Jornal de Abrantes - novembro 2020

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/ JORNAL DE ABRANTES

/ Abrantes / Constância / Mação / Sardoal / Vila Nova da Barquinha / Vila de Rei / Diretora Patrícia Seixas NOVEMBRO 2020 / Edição nº 5597 Mensal / ANO 120

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Mário Silvestre: “É no comportamento do cidadão que está a diferença”

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Pág. 3 e 4

Conclusão de um projeto do século passado? Págs. 14 a 15

ABRANTES Concurso de ideias avança para transformar antigo Mercado Pág. 6

MAÇÃO Rotas já são Associação e têm Plano de Atividades

Grupo

uma nova forma de comunicar. ligados por natureza. 241 360 170 . geral@mediaon.com.pt www.mediaon.com.pt

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Págs. 18 e 28


A ABRIR / FOTO OBSERVADOR /

EDITORIAL /

//Patrícia Seixas //DIRETORA

A conclusão do IC9 e, consequentemente, a construção de uma travessia sobre o Tejo, voltou a estar na ordem do dia depois de ser incluída no Programa Nacional de Investimentos para 2030 (PNI). O regozijo de alguns autarcas da região, contrasta com o desagrado de outros que, apesar de não estarem contra a conclusão desta obra, defendem também melhorias para os seus territórios. No entanto, será que há razão para que haja satisfação? Vejamos, este projeto tem 20 anos e desde há muito que marca sempre presença no Plano Nacional Rodoviário. E daí? De que valeu? Até aos dias de hoje, zero. Vamos, portanto, aguardar (sentados) para que seja desta que o Médio Tejo possa celebrar o desenvolvimento. Porque é disso que se trata. A ansiada ligação ao Alto Alentejo só pode trazer benefícios. Aguardemos… Estamos em novembro! Não houve o “pedir bolinhos”, houve restrições nos acessos aos cemitérios e, para cúmulo, num ano já de si estúpido, não é que também não há azeitona?! Os lagares abriram as portas, mas as enchentes de outros anos não se verificam. A azeitona é pouca e há mesmo quem não se dê ao trabalho. Falamos dessa atividade nas páginas do nosso Jornal. Este mês tinha prometido a mim mesma não falar de COVID-19. Mas a atualidade não permite que possa cumprir a minha promessa. Casos de testes positivos nas instituições de idosos do nosso território têm abalado a comunidade e têm trazido ansiedade e incerteza quanto ao futuro. Constância, Abrantes, Sardoal, Vila de Rei… um pouco por todo o lado o alarme vai surgindo e, à hora em que escrevo estas linhas, ainda não são conhecidas as novas medidas decretadas pelo Governo, mas espera-se que algo aconteça. E em pleno outono, já esquecemos o que foi o Verão. Mas o Dispositivo Especial de Combate a Incêndios Rurais (DECIR), apenas desmobilizou em outubro. Quisemos saber o balanço deste ano no que aos incêndios diz respeito mas também saber o que tiveram os operacionais que mudar na sua forma de atuar para tentar minimizar o contágio do coronavírus. Mário Silvestre, Comandante Operacional Distrital de Operações de Socorro (CODIS) de Santarém está em destaque na grande entrevista desta edição. E quanto à grande sala de visitas da cidade de Abrantes? Conhece? Descubra-a nas páginas do seu Jornal de Abrantes. Eu conto regressar no próximo mês e, até lá, continuo a pedir o mesmo: protejam-se, protejam os vossos, cumpram as normas em vigor pois ainda são a melhor forma que conhecemos para dar uma ajuda neste combate e cuidem-se.

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O assunto até foi falado na última reunião da Câmara Municipal de Abrantes e até se ouviu o presidente afirmar que a sinalética do concelho iria ser requalificada. Mas fica a questão: ao longo de todos estes anos, quantas pessoas não foram já “enganadas”?

A lei está feita e é para cumprir. A proibição de atirar beatas para o chão leva a que autarquias, juntas e alguns estabelecimentos comerciais puxem pela criatividade. Foi o que aconteceu na União de Freguesias de Abrantes e Alferrarede. Com o novo Papa Beatas, pode ajudar a manter o chão limpo e ainda colabora com ideias para o seu bairro. E esta, hein?”

PERFIL / //Nome/Profissão? Ana Maria Vicente Galinha Dias; Doméstica //Idade? 54 anos

//Uma viagem já feita ou por fazer Conhecer os Estados Unidos, uma experiência boa e sempre emocionante.

possível nem fácil! Penso que teria a postura que tenho na minha vida privada! Muita clareza, firmeza, lucidez, assertividade, precaução e “duvidar sempre”...

//Uma figura da História //O que mais e menos gosta na Ramalho Eanes. Um homem com sua cidade? uma postura séria! Honesta! Marcante! Não tenho nada em específico de que não goste! Estamos muito bem //Prato preferido? //Um momento marcante situados geograficamente, temos Cozido à Portuguesa 26 Marco 1988, fui mãe! A melhor quase tudo para sermos felizes e sensação do mundo! por vezes não nos damos conta //Um recanto para descobrir? disso! A Lapa, sempre! //Um sonho por realizar? O sonho comanda a vida, por isso, //Uma proposta para um dia //Um disco - Porquê? vários sonhos sempre! Viajar mais, diferente na região? Todos os de Amália Rodrigues. A conhecer novos lugares, pessoas, Nos dias que vivemos não é fácil nossa voz eterna. culturas, formas de vida... fazer um dia diferente! Estamos limitados de quase todas as formas. //Um filme //Se fosse presidente de Câmara Sou muito de convívio, amizade, “Twins”lançado em 1988, com uma o que faria? sorriso e prazer de estar com pesinterpretação de Arnold Schwarze- Ser presidente de Câmara é uma soas. Muita coisa se poderá fazer negger e Danny DeVito. Uma comé- posição difícil, seja em que con- nesse sentido, depois de nos condia deliciosa que vi neste ano tão texto for. Perceber toda a realidade seguirmos livrar deste vírus que nos intenso e especial da minha vida. e fazer o melhor, nem sempre é mostrou uma guerra sem armas! //Naturalidade/Residência? Tramagal

FICHA TÉCNICA Direção Geral/Departamento Financeiro Luís Nuno Ablú Dias, 241 360 170, luisabludias@mediaon.com.pt. Diretora Patrícia Seixas (CP.4089 A), patriciaseixas@mediaon.com.pt Telem: 962 109 924 Redação Jerónimo Belo Jorge (CP.7524 A), jeronimobelojorge@mediaon.com.pt, Telem: 962 108 759. Pedro Santos (estagiário) Colaboradores Berta Silva Lopes, Leonel Mourato, Paula Gil, Paulo Delgado, Ricardo Beirão, Teresa Aparício. Cronistas Alves Jana e Nuno Alves. Departamento Comercial. comercial@mediaon.com.pt. Design gráfico e paginação João Pereira. Sede do Impressor Unipress Centro Gráfico, Lda. Travessa Anselmo Braancamp 220, 4410-359 Arcozelo Vila Nova de Gaia. Contactos 241 360 170 | 962 108 759 | 962 109 924. geral@mediaon.com.pt. Sede do editor e sede da redação Av. General Humberto Delgado Edf. Mira Rio, Apartado 65, 2204-909 Abrantes. Editora e proprietária Media On - Comunicação Social, Lda., Capital Social: 50.000 euros, Nº Contribuinte: 505 500 094. Av. General Humberto Delgado Edf. Mira Rio, Apartado 65, 2204-909 Abrantes. Detentores do capital social Luís Nuno Ablú Dias 70% e Susana Leonor Rodrigues André Ablú Dias 30%. Gerência Luís Nuno Ablú Dias. Tiragem 15.000 exemplares. Distribuição gratuita Dep. Legal 219397/04 Nº Registo ERC 100783. Estatuto do Jornal de Abrantes disponível em www.jornaldeabrantes.pt. RECEBA COMODAMENTE O JORNAL DE ABRANTES EM SUA CASA POR APENAS 10 EUROS (CUSTOS DE ENVIO) IBAN: PT50003600599910009326567. Membro de:

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JORNAL DE ABRANTES / Novembro 2020


ENTREVISTA / // Mário Silvestre, o CODIS (Comandante Operacional Distrital) da Autoridade Nacional de Emergência e Proteção Civil em Santarém. É um gestor de empresas de formação académica, mas com um mestrado e três pós-graduações na área da emergência, socorro e proteção civil. Em 2006 assumiu o comando dos Bombeiros do Cartaxo e em 2013 passou a assumir a coordenação da Proteção Civil do distrito de Santarém. Natural do concelho de Santarém, Mário Silvestre explica como é a sua vida e, numa pincelada, faz um balanço do verão de 2020, nos incêndios rurais, em ano de complexidade de operações, com a pandemia a “obrigar” uma adaptação rápida, mais eficiente, da estrutura de socorro no distrito.

O cidadão tem de ser o primeiro agente da Proteção Civl Entrevista de Jerónimo Belo Jorge

Terminados os meses “quentes” que balanço faz deste ano 2020, principalmente daquilo que foram os incêndios florestais?

O balanço é positivo relativamente aquilo que foi o Dispositivo Especial de Combate a Incêndios Rurais (DECIR). Os agentes de Proteção Civil têm um grande louvor e com destaque para os bombeiros do distrito de Santarém. Nós temos uma área ardida total na ordem dos 900 hectares (ha) que ainda não está toda perfeitamente levantada no ponto de vista formal, mas ronda esses números. Tivemos um total de 590 ocorrências o que é um decréscimo. Não tanto como aquilo que gostaríamos, mas já se nota um decréscimo. Em termos de área ardida tivemos um ano positivo. O nosso maior incêndio tem na ordem dos 200 ha. Todos os outros foram abaixo dos 100 ha. Havendo dez incêndios dentro desta ordem de grandeza, todos os outros

são incêndios pequenos na ordem dos dois ha. Sendo que os incêndios que mais recorrentemente tem aparecido têm sido de um ha. Portanto, como cerca de 80% têm um ataque inicial rápido, têm sido facilmente combatidos. Isto deve-se a um dispositivo de combate muito eficiente e com profissionalismo de elevada ordem. Estamos todos de parabéns. Acho que foi um ano atípico porque, apesar destes números e de ter corrido tudo muito bem, tenho de dar mais uma nota aos bombeiros. Sendo eles a principal força do combate aos incêndios, tiveram a capacidade de adaptação ao problema do Covid-19 que continua a existir.

O que o distrito faz é não esperar que o incêndio se desenvolva. É atacar logo…

A pandemia mudou alguma ou muita coisa no socorro, neste caso na ativação de meios para combater incêndios?

Mudou. Sobretudo nos cuidados a ter na vida mais no nível social do corpo de bombeiros, com as rotinas instaladas. Obviamente, no combate a um fogo não é possível muitas das vezes garantir certas regras, mas houve um cuidado extremo. Houve também um reforço muito significativo que os corpos dos bombeiros fizeram com uma ajuda preciosa das Câmaras Municipais, em que foi possível dotar grande parte dos bombeiros com equipamentos específicos, em termos de máscaras de proteção respiratória com dupla finalidade, no fundo, para fazer a proteção da via aérea no que diz respeito a proteger dos incêndios florestais, mas ao mesmo tempo limitando aquilo que é o contágio pelo coronavírus. E correu muito bem visto que não houve qualquer tipo de caso registado de alguma contaminação pelo vírus nos blocos de operações. E quando falamos dos bombeiros enquanto entidade principal no combate aos incêndios, não nos podemos esquecer que eles mantêm a sua atividade normal

desde o transporte de doentes até às emergências pré-hospitalares. Da mesma forma que houve resposta positiva ao DECIR, a da COVID foi sem dúvida positiva.

Comandante, ouvimos sempre falar do ataque musculado como grande base do sucesso no combate aos incêndios no distrito. Se foi, e penso que sim, fulcral como é que se pode fortalecer ainda mais esse facto?

Aqui no distrito sempre nos pautamos por ter essa conduta de combate inicial musculado. Quando falo de um despacho musculado, falo da afetação de um conjunto de recursos obviamente mais forte que o indicado. O que o distrito faz é não esperar que o incêndio se desenvolva. É atacar logo fazendo um balanceamento de meios. Por exemplo, temos um incêndio na zona de Ourém. Fazemos uma movimentação musculada para Ourém com os corpos de bombeiros daquela envolvente toda. Falamos com corpos de bombeiros do distrito (inclusive o de Leiria) e dos municípios à volta

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ENTREVISTA / de Ourém e rapidamente movimentamos um conjunto de meios para as proximidades daquele incêndio. Caso sejam necessários para aquela ocorrência tem sempre disponibilidade de intervir. É esta movimentação de peças pelo distrito, como um tabuleiro de xadrez, que nos vão permitir ter a capacidade até um determinado ponto. De frisar que para além daquela que é a nossa capacidade do distrito ainda conseguimos projetar para fora, para outras zonas do país, por vezes quatro grupos de combate. Em números falamos de 120 homens que o distrito colocou noutro distrito a ajudar os camaradas dessa área.

A brigadas das Juntas de Freguesia com os kits de primeira intervenção são uma boa ajuda no ataque inicial?

