Jornal de Abrantes - março 2022

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/ Diretora Patrícia Seixas MARÇO 2022 / Edição nº 5613 Mensal / ANO 121

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Págs. 15 e 19

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ENTREVISTA

“FALTA MÃODEOBRA NA AGRICULTURA” Págs. 3 e 4

FESTAS

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/ Abrantes / Constância / Mação / Sardoal / Vila Nova da Barquinha / Vila de Rei

SÁVEL E LAMPREIA SÃO REIS DO PRATO

À DESCOBERTA DA QUINTA DA MARQUESA Págs. 16 e 17

Feira S. Matias. O regresso à normalidade? Págs. 10 e 11

Grupo

uma nova forma de comunicar. ligados por natureza. 241 360 170 . geral@mediaon.com.pt www.mediaon.com.pt

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/ JORNAL DE ABRANTES

121 ANOS

*De 01 a 31 de março

a j ¶

GASTRONOMIA


A ABRIR / EDITORIAL /

/ Patrícia Seixas / DIRETORA

Não me apetece escrever uma linha que seja... Admito a minha pouca vontade de falar de um tema que, acima de tudo, me revolve as entranhas. Quando penso que há gente que até há poucos dias vivia descansada, em paz, num país livre e com eleições democráticas, de um dia para o outro vê a sua vida virar do avesso... não sei se é só revolta. É muito mais o que me consome a alma. E ver por cá quem coloque “mas...” em certas frases e diz coisas como “não é bem assim...” faz vir ao de cima o pior do meu feitio. Não! Não há nem pode haver qualquer justificação para o que está a acontecer no leste da Europa. Não! A história não se pode repetir! E não! Não aceito posições que em pleno século XXI não fazem sentido nenhum. Se defendem aquele tipo de regime, façam-nos um favor, arranjem uma mala e ponham-se a caminho. E já que falo em falta de liberdade e deficit democrático, quero contar aqui algo que, em mais de 30 anos nesta profissão, nunca me tinha acontecido. A entrevista que poderá ler nas páginas 3 e 4 deste Jornal estava programada para o próximo mês, se não houvesse alterações na questão da falta de água e com a época de incêndios a aproximar-se. Pois bem, saiu nesta edição porque a entrevista que esteve agendada três semanas antes da data não se pôde realizar. E porquê? Por ordens superiores. Quem deveria constar na entrevista da edição de março era o coordenador dos Centros de Saúde de Abrantes, Constância, Mação e Sardoal. No dia e hora marcados, lá nos encontrámos para falar. Qual não é o meu espanto quando me é comunicado que a nossa conversa não poderia acontecer por estar impedido de falar à comunicação social. Facto que soube momentos antes do nosso encontro. Não sei se me custou mais o facto de não ter entrevista, se ver o constrangimento de alguém que sempre foi livre de falar e que esteve sempre de portas abertas para que a informação fosse sempre o mais correta possível. Mais uma vez, este século XXI não está a fazer sentido. Algo de muito errado se passa neste mundo. Por último, por esta altura já deveríamos ter um Governo empossado. No seguimento das coisas sem sentido, as Eleições Legislativas no círculo da Europa têm que ser repetidas. Porquê? Porque há uma lei que não foi cumprida. Acharam que se podiam fazer interpretações, uns e outros, e o ato eleitoral ficou sem efeito. Se há uma lei, porque não se cumpre? Está mal feita? Então mude-se a lei mas enquanto for esta que está em vigor, cumpra-se. Ah, e por falar em eleições que ainda não estão fechadas, este mês há Autárquicas na freguesia de Alvega e Concavada. E agora sim, nem mais uma linha. Aproveite o seu Jornal e até abril.

ja / JORNAL DE ABRANTES

Centro de Vacinação assinala 1 ano com 90 mil vacinas administradas O Centro de Vacinação de Abrantes começou a funcionar a 24 de fevereiro de 2021. Com, precisamente, um ano de funcionamento esta estrutura administrou mais de 90 mil vacinas, das quais cerca de 24 mil são terceiras doses. A funcionar no Quartel dos Bombeiros Voluntários de Abrantes, esta estrutura foi instalada para dar resposta à grande procura, principalmente na primeira fase da vacinação, quando se registou uma chamada generalizada da população. Bernardino Marques Fontes, de 87 anos e residente em Tramagal, foi o primeiro munícipe do concelho a quem foi administrada a primeira vacina no Centro de Vacinação Covid-19 de Abrantes, passavam poucos minutos das 09:00

da manhã do dia 24 de fevereiro de 2021. De acordo com uma informação do Município de Abrantes, “para que nenhum munícipe faltasse à vacinação por ausência de transporte, a autarquia disponibilizou a Linha Direta e gratuita de Transportes, através do 241 330 112, tendo transportado mais de 2.400 pessoas desde a sua freguesia até ao Centro de Vacinação. O processo de transporte decorreu sempre com o apoio das Juntas de Freguesia, Bombeiros e Cruz Vermelha, estes últimos que apoiaram no transporte de pessoas com mobilidade reduzida.” A partir do dia 1 de março, o Centro de Vacinação Covid-19 de Abrantes funcionará às terças, quintas e sábados, das 09:00 às 13:00.

PERFIL / / Naturalidade/ Residência: Abrantes/Abrantes / Qual é o seu maior medo? Os próximos dias… / Que pessoa viva mais admira? Sébastien Loeb. / Onde e quando foi mais feliz? Na cidade do Porto, em 16 de dezembro de 1997. / Hélder Silvano Sousa, 60 anos / Prof. Ensino Secundário (aposentado)

/ Que talento mais gostaria de ter? O de pintar e esculpir… / Se pudesse mudar uma característica em si, o que seria? A de ferver em pouca água… / Se soubesse que morria amanhã, o que faria hoje? O que já não faria amanhã…

/ O que mais valoriza nos seus amigos? A amizade, precisamente. / Quem são os seus artistas favoritos? A nível nacional, Dulce Pontes; e a nível internacional, Jon Bon Jovi. / Quem é o seu herói da ficção? A personagem coletiva da banda desenhada de Goscinny e Uderzo, a aldeia gaulesa que resiste, ainda e sempre, ao invasor.

a ser reescrita. / Onde gostaria mais de viver? Num chalet, na Suíça. Viva a Suíça, que finalmente decidiu anunciar a perda de neutralidade. / Se fosse presidente de Câmara, o que faria? O que não pude fazer enquanto vereador…

/ Com que figura histórica mais se identifica? El-rei D. Dinis de Portugal. / Quem são os seus heróis da vida real? Neste momento, o povo ucraniano, mesmo sabendo que a História pode eventualmente vir

FICHA TÉCNICA Direção Geral/Departamento Financeiro Luís Nuno Ablú Dias, 241 360 170, luisabludias@mediaon.com.pt. Diretora Patrícia Seixas (CP.4089 A), patriciaseixas@mediaon.com.pt Telem: 962 109 924 Redação Jerónimo Belo Jorge (CP.7524 A), jeronimobelojorge@mediaon.com.pt, Telem: 962 108 759. Colaboradores Berta Silva Lopes, Leonel Mourato, Paula Gil, Paulo Delgado, Taras Dudnyk, Teresa Aparício. Cronistas Alves Jana e Nuno Alves. Departamento Comercial. comercial@mediaon.com.pt. Design gráfico e paginação João Pereira. Sede do Impressor Unipress Centro Gráfico, Lda. Travessa Anselmo Braancamp 220, 4410-359 Arcozelo Vila Nova de Gaia. Contactos 241 360 170 | 962 108 759 | 962 109 924. geral@mediaon.com.pt. Sede do editor e sede da redação Av. General Humberto Delgado Edf. Mira Rio, Apartado 65, 2204-909 Abrantes. Editora e proprietária Media On - Comunicação Social, Lda., Capital Social: 50.000 euros, Nº Contribuinte: 505 500 094. Av. General Humberto Delgado Edf. Mira Rio, Apartado 65, 2204-909 Abrantes. Detentores do capital social Luís Nuno Ablú Dias 70% e Susana Leonor Rodrigues André Ablú Dias 30%. Gerência Luís Nuno Ablú Dias. Tiragem 15.000 exemplares. Distribuição gratuita Dep. Legal 219397/04 Nº Registo ERC 100783. Estatuto do Jornal de Abrantes disponível em jornaldeabrantes.sapo.pt RECEBA COMODAMENTE O JORNAL DE ABRANTES EM SUA CASA POR APENAS 10 EUROS (CUSTOS DE ENVIO) IBAN: PT50003600599910009326567. Membro de:

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JORNAL DE ABRANTES / Março 2022


ENTREVISTA /

O que precisamos mesmo é de chuva

// Luís Damas, 58 anos, engenheiro florestal é o presidente da Associação de Agricultores de Abrantes, Constância, Sardoal e Mação e da Federação dos Produtores Florestais de Portugal e é, nesta altura, um dirigente preocupado com os próximos meses. A seca severa que afeta a região está a fazer-se notar nos agricultores e produtores de gado e não é animadora para a fileira floresta. Defende, com urgência, a construção da barragem do Alvito, na Pracana, e um estudo para levar água do açude de Abrantes aos agricultores desta região. Entrevista por Jerónimo Belo Jorge

Ao dia de hoje (28 fevereiro) qual é a real situação da seca, em termos de agricultura, na área da Associação?

É uma seca já severa. Já há grandes problemas com a alimentação dos animais, nomeadamente das ovelhas, das vacas e de todos os animais que dependem da erva e que nesta altura, as pessoas para ter os animais em condições têm de estar a dar rações. E o que vemos é que a erva não tem crescido, que houve sementeiras que nem nasceram e estamos muito preocupados porque os produtores estão a gastar as reservas de palha e alimentação de farinha processada e que está a encarecer. Por outro lado, está-se a gastar já a reserva que seria para usar no verão, no período de estio. Juntando à seca em Portugal aquilo que se está a passar na Europa, um dos grandes fornecedores de cereais de Portugal é a Ucrânia, penso que se vai refletir nos preços no mercado interno. De forma geral, os agricultores para poderem ter as plantas no seu ciclo normal já estão a regar. E a regar no fim de fevereiro estamos a gastar água e não sabemos o que é que está a acontecer nos recursos de profundidade (furos) porque já há dois ou três anos que não há uma reposição de águas. E como não chove poderemos ter alguns furos a entrar em colapso. Também há barragens de agricultura a ficar já no fundo. E tanto Portugal como Espanha estão a ter o mesmo problema e isso pode ser bom, para os pacotes da ajuda da União Europeia. Mas o que precisamos mesmo é de chuva.

Costuma haver muitas queixas em relação às captações no Tejo, mas no pico do verão e por causa dos caudais. Este ano agrava-se com a ausência de chuva em todo o inverno? Sim, já estão a regar. Já estão a gas-

tar água. E há dias que o Tejo já não tem o caudal habitual. Estamos a falar de um caudal de inverno que está pior, às vezes, do que um caudal de verão. As barragens do Tejo (Belver e Fratel) são barragens de fio, não têm reservas e o que entra sai não nos ajuda. As do Zêzere já podem ajudar os agricultores a jusante da de Constância (foz do Zêzere), mas essas estão com restrições muito apertadas, porque Castelo de Bode abastece 3 milhões de pessoas. Antes havia este equilíbrio com as águas e vinham do Zêzere...

...mas com as restrições nas barragens do Zêzere (Cabril e Castelo de Bode)...

... exatamente. Se as restrições continuarem, se não chover, também vai haver problemas no troço a jusante da foz do Zêzere (Constância) e do Tejo todo até perto de Vila Franca de Xira. Nós olhamos para o Alqueva e para o que fez e dizemos que foi uma grande bênção. Aqui, olhamos para o Ocreza e para uma grande barragem para regular o Tejo. É isso que nós pedimos e não o tal canal entre Cabril e Belver que, vê-se agora, é um tiro no pé. Se não há água essa água não vinha para o Tejo. Não faz sentido nenhum.

Falamos da barragem do Alvito, no Ocreza, que é uma ideia, um projeto pensado há muito muitos anos?

Há muitos anos até. Já foram feitos

vários estudos, pelo que tem, já se sabe, um armazenamento muito grande de água que faz falta ao Tejo e ao país. Esperamos que esta situação tenha alertado para esta necessidade.

Para o governo, principalmente nos setores mais próximos da agricultura, esta barragem numa possibilidade que já está a ser alvitrada?

Sim. O governo no fim de agosto disse-nos que tinha encomendado um estudo à Agência Portuguesa do Ambiente (APA) que deveria ter sido entregue em janeiro do ano passado. No momento não sei como está. Penso que os decisores, os novos governantes vão ter de olhar para o problema da água no país todo e neste troço de Abrantes até à lezíria. E não é só a água para agricultura. Com caudais baixos é a poluição que se nota mais e que vem afetar todas as atividades ligadas ao Tejo, desde a pesca ao lazer, até à preservação da biodiversidade da bacia. E estas oscilações de caudais não ajudam nada...

Numa ação recente do proTejo, Movimento de Defesa do Tejo, foi explicado que os espanhóis cumprem o Convénio de Albufeira e enviam até mais água do que o que está acordado. O problema é que o acordo é à semana e não ao dia, pelo que numa semana o rio pode ir “seco” cinco dias e depois em dois é debitada todo o caudal de uma semana para cumprir.

O vosso objetivo era o Tejo ter um caudal diário estável? Sim. Isto é como a média do frango, há três ou quatro portugueses que comem um frango. Mas depois vemos que há uns que comem oito e outros não comem nenhum. Eles cumprem. Nós não queremos é que mandem tudo à segunda (como hoje) ou à terça e depois não enviem durante três ou quatro dias. Isto não faz sentido.

Isso cria problemas nas captações que os agricultores têm no Tejo?

Sim. Se Alcantara está como está, Cedillo também, vamos ter este problema. As captações entopem e cria um problema e acima de tudo custos para os agricultores.

Há tempos disse numa entrevista à Rádio Antena Livre que o açude de Abrantes poderia permitir a captação de água para colmatar os problemas do aluvião em Tramagal, Montalvo, Rio de Moinhos, Constância....

Quando pensei nisso, e vou ter de aprofundar com a Câmara Municipal, foi porque temos aqui uma grande massa de água. Não tenho nenhum estudo, é uma mera opinião. Mas temos os três insufláveis no açude e um deles, na margem sul, é mais pequenino. Podia, quando faltasse a água, haver uma libertação de água e com aviso direto aos agricultores das horas. Não sei se é possível, vou ter de falar com a Câmara,

Março 2022 / JORNAL DE ABRANTES

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ENTREVISTA / … mas os produtores florestais estão preocupados?

com os técnicos e os políticos da Câmara para ver se isso tem alguma viabilidade para resolver um problema local.

Voltamos à seca, que tipo de prejuízos é que os agricultores já estão a sentir?

Culturas de outono e inverno que não cresceram. Cereais. Trigo, aveia, cevada... E alguns, como a ervilha (no Taínho e Rio de Moinhos) tiveram de ser regados para emergir, não havia humidade na terra para que a semente germinasse. Esse é um custo e um custo energético que o agricultor vai ter. E havia uma grande amplitude térmica: calor de dia e frio de noite. E há outro problema que é, por exemplo, a cultura do milho. É uma cultura que precisa de muita água e os agricultores têm de saber se avançam ou não, até por questões dos apoios comunitários que têm prazos a cumprir.

Tem conhecimento de agricultores que estejam a alterar as espécies a semear?

Há muitos que estão a empurrar para o fim do prazo das candidaturas para ver o que é que isto vai dar. O preço do milho subiu no ano passado e este ano fica a ideia que se tiverem água voltam a apostar numa cultura que lhes deu retorno.

Com a seca, com a guerra na Ucrânia, principalmente os produtores de animais poderão ter problemas na alimentação dos animais?

Sim. Porque os elementos que são necessários para fabricar as rações têm os preços a disparar. Estes produtos, a nível mundial, estão a subir. Fala-se muito em gás e em energia, mas as matérias-primas têm tido os preços a disparar e a Ucrânia era quase o celeiro da Europa. E mesmo se parar a guerra, de repente, vamos ter um grande problema. Para alguns agricultores pode haver uma oportunidade, mas para a generalidade dos produtores de animais e para o consumidor final

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JORNAL DE ABRANTES / Março 2022

“às vezes o apoio não é só dinheiro, é não haver muita burocracia”

“E outra preocupação grande é a falta de mão-de-obra na agricultura” os preços vão subir bastante. E nos mercados de gado do Alentejo está a notar-se uma enorme venda porque as pessoas estão a desfazer-se dos animais por duas razões: porque não têm comida e, porque não têm as condições para comprar as rações. Estão descapitalizados e a desfazer-se para diminuir o efetivo e para poderem alimentar aqueles que ficam.

Vamos mudar o ‘chip’ do presidente da Associação de Agricultores para o Presidente da Federação dos Produtores Florestais. Tem-se falado muito na seca em termos de consumo humano, de agricultura e pecuária, mas não se tem falado muito nas implicações da seca para a floresta e, fileira florestal. Mas também há problemas?

O ano passado nesta altura falava-se nas limpezas. Faltavam 15 dias para acabar as limpezas, que tinham prazo até 15 de março. Era o que se falava há um ano, era o que andava nas notícias. Estas coisas têm sempre um lado mais humorístico “hoje li que o Putin vai receber o Nobel da Medicina porque acabou com a Covid-19”, deixou de se falar da Covid. Isto é assim, a limpeza este ano não é um assunto que “esteja por cima”…

Muito preocupados. A falta de chuva não fez crescer os materiais finos, a erva, mas há muito mato que com este stresse hídrico vai arder com muito mais facilidade. Aqui não há erva, mas ali no mato, o tojo, os sargaços passam a ser “pólvora”. Depois há uma mudança no Decreto-Lei 124, que balizava todas as regras dos incêndios, para Decreto-Lei 85, que ainda estamos a estudar, mas que vão levantar uma série de problemas aos produtores. Anda não sabemos bem o envolvimento. O que diz é que no nível de risco 3 de incêndio tem de parar toda a atividade florestal. E o país não aguenta parar tudo, porque há atividades que não podem parar. Vamos ter de olhar muito bem para isso. Depois a seca pode trazer prejuízos para a cortiça, nomeadamente para as zonas em que é ano de tirar cortiça. É que em ano húmido a tiragem da cortiça é muito mais fácil. Em ano seco a cortiça fica mais agarrada ao tronco, o que pode gerar prejuízos para que tira a cortiça. Quanto aos problemas florestais no país estamos preocupados com o pinhal, acima do Tejo. O Governo tem muito dinheiro para programas para mudar a paisagem, para aldeias seguras, mas não sabemos é se ainda temos gente e capacidade para alavancar esses projetos. E outra preocupação grande é a falta de mão de obra tanto na agricultura como, principalmente, na floresta. Muitas vezes queremos fazer coisas e não há quem faça. E este é um dos problemas que temos no interior. Possivelmente teremos dinheiro disponível com a “bazuca”, mas se calhar não vamos ter capacidade de os executar. Quanto às fileiras do eucalipto, do pinho e do sobreiro, a nível económico, estão saudáveis. Tínhamos um objetivo para este ano que era tentar fazer perceber a essa indústria que têm de valorizar mais o espaço florestal para dar sinais aos proprietários para fazer alguns investimentos, por forma a terem retorno. A lei da oferta e procura está a funcionar nas serrações. Há dois anos a tonelada estava ao preço de 45 euros e agora está a 75 ou 80. Nos outros setores temos a Altri e a Navigator no eucalipto e o Amorim na cortiça que abarcam tudo, têm o monopólio por isso, há muitos desequilíbrios que esmagam os preços para os proprietários mais pequenos. Já apelamos para esses grupos para olhar para esta situação, para os pequenos produtores. O meu objetivo era que existisse uma maior compreensão pelos produtores. E a floresta tem um papel importante na descarbonização. Se calhar os produtores também deviam receber uma parte dessas verbas porque ao plantar e manter floresta ter um papel muito importante na descarbonização do país. A floresta consome muito carbono [e aponta para a Central do Pego que se vê ao longe].

Estamos a chegar ao tempo mais quente. A Associação de Agricultores vai voltar a ter várias equipas de sapadores florestais?

Sim, vamos ter sete equipas. Quatro em Abrantes, uma em Sardoal, outra em Barquinha e outra no concelho de Ponte de Sor, em Longomel. Este ano o Instituto de Conservação da Natureza e Florestas (ICNF) deu-nos dois tratores para fazer as faixas de gestão. Começámos a fazer trabalho para o Estado com estas novas máquinas e que no verão vão ser alocados ao dispositivo. Para o verão temos sete carrinhas de sapadores, 35 homens e agora estes dois tratores.

O que é que pode ser feito hoje em matéria de prevenção?

É fazer ações de silvicultura. Não é preciso cortar os matos todos, mas nos sítios nevrálgicos, junto às estradas, casas ou infraestruturas não deixar crescer os matos pois isso liberta os outros meios para atacar incêndios dentro da floresta. E fazer a manutenção do espaço florestal de quatro em quatro ou de cinco em cinco anos. Hoje em dia, as pessoas olham para a floresta de outra forma. Quem não tem condições deve dar a instituições que façam a sua gestão. Mas apostar na floresta é apostar no futuro dos nossos netos. E pronto, deve haver ações de limpeza e sem ser apenas quando vem a multa da GNR. Penso que a mentalidade do abandono da floresta está a começar a mudar. Podemos dar uma volta pelo distrito e percebemos que as coisas começam a estar diferentes.

Ao dia de hoje (28 de fevereiro) quais são as medidas urgentes, do governo, para a Agricultura?

O apoio aos agricultores que têm necessidade. E às vezes o apoio não é só dinheiro, é não haver muita burocracia. Que seja um processo rápido! Os animais estão todos identificados no sistema e há maneiras de ser controlado. Rapidez. Não é abrir uma linha e passado quatro meses ainda estão a avaliar, têm de ser imediatos. Para o futuro mais apoio aos sistemas de rega, de abertura de furos, charcas para aumentar a capacidade de retenção de águas superficiais. Mas também processos mais rápidos, porque é APA, é Ministério do Ambiente… que sejam processos muito mais ágeis. E ao nível da União Europeia acionar os mecanismos de apoio quando existir necessidade. Penso que já houve uma concertação entre Portugal e Espanha. A nossa ministra já veio dizer é que estas candidaturas que eram pagas em dezembro devem ser antecipadas para outubro, mas a liquidez não é precisa em outubro, achamos que deveria estar disponível era agora. E aqui para a região que pensassem na solução do Tejo com a decisão de construir a barragem no Ocreza. A decisão tem de ser tomada senão andamos sempre todos os anos com estes problemas da falta de água. Esse pode ser o caminho mais curto para a solução dos nossos problemas.


