interesses e partilha comum dos benefícios. Este espírito ficou conhecido como “multilateralismo” e cunhou os alicerces da globalização na Era moderna. Ao mesmo tempo, o multilateralismo permitiu criar o espírito de solidariedade comum entre Estados, a pedra basilar da União Europeia, que instituiu um princípio sagrado de entreajuda que impedia os Estados mais poderosos de se sobreporem aos países mais fracos. E, à semelhança da construção Europeia, a globalização contemporânea foi construída com base na criação de instituições que se consumaram nas fiéis guardiãs de um complexo sistema mundial de regras, acordos e práticas entre Estados que têm governado a

/ Nuno Alves / MESTRE EM RELAÇÕES INTERNACIONAIS / nmalves@sapo.pt

globalização nas últimas décadas. E, para a União Europeia, a globalização é o seu espelho no mundo: é através da globalização que a União Europeia, como expoente máximo da cooperação internacional na história, encontra forma de intervir globalmente. Contudo, o mundo mudou. A guerra na Ucrânia mostrou de forma definitiva esta mudança, mas ela já se arrastava há vários anos. O mundo está a desglobalizar. Esta tendência é claramente visível desde a crise de 2008. Quando a atual presidente da Comissão Europeia tomou posse em 2019, Ursula von der Leyen prometeu uma nova Comissão “geopolítica” ao mesmo tempo que pretendia reforçar a União Europeia como a grande “guardiã do multilateralismo” no mundo. Bem, a geopolítica não é mais do que a procura da consumação do interesse nacional de um Estado à custa dos restantes. Pode gerar benefícios no curto prazo, mas a seu tempo, o conflito entre Estados é inevitável. O mundo multilateral que a Europa ajudou a criar já não é o mesmo. A geopolítica está de volta. Se a Europa se quiser posicionar geopoliticamente no mundo, isso poderá minar a solidariedade interna de que o Projeto Europeu precisa para existir. Ainda assim, sabendo que a Europa é um produto do espírito de cooperação, conseguirá ela sobreviver num mundo em plena desglobalização e persistir como um farol no mundo que teima em lançar no escuro do egocentrismo nacionalista a luz da cooperação entre povos?

Julho 2022 / JORNAL DE ABRANTES

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SOCIEDADE /

Como criar rebentos comestíveis no “parapeito de uma janela”

OPINIÃO /

// No âmbito do projeto “Encosta Viva” que organizou um arraial na Urbanização Encosta da Barata, em Abrantes, Nuno Alves esteve presente com o workshop “Horta em casa”. Nuno Alves apresentou, num workshop, as diversas formas de como se pode fazer em casa estes rebentos versáteis, que se utilizam “para fazer várias saladas, vários salteados” e ainda “quiches, sandes, tudo o que as pessoas quiserem”. Existe “uma variedade substancial de plantas” que se pode utilizar para obter estes rebentos, que são nada mais do que as plantas “num estágio inicial do desenvolvimento, ainda sem desenvolverem as primeiras folhas”. Este é um processo “muito curto” e pode ser “feito em qualquer parapeito de uma janela, em cima de um suporte na varanda”, em qualquer recipiente. “Estou a usar diversos recipientes para mostrar às pessoas que não é necessário, sequer, comprá-los”, ou seja, não é necessário comprar outros materiais, podendo reutilizar recipientes que já se tem em casa, “como os que trazem os morangos do supermercado, ou das

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framboesas”. Este tipo de “culturas” não necessita de “grandes quantidades de solo e ocupa muito pouco espaço”. Nuno continua por referir novamente que estes rebentos demoram “muito pouco tempo” para ficarem disponíveis para consumo. Aconselha que o “substrato” a ser utilizado seja “de compra, se usarmos terra do quintal, ela vem contaminada com sementes de ervas daninhas”, o que torna complicado separar “o trigo do joio”. Para o workshop, Nuno levou rebentos de “milho-doce, coentros, ervilha, rabanete roxo, acelgas multicoloridas, agrião, manjericão roxo”. Tinha feito estes rebentos “na semana passada” e com uma semana estes rebentos já estavam prontos a utilizar. Conta ainda que “ao fim de três, quatro dias” alguns dos rebentos já estavam “prontos” e que “tive de os aguentar” para os conseguir mostrar no workshop.