Obviamente nós somos defensores desses pré-posicionamentos de kits, de equipas de sapadores florestais. Temos uma articulação perfeita com os municípios, com as freguesias que têm essa capacidade e com o Instituto da Conservação da Natureza da Floresta para o pré-posicionamento estratégico destas equipas. Como se costuma dizer: “Qualquer incêndio no início se apaga com um copo de água”. Ou seja, é ter um veículo destes que está muito próximo da zona de ocorrência e conseguir despachá-lo de imediato. E, mais uma vez, essa coordenação também é feita aqui dentro da sala do comando distrital. Se conseguir rapidamente afetar esse recurso, obviamente, que a probabilidade de conseguir extinguir o incêndio nos primeiros minutos é extremamente elevada. É, portanto, uma mais valia importante.

necessária. É um teste sério a outro tipo de trabalho da Proteção Civil, que não incêndios ou acidentes? A COVID-19 veio juntar-se a todas as atividades que já fazíamos. Neste momento temos emergência médica feita com base na suspeita ou do caso de COVID. E por cada vez que fazemos uma intervenção, seja ela de que tipologia for, temos neste momento de juntar a problemática da pandemia. Ou seja, veio aumentar a complexidade das operações.

Estamos numa época em que depende muito de nós a proteção. Considera que a população em geral ainda põe muito das autoridades (bombeiros à cabeça) o socorro ou a defesa ou começa a estar mais consciente de que cada um de nós é o primeiro agente da Proteção Civil?

Quando anda pelo distrito, ainda há muito a fazer na limpeza ou melhoramos muito desde 2017?

Há um grande trabalho feito pelas várias entidades, porém estamos ainda muito longe daquilo que seria os objetivos dos desejáveis. Ainda assim, é de valorizar o trabalho feito. Existe, de facto, um considerável número na redução de ignições que eu quero acreditar que têm por base todo o trabalho que andamos a fazer. Porém ainda há muito trabalho por fazer no ponto de vista estrutural.

Em 2019 houve muitas queixas dos bombeiros, ao nível de equipamento de proteção individual, até de pagamentos. Este ano as coisas foram mais “normais”?

Nós nunca temos os equipamentos todos que pretendemos, será praticamente impossível. Qualquer comandante no dia em que estiver satisfeito com aquilo que tem, vai ter de começar a repensar muito bem a sua carreira. Nós temos de ser insatisfeitos por natureza e querer mais equipamentos, mais capacidades... Mas no global o saldo é bastante positivo.

Na COVID-19, houve uma adaptação

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…num incêndio nós conseguimos intervir e (…) nas cheias ou enxurradas não conseguimos intervir diretamente…

“Qualquer incêndio no início se apaga com um copo de água”

temos uma área ardida total na ordem dos 900 hectares

Eu gostaria de dizer que a população aprendeu que era o principal agente de Proteção Civil, mas ainda temos um trabalho muito grande a fazer. Aliás, as últimas imagens de alguns eventos que ocorreram no país [no dia de concentração de pessoas na Nazaré] dá para refletir que a população ainda não tem o grau de responsabilidade que deveria de ter nesta altura. A população é o principal agente de Proteção Civil do país e como se costuma dizer é impossível ter um bombeiro ou polícia ao pé de cada cidadão para o fazer cumprir as regras, inclusive de respeito físico. E é no comportamento do cidadão que está a diferença. Não só nesta questão da pandemia mas em todas as questões de Proteção Civil.

Dia 5 de novembro temos um dia que pretende ser ou ter uma incidência na prevenção de sismos. Estamos conscientes do que devemos fazer ou, como não acontece por cá, desleixamo-nos e entramos naquela onda de “isso não nos acontece ou só acontece do outro lado do mundo”?

Basicamente vai ao encontro do que lhe tinha dito anteriormente. De recordar que Portugal é um país com elevado risco sísmico e esta iniciativa tem a ver com a sensibilização, prevenção e também com a preparação. E tem um grande foco nas escolas sempre para a preparação daquilo que são os futuros homens e mulheres deste país, naquilo que será a sua conduta cívica e a preocupação que os mesmos devem ter com esta problemática dos sismos. Portanto, o sismo é um risco e está tipificado como tal. E tivemos vários sismos ao longo da história do nosso país. Alguns deles com dimensões bastantes grandes e significativas. Há que estarmos preparados para tal e a melhor maneira de o fazermos é recordar que temos esse risco. É que senão corremos sempre o risco de deixar entrar no esquecimento e acabar por perder a importância de que o “problema sísmico existe”. E a verdade é que ele existe mesmo e nós nunca conseguimos prever se o iremos ter amanhã ou daqui a cinco minutos... Há que se estar preparados todos os dias.

Do ponto de vista pessoal, quando acorda diariamente, quais são os maiores receios como CODIS?

Um dos maiores receios do ponto de vista profissional é chegar ao final do dia e não sentir que dei tudo no trabalho, não sei se podemos considerar isto realmente um receio, porém é como se costuma dizer: é “entregar a carta à Garcia”. O que me preocupa todos os dias é chegar a casa e ficar de consciência tranquila que “entreguei a carta a Garcia” ou seja que fiz tudo o que estava ao meu alcance e da melhor maneira para conseguir que a missão tenha sido cumprida. E, portanto, eventualmente não

estar à altura de alguma das minhas missões é sem dúvida “um tal receio.” E deixe-me dizer-lhe que, se destaquei todo o trabalho dos bombeiros, à cabeça, e de todos na área da Proteção Civil, tenho de deixar uma palavra para a minha equipa aqui do CDOS (Centro Distrital de Operações de Socorro). São incansáveis. É um trabalho muito intenso, mesmo não indo para os teatros de operações.

Com toda a formação e experiência, o que é que o preocupa mais, água ou fogo?

[risos]São ocorrências totalmente diferentes, ambas com os seus riscos associados, mas com uma diferença muito significativa: num incêndio nós conseguimos intervir e contra as ocorrências das cheias ou enxurradas não conseguimos intervir diretamente. Portanto as cheias acabam por ser uma situação de gestão a longo prazo, gestão de pessoas, uma questão de comunicação etc. São duas ocorrências totalmente diferentes, duas problemáticas com diferentes níveis da sua gestão. Muito sinceramente, acho que não podemos comparar aquilo que é a ocorrência de cheias e a ocorrência de incêndios, mas pelo impacto que tem o incêndio acaba por ser uma ocorrência sempre mais mediatizada. Mas olhe, andamos também já a trabalhar e a acompanhar já, de muito perto, tudo aquilo que são caudais, nas barragens que temos na bacia do Tejo, para conseguirmos de alguma forma dar à população a informação necessária para que esteja ciente dos riscos que corre e as medidas de autoproteção que devem tomar.

E a família, quando acontecem as ocorrências mais complicadas, imagino que já estejam habituados a esta vida, mas têm aquela mensagem de... cuidado?

Há sempre a mensagem “cuidado”. Aliás, eu recordo sempre com muito carinho algumas mensagens de preocupação que a minha mulher vai enviando nas situações mais complicadas algumas como “por favor não vás para o fogo” e por baixo vem sempre acompanhado com um “tem cuidado”. É uma vida que se calhar, e eu acho que existe muitos camaradas que se identificam com o que eu vou dizer, “custará mais às pessoas que estão em casa à nossa espera e que nos veem sair para os incêndios, para as ocorrências e para esta infinidade de situações do que propriamente para nós que vamos já no sentido de cumprir a missão”. As famílias acabam por sofrer muito com a nossa ausência e para elas de todos os agentes de proteção civil espalhados, quero deixar um enorme obrigado e um agradecimento do tamanho do mundo por continuarem a apoiarem os homens e mulheres que fazem parte desta enorme família de proteção e socorro, porque elas são um grande tentáculo destes homens e destas mulheres que têm esta vida.


REGIÃO / Abrantes Vereador do PSD quer saber se Executivo apoia queixa no Ministério Público // O vereador do PSD eleito para o Executivo Municipal de Abrantes equaciona apresentar uma queixa no Ministério Público no sentido de serem investigados alegados crimes ambientais praticados na aldeia de Brunheirinho, na freguesia de Bemposta. Rui Santos, vereador do PSD na Câmara de Abrantes, fez questão de referir que a queixa não é contra ninguém ou contra nenhum partido, mas vai fazê-la para que o Ministério Público possa desenvolver um inquérito para averiguar se houve mesmo práticas ilícitas referidas pelo vereador do Bloco de Esquerda, Armindo Silveira, na reunião do dia 1 de setembro. Na reunião de Câmara de dia 13 de outubro, Rui Santos quis saber se “o Executivo de maioria PS está na disposição de secundar a apresentação da queixa que o vereador do PSD irá fazer no Ministério Público acerca do hipotético crime ambiental que foi referido pelo senhor vereador do Bloco de Esquerda”. Na reunião, o presidente Manuel Jorge Valamatos, dirigindo-se

a Rui Santos, disse estar à espera do “processo que o senhor levantou e liderou para tentar perceber, em termos ambientais, o que é que aconteceu, com quem é que aconteceu e se poderá voltar a acontecer”. O presidente acrescentou que a queixa “não é seguramente para penalizar ninguém mas sim para nos responsabilizarmos sobre o que dizemos aqui e para despoletar nas pessoas este sentimento de responsabilidade”. Já o vereador do Bloco de Esquerda, Armindo Silveira, questionou o presidente da Câmara “se já houve alguma ida ao terreno” por parte dos serviços camarários, na sequência da situação relatada em Brunheirinho. O vereador disse ser importante que os serviços averiguassem “para perceber se aquilo

//Reunião do Executivo de dia 13 de outubro que eu disse aconteceu agora ou se aconteceu há cinco anos atrás. Se a preocupação é tanta...” Questionou ainda “se no Brunheirinho ou no Vale de Horta as situações que são do conhecimento dos serviços já estão a ser resolvidas”. Armindo Silveira falou ainda da situação de “uma senhora que está, ela própria, a enviar os detritos para uma linha de água, numa situação que é do conhecimento da Câmara já há mais de um ano” e quis saber se essa situação está resolvida. À margem da reunião, o presidente da Câmara explicou, relativamente à questão de Rui Santos, que “não se trata de estar disponível mas existem responsabilidades no exercício do órgão da Câmara Municipal por parte

de todos os vereadores. O senhor vereador eleito pelo Bloco de Esquerda fez um conjunto de afirmações na altura que, também com legitimidade, o senhor vereador do PSD questionou e pretende colocar o assunto ao nível do Ministério Público para ter acesso, eventualmente, a informação mais privilegiada. Também nós estamos atentos a este processo e queremos ver o final desta situação que eu acho que era fácil de resolver”. Para Manuel Jorge Valamatos, “seria muito mais célere e mais objetivo se o senhor vereador [Armindo Silveira] voltasse a repetir aquilo que disse e, se há de facto problemas e há quem ande a lançar o esgoto para as linhas de água, que diga onde é que é e quem é que é de forma mais explícita”.

Quanto ao facto de Armindo Silveira ter dito que a Câmara tem conhecimento de algumas situações, nomeadamente em Brunheirinho, o presidente disse que ia pedir aos serviços para entrarem em contacto com o vereador do Bloco de Esquerda para que ele identifique essas situações porque, como acrescentou, “que eu tenha conhecimento, não”. Já na questão da ida dos serviços ao terreno, o autarca afirmou que “a Abrantáqua anda todos os dias no terreno”. O presidente da Câmara de Abrantes lembrou que “quem faz a gestão do saneamento é uma empresa” e afirmou que iria “perguntar a essa empresa se são conhecedores de alguma situação fora das regras, em concreto no Brunheirinho”, bem como iria questionar os Serviços Municipalizados, que é a entidade que acompanha a ação da Abrantáqua, “se têm conhecimento de alguma coisa”. “Enquanto presidente da Câmara e enquanto presidente dos Serviços Municipalizados, nunca tive conhecimento de uma situação dessas e lamento que se alguém sabe que isso acontece há muito tempo, não o tenha dito de forma objetiva, clara e inequívoca no tempo oportuno e no sítio correto”, declarou Manuel Jorge Valamatos. Patrícia Seixas PUBLICIDADE

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REGIÃO / Abrantes

Multiusos no antigo Mercado Diário à espera de ideias // O antigo edifício do Mercado Diário de Abrantes vai transformar-se num espaço multiusos com outras valências para além de receber grandes eventos. O projeto aguarda ideias através de um concurso com a Ordem dos Arquitetos que irá surgir nos próximos dias, garantia dada pelo presidente da Câmara de Abrantes. O vereador do Bloco de Esquerda na Câmara de Abrantes questionou o Executivo acerca da situação do antigo mercado diário. Armindo Silveira lembrou que vem aí mais um inverno e “não se vislumbra qualquer movimentação que possa trazer uma nova cara ao mercado”. Falou da má imagem exterior do edifício “que fica numa das entradas dignas da cidade” e lembrou que “o senhor presidente tinha falado que não valia a pena fazer uma intervenção porque em três meses alguma coisa iria mudar. Já se passou um ano e continua-se neste impasse”. Armindo Silveira desafiou ainda a maioria socialista a avançar com a revisão do Plano de Urbanização de Abrantes (PUA), “alterando o texto que estipula a demolição do edifício”. “Pensamos que este seria um passo importante”, afirmou o vereador bloquista. Manuel Jorge Valamatos avançou depois com a informação que a Câmara está “em vésperas de lançar um processo concursal, com o apoio da Ordem dos Arquitetos”, para receber propostas de reabilitação do edifício para o tornar num espaço multiusos. O autarca disse que era intenção do Executivo “para além de querermos manter a fachada e de um espaço de feiras e exposições – para que não tenhamos que andar sistematicamente tendas – queremos

//É um espaço multiusos que vai nascer no antigo Mercado Diário a reabilitação de toda a envolvência mas onde também queremos ter garagens porque todo o centro histórico padece muito de espaços onde as pessoas possam guardar os seus carros”. É ainda intenção de fazer regressar o cinema ao centro da cidade “com uma ou duas salas”. O projeto de um multiusos é mesmo para ir para a frente, como confirmou o presidente, que conta

ter “o maior número possível de propostas”. Já aos jornalistas, Manuel Jorge Valamatos adiantou que um espaço multiusos “faz bastante falta à cidade e ao concelho de forma a podermos ter eventos de grande dimensão, tais como a Feira Nacional de Doçaria Tradicional e o certame do azeite ou outros eventos de grande re-

levância para o concelho e para região” pois, tal como afirmara na reunião de Câmara, “até agora temo-nos socorrido de tendas improvisadas, alugueres atrás de alugueres, que são caros e não trazem estabilidade”. Para além de um grande espaço para eventos, o presidente voltou a afirmar que a intenção é proporcionar um espaço que

Câmara adia transferência de competência no domínio da Ação Social // A Câmara Municipal de Abrantes aprovou por unanimidade a não aceitação da transferência de competências no domínio da ação social em 2021, considerando que “tem a ver com a gestão do tempo”. Considerando não estarem reunidas as condições para a aceitação da transferência de competências no domínio da ação social em 2021, o Executivo Municipal votou a proposta por unanimidade.