REGIÃO / Abrantes Tramagal, Rossio ao Sul do Tejo, Souto e Mouriscas vão ter os lares requalificados // Na reunião do Executivo da Câmara de Abrantes, realizada no dia 8 de fevereiro, o presidente Manuel Jorge Valamatos referiu ter estado reunido com as IPSS do concelho e avançou que algumas se candidataram a fundos comunitários e vão ver a construção de novas residências para idosos. Ao Jornal de Abrantes, Manuel Jorge Valamatos explicou que “há um conjunto de IPSS que nós sabemos que têm intenção de apresentar projetos no âmbito do PRR. No entanto, no âmbito do PARES, um programa do Governo, houve quatro instituições que viram os seus projetos aprovados”. Essas instituições são o Centro Social e Paroquial de Nossa Senhora da Oliveira, em Tramagal, “que vai, de facto, construir um novo Lar, de raiz”, o Centro Social Paroquial de Rossio ao Sul do Tejo “que está já em obras de requalificação de toda a sua infraestrutura e valorização do espaço”, o Centro Solidariedade Social do Souto “também com um trabalho extraordinário de requalificação e valorização do edifício” e também a ACATIM – Associação Comunitária de Apoio à Terceira Idade de Mouriscas, “que viu um projeto aprovado no âmbito da eficiência energética e da melhoria das suas instalações”.

Município quer estar ao lado das IPSS para melhorar as condições dos idosos

/ ERPI do Souto Em Rossio ao Sul do Tejo, Souto e Mouriscas trata-se “de valorizar o que já existe e melhoria das condições estruturais e organizativas que têm, mantendo postos de trabalho e criar dinâmicas de apoio

aos nossos idosos, que é o que temos que apoiar e nos preocupa. Temos que estar ao lado destas instituições que estão a fazer um grande investimento e estamos a falar de mais de dois milhões de

euros nestas quatro instituições”. Manuel Jorge Valamatos assumiu que “o Município quer estar ao lado destas IPSS para que, por um lado, se melhorem as condições dos nossos idosos e, por outro lado, isto cria postos de trabalho e novas dinâmicas profissionais. Estamos atentos, temos vindo a acompanhar e a fazer reuniões e, em breve, apresentaremos aquilo que será o apoio do Município para estas ações”. Quanto ao início das obras, “o Rossio já está em processo de obra propriamente dita, o Tramagal, Souto e Mouriscas entrarão o mais depressa possível”. Patrícia Seixas

Reabilitação da Escola de Tramagal em andamento A Câmara Municipal de Abrantes ratificou no dia 8 de fevereiro, o despacho do presidente que aprovou a adjudicação da empreitada de reabilitação da Escola Básica e Secundária Octávio Duarte Ferreira, em Tramagal, à firma "MWT - Metalworking Technologies, Lda.", pelo montante de 773.756,28 euros, acrescido de IVA, de acordo com o relatório final do júri do procedimento. Aprovou igualmente a minuta do contrato a celebrar entre o Município e a empresa adjudicatária. A intervenção, com prazo estimado para a execução de 180 dias, incidirá sobre a remoção das coberturas dos edifícios com amianto, sendo substituídas por painéis sandwich que vão melhorar o comportamento térmico do edifício; substituição da estrutura das galerias exteriores e das respetivas coberturas; substituição das caixilharias e estores dos vãos exteriores, substituição das instalações elétricas; substituição dos pavimentos; pinturas e revestimentos; criação de um percurso acessível exterior para pessoas com mobilidade condicionada, implementação de sistema de segurança contra risco de incêndio nos edifícios, entre outras intervenções. PUBLICIDADE

Março 2022 / JORNAL DE ABRANTES

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EDUCAÇÃO /

Alunos de Abrantes no Palácio de Belém e no CCB // Foram aprovados em reunião do Executivo da Câmara Municipal de Vila Nova da Barquinha, realizada a 12 de janeiro, três protocolos do Município na área da Educação. No entanto, um dos protocolos levou à questão da transferência de competências e o Executivo foi unânime nas dúvidas e na posição a tomar. Foram 27 alunos dos 10.º e 11.º ano do curso de Intérprete Ator/ Atriz, curso profissional na área das artes, que estiveram no dia dia 22 de fevereiro na atividade “Artistas no Palácio de Belém”. Os alunos da Escola Secundária Dr. Manuel Fernandes puderam interagir com a artista Ana Vidigal. Para além de terem ficado a conhecer melhor o trabalho desta artista, que começou com as técnicas de colagem os anos 80 e passou depois para a tela e para as instalações artísticas, puderam fazer perguntar e conhecer os valores de Ana Vidigal. Esta iniciativa do Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, tem como objetivo promover, neste caso, as artes junto da população mais jovem. A explicação foi feita por Isabel Alçada, assessora do Presidente para a área da educação. E o Palácio de Belém abriu portas a sessões cientistas, escritores, desportistas, jornalistas, artistas e mulheres de coragem, para sessões de 90 minutos de interação com jovens. Isabel Alçada revelou que “o contacto direto com artistas, ou criadores, é uma experiência única. Pode ser muito inspirador e pode ser um marco na vida de um jovem. O nosso Presidente tem posto a educação na linha da frente, por um lado, a cultura, neste caso as artes plásticas, por outro.” Isabel Alçada vincou que o convite do Presidente da República é feito a todas as escolas do país, mas depois cabe aos professores e às direções das escolas a aceitação do convite. Paralelamente assumem o compromisso de preparar as deslocações e as ações. E foi isto que aconteceu esta terça-feira na sessão com a pintora residente do Museu de Arte Contemporânea do Funchal. A artista foi explicando a sua carreira, a sua forma de fazer arte. Como começou e como evoluiu, até ao presente, às ideias que tem para continuar a deixar a sua marca na cultura. Ana Vidigal, entre as muitas explicações, deixou duas ou três dicas para eventuais novos artistas plásticos. Um é que não é preciso espaço (um atelier) para criar. E mostrou os seus primeiros trabalhos de colagem sempre feitos em cima do estirador. Revelou que colocava o papel de cenário no estirador e depois criava sempre com a preocupação de não deixar “cair um pingo de tinta no chão” para não ter problemas com os pais. Depois passou para a tela e outro tipo de peças com o aproveitamen-

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/ O grupo na Assembleia da República com a artista Ana Vidigal to de muitos objetos reutilizáveis. Numa conversa sempre muito divertida, Ana Vidigal explicou como “roubou” uma tábua de cortar pão em casa dos amigos que nem deram por ela numa das obras que criou. Outra das notas foi a utilização de bonequinhos de peluche que as sobrinhas iam deixando de lado, na meninice. Eram envolvidos em fita-cola e depois pintados num “amontoado” que cria uma escultura. E à pergunta de uma das alunas de Abrantes, sobre o que é tinha mostrado, o que é o seu trabalho, Ana Vidigal explicou de forma muito simples: “Em relação ao que me perguntaste, porque é que faço estas coisas? Porque não sei fazer mais nada.” A artista plástica é muito bom que os artistas sejam equiparados a uma outra profissão qualquer, porque ser artista é ter, simplesmente, uma profissão.

A visita guiada à coleção Berardo do CCB

Depois da Presidência da República, onde os jovens puderam tirar umas fotografias ao jardim com o Tejo em pano de fundo e à sala de entrada que normalmente podemos ver na televisão quando os representantes dos partidos políticos têm audiências com o Presidente da República, os jovens rumaram ao Centro Cultural de Belém. Porque as artes são transversais os 27 alunos tiveram acesso a uma

JORNAL DE ABRANTES / Março 2022

/ Ana Vidigal e Isabel Alçada

visita guiada à exposição “Coleção Berardo - Do primeiro modernismo às novas vanguardas do Século XX.” Para Lígia Oliveira e Daniel Rito as duas visitas foram muito positivas. Alunos de artes tiveram oportunidade de contactar com uma artista e com “trabalho de casa” feito nas aulas. Nunca tinham entrado no Museu Coleção Berardo e, como explicaram, já tinham abordado os diversos estilos de arte, mas visitar as obras da ala Berardo do Centro Cultural de Belém. Carla Dias, professora da área de artes que conduziu esta visita fez questão de frisar que a mesma resulta do desafio da Presidência da República e tem como condão principal poder levar estes jovens de Abrantes à arte. A docente fez questão de destacar a importância para estes jovens a possibilidade de poderem contactar com realidades que podem não estar disponíveis todos os dias em Abrantes.

Aliás, foi em tempos de pandemia que houve, curiosamente, uma maior aproximação a artistas porque as aulas ou outras atividades eram feitas através de plataformas online. Quanto a esta deslocação a Belém, Carla Dias adiantou que, sendo as turmas de artes e de interpretação, podem perceber que as artes estão todas interligadas e que os “saberes são todos transversais”. Depois houve um outro vetor que foi o ir a Lisboa, à Presidência da República, numa visita que poderá aguçar a curiosidade sobre a democracia, sobre as instituições portuguesas. Sem esquecer esta ligação, sempre presente, à arte e aos artistas. E esta vista pode permitir que eles se possam questionar porque eles vieram levantar questões com a artista Ana Vidigal. A Presidência da República deu esta possibilidade e Carla Dias revelou porque é que escolheu Ana Vidigal: “Eu não conhecia como

artista, mas dentro do leque de artistas ainda há mais homens que mulheres. Depois teve a ver com datas. E depois do ponto de vista psicológico, para eles (alunos) é preciso dar algum vislumbre de outras atividades para eles ganharem mais dinâmica na sala de aula. Para terem esta perceção que também se aprende noutros sítios, fora da sala de aula, e que a escola pode ser uma coisa diferente se olharmos de outra maneira”. Depois, para esta conversa com Ana Vidigal, fomos espreitar a vida a artista para conhecermos o sue trabalho e para podermos criar um conjunto de perguntas de forma a que os alunos pudessem saciar a sua curiosidade. Carla Dias acrescentou ainda que “as sementes que estão a ser semeadas podem vir a dar frutos. Pode ser um cliché, mas esta é a verdade daquilo que estamos a fazer e que esperamos que o futuro tenha frutos”. Nesta visita participaram as turmas dos 10.º e 11.º ano. Há ainda oito alunos do 12.º ano que não estiveram porque estão a ultimar o exercício do trabalho performativo que fizeram no estágio. Uma apresentação que vai acontecer na Escola Dr. Manuel Fernandes. Carla Dias explicou ainda que estes alunos estão, neste momento, a trabalhar com o encenador Manuel Tur que lhe está a dar formação, mais ligada ao teatro. A docente explicou ainda que tem vindo a trabalhar a parceria com a Câmara Municipal de Abrantes e que pode ser aquilo que Abrantes precisa neste momento, este florescer da dinâmica cultural. A visita a Lisboa foi acompanhada pelo diretor Alcino Hermínio explicou a aposta feita na última década nas artes, como a música, a dança e talvez possa haver o teatro no ensino básico, onde também já figura a música. A aposta foi simples, afirmou o diretor, se há interesse e procura pode avançar-se para a criação dessas ofertas. Alcino Hermínio disse ter a noção que das três dezenas de alunos nesta área não vão sair 30 atores ou atrizes. Alguns poderão entrar nessa vida, mas outros poderão ter novas perspetivas e enriquecimento das próprias carreiras. Quanto à prestação dos alunos na conversa com a artista Ana Vidigal, o diretor da Escola disse que viu com satisfação, até porque a artista conseguiu cativar muito bem os alunos. Jerónimo Belo Jorge


SOCIEDADE /

A violência no namoro é uma realidade que tem de ser sinalizada // Mais de metade dos participantes num estudo divulgado no dia 14 de fevereiro, sobre violência no namoro em contexto universitário, disse já ter sido sujeito a pelo menos um ato violento, quase em igual proporção de homens e mulheres. O Estudo Nacional da Violência no Namoro em Contexto Universitário (2020/2021) é apresentado pelo UNI+, um programa promovido pela Associação Plano i, com financiamento comunitário e destinado a prevenir a violência no namoro no contexto universitário. O Jornal de Abrantes foi tentar perceber se no concelho de Abrantes existem casos de violência no namoro. No caso dos serviços do Município, onde funcionam o Gabinete de Apoio à Vítima e a Rede Especializada de Intervenção na Violência de Abrantes (REIVA), há casos de violência no namoro. De acordo com os gabinetes há casos reportados e em menores de idade que são acompanhados pelos pais. Marisa Espadinha é Assistente Social e Técnica Especializada em Apoio à Vítima e revelou que não havendo números que sejam alarmantes, a existência de um simples caso de violência no namoro é, só por si, preocupante. Tanto mais que numa sociedade cada vez mais digital é preciso estar alerta para os “novos” tipos de violência, que ultrapassam, em muitos pontos, a violência física. De acordo com um estudo realizado pela UMAR (União de Mulheres Alternativa e Resposta) e que incide sobre o ano 2020 a violência física representa apenas 5% de outros tipos de violência. No documento a que a Antena Livre teve acesso pode perceber-se que o controlo representa 26% dos casos documentados. E quando se fala em controlo, nas camadas mais jovens, fala-se, segundo Marisa Espadinha da “obrigação da vítima dar ao companheiro, ou à companheira, acesso a todas as palavra-passe de redes sociais ou telemóveis”. Há depois, ainda de acordo com a técnica a imposição de vestuário, mais propriamente “uma tentativa de proibição que a

/ Marisa Espadinha é Assistente Social especializada em Violência Doméstica

namorada, ou namorado, vista esta ou aquela peça de roupa”. No mesmo estudo a perseguição aponta a 23% dos casos reportados, enquanto que a violência sexual está na terceira posição com 19%. Com 15% surge a violência psicológica e com 14% a violência através das redes sociais. Nestes casos, da violência no

namoro pode ser detetada, muitas vezes nas escolas, onde os parceiros da Rede Social de Abrantes, Gabinete de Apoio à Vítima, forças policiais, entre outras entidades, realizam sessões de esclarecimento. E há casos em que no final dessas mesmas sessões são conhecidos casos muito concretos nesses estabelecimentos que depois passam para a esfera das entidades que os acompanham. Marisa Espadinha explicou que todos os casos são tratados com o anonimato e com toda a reserva das identidades das vítimas. A técnica do Município de Abrantes, reforçou que este é um fator muito importante. “Sempre que alguém aciona o “Botão de Pânico” da plataforma “Abrantes 360” ou que ligam para o telefone do Apoio à Vítima (965 137 000) que está 24 horas disponível para quem tenha

necessidade de denunciar casos de violência no namoro ou violência doméstica”. Preocupante, segundo os dados do estudo da UMAR, são os atos de violência aceites pelos jovens, como insultar durante uma discussão (25%), incomodar ou procurar insistentemente (23%) ou entrar nas redes sociais sem autorização (35%). Há ainda outros casos identificados como sendo “normais” para os jovens, como insultar através das redes sociais (17%), pressionar ou agarrar para beijar (29%) ou ainda empurrar, ou esbofetear sem deixar marcas (6%). Os valores apresentados pelo estudo da UMAR são valores em média e é o sexo masculino. O estudo aponta, em conclusão, a uma prevenção primária da violência de género em contexto escolar, de forma continuada por forma a poder consciencializar

os jovens a desenvolver as suas relações de intimidade saudáveis e desconstruir a legitimação de comportamentos abusivos. Já a violência doméstica, de forma geral, teve um aumento em tempos de pandemia. Estes números cresceram no país e também em Abrantes. Houve mais casos reportados e “não deixámos de responder” só porque estávamos em pandemia e confinamento. Há mais vítimas mulheres. Mas também há homens que procuram os serviços”. Marisa Espadinha explicou ainda que algumas vezes os casos são sinalizados por vizinhos ou por outras pessoas que têm proximidade às vítimas e admite que “haverá ainda muitos casos de violência que continuam escondidos.” E os casos podem resultar de medo dos comportamentos posteriores às denúncias ou falta de autonomia financeira para prosseguirem com a sua vida. Há, suspeita-se, de casos de acomodamento a uma ideia de um sexo masculino é o dominador do sexo feminino. De realçar que os casos reportados dizem respeito tanto a áreas mais urbanas como as áreas mais rurais. E muitos casos estão também relacionados com o alcoolismo. Seja como for, Marisa Espadinha, disse que Abrantes tem vários serviços que estão disponíveis para receber a sinalização ou os apelos das próprias vítimas. E adiantou que dentro da Rede Social do Concelho de Abrantes há, a par das autoridades policiais, outras entidades que também podem prestar ajuda ou apoio a quem sofra de atos de violência doméstica, seja física, psicológica ou, nos dias de hoje, relacionada com as redes sociais. O primeiro passo é sempre sinalizar uma situação e deixar os especialistas fazer o seu trabalho, sempre de forma confidencial. Afinal o objetivo é proteger as vítimas de violência. De destacar que a plataforma digital do Município “Abrantes 360” tem um “Botão de Pânico” para situações extremas em que a vítima precise de apoio e tenha receio ou mesmo medo de contactar diretamente os vários locais onde pode fazer as denúncias. Jerónimo Belo Jorge PUBLICIDADE

Março 2022 / JORNAL DE ABRANTES

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REGIÃO / Constância Estratégia Local de Habitação aprovada por unanimidade // Constância já tem a Estratégia Local de Habitação (ELH) aprovada pelo executivo municipal. Trata-se de um plano concelhio que permite conhecer as necessidades reais do concelho no que diz respeito às condições de habitabilidade, quer da habitação municipal, quer dos privados. Neste momento, a ELH de Constância aponta a um investimento de 1 milhão e 200 mil euros. Naquilo que foi a estratégia apresentada pelo executivo socialista em reunião da Câmara 1 milhão vai ter a responsabilidade do Município e o restante destinado aos privados. Este documento não tem nada a ver com as áreas de reabilitação urbana, fez questão de explicar o presidente da Câmara Municipal, Sérgio Oliveira, que explicou que este documento revelou que existe uma procura de habitação no concelho, nomeadamente ao nível do arrendamento, mas a oferta é baixa. A ELH tem como base o financiamento de fundos comunitários, principalmente o Plano de Recuperação e Resiliência (PRR) e aponta diretamente à reabilitação ou construção de habitação nova para pessoas que nesta altura têm necessidade de casa. Estão enquadrados nesta estratégia os cidadãos que já têm o pedido de casa feito na Câmara Municipal ou, por outro lado, que vivem em situações em que efetivamente as habitações não têm condições de habitabilidade ou de salubridade. Uma das explicações que Sérgio Oliveira prestou na reunião do exe-

cutivo municipal foi que este programa não tem em linha de conta a construção nova para habitação social ou a custos controlados. Trata-se de um projeto que incide em habitação que já existe e que possa não ter as condições necessárias de habitabilidade. Aliás, tal como em todos os concelhos, os serviços sociais da autarquia percorreram todas as localidades a identificar as famílias que podem vir a beneficiar dos apoios para as intervenções nas suas habitações.

O autarca indiciou que as situações de carências habitacionais detetadas são cerca de uma dezena. E indicou que as freguesias de Santa Margarida da Coutada e Montalvo são as que têm mais famílias habilitadas a poder avançar com candidaturas ao programa do “1.º Direito – Programa de Apoio ao Acesso à Habitação”. Este programa “visa apoiar a promoção de soluções habitacionais para pessoas que vivem em condições habitacionais indignas e que não dispõem de capacidade financeira

para suportar o custo do acesso a uma habitação adequada.” Neste caso terão de ser os proprietários a apresentar a candidatura e a conduzir todo o processo das obras para adequação da habitação às condições. Na reunião do executivo Sérgio Oliveira lamentou que os concelhos que estão mais longe dos grandes centros e do litoral não tenham outro tipo de apoios nesta matéria. Defende que deveria existir um programa ou um apoio mais direto e objetivo para a recuperação do edificado devoluto. Se existisse este apoio poderia haver um mercado de arrendamento, ou de compra e venda, mais livre. Depois apontou aquilo que seria a necessidade para o seu território que seria a existência de um instrumento de apoio que possibilitasse à autarquia, de Constância e outras semelhantes, inverter uma situação que existe e que tem a ver com um parque habitacional com muitas habitações devolutas. E depois vincou que a freguesia de Santa Margarida da Coutada tem atualmente. Ou seja, se os proprietários não têm a capacidade financeira para essa recuperação, deveriam ser as autarquias a fazer esse trabalho para criar, ou aumentar, um cada vez mais necessário mercado de arrendamento. Na reunião do executivo municipal a vereadora eleita pela CDU, Manuela Arsénio, deixou um lamento sobre esta matéria. Ou seja, que a legislação não permita às autarquias terem intervenção direta nas habitações devolutas ao abrigo deste programa de financiamento. Logo de seguida Manuela Ar-

sénio questionou Sérgio Oliveira sobre as ARU (Áreas de Reabilitação Urbana). Manuela Arsénio quis saber se estes planos de Reabilitação Urbana não se poderiam enquadrar nesta Estratégia Local de Habitação. Sérgio Oliveira de Câmara clarificado que esse é um processo à parte e fora da ELH. Na sua justificação o presidente da Câmara disse que o grande benefício das ARU é ter impostos e taxas mais baixas. E depois referiu que as ARU foram criadas para locais específicos onde há habitação devoluta, onde há perca de população, onde há necessidade de aplicar, efetivamente, uma intervenção. E depois acrescentou que “não se pode banalizar as ARU”. E explicou que se forem generalizadas as ARU, os territórios que já têm dinâmica no mercado habitacional e que por si só atraem população, continuam a superiorizar-se aos territórios que têm mais constrangimentos. Não obstante sublinhar a necessidade de ser criada uma para a freguesia de Santa Margarida da Coutada. “Sabemos que, em termos populacionais, a freguesia que mais tem sofrido é a freguesia de Santa Margarida da Coutada. Sou sensível à questão da ARU, mas não pode banalizada. Se me perguntarem se é preciso criar uma ARU no concelho digo que há, na freguesia de Santa Margarida da Coutada.” O documento, aprovado por unanimidade, identificou no concelho uma dezena de agregados familiares com carências habitacionais. Jerónimo Belo Jorge

Sérgio Oliveira defende uso da água dos poços e captações abandonados // O último boletim de seca, divulgado a 21 de fevereiro, e que reporta ao dia 15 do mesmo mês, indica valores de percentagem de água no solo inferiores ao normal em todo o território, com as regiões Nordeste e Sul a atingirem valores inferiores a 20%, com “muitos locais a atingirem o ponto de emurchecimento permanente”. / Wirestock À margem da reunião do executivo municipal de Constância de 17 de fevereiro, Sérgio Oliveira, deixou claro que, neste momento, o concelho não tem registo de problemas com água nos seus serviços. O abastecimento das populações está alocado à EPAL e noutros serviços a autarquia socorre-se de captações próprias. Mas naquilo que é o real problema, para já na agricultura, o presidente da Câmara de Constância deixou uma reflexão “porque não usar as águas de dezenas ou centenas de poços que existem por aí e que não estão a ser usados. Poços que estão ao abandono”. Sérgio Oliveira revelou que nunca levantou esta questão em nenhum fórum, mas deu como