JORNAL DE ABRANTES / Julho 2022

Uma palavra de “cautela” que Nuno passa para quem quiser efetuar este processo é que “as sementes a serem usadas têm de ser, obrigatoriamente, sementes sem tratamento”, isto por causa dos “intervalos de segurança” visto que muitas sementes são cuidadas com “fungicidas”. Recomenda ainda as sementes biológicas, pois “temos a garantia de que não há contaminantes”. “Se formos a um supermercado comprar rebentos, eles saem muito caros”, é o exemplo que Nuno utiliza para dar a entender que este processo acaba por sair mais em conta financeiramente. Este é um processo bastante simples e é só necessário o “substrato, um recipiente pequenino, humedecer o substrato, não é preciso molhar, apenas manter húmido, e aguardar”, tal como explica Nuno Alves. Maria Francisca Carvalho

Políticas…

/ José Alves Jana / FILÓSOFO

o contrário do que dela pensa a opinião pública, como coisa sórdida, a política é uma arte nobre: a arte de construir a cidade ou polis ou sociedade organizada que todos nós formamos e sempre queremos ver melhorada. Os franceses têm uma longa tradição de separar, no aparelho de Estado, a função política da função administrativa. Os portugueses misturam tudo, por isso muitas vezes não sabemos distinguir uma da outra, o que tem consequências enormes. Mas afinal, o que fazem os políticos? Às vezes parece que correm, apenas correm, não se sabe atrás do quê, talvez de coisa nenhuma. E alguns ajudam a manter essa imagem, exibindo as muitas corridas do dia ou da semana. Sem medos: a função de um político é fazer política. Construir políticas. Uma política é, antes de mais, uma ideia do que pode vir a ser e, depois, um puzzle de objectivos, estratégia e recursos que, bem encaixados entre si, tornam essa ideia real, dão-lhe existência na comunidade em que são políticos. Por isso, devemos avaliar o trabalho de um político pelas políticas que está a levar a cabo. Numa autarquia municipal, a título de exemplo. Política de abastecimento de água, de recolha de resíduos, de educação, de habitação, de turismo, de ambiente, de ação social, de cultura... Na cultura: política do livro e da leitura, de museus e arquivos, de conservação e valorização e fruição do património, de acesso às várias artes e de apoio aos artistas, de reforço da memória e da identidade local, de criação de novos espaços culturais, de edição de autores locais e de obras sobre o meio local, de intercâmbio com outras comunidades humanas… É difícil fazer uma boa política. Dizer que o trabalho de um político é construir políticas não significa que é ele que deve desenhar por si mesmo cada uma das políticas. Ele seria incompetente para isso. Esta é já uma questão de método: alguns

fecham-se naquilo que “eu” (político) quero fazer; outros abrem-se àquilo que “nós” (agentes sociais) queremos fazer. Cada vez mais, o trabalho frutuoso de um político é organizar os agentes sociais de um setor e liderar a ação conjunta. Liderar não é mandar, também não é substituir os outros. Liderar é levantar uma bandeira e organizar os liderados para, em conjunto, a levarem ao topo do monte. Organizar “com” os outros – e não “para” os outros – implica um paciente trabalho de concertação, de partilha de informação, de definição de objetivos, de criação de uma estratégia comum, de construção de instrumentos de avaliação partilhada e, depois, de liderança ativa do trabalho comum. Muito deste trabalho é do político, mas muito é administrativo e também muito é de técnicos do setor. Não deve haver confusão. Construir uma política exige pausa, silêncio, pensamento, criatividade. O contrário de correria. Vamos a um qualquer município e perguntemos, por exemplo: qual é a sua política de turismo? com quem e por quem foi definida? quem está comprometido com ela? que resultados querem alcançar? Sabendo, é claro, que esses resultados dependem de fatores que eles não controlam. Mesmo assim, têm todos as mãos na massa. Se a política fosse praticada assim, nem a política tinha tão má fama, nem estaria a democracia sob tão forte ameaça. Isto é uma crítica aos políticos? Não, é uma chamada de atenção para uma cultura, a nossa, que nos tem levado na direção errada de um poder cujo exercício é mais reforço de si que potenciação do nós.