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A vereadora responsável pela área da ação Social, Celeste Simão explicou que “não é uma questão de nos desresponsabilizarmos, é exatamente o contrário”, acrescentando que “enquanto o diploma esteve em análise pela Associação Nacional de Municípios, foram pedindo pareceres às autarquias e nós (…) fomos sempre fazendo a avaliação das propostas de diploma com os técnicos da Câmara. Fomos sempre enviando os contributos”. No entanto, para a vereadora, “agora é o tempo de fazer o trabalho interno, de análise, até porque há áreas, como os Con-

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tratos Locais de Desenvolvimento Social (CLDS), como o RSI, como o serviço de atendimento e acompanhamento social... que ainda carecem da publicação de algumas portarias”. Para Celeste Simão há que fa-

zer “um trabalho de análise e de desconstrução daquilo que está na Lei porque a Lei, à semelhança do que aconteceu com a Educação, fala no geral. Depois, ao nível do território, a nível local, nós é que temos que ver porque

possa aglutinar outras respostas para o concelho. Estas ideias irão ser trazidas à próxima reunião de Câmara, “com todos os aspetos que achamos importantes para a reabilitação do antigo Mercado”, garantiu o autarca. A intervenção não passará apenas pelo edifício do antigo Mercado Diário mas “teremos que olhar para a toda a área envolvente porque já foi restabelecida a organização do Vale da Fontinha e este edifício fica numa entrada importante de Abrantes e a política do espaço passa por ter projetos irreverentes, de qualidade, em que o espaço público seja valorizado e é essa a nossa grande aposta”. Resta agora “esperar que do ponto de vista da arquitetura que nos possam ser apresentadas excelentes propostas para a reabilitação daquele edifício, mantendo a sua traça original para não descaracterizar algo que é emblemático para todos nós mas que precisa de ser reconvertido e reabilitado para se tornar útil”. Questionado quanto às condições estruturais do antigo Mercado Diário, Manuel Jorge Valamatos garantiu que “já fizemos várias observações técnicas ao edifício, é evidente que está feio, mas do ponto de vista da estabilidade, segundo os nossos técnicos e a Proteção Civil, ele não apresenta qualquer problema estrutural”. Patrícia Seixas

vão-nos surgir sempre questões que vamos tentando clarificar”. O presidente Manuel Jorge Valamatos afirmou que esta não aceitação se prende com uma gestão do tempo pois o Município acabou de aceitar competências na área da saúde e da educação e que ainda se está num processo de maturidade para ver os resultados deste processo. Isto para “depois, com mais confiança, podermos aceitar a delegação de competência na área da ação social”. Em causa está a aplicação da Lei nº55/2020, de 12 de agosto, que estabelece que essa transferência terá de se efetuar, obrigatoriamente até 31 de março de 2022. Refira-se que a lei salvaguarda a possibilidade de não aceitação dessa transferência no imediato. A proposta será agora submetida à Assembleia Municipal e enviada para conhecimento da Direção Geral das Autarquias Locais. Patrícia Seixas


SOCIEDADE /

Alunos de Abrantes e Sardoal receberam Certificados de Cambridge // A Go Global Language School tem a sua sede em Abrantes e conta com polos em Mação e Sardoal. No dia 3 de outubro, o auditório da Escola Secundária Dr. Solano de Abreu, recebeu a cerimónia de entrega de certificados aos alunos da Go Global Language School - Instituto de Línguas, que realizaram os primeiros exames de Cambridge, em Abrantes.

//Professores e autarcas entregaram os diplomas alunos do Sardoal. O presidente da Câmara de Abrantes, Manuel Jorge Valamatos no seu discurso começou por agradecer todo o trabalho feito pela instituição, demonstrando um grande orgulho pela certificação de todos os alunos. Confessando em primeiro lugar que apenas se “desenrascava” com a língua inglesa e que “com uma aula com o professor Vicent facilmente se identificava isso”, afirmou que nos dias de hoje vê esse fator como uma grande fragilidade e que esta certificação e aprendizagem é “uma garantia muito importante para o futuro de todos jovens do município”. O facto da certificação ser possível de se realizar em Abrantes foi outro ponto de relevância no discurso do presidente que considerou “decisivo

//Não estiveram todos, mas alguns alunos marcaram presença

para a valorização dos territórios do Médio Tejo, especialmente de Abrantes”, permitindo assim evitar aos alunos e encarregados de educação despesas e viagens para outros municípios. O presidente do Município do Sardoal, Miguel Borges, deixou umas notas pessoais quanto à sua experiência académica onde confessou que a língua inglesa sempre foi uma grande dificuldade, partilhando os mesmo constrangimentos que o presidente de Abrantes. Contou que na altura da faculdade estes ensinamentos acabaram por lhe fazer muita falta e, mais tarde, na finalização do mestrado. Destacou ainda a importância da “oportunidade” de atualmente se poder ter esta aprendizagem e ferramenta, considerando “fundamental no ensino e no crescimentos dos jovens”. No final da cerimónia, o professor Vicent D´Sousa fez questão de realizar o discurso inteiramente no “seu português” e mostrou-se muito orgulhoso. Agradeceu as parcerias e apoios dos dois municípios, felicitando os alunos por serem os primeiros a terem o certificado feito no próprio centro, considerando ser “uma grande evolução para Abrantes”, visto que só existem cinco pontos em Portugal onde podem ser realizados os exames, expostos no site de exames de Cambridge. A Go Global é uma escola de línguas que existe na cidade de Abrantes desde 2004 e que tem como base o ensino de línguas estrangeiras. A marca Go Global Language School é uma marca registada e propriedade da Shine Well Formação em Línguas que tem aulas de inglês, francês, italiano, alemão, espanhol e também de português para estrangeiros. Pedro Santos PUBLICIDADE

Sobre a orientação do Instituto de Línguas do Centro, foram efetuados em Abrantes os primeiros exames de Cambridge na Go Global Language School - Instituto de Línguas. A cerimónia de entrega dos diplomas teve lugar no dia 3 de outubro, na Escola Dr. Solano de Abreu, em Abrantes. Estiveram presentes na cerimónia o presidente da Câmara de Abrantes, Manuel Jorge Valamatos e o presidente da Câmara de Sardoal, Miguel Borges, juntamente com os professores Vicent D´Sousa e Joana Ramos e onde marcaram presença alguns dos alunos que tinham direito aos certificados e os respetivos encarregados de educação, todos com a utilização da máscara como ordenam as normas da Direção Geral de Saúde. Joana Ramos foi quem abriu a “tribuna” e com um pouco de nervosismo e emoção, começou por dizer que este certificado e aprendizagem “vai ser muito valioso para o futuro dos alunos que com muita dedicação e esforço estiveram sempre presentes em todas as aulas presenciais e on-line” para que pudesse ser possível a aprendizagem nesta época de epidemia. Este certificado, no futuro, em uma situação de entrevista de emprego, certamente vai ser um “grande peso” na decisão da contratação, disse a professora, que aproveitou para referir que esta certificação abriu-lhe uma imensidão de portas no seu futuro e que, para além disso, neste momento consegue “ ver um filme com ou sem legendas em inglês, fazer um discurso fluente” e perceber qualquer conversa no idioma inglês. Toda esta evolução provoca na docente “uma felicidade genuína por neste momento ser possível realizar e receber o exame no município de Abrantes”, não esquecendo os seus

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REGIÃO / Vila Nova da Barquinha

Ninho de Empresas já funciona e projetos do Médio Tejo estiveram em cima da mesa // Foi debaixo de chuva intensa que o novo Ninho de Empresas de Vila Nova da Barquinha, projeto CAIS, foi inaugurado na tarde de dia 19 de outubro. “Boda molhada é boda abençoada”, foi a frase que mais se ouviu, de quem quis fazer da chuva um momento feliz. A obra do novo espaço CAIS – Ninho de Empresas, resulta da reabilitação de dois edifícios já existentes e que se encontravam em avançado estado de degradação, em pleno centro histórico da vila, no Largo José da Cruz, junto aos Serviços Municipais, da Loja do Cidadão, da Conservatórias de Registo Civil e Predial, e Arquivo Municipal. O novo edifício dispõe de gabinetes de trabalho e espaços de coworking, bem como áreas para os respetivos serviços de apoio, como salas de reunião, de formação e de refeição, serviços administrativos e loja. O CAIS tem como objetivo “a promoção e acompanhamento de projetos e empresas inovadoras, colocando-as num mesmo espaço físico e pondo ao seu dispor um conjunto de serviços, gabinetes, espaços para coworking e instalação virtual de empresas, proporcionando a inserção num ambiente empresarial adequado, bem como as condições necessárias ao seu sucesso”. O espaço agora inaugurado era uma das intervenções previstas no Plano de Ação de Regeneração Urbana (PARU) de Vila Nova da Barquinha, no âmbito da candidatura ao Programa Operacional Regional – Centro 2020, com um custo total de cerca de 630 mil euros, sendo elegível 550 mil euros com comparticipação de 85% do Fundo Europeu de Desenvolvimento Regional (FEDER), suportando o Município, nesta obra, cerca de 160 mil euros, no edifício, a que acresce todo o investimento em mobiliário não elegível em candidatura. De referir que assim que as candidaturas foram abertas, o espaço esgotou a sua capacidade em uma semana.

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Fernando Freire, presidente da Câmara Municipal de Vila Nova da Barquinha era um autarca feliz e lembrou todas as mudanças que se têm operado no concelho, mais concretamente no centro da vila, lembrando também o trabalho do seu antecessor. “Ter presente a história é essencial para melhor compreendermos a vida, por isso importa relevar o papel âncora assumido pelo meu antecessor Miguel Pombeiro com a criação do Parque Ribeirinho de 7 hectares ao ar livre, bem como o projeto Parque de Esculturas Contemporâneas de Almourol, inaugurado em 2012, que potenciou, inequivocamente, a integração urbana junto do rio Tejo, que aqui corre em mansidão, e a requalificação da baixa da vila como, atualmente, podemos vislumbrar. Pretendemos valorizar o Rio Tejo, criar as condições favoráveis para o crescimento da iniciativa privada no nosso território, com o apoio ao empreendedorismo jovem e contribuição para o reforço do autoemprego, designadamente de jovens licenciados e incentivando a criação de microempresas”, afirmou o autarca. Fernando Freire anunciou ainda que, “dentro em breve teremos boas novidades, diga-se mais empresas, para o nosso Parque Empresarial”. A ministra da Coesão Territorial, Ana Abrunhosa, ficou agradada com o que viu e parabenizou o executivo pela continuidade que deram aos projetos e a utilização dos fundos comunitários. “Um projeto singelo mas que é o culminar de uma estratégia que Vila Nova da Barquinha tem vindo a seguir”, disse a governante. Ana Abrunhosa afirmou que “quando falamos de regeneração urbana, falamos de projetos como este

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//A placa foi descerrado debaixo de chuva intensa

“Um projeto singelo mas que é o culminar de uma estratégia que Vila Nova da Barquinha tem vindo a seguir” – Ana Abrunhosa em que, simultaneamente, devolvemos aos centros urbanos um edifício que estava degradado e ao qual lhe atribuímos a mais nobre das funções que é ter aqui empresas e jovens empreendedores. É juntar o passado com o futuro”. A governante deu ainda os parabéns ao Município “pela excelente utilização dos fundos comunitários”.