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/ Autarca defende estudo para avaliar de utilização destas captações exemplo um terreno de que é proprietário em Santa Margarida: “Tenho um terreno que está limpo, mas tem um poço que tem sempre muita água. Se fosse cana-

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lizada, com outras captações, para a agricultura, poderia solucionar muitas questões.” E depois vincou que todos estes territórios do interior, ou de baixa densidade popu-

lacional, têm muitas captações de água, de todos os géneros, poços, nascentes, minas, que continuam a ter água todo o ano e que não é aproveitada. Se calhar, atirou o autarca, poderia ser feito um estudo para avaliar as reais possibilidades de utilização destas captações/depósitos que existem por todos estes locais. Recorde-se que por causa do período de seca o governo decidiu cancelar a produção de eletricidade nas barragens do Cabril e do Castelo de Bode. É que o Castelo de Bode é a fonte do abastecimento público de água para três milhões de pessoas. Uma das notas do governo é que a albufeira do Castelo de Bode tem de garantir reservas para o abastecimento público para um período de, pelo menos, 24 meses

sem chuva. Uma situação que está garantida afirmou o ministro do Ambiente, João Matos Fernandes, quando no dia 16 de fevereiro acompanhou os trabalhos de limpeza que diversas entidades estão a levar a efeito aproveitando os níveis baixos atuais. E é certo que com a suspensão da produção de eletricidade por parte da EDP, apenas pode trabalhar com o caudal ecológico, a albufeira do Castelo de Bode está a encaixar mais água do que a que liberta, quer no caudal ecológico, quer no consumo humano. No dia 16 de fevereiro o Castelo de Bode tinha uma cota de 58,3% e no dia 26 tinha subido para 59,1%. Pode parecer uma subida mínima, mas representa muitos hectómetros cúbicos de água. Jerónimo Belo Jorge


REGIÃO / Constância

Estão aí as Festas da Boa Viagem e são 4 dias // Está tudo certo para a realização das Festas do concelho de Constância, depois de dois anos de interrupção por causa da pandemia. Sérgio Oliveira, presidente da Câmara Municipal de Constância, confirmou ao Jornal de Abrantes que, nesta altura, está tudo certo para a realização das Festas do Concelho de Constância, se não existir nenhuma alteração em relação à Covid-19, como parecem mostrar todos os indicadores nacionais. “Nós estamos a trabalhar no sentido de haver Festas”, confirmou o presidente da Câmara de Constância. E o seu regresso traz logo uma novidade: quatro dias de Festa. As Festas de Nossa Senhora da Boa Viagem sempre aconteceram em três dias, de sábado a segunda-feira de Páscoa. Este ano começam na Sexta-feira Santa. O autarca explicou que esta decisão foi assumida pela autarquia que consultou o padre Nuno Silva sobre esta possibilidade. O autarca revelou que será um dia menos exuberante que os outros, face à celebração religiosa desse dia (Sexta-feira Santa), mas em termos práticos sempre foi um dia em que muita gente procura a vila e as tasquinhas, mesmo sendo a véspera das Festas. Por

Festas de Constância vão realizar-se de 15 a 18 de abril, com a procissão em honra de Nossa Senhora da Boa Viagem

isso, a decisão foi, no regresso dos eventos, oficializar mais um dia como “prémio” para os cidadãos que andam há dois anos “fechados” com a pandemia. Apesar de ainda não ter sido feito o anúncio oficial o Município já começou a auscultar os moradores da vila e as associações do concelho tendo em vista a decoração das ruas naqueles quatro dias, por um

lado, e a presença nas tasquinhas, por outro. Sérgio Oliveira disse que as pessoas “estão com vontade que se realizem as Festas, assim como os trabalhadores do Município têm a vontade de voltar aqueles hábitos de preparar as ruas, colocar as madeiras para engalanar as ruas”. E acrescentou que mesmo a paróquia, na opinião do padre Nuno Silva, está empenhado em que se

realizem as Festas”. “É preciso dar um sinal às pessoas, a situação ainda não é ótima, mas, não sendo nem querendo ser especialista, acho que há condições para a realização das Festas”, vincou Sérgio Oliveira. Quanto ao modelo e programa não haverá grandes alterações. Há essa novidade que este ano as Festas começam na Sexta-feira Santa,

mas depois seguem o curso normal do que eram as edições antes da suspensão por causa da pandemia. Quanto aos espetáculos, ainda não há uma decisão formal, mas houve, de acordo com Sérgio Oliveira, acordo com os artistas que tinham sido contratados para as Festas de 2020, canceladas por causa da entrada do país em Estado de Emergência. As Festas de Constância vão assim realizar-se de 15 a 18 de abril, com a procissão em honra de Nossa Senhora da Boa Viagem agendada para a tarde da segunda-feira de Páscoa, data que assinala também o Dia do Concelho. Em 2020 as Festas de Constância tinham anunciados concertos com Fernando Daniel (sábado), P*ta da Loucura (Domingo) e Banda do Filme Variações (segunda-feira). Ainda sem a confirmação oficial destes nomes há a certeza de que as Festas, as primeiras da Região, vão mesmo realizar-se, de 15 a 18 de abril. Jerónimo Belo Jorge PUBLICIDADE

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REPORTAGEM /

O regresso da Feira de S. Matias

// A feira chegou. A Feira regressou é, talvez, a melhor expressão para podermos dizer que a Feira de S. Matias voltou a abrir portas em Abrantes. É a primeira grande feira do ano no país. Abraça três fins de semana, quase sempre com o carnaval pelo meio. // A Feira de Abrantes, neste 2022, tem um sabor especial. Ainda desenhada com um conjunto de restrições aplicáveis aos eventos, os feirantes dizem que a Saúde Pública em Abrantes foi muito rigorosa. O plano de entrada, de saída, ponto para mostrar os testes ou certificados, zona de isolamento em caso de necessidade, tudo estava preparado para o regresso da feira. Mas, seis dias antes da abertura, o governo decidiu aliviar as restrições e a Feira “respirou” um pouco mais. Mesmo assim, num domingo de enchente no Aquapolis Sul, a grande maioria das pessoas circulava entre as barracas, os divertimentos e os “comes e bebes” com a máscara colocada. Exceções para a criançada e para o “matar” das saudades de uma fartura ou pão com chouriço. Ah! Sem esquecer a roda gigante, com 32 metros de altura, que é a “estrela da companhia”. Para muitos uma novidade, para outros o voltar a subir “aos céus”, mas desta vez em Abrantes. Pronto, não são os 135 metros de Londres, para garantidamente subir a 32 metros mostra uma Abrantes, um Tejo, as pontes de uma outra perspetiva. A Feira abriu a 23 de fevereiro, vai correr todos os dias até 13 de

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março. Não tem a dimensão dos anos 70 ou anteriores porque o mundo muda, porque as pessoas mudam. E é muito por aí que o presidente da Câmara de Abrantes anunciou na abertura que em paralelo à Feira de S. Matias tem de haver outro tipo de atividades, com o associativismo e com os produtos locais. Ficou a promessa.

A Feira tem de crescer com outras atrações

// Especial para o povo que pode assim “voltar a sair para eventos”, mas seguramente muito mais especial para os feirantes. É que a Feira de S. Matias de 202 foi a última antes da pandemia e esta, de 2022, é a primeira, podemos dizer assim, do pós pandemia. por Jerónimo Belo Jorge

Mas este ano, a Feira é simbolicamente “quase o relançar das nossas vidas. E não me lembro de uma abertura com tanta gente”, afirmou Manuel Jorge Valamatos, explicando que esta Feira tem uma configuração feita ainda em período de muitas restrições de saúde pública. Mas é uma disposição que tem em vista um crescimento para o futuro. Pode alargar mais para o centro do Rossio, mas “vamos ver como é que os operadores vão crescer. Queremos, no próximo ano, criar mais dinâmica aos fins de semana com espetáculos e trazer as nossas associações e os nossos produtos para este local”.

As facas, tachos e a máquina do caldo verde “Vamos, seguramente, nos próximos anos procurar uma maior dinâmica, uma maior capacidade de atração para este local”, disse o presidente da Câmara de Abrantes, Manuel Jorge Valamatos, após a abertura oficial da Feira.

JORNAL DE ABRANTES / Março 2022

Teresa da Silva, de Guimarães, aguarda com muita expetativa este regresso das Feiras. A de Abrantes foi a última, antes da pandemia, em 2020, e de lá até hoje fez apenas duas feiras, Viseu e Vila Franca de Xira. Há, portanto, essa vontade de

o olhar aponta a uma “máquina de fazer caldo verde”. A roda com as lâminas, em dois tamanhos, ainda “é bastante procurada. Não há outro modelo. Uma de 17,50 euros e outra de 22.” Só falta ter as couves à mão.

receber as pessoas. Teresa da Silva diz que o seu negócio, nas feiras “tem tendência a acabar. Já não há quem nos siga. Vínhamos meia dúzia, hoje sou só eu”. Quanto aquilo que os clientes procuram é “de tudo um pouco. Panelas, tachos, facas. Antigamente faziam os enxovais, hoje já não é assim”, justificou a feirante que, mesmo assim, revelou que vêm à procura de coisas mais específicas. Mesmo com menos vendas, ainda há pessoas que vão à feira à procura de coisas mais tradicionais. E acrescentou que são as pessoas de mais idade que procuram estes produtos “e até temos pessoas que dizem que quando deixar de vir a cutelaria deixa de vir à feira.” E no meio de todos os produtos

Os caça-sonhos e a energia das pedras

Não é o primeiro ano que está em Abrantes. Mas é dos feirantes mais novos a vir à Feira de S. Matias. A barraca é das mais coloridas, muito por força dos caça-sonhos cheios de cor e com penas de aves exóticas que vêm do Brasil. Rui Soares e a companheira desfazem-


REPORTAGEM /

-se em explicações aos potenciais clientes. Entre os muito caça-sonhos pendurados, de diversas dimensões, o Rui explica que “a matéria-prima vem do Brasil. As penas. As lianas (cipó como é conhecido no Brasil). As penas são naturais. Pintadas e com tratamento para não cheirar mal. E depois é a companheira que os faz. Dos 5 aos 50 euros.” Outra das atrações é a “zona” esotérica. As pedras e os pêndulos têm uma grande procura. As pedras de energia, dos signos, para defesa do mau-olhado. Há muitas pessoas a ligar a estas questões mais do domínio espiritual. Quando às expetativas, Rui Soares diz “tomara Deus que corra tudo bem, para mim e para todos. Tem de deixar o país fluir normalmente. Tem de deixar trabalhar quem quer trabalhar.”

54 anos de idade, 52 anos de Feira de S. Matias

Na barraca pejada de malas, principalmente para senhora, e algumas para homem e outras para viagem encontramos o feirante mais antigo da Feira. 54 anos de idade, 52 anos de Feira de S. Matias. Uma vida a vir quase um mês a Abrantes por isso, diz que já tem muitos amigos na cidade. Amigos de longa data. Caetano passou por todas as localizações desta Feira. Do largo do Tribunal quando este ainda não tinha sido construído, passando pela encosta do S. Domingos, o espaço junto ao Centro Coordenador de Transportes, o Tecnopolo e, recentemente, o Aquapolis Sul. “Este não é um bom sítio. Não temos espaço para a Feira crescer”. Compreende a decisão, na altura, para esta mudança, mas a sua opinião é que a margem norte era melhor. “As pessoas do ‘lado de lá’ se vierem à Feira só vêm uma vez. É a minha opinião”, esclarece fazendo notar que esta sua leitura assenta na experiência “de Abrantes”. Quanto ao negócio, Caetano não tem expetativas muito altas. Diz que é pessimista por natureza e que

prefere ser assim para depois não lidar com “desilusões”. A sociedade vai mudando e os feirantes têm, necessariamente, que se adaptar, mas “as mudanças são tão bruscas e tão radicais que já nem conseguimos acompanhar. Principalmente no comércio a retalho”.

Os brinquedos e as birras das crianças

Noutros tempos seriam das barracas mais procuradas e com mais barulho. Havia gritaria da criançada aos berros a querer este ou aquele brinquedo. Os tempos mudaram, mas mesmo assim ainda há um espaço a vender só brinquedos. João Salvador Palma mantém os olhares das crianças, dos mais pequenitos, pois os mais velhos não ligam a carrinhos ou bonecas, preferem um mundo tecnológico e virtual. Já são cerca de uma dúzia de anos a vir à Feira de Abrantes. Quando questionado sobre o que é que as crianças procuram mais nos dias de hoje aponta para a banca dos camiões de obras e máquinas retroescavadoras, por um lado, e para a prateleira dos bebés-chorões, por outro. Mantém uma expetativa alta em relação ao regresso das feiras porque sente que ”as pessoas estão ávidas de poderem sair, de poderem ter a sua vida.” Já sobre a pequenada garante que ainda há aqueles que fazem birras porque querem um brinquedo, coisa normal perto da sua barraca. “Ainda a bocado esteve aí um que fez uma birra enorme. São os melhores clientes. Normalmente (os pais) compram.”

No reino do algodão... doce Há coisas na feira, em qualquer feira, que fazem parte de todos, desde muito pequenos. O algodão-

-doce é, porventura, das memórias mais antigas que qualquer criança tem de uma ida à feira. Três cores. Rosa, azul e amarelo. É à escolha e, explica Maria José, não há feira sem algodão-doce. Ao lado do equipamento que cristaliza o açúcar estão os recipientes com as misturas coloridas. É só escolher a cor e ver Maria José a colocar a quantidade certa de açúcar na “rotativa” que vai fazer os fios doces. Se o algodão-doce era para comer na hora, dando o pauzinho à garotada, os novos tempos levaram a uma adaptação. Hoje pode comprar-se em caixinhas ou sacos de plástico para levar para casa sem “lambuzar” as mãos. “Vamos ver e esperar. Tudo o que vier é bom, depois de tanto tempo parado. Em 2020 já tínhamos tudo montando quando chegou o engenheiro e nos mandou para casa”, explica olhando para o horizonte, como que a olhar para três semana de Feira de S. Matias com mais clientes. Quanto aos clientes, aponta a todas as idades, com maior incidência dos miúdos, mas os adultos “também são gulosos.”

O pão com chouriço e com farinheira

As barracas de comes e bebes são outra das grandes atrações. Ir à feira e não passar pelo pão com chouriço não é ir à feira. David Andrónico, dois anos depois, voltou a montar a sua estrutura com os dois fornos onde, a cada 45 minutos ou uma hora, sai uma fornada de pão com chouriço. “Foram dois anos complicados. Desde a feira de Abrantes de 2020

que não trabalhámos. Ainda estamos a conta-gotas a ver o que vai acontecer, mas estamos esperançados que este ano já vai correr bem. Se calhar não vamos trabalhar em todos os eventos, já temos confirmação que algumas ainda não se vão realizar.” Já sobre a presença de pessoas nos eventos, David revela “pelo que está a acontecer aqui, em Abrantes, parece que as pessoas estão com vontade de voltar às feiras. Precisam de animação de convívio.” No “Pão com Chouriço Ribatejano” os fornos estão sempre a trabalhar e para além do pão com chouriço tradicional, há umas bolinhas e pão com farinheira. Também na tradição tem de haver inovação ou outras opções, mesmo que feitas em quantidades mais reduzidas.

Não há feira sem uma fartura

Mário Alves ou Mário das Farturas como é conhecido voltou a tirar a roulotte das “Farturas à Elvis Bar” do estacionamento em que estava parada desde o final da Feira de S. Matias de 2020. Finalmente, as portas da sociedade voltaram a abrir e também o Mário tem a expetativa de um bom arranque. “Não é bem como os outros anos. A malta tem vindo mais mudada, mas tem vindo na mesma. Vêm vindo menos pessoas de cada vez. Mas vêm vindo. Esta feira vem dar alguma vida”, explica Mário Alves ao mesmo tempo que indica que ele, e os colegas, estão quase todos na mesma situação. Mas, porque é que a fartura, sendo um doce tão simples, é aquele que tem tanta carga simbólica nas feiras? Mário não tem grandes explicações. Mas com os 40 anos de vida nas feiras aponta uma: “As pessoas gostam de ver a fazer as coisas. E nas farturas amassamos a farinha, e pomos a fritar. E as pessoas vêm isso tudo.” Para além das farturas, os churros com recheios de chocolate, ovo, kiwi são mais para a malta mais nova. “É a novidade” diz Má-

rio, que adianta que as maiores vendas são para levar para casa, para beber com um cafezinho. “Aqui já se vê pouco as pessoas a andar de fartura na mão, a comer. Levam para casa.”

A grande atração. A Roda Gigante

A Feira de S. Matias tem, neste ano de regresso, uma novidade: a Roda Gigante. É um dos cerca de uma dúzia de divertimentos eletromecânicos, mas pela sua dimensão marca a Feira, marca a paisagem. Quem passa pela margem norte, pela ponte sobre o Tejo, têm à sua frente a imponente roda com 32 metros de altura e uma capacidade para poder ter em cada volta 144 pessoas. Francisco Alverca, o empresário de carroceis, tem várias estruturas que têm estado paradas, tal como todos os outros setores de atividade das feiras. A de S. Matias marca o regresso generalizado menos na Roda. Este foi o único divertimento que praticamente não parou. Como tem cabines para quatro ou seis pessoas e afastadas cumpria as regras de afastamento, em plena pandemia. “As pessoas querem sair para a rua, penso que ano vai compensar a paragem que tivemos e em que muitas pessoas da minha área tiveram de procurar emprego nas obras, na condução de camiões e noutros setores”, revelou o empresário. “Esta é sempre a primeira feira do ano. Com a Roda Gigante é a primeira vez. A Roda Gigante é mais turística, é a atração em tudo o mundo”, explica Francisco Alverca que aponta o divertimento a todas as idades: “qualquer pessoa pode andar.” A Roda é turística, porque para adrenalina ou carroceis com mais agitação há outras opções. Quem for “passear” à Roda tem, pelo menos, cinco minutos de rotação para ver a paisagem a 32 metros de altura. As pontes, o Tejo, a Cidade, os Mourões, o Rossio podem ser observados de outros ângulos, muito pouco habituais.

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Região / Sardoal

Filarmónica Sardoalense leva música às aldeias do concelho // Um concerto, um workshop de instrumentos e conversas com o público, é o que se pode esperar do projeto “Aldeias com Música”, num total de quatro espetáculos pelas quatro aldeias do concelho de Sardoal, uma iniciativa da Filarmónica União Sardoalense (FUS). O projeto “Aldeias com Música” arrancou a 19 de fevereiro, em Andreus, aldeia onde a banda já não tocava há quase 10 anos. No domingo seguinte foi a vez do concerto em Valhascos. Segue-se Alcaravela, a 19 de março, e Santiago de Montalegre, a 14 de maio. “Sair do lugar de conforto” é um dos objetivos da Filarmónica União Sardoalense que pretende ainda levar a música e a cultura às aldeias do concelho de Sardoal, “lugares mais isolados”. Para além deste, há ainda o intuito de conseguir captar mais músicos, mais jovens” para a banda. O repertório escolhido pela FUS para este conjunto de espetáculos “é eclético”. De acordo com o presidente da direção, César Grácio, a ideia é chegar a todas as idades, com peças que vão do clássico ao rock. César Grácio afirma que os músicos da banda acolheram com grande entusiasmo esta iniciativa, “uma vez que marca o regresso à tão aguardada normalidade”, especialmente quando “o projeto era para ter começado em janeiro mas a pandemia, mais uma vez, não deixou”, empurrando o primeiro concerto para fevereiro. Para

/ “Aldeias com Música” em Andreus além de ter parado os espetáculos, a pandemia teve ainda outros custos para a Filarmónica. César Grácio avança que “tivemos, como muitas outras associações, perda de muitos músicos, também dentro de outras atividades como o coro”. “Mas estamos cá, é recuperável e vamos trabalhar para que as coisas se alterem”, afirma, acrescentando que os écrans são, neste momento, um dos maiores fatores do afastamento das pessoas.

/ “Aldeias com Música” em Valhascos O presidente da FUS acrescenta que “é fundamental divulgarmos a atividade da banda que começa no ensino e formação musical”, através da Escola de Música da Filarmónica. César Grácio lembra que, na FUS “há aulas para crianças e adultos, quer de formação inicial, quer de instrumento, e totalmente gratuitas”. A filarmónica espera que o projeto “Aldeias com Música” seja também uma ferramenta para captação de novos alunos, inde-

VII Trail “Terras do Sardão” tem inscrições abertas

O VII Trail “Terras do Sardão”, que decorrerá no Sardoal no dia 29 de maio de 2022, tem inscrições abertas até dia 15 de maio. A prova será composta por dois trajetos de diferentes distâncias: Trail Longo (30 km); Trail Curto

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(17 km), contando ainda com uma Caminhada (10 km). O Trail “Terras do Sardão” integra o Circuito Trail do Ribatejo e a Taça de Portugal da Associação de Trail Running de Portugal. O Trail é um tipo de corrida

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na natureza, com algum grau de dificuldade, por caminhos por vezes inacessíveis de qualquer outra forma que não seja apeada. Os percursos caraterizam-se por terem grandes declives, pequenos riachos com fundos rochosos, trilhos, veredas, entre outros tipos de piso com terrenos acidentados. Nesta modalidade os participantes competem de forma saudável, respeitando a natureza e os outros atletas. Com organização do Município sardoalense, o Trail “Terras do Sardão” conta com a parceria do Grupo Desportivo “Os Lagartos” e com o envolvimento de diversas coletividades do concelho, ao nível do controlo e apoio logístico ao longo do percurso. As inscrições podem ser efetuadas no site Trilho Perdido, em www.trilhoperdido.com. Mais informações através dos tlfs. 961 079 966 ou 241 851 431 (setor de desporto) ou pelo email: trail.sardao@sapo.pt.

pendentemente da sua idade ou conhecimento musical. O projeto “Aldeias com Música” termina apenas em maio, pois percorre as quatro freguesias do concelho de Sardoal. De acordo com a FUS o acesso aos espetáculos é gratuito, mas a lotação é limitada, considerando as medidas de segurança recomendadas. O concerto de dia 19 de março, na freguesia de Alcaravela, tem início marcado para as 15:30 ho-

ras e vai ter lugar na Associação Recreativa e Cultural de Panascos. No dia 14 de maio, o “Aldeias com Música” chega a Santiago de Montalegre, pelas 17 horas e vai realizar-se no Salão da Junta de Freguesia. Esta iniciativa da FUS é financiada pela Direcção-Geral das Artes e conta com o apoio do Município de Sardoal e das freguesias de Sardoal, Alcaravela, Santiago de Montalegre e Valhascos.