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Sem medos: a função de um político no poder é fazer política. Construir políticas.


REGIÃO / Médio Tejo CIM do Médio Tejo assina protocolo de colaboração com a Universidade de Coimbra // A Comunidade Intermunicipal do Médio Tejo assinou um protocolo de colaboração com a Universidade de Coimbra no âmbito do projeto “Living the Future Academy”. A cerimónia teve lugar no dia 23 de junho.

/ CIM Médio Tejo

OPINIÃO /

Os Santos Populares: Santo António

/ Armando Fernandes

O A sessão contou com a presença do reitor da Universidade de Coimbra, Amílcar Falcão e da vice-reitora, Cristina Albuquerque, os municípios do Médio Tejo e diversas entidades da região como associações empresariais e comerciais e centros de formação de associações de escolas. Cristina Albuquerque fez uma breve apresentação do projeto e das várias medidas em curso e previstas nos domínios do Impulso Jovens STEAM e Incentivo Adultos, com o objetivo de melhorar as qualificações dos jovens, dando resposta às novas necessidades do mercado de trabalho, bem como alavancar as qualificações das pessoas que estão no mercado de trabalho. “Living the Future Academy” significa que a partir do presente se pretende preparar o futuro. O seu propósito assenta na preparação de estruturas e de pessoas para a concretização de decisões inteligentes capazes de determinar, de forma sustentável e estratégica, o presente e o futuro/mudança paradigmática necessária à transição para a sociedade 5.0 e para a liderança cooperativa. Um projeto que se distingue de outros pelas mais variadas razões. Começando pelo eixo da confiança, das pessoas, nas capacidades dos territórios com a possibilidade de se fazer diferente e ir de encontro aos ensejos das populações. Um

outro eixo fundamental é o da proximidade, com o primeiro passo que foi dado com esta assinatura de protocolo e também com os promotores presentes nos seus territórios que permitem uma partilha e a criação de sinergias para todo este processo. Por fim, o eixo da inovação. Uma Universidade com história, com uns largos anos de existência, mas que não descura e acompanha as novas tecnologias. “Living the Furure Academy” tem como objetivos estratégicos “criar oportunidades de formação de jovens STEAM e profissionais, promover conexão entre capacitação, investigação e partilha de conhecimento e construir processos de proximidade e coordenação entre a Academia, o mercado de trabalho, os territórios e as populações”. Após a assinatura do protocolo entre as duas entidades, o reitor da Universidade de Coimbra deixou uma breves palavras, começando por referir a enorme satisfação da CIM do Médio Tejo acolher este projeto, que em termos de financiamento foi segundo a nível nacional, depois de Lisboa. Foi também o único projeto que apareceu em consórcio. Ao nível estratégico, referiu a grande importância da estratégia territorial, já com a presença de cinco CIM neste processo, com 73 municípios. “É necessário a nível regional termos uma atitude coletiva. Te-