A defesa da grande aérea de logística

Aproveitando a presença da ministra Ana Abrunhosa, da presidente da CCDRC, Isabel Damasceno e também na presença da presidente da Comunidade

Intermunicipal do Médio Tejo, Anabela Freitas, Fernando Freire não esqueceu os projetos futuros, principalmente a grande aérea de logística defendida pelos autarcas do Médio Tejo. “Enormes desafios se avizinham com uma envolvente social e económica de competitividade. Como sabem, defendo a transformação da região, devido à sua centralidade, numa grande aérea de logística. Há necessidade de um plano nacional estratégico para os transportes, para a logística e para a carga, pois só assim será possível encontrar uma estratégia nacional que promova o aumento das exportações e a sustentabilidade da nossa economia”, defendeu Fernando Freire. Para o autarca, “esta estratégia deverá ser alicerçada na intermodalidade e em eficientes conexões (os designados hubs): rodoviários (no eixo Alcanena – Barquinha), ferroviários (no eixo Riachos - Torres Novas - Entroncamento) e aeroportuários, onde deverá estar Tancos (aeroporto de mercadorias, operações militares

//Ana Abrunhosa foi conhecer os projetos instalados no CAIS

e proteção civil) eixo Barquinha, Constância e Abrantes com claras vantagens para toda a região do Ribatejo, da Beira Baixa e Alto Alentejo”. “Queremos criar valor, gerar emprego e fixar populações”, afirmou, e dirigindo-se à ministra, disse que “precisamos de muita da sua ajuda, precisamos de si (...) Contamos consigo como contámos enquanto presidente da CCDRC”. Ana Abrunhosa não fugiu ao desafio de Fernando Freire e referiu-se aos projetos da Comunidade Intermunicipal e ao objetivo da criação de uma plataforma logística. Depois de ter ouvido “com muita atenção”, a ministra concordou com “a excelente posição geográfica” do Médio Tejo, “pela excelente posição, nomeadamente pelas vias rodoviárias e ferroviárias que tem”. A governante declarou “o compromisso da ministra e da presidente da CCDR – que é ela que tem a chave do cofre – de trabalharmos convosco num projeto ou numa ideia que querem robustecer”. A Ana Abrunhosa destacou ainda o trabalho da Comunidade Intermunicipal do Médio Tejo porque, segundo declarou, “é através destes projetos em conjunto que a região fica melhor e, por conseguinte, os seus municípios”. Com Tancos e os projetos da Comunidade Intermunicipal para a região a ocuparem parte dos discursos do dia, o CAIS - Ninho de Empresas de Vila Nova da Barquinha foi inaugurado e já se trabalha a todo o vapor. Ana Abrunhosa visitou as instalações, falou com os empresários ali instalados e tomou conhecimento dos projetos em curso. Patrícia Seixas


REGIÃO / Vila de Rei Município tem obras em execução e algumas concluídas // São várias as obras que estão em execução no concelho de Vila de Rei. Há ainda obras concluídas e outras irão ter início a curto prazo. Os trabalhos de requalificação da Estrada Municipal entre a EN2e a aldeia de Seada tiveram já início, com um prazo previsto de execução de oito meses. Após a realização do respetivo Concurso Público, a obra foi adjudicada pelo valor de 289.600,00 euros, acrescido de IVA. A empreitada inclui os trabalhos de alargamento da faixa de rodagem (duas vias com 2,6m cada fora das localidades), pavimentação do alargamento e as pinturas e sinalização ao longo de toda a via.

//Estrada Municipal entre a EN2e a aldeia de Seada Ricardo Aires, presidente da Autarquia vilarregense, afirma que “a concretização desta empreitada vai conferir um maior conforto e segurança a todos os moradores das aldeias localizadas entre a Seada e a Estrada Nacional 2. Simultaneamente, estamos também a melhorar grande parte de um dos principais acessos à Praia Fluvial das Fernandaires, um dos locais mais procurados pelos milhares de turistas que anualmente visitam o nosso concelho.” Também se encontra já a decorrer a instalação do novo emissário

de águas residuais do Carrascal. A empreitada tem um prazo de execução de 10 meses, com um custo de 178.673,17 euros + IVA, e prevê a criação de novas condutas de transporte de águas residuais desde o Carrascal até à ETAR de Vila de Rei. Ricardo Aires afirma que “os trabalhos de substituição das condutas de águas residuais do Carrascal surgem como forma de resolver os problemas existentes nos atuais equipamentos. Com a realização desta obra, o transporte e tratamento de águas residuais será feito de forma ainda mais eficiente, com

//Calçada reparada na Salavisa todas as vantagens ecológicas e de aproveitamento de recursos hídricos que daí advém.”

Aldeia de Salavisa com calçada reparada

Foram já dados por concluídos os trabalhos de reparação da calçada da aldeia de Salavisa, em zonas em que a mesma se encontrava mais danificada, ao que se seguiu a iguais reparações na aldeia de Portela. Segundo o Município, a curto prazo, terão igualmente início trabalhos com vista à reparação da calçada na aldeia de Zaboeira.

A empreitada tem um valor de 79.531,48 euros + IVA, e inclui trabalhos de levantamento e reparação da calçada, bem como a colocação de calçada nova em locais em que esta se encontre mais deteriorada, em Portela, Salavisa e Zaboeira. Para o presidente do Município de Vila de Rei, “os trabalhos de beneficiação da calçada destas três aldeias vão preservar e otimizar o espaço público, beneficiando os seus habitantes e visitantes, e, ao mesmo tempo, melhorando as suas condições de mobilidade, segurança e bem-estar”. PUBLICIDADE

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REGIÃO / Mação

Fatura da água sobe e descontentamento é comum entre munícipes e Município // A fatura da água subiu consideravelmente no concelho de Mação. Nada que não fosse expetável e avisado a partir do momento em que o Município integrou a empresa intermunicipal Tejo Ambiente. Com o desagrado dos munícipes, que durante anos pagaram “uma tarifa extremamente baixa”, vem agora também o desagrado do Município por “nem tudo estar a correr da forma prevista”. O presidente da Câmara de Mação, Vasco Estrela, deu conta na reunião do Executivo que “é um facto – e não há outra forma de o dizer – que as coisas nem sempre estão a correr da forma que nós gostaríamos”. Referindo-se à situação vivida no concelho desde que o Município integrou a empresa Tejo Ambiente, o autarca reconheceu que “de facto, têm havido algumas reclamações, mais no Facebook do que na Câmara, mas as redes sociais são hoje uma forma de as pessoas mostrarem o seu descontentamento”. Vasco Estrela explicou que, no concelho de Mação, “tem havido um conjunto de situações que têm sido reportadas a quem de direito na Tejo Ambiente. Eu também faço parte dos Órgãos Sociais da empresa e apesar de não estar na parte executiva, não estou a fugir à minha responsabilidade”. As reclamações prendem-se com a recolha dos resíduos sólidos urbanos, com “os rombos de água que obrigam a intervenções no pavimento” e onde não tem sido reposto o alcatrão ou as pedras “em devido tempo, como era previsto”. Também a fatura da água tem gerado descontentamentos, “nomeadamente a do mês de agosto, fruto de ter havido estimativas a reportar aos meses de abril e maio e não do mês homólogo do ano anterior. Isso fez com que houvesse faturas de va-

// As reclamações prendem-se com a recolha dos resíduos sólidos urbanos, com os rombos de água e também a fatura da água lores exorbitantes, de centenas de euros”. O presidente adiantou que “isto também reflete o aumento do tarifário” pois, em Mação, “a tarifa era extraordinariamente baixa, comparativamente com outros concelhos”. Dependendo dos escalões, “estamos a falar de aumentos de 30%, 40%, 50%, o que são valores muito altos”. “Tudo isto somado, tem criado aqui no nosso concelho muito ruído, alguma indignação, revolta por parte das pessoas… porque

“Os negócios para serem bons, têm que ser bons para todos” – Vasco Estrela

ninguém gosta de estar a pagar mais e, ao mesmo tempo, estar a perceber que o serviço que está a ser pago não tem retorno”, esclareceu. Vasco Estrela comentou ainda o facto de que “até ao momento não foi possível à empresa realizar qualquer investimento, nem há previsão para quando possa começar a ser concretizado no nosso concelho, ao contrário do que já aconteceu em outros concelhos da Tejo Ambiente”, explicando que isso se fica a dever com “decisões

estratégicas por parte da empresa”. Sendo Mação o município que “mais problemas tem em termos de gestão da água, há situações que não estão a correr da forma que era previsível mas ainda estamos na fase de darmos o benefício da dúvida. A empresa começou em junho, tem quatro meses, sabemos a dificuldade que é montar uma coisas destas a partir do zero, sabemos a dispersão geográfica que a empresa tem e sabemos do contravapor que existe no nosso território quanto à empresa”. No entanto, e relembrando o facto de ser presidente da Assembleia Municipal da Tejo Ambiente, como presidente da Câmara Municipal de Mação “compete-me defender os interesses de Mação e dos munícipes deste concelho”. Vasco Estrela confessou continuar “convencido de que Mação não tinha outra alternativa se não a adesão à Tejo Ambiente” mas adiantou que “se Mação não tinha, outros municípios também não tinham”. “Os negócios para serem bons, têm que ser bons para todos”. Portanto, “todos temos que ganhar alguma coisa”, disse Vasco Estrela, apelando a que se seja “equitativo na distribuição daquilo que são os prejuízos e principalmente naquilo que são os benefícios” e falando de solidariedade entre municípios. Patrícia Seixas

Município quer mudar a cara da mobilidade na Vila Com o prazo prorrogado até final de novembro, o Município de Mação tem agora mais algum tempo para avaliar a candidatura ao Plano de Ação de Mobilidade Urbana Sustentável (PAMUS). Este programa diz respeito “à mobilidade, à descarborização, à requalificação urbana… para tornar a Vila mais amiga dos peões”. Segundo Vasco Estrela, presidente da Câmara Municipal de Mação, “trata-se de um plano de regeneração urbana, complexo e muito oneroso, e que tem agora uma hipótese de candidatura e financiamento muito generosa que esperamos que possa vir a resolver muitos dos problemas que temos”. No fundo, o plano contempla a criação de ciclovias na vila, “no-

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//Câmara Municipal vai avançar com candidatura de perto de 4ME para modernizar a mobilidade na vila

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meadamente na zona da reta até à escola e piscina” e “uma alteração substancial no centro histórico com a construção, requalificação, reabilitação e adaptação dos passeios e das calçadas que existem e que estão manifestamente pouco adequadas aos tempos que vivemos”. Há ainda lugar para que “algumas urbanizações sejam adequadas e tenham passeios que respeitem a legislação atual, que não é o que acontece agora, fruto da legislação que estava em vigor aquando da sua construção”. Para Vasco Estrela, no fundo, “é tornar a Vila mais agradável para os peões e onde a mobilidade seja muito mais facilitada. Que possamos retirar tudo o que são atropelos urbanísti-

cos que dificultem o acesso e a mobilidade das pessoas pois há muitos passeios sem acesso a pessoas de mobilidade condicionada… enfim uma transformação urbana”. O facto de estas obras, se a candidatura for aceite, se virem a realizar apenas na Vila, deve-se, como explicou Vasco Estrela, “porque este programa é desenhado essencialmente para os centros urbanos complementares, como é caso das sedes de concelho”. No conjunto das intervenções previstas, o investimento “andará muito perto dos quatro milhões de euros para toda a intervenção. É um valor muito preliminar que carece de alguma afinação” e será comparticipado a 75% e a 85%. Patrícia Seixas


REGIÃO / Sardoal

Plano de reestruturação da Misericórdia passa pela não renovação de contratos dos trabalhadores // A Santa Casa da Misericórdia de Sardoal tem em marcha um plano de reestruturação do seu quadro de pessoal e que passa pela não renovação dos contratos de trabalho a termo. De acordo com o plano, não está colocada de lado a necessidade de despedimentos mas, para já, está fora da equação. Esta foi a informação mais relevante de uma reunião que ocorreu no dia 26 de outubro, entre elementos do executivo da Câmara Municipal de Sardoal e elementos da Mesa Administrativa da Santa Casa da Misericórdia de Sardoal. Depois de duas semanas de muita informação a circular no diz que disse na vila de Sardoal e nas redes sociais, o presidente da Câmara Municipal, Miguel Borges, fez uma curta declaração da reunião do executivo, de dia 21 de outubro, para dizer que estava preocupado com o que se ouvia falar e que, nesse sentido, tinha pedido uma reunião “com caráter de urgência” à estrutura que lidera a Instituição Particular de Solidariedade Social. Nessa mesma reunião, o presidente da Junta de Sardoal, o socialista Miguel Alves, revelou que tinha, igualmente, muitas preocupações porque aquilo que se ouvia é que seriam “despedidas” cerca de 30 pessoas. Ainda nessa reunião foi revelado que a IPSS tem um quadro de pessoal de 97 trabalhadores, não tendo, nesta altura, recursos financeiros que sustentem esta quantidade de trabalhadores. E uma das questões abordadas tem a ver com a comparticipação da Segurança Social no apoio a cada utente da Instituição. Recorde-se que o Provedor da Santa Casa da Misericórdia tinha dito, em entrevista à Antena Livre, a propósito do encerramento da

Associação cria aplicação digital para cidadãos

//Misericórdia de Sardoal tem plano de reestruturação em marcha creche, que havia utentes sem comparticipação da Segurança Social e que não “os podia deixar numa valeta sem apoio”. Já na altura, Anacleto Batista tinha referido que era preciso olhar para as finanças da instituição e que o encerramento da creche era inevitável. Nessa segunda-feira, Miguel Borges fez-se acompanhar dos vereadores Jorge Gaspar e Pedro Rosa para uma reunião em que pretendia inteirar-se daquilo que

são as intenções da Mesa Administrativa nesta reorganização dos recursos humanos. Miguel Borges diz que pediu a reunião para saber ao certo a veracidade das informações que têm corrido “à boca pequena” e até para “dar resposta a pessoas que abordam o presidente da Câmara mostrando a preocupação naquilo que é a sua vida futura”, revelou o presidente da autarquia salientando que fez a pergunta