Município avança com Orçamento Participativo

Encontram-se abertas,até dia 31 de março, as candidaturas para o terceiro Orçamento Participativo do Município de Sardoal. Com esta iniciativa, a Autarquia pretende envolver os munícipes no sentido “das necessidades se converterem em oportunidades”, através da apresentação de propostas transversais e locais “que visem a melhoria da qualidade de vida no concelho”. As candidaturas a apresentar devem enquadrar projetos exequí-

veis até ao montante máximo de 10 mil euros, ao nível de intervenções físicas infraestruturais, pequenos equipamentos, serviços, programas e eventos em áreas temáticas como Ambiente e Turismo; Educação, Cultura, Juventude e Desporto; Mobilidade e Segurança e Ação Social e Saúde. O Regulamento, as normas de participação e o formulário de apresentação de proposta encontram-se disponíveis no Portal da Autarquia em www.cm-sardoal.pt.


REGIÃO / Mação

Do Bairro dos Pescadores ao Miradouro da Boavista com o Tejo aos pés // A Rota das Pesqueiras e das Lagoas do Tejo, por entre 1,2 quilómetros de passadiços e de troços de terra batida, foi oficialmente inaugurada no dia 25 de fevereiro. Num dia de céu cinzento e algum vento a anunciar chuva, as nuvens mantiveram-se altas e permitiram que o circuito fosse feito com temperaturas agradáveis. Vasco Estrela, presidente da Câmara Municipal de Mação, disse ser “com alegria e alguma emoção” que via esta obra ser inaugurada, algo que “esteve sempre na minha mente desde que assumi a presidência da Câmara Municipal”. Devolver o rio à comunidade maçaense e poder mostrar as vivências dos habitan-

tes da freguesia de Ortiga em anos idos é um dos objetivos mas também passa a ser “mais um motivo de atração e promoção do concelho”. Contudo, disse Vasco Estrela, “estes Passadiços são também uma homenagem a centenas de pessoas de Ortiga e não só que vivem e viveram do rio Tejo e que fizeram deste rio, destas margens, destas pesqueiras, forma de terem o seu sustento e de poderem criar e educar os seus filhos”. Isabel Damasceno, presidente da Co-

// Esta Rota leva-nos pela margem direita do Rio Tejo, orientado a sul, ligando o Bairro dos Pescadores de Ortiga ao Morro da Boavista. Trata-se de um investimento de mais de 300 mil euros, comparticipado a 85%. missão de Coordenação e Desenvolvimento Regional do Centro (CCDRC), recordou que “este projeto insere-se num outro mais abrangente apresentado pela Comunidade Intermunicipal do Médio Tejo” (CIMT) e que foi feito com a solidariedade da Europa, através dos fundos comunitários. Agradeceu ao presidente da Câmara de Mação e ao secretário Executivo da CIMT o facto “de me terem apresentado um projeto tão abrangente e tão interessante, explorando a riqueza natural que este território do Médio Tejo tem”.

Já Miguel Pombeiro, secretário Executivo da CIMT, foi testemunha “da perseverança” de Vasco Estrela para levar a efeito este projeto e destacou “o caráter único do Médio Tejo na questão do património natural”, sublinhando a importância dos rios e das linhas de água existentes. As cerca de 20 pesqueiras de Ortiga têm agora uma nova vida e estão acessíveis a quem passe no circuito dos Passadiços de Ortiga. Patrícia Seixas

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REGIÃO / Mação

Posto da GNR poderá vir a ser reforçado em breve // O presidente da Câmara de Mação sente-se incomodado com o facto do efetivo da GNR no concelho ter vindo a diminuir. Mesmo após um protocolo assinado em que a Autarquia disponibilizou uma viatura nova ao Posto, “não sendo moeda de troca”, como afirmou Vasco Estrela, o autarca sente que o concelho de Mação tem estado a ser descriminado por esta força de segurança em relação a outros concelhos de até menor dimensão. No dia 26 de janeiro, à margem da reunião do Executivo, o autarca explicou à Antena Livre, “para que fique bem claro, que o protocolo de cedência da viatura não tem implícito que iria haver um reforço de meios humanos no terreno nem é isso que está em causa e nem a Câmara está a fazer chantagem com este assunto”. Contudo, essa temática “foi abordada e foi dito publicamente que havia a necessidade de algum reforço de meios”. Vasco Estrela informou então que “aquela viatura veio e foi escolhida porque era um pouco mais alta que o habitual, para se poder fazer um acompanhamento dos idosos no nosso concelho, são mais de 200, e que isso iria implicar um reforço de meios porque era justo que assim fosse”. O concelho de Mação tem uma área de 400 quilómetros quadrados, mais de 120 localidades altamente dispersas e, portanto, “havia por parte da Câmara uma expetativa, penso eu que legítima, de que pudesse haver algum reforço de meios”. Com a compreensão desta situação por parte da GNR, o que Vasco Estrela não consegue compreender é que “tem havido um reforço de meios junto do Destacamento de Abrantes para os postos que o compõem, como Constância, Tramagal, Abrantes e Sardoal, ao contrário daquilo que tem acontecido em Mação. Sei que, há relativamente pouco tempo, houve mais colocação de militares, se não estou em erro, para todos os postos, com exceção de Mação”. Para o presidente da Câmara, e sendo Mação o segundo maior con-

Seca poderá comprometer época balnear

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/ A viatura que a Câmara de Mação cedeu à GNR do concelho celho dos referidos “e o concelho mais longe de Abrantes e o mais disperso, com exceção de Abrantes, eu pergunto-me que razões levam a que esta situação perdure”. Vasco Estrela fez sempre questão de referir que, apesar do posto de Mação não ter sido reforçado com mais meios humanos, “a ação da Guarda não tem falhado no concelho de Mação”. Na sequência destas declarações, quem também se sentiu incomodado foi o comandante distrital da GNR. O coronel Gonçalo Carvalho pediu para reunir com Vasco Estrela no sentido de esclarecer

a situação do Posto de Mação da GNR. Vasco Estrela acedeu ao pedido do comandante e deslocou-se a Santarém no dia 23 de fevereiro, acompanhado do vice-presidente da Câmara, António Louro, e do presidente da Assembleia Municipal, José Saldanha Rocha. À Antena Livre, o autarca começou por dizer que, “como era de esperar, a reunião correu de forma cordial e com elevação e onde foram expostos os pontos de vista”. Vasco Estrela considerou “normal” que as suas declarações possam ter causado algum “desconforto” e

disse que o coronel Gonçalo Carvalho também expôs as suas razões, como “as questões operacionais que justificavam determinado tipo de medidas e acho que foram dados passos importantes para que haja um efetivo em Mação que se coadune com as necessidades”. O presidente voltou a frisar que, com isto, “não quero dizer que até ao momento não tenham sido cumpridas todas as funções da Guarda Nacional Republicana. Não há, nem nunca houve, nenhuma situação de insegurança por falta de meios”. Vasco Estrela reconheceu que

O período de seca que Portugal vive está a deixar autarcas preocupados. O facto do abastecimento público não estar já na responsabilidade direta do Município, em Mação, Vasco Estrela admite que isso “não isenta a Câmara de responsabilidades porque a empresa é intermunicipal e temos a obrigação de tudo fazer e acautelar”. O presidente da Autarquia afirmou que, “neste momento, não há ainda nenhum plano de contingência” mas reconheceu que “uma parte substancial do concelho de Mação tem graves problemas de abastecimento, nomeadamente captações

de furos”. Vasco Estrela assumiu ser “muito natural que haja dificuldades a esse nível” e pediu especial atenção ao problema. A empresa Tejo Ambiente já começou a analisar a situação e o presidente da Câmara admitiu que “em alguns momentos, a água poderá ser transportada por camiões-cisterna, como já aconteceu várias vezes no passado”. Na gestão diária da Câmara, há algumas medidas que se podem tomar, como “menos regas ou suspensão total de regas nos jardins, repuxos e chafarizes poderão ver suspenso o abastecimento dessa

água e a piscina que estamos a recuperar, se não houver condições, não funcionará porque antes de tudo, está o abastecimento de água às populações”. Se a situação não se inverter, também a época balnear poderá estar comprometida. “A época balnear pode vir a sofrer constrangimentos, quer em Cardigos quer, principalmente, em Carvoeiro. Nos dois casos dependemos muito das ribeiras que abastecem de água as respetivas praias e se não tiverem caudal, não há forma de as coisas funcionarem”, disse Vasco Estrela. De relembrar que o Governo vai

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informou o comandante de que tinha tido “a perceção de que haveria uma distribuição de meios que poderia não ser a mais adequada” e que Gonçalo Carvalho estava sensível a esses argumentos mas que lhe foram “dadas justificações que presidiram à distribuição dos meios e das dificuldades que existiam”. O presidente da Câmara aceitou as explicações do comandante distrital e disse estar agora “convicto de que com a nova fornada de meios que estão aos serviço da Guarda, fruto dos cursos que foram concluídos, admito como muito provável que haja aqui um reforço de meios no concelho”. A garantia dada foi de que esse reforço “estava ponderado” há algum tempo pela GNR. Na mesma reunião foram ainda abordados outros temas, como a questão do Posto, que é da Câmara Municipal de Mação, “no sentido de formalizar a situação com um protocolo que até agora não existe, adequá-lo aos novos tempos e pensar no futuro, uma vez que são instalações já com alguns anos”. Vasco Estrela lembrou que “há cerca de 20 anos que se fala num quartel novo em Mação” e disse estar disponível para “trabalharmos em conjunto no sentido de encontrar melhores condições para estes homens e para estas mulheres”. A Câmara de Mação manifestou ainda a disponibilidade, “que já vem dos meus antecessores, de ceder um terreno e, eventualmente, fazer a elaboração de um projeto para podermos colaborar em prol desta instituição tão importante para a segurança dos nossos cidadãos pois é isso que me preocupa”. Patrícia Seixas

destinar cinco milhões de euros do Fundo Ambiental para campanhas de sensibilização e para soluções de contingência, no âmbito da seca que o país atravessa, anunciou o ministro do Ambiente. Questionado sobre o tipo de soluções de contingência que podem vir a ser necessárias, o governante deu os exemplos do transporte de água em camiões-cisterna, de “pequenas soluções alternativas para poder aceder a água” e da “limpeza dos fundos de algumas albufeiras para aumentar o seu prisma de água”. Patrícia Seixas


REGIÃO / Mação No regresso dos festivais gastronómicos, a Lampreia volta a ser a estrela // De 1 de março a 17 de abril, a lampreia vai voltar a ser a rainha nos pratos dos oito restaurantes aderentes ao Festival da Lampreia de Mação. Após dois anos de interregno, a edição deste ano conta com o apoio da Pinhal Maior. Organizado pela Câmara Municipal de Mação, a apresentação oficial do Festival da Lampreia teve lugar esta segunda-feira, 21 de fevereiro. Vasco Estrela, presidente da Câmara de Mação, anunciou a realização do Festival que começou por um aproveitamento “de uma característica do nosso concelho e da nossa região, que é fazerem-se bons pratos de lampreia”. Durante cerca de um mês e meio a Lampreia será rainha nos restaurantes aderentes e a excelência do famoso e tradicional Arroz de Lampreia de Mação é sobejamente conhecida e reconhecida pela forma única e especial como é confecionado: em Mação, o arroz é feito com o sangue da lampreia e servido separado da mesma, oferecendo sabores inconfundíveis. São inúmeros os comensais que, anualmente, se deslocam de todos os pontos do país para, em Mação,

/ Em Mação, o arroz é feito com o sangue da lampreia e servido separado da mesma degustarem os mais típicos sabores do Arroz de Lampreia. Refira-se que a fama da lampreia vem de longe, assim como a sua história, que se cruza com a do Rio Tejo e as gentes de Mação, sobretudo da freguesia de Ortiga, onde ainda existem vários pescadores. A excelência da lampreia e do peixe do rio, as-

sim como dos pratos que aqui se confecionam têm feito do concelho, ao longo dos tempos, um ponto de referência a nível nacional. A par do Arroz de Lampreia que por Mação se confeciona, os apreciadores da iguaria terão também a oportunidade de degustar outros produtos endógenos que a Câmara

Municipal de Mação irá disponibilizar aos restaurantes durante o período desta iniciativa, como o presunto, o azeite e as azeitonas. A Câmara de Mação investe cerca de “seis a sete mil euros” no Festival, entre produtos, promoção e publicidade e conta que pelo concelho passem por estes dias “sete a oito mil visitantes”, número de referência “em anos bons”. Este ano, apesar do alívio das restrições devido à pandemia de Covid-19, o problema prende-se com a falta de água também no rio Tejo. Não há lampreia suficiente no rio e a lampreia tem de vir de França pois os outros rios nacionais que anteriormente abasteciam os restaurantes da região, como o Mondego ou o Minho, não têm produto suficiente devido à mesma razão. Há 44 anos a lidar com a lampreia, Helena Matias, mais conhecida como a Lena da Barragem, proprietária do restaurante “A Lena”, também reconhece o problema e, apesar de participar no Festival pois “sempre vêm mais uns clientes”, não tem a certeza se “este ano será a coisa certa pela falta de produto”.

Feira Mostra já tem data marcada

Ainda na conferência de imprensa, o presidente Vasco Estrela deu conta que a Câmara está a tentar retomar todos os eventos, entre eles a Feira Mostra e os festejos de

verão nas aldeias do concelho. Já aconteceu uma reunião de preparação da Feira Mostra, que irá realizar-se de 29 de junho a 3 de julho, “salvo algum imprevisto ou qualquer situação que surja”. Sendo que os artistas estão contratados há dois anos, antes do início da pandemia, está portanto “tudo devidamente acautelado”. Para além da Feira Mostra, a Câmara vai inaugurar o Cineteatro Municipal no dia 25 de abril, “o que também vai permitir que haja uma maior dinâmica cultural”. No caso das festas de verão, “o que eu gostaria que acontecesse é que as festas se realizassem, ainda que com alguns constrangimentos, como pode vir a acontecer também com a Feira Mostra”, disse Vasco Estrela que adiantou que o que irá ser feito, “eventualmente, será reduzir em parte o número de stands”. Neste caso, não são só as razões de segurança mas o facto de estar em andamento a requalificação das Piscinas Municipais descobertas, que são junto ao local onde a Feira Mostra se realiza, “apesar de termos esperança que naquela data já estejam as obras concluídas”. De relembrar que o concerto com Xutos & Pontapés foi anunciado para a Feira Mostra e é um dos que tem vindo a ser adiado devido à pandemia. Patrícia Seixas PUBLICIDADE

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REPORTAGEM / // Quinta do Bom Sucesso

Dos azeites ao Olivoturismo com tradição e história // A Casa Anadia poderá não ser um nome tão conhecido, mas desde há uma dúzia de anos passou a estar visível em garrafas de azeite. Mas se falarmos em Quinta do Bom Sucesso ou no castelo da Torre da Marquesa, aí a região de Abrantes identifica logo o local. A herdade, com 100 hectares de olival, tem na marca Casa Anadia três tipologias de azeite para consumo nacional e exportação. Mas entre o olival e o castelo há história, há património e por isso a Casa Anadia começou a apostar no Olivoturismo. O azeite Casa Anadia está a avançar para uma oferta de Olivoturismo. Uma mistura entre um produto endógeno, que há 20 anos começou a ganhar nome, a história de uma herdade que vem lá do Século XIII, o património de um solar do Século XVII, um Castelo do Século XIX e até uma lenda ligada à religião cristã. Mais do que motivos para agendar uma visita guiada à Quinta do Bom Sucesso, vamos chamar-lhe assim. O dia e a hora foram agendados de forma muito rápida, através da página da rede social Facebook. Assim que se chega à Quinta do Bom Sucesso (39°28’58.3”N 8°10’21.4”W) temos a indicação onde entrar na Herdade e onde estacionar. À espera estão Rui Pereira Coutinho, administrador da Herdade, e Dylan Pires, que está a liderar as visitas deste projeto de Olivoturismo. Primeira nota é o olhar para o olival, de oliveira galega. Percebe-se de imediato o tipo de oliveira que temos na região. Junto a um pequeno jardim, entre a o estacionamento e a entrada da Herdade, Rui Pereira Coutinho começa a explicação. “Este é o nosso jardim-montra. Temos aqui sete oliveiras, um exemplar de todas as que temos na herdade. São três variedades espanholas, uma grega e uma italiana. Depois as portuguesas: Galega e Cobrançosa. O nosso olival tem as três formas de cultivo, normal, intensivo e super-intensivo.” Entre os primeiros olhares para ver as principais diferenças entre cada uma das oliveiras, Rui Pereira Coutinho avança com as primeiras explicações sobre a grande cultura de 100 hectares de olival com cerca de 20 anos e do qual, cerca de 10% é super-intensivo. E questionado sobre as percentagens de oliveiras à volta da Herdade e da A23 explica que “40% é galega, 40% das outras espécies e depois há o super-intensivo.” Ficamos com a primeira no-

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ção das oliveiras, nesta visita de Olivoturismo que foi pensado porque há cada vez mais pessoas, estrangeiros, que querem saber mais coisas sobre o azeite. E as explicações sobre as árvores é o início dessa viagem que começa nas árvores, mas recua no tempo até outros séculos. Ainda antes da entrada, há uma pequena mostra dos utensílios que eram necessários há cinco ou seis décadas para a apanha da azeitona. As varas, os panos, as escadas e a carroça. Os ranchos de

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homens e mulheres, muitos que vinham das beiras, juntavam-se e calcorreavam o terreno, oliveira a oliveira para apanhar todo o fruto. Hoje, explica Rui Pereira Coutinho, é tudo mecanizado. Avançamos então herdade dentro para perceber que esta quinta tem registos de já produzir no Século XIII. Nos passos que vamos dando, percebe-se claramente onde eram os celeiros, em obras e que vão albergar, brevemente, o centro de exposição e provas do Azeite Casa Anadia. As cava-

lariças e demais armazéns que acolheram durante anos a fio a agricultura local. A campanha de 2021 foi muito produtiva com cerca de 100 mil litros de azeite para um total de 80 toneladas de azeitona. “Foi um ano bom. E bom em quantidade e qualidade”. Ainda no que diz respeito à apanha da azeitona, as campanhas podem começar em outubro e ir até 15 de dezembro. Depois segue a conversa em torno das vendas. “Há quem venha ainda comprar à porta, como

antigamente. A maior parte segue para outras paragens. Os restaurantes do Chef Avillez em Portugal, uma garrafa destinada às crianças, com rótulo com banda desenhada para o Canadá. Depois Estados Unidos e para, claro, o extremo oriente. Hoje, a Casa Anadia têm três tipologias de azeite no mercado. O DOP, o Private Coletion (o mais intenso) e o Tributo feito exclusivamente com a oliveira Galega. E nestas jornadas do Olivoturismo a visita pode acabar sempre


REPORTAGEM / com a prova de azeite, dos azeites. Copos de vidro opacos, como mandam as regras, numa mesa instalada na loja. O turismo pode provar e comprar. Dylan Pires explicou que esse é o grande objetivo. Conhecer todo o processo que culmina na prova e na compra. E adianta que a ideia é, com as obras do armazém, poder receber grupos de maiores dimensões, principalmente nas provas e, quem sabe, poder fazer um alargamento das ofertas.

Do azeite ao património rural

Mas a Quinta do Bom Sucesso pode ter, no Olivoturismo, a ligação ao património rural e aristocrático. Continuemos a visita pela ruralidade onde estamos. Junto à linha de água que atravessa a quinta, com apenas um fiozinho de água a correr, Dylan aponta o lagar. Antigo lagar que hoje é o museu. Primeira curiosidade é perceber que poderia ter, nos tempos de funcionamento na moagem da azeitona, três forças motrizes: água da ribeira a fazer mover a roda; vapor; e, mais recentemente, eletricidade. Entramos no lagar e olhamos para as charrettes da quinta recuperadas e posicionadas para as fotografias da praxe. Até um carro mais pequeno, que seria puxado por poldros, que permitia às crianças percorrer a quinta ao lado dos mais crescidos. À entrada do lagar, o “António” (um manequim vestido à época) dá as boas vindas e pretende mostrar que ali era o local onde a azeitona era descarregada e que era ali que faziam as “análises” para saber a acidez dos azeites. O lagar continua intacto para se poder ver como funcionava. Temos ainda tempo de ver o “Manel” (outro manequim) a dormir nos pequenos quartos que albergavam os trabalhadores do lagar. Dylan chama a atenção para o pormenor das mobílias e dimensões das camas. Há ainda a horta tradicional que está em modo de recuperação, depois de muitos anos sem qualquer cultivo. A horta tradicional tem um sistema de distribuição de água vinda da ribeira e que Rui Pereira Coutinho diz querer repor brevemente. Deixando o lagar, subimos ao solar. Construído no Século XVII, e habitado em permanência, o edifício tem as características rurais. Com uma capela (ver caixa) ao lado, sabe-se bem a relação da aristocracia com a igreja, tem depois um extenso casario que seriam as habitações dos trabalhadores da quinta. O solar ostenta um relógio de sol, ao nível do telhado, colocado de forma a ser visto por todo o pátio e das portas das casas dos trabalhadores. Este solar foi construído no seio da família dos Almeida e é casa permanente de uma filha de Miguel

Pais do Amaral, o proprietário da Quinta do Bom Sucesso e da Casa Anadia.