nho sido muito crítico em relação à existência de dois polos, como é o caso de Lisboa e Porto. É fundamental desmitificarmos isto e criarmos condições na região para os nossos jovens. E fixá-los também”, referiu Amílcar Falcão. Anabela Freitas, presidente da Comunidade Intermunicipal do Médio Tejo, terminou a sessão agradecendo a presença de todos. Contudo, não pôde deixar de fazer referência ao facto de a CIM do Médio Tejo formalizar esta assinatura com a Universidade de Coimbra, “quando no território temos uma instituição de ensino superior”. Sublinhou a convicção da importância de um triângulo virtuoso para o desenvolvimento dos territórios. Este triângulo é constituído pelo poder público, pelas empresas e pelas instituições do ensino superior, pelo conhecimento. “Só conseguimos combater aquilo que é a trajetória do nosso território, se conseguirmos implementar este triângulo. São grandes os desafios que se colocam no Médio Tejo”, e entende que o que é desejável “é que quantas mais instituições tiverem envolvidas, melhor se conseguirá alcançar este grande desafio”. A presidente da CIM Médio Tejo finalizou, enaltecendo a iniciativa, “esperando que o passo hoje aqui alcançado seja o lançamento de uma parceria longa e profícua em prol do nosso território, o Médio Tejo”.

PS. No próximo artigo escreverei sobre os proletários S. João Baptista e São Pedro. PUBLICIDADE

/ CIM Médio Tejo assina protocolo com a Universidade de Coimbra para “preparar o futuro”

povo assim os cognominou. O português antepassado do poeta Alexandre O’Neill que foi vizinho em Constância não terá andado a quebrar bilhas por estas paragens para depois as colar sem mácula, porém realizou milagres a espantarem aqueles que os protagonizaram levando as sumidades eclesiásticas a designarem-no Doutor da Igreja e a elevá-lo aos altares porque além dos milagres, os seus conhecimentos teológicos assombraram professores e discípulos. Santo português muito venerado em Itália, especialmente em Pádua, detém no seu currículo brilhante carreira militar, gerou e continua a gerar devoções seja no registo da religião popular, seja no exigente círculo da religiosidade serva do estudo da causa das coisas. O profano Fernando de Bulhões na pele de Santo António está representado nos vários patamares da sociedade portuguesa desde o aproveitamento político na época salazarista até a expoente da convivialidade desprovida de formalismos (festas, feiras e comemorações) passando pelo recato intelectual da reflexão filosófica e teleológica. No mês de Junho é o da festança desenfreada, os restantes de recolhimento livre de peias frívolas.

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ESTUDO /

Futuro traz inundações, mas sem os exageros até agora divulgados // É caso para dizer que as notícias sobre o impacto da subida do nível médio do mar decorrente das alterações climáticas nos principais estuários do país são manifestamente exageradas. Praça do Comércio, Algés e Vila Franca de Xira debaixo de água? Marginal da Figueira da Foz alagada? Aveiro, Troia e todo o litoral algarvio submersos? É um exagero conclui estudo da Universidade de Aveiro (UA). A investigação da Universidade de Aveiro (UA) integrou pela primeira vez modelos numéricos de elevada resolução espacial e adaptados a cada local para concluir que o nível da água vai subir, sim, mas sem catastrofismos. No estuário do Tejo, no ano de 2055, 10,9 quilómetros quadrados de zonas urbanas (onde para além de zonas habitacionais se incluem áreas industriais, estradas, etc) serão alagadas devido ao efeito combinado da maré, da subida do nível médio do mar e em consequência de fenómenos meteorológicos extremos que podem ocorrer uma vez a cada 100 anos. Até 2100 esse valor será de 14,9 quilómetros quadrados. Os investigadores preveem que estejam cerca de 66 quilómetros quadrados de áreas agrícolas e de pastagem inundadas em 2055. Em 2100 serão 95 quilómetros quadrados. Atendendo à densidade populacional, na UA estima-se que mais de 6500 pessoas possam ser afetadas pela subida da água do estuário do Tejo em 2055. Em 2100 o número de pessoas afetadas será superior a 12500. Do mesmo modo, no que às áreas urbanas diz respeito, na Ria de Aveiro (6,4 km2 de área inundada em 2055 e 8 km2 até 2100), na foz do Mondego (1,4 km2 em 2055 e 1,7 até 2100), no estuário do Sado (5,6 km2 em 2055 e 6,7 até 2100) e na Ria Formosa (3,6 km2 em 2055