A IPSS tem um quadro de pessoal de 97 trabalhadores, não tendo, nesta altura, recursos financeiros que sustentem este número

A Valsa da Cotovia é a mais recente associação do concelho de Sardoal, criada no ano passado. Desde os primeiros tempos os jovens que criaram o movimento associativo direcionaram as intenções e ações para a área da cidadania, ações que pudessem contribuir para a melhoria de vida das pessoas. Apesar de ser, no papel, uma associação cultural, os seus mentores têm o conhecimento técnico na vida digital e informática. E é neste sentido que a associação começou a desenvolver uma aplicação para os dispositivos móveis dos nossos dias. Uma aplicação no sentido de dar melhores acessibilidades digitais à

população e, com essa ferramenta, contribuir para a melhoria da sua vida. E da ideia saiu um projeto concreto em que a Valsa da Cotovia apresentou ao Município de Sardoal uma proposta para a criação de uma plataforma móvel que pode funcionar em ambiente Android (smartphone) ou nos computadores. “Trata-se de uma plataforma que vai desde a simples divulgação de eventos (…) a possibilidade de o comércio local poder fazer promoções ou apresentar novidades (…) pode vir a concentrar os avisos do IPMA [nos riscos de incêndio] (…) possibilita a relação entre o cidadão e as

autarquias”, explicou o vereador Pedro Rosa. Neste último campo, pode ser uma grande ajuda ao trabalho de Câmara e Juntas de Freguesia porque pode funcionar como alerta de situações que os cidadãos encontrem na rua. Pedro Rosa exemplificou com um cidadão que vê um local com a calçada levantada. Poderá enviar uma fotografia através da plataforma com georreferenciação e, dessa forma, alertar as entidades responsáveis. O vereador indicou ainda que terá os contactos de todas as instituições do concelho criando um nível de informação concentrado. “É ter todo o concelho, de forma digital, no bolso”, disse Pedro

direta sobre dispensas e qual a dimensão, até para “perceber o enquadramento social”. O presidente da Câmara disse que a resposta que teve foi de que a Mesa Administrativa não tinha, neste momento, qualquer processo de despedimento. O que está em cima da mesa, diz o autarca, é a não renovação dos contratos de trabalho. Ou seja, de acordo com o que terá sido explicado ao autarca, é que à medida que os contratos forem terminando não serão renovados. Miguel Borges confirma que lhe foi dito que um cenário de despedimentos está, neste momento, fora da equação. No entanto, não houve informação sobre a dimensão do número de pessoas que poderão ficar no desemprego por via desta não renovação de contratos de trabalho. A Santa Casa da Misericórdia de Sardoal tem um quadro de pessoal de quase uma centena de funcionários nas suas diversas valências, tendo já rescindido com algumas trabalhadoras que exerciam funções na creche que fechou em junho e não reabriu em setembro deste ano. Miguel Borges disse ainda que a autarquia vai continuar a acompanhar, “com preocupação”, esta situação da IPSS já que há uma envolvente social da qual não se pode desvincular, porque o aumento de desemprego tem sempre preocupações para um presidente de Câmara. Jerónimo Belo Jorge

Rosa que adiantou que muito em breve a aplicação poderá estar disponível. Acrescentou ainda que quem a subscrever poderá subscrever os alertas que a aplicação vai disponibilizar. Sempre que haja um evento, uma novidade numa empresa ou numa instituição que faça parte da plataforma, é gerado um alerta para os subscritores. De acordo com Pedro Rosa, a Valsa da Cotovia quer lançar a aplicação no Sardoal, mas aponta já a intenção de poder fazer o alargamento para o Médio Tejo e, quem sabe, para outros municípios do país.

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REGIÃO / Constância

Santa Casa homenageia funcionários em Dia do Idoso // O Dia do Idoso, comemorado a 1 de outubro, foi assinalado na Santa Casa da Misericórdia de Constância com uma “singela homenagem aos funcionários da Instituição e às entidades e particulares que connosco colaboram na atual situação de pandemia”.

//Funcionários da Misericórdia homenageados em Dia do Idoso um investimento que temos vindo a fazer. É um capital humano incomensurável e de real valor”. Para já, o Centro de Dia continua fechado e, disse o provedor, “estamos atentos a estas vagas, que não sabemos como é que nos vamos posicionar mas estamos com um sentido de responsabilidade e de ânimo para

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Foi no exterior do Lar de S. João, edifício sede da Santa Casa da Misericórdia de Constância (SCMC) que uma dezena de convidados se juntaram para prestar esta homenagem. António Paulo Teixeira, provedor da SCMC, reconheceu que, nesta altura, a homenagem é importante “porque não podemos baixar a guarda. A pandemia está aí e temos que continuar o nosso trabalho mas não quisemos deixar de, de uma forma simples, homenagear todos aqueles que nos têm ajudado”. Quanto ao dia escolhido, o provedor afirmou que “nada melhor que o Dia do Idoso” o que significa “alegria e dever profundo de reconhecimento. Esse reconhecimento está bem patente e acreditamos estar no caminho certo e continuaremos sempre a defender aquilo que é defensável”. Quanto aos tempos que se vivem, com especial incidência de casos em instituições que cuidam de idosos - a SCMC não foi exceção e também conta com alguns funcionários infetados – o provedor falou de “dias difíceis, com muita sobrecarga, muito esforço e muita dedicação. António Paulo Teixeira voltou a relembrar os funcionários da Instituição que “são a base desta nossa atividade. Sem eles, dificilmente os nossos queridos utentes teriam boas assistências. É

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que os idosos sintam o menos possível este tipo de situação”. António Paulo Teixeira adiantou ainda que “esta pandemia é uma maratona sem uma meta à vista. Temos que ter esperança e vamos caminhando passo a passo, defendendo aquilo que é defensável”. Manuel Maia Frazão, presidente do Secretariado Regional de Santarém da União das Misericórdias Portuguesas (UMP), presente na cerimónia, começou por afirmar que “os trabalhadores das Misericórdias têm sido os menos falados na comunicação social mas são os que maiores trabalhos têm tido”. Destacou o profissionalismo demonstrado “e nem sempre reconhecido” ao longo dos últimos seis meses e deu os parabéns “às boas pessoas que são”. “Obrigado por serem boas pessoas e continuem a ser assim”, disse Maia Frazão. O presidente do Secretariado Regional de Santarém da UMP referiu-se às 23 Misericórdias do distrito de Santarém afirmando que, felizmente, não têm tido problemas de Covid, fruto, essencialmente de duas grandes ações: porque temos um plano de contingência bastante bem trabalhado e que temos o posto em prática quando é necessário e outra diferença é a forma como os nossos trabalhadores se prepararam mentalmente (…) e a forma como criaram nas pessoas que estão dentro das nossas unidades a partilha,. A amizade e o bom relacionamento”. “Se assim não fosse”, disse Maia Frazão,

“as nossas unidades seriam prisões autênticas. Os utentes não saem de lá há sete meses”. Lembrou que toda esta situação tem feito com que as Misericórdias tenham feito “vários e grandes investimentos para que se tenha permitido o afastamento dos utentes dentro das unidades”. Maia Frazão reconheceu “a arte e o engenho” dos funcionários das Misericórdias e, dirigindo-se ao provedor da SCMC, disse que “o reconhecimento que fez, fê-lo na altura certa. Discretamente, com a humildade que o caracteriza, mas numa altura em que as pessoas começam a ficar um pouco cansadas. Nem tanto fisicamente, mas mais mentalmente e com alguma apreensão”. É que, como lembrou o presidente do Secretariado Regional de Santarém, “vem aí o inverno com as gripes. E temos que começar a pensar na possibilidade de a gripe vir antes de

uma 2.ª vaga de Covid. Eu acho que a própria área da saúde ainda não se preparou para isso”. E deixa uma questão: “se a gripe vier antes, na mesma proporção do ano passado, como é que vai ser? Quem é que vai acolher os Covid’s?”, relembrando os corredores cheios de macas que entupiram os hospitais no ano passado. Maia Frazão apelou “para que a área da saúde, que não tem ajudado em muito, só tem ajudado dentro dos próprios hospitais, (…) é fundamental prepararem locais para atenderem pessoas que tenham Covid, de forma que a outra comunidade que tem direito à saúde pública, tenham a garantia e a segurança de que, se tiverem uma fragilidade, tenham algum profissional de saúde que os acolhe”. O presidente da Câmara Municipal de Constância louvou a iniciativa e reconheceu igualmente “as semanas e meses difíceis para todos nós, sem exceção, mas muito em especial para os trabalhadores da Santa Casa, para os profissionais de saúde”. Sérgio Oliveira parabenizou “a Santa Casa por reconhecer o trabalho dos seus funcionários, cujas organizações só conseguem andar para a frente se reconhecerem e valorizarem os recursos humanos que trabalham diariamente nas mesmas e, com esta homenagem, fazer uma homenagem alargada a toda a comunidade do nosso concelho, a todas as instituições que têm sabido estar à altura do desafio que tem sido o Covid”. “Tem havido colaborações muito estreitas para conseguirmos que os números de infeções não sejam maiores do que aquelas que já existem no nosso território”, disse Sérgio Oliveira que ainda deixou “uma palavra de alento e de esperança de que esta fase difícil das nossas vidas há-de passar e temos que manter um sorriso na cara, ter todos os cuidados que são precisos, mas a nossa vida tem que continuar e temos que seguir em frente”. A Santa Casa da Misericórdia de Constância conta com 74 profissionais, uma ERPI - Estrutura Residencial para Idosos em Santa Margarida com 40 utentes e outra ERPI, o Lar de S. João, em Constância, com 24 utentes. Tem ainda uma creche com 40 crianças. Patrícia Seixas


REGIÃO / Constância

Olga Antunes reconduzida no cargo de diretora do Agrupamento de Escolas // A cerimónia de tomada de posse da diretora do Agrupamento de Escolas de Constância teve lugar no dia 12 de outubro, na Biblioteca Escolar Carlos Cécio, na escola sede, e com presença limitada. No entanto, a cerimónia da recondução de Olga Antunes foi transmitida em direto na página do Facebook do Agrupamento. pena, tal como em 1983 quando comecei a trabalhar”. “De uma forma muito egoísta, fico muito satisfeita quando penso que tenho alguma influência ou algum peso naquilo que são os resultados dos nossos alunos e o percurso que eles conseguem construir”. No entanto, acrescentou a diretora, apesar de os resultados escolares “serem muito importantes”, Olga Antunes diz valorizar muito “que todos os alunos se sintam incluídos. Que todos os alunos que frequentam a escola se sintam bem na escola e lhe deem importância e que a escola, de alguma forma, os ajude no seu percurso”. Relativamente ao futuro, mais concretamente aos próximos quatro anos do mandato, “são anos de incerteza em que o futuro nunca foi tão incerto como é agora e será muito difícil traçar metas a longo prazo”.

Mas há que continuar a trabalhar pois “os nossos jovens estão cá e eles precisam que nós pensemos a longo prazo”. Para que tal aconteça, Olga Antunes disse ser importante “continuar a trabalhar como uma grande família, para que todos os alunos se sintam incluídos e que sejamos capazes de continuar a organizar-nos enquanto equipas e a pensar o ensino e a educação no nosso concelho como uma meta”. “Continuo a acreditar que só juntos construímos o futuro”, concluiu a diretora. Presente na cerimónia de Tomada de Posse esteve a vereadora responsável pelo pelouro da Educação na Câmara de Constância. Filipa Montalvo parabenizou a diretora do Agrupamento de Escolas de Constância pela “merecida recondução” no cargo e destacou a “dedicação, espírito de missão e até de sacrifício

//Olga Antunes

Patrícia Seixas

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A diretora do Agrupamento de Escolas de Constância, Olga Antunes foi homenageada com um vídeo feito pelas crianças e jovens do Agrupamento de Escolas que lhe agradeceram o trabalho dos últimos anos. Foi com a voz embargada que Olga Antunes agradeceu a todos os que a acompanham neste trabalho, falou “de um ano muito difícil” que terão pela frente mas diz acreditar que trabalha para o sucesso dos seus alunos e que continua a valer a pena. “É pelos alunos que cá estou. Se não acreditasse que valia a pena, e se não acreditasse que, de alguma forma, posso contribuir para a felicidade e sucesso deles, muito provavelmente já teria deixado o cargo”, confessou a diretora. Olga Antunes disse ter “uma visão romântica da educação” mas continua a acreditar “que vale a

com que tem vindo a desempenhar as suas funções até à presente data”. Para a vereadora, Olga Antunes é “a pessoa certa para que continuemos a ser um concelho rico, sendo a educação o alicerce de crescimento individual e coletivo. A pedra basilar para uma comunidade igualitária, estruturada, justa e equilibrada”. “O cargo que ocupa acarreta extrema responsabilidade mas, como já deu provas variadíssimas vezes, não podia estar mais à altura pelo empenho e amor que coloca em tudo o que faz. Por traçar sempre como prioridade máxima o bem-estar das nossas crianças e jovens, pela sensatez e tranquilidade que a caracterizam”, atestou Filipa Montalvo. A vereadora confessou ainda ter “profunda admiração” por Olga Antunes “pelo seu percurso, pela mulher forte e íntegra que demonstrou sempre ser. Pela forma como gere a adversidade – agora mais do que nunca – e pela forma como, abnegadamente, se chega a esquecer de si e da vida pessoal em detrimento dos outros. Obrigada pelo exemplo”. A tomada de posse da recondução da diretora do Agrupamento de Escolas de Constância deu início aos últimos quatro anos de mandato de Olga Antunes pois, por lei, não poderá vir a ser reconduzida.