O Castelo da Torre da Marquesa

Dylan Pires abre depois a possibilidade de subirmos ao Castelo, casa de Miguel Pais do Amaral que, por isso, apenas pode ter visitas nos

seus jardins interiores. Seguimos pelo bosque que envolve o castelo. Bosque frondoso, com muitas espécies que vieram, nos tempos do reinado de D. Carlos, de outras paragens para Alferrarede. Cedros e eucaliptos frondosos criam um ambiente mais húmido e muito fresco. Gilbadeiras e hortênsias com fartura. Trilhos verdes

// A lenda de São Benedito Há uma lenda em torno da capela de Nossa Senhora do Bom Sucesso, que fica situada ao lado do Solar do Século XVII. A capela está muito bem conservada. Pequenina com a imagem principal da santa que lhe dá o nome e com os azulejos originais do século XVI/XVII da região de Coimbra, no qual predomina a cor azul com os formatos e imagens a formar um puzzle. E ao olharmos para o altar, à direita de Nossa Senhora do Bom Sucesso está o São Benedito. Dylan Pires relata a lenda que perdurou até aos nossos dias. “São Benedito é um santo negro, padroeiro dos escravos, e que tem a lenda associada a um aquartelamento militar que sempre existiu em Abrantes. E desse quartel, os homens antes de irem para um conflito armado, recebiam uma bênção na capela. Esses militares punham uma gravata junto ao altar para que quando voltassem desse conflito pudessem casar com quem quisessem ou com a pessoa que lhe estaria prometida.” Mas, e nestas histórias há sempre um mas, se se deixassem rir para São Benedito, quando voltassem a mulher prometida já não estaria lá para casar com eles, porque já tinha casado com outra pessoa. O altar está cheio de gravatas que por ali ficaram ao longo de séculos, tal como o livro de salmos, em latim, que continua presente no púlpito do altar da capela de Nossa Senhora do Bom Sucesso

que são tapetes de musgo. “É assim um estilo que nos transporta para o Buçaco, para a Quinta da Regaleira.” Rui Pereira Coutinho explica que toda a rega está feita, se não for em anos de seca, com canais e tanques que correm e escorrem pelo bosque, que continua a ser tratado pelos jardineiros. “Imagine-se quando as hortênsias estiverem todas em flor”. O castelo terá começado a ser edificado nos inícios de 1800 por Carlos Pais do Amaral, Visconde de Alferrarede. Depois do castelo construído, subiu na hierarquia para Conde, passando a ser o primeiro Conde de Alferrarede, título que pertence agora a Miguel Pais do Amaral, que junta a Conde da Anadia. Carlos Pais do Amaral tem uma filha, Maria da Conceição, Marquesa do Faial e vem daí a forma como é conhecido da região, como a Torre da Marquesa. De notar que, quando entramos nos jardins interiores, percebemos claramente que foram desenhados para os aristocratas poderem passear nas festas e encontros da altura. Todo o exterior é composto por canteiros e pequenos lagos e por muitas gaiolas onde existiam muitas aves exóticas. Um dos lagos ainda tem tartarugas que nadam entre os nenúfares. À volta do jardim, as casas onde se alojava a criadagem das famílias aristocratas e, note-se, ainda existe o viveiro da floresta que “alimenta-

va” este enorme jardim. Hoje tem muitas avencas e muitos fetos. O Castelo, cujo interior não pode ter visitas, ostenta para lá do brasão da família as armadas da Ordem Militar de Malta da qual fazia parte Carlos Pais do Amaral. Nota curiosa para o facto de o Rei D. Carlos I ter vindo uma vez fazer uma caçada para estas bandas e pernoitou no Castelo. Desde então aquele quarto passou a designar-se como o quarto do Rei. Rui Pereira Coutinho e Dylan Pires vão desfilando curiosidades e aguçando a mente mais imaginativa do que seria um cenário de fim de semana de festa naquele local. Esta é uma visita que começa com olivicultura, passa para o património e depois para a história. São entre duas e quatro horas de visita, com a certeza de que ficamos a conhecer um pouco mais de história, principalmente da história desta zona. É a aposta do Olivoturismo da Casa Anadia que pode descobrir no facebook ou na página da quinta. Ah, quando chegamos deixamos o carro no estacionamento que foi, em tempos, a Praça de Touros da Quinta do Bom Sucesso. Hoje não tem cavalos ou touros, mas pode albergar muitos cavalos dos automóveis que ali ficam estacionados. Na zona central da praça ainda está o quadro, bem visível, dos ferros das ganadarias que na altura que forneciam esta praça de touros, seguramente das mais antigas do Médio Tejo.

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REGIÃO / Vila Nova da Barquinha

Praia do Ribatejo vai acolher Comando Sub-Regional de Emergência e Proteção Civil // O Município de Vila Nova da Barquinha vai acolher o Comando Sub-Regional de Emergência e Proteção Civil. Em reunião do Executivo de dia 9 de fevereiro, o presidente Fernando Freire deu conta que “tivemos uma comunicação do secretário de Estado da Administração Interna a informar que, na sequência do que foi deliberado na Comunidade Intermunicipal de Médio Tejo (CIMT) em setembro de 2019, é intenção do Governo criar um Comando sub-regional para a chamada NUT II, no Médio Tejo, em Vila Nova da Barquinha”. Perante este convite, “o Município vai abraçar este projeto”, declarou Fernando Freire. Para tal, “vamos fazer a requalificação do edifício escolar que se encontra na Praia do Ribatejo e, se tudo continuar na senda que vinha, em termos políticos, do anterior Governo, vamos criar o Comando sub-regional da Proteção Civil”. As razões que levaram, no seio da CIMT, à escolha de Vila Nova da Barquinha prendem-se “com a sua centralidade, a facilidade de acesso, tem a ver com os riscos evidentes na nossa região como as cheias, as autoestradas, a ferrovia, os incêndios florestais, a capacidade de engenharia e meios logísticos junto da Base Aérea N.º 3”. Há aqui “as condições ideais e assim também o entenderam os municípios que compõem a Comunidade Intermunicipal”. Vila Nova da Barquinha vai assim receber “esta infraestrutura no âmbito da Proteção Civil regional”. Com a localização definida, neste momento “estamos a negociar com a Autoridade Nacional de Emergência e Proteção Civil (ANEPC), no sentido de implementarmos este plano em que o distrito de Santarém passa a ter dois Comandos, o de Almeirim e, se tudo

/ O Comando sub-regional vai ser instalado nos dois pavilhões que estão desocupados correr bem, até final do ano o da Barquinha”. Para além da centralidade de Vila Nova da Barquinha, Fernando Freire também explicou que a Proteção Civil “é muito mais do que incêndios florestais e que o concelho tem acessibilidades que permitem que as pessoas se movimentem com muito mais rapidez”. No entanto, de relembrar que em outubro de 2021, o Município da Sertã anunciou que o Comando sub-regional de Emergência e Proteção Civil da Comunidade In-

termunicipal do Médio Tejo ficaria instalado no concelho, e até adiantou que seria no antigo edifício dos Bombeiros Voluntários, “que será alvo de requalificação para o efeito, devendo ficar pronto no mês de maio do próximo ano [2022]”. O presidente da Câmara Municipal da Sertã na altura, José Farinha Nunes, referiu mesmo que recebeu “recentemente do Governo a confirmação da vinda desta estrutura para o concelho da Sertã e mostrou-se bastante satisfeito pelo culminar das démarches desenvol-

vidas pela câmara municipal”. Agora, com o anúncio de que será Vila Nova da Barquinha a acolher o Comando Sub-Regional, Fernando Freire explicou ainda que “os Comandos têm que fazer escala e tem que ser um sítio perto de tudo, onde seja fácil a sua mobilidade. E um dos grandes problemas que se levantavam com a Sertã era precisamente este. Os Comandos de Alcanena ou Ourém, por exemplo, iam andar a fazer piscinas todos os dias ou dia sim, dia não. Não há capacidade de resistência para isto. Sertã fica desenquadrado”. Questionado quando ao facto de Vila Nova da Barquinha ser um dos concelhos mais afastados do Pinhal Interior, onde ocorrem os maiores incêndios florestais, o autarca barquinhense lembrou que “a Proteção Civil não é só isso, é muito mais do que isso”. Falou da “assistência sanitária, os terremotos, as cheias, os acidentes na autoestrada... há, por isso, toda a vantagem de estar num sítio central”. A bola está agora do lado da Proteção Civil, que vai “dizer o que é que precisa para nós adjudicarmos a obra e fazermos a recuperação do edificado. O edifício já tem um telhado completamente novo, os espaços já estão identificados e ago-

Medalhas de Ouro vão homenagear saúde Foi aprovada por unanimidade a proposta apresentada pelo presidente da Câmara Municipal de Vila Nova da Barquinha para as Condecorações Municipais. “Não gostaria de atribuir Condecorações Municipais nos tempos políticos”, ou seja, “atribuir as condecorações logo no primeiro ano de mandato”. Para Fernando Freire, “tem toda a vantagem que os nomes sejam consensuais e que não gerem polémicas nenhumas”. Considerado que os três nomes apresentados cumprem os requisitos, foram aprovados por unanimidade por parte do Executivo. Quanto à entrega das Condecorações Municipais, a data

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ainda não está definida, sendo que poderá acontecer no Dia do Concelho, a 6 de novembro, ou no Dia do Padroeiro, “durante as Festas do Concelho”, a 13 de junho. Pois, acrescentou o autarca, “tudo indica que vamos avançar com as Festas do Concelho no mês de junho”. Quanto à sugestão dos nomes aprovados, prende,-se “com as condições excecionais” visto que, “o doutor Branco e a doutora Vitória vão-nos deixar” após 37 anos de “prestarem serviço de Saúde Pública neste concelho”. Os nomes que irão receber a Medalha Municipal de Mérito - Ouro são então Joaquim Branco e Vitória Patinho.

JORNAL DE ABRANTES / Março 2022

Joaquim Branco, nascido em abril de 1955, natural do Poço do Canto no concelho de Mêda, foi médico em Vila Nova da Barquinha desde 1985 e coordenador da Unidade de Saúde Familiar (USF). “No momento da sua aposentação, queremos reconhecer a elevada

competência, inexcedível dedicação à causa pública e, ainda, as suas qualidades pessoais e humanas evidenciadas no exercício das suas funções como médico e Coordenador da USF neste concelho”. Vitória Patinha por, também no momento da sua aposentação,

ra é esperar que nos digam como querem as salas”. Para o presidente da Câmara Municipal de Vila Nova da Barquinha tudo isto vai ter andamento depois do DECIR - Dispositivo Especial de Combate a Incêndios Rurais, “pois não faz sentido ser antes” e “tudo será dotado nas instalações antes do final do ano para um funcionamento em pleno”. De relembrar que o Governo propôs a criação dos comandos regionais de emergência e proteção civil do Norte, Centro, Lisboa e Vale do Tejo, Alentejo e Algarve, bem como dos comandos sub-regionais, cuja circunscrição territorial corresponde ao território de cada comunidade intermunicipal. Estes comandos regionais são dirigidos por um comandante, a quem compete assegurar a articulação permanente com os comandantes sub-regionais e com os segundos comandantes sub-regionais no seu âmbito territorial. O sub-comando regional de Emergência e Proteção Civil vai então ficar sediado nos dois pavilhões que estão desocupados na antiga escola de Praia do Ribatejo, no concelho de Vila Nova da Barquinha. Patrícia Seixas

“reconhecer o seu empenhamento, seriedade e distinção e as suas qualidades pessoais e humanas com que desenvolveu a sua atividade de médica neste concelho”. “E já que estamos na área da saúde”, disse Fernando Freire, “reconhecermos a Unidade de Cuidados na Comunidade (UCC) Almourol e todos os seus profissionais, pelo esforço e dedicação no combate à pandemia Covid-19”. Na justificação para a atribuição da Medalha Municipal de Mérito Ouro pode ler-se que “no momento em que o surto epidémico atingiu Portugal, em março de 2020, a prestação de cuidados de saúde ficou dependente de profissionais que não cederam ao medo e ao desconhecido e, corajosamente, assumiram a frente deste combate coletivo e puseram todo o seu empenho na continuidade de todos os serviços necessários às nossas populações”. Patrícia Seixas


REGIÃO / Vila Nova da Barquinha

28.º Mês do Sável e da Lampreia volta aos moldes iniciais // Após um ano atípico, com uma edição exclusivamente em take-away, o Mês do Sável e da Lampreia está de volta às mesas dos restaurantes do concelho de Vila Nova da Barquinha. O Município está a promover a mostra gastronómica pelo 28.º ano consecutivo. Começou a 19 de fevereiro e termina a 27 de março. O anúncio foi feito em reunião do Executivo no dia 10 de fevereiro e o presidente da Autarquia deixou o desejo desta edição poder ser um regresso “à normalidade possível”. Nesta época do ano estas espécies, o sável e a lampreia, sobem as águas do Tejo, dando origem a sabores únicos, confecionados de acordo com receitas centenárias. Este verdadeiro festival da gastronomia ribeirinha, fruto da parceria do Município com os restaurantes, tem como principal objetivo difundir a cozinha típica e tradicional de um concelho banhado por três rios - Tejo, Zêzere e Nabão – e cuja história está intimamente ligada à atividade piscatória. Os baixos caudais do rio são, no entanto, um entrave para que o sável e a lampreia possam ser capturados no Tejo. Contudo, a

/ São cinco os restaurantes aderentes ao Mês do Sável e da Lampreia modalidade presencial está de regresso aos restaurantes após dois anos de take-away. O Mês do Sável e da Lampreia

é já uma tradição anual neste concelho ribeirinho, animando a restauração e atraindo milhares de visitantes a um território

onde se pode visitar o Castelo de Almourol, a Igreja Matriz de Atalaia, o Centro de Interpretação Templário, o Parque de Escultura Contemporânea, o Centro Integrado de Educação em Ciências ou o mais recente Trilho Panorâmico do Tejo, entre outras atrações. Quem visitar os restaurantes aderentes nesta altura e provar estes pratos únicos da gastronomia portuguesa, entre 19 de fevereiro e 27 de março, ganha passeios de barco ao Castelo de Almourol e visitas ao Centro de Interpretação Templário. Esta promoção é válida apenas ao fim-de-semana, sendo atribuído 1 bilhete por dose, nos restaurantes aderentes. Fernando Freire referiu também as dificuldades para a subida dos peixes devido aos baixos caudais da água na rio mas as charcas do concelho, utilizadas para a ajuda ao combate dos incêndios flores-

tais, também já viram melhores dias. O presidente da Câmara da Barquinha mostrou-se preocupado com a situação e adiantou que, se nada se alterar, terá que começar a haver medidas para acautelar a água no futuro próximo. Este ano, participam no 28.º Mês do Sável e da Lampreia o Restaurante Almourol, em Tancos, que apresenta os pratos: Lampreia com arroz de cabidela, Lampreia com batatinhas em forno de lenha, Arroz de cogumelos com lampreia e Sável frito com açorda de ovas. No Restaurante Loreto, em Vila Nova da Barquinha, os pratos são por encomenda e variam entre o Arroz de lampreia e o Sável frito com açorda de ovas. Pratos que podem igualmente ser degustados no Restaurante Sabores do Parque. Também no Restaurante Ribeirinho, em Vila Nova da Barquinha, poderá apreciar o Arroz de lampreia e o Sável frito com açorda de ovas. Já no Restaurante STOP, em Atalaia, os visitantes podem escolher entre o Sável frito com açorda de ovas e a Lampreia com arroz de lampreia. Em Vila Nova da Barquinha, no Restaurante O Trindade, poderá optar pelo Arroz de Lampreia, Lampreia à Bordalesa ou Açorda de ovas com sável frito. Patrícia Seixas PUBLICIDADE

Março 2022 / JORNAL DE ABRANTES

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REGIÃO / Vila de Rei

Museu da Geodesia reabriu com “bolo de chocolate mais feio de Vila de Rei" Há um ano Paula Gamito e João Rosa, com os seis filhos, não esperariam, com toda a certeza, reiniciar uma vida no centro de Portugal. Mas há planos que são muito bem delineados e preparados ao longo de muito tempo e há outros que surgem com paixões arrebatadoras. E foi isso que aconteceu com este casal. Deixaram Lisboa, um restaurante vegetariano e o trabalho em marketing, e assentaram de armas e bagagens em Vila de Rei. Há, no entanto, algo que o casal tem em comum. Melhor, duas coisas, pelos vistos. Uma delas com uma vontade empreendedora notável. A outra a paixão por Vila de Rei, território e gentes desta terra beirã a cheirar a Ribatejo. Quando, em meados de 2021, o casal começou a desenrolar uma ideia de futuro, que está em marcha, um hotel rural ecológico, já tinha na bagagem outro tipo de atividades. Uma delas, na destilaria, a produção de absinto. A segunda uma horta de produção de ervas e plantas aromáticas, que acabam, depois, por “distribuir” por outras casas comerciais e que servem para o desenvolvimento dos seus produtos. Mas enquanto o hotel rural enfrenta a bateria de licenciamentos necessários, a Paula e o João entenderam concorrer à concessão do Museu da Geodesia, bem no alto do Picoto da Melriça. E entre o Museu da Geodesia, que marca o Centro de Portugal, nomeadamente o Centro Geodésico de Portugal, a pequena cafetaria que ali existe ganhou vida. Passou a chamar-se “Rosa dos Ventos” porque “é o centro do mundo”, diz orgulhosa e com sorriso aberto a empresária. O nome faz todo o sentido no local onde está. Depois porque dos janelões a leste e norte pode o visitante apreciar a paisagem das beiras e, em dias límpidos, até pode ser vislumbrada a Serra da Estrela. E se estiver coberta de neve ainda melhor se vê. Depois o casal já tinha em Lisboa o “bolo de chocolate mais feio de Lisboa”, pelo que importou e adaptou a ideia com o lançamento do “bolo de chocolate mais feio de Vila de Rei”. E a promoção está bem à vista de todos na promoção no exterior, para que os visitantes e os turistas possam “comprar” uma prova e entrem no Museu. Nesta ideia do Museu, das casas de xisto perto do picoto que marca o Centro Geodésico de Portugal, os

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// O “BOLO DE CHOCOLATE MAIS FEIO DE VILA DE REI”

proprietários da “Rosa dos Ventos” pensam numa mão-cheia de ideias para desenvolver dentro e fora do Museu. Acima de tudo querem atrair visitantes e crianças, no sentido de poderem explicar o que é a geodesia e que marco é aquele que ali está com listas brancas e pretas. De acordo com os empresários, numa segunda fase, há a ideia de “procurar uma parceria com a Direção-Geral do Território para dinamizar o Museu junto das Escolas e dos parceiros da Rota da Estrada da Nacional 2 de forma a divulgar a ciência da Geodesia no panorama nacional e mundial.” Há, por outro lado, uma enorme vontade de criar “parcerias com outros espaços de forma a valorizar o turismo da região e os produtos endógenos locais.” Paula Gamito revela que “vamos trazer os nossos produtos para aqui, os nossos chás, as nossas ervinhas e colocar cá outros produtos do concelho.” Paula Gamito diz que, nesta paixão por Vila de Rei, têm muitas ideias que deverão culminar no Hotel Rural “Encosta dos Gamitos”, uma unidade a ser construída numa encosta perto da praia fluvial do Bostelim. Trata-se de uma

JORNAL DE ABRANTES / Março 2022

Quanto ao bolo, que de feio não tem nada. A ideia já vem de Lisboa, onde viviam os empresários. Depois foi uma questão de marketing e colocar a mesma ideia no centro de Portugal. E o local é procurado por turistas e por todos quantos circulam pela Rota da Estrada Nacional 2. Vamos ao nome. O nome surgiu porque, disse Paula Gamito, “é um bolo que não leva farinha, não tem glúten, não tem lactose. É um bolo mole.” E a empresária não tem problema em dizer quais são os ingredientes: “É feito com açúcar de côco, óleo de côco, ovos locais frescos, do dia, com cacau. E com estes ingredientes, se o bolo estiver quente ou não estiver no fresco começa a derreter. Fica tipo mousse.” E, explicou ainda Paula Gamito “quando se parte, derrete e fica feio. E para não defraudar expectativas dizemos que ele é feio.” É claro que acabam por receber é a ideia contrária, de que o bolo não é feito. E nesta sexta-feira, 4 de fevereiro, na apresentação do “novo” Museu da Geodesia com a “Rosa dos Ventos” as fatias, ao fresco, estavam bem direitinhas. Agora, para além do Museu da Geodesia, das fotos do Picoto, dos carimbos da Nacional 2 passa a haver também o “bolo de chocolate mais feio de Vila de Rei”. unidade com quartos totalmente enquadrados na paisagem natural, com piscina e com uma zona de agricultura biológica. Em junho de 2021 o Jornal de Abrantes tinha noticiado que tinha dado entrada nos serviços do Município de Vila de Rei o processo de licenciamento de um hotel rural para a zona da praia do Bostelim. Os investidores mantêm a ideia de avançar com um projeto de sustentabilidade que aposta para além da unidade de alojamento para

uma “quinta agrícola”, “com base numa agricultura biológica: plantas aromáticas, oliveiras, videiras, zimbro, como base de uma destilaria onde se fará a produção de destilados – principalmente Absinto”. Mas esta proposta dos empresários aponta ainda à “criação de uma marca de chás, condimentos, doces e compotas com os excedentes. No futuro, um mini lagar, para promover o “como se faz” da oliveira até ao fio de azeite”. Quanto ao hotel rural terá dois

pisos com 6 unidades de alojamento, com instalação sanitária privativa, sendo uma das unidades acessível a cidadãos com mobilidade condicionada. Tem depois, como é normal, as áreas técnicas, de estar, receção, cozinha e uma piscina biológica, prevista para o exterior. Este é o processo que atravessa os corredores dos licenciamentos necessários numa área ecológica e sensível, pois fica situada no meio da floresta. Jerónimo Belo Jorge