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/ Os investigadores Magda Sousa, Humberto Pereira, Carina Lopes, Américo Ribeiro e João Miguel Dias e 4,4 km2 até 2100) os números não são alarmantes, apesar de todos os prejuízos decorrentes da perda de território. Relativamente às áreas agrícolas e de pastagem alagadas, e ao número de habitantes afetados, os cálculos da equipa de investigação falam por si: _ Ria de Aveio com 57 km2 em 2055 e 62,6 em 2100 e com mais de 10500 pessoas afetadas em 2055 e de 13100 até 2100; _ Foz do Mondego com 33 km2 em 2055, 36 km2 até 2100 e cerca de 600 pessoas afetadas em 2055 e de 800 até 2100; _ Estuário do Sado com 43,5 km2 em 2055 e 44,9 até 2100 com mais e 2500 pessoas afetadas em 2055 e cerca de 5000 até 2100;

JORNAL DE ABRANTES / Julho 2022

_ Ria Formosa com 3,6 km2 em 2055 e 4,4 até 2100 com cerva de 2200 pessoas afetadas em 2055 e 2500 até 2100.

Múltiplos fatores envolvidos

O valor do nível máximo da água nos estuários, derivado da subida do nível médio do mar decorrente das alterações climáticas, depende de vários fatores. O nível médio do mar subir meio metro, por exemplo, não implica necessariamente uma subida de meio metro do nível máximo da água em todo o estuário. “As previsões de inundação nos estuários nacionais que têm sido divulgadas na comunicação social são exageradas e consideravelmen-

te superiores às obtidas neste estudo, pois decorrem de trabalhos que desprezam os processos físicos que determinam a propagação da onda de inundação ao longo dos estuários”, esclarece o investigador do Centro de Estudos do Ambiente e do Mar (CESAM) e do Departamento de Física (DFis) João Miguel Dias, um dos autores do estudo (https://www.nature.com/articles/ s41598-022-12122-7 ) publicado na revista Scientific Reports. Carina Lopes, Magda Sousa, Américo Ribeiro, Humberto Pereira, João Pinheiro e Leandro Vaz, todos investigadores do CESAM/DFis, assinam igualmente o trabalho. Neste estudo, aponta Carina Lopes, “verificámos que a energia da onda de inundação é fortemente dissipada durante a inundação de planícies de maré e aluviais, e que essa dissipação se traduz numa redução do nível máximo da água, e consequentemente da extensão de inundação”. Este mecanismo é particularmente importante na Ria de Aveiro e nos estuários do Tejo e do Mondego, que possuem extensas planícies de maré e aluviais. A dimensão da embocadura dos estuários é outro fator que determina a amplitude da onda de inundação. Neste caso, apontam os investigadores, “verificámos que a onda de inundação é fortemente atenuada durante a sua propagação ao longo de embocaduras estreitas e pouco profundas, como é o

caso da Ria de Aveiro e estuário do Mondego”. Os investigadores da UA verificaram ainda que “a onda de inundação é amplificada nas regiões a montante da entrada dos estuários do Tejo e Sado, devido à sua configuração geométrica divergente”. No entanto, “esta amplificação não resulta num aumento da área inundada, uma vez que as regiões adjacentes à entrada destes estuários apresentam cotas relativamente elevadas”. Por tudo isto, “concluímos que os modelos de inundação simplificados projetam extensões de inundação particularmente exageradas na Ria de Aveiro e nos estuários do Mondego e Tejo”. Este estudo fornece uma visão global dos mecanismos físicos que determinam a extensão da inundação em estuários com características geomorfológicas distintas e aconselha a aplicação de modelos numéricos em vez dos modelos de inundação simplificados em sistemas estuarinos. As previsões alarmistas, consideram os investigadores da UA, “tendem a desmobilizar a população e a gerar desconfiança na ciência, sendo por isso urgente disponibilizar ao publico previsões fidedignas de forma a garantir o seu envolvimento e compromisso na proteção das regiões costeiras e no combate às alterações climáticas”.