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SOCIEDADE /

IC9: 20 anos depois. O Programa Nacional de Investimentos para 2030 (PNI) foi apresentado no dia 22 de outubro pelos ministros das Infraestruturas e da Habitação, do Ambiente e da Ação Climática e da Agricultura, e pelo Primeiro-Ministro. No documento, na área do Programa de Construção de “Missing Links” que pretende “concretizar fechos de malha, potenciando os investimentos já realizados, melhorar as condições de segurança rodoviária e fomentar a economia”, vem contemplada conclusão do IC9 – A23, com ligação a Ponte de Sôr, incluindo uma nova ponte sobre o rio Tejo, entre Constância e Abrantes. Ora, esta não é a primeira vez que uma nova travessia sobre o Tejo aparece em planos nacionais rodoviários ou mesmo no Programa Nacional de Investimentos. E até agora, a construção da dita travessia nunca foi efetuada, apesar do problema ter sido apresentado a sucessivos governos. Manuel Jorge Valamatos, presidente da Câmara Municipal de Abrantes, disse ao Jornal de Abrantes acreditar que a obra possa ir agora avante e diz ser um momento “de grande satisfação” por ver “a conclusão do IC9 e da travessia sobre o Tejo inscritas no Programa Nacional de Investimentos”. “Sem esta intenção estar afirmada neste documento, estaríamos numa situação extremamente triste para a nossa região” mas assim, “é um momento de grande entusiasmo e de grande expetativa”, disse o autarca. O presidente da Câmara de Abrantes lembrou o facto de esta não ser a primeira vez que o PNI contempla a conclusão desta obra mas, como referiu ”este projeto nunca deixou de estar no Plano Nacional Rodoviário”. Para Manuel Jorge Valamatos esta é a hora pois, como afirmou, “percebendo os níveis de investimento para Portugal em função daquilo que é a disponibilização financeira dos fundos europeus, acreditamos termos aqui uma excelente oportunidade da concretização deste projeto há muitos anos falado. Que deixe de estar no papel e que passe a ser uma realidade”. O autarca atestou a importância deste projeto “que liga a Nazaré até a Abrantes e leva-nos com maior facilidade até ao Alto Alentejo, até Ponte de Sôr”. Destacou ainda a relevância da obra “para as empre-

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sas e para a dinâmica económica da região”. “Nesta altura estamos muito otimistas e com muito desejo que se concretize”, declarou. A aposta do Município abrantino em alojar empresas na área tecnológica, bem como “a nossa Escola Superior de Tecnologia e toda a aposta e dinâmica do tecido industrial e comercial”, poderá ser assim “um complemento” a empresas da região, devido à melhoria nas acessibilidades, como por exemplo, com o cluster aeronáutico em Ponte de Sôr. “A região vai ganhar com isso. Estamos a aproximar empresas, ciência e desenvolvimento económico”.

A travessia sobre o Tejo

A conclusão do IC9, no troço Abrantes – Ponte de Sôr, um troço de cerca de 35 km’s, contempla a

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construção de uma travessia sobre o rio Tejo. No Plano Rodoviário Nacional de há 20 anos, essa ponte está projetada para o nó da Abrançalha, na A23. Manuel Jorge Valamatos recordou que a localização desta ponte “teve por base estudos de impacte ambiental, está definida e não apresenta grandes equívocos. É certo que passaram muitos anos mas acho que nada justifica a sua alteração pois isso iria alterar todo um plano e toda uma lógica de acessibilidades”. “Há, inclusivamente, corredores que ficaram reféns da conclusão do IC9 na zona da Abrançalha. Há corredores onde não foi permitida mais construção, mais desenvolvimento, incluindo instalação de empresas. Ficámos condicionados devido à conclusão do IC9 e não faz sentido qualquer alteração neste

momento”, declarou. Sérgio Oliveira, presidente da Câmara Municipal de Constância, disse, por sua vez, que a inclusão do IC9 no PNI “é um bom pontapé de partida, no sentido de se fazer uma nova travessia sobre o Tejo entre Constância e Abrantes”. “É uma infraestrutura importante para ligar o Alto Alentejo a esta região”, acrescentou, sublinhando que o documento representa “apenas um plano nacional de investimentos” e é relativa a uma “construção que já constou de muitos planos e de muitos programas”. Por outro lado, para o autarca de Constância, a construção de “uma única nova ponte sobre o Tejo pode resolver o problema de três municípios” [Constância, Abrantes e Chamusca], tendo defendido que a mesma “deve ser construída entre a estação ferroviária de Santa

Margarida da Coutada e a Ribeira de Alcolobre, na margem sul, no concelho de Constância, e no lado norte deveria ser no nó que já existe, e que já fica no concelho de Abrantes”. “É óbvio que isto tem de obedecer a estudos técnicos e há níveis de decisão que não são políticos, mas acho que é uma infraestrutura que serviria toda a região e contribuiria para o seu desenvolvimento”, frisou Sérgio Oliveira. Já Manuel Jorge Valamatos reconhece que o presidente da Câmara de Constância “está a defender os interesses do concelho e da sua comunidade e isso é perfeitamente aceitável”. O presidente da Câmara de Abrantes frisou que “reivindicar aquilo que se acha que têm direito e que serve melhor o interesse das suas populações não é um proble-


SOCIEDADE /

Será desta? Autarca da Chamusca “indignado” com ausência da conclusão do IC3 O presidente da Câmara da Chamusca manifestou “indignação” pela omissão da conclusão do IC3/A13 no Plano Nacional de Investimentos, lembrando que é um compromisso para com um concelho que tem vindo a resolver o passivo ambiental do país. Paulo Queimado enviou uma longa missiva ao ministro das Infraestruturas e da Habitação, Pedro Nuno Santos, na qual manifesta a sua indignação por a região ser novamente confrontada com a ausência de qualquer referência à conclusão do troço do IC3/A13, que ligará Vila Nova da Barquinha a Almeirim (previsto desde 2007), no Plano Nacional de Investimentos/PNI 2030. Para o autarca, além de se tratar de um “projeto estruturante” para a região, esta ligação foi assumida como uma contrapartida aquando da construção naquele concelho do Ecoparque do Relvão na Carregueira, para onde são encaminhados os ma, não podemos é misturar as coisas”. Explicou depois que “uma coisa é a conclusão do IC9 e uma nova travessia, e eu até julgo que no sítio onde está irá servir muito bem o concelho de Constância. Se existem problemas noutros lugares, terão de ser resolvidos a seu tempo e de acordo com o que é a intervenção do Governo. O que não podemos é estar a confundir projetos que têm mais de 20 anos e que são expectáveis há mais de 20 anos, com outras dificuldades que outros possam ter. São circunstâncias diferentes”. Manuel Jorge Valamatos considera que “esta nova travessia deverá servir também Constância, Sardoal, Chamusca, Ponte de Sôr... Se cada concelho tiver a sua especificidade de alteração do que quer que seja, deverá obviamente lutar para que isso aconteça mas não confundir aquilo que é a conclusão do IC9 com outras situações mais particulares”.

IC9 uma história do século passado

Falar do PNI 2030 está na moda porque representa o mapa de intenções dos grandes investimentos do Estado nos próximos dez anos. E é neste documento que está inscrita a nova travessia sobre o rio Tejo que coloca os autarcas do norte do

resíduos perigosos de todo o país e onde funcionam, desde 2008, os únicos dois Centros Integrados de Recuperação, Valorização e Eliminação de Resíduos Perigosos (CIRVER) existentes no país. “Estamos a resolver os problemas dos nossos vizinhos, e bem, mas, por outro lado, temos as nossas populações a reclamar porque o nosso não é resolvido”, disse, salientando ainda o risco de perda de interesse de manifestações de investimento na ordem dos 100 milhões de euros no Ecoparque, negociadas no pressuposto da conclusão do IC3. Paulo Queimado lembrou que, diariamente, “centenas de camiões com resíduos perigosos” atravessam as localidades de Almeirim, Alpiarça, Vale de Cavalos, Chamusca, Pinheiro Grande, Carregueira, por não terem outra alternativa senão usar a Estrada Nacional 118, quando vêm de sul.

//A ponte estará projetada algures entre o nó de Abrançalha da A23 até à zona do mirante, em Tramagal

C/ Lusa

Mira Amaral respondeu a Nelson Carvalho: “Quer uma ponte? Faça-a!” O presidente da Câmara de Abrantes lembrou o facto de esta não ser a primeira vez que o PNI contempla a conclusão desta obra Ribatejo a vincar uma necessidade premente de uma nova ponte. A construção de uma ponte que ligue a freguesia, agora vila, de Tramagal à margem norte do Tejo, a Abrantes, é uma ideia antiga. Mais antiga do que a existência do IP6 ou A23, ou Autoestrada da Beira Interior como veio a designar-se. Quem é de Abrantes e tem mais de 40 anos lembrar-se-á de ouvir o ex-presidente da Câmara, José Bioucas, falar desta obra de engenharia. E o Eng. Bioucas deixou a Câmara em 1989.

Entre as muitas conversas em torno da ponte, a rede rodoviária nacional foi ganhando corpo e a construção de um Itinerário Principal que ligasse Peniche (litoral) a Castelo Branco (zona raiana). Conta Nelson Carvalho, presidente da Câmara de Abrantes (1993/2009), que ali em meados da década de 90 recebeu na fábrica da Mitsubishi, em Tramagal, o então ministro da Indústria e Energia, Luís Mira Amaral, no tempo do governo de Aníbal Cavaco Silva (outubro de 1991 a outubro de 1995). E, na fábrica, enquanto olhavam para o rio, Nelson Carvalho terá dito qualquer coisa do género: “Senhor ministro ficava ali mesmo bem uma ponte sobre o Tejo”. A esta afirmação do presidente da Câmara, diz Nelson Carvalho, o ministro respondeu. “Quer uma ponte? Faça-a!” Hoje, 25 anos depois, o ex-autarca diz que percebeu de imediato o que o governante quis dizer. “Como a Câmara não tinha [nem tem hoje] dinheiro, nem condições para avançar para uma obra desta envergadura, tivemos de ir à procura de outra solução”, relembra Nelson Carvalho ao mesmo tempo que explica o trabalho de planeamento seguinte. “Começámos com os técnicos a olhar para os planeamentos e percebemos que o corredor do IC9 era a solução ideal.

Vinha da Nazaré e faria a ligação ao IC13, em Ponte de Sor. Com isso estava encontrada a solução para a travessia do Tejo”. Depois, segundo o ex-autarca, “era só ‘vender’ a ideia ao governo”. Entretanto, em 1999, no poder estava o governo de António Guterres e, recorda Nelson Carvalho, quando se ouviu falar no Plano Rodoviário Nacional 2000 tentou logo agendar uma entrevista com o então secretário de Estado das Obras Públicas, Crisóstomo Teixeira, que integrava o Ministério do Equipamento Social, liderado por João Cravinho. E para essa reunião, diz Nelson Carvalho, a estratégia foi muito simples: “Uma conversa curta, porque os governantes têm sempre muito que fazer, mas acompanhada com uns ‘bonecos’ da ideia da via entre a A23 e Ponte de Sor”. E diz lembrar-se que o secretário de Estado acho uma boa solução. Tanto mais que integrou o Plano Rodoviário Nacional 2000, que ainda está em vigor. As coisas andaram e em 2009 é apresentado, e posteriormente aprovado, o Plano de Impacte Ambiental do troço do IC9 entre Abrantes e Ponte de Sor. E entre as definições dos corredores desta via está incluída a localização da travessia sobre o Tejo. Como se pode ver no mapa,

algures entre o nó de Abrançalha da A23 até à zona do mirante do Tramagal. Aliás, o plano prevê duas possíveis travessias. Depois, avançou o projeto e o troço estava integrado numa das concessões que o governo de José Socrates estava a desenvolver. Mas, em 2010, há um novo travão. A concessão do IC9 é suspensa e depois entra a crise, a Troika, e o projeto ficou na gaveta. Surge agora novamente no Plano Nacional de Investimentos (PNI 2030), apresentado este mês. Nelson Carvalho, afastado da política desde 2009, diz ao Jornal de Abrantes que agora este IC ainda faz mais sentido do que antes, por via do crescimento e investimento de Ponte de Sor no setor da aviação e aeroespacial. “Temos de pensar em planeamento e não em atravessar o rio. Esta via [IC9] é fundamental para o desenvolvimento do interior do país, para um fortalecimento da ligação do Alentejo à A23”, explica o socialista, acrescentando que independentemente de outras travessias que possam vir a ser equacionadas, esta é “estratégica do ponto de vista nacional”. E vinca: “Não falamos de uma ponte, falamos de uma via fundamental nas acessibilidades nacionais. E já tem estudo de impacte ambiental e projeto”. Jerónimo Belo Jorge e Patrícia Seixas