SAÚDE /

“Smart glasses” unem Torres Novas a Viena em cirurgia cardíaca inovadora // Centro de referência na Áustria apoiou a equipa do Serviço de Anestesiologia do CHMT de forma remota, através de uma tecnologia de ponta, para introdução de uma nova técnica anestésica pioneira. O Hospital de Torres Novas, unidade que integra o Centro Hospitalar do Médio Tejo (CHMT), foi palco de duas cirurgias da especialidade de Cardiologia que utilizaram uma tecnologia de Saúde inovadora, que uniu duas equipas médicas, de dois países e duas cidades afastadas por mais de 2.700 quilómetros, através de um par de “óculos inteligentes” e uma ligação de Internet de banda larga. A médica Georgia Riepl, do centro de referência austríaco Klinik Florisdorf, esteve a apoiar, em direto, a partir de Viena, o diretor do Serviço de Anestesiologia do CHMT, Nuno Franco e a sua equipa, a partir do Bloco Operatório do Hospital de Torres Novas, na introdução de uma inovadora abordagem de anestesia de bloqueio regional, no âmbito de duas cirurgias de implantes de cardiodesfibriladores (CDI) por via subcutânea em doentes cardíacos agudos. Esta técnica anestésica, minimamente invasiva, é uma alternativa à anestesia geral, o que no caso de doentes cardíacos, especialmente vulneráveis, “é uma mais-valia incontestável”. A sua introdução no CHMT só foi possível através do apoio clínico remoto prestado a partir da Áustria, através da utilização de uma tecnologia digital inovadora materializada num par de óculos muito especial – “Smart glasses”. Os “Smart glasses” são, tal como o nome sugere, “Óculos Inteligentes”. Os óculos em causa têm uma pequena câmara que está situada mesmo debaixo do olho, e essa câmara transmite a imagem de todo o campo cirúrgico e de todo o procedimento cirúrgico a um mentor, que pode estar em qualquer lado do mundo. No caso concreto, as preparações anestésicas das duas cirurgias cardíacas executadas no CHMT foram

transmitidas em direto para a médica Georgia Riepl, na Áustria, que teve acesso em tempo real a todo o procedimento, tendo apoiado e participado “a quatro mãos”, ainda que de forma remota, em todos os passos executados pela equipa de anestesiologistas liderada por Nuno Franco. Esteve também disponível no Bloco Operatório um pequeno visor pelo qual o médico Nuno Franco pôde guiar-se através da partilha de anotações por parte de Georgia Riepl, orientando-o neste novo procedimento. Tratando-se de um procedimento minimamente invasivo, a introdução desta técnica anestésica pioneira no CHMT, vai permitir um alargado conjunto de benefícios pré e pós-operatórios para os doentes do CHMT,

nomeadamente, a realização destes implantes em ambulatório, sem necessidade de internamento, e um pós-operatório menos doloroso devido à analgesia mais prolongada e localizada, com uma alta médica no próprio dia da cirurgia. Para além da cirurgia Cardíaca, a técnica anestésica poderá ser utilizada em contexto de traumatologia torácica. Esta foi a primeira vez que uma unidade hospitalar do CHMT recorreu à tecnologia de “smart glasses” em contexto cirúrgico. Esta possibilidade tecnológica vem dar resposta aos constrangimentos que a pandemia de COVID-19 provocou na formação de novas práticas e inovações clínicas, não só em Portugal como em todo o mundo. De facto, a atualização de conhecimentos e aprendizagem de novas técni-

cas e procedimentos foi comprometida pelas limitações de circulação e medidas restritivas inerentes ao controlo da pandemia da COVID-19. Neste registo digital e inovador que o CHMT implementou pela primeira vezno dia 22 de fevereiro, é possível trazer quaisquer especialistas, de quaisquer áreas e quaisquer locais do mundo, para o Bloco Operatório das unidades do Médio Tejo. Esta é uma ferramenta digital de proximidade cirúrgica de futuro, do qual os Hospitais do Médio Tejo são pioneiros a nível nacional. Visivelmente satisfeito com os resultados desta parceria, Nuno Franco, diretor de Anestesiologia do CHMT, refere: “Rápido, indolor e com menos riscos de complicações para o doente. São estes os benefícios da técnica anestésica que introduzi-

mos no CHMT, com o apoio remoto da drª Georgia Riepl, que só foi possível através da tecnologia de smart glasses. A equipa de Anestesiologia do CHMT pretende, agora, tornar-se um centro de referência desta técnica a nível nacional.” David Durão, diretor do Serviço de Cardiologia do CHMT, refere a importância da interligação entre as especialidades de Cardiologia e Anestesiologia: “A implantação de desfibrilhadores subcutâneos em doentes cardíacos será cada vez mais uma realidade no futuro pelo menor risco de complicações e por ser realizada de forma menos invasiva. Associado a isto, importa aprimorar a técnica anestésica durante o procedimento e pós-operatório, de modo que os doentes tenham uma recuperação mais rápida e menos dolorosa. Foi nesse sentido que a Dra. Georgia Riepl a partir da Áustria, partilhou a sua experiência e saber, colaborando com o Dr. Nuno Franco, através de tecnologia que permite e facilita formação interpares. A interligação entre a Cardiologia e a Anestesiologia é fundamental neste tipo de procedimentos”. Casimiro Ramos, presidente do Conselho de Administração do CHMT conclui que “o futuro acontece hoje. Os utentes do Centro Hospitalar do Médio Tejo podem orgulhar-se de ter as melhores e mais pioneiras respostas e cuidados de saúde a nível nacional e internacional, graças à iniciativa e dinâmica dos nossos profissionais, que merece o apoio incondicional do Conselho de Administração da instituição. A aposta na inovação e na melhoria contínua de procedimentos, competências e equipamentos e a projeção do CHMT a nível nacional é uma garantia que podemos deixar aos nossos utentes em contexto pós-pandemia”. PUBLICIDADE

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Março 2022 / JORNAL DE ABRANTES

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REGIÃO / Abrantes

Executivo aprova seis pontos para melhoria das condições de vida da pessoa idosa // Na reunião do Executivo de Abrantes realizada no dia 8 de fevereiro, o vereador eleito pelo movimento ALTERNATIVAcom apresentou uma proposta para deliberação intitulada “Abrantes, Território Amigo da Pessoa Idosa e da Coesão Intergeracional”. A proposta apresentada por Vasco Damas era composta por 10 pontos, aprovada na totalidade pelo vereador do PSD e com seis pontos aprovados pela maioria PS. A proposta refere que “a região Centro, com ênfase nos concelhos do interior, é a segunda mais envelhecida do país e com tendência para se agravar, alcançando em Abrantes um índice de envelhecimento próximo dos 280 idosos por cada 100 jovens (cerca de 230 no Médio Tejo). Este índice é duas vezes mais alto nas freguesias rurais do que nas da cidade. Sem surpresa, o índice de dependência de idosos atinge em Abrantes 48 pontos (41 no Médio Tejo), ou seja, há em média um idoso dependente de cada dois adultos em idade ativa. Note-se que cerca de ¾ da população idosa declara ter «muita dificuldade ou mesmo incapacidade para realizar uma ou mais atividades do quotidiano». Este problema tem vindo a merecer uma crescente atenção, buscando-se respostas para um envelhecimento ativo e saudável”. Pretende o movimento ALTERNATIVAcom “estimular comportamentos saudáveis ao longo da vida e adaptações aos défices físicos, mentais e sociais no final desta, otimizando-se as oportunidades para a saúde, participação e segurança, melhorando-se a qualidade de vida e a capacidade funcional que determina o bem-estar das pessoas idosas, e potenciando a contribuição destas para o desenvolvimento e progresso comunitário”.

A proposta

Os 10 pontos foram depois apresentados por Vasco Damas que propôs: “1- Abrantes – a cidade e o concelho – seja declarado “território amigo da pessoa idosa e da coesão intergeracional”, onde os princípios da solidariedade sénior e do envelhecimento ativo e saudável sejam cumpridos com o envolvimento e empenho da autarquia e de toda a comunidade; 2- Sejam operacionalizadas, ao nível do nosso concelho, as recomendações da ONU e das autoridades nacionais competentes para a Década do Envelhecimento Saudável (2021-2030), envolvendo todas as entidades relevantes, incluindo Serviços Municipais, Juntas de Freguesia, Universidades Sénior e outras; 3- Sejam divulgados os Indicadores de Monitorização Estratégica do DIT.04 – Envelhecimento e Serviços de Apoio à População Sénior, em especial a capacidade disponibiliza-

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tos que já estão implementados e a ser desenvolvidos e elencou algumas das boas práticas que já estão no terreno. Foram então aprovados seis dos 10 pontos da proposta intitulada “Abrantes, Território Amigo da Pessoa Idosa e da Coesão Intergeracional”, apresentada pelo movimento ALTERNATIVAcom. O Executivo aprovou os pontos 2, 3, 4, 5, 7 e 8 e votou contra os pontos 1, 6, 9 e 10.

O proponente

/ Proposta que visa coesão intergeracional e bem-estar da pessoa idosa aprovada na sua maioria da e taxa de utilização em Centros de Convívio e de Dia, Serviços de Apoio Domiciliário e Estruturas Residenciais para Idosos, assim como o nº de utilizadores de serviços de teleassistência; 4- Seja reforçado o apoio a programas, periódicos e continuados, de rastreio, diagnóstico e intervenção em matéria de saúde física e mental, combate à solidão, melhoria das acessibilidades e desenvolvimento das condições sociais da população idosa, incluindo dignidade e respeito, identidade e autonomia, habitação e segurança, abastecimento e alimentação, transportes e comunicações, socialização e visitação; 5- Sejam criadas ou melhoradas, nos bairros e nas aldeias de todas as freguesias, condições de fácil e adequado acesso aos média físicos e digitais, incluindo formação e apoio à navegação na Internet e nas redes sociais, assim como de convívio, passeio, exercício, lazer, valorização cultural e aprendizagens diversas, incluindo espaços verdes e amenidades que mitiguem os rigores do Verão e do Inverno; 6- Sejam valorizados os ambientes e recursos locais de proximidade, assim como a residência habitual das pessoas idosas, ao invés de ‘obrigá-las’ a deslocar-se, contra o seu desejo, para estruturas centra-

JORNAL DE ABRANTES / Março 2022

lizadas geralmente preferidas por perspetivas ou abordagens egoístas e economicistas; 7- Seja promovida a coesão intergeracional, através de programas colaborativos, de voluntariado e de intercâmbio que envolvam pessoas de diferentes idades e com diversos interesses e experiências temporais de vida, incluindo os relacionados com o alojamento de estudantes vindos de fora do concelho; 8- Sejam promovidas ações de empreendedorismo sénior e de formação em artes e ofícios artesanais, especialmente dirigidas à população sénior que mantém interesse em trabalhar e desenvolver negócios, como forma de se ocupar e/ou de obter rendimentos extras; 9- Sejam alargados os benefícios e simplificadas as normas de acesso ao Cartão Sénior, atribuindo-o automaticamente a todos os cidadãos com 65 ou mais anos e com residência oficial em Abrantes. Adicionalmente, estudar o alargamento deste Cartão – que passaria a designar-se ‘Solidário’ – aos Antigos Combatentes e às pessoas portadoras de deficiência; 10- Sejam oferecidas condições favoráveis ao investimento em residências/condomínios assistidos para idosos e outros projetos de saúde, descanso e vida saudável, em especial nas freguesias rurais”.

As reações

Vítor Moura, vereador eleito pelo PSD, votou favoravelmente a proposta e começou por dizer que todos os pontos “são a favor dos princípios que a titulam e não vemos razão para não a aprovar”. Destacou, no entanto, dois pontos. A pertinência do ponto 7, que visa o intercâmbio com pessoas de várias idades, que poderia ser replicado na comunidade estudantil e ainda o Cartão Sénior, para o qual deixou algumas sugestões. Também o ponto 9 mereceu um reparo de Vítor Moura que chamou a atenção para o facto de a atribuição do Cartão Sénior “estar indexada ao IAS - Indexante dos Apoios Sociais, “ao rendimento máximo para quem queira candidatar-se ao Cartão”. Na opinião do vereador social-democrata, “esta limitação está fora de contexto”. Para Vítor Moura, “teremos que alargar. Se não for para conceder o benefício para todos os seniores, pelo menos que se deixe de anexar ao IAS, que são apenas 443 euros e que se passe, pelo menos, para o salário mínimo nacional”. Manuel Jorge Valamatos, presidente da Câmara de Abrantes, informou que a maioria socialista votou favoravelmente seis dos 10 pontos em discussão e opôs-se a quatro. O autarca justificou com alguns proje-

À margem da reunião de Câmara, o vereador Vasco Damas disse à Antena Livre que o objetivo das propostas do movimento é apresentar algo que faça sentido à vida da comunidade, independentemente do sentido de voto da maioria socialista. No entanto, “reajo com satisfação porque como vimos a dizer desde a nossa constituição, nascemos para fazer parte da solução e ajudar na construção, sempre com elevação. É isso que temos feito e temos sempre tentado apresentar propostas que façam sentido, tanto ao nível do impacto na vida das pessoas, como na preocupação relativamente à preservação do Património”. Quanto à aprovação de alguns pontos da proposta apresentada, disse Vasco Damas que “quando as nossa propostas são bem acolhidas por parte do Poder Local, é óbvio que nós ficamos satisfeitos”. Contudo, acrescentou que “mesmo que não fossem aprovadas, não era isso que nos demoveria de continuarmos a trabalhar e de continuarmos a apresentar as propostas que, na nossa opinião, farão sentido para Abrantes e para os abrantinos”. Já no que diz respeito aos pontos que não foram aprovados, alguns por já estarem a ser implementados, Vasco Damas acredita “que possa haver algumas falhas de comunicação mas eu gosto de olhar para o lado positivo das situações. Acho que demos aqui um passo importante e decisivo relativamente a uma forma de trabalharmos em conjunto”. Até porque, como referiu o vereador, desde o início do mandato “temos aprovado tudo aquilo que achamos que faz sentido para o desenvolvimento da cidade e do concelho”. “Não estamos minimamente preocupados com a paternidade das ideias”, concluiu Vasco Damas. Patrícia Seixas


GALERIA / Lília Reis A paixão pela fotografia surgiu muito cedo com as primeiras experiências realizadas com o recurso de uma máquina fotográfica pertença dos meus pais. Anos mais tarde entrei no universo digital, da descoberta do fascinante mundo dos pixéis. As possibilidades quase ilimitadas de poder clicar, apagar, voltar a clicar, visualizar de imediato a imagem captada e editar de forma a potenciar o resultado final. A fotografia permitiu-me ver milhares de pequenos mundos dentro do universo em que vivo, isolando imagens, mostrando as suas vertentes através dos seus ângulos e cortes, procurando enfatizar detalhes, muitas vezes não tão visíveis, mas determinantes para o resultado final. A capacidade de captar o momento! Cada fotografia tem um pouco de mim, tem sentimento, tem partilha, tem reencontro. Essa é a razão pela qual amo a fotografia. Uma parte importante da minha veia fotográfica, consiste em dar a conhecer a minha humanidade e tem sido a maior motivação para continuar a fazê-lo, sempre que a oportunidade surgir. “Fotografar é colocar na mesma linha de mira, a cabeça, o olho e o coração” - frase de Henri Cartier-Bresson, com a qual me identifico imenso e tento imprimir nos meus registos fotográficos. No ano 2010 ganhei o meu primeiro prémio: uma menção honrosa no concurso de fotografia intitulado “Ano europeu de luta contra a pobreza e a exclusão social” promovida pela TPF Planege Lisboa. Como primeiro reconhecimento, teve efetivamente um sabor especial, revestido de forte motivação para continuar a participar em concursos. Outros prémios, exposições e iniciativas se seguiram, mas o mais importante, na minha perspectiva, é ter a oportunidade de comunicar, transmitir sentimento e emoção. Tenho atualmente uma fotografia exposta na Exposição Intercontinental de Arte Online 2020 – 2021 "NAÇÕES UNIDAS - Símbolo da Vida, Liberdade e Felicidade", como única representante nacional, cuja inauguração na sede das Nações Unidas em Nova Iorque, tem vindo a ser adiada pelas restrições pandémicas da própria ONU, que também conta com uma sede na Europa localizada em Genebra, na Suíça, onde está prevista ser inaugurada a exposição este ano de 2022. Evento dedicado ao 75º Aniversário das Nações Unidas, (24 de Outubro de 2020), com 216 artistas – 193 países – 6 continentes de todos os 193 Estados Membros das Nações Unidas unidos numa exposição que é uma estreia mundial absoluta.

Março 2022 / JORNAL DE ABRANTES

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REGIÃO / Médio Tejo Investimento de 6,3ME para manter 491 empregos e criar 67 novos no Médio Tejo Os 42 projetos financiados pelo Programa de Apoio à Produção Nacional na região do Médio Tejo, num investimento total de 6,3 milhões de euros, formalizados em 10 de fevereiro, vão permitir manter 491 empregos e criar 67 novos, disse a presidente da CIMT. A presidente da Comunidade Intermunicipal do Médio Tejo (CIMT), Anabela Freitas, disse que as 42 candidaturas aprovadas no âmbito do Programa de Apoio à Produção Nacional (PAPN) vão receber 3,3 milhões de euros do Fundo Europeu para o Desenvolvimento Regional (FEDER), não reembolsáveis, num investimento global de 6,3 milhões de euros, representando um apoio de 40%, percentagem que vigora para investimentos no interior do país. A assinatura dos contratos das 42 candidaturas aprovadas, 26 na área industrial e 16 ligadas ao turismo, realizou-se na Biblioteca Municipal de Tomar, numa cerimónia que contou com a presença da ministra da Coesão Territorial, Ana Abrunhosa, e das presidentes do Programa Operacional Regional Centro 2020, Isabel Damasceno, e da CIMT, Anabela Freitas. Anabela Freitas realçou a importância do financiamento disponibilizado às micro e pequenas empresas, predominantes no tecido empresarial da região, sobretudo num período que se segue a uma crise pandémica, “que trouxe associada uma crise económica e uma crise social”.

A também presidente da Câmara Municipal de Tomar afirmou que a CIMT recebeu um total de 96 candidaturas, que totalizam um investimento de 7,7 milhões de euros, correspondendo 6,3 milhões aos 42 projetos formalizados hoje, os quais vão ser desenvolvidos em 12 dos 13 concelhos que integram a comunidade intermunicipal. “Nesta altura, virem estes apoios para as empresas, e o nosso tecido empresarial é essencialmente de micro e pequenas empresas, é muito importante para o território”, afirmou. Anabela Freitas afirmou que estas foram as primeiras candidaturas submetidas à CIMT e apresentadas depois à Comissão de Coordenação e Desenvolvimento Regional (CCDR) Centro, estando as restantes em fase de apreciação. O PAPN apoia a aquisição de máquinas, equipamentos, serviços tecnológicos/digitais, sistemas de certificação, transição digital e energética e a introdução de processos de produção mais sustentáveis, sendo objetivo estimular a produção nacional, tornando o país menos dependente do exterior.

AGRIVENDENSE COOPERATIVA DOS AGRICULTORES DA FREGUESIA DE ENVENDOS, C.R.L. Sede: Envendos, concelho de Mação. NIPC 501296263

ASSEMBLEIA GERAL EXTRAORDINÁRIA

CONVOCATÓRIA De acordo com o artigo 23 0 alínea e 3 do artigo 250 alíneas 1, 2 e 3 dos estatutos, vem o Presidente da Mesa da Assembleia Geral, convocar uma Assembleia Geral Exfraordinária para o dia 5 de março de 2022, 14 horas com a seguinte ordem de trabalhos: Ponto Unico-Apreciação e Votação das propostas de alienação de máquinas agrícolas, nomeadamente trator e alfaias Nota: se á hora marcada o número de sócios presentes for inferior á metade do número de Sócios, a Assembleia reunirá, 1 hora depois em segunda convocatória com plenas frnções, seja qual for o numero de sócios presentes. Envendos, 18 de fevereiro de 2022 O Presidente da Mesa da Assembleia Geral

José Luis Monteiro da Mata Torres

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JORNAL DE ABRANTES / Março 2022

CARTÓRIO NOTARIAL EM ABRANTES A CARGO DA NOTÁRIA ANDREIA SORAIA MARTINS SILVA Extrato Notarial de Escritura Pública de “Justificação” _____ Certifico narrativamente, para efeitos de publicação, que por escritura lavrada na presente data a folhas oito e seguintes, do livro de notas para escrituras diversas número vinte e oito, do Cartório Notarial em Abrantes, sito na Avenida 25 de Abril, número duzentos e quarenta e oito, freguesia de União das Freguesias de Abrantes (São Vicente e São João) e Alferrarede, da Notária, Andreia Soraia Martins Silva: ALZIRA DA CONCEIÇÃO COELHO DOS REIS FERREIRA, que também usou Alzira da Conceição Coelho, NIF 120.053.241, natural da freguesia de Martinchel, concelho de Abrantes, casada sob o regime da comunhão de adquiridos com Simão Bolivar dos Reis Ferreira, residente na Rua Eça de Queirós, número 4, sexto andar D, Miratejo, 2855-236 Corroios, freguesia de Corroios, concelho de Seixal, e MARTA FILIPA COELHO MONTEIRO FERNANDES, casada, natural da freguesia de Campo Grande, concelho de Lisboa, residente na Rua Carlos Seixas, número 7, Charneca de Caparica, Almada, titular do cartão de cidadão número 11536899 0 ZY0, válido até 16.08.2022, emitido pelos serviços competentes da República Portuguesa, que outorga na qualidade de procuradora em representação de:----------------------------------------------------------------------------------------------------------- SIMÃO BOLIVAR DOS REIS FERREIRA, NIF 171.433.386, natural da Guiné-Bissau, de nacionalidade portuguesa, casado com a primeira outorgante sob o aludido regime de bens e com ela residente, qualidade e poderes para a prática deste acto que verifiquei por procuração. DECLAROU A OUTORGANTE ALZIRA DA CONCEIÇÃO COELHO DOS REIS FERREIRA, SOB SUA INTEIRA RESPONSABILIDADE: -------------------------------------------------------------------- Que, é dona e legítima possuidora, com exclusão de outrem, dos seguintes bens imóveis, não descritos na Conservatória do Registo Predial de Abrantes;------------------------------------------------ UM) Prédio urbano, composto de casa de habitação, em ruinas, localizado ou denominado Vilelas, freguesia de Martinchel, atualmente Rua da Arroteia, sem número, Martinchel, concelho de Abrantes, com a área total de cento e cinquenta e quatro metros quadrados, com a área de superfície coberta de noventa e nove metros quadrados, área descoberta de cinquenta e cinco metros quadrados, a confrontar de norte e de nascente com Maria Adelaide Luísa Sebastião Pedro, de sul com Estrada, e de poente com Herdeiros de Manuel Sebastião, inscrito na matriz predial urbana da freguesia de Martinchel sob o artigo 957, com o valor patrimonial correspondente de 5.250,00€, a que atribui igual valor.---------------------------------------------- Que desconhece outros artigos anteriores a este imóvel, nomeadamente, o artigo rústico onde foi implantado o urbano; e------------------------------------------------------------------------------------------ DOIS) Prédio rústico, composto de cultura arvense, localizado ou denominado Martinchel, freguesia de Martinchel, concelho de Abrantes, com a área de mil e oitenta metros quadrados, a confrontar de norte com Fernando de Assunção Mendes, de sul com Caminho, de nascente com Norberto José Soares Constantino e de poente com Fernanda dos Santos Martinho Oliveira, inscrito na matriz predial rústica da freguesia de Martinchel, sob o artigo 69, secção B, com o valor patrimonial para efeitos de IMT de 13,55€, a que atribui igual valor.----------- Que desconhece outros artigos anteriores a este imóvel, nomeadamente, os artigos que vigoraram em anterior matriz. MAIS DECLAROU A OUTORGANTE ALZIRA DA CONCEIÇÃO COELHO DOS REIS FERREIRA: Que os prédios ora justificados, vieram à posse dela justificante, em dia que não consegue precisar, mas no mês de janeiro do ano de mil novecentos e setenta e três, data em que entrou na posse dos mesmos, ainda no estado de solteira, por doação meramente verbal feita por sua avó, Maria Júlia Gomes Nogueira de Oliveira, solteira, maior, residente que foi em Vilelas, Martinchel, Abrantes, nunca tendo formalizados os respetivos contratos por Escritura Pública, de modo a proceder aos registos na Conservatória do Registo Predial.-----------------------------------------------Que desde esse ano, ou seja, há mais de vinte anos, entrou ela justificante, na posse dos mencionados bens, e de imediato os ocupou e passou a usufruí-los, exercendo de imediato e de aí em diante todos os atos de posse, sendo que relativamente ao prédio urbano o mesmo foi cuidado, conservado e valorizado, vedando-o, pagando os respetivos impostos, limpando-o, efetuado as necessárias intervenções de beneficiação, tratando da sua limpeza, fazendo obras de manutenção e conservação, guardando neles pertences, haveres, utensílios, isto é, gozando de todas as suas utilidades e benefícios, tudo isto ininterruptamente, sem violência, ou oposição de quem quer que seja, e relativamente ao prédio rústico, vedando-o, plantando-o, semeando-o, lavrando-o, cultivando-o, colhendo os respetivos frutos, pagando impostos, isto é, gozando de todas as utilidades, direitos, e benefícios por ele proporcionadas.----------------- Que, sempre administrou os imóveis supra identificados, sem qualquer interrupção, com o conhecimento de toda a gente, sem oposição de quem quer que seja, e com o ânimo de quem exerce direito próprio, ou seja, exercendo essa mesma posse de forma contínua, pública, pacífica, e de boa-fé.--------------------------------------------------------------MAIS DECLAROU A OUTORGANTE ALZIRA DA CONCEIÇÃO COELHO DOS REIS FERREIRA: ------- Que dadas as características de tal posse, invoca a aquisição desses bens por usucapião, justificando o direito de propriedade destes, para efeitos de inscrição na “Conservatória do Registo Predial de Abrantes”, dado que esta forma de aquisição não pode ser comprovada por qualquer outro título formal extrajudicial.-------------------------------------------------------------------------- Que, meramente para efeitos de registo predial, devido à distância temporal, relativamente aos prédios não descritos, supra identificados, desconhece os possuidores anteriores ao supramencionado, bem como se os prédios estiveram inscritos em anterior matriz, e que não têm documento algum onde possa verificar a proveniência dos artigos, para além dos indicados.---------------------------------------------------------------------PELA OUTORGANTE MARTA FILIPA COELHO MONTEIRO FERNANDES NA SUA INVOCADA QUALIDADE FOI DITO: ------------ Que, em nome do seu representado, Simão Bolivar dos Reis Ferreira, confirma as declarações prestadas pela outorgante ALZIRA DA CONCEIÇÃO COELHO DOS REIS FERREIRA, sua cônjuge, e que o seu representado reconhece a natureza de bens próprios da sua respetiva cônjuge, a ora outorgante ALZIRA DA CONCEIÇÃO COELHO DOS REIS FERREIRA sobre os imóveis supra identificados e ora neste ato justificados Está conforme o original. _____Abrantes, 21 de fevereiro de 2022.