PATRIMÓNIO / NOMES COM HISTÓRIA / Arquivo Municipal Eduardo Campos

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uma nova forma de comunicar. ligados por natureza. Eduardo Campos, anteciparam-se e transportaram toda a documentação do Museu para o Arquivo Municipal. Esta acção ao mesmo tempo firme e digna da Câmara mereceu o aplauso da opinião pública, de que se fizeram eco os jornais da época. O conhecido historiador Oliveira Marques teceu rasgados elogios à acção do município e referiu a importância do nosso arquivo no contexto nacional. Eduardo Campos que na altura revelou bastante dinamismo na ligação do nosso acervo histórico ao concelho foi trabalhar para o arquivo, tendo-lhe sido ministrada a formação adequada que lhe permitisse desempenhar com competência as suas novas funções. Como coordenador da gestão documental do arquivo, a ele se devem os primeiros trabalhos de organização e tratamento dos documentos em ordem à sua conservação, mas não se limitou apenas ao seu trabalho de arquivista, aproveitando o contacto com a documentação, tornou-se ele próprio um investigador da história local, com vários trabalhos individuais ou em parceria publicados em livros, revistas ou jornais locais. Destes salientamos entre outros: - Cronologia de Abrantes no século XIX - Cronologia de Abrantes no século XX - Dicionário toponímico e etimológico do concelho de Abrantes (em colaboração) - Abrantes: vinte anos de poder local (em colaboração) - Imprensa periódica de Abrantes - Abrantes 1916: processo de elevação de Abrantes a cidade - Toponímia abrantina Etc. A ele se devem também a organização e as notas críticas dos seguintes livros: - Memória histórica da notável vila de Abrantes de Manuel António Morato e João Valentim da Fonseca Mota

- Manuel Constâncio: o páreo português de Augusto de Castro

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A documentação do arquivo entretanto foi crescendo substancialmente fruto de importantes doações, de que se destacam os espólios de algumas freguesias, do Montepio Soares Mendes, da Santa Casa da Misericórdia, de figuras importantes como o Marquês de Abrantes, o arquitecto Duarte Castel-Branco e várias outras personalidades, pelo que se começou a constatar que o espaço de que dispunha no convento de S. Domingos se estava a revelar extremamente exíguo. Na viragem do milénio, o então presidente da Câmara Nelson de Carvalho começou a desenvolver a sua acção no sentido da construção de um novo edifício que albergasse em boas condições o arquivo concelhio. A localização proposta levantou acesa polémica e contra ela se levantaram as vozes de muitos abrantinos, entre as quais a de Eduardo Campos. Mas tudo foi em vão, a Câmara não cedeu e o edifício foi construído numa zona periférica da cidade, junto à Zona Industrial., completamente descontextualizado dos restantes equipamentos culturais da cidade. As novas instalações do Arquivo foram inauguradas em 2009, mas Eduardo Campos já não as veio a conhecer, pois entretanto falecera em 21 de Novembro de 2003, apenas com 53 anos, quando muito ainda havia a esperar do seu trabalho. Reconhecendo o seu valor, interesse e dedicação pelo Arquivo e pela história local em geral, a Câmara resolveu atribuir o seu nome ao novo equipamento, perpetuando assim a memória de alguém cuja vida activa estivera sempre centrada neste Arquivo desde os seus primórdios.