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O CASTELO: SALA DE VISITAS DE ABRANTES C

omemorou-se a 7 de outubro o Dia Nacional dos Castelos. Os castelos são as marcas mais fortes da identificação de um país e do enraizamento de uma nação, agentes identitários que contribuíram para dar forma ao nosso sentido de pertença. Também assim acontece no caso de Abrantes, cuja fortaleza vem à baila qualquer que seja o século da sua história a que estejamos a aludir. Apesar de, por vezes, não termos essa perceção, são dezenas de milhar

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os visitantes que passam anualmente pelo castelo abrantino. O castelo é a sala de visitas da cidade e do concelho de Abrantes! O peso estratégico de Abrantes decorreu do seu posicionamento geográfico, mas também do papel determinante desempenhado pelo seu castelo altaneiro, com uma vista deslumbrante de 360 graus, no âmbito da linha defensiva do Tejo, a par dos castelos da Amieira do Tejo, Belver ou Almourol. Apesar de ter origem bastante remota,

o castelo de Abrantes continua a brindar-nos com novidades, o que aconteceu nos últimos anos, por exemplo no âmbito de trabalhos arqueológicos na fortaleza e de intervenções de conservação e restauro na igreja de Santa Maria do Castelo. Num primeiro momento, os arqueólogos descortinaram uma torre islâmica em tijolo de adobe, um reforço defensivo das torres islâmicas, que será do século IX. Entretanto, na Igreja de Santa Maria do Castelo, os frescos até há pouco tempo visíveis na capela-mor e em algumas paredes laterais encontravam-se muito degradados e não se descortinava o seu real interesse. A remoção de alguns azulejos soltos permitiu constatar que, por baixo destes, as pinturas têm continuidade e em muito melhor estado de conservação. Trata-se de pintura muito interessante do século XV. Considerado Imóvel de Interesse Público pelo decreto n.º 41191, de 18 de julho de 1957, a primeira referência documental à sua existência remonta a setembro de 1173, aquando da sua doação, com seus termos, à Ordem Militar de Santiago. No período compreendido entre 1248 e 1279, o concelho pediu autorização a D. Afonso III para executar obras de reparação e de reconversão do castelo. Admitindo que o castelo de Abrantes

tenha sido edificado em meados do século XII (ainda que várias opiniões vão no sentido de uma fundação mais antiga), uma obra de “reedificação” desta envergadura, efetuada cerca de cem anos depois, pode ter explicação no facto da construção anterior ter sido feita de emergência, fruto da velocidade da Reconquista. Quanto à Torre de Menagem, dotada de três pisos, foi edificada no reinado de D. Dinis, no início do século XIV. No século XV, a torre desmoronou-se, em resultado de um sismo e, ainda no mesmo século, foi reedificada com a estrutura de dois pisos com que chegou à atualidade. Nas Cortes realizadas em Lisboa, em 1456, o concelho solicitou a D. Afonso V nova intervenção no castelo, pedido a que o rei acedeu, mas quatro anos depois (1460) os procuradores de Abrantes às Cortes de Lisboa solicitaram ao monarca que autorizasse o concelho a fazer, à sua custa, a reparação dos muros do castelo, pedido a que, naturalmente, o rei acedeu. Foi no século XV que ocorreram importantes modificações na fortaleza abrantina, implementadas pela família Almeida: D. Diogo de Almeida, Alcaide-mor, foi responsável pela edificação do Palácio dos Governadores e pelos cinco torreões virados para a vila, bem como


TURISMO /

pela reconstrução da Igreja de Santa Maria do Castelo. Os túmulos de D. Diogo, a que se juntaram, os do 1.º e 2.º condes, D. Lopo e D. João, são obras de arte extraordinárias que justificam a visita a este templo, classificado como Monumento Nacional desde 1910. No século anterior, em 1385, foi no primitivo templo do castelo que decorreu o Conselho de Guerra em que o Condestável Nuno Álvares Pereira e D. João I decidiram defrontar os castelhanos, o que veio a materializar-se na Batalha de Aljubarrota. Em 1664 deparamos com novas referências a reconstruções do castelo, no âmbito da Guerra da Restauração. Assim, a 7 de março daquele ano, D. Afonso VI agradece ao juiz de fora, vereadores e procurador do concelho a maneira como concorreram para as fortificações de Abrantes.

Em 1921, completam-se 100 anos da fundação do Museu D. Lopo de Almeida

No ano de 1704, o castelo viu novamente reconhecida a sua relevância estratégico-militar, sendo considerado como “chave da província da Estremadura”, pelo que D. Pedro II, em 8 de junho, encarregou o Conde de Soure de proceder aos trabalhos de fortificação, nomeando-o governador militar. Em 1718, por carta datada de 24 de julho, foi concedido a D. Rodrigo Anes de Sá Almeida e Meneses o domínio da vila com o título de Marquês de Abrantes, tendo-se então procedido à reconstrução da antiga casa dos Condes de Abrantes. Em 1765 o Palácio do Marquês voltou a beneficiar de obras e foi preparado para alojar a Embaixatriz de Castela. Cerca de trinta anos depois, em finais de 1798, efetuaram-se novas obras no castelo e no Palácio do Marquês de Abrantes, para instalação das tropas da Legião do Marquês de Alorna. Em 1810, no decurso da 3.ª Invasão Francesa, Masséna pôs cerco à praça militar de Abrantes, porém, apesar das dificuldades sentidas, a guarnição local defendeu-se com denodo. E ter-se-á escutado pelo reino o célebre “Tudo como dantes, Quartel General em Abrantes”, pois a vila, defendida a partir do seu castelo, mantinha-se incólume. Ora, esta afirmação, muitas vezes conotada com fraqueza e passividade, aquilo que representou verdadeiramente foi garra, capacidade de resistência, determinação, sentido de dever cumprido. Em 1921, completam-se no próximo ano 100 anos, foi fundado o Museu D. Lopo de Almeida, na Igreja de Santa Maria do Castelo. Este templo está a ser alvo de nova musealização para se transformar em Panteão dos Almeida. Um dia destes, vá ao castelo e deixe-se deslumbrar! José Martinho Gaspar Foto: Pedro Santos

A Nacional 2 leva visitantes ao Castelo No Dia Mundial dos Castelos, celebrado a 7 de outubro, Sérgio Marques e Cátia, motard’s de Aveiro, visitaram o monumento. Programaram a viagem entre Chaves e Faro, na Nacional 2 com uma escolha criteriosa dos monumentos e sítios a visitar. E explicaram

que não poderiam vir a Abrantes, sendo uma das suas paragens, sem tirar um pouco do tempo de “comer quilómetros” para conhecer o famoso e vistoso Castelo abrantino, aproveitando assim a paragem para conhecer um pouco da cultura e da história de Abrantes.

Uma pedra que tem história Pode ser apenas uma pedra grande. Mas esta pedra, ali ao lado das escadas da Igreja de Santa Maria tem história. Contase que em Abrantes aconteceu o conselho de guerra em que D. João I e Nuno Álvares Pereira decidiram, com ideias divergentes, que Portugal iria participar na batalha de Aljubarrota. D. João I estaria reticente quanto à ideia de guerra e Nuno Álvares, com sangue nos olhos, quereria a todo custo participar nesta batalha, acabando por ter força na decisão de combater os castelhanos. O Rei foi rezar À Igreja de S. João Baptista e à saída como era um homem de baixa envergadura, necessitou de ajuda (altura) para subir ao seu cavalo a caminho da batalha contra os castelhanos. Esta terá sido a pedra que, entretanto, deixou as imediações da Igreja de S. João Baptista para ser colocada à entrada da Igreja de Santa Maria, no Castelo.

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SOCIEDADE /

Rotas de Mação já são Associação e trabalham para o futuro do concelho ORGÃOS SOCIAIS QUADRIÉNIO 2021-2025

// Tomaram posse no dia 3 de outubro, os órgãos sociais da recém-criada Associação Rotas de Mação. José António Almeida, recém-empossado presidente da Assembleia Geral, começou por dizer estar perante algo que se pode “tornar muito sério para o concelho de Mação e esta região” porque “está a ser preparado de uma forma muito cuidada e já há bastante tempo”. “Têm sido feitas coisas interessantes aliando conhecimento científico, todo um conhecimento ancestral, todo um conhecimento popular que, de certeza absoluta vai ter os seus frutos e muito rapidamente”, afirmou, explicando de seguida que “se veem preocupações em preservar aquilo que é natural e de qualidade e o ambiente natural de Mação é de muita qualidade. Um dos maiores patrimónios de Mação é a natureza e se há área em que este projeto das Rotas se mete com muito cuidado e na área da natureza”. No entanto, alertou o presidente da Assembleia, “não há natureza que se mantenha se não houver um cuidado pelo desenvolvimento económico e pela sustentabilidade”. O site das Rotas de Mação vai ajudar a promover os agentes económicos do concelho e uma das intenções é fazer a recolha da “história não escrita de um povo”. “Quando aliamos cultura, desenvolvimento económico, preocupações culturais, desenvolvimento científico técnico, tem tudo para dar certo”, afirmou José António Almeida. O presidente da Assembleia Geral acrescentou ainda ter “a certeza que este é um projeto dos mais sérios que Mação já viu nascer”.

Mesa da Assembleia Geral Presidente | José António Almeida (Ortiga) Vice-presidente | Jorge Delgado (Roda-Cardigos) 1º Secretário | Nuno Gaspar (Castelo-Mação) 2º Secretário | Gonçalo Lobato (Castelo-Mação) Direção Presidente | Leonel Mourato (Ortiga) Vice-presidente | Jorge Lemos (Envendos) Tesoureiro | Rui Moleiro (Ortiga) Secretário | Carmelinda Marques (Penhascoso-Mação) Vogal | Regina Dinis (Amêndoa) Vogal | Berta Silva Lopes (Queixoperra-Mação) Vogal | João Fernandes (Mação)

//José António Almeida, presidente da Assembleia Geral

Conselho Consultivo • Agrupamento Escolas Verde Horizonte Mação • Instituto Politécnico de Tomar • Instituto Terra e Memória • Associação Ares do Pinhal

//Leonel Mourato, presidente da Direção

“Deixar um legado para o futuro”

Leonel Mourato, presidente da Direção, apresentou o site das Rotas de Mação em pormenor, falou do plano de atividades e disse que pretendem “trabalhar todos de mãos dadas”. “Eu acredito que o futuro de Mação vai ser risonho e que Mação vai ser reconhecido pelo bom exemplo”, assegurou o presidente da Associação. Leonel Mourato reconheceu depois que “não é fácil levantar um concelho completamente ardido e derretido” e lembrou que também “não é fácil fazer uma caminhada, como fizemos em Cardigos, em cima de terra ainda a arder. Isto é

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Conselho Fiscal Presidente | Rui Murta (São José das Matas - Envendos) Vice-presidente | Joel Marcão (Ortiga) Vogal | Andreia Lourenço (Aboboreira-Mação)

//Vasco Estrela, presidente da Câmara Municipal de Mação verdade. Nós íamos a caminhar e ainda havia fumo a sair”. Leonel Mourato insistiu na ideia de que “começamos do zero, começamos mesmo do zero”. A Associação das Rotas de Mação tem como objetivo “deixar um legado para o futuro. Nós iremos embora e virão outros que continuarão”. Para Leonel Mourato, o

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que se pretende é “que os miúdos da escola que agora têm 11, 12, 13, 14 anos, se sintam bem nesta terra e sintam orgulho de Mação”.