CARTÓRIO NOTARIAL DE MARIA DA CONCEIÇÃO RIBEIRO Rua Dr. Eduardo de Castro, n.º19, r/c, 6110-218 Vila de Rei Telf: 274.898.162 Tlm: 927.735.540 EXTRACTO DE JUSTIFICAÇÃO Certifico narrativamente, para efeitos de publicação, que por escritura outorgada em vinte e três de fevereiro de dois mil e vinte e dois, exarada a folhas trinta e um e seguintes, do livro de notas para escrituras diversas número TREZE – A, JOSÉ SOARES DA COSTA, NIF 131.753.274, e mulher MARIA IDALINA FRANCISCO DA SILVA COSTA, NIF 131.753.266, casados sob regime da comunhão geral, naturais ele da freguesia de Souto, concelho de Abrantes, ela da freguesia e concelho de Vila de Rei, residentes habitualmente na Rua Principal, número 18, lugar de Cabecinha, freguesia e concelho de Vila de Rei, declarou que são donos e legítimos proprietários, com exclusão de outrem, do seguinte imóvel: Prédio rústico, composto de terra de figueiras e olival, sito em Cerro, freguesia de Fontes, concelho de Abrantes, com a área de setecentos e vinte metros quadrados, a confrontar do norte com António Jesus Horta, José Jesus Horta e herdeiros de Alexandre Lourenço Horta, do sul com herdeiros de Francisco Antunes e herdeiros de Maria Palmira de Jesus, do nascente com Estrada e do poente com Tnélis – Construções e Materiais, Lda., omisso na Conservatória do Registo Predial de Abrantes, inscrito na matriz em nome de Manuel Diogo Delgado, sob o artigo 316, secção AI, com o valor patrimonial tributário de 84,19 euros. Que desconhecem a proveniência do artigo, apesar das buscas efetuadas. Que o imóvel acima identificado lhes pertence por compra meramente verbal que dele fizeram a Manuel Diogo Delgado e mulher Ilda Santos Costa Delgado, casados sob o regime da comunhão geral, residentes em 86 – Nottingham Road, Kensington, Joanesburgo, Africa do Sul, feita em data que não sabem precisar, mas que se situam no ano de mil novecentos e noventa e cinco, e portanto, há mais de vinte anos, os justificantes já no estado de casados entre si no indicado regime de bens. Que desde que a mesma foi efetuada até esta data, sempre os ora justificantes, usufruíram do citado imóvel, ininterruptamente, à vista de toda a gente, sem oposição de quem quer que seja, com a consciência de utilizarem e fruírem coisa exclusivamente sua, adquiridas de anteriores proprietários, plantando, limpando-lhe o mato e dele retirando os seus normais frutos, produtos e utilidades. Que em consequência de tal posse, em nome próprio, pacífica, pública e contínua, adquiriram sobre o dito imóvel o direito de propriedade por usucapião, não tendo em face do modo de aquisição, documento que lhes permita comprovar o seu direito de propriedade perfeita. Está conforme.________________ Cartório Notarial de Vila de Rei, a cargo da Notária Maria da Conceição Fernandes Ribeiro, vinte e três de fevereiro de dois mil e vinte e dois.

NOTARIADO PORTUGUÊS CARTÓRIO NOTARIAL DE SÓNIA ONOFRE EM ABRANTES A CARGO DA NOTÁRIA SÓNIA MARIA ALCARAVELA ONOFRE ---Certifico para efeitos de publicação que por escritura lavrada no dia catorze de Fevereiro de dois mil e vinte e dois, exarada a folhas trinta e seguintes, do Livro de Notas para Escrituras Diversas DUZENTOS E QUINZE — A, deste Cartório Notarial, foi lavrada uma escritura de JUSTIFICAÇÃO, na qual a Senhora LISETE DA CONCEIÇÃO ALVES PEREIRA, contribuinte fiscal número 105 213 608, viúva, natural da freguesia de Mouriscas, do concelho de Abrantes, residente na Rua Aquilino Ribeiro, lote 35, segundo andar C, em Lisboa, DECLAROU, que, com exclusão de outrem, é dona e legítima possuidora do prédio rústico, sito em Fonte de Ferro, na freguesia de Mouriscas, do concelho de Abrantes, composto de cultura arvense, oliveiras, cultura arvense de regadio, citrinos, figueiras e olival, com a área de três mil e quatrocentos metros quadrados, inscrito na matriz sob o artigo 123 da secção X. ---Que o prédio encontra-se descrito na Conservatória do Registo Predial de Abrantes sob os números CINCO MIL TREZENTOS E TRINTA E OITO/Mouriscas e CINCO MIL TREZENTOS E TRINTA E NOVE/Mouriscas e lá inscrito sete oitavos (7/8) a favor de Francisco Gonçalves Filipe e mulher Beatriz de Jesus Gigante, residentes em Lobito — Angola e um oitavo (1/8) a favor de Clementina de Oliveira e marido Luís Gonçalves Filipe, residentes em Pinceiro - Mouriscas, pela inscrição Ap. 1, de 29/07/1955. ---Que, o prédio ora justificado veio à posse da Justificante por o haver adquirido, a Francisco Gonçalves Filipe e mulher Beatriz de Jesus Gigante Gonçalves, na totalidade, em vinte de Abril de mil novecentos e setenta e sete, por escritura de compra e venda, exarada a folhas trinta e seis verso, do Livro de Notas TREZENTOS E TRINTA E UM-A, do Cartório Notarial de Mação, e na mencionada escritura o prédio adquirido estava inscrito na matriz sob os artigos 1435 e 1437 e correspondia ao conjunto dos descritos na Conservatória sob os números 27.209, a folhas 187, do Livro B-SESSENTA E NOVE e 39.460, a folhas 157, do Livro B-NOVENTA E NOVE, actualmente inscrito na matriz sob o artigo 123 da secção X e descrito na Conservatória sob os referidos números CINCO MIL TREZENTOS E TRINTA E OITO/Mouriscas e CINCO MIL TREZENTOS E TRINTA E NOVE/Mouriscas. ---Que a justificante não possui, assim, título que permita estabelecer o trato sucessivo, relativamente ao oitavo (1/8) do mencionado prédio, em que são titulares inscritos Clementina de Oliveira e marido Luís Gonçalves Filipe, até si, a sua actual possuidora. ---Que, desde, pelo menos, mil novecentos e setenta e sete, a justificante vem exercendo continuamente a posse do prédio, à vista e com o conhecimento de toda a gente da freguesia e freguesias limítrofes, usufruindo de todas as utilidades do mesmo, amanhando-o, cultivando-o, apanhando a fruta, na convicção de exercer direito próprio, ignorando lesar direito alheio, sendo reconhecida como sua dona por toda a gente, pacificamente, porque sem violência, continua e publicamente, de forma correspondente ao exercício do direito de propriedade, sem a menor oposição de quem quer que seja e pagando os respectivos impostos, verificando-se assim todos os requisitos legais para que a aquisição do citado imóvel seja por usucapião, título este que, por natureza, não é susceptível de ser comprovado pelos meios normais. ---Que os titulares inscritos foram notificados por carta registada com aviso de recepção, para a morada deles conhecida e editalmente nos termos do artigo 990 do Código do Notariado, nomeadamente pela afixação de editais na Junta de freguesia de Mouriscas, do concelho de Abrantes e na Conservatória do Registo Predial de Abrantes, cujo Processo se encontra arquivado sob o número 04/2021 , do ano de 2021 , no Maço de Notificações de Titulares Inscritos. ---Está conforme ao original e certifico que na parte omitida nada há em contrário ou além do que nesta se narra ou transcreve. ---Abrantes, 14 de Fevereiro de 2022.


ELEIÇÕES AUTÁRQUICAS /

Há três listas a concorrer a Alvega e Concavada

OPINIÃO /

// Há três listas para as eleições de 27 de março na União de Freguesias de Alvega e Concavada O PS apresenta a mesma equipa que integrou a lista para as autárquicas de 26 de setembro. A CDU também se apresenta ao ato eleitoral. A novidade para estas eleições é o aparecimento de uma lista de um movimento independente com a fusão das listas de setembro do PSD e Bloco de Esquerda que não entram na corrida a esta União de Freguesias. Desta forma, há três listas entregues no Tribunal de Abrantes e que, depois de validadas pelo Juiz, ficaram aptas a entrar nas eleições de 27 de março. A campanha eleitoral acontecerá entre os dias 14 e 25 de março. O PS apresenta a mesma equipa liderada por José Felício e presidente da União de Freguesias em exercício. Seguem-se Carlos Francisco, Vera Catarino e Augusto Pires. A CDU muda o cabeça de lista em relação a setembro do ano passado. A lista é liderada por Augusto Mourato, seguindo-se João Farinha, Marta Delgado e Fernando Matos. O MIUFAC (Movimento Independente da União de Freguesias de Alvega e Concavada) junta na

mesma lista nomes que integraram as listas de PSD e Bloco de Esquerda em setembro do ano passado. O MIUFAC apresenta António Moutinho (foi o cabeça de lista do PSD) como candidato a presidente da União de Freguesias, seguindo-se Eduardo Jorge (foi o cabeça de lista do Bloco de Esquerda, como independente). Seguem-se Clara Vicente e Joaquim Catarrinho. Nas eleições autárquicas de 26 de setembro, o PS venceu as eleições para aquela união de freguesias do concelho de Abrantes por 23 votos, elegendo três elementos, tantos quantos o PSD, a segunda força política mais votada, e tantos quantos o BE, ou seja, três elementos cada um. Na primeira tentativa de instalação dos órgãos autárquicos na freguesia, em 16 de outubro, o presidente eleito, José Felício, o único eleito que pôde apresentar propostas para formação do executivo, propôs que os dois vogais fossem da sua lista, ocupando as funções de secretário e de tesoureiro, proposta rejeitada pela maioria, tendo, em sequência, em 22 de outubro, o PS apresentado

os mesmos nomes, mas invertendo as suas funções, o que foi novamente chumbado pela oposição com seis votos contra (BE e PSD), e três a favor por parte do PS. Ficou então marcada para o dia 25 de novembro uma terceira reunião no sentido de poder ser encontrada uma solução para a Junta de Freguesia de Alvega e Concavada. A reunião realizou-se e não havendo entendimentos entre as três forças políticas, os elementos das listas do PSD e do Bloco de Esquerda apresentaram renúncia ao mandato, empurrando, desta forma, a resolução da falta de entendimento para os eleitores. Seguiu-se então o processo administrativo que levou um representante do Governo a decretar a realização de eleições, que teriam de ocorrer seis meses após o ato eleitoral anterior, ou seja seis meses depois do 26 de setembro de 2021. O prazo para apresentação das listas terminou a 14 de fevereiro, a campanha eleitoral acontecerá entre 14 e 24 de março, e o ato eleitoral terá lugar a 26 de março. Jerónimo Belo Jorge

As sanções chegarão?

A

/ Nuno Alves / MESTRE EM RELAÇÕES INTERNACIONAIS / nmalves@sapo.pt

Rússia está sob sanções económicas dos EUA e da União Europeia há já vários anos consecutivos e, ainda assim, isso não tem impedido o governo russo de se aventurar em jogadas geopolíticas mais ambiciosas. E, se invadir a Ucrânia, a Rússia arrisca-se a sofrer sanções ainda mais graves. No entanto, será a ameaça de novas sanções suficiente para conter a Rússia? Bem, qualquer sanção económica causa danos severos na economia do país à qual elas são aplicadas. Por exemplo, após a Rússia anexar a Crimeia, em 2014, as sanções aplicadas pela União Europeia e EUA conduziram a uma crise financeira e a uma vaga de inflação na economia russa que superou os 15%. Contudo, desde aí a Rússia aprendeu a sua lição e tem vindo a organizar internamente a sua economia para se tornar mais resistente ao reforço das sanções económicas. Antes de mais, a Rússia é um dos poucos países do mundo que se pode dar ao luxo de dizer que beneficia de abundância nas matérias-primas mais importantes: petróleo, gás natural, produtos agrícolas e minérios. Esta quase auto-suficência permite à Rússia permanecer protegida face à volatilidade dos mercados internacionais. Ao mesmo tempo, nos últimos anos, para se proteger de sanções que limitem o acesso russo aos mercados internacionais, o Banco Central da Rússia acumulou a quinta maior reserva de divisas estrangeiras do mundo. Isto significa que o governo russo tem o poder de proteger a moeda nacional de qualquer sanção económica e, ao mesmo tempo, pode usar as suas reservas monetárias para impedir que a sua economia fique isolada dos mercados internacionais. Os EUA ameaçam retirar a Rússia do sistema internacional de comunicações financeiras SWIFT, que permite a realização de transações financeiras em todo o mundo e com o encerramento do gasoduto Nord

Stream II, que brevemente levará gás natural russo pelo mar Báltico até à Alemanha. Contudo, estas ameaças podem, na realidade, ser um grande tiro no pé para o Ocidente. É inegável que elas causarão problemas à economia russa. Mas, provavelmente, poderão provocar mais problemas às economias ocidentais. A entidade que gere o sistema SWIFT nem sequer tem sede no EUA, mas sim na Bélgica. E sendo uma entidade privada, a sociedade que gere o SWIFT terá dúvidas em retirar a Rússia do sistema, já que é o segundo país do mundo com o maior número de utilizadores desta rede. Ao mesmo tempo, a Rússia já desenvolveu redes paralelas ao SWIFT que lhe permitirão continuar a operar financeiramente a nível interno. Mesmo Wall Street já manifestou receios em relação a uma invasão russa, já que isso irá fazer disparar o preço do petróleo e, por por consequência, agravará o problema da inflação nos EUA, com uma quase inevitável subida pouco desejada das taxas de juro. Em relação ao encerramento do Nord Stream II, bem, é caso para dizer que a Europa precisa mais da Rússia do que a Rússia da Europa. Além disso, por mais que tente disfarçar, o governo alemão tem muitas reticências em avançar com esta opção, mesmo sendo um projecto de origem privada. Com a China a mudar a sua produção energética do carvão para o gás natural, o mercado chinês, bem maior que o europeu, é agora uma alternativa fiável no caso de a Europa tentar reverter a sua enorme dependência do gás russo.

Março 2022 / JORNAL DE ABRANTES

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REGIÃO / Gavião Governo autoriza abate de 1.079 sobreiros e Quercus manifesta-se contra

OPINIÃO /

// A associação ambientalista Quercus manifestou-se contra a decisão do Governo de autorizar o abate de 1.079 sobreiros no concelho de Gavião, para a instalação de uma central fotovoltaica, numa área com cerca de 15 hectares. “A Quercus considera que existiam alternativas de localização que permitiam a preservação do montado de sobro que não foram consideradas e qualifica esta decisão como inaceitável”, pode ler-se num comunicado enviado às redações. Num despacho publicado em 15 de fevereiro em Diário da República (DR) e assinado dia 3 pelo ministro do Ambiente, João Pedro Matos Fernandes, é declarado que o projeto que vai ser desenvolvido pela empresa Amargilha, Unipessoal Lda. é de “imprescindível utilidade pública”. No despacho é explicado que, além do arranque de 1.079 sobreiros, foi também solicitado o abate de quatro azinheiras para permitir a instalação da central fotovoltaica que vai contar com um investimento de “aproximadamente 95 milhões de euros”. O Governo considera de “relevante interesse público, económico e social” este projeto, bem como a sua “sustentabilidade”, uma vez que se destina à produção de energia elétrica a partir de recursos renováveis, contribuindo para o cumprimento das metas nacionais e da União Europeia nos domínios das energias provenientes de fontes renováveis e da redução de emissões de gases com efeito de estufa. “Considerando que a instalação deste tipo de empreendimentos significa um aumento da produção de energia elétrica a partir de fontes renováveis, participando por isso na descarbonização do setor da energia elétrica e contribuindo para a trajetória da neutralidade carbónica, a atingir em 2050” lê-se ainda no documento. Para a Quercus, o despacho “favorece” a empresa promotora, na qualidade de arrendatária de vários prédios rústicos sitos em Margalha, Lamarancha, Perna do Arneiro e Vale da Vinha, localizados nas freguesias de Margem e União das Freguesias de Gavião e Atalaia. Ainda segundo a Quercus, a Declaração de Impacte Ambiental (DIA) refere que, na comissão de avaliação, o ICNF, no âmbito das suas competências, emitiu “parecer desfavorável” ao projeto da Central Solar Fotovoltaica de Margalha. A Quercus considera igualmente “inaceitável” que a Agência Portuguesa do Ambienta (APA), “tenha proposto a emissão de uma DIA favorável” condicionada ao projeto,

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A voz

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“contrariando” pareceres de autoridades administrativas.

Autarca defende central fotovoltaica que requer abate de sobreiros O presidente da Câmara de Gavião, José Pio, defendeu que o concelho “não se pode dar ao luxo” de afastar investimentos, como o do projeto da central fotovoltaica que implica abater 1.079 sobreiros. “Um concelho como Gavião não se pode dar ao luxo de afastar seja que investimento for, muito menos um investimento na ordem dos 100 milhões de euros”, disse o autarca. José Pio reconheceu que investimentos como o da Central Solar Fotovoltaica de Margalha não criam muitos postos de trabalho, na fase de exploração. Mas, ressalvou, durante o período de construção da central, os operários poderão ser uma “mais-valia” para a dinamização do comércio daquele concelho do Alto Alentejo, no interior do país. “Eu sei muito bem que não cria muitos postos de trabalho. Agora, terá um período de construção de cerca de dois anos” no âmbito do qual “permanecerão na zona da central 200 trabalhadores”, disse.

JORNAL DE ABRANTES / Março 2022

E isso “é tudo uma mais-valia que o concelho poderá aproveitar de forma muito objetiva naquilo que é a dinamização do comércio e até da indústria”, frisou. Em relação ao abate de 1.079 sobreiros e de quatro azinheiras, necessário para o desenvolvimento da Central Solar Fotovoltaica da Margalha e já autorizado pelo Governo, o presidente da Câmara de Gavião desdramatizou a situação. “São sobreiros que estão dispersos, não têm propriamente uma ligação entre eles no montado. E muitos deles são sobreiros cuja cortiça nem sequer é aproveitada, é de muito pouca qualidade”, afiançou. Ao acolher um projeto desta natureza, o autarca disse também querer que “as pessoas percebam” que o concelho de Gavião “está disponível para aceitar investimentos produtivos”, como e o caso dos ligados a energias renováveis, que “são o futuro do país”. A infraestrutura, que vai ser acompanhada por uma Linha Elétrica de Muito Alta Tensão (400 quilovolts), vai ter uma potência instalada de 144 megawatts-pico (MWp) e uma potência de ligação à rede de 120 megavolts-ampere (MVA), de acordo com o EIA. C/ Lusa

odrigo Lourenço, o vencedor. Depois, por ordem alfabética, Daniel Fernandes, Edmundo Inácio, João Leote e Mariana Rocha. Foram os finalistas do The Voice Portugal, que aqui representam todos os – muitos – concorrentes. O mais interessante nesta edição foi o elevado nível dos seus participantes. Um ou outro são já profissionais rodados no terreno. Mas houve também muitos jovens à procura da oportunidade que sonham e na qual se focam com um elevado compromisso. Como no caso do vencedor, um jovem de 17 anos e uma maturidade musical surpreendente. Bastou querer procurar, bastou criar uma oportunidade: os valores apareceram. Depois, com um clima favorável e com apoio à altura, os jovens, por vezes inseguros, foram subindo na cadeia de valor artístico e atingiram níveis elevados. É assim com todos os programas de procura de talentos. Quem procura encontra. Devemos tirar a lição. Também na região que é a nossa há um sem número de jovens e adultos que, se tivessem uma oportunidade e apoios à medida, fariam percursos de qualidade. Não apenas no canto. Também no desporto, na escrita, na pintura, na produção de vídeo, na criatividade social, na imaginação de produtos económicos, no empreendimento empresarial e assim por diante. Lembremos, a título de exemplo, que muitos escritores hoje de topo se iniciaram nas páginas juvenis dos jornais diários. A ocasião não faz apenas o ladrão. Uma sociedade que não cria oportunidades desaproveita as possibilidades que tem à mão. Se queremos ter um futuro melhor, este é um dos caminhos a seguir. Mas não podemos deixar de lado a qualidade do ambiente que, sessão após sessão, desafiou os concorrentes a superarem as suas possibilidades iniciais. Um ambiente medíocre é mediocrizante, um ambiente de exigência bem medida é qualificante. O nível da sociedade local e regional que formamos depende, em boa medida, da qualidade dos ambientes

/ José Alves Jana / FILÓSOFO

sectoriais que a constituem: famílias, empresas, associações, serviços públicos, em especial as escolas. Este é um caminho a percorrer: a qualificação dos ambientes em que vivemos tanto a nossa vida profissional como a privada. E basta ouvir os jovens valores que se apresentam a concurso para vermos que por detrás de uma promessa há um trabalho sólido que o ajudou a construir-se. A família, sem dúvida, mas também uma qualquer escola – de dança, de música, de artes circenses, de desporto… – que dá consistência e realidade àquilo que de início é só desejo e promessa. Não há milagres, há resultados – quando há apostas qualificantes. As oportunidades não existem, constroem-se. O desenvolvimento não é um dado, mas o resultado do modo como funcionam as estruturas do sistema social. O The Voice ou o Got Talent revelam o que existe, mas por detrás há muito trabalho a produzir aquilo que ali se mostra. Não basta o desejo vago: “Queria muito…”. O valor vem de outro lado. E nós não estamos organizados para gerar valor e para o aproveitar potenciando-o. É também por isso que muitos – jovens e adultos – têm de sair à procura das oportunidades que por aqui não existem. É claro que não podemos ter aqui tudo do bom e do melhor, mas é necessário pensarmos que podemos ir muito mais longe do que os níveis a que já conseguimos chegar. Se nos organizássemos… se não estivéssemos tão voltados para o nosso umbigo… poderíamos levantar voo.