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A 20 de Fevereiro de 1983, a Câmara Municipal de Abrantes sob a presidência do engenheiro José de Jesus dos Santos (Bioucas), deliberou, em reunião extraordinária e sob proposta do então vereador da cultura, Dr. Alves Jana, que se criasse o Arquivo Histórico do Concelho de Abrantes, que ficaria instalado num espaço que já lhe fora reservado no antigo convento de S. Domingos. Nesta reunião foi também deliberado que se transferisse para lá toda a documentação camarária que existia no seu arquivo, anterior a 1933. No entanto a documentação não municipal, sobretudo de interesse histórico, proveniente sobretudo das igrejas de S. João, S. Vicente e Santa Maria do Castelo encontrava-se no Museu D. Lopo de Almeida, instalado neste último templo, o que tornava o problema um pouco mais complicado. Já se constatara há muito que o Museu não reunia condições para albergar em boas condições este acervo histórico, que tinha documentos muito antigos e alguns até já bastante deteriorados e havia também problemas de segurança, para não falar nas dificuldades várias de acesso à documentação por parte de estudiosos, dada a existência de regras apertadas para a sua consulta. Tendo conhecimento desta situação, o Instituto Português do Património Cultural decidiu transferir toda a documentação do Museu para o Arquivo Distrital de Santarém, apoiado na base legal de então, que não reconhecia a existência de arquivos municipais. A Câmara não se conformou com esta decisão pois achava que os fundos documentais de um concelho deviam ficar adstritos ao seu território de origem, tanto mais que em Abrantes já havia óptimas condições para que isso acontecesse. Num acto de firmeza e coragem opôs-se à deliberação do Instituto Português do Património e deliberou, em 9 de Abril de 1984, que a documentação do Museu fosse levada para o Arquivo Municipal, criado há pouco mais de um ano. Nesta altura é de destacar a acção relevante do deputado e ex-governador civil de Santarém, Sacramento Marques, que tendo conhecimento da intenção do Arquivo Distrital, avisou o Presidente da Câmara e este acompanhado por Alves Jana e pelo funcionário camarário

Grupo

Nota: As informações para este artigo foram recolhidas no Arquivo Municipal Eduardo Campos.

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SAÚDE /

CHMT reforça aposta na humanização do nascimento O curso de preparação para o parto e nascimento é totalmente gratuito

Desenvolvido em 2006, o método GentleBirth nasceu do conhecimento científico da parteira irlandesa Tracy Donegan. Este método alia ferramentas e conteúdos da psicologia do desporto, terapia cognitiva comportamental, fisiologia do parto, mindfulness e hipnose, para preparar a mulher

para tudo aquilo que nossa cultura trata como amedrontador no ato de parir – dores, nervosismo, acontecimentos imprevisíveis e até a necessidade de realizar uma cesariana. A construção da resiliência emocional das grávidas/casais e desmistificar o “parto ideal” são

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Desde o dia 7 de junho que o Centro Hospitalar do Médio Tejo disponibiliza às grávidas e futuros pais, um inovador curso de preparação para o nascimento e parentalidade – o Método GentleBirth. Esta metodologia reúne conhecimentos de Obstetrícia, Neurociência e Psicologia, que são apresentados de uma forma inédita e muito esclarecedora por profissionais de saúde especializados do CHMT. Este curso, realizado semanalmente em Abrantes, onde se localiza a Maternidade do CHMT, disponibiliza ainda uma app de telemóvel que envolve várias práticas de preparação mental, que complementam a formação presencial oferecida às grávidas e seus/suas acompanhantes. Com esta iniciativa inovadora, o CHMT faz um reforço da sua aposta na humanização do nascimento e na educação para a parentalidade, em linha com as melhores práticas internacionais, garantindo, acima de tudo, a segurança da grávida e do recém-nascido, através de um método baseado em evidências científicas e ministrado por profissionais de saúde com especialização em Saúde Materna.

/ Ana Paula Gonçalves Unidade Saúde Publica do ACES Médio Tejo Enfermeira Especialista de Saúde Comunitária

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alguns dos objetivos deste novo curso que nasce da iniciativa do grupo de Educação Parental do CHMT – “Cuidar para Nascer”. Este método através da aplicação móvel disponibiliza ferramentas para que as grávidas consigam dormir melhor durante a gravidez, revela técnicas para estimular o vínculo com o recém-nascido, e inclui vários temas que exigem uma maior resiliência da grávida e futura mãe: como a depressão pós-parto ou até a perda gestacional. O programa GentleBirth privilegia uma abordagem prática baseada nas vivências, livre expressão e partilha de ideias, emoções e sentimentos. Recorre a metodologias baseadas na escuta ativa, dinâmica

de grupos, expressão e criatividade, entre outros. “A humanização do parto é uma exigência das mulheres do século XXI, que querem usufruir de uma experiência positiva de nascimento de um filho. A preparação para o parto é essencial para desmistificar os maiores receios das mulheres, desmontar a ideia do ‘parto perfeito’ e para oferecer ferramentas que apoiem e empoderem as mulheres/ casais pela viagem da parentalidade. Queremos mais humanização sem descurar a segurança das nossas grávidas e dos bebés do Médio Tejo e este método, baseado em evidências científicas, cumpre esse duplo objetivo”, afirma Ivone Caçador, diretora Clínica e Diretora do Serviço de Ginecologia-Obstetrícia do CHMT. O curso de preparação para o parto e nascimento- método GentleBirth arrancou no dia 7 de junho na Unidade de Abrantes do CHMT e é totalmente gratuito. Divide-se em 4 sessões semanais, que se realizam às terças-feiras, entre as 14h00 e as 16h00. A inscrição é obrigatória e deve ser feita através do endereço de correio eletrónico: maternidade@ chmt.min-saude.pt.

“Promoção do Sucesso escolar no Médio Tejo – Correção de problemas de Visão e Audição”

O projeto “Promoção do Sucesso Escolar no Médio Tejo …”, teve início no ano letivo 2016/2017, e tal como o nome indica tem como objetivo principal identificar e corrigir atempadamente (antes do início da escolaridade obrigatória), problemas ao nível da visão e audição. Abrange os 13 concelhos do Médio Tejo (Abrantes, Alcanena, Constância, Entroncamento, Ferreira Zêzere, Mação, Ourém Sardoal, Sertã, Tomar, Torres Novas, Vila de Rei e Vila Nova Barquinha). A coordenação do mesmo é da responsabilidade da Unidade de Saúde Pública do ACES Médio Tejo (USPMT) e Comunidade Intermunicipal do Médio Tejo, sendo também operacionalizado pela USPMT, com a colaboração de outros parceiros (CHMT e Unidade Local

de Saúde de Castelo Branco). Em março de 2020 e devido à Pandemia causada pelo vírus SARSCOV-2, teve que ser interrompido, sendo retomado em janeiro de 2022. No concelho de Abrantes, os rastreios de visão e audição, foram realizados nos dias 2, 3, 16 e 17 de maio, tendo sido abrangidas as crianças que frequentam o último ano do ensino Pré-escolar, dos Agrupamentos de Escolas Nº1 e Nº2. Para o efeito, foi utilizada a Unidade Móvel do ACES Médio Tejo que serviu

de suporte às atividades de rastreio, coordenadas por um profissional de saúde comunitária da Unidade de Saúde Pública do Médio Tejo (USPMT) e realizados por técnicos contratados pela CIMT, com formação específica e adequada para esse efeito, isto é, 2 optometristas e 1 audiologista. No total foram avaliadas 167 crianças de 12 Jardins de Infância e assegurada a informação aos encarregados de educação, aos professores e a referenciação para tratamento de todos os casos detetados por insuficiente capacidade auditiva ou para correção dos problemas de visão identificados. Identificar e corrigir atempadamente (antes do início da escolaridade obrigatória), problemas ao nível da visão e audição, poderá determinar a diferença entre o Insucesso/sucesso escolar, pois é sabido que uma visão e audição normais, são fundamentais para um adequado funcionamento cognitivo, comportamental e emocional da criança.


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