A ocasião não faz apenas o ladrão.


REGIÃO / Vila de Rei Autarca critica governo por má gestão da água no Castelo de Bode / Jorge Sousa Lopes

A pandemia dos comentadores

“visto que estamos quase a atingir a cota mínima que temos na captação. Só tenho informação verbal, não tenho informação por escrito. Mas o que espero é que comece a chover o mais depressa possível. Espero que esta medida (proibição da produção de eletricidade na barragem do Castelo de Bode) não tenha sido tomada muito tarde.” Já o turismo, primavera e verão de 2022, pode estar seriamente comprometido e “por isso é que disse que espero que chova”. É que Fernandaires e Zaboeira são duas zonas balneares de Vila de Rei que podem ter um verão muito complicado. É que todas as estruturas foram feitas tendo como base a cota normal no verão, muito superior aquela que existe, neste momento (fevereiro). Há soluções, mas implicam investimentos e gastar dinheiro. Por exemplo, explicou Ricardo Aires ao Jornal de Abrantes, já pedimos para prolongar uma

rampa para deixar os barcos na água, no ancoradouro de Fernandaires e ainda não tivemos resposta. Por outro lado, lamentou o autarca, o “cable park” de Fernandaires, que permite a prática do wakeboard está inoperacional. Ou seja, se não subir a cota não será possível praticar esta modalidade náutica. E este baixo nível da água pode, segundo Ricardo Aires, implicar prejuízos muito grandes para a atividade económica que gira em torno das águas interiores. E, a ser assim, o presidente da Câmara diz que o governo tem de pensar em conceder apoios às empresas que vão ter, seguramente, muitos prejuízos. Apesar dos problemas que pode vir a causar, esta diminuição do nível da água está a deixar a descoberto, em diversos locais. Um desses locais é a antiga aldeia de Foz da Ribeira (Aveleira). É em frente à aldeia de Matagosa (margem de Abrantes). Começam a surgir as construções, poços, fornos, casas. Ou as ruínas do que foram, antes da década de 50 do século passado, essas construções rurais que foram tapadas com enchimento da barragem. Nesse sentido, o presidente da Câmara de Vila de Rei anunciou que a autarquia contratou uma empresa para fazer o registo fotográfico dessas estruturas que vão ficando a descoberto, 70 anos depois de terem ficado submersas. Trata-se de registar o património e a história daquelas comunidades. Apesar disso, o autarca espera é que chova e que os níveis da água possam subir, evitando, desta forma, preocupações acrescidas com o abastecimento público de água e com as atividades turísticas do verão. JBJ

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les são uma caterva sem acrescentar os desportivos, nomeio alguns: o Sebastião Júdice, o Calafate sem navios, o Rosas antigo maoísta da linha vermelha, a venerável Avilez, a risonha heterodoxa Drago, a Joana de todos os Dias, o Adão das avenças, o Pedro à procura de palco no PSD, o rapaz do sotaque à moda do Minho, ufa, ufa! A legião de comentadores preenche o espaço televisivo distinguindo-se por serem especialistas de tudo, incluindo cozido à portuguesa, rojões com tripa enfarinhada e tripas segundo as cozinheiras e os chefs, (os cozinheiros desapareceram) da cidade dos Andrades, entenda-se, do Porto. As receitas dos comentadores são bebidas nas vulgatas estrangeiras (El País, The Economist, La República, Le Monde, The Guardian e tutti-quanti) recebem uma calda de açúcar mascavado de supina originalidade de modo a embasbacar os espectadores concedem-lhe atrevida licença para gritarem teimosamente as suas paixões políticas e influenciarem quem lhe dá ouvidos, olhos e acima de tudo tempo. Este joio palrador abafa o trigo agudo dos analistas competentes os quais ousam pensar sem enfeites e plumagens alheias obrigando muitos cidadãos a morigerarem o desejo de escutarem as rádios e observarem rosto na pantalha dos canais por cabo, pois os em sinal

/ Armando Fernandes

aberto procuram vender outros produtos muitos apresentados como milagreiros. As tecnologias de ponta são tábuas de salvação para muitas pessoas daí o catastrófico êxito das redes sociais, por seu turno ópio a desenvolver todo o tipo de pulsões, muitas delas altamente prejudiciais da boa sanidade mental de quem as absorve. Que fazer? O bolchevique Vladimir escreveu um livro assim titulado, as suas teses originaram sangue, suor, lágrimas e milhões de mortos, esta anomia de agora é uma réplica envernizada das derivadas da doutrina leninista adaptada à real/realidade do tempo presente em que o capitalismo dual continua a açambarcar maisvalias vindas de todos os espaços incluindo o das estrelas. E, nós desvalidos da sociedade de espectáculo? Resta-nos a leitura, a perscrutação das paisagens, das artes plásticas, do visionamento e práticas desportivas e…das artes da cozinha, culinárias. O que nos resta não é tão pouco quanto se pode julgar, pode-nos obrigar a sair do sedutor sofá, no entanto, os lucros auferidos dos exercícios acima referidos compensam enormemente, a ânima e o corpo beneficiam de tal maneira que nos permite ouvir serenamente a música cantada e tocada quanto o nosso gosto queira.

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// A descida da água no Castelo de Bode é uma realidade. E nas extremidades da albufeira a descida do nível da água está a preocupar bastante os operadores turísticos e os autarcas que temem problemas futuros no abastecimento publico de água às populações.

Vila de Rei é um desses exemplos. A captação de água é feita na albufeira, numa cota semelhante à da EPAL (que abastece a partir da zona de Martinchel toda a área metropolitana de Lisboa). E se, nesta altura, ainda não é preciso por “as mãos na cabeça” Ricardo Aires, presidente da Câmara Municipal de Vila de Rei, teme que, se não chover bem, este ano possa ser dramático para toda a atividade sazonal de verão que assenta, em muito, no Castelo de Bode. “Hoje, com os meios que temos para saber se vai chover muito ou pouco, o governo de Portugal, penso eu, que não fez o trabalho como deve ser”, começou por dizer o autarca de Vila de Rei. E justificou de imediato esta posição. “Em dezembro já se sabia que ia haver um inverno muito seco. E sabendo que a Central do Pego ia acabar a produção de eletricidade em novembro alguém tinha de produzir energia. E foram as albufeiras, neste caso a barragem de Castelo de Bode”, continuou Ricardo Aires, destacando que só esta semana é que o governo tomou uma posição sobre esta matéria. O presidente da Câmara de Vila de Rei disse que já tinha informado a Agência Portugues a d o A m b i e n t e ( A PA ) s o b re as preocupações em relação à captação de água para abastecimento público, mas que nunca obteve qualquer justificação ou explicação. “Penso que deveríamos ter agido muito antes, ainda por cima quando se sabe que estamos a comprar energia produzida a carvão em Espanha, depois de termos fechado a nossa (Central do Pego). Acho que foi um cálculo mal feito.” Ricardo Aires acrescentou as preocupações para o abastecimento de água ao seu concelho

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DESPORTO /

Mação ganha mais 79 quilómetros de trilhos pedestres // Associação ROTAS DE MAÇÃO promovem descobertas passo a passo por serras, lagoas e aldeias.

Esta primavera há cinco novas rotas para descobrir em Mação. Paisagens únicas, aldeias pitorescas, património pré-histórico e muita natureza, além da boa gastronomia, garantem passeios memoráveis por este concelho do pinhal interior sul. Os novos trilhos estão neste momento na fase de homologação pela Federação de Campismo e Montanhismo de Portugal e deverão poder começar a ser percorridos em breve. Passando por cinco freguesias, todas com ofertas bastante diferenciadas entre si, os novos trilhos perfazem quase 80 quilómetros. Grande parte deles foram criados a partir de trilhos já existentes, percorridos outrora tanto por agricultores

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como por moleiros ou resineiros. A preservação, quer do ambiente quer da memória, é, sempre foi e continuará a ser, um valor do qual não abdica a Associação Rotas de Mação, a principal dinamizadora, a par da Câmara Municipal, das rotas de Mação. Os novos percursos, todos circulares, levam a diferentes locais do vasto território maçaense e prometem dar a conhecer lugares verdadeiramente paradisíacos, tais como a grande levada da Rota das Casas da Ribeira/ Caratão ou o já famoso Pego da Rainha. Agraciado com serra e rio, Mação tem-se revelado uma pequena joia com enorme potencial turístico, com propostas diferenciadas

JORNAL DE ABRANTES / Março 2022

para famílias com crianças, praticantes de geocaching ou de BTT, simples amantes de passeios ao ar livre ou praticantes de desportos de aventura. Para os mais aventureiros, a Rota dos Envendos, um dos trilhos mais exigentes deste conjunto de 5, além de dar a conhecer a fundo grande parte desta freguesia, conduz o caminhante até dois dos mais deslumbrantes miradouros de todo o concelho: o Castelo Velho da Zimbreira e o ponto alto da serra Moita da Asna. As vistas panorâmicas são de tirar o fôlego! Se este inverno atípico, praticamente sem chuva e com temperaturas amenas, convida a umas caminhadas, Mação

apresenta-se como o destino ideal. Caminhar é a melhor das formas para conhecer as suas aldeias, rios, serras e pessoas. É esse o compromisso principal da Rota do Penhascoso, que tem no contacto íntimo com a fauna e a flora da região o seu ponto alto. Já a de Cardigos, composta maioritariamente por caminhos rurais, com apenas 10km de extensão e baixo grau de dificuldade, tem o seu início e fim na Praia Fluvial de Cardigos, uma das mais procuradas na região do Médio Tejo durante a época balnear. Para quem procura uns dias de férias longe do rebuliço das grandes cidades, ou apenas um fim de semana de caminhadas pela Natureza, passando por miradouros e pequenas lagoas,

a freguesia da Amêndoa pode bem ser a escolha mais acertada. Este trilho dá conhecer o Castro de S. Miguel, o Cruzeiro e o Poço Mourão, 3 lugares incontornáveis desta rota. Todos eles podem ser percorridos o ano todo, sendo que o da Amêndoa tem outro fulgor nos meses mais chuvosos, permitindo desfrutar de caminhadas diferentes em cada estação do ano. Com distâncias que começam nos 10 e terminam nos dezanove quilómetros, os trilhos agora em homologação têm diferentes graus de dificuldade, com duração, no máximo e no caso do mais longo, de 7 horas. Todos os detalhes de cada um deles podem ser consultados no site www. rotasdemacao.pt.


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Dr. Oliveira Salazar, no pós 25 de Abril ainda o designaram de 1º de Maio, até que em 1976 voltou ao seu primitivo nome, Jardim do Castelo e assim se manteve até hoje. Como se constata, esta dança de nomes sempre por razões políticas e interesses pessoais nunca pegou e a população sempre se manteve fiel ao topónimo inicial. Do início da década de trinta até finais da década de sessenta do século XX, num período de cerca de quarenta anos, foi jardineiro-chefe da Câmara Simão Vieira e foram então tempos áureos para este jardim. Apaixonado pela sua profissão, a ela se dedicou de corpo e alma. Para sua residência foi construída, perto da entrada principal, uma pequena e interessante casinha onde criou os seus sete filhos. Hoje está bastante degradada o que é pena, pois uma vez arranjada poderia transformar-se num espaço interessante que, com alguma imaginação, poderia até ser utilizado para fins culturais: uma escola de pintura, (há algumas na cidade sem encontrarem um espaço adequado para desenvolverem o seu trabalho), actividades com grupos de crianças, etc. Ali Simão Vieira residiu durante dezenas de anos com a família, cercado por todo um mundo de flores que ele ia construindo e alindando. No início de Novembro, não só os jardins como toda a cidade enchiam-se com vasos de crisântemos bonitos e de cores variadas, cujas sementes ele cuidadosamente seleccionava e guardava. Foi pena que, após a sua reforma, ninguém delas tivesse cuidado, perderam-se e hoje os crisântemos que se espalham pela cidade na mesma altura do ano, são uma pálida sombra dos que Simão Vieira cul-

tivava. Fazia também interessantes placas ajardinadas, muitas com brasões e emblemas vários. Alguns dos seus trabalhos foram premiados e a ele e a muitos dos moradores se deve, em grande parte, o facto de Abrantes ter tido o epíteto, hoje desactualizado, de Cidade Florida. Durante as décadas de trinta e quarenta este jardim foi muito vivido pelos habitantes da cidade. Pelo S. João faziam-se festas, algumas memoráveis e nem sempre por boas razões, como foi o caso de, num desses dias, se ter formado, repentinamente, uma enorme trovoada que pôs em debandada todos os presentes com grandes atropelos e correrias. No coreto, que ainda hoje lá se encontra, tocavam os músicos que animavam as festas e além disso era frequentemente habitado, nas tardes de Inverno e nas noites de Verão, por grupos musicais e até bandas militares que para ali atraíam a população e ajudavam a dar-lhe vida. Presentemente o edifício Carneiro, que fica contíguo, está em obras para ali ser instalado um núcleo museológico o que também afecta este jardim, mas depois das obras concluídas pode tornar-se num excelente vizinho, atraindo visitantes e podendo até desenvolver-se nos dois espaços actividades complementares. Oxalá se congreguem vontades para isso.

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Este jardim, cujo nome deriva da sua situação na encosta sul do morro do castelo, é um local emblemático da nossa cidade, embora, e é pena, não seja no presente muito frequentado pelos abrantinos. Ultimamente a Câmara tem feito alguns esforços para o recuperar e alindar, mas este aprazível espaço não tem sido aproveitado para a realização de actividades que para ali atraiam pessoas. Há semanas atrás o espaço, pela calada da noite, teve sim visitas indesejáveis, pois foi vandalizado por indivíduos, que andam de mal consigo e com o mundo e que gastaram as suas energias a destruir as portas das casas de banho e a esvaziar a água dos tanques o que originou a morte dos peixes, enfim a destruir o trabalho dos outros e os bens que são de todos. No espaço que o jardim hoje ocupa, existiram em tempos os fossos da fortaleza e foi em Julho de 1880, que a Direcção Geral da Engenharia Militar teve a feliz ideia de os ceder à Câmara, para ali ser instalado aquilo a que se chamou na altura um Passeio Público. Por razões óbvias, chamaram-lhe Jardim do Castelo, mas logo em 1892, um grupo de abrantinos requereu à Câmara que lhe fosse atribuído o nome do então presidente, o Visconde de Abrançalha, honraria que o próprio declinou e que o Ministério da Guerra também não autorizou. Em 1901, passou a designar-se Passeio do Conselheiro Pimentel Pinto, homem que teve uma carreira brilhante como militar e como político, mas que nada tinha a ver com Abrantes, a não ser o facto de ser membro importante do Partido Regenerador, ao qual pertenciam alguns dos políticos locais mais influentes, como o próprio Presidente da Câmara e também Avelar Machado. Em 17 de Outubro de 1910, na sequência da implantação da República, foi-lhe atribuído o nome de Machado dos Santos, militar e político republicano de grande nomeada e a quem chegaram a chamar “o pai da República” pela força com que se bateu contra as investidas monárquicas. Mas logo em 24 de Maio de 1915, baptizaram-no com o nome de Jardim 14 de Maio de 1915, data alusiva a uma revolução democrática contra a ditadura de Pimenta de Castro e que causou em Lisboa grande derramamento de sangue. Durante o Estado Novo, como não podia deixar de ser, chamou-se Parque

Consultas: - Campos, Eduardo, Toponímia Abrantina, Câmara Municipal de Abrantes, 1892 - Dicionário da História de Portugal, direcção de Joel Serrão, edição Figueirinhas, 1972 - Alguns dados sobre Simão Vieira foram-me fornecidos pelo seu neto José Manuel d’Oliveira Vieira.

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SAÚDE /

Hospitais do Médio Tejo retomam visitas a doentes internados // As três unidades do Centro Hospitalar Médio Tejo (CHMT), em Abrantes, Tomar e Torres Novas, retomaram no dia 19 de fevereiro as visitas aos serviços de internamento, suspensas desde janeiro devido à pandemia de covid-19, foi hoje anunciado. “A evolução epidemiológica favorável do país e dos concelhos servidos pelo CHMT permite uma reversão da medida de suspensão temporária de visitas que foi acionada em 12 de janeiro para salvaguarda da segurança das pessoas doentes internadas e também dos profissionais de saúde da instituição”, refere em comunicado a instituição hospitalar. As visitas aos serviços de internamento passarão a ser realizadas diariamente entre as 15:00 e as 18:00 horas, restringindo-se a uma visita por doente, com a duração máxima de 30 minutos. Por outro lado, acrescenta o CHMT, as “visitas em áreas dedicadas à covid-19 devem ocorrer preferencialmente via contacto telefónico ou videochamada”, com equipamentos eletrónicos disponibilizados pela instituição,

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/ Patrícia Santa Cruz / Unidade Saúde Pública do Médio Tejo

Lagarta do Pinheiro, que perigos? que cuidados?

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JORNAL DE ABRANTES / Março 2022

Uma visita por doente, com a duração máxima de 30 minutos “estando previstas exceções, nomeadamente numa fase terminal de vida da pessoa doente internada”. Os visitantes deverão apresentar à entrada o comprovativo de vacinação há pelo menos 14 dias, com dose de reforço de uma vacina contra a covid-19, ou resultado negativo de um teste de antigénio realizado até 24 horas antes ou de um teste PCR realizado até 72 horas antes da visita, indica a instituição hospitalar. É ainda admitido o certificado digital de recuperação. A Processionária ou Lagarta do pinheiro é um inseto desfolhador dos pinheiros e cedros, muito presente em Portugal e muito visível nesta época do ano, não só pelos seus ninhos que parecem tufos de algodão nos ramos dos pinheiros, como pelas longas filas de lagartas que se formam quando se dirigem das árvores para o solo, onde irão crisalidar. O nome cientifico deste inseto é Thaumetopoea pityocampa, no entanto ficou conhecida como processionária ou lagarta do pinheiro pois parece que vai em procissão nesta fase do seu desenvolvimento em que se deslocam do ninho para o solo e onde se enterram para iniciarem a fase de crisálida ou pupa. Esta fase ocorre exatamente na época em que nos encontramos, de janeiro a abril. É também nesta fase que os riscos são maiores para animais e humanos. As lagartas têm o corpo dividido em pequenos segmentos, cada um dos quais com milhares de pelos urticantes de coloração alaranjada que se vão libertando e espalhando pelo ar à medida que a lagarta se desloca. São estes pelos que em contacto com a pele, mucosas e olhos são responsáveis pelas alergias em pessoas e animais. O contacto de animais ou pessoas com estas lagartas poderão causar uma reação alérgica e que dependendo da exposição e da sensibilidade individual poderá ter um grau de gravidade variável. No caso de haver contacto entre estas lagartas e animais ou pessoas deverá manter-se vigilância e se necessário recorrer a ajuda especializada. Relativamente às formas de combate a esta praga, nesta altura do seu desenvolvimento em que já é possível vê-las em procissão a destruição mecânica das lagartas é uma das formas, no solo, juntá-las com o auxílio de um ancinho, vassoura de jardinagem ou qualquer outro utensílio semelhante, queimálas ou esmagá-las com suavidade para não provocar a projeção dos pelos como reação defensiva e se se conseguir identificar o local de enterramento, em geral situado em zona soalheira nos climas frios e temperados ou perto das árvores de origem nas zonas de

Na Maternidade, o pai ou pessoa significativa pode acompanhar a grávida durante todo o trabalho de parto e permanecer até duas horas após o nascimento. No decorrer do internamento, o horário de visita será o mesmo estabelecido para os restantes serviços. Constituído pelas unidades hospitalares de Abrantes, Tomar e Torres Novas, separadas geograficamente entre si por cerca de 30 quilómetros, o CHMT funciona em regime de complementaridade de valências, abrangendo uma população na ordem dos 266 mil habitantes de 11 concelhos do Médio Tejo, a par da Golegã, da Lezíria do Tejo (também do distrito de Santarém), Vila de Rei (Castelo Branco) e ainda dos municípios de Gavião e Ponte de Sor, ambos de Portalegre.

clima mais quente, deve-se cavar o solo de modo a expor as pupas já formadas ou as lagartas que lograram enterrar-se. Dependendo da textura do solo a profundidade varia até um máximo de 10-15 cm, se tem um ninho nas imediações e ainda não desceram poderá tentar capturá-las quando descem pelo tronco cintando este, numa extensão de 0,50 m a 1 m, com plástico ou papel embebidos nas duas faces com cola inodora, própria para este fim. Para tal deverá usar luvas, proteger o pescoço, proteger os olhos, usando óculos apropriados, usar máscara de proteção no nariz e boca e seguir as normas de segurança de aplicação constantes nos rótulos de cada produto. Nas escolas ou outros locais em especial com população de maior risco deverá ser impedido o acesso às zonas com árvores atacadas por esta praga. Informação retirada de https://www.icnf.pt/ ; https://www.dgs.pt/ ; https://www.inem.pt/


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Tel.: 241 379 850 Fax: 241 379 859 Av. 25 de Abril, 675 2200-299 Abrantes Portugal geral@abranfrio.pt

NUTRICIONOSTA DRA. MARIANA TORRES

ENFERMAGEM ENF. MARIA JOÃO LANÇA; ENF. BRUNO FERREIRA; ENF. HUGO MARQUES

OBSTETRÍCIA/GINECOLOGIA DRA. LÍGIA RIBEIRO; DR. JOÃO PINHEL

FISIOTERAPIA/OSTEOPATIA DRA. PATRICÍA MASCATE

OFTALMOLOGIA DR. LUÍS CARDIGA

OSTEOPATIA DR. GONÇALO CASTANHEIRA

PENEUMOLOGIA DR. CARLOS LOUSADA PROVA F. RESPIRATÓRIA TÉCNICA PATRÍCIA GUERRA PSICOLOGIA DRA. ODETE VIEIRA; DRA. ANA TORRES PSIQUIATRIA DR. CARLOS ROLDÃO VIEIRA; DRA. FÁTIMA PALMA REUMATOLOGIA DR. JORGE GARCIA TERAPIA DA FALA DRA. SUSANA CORDA UROLOGIA DR. RAFAEL PASSARINHO

Março 2022 / JORNAL DE ABRANTES

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