“O sucesso das Rotas será o sucesso do concelho de Mação”

Vasco Estrela, presidente da Câmara Municipal de Mação, relem-

brou o início deste projeto e deixou “uma palavra de enorme gratidão” a Leonel Mourato e ao grupo de pessoas que que trabalham em função das Rotas “por ajudarem a colocar Mação no mapa”. “Independentemente de como tudo isto terminar, o concelho de Mação, enquanto comunidade, deve-vos agradecer e ter esta gratidão que é devida por tudo o que vocês já fizeram”, declarou o presidente da Autarquia. Vasco Estrela voltou a reafirmar que “este projeto não é da Câmara, é vosso”, apesar de reconhecer que “este projeto não seria o que é se não fosse a Câmara, da mesma forma que não seria o que é se não fossem vocês, as Juntas de Freguesia, as associações, se não fossemos

todos”, dirigindo-se ao grupo de trabalho das Rotas. “Que sigam o vosso caminho com a independência que têm tido (…) porque se continuarem com este espírito e com esta vontade, as coisas vão resultar” pois, como afirmou o autarca, “o sucesso das Rotas será o sucesso do concelho de Mação e é para isso que todos nós trabalhamos”. Relembrar que, em agosto, já o presidente da Câmara Municipal anunciava que as Rotas de Mação iam passar a ser Associação até final do ano. Vasco Estrela explicou na altura que a Câmara vai continuar a apoiar a Associação mas que “assim não há risco de se confundirem os papéis”. Patrícia Seixas


SOCIEDADE /

Seminário sobre violência doméstica resulta em dia de partilha e de consciencialização // Um dia de emoções, partilha de experiências e de conhecimentos para o combate à violência doméstica foi o resultado do dia 15 de outubro, no Centro Cultural Elvino Pereira, em Mação. Chamou-se “Reflexões sobre o fenómeno da violência doméstica” e tratou-se de um seminário levado a cabo pela Comunidade Intermunicipal do Médio Tejo e pelos seus municípios. Com um programa rico em comunicações e em momentos, o destaque foi para o primeiro momento, que não deixou ninguém indiferente. As técnicas do município de Mação num momento teatralizado, retrataram o que é o dia-a-dia de muitas mulheres, que sofrem de violência doméstica e, atrás de um pano onde apenas se viam sombras, ouviu-se a palavra “basta” e foi esta a palavra que deu o mote e entusiasmou o conjunto de intervenções que se seguiram. O primeiro a usar da palavra foi Vasco Estrela, presidente da Câmara Municipal de Mação e vice-presidente do Conselho Intermunicipal da CIM do Médio Tejo, que afirmou que se esperava “um dia importante para Mação, para a região e para o país” pois, iria “ser debatida uma temática que está sempre na ordem do dia”. “Muitas vezes, andamos aqui a esconder aquilo que é mais ou menos óbvio e estes seminários são importantes para nos despertar para uma realidade preocupante e contribuir para a contrariar”, afirmou o presidente da Câmara

Municipal, tendo salientado o trabalho levado a efeito pela CIM do Médio Tejo na abordagem ao problema da violência domestica e de género através do Projeto Maria. Também Anabela Freitas, presidente da CIM do Médio Tejo, exaltou este projeto, dando conta que o mesmo tem permitido criar “estruturas de apoio às pessoas que são vítimas de violência do-

méstica e de género”, realçando o trabalho de capacitação aos técnicas/os dos municípios para que estes possam fazer um atendimento devido a quem mais precisa. A presidente da CIM do Médio Tejo salientou que o Médio Tejo desde há muito tempo que está “alerta para este tipo de questões” e “este seminário é muito importante para relembrar um assunto

que está um pouco esquecido”. Após as intervenções de boas vindas, foi a vez de ouvir comunicações diferentes e bastante enriquecedoras. Sónia Santos, da CIM do Médio Tejo, apresentou o Projeto Maria. De seguida, marcou presença no Centro Cultural Elvino Pereira, Paulo Guerra, Juiz Desembargador e Diretor-Adjunto do Centro de Estudos Judiciários, com o tema “Os filhos da violência doméstica – as crianças como suas vítimas diretas”. Por sua vez, Andreia Matias, do Instituto Universitário Egas Moniz, abordou o tema do “Homicídio nas relações de intimidade: uma realidade presente, mas pouco conhecida”. E mesmo a terminar a manhã, João Dias, chefe da PSP, e Inês Carrolo, diretora técnica, apresentaram o Espaço Júlia. O período da tarde foi marcado pela assinatura do Protocolo para a Territorialização da Rede Nacional de Apoio às Vítimas de Violência Doméstica, com a presença da Secretária de Estado para a Cidadania e Igualdade, Rosa Monteiro. Após o ato formal, a secretária

de estado exaltou o trabalho da CIM do Médio Tejo “nos domínios da promoção da igualdade entre mulheres e homens”, fazendo referência “à troca e partilha de trabalho e experiências entre a Comissão para a Cidadania e Igualdade de Género e a CIM”. “Muitas ações, muitos projetos de formação (…) e isso é um fator que temos de destacar, porque para além deste trabalho que se materializa no protocolo, já existem respostas concretas no domínio da violência” no Médio Tejo, evidenciou. O Seminário terminou num momento de conversa com a presença de Ricardo Baúto, que dispõe da supervisão científica dos Espaço M da região do Médio Tejo, Rogério Roque Amaro, que detém a avaliação do trabalho desenvolvido no âmbito do Projeto Maria e Bruna Tapada, da Associação Igualdade.pt. Depois deste dia, a CIM do Médio Tejo e os treze municípios dão mais um passo evolutivo de modo a consciencializar todos para uma problemática cada vez mais premente. PUBLICIDADE

//Projeto Maria tem permitido “criar estruturas de apoio às vítimas de violência doméstica e de género” Novembro 2020 / JORNAL DE ABRANTES

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SOCIEDADE /

Casa do Povo de Rio de Moinhos inaugura Museu para perpetuar as tradições do passado “Hoje é dia de exaltar os feitos do presente, perspetivar o futuro e recordar o passado, pois esta casa é um espaço de memórias e de histórias”, foi deste modo que a presidente da direção da Casa do Povo, Liliana Carvalho, iniciou o seu discurso na inauguração do novo Museu Etnográfico “Os Moleiros” da Casa do Povo de Rio de Moinhos, no dia 11 de outubro. O momento, que contou com a presença de Manuel Jorge Valamatos, presidente da Câmara Municipal de Abrantes, Luís Filipe Dias, vereador com o pelouro da Cultura, Rui André, presidente da Junta de Freguesia de Rio de Moinhos, e alguns sócios e amigos da coletividade, simbolizou um marco muito importante para a atual direção daquela coletividade. Para além da inauguração do Museu, o momento serviu para sinalizar o fim de um período de obras pelo qual a Casa do Povo passou e que foi crucial para a sua continuidade enquanto instituição com forte dinamismo. No seu discurso, Liliana Carvalho recordou que no passado a Casa do Povo foi “fustigada por um incêndio que teve origem num problema elétrico” o que levou a que a instituição ficasse “bastante destruída e a sua degradação foi uma constante ao longo dos anos”. “As paredes amareladas deram lugar ao negro deixado pelo incêndio. Os espaços atolados de coisas do passado depressa se tornaram salas caóticas onde a organização e limpeza pouco reinavam, onde sempre existiu uma grande confusão e com ela, outros problemas diversos, como as infiltrações”, lembrou. Neste sentido, para a atual presidente “as obras tinham de ser uma realidade” e foi isso que aconteceu, segundo referiu, “numa iniciativa do presidente que me antecedeu começou-se pelo bar e um trabalho meritório foi realizado. Mais tarde, com a minha entrada, definiu-se um objetivo muito concreto: continuar as obras, arranjando o 1º piso e o terraço da coletividade, entre outras reparações”. Hoje, para a dirigente associativa “a Casa do Povo é um espaço renovado, limpo, organizado, onde quem entra fica com vontade de estar, de conviver e de conhecer um pouco da história da instituição, do seu rancho e das equipas de futebol que por lá passaram”.

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“O terraço da instituição, onde nos encontramos, é um espaço de excelência para convívios e momentos festivos. E as salas, que se encontram no 1º piso, são espaços aprazíveis preparadas para servir e corresponder às várias iniciativas da instituição. Depois, e bastante importante,

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dispomos hoje de um Museu Etnográfico”. Inaugurado naquele dia, o Museu “os Moleiros” da Casa do Povo de Rio Moinhos é um espaço que guarda os espólios de várias atuações, instrumentos, utensílios, trajes e objetos diversos do antigamente que fizeram parte das

vidas dos mais antigos da aldeia. Visivelmente emocionada, Liliana Carvalho finalizou o seu discurso referindo que era “com um sentimento de realização e gratidão” que terminava o seu “mandato como presidente da instituição”, dando conta que o momento assinalado fechava “um ciclo”, mas dava “muitas outras oportunidades a que outros ciclos pudessem acontecer”. Por sua vez, Manuel Jorge Valamatos felicitou a iniciativa e destacou a importância das coletividades e do associativismo no desenvolvimento das comunidades. “Esta é uma Casa verdadeiramente histórica”, salientou o presidente da Câmara de Abrantes desejando que “este Museu seja uma forma de mostrar o que são as raízes e a história desta coletividade”. Enaltecendo o espaço, o autarca afirmou que encontrou uma casa “arrumada, muito bem arrumada e com as condições de preparação para o futuro, porque o futuro é já amanhã”. Por sua vez, Rui André tam-

bém destacou a concretização do Museu, bem como a atual reconstrução do edifício da sede da Casa do Povo e a dedicação dos voluntários e membros da direção. “É um momento muito especial para todos nós ver a concretização deste Museu, que fica para a história e que faz o levantamento da identificação cultural da nossa terra. Porque só podemos construir o futuro com as nossas origens. Sem isso é impensável poder desenvolver a nossa terra de forma mais harmoniosa”, afirmou o presidente da Junta de Freguesia. Após os discursos proferidos, foi momento para descerrar a placa inaugural e dar a conhecer o novo Museu e as salas arranjadas e alindadas. Alguns dos fregueses de Rio de Moinhos tiveram oportunidade de recordar os trajes, os utensílios e vários objetos utilizados no antigamente, que marcaram a história daquela aldeia, numa tarde que serviu para homenagear as tradições e os antepassados e perpetuá-los pelo futuro daquela comunidade.


REGIÃO / Abrantes

Tectania volta a ser tema e Farinha Pereira está à espera da IP O vereador do PSD na Câmara de Abrantes voltou a insistir com a maioria PS acerca do ponto de situação da empresa Tectania. Rui Santos reiterou que não acredita na instalação da empresa que disse tratar-se de uma campanha política da anterior presidente da Câmara. “Em maio de 2019 aprovámos em sessão de Câmara o prolongamento por mais um ano relativamente à celebração do contrato de compra e venda. Esse ano já passou”, lembrou o vereador que disse gostar “de saber qual é o ponto de situação, se tem mantido contacto com os investidores, se este negócio é para deixarmos cair de uma vez por todas e para não voltarmos a falar dele”. Rui Santos garantiu estar “na disposição de retirar tudo o que disse no dia que vir esta empresa criar postos de trabalho em Abrantes” mas, reiterou, “não acredito que isso venha a acontecer”. “Na altura, foi uma mera campanha política” da anterior presidente da câmara, afirmou o vereador social-democrata. Manuel Jorge Valamatos pediu “mais tolerância” para a Tectania e disse que “este é um assunto complexo”. O presidente da Câmara de Abrantes deixou no ar que haverá alguns desenvolvimentos mas “que a seu tempo anunciaremos”. Contudo, se “a relação do Brasil com a Europa já não era uma situação fácil”, segundo o autarca, “neste momento, a situação de pandemia obriga a um momento de alguma tolerância. Quando começarmos a desconfinar temos que voltar à car-

PSD quer extinção de pórtico entre as entradas da cidade

//Avenida António Farinha Pereira, em Alferrarede ga e fazer ponto de situação”. Manuel Jorge Valamatos relembrou, no entanto, que “a Tectania continua a ter sede social no Parque de Ciência e Tecnologia – Tecnopolo”. Ainda na reunião de câmara, o vice-presidente João Gomes lembrou que não são apenas os grandes investimentos que fazem a diferença, contando os postos de trabalho criados recentemente em apenas uma artéria do concelho. “Num período de meses, só na artéria que é a Avenida António Farinha Pereira, a F. Gil criou 23 postos de trabalho, a Verde Soalheiro criou 15 postos de trabalho A implementação de um sistema de descontos nas portagens irá reduzir em 10 milhões de euros as receitas do Estado no próximo ano, de acordo com a proposta de Orçamento do Estado para 2021 já apresentada. De acordo com o relatório que acompanha a proposta de OE2021, o Governo indica que “em 2020, com efeitos em 2021, será implementado um sistema de descontos nas taxas de portagens, por forma a garantir a uniformização das reduções existentes, com descidas mais significativas nos veículos ligeiros”. De acordo com a ministra da Coesão territorial, Ana Abrunhosa, os detentores de veículos de classe 1 e classe 2 que sejam passageiros frequentes das antigas vias sem custos para o utilizador (SCUT), apenas pagarão portagens nos sete primei-

e o McDonald’s criou 50 postos de trabalho. Só naquela avenida, em pouco tempo, foram criados 88 postos de trabalho e isso é de salientar”, disse o vice-presidente, acrescentado que “estamos a falar de grandes indústrias, que também queremos, mas os pequenos também fazem grandes”. Aos jornalistas, o presidente da Câmara voltou a afirmar que a pandemia “condicionou e parou um conjunto de processos onde a Tectania também está envolvida”. Mas disse ainda “ter esperança que a Tectania possa vir a acontecer” e garantiu que continua a haver

ros dias de utilização num mês, que podem ser seguidos ou interpolados, tendo descontos de 25% nas passagens seguintes. Para aproveitar estas mexidas, o vereador do PSD na Câmara de Abrantes sugeriu ao presidente da Autarquia para que faça pressão so-

contactos, “sendo que a situação é muito difícil mas também não somos nós que controlamos os investidores. Fizemos tudo e continuaremos a fazer tudo o que estiver ao alcance do Município para criar as melhores condições para o projeto da Tectania possa avançar”.

A Avenida António Farinha Pereira

Com os investimentos que estão a surgir em Alferrarede, a desclassificação da Avenida António Farinha Pereira voltou a ser tema em cima da tema mas o processo para a passagem para a gestão camarábre o Governo para extinguir o pórtico da A23 entre as duas entradas para Abrantes. Para Rui Santos, essa medida ajudaria a retirar o trânsito pesado das artérias da cidade. “Foi com agrado que ouvimos o Governo anunciar que irá haver redução nas portagens na A23”, começou por dizer Rui Santos que lembrou que “este é um assunto que já vem de há muitos anos, independentemente da cor partidária que estava no Governo, fosse essa laranja ou rosa, a posição do PSD sempre foi a mesma de que deveria haver ou a abolição ou a redução das portagens”. Rui Santos deixou depois um desafio ao presidente da Câmara de Abrantes, instando o autarca para que “junto do Governo, consiga a extinção do pórtico entre as entradas/ saídas de Abrantes”. Para o vereador

ria está a revelar-se “extremamente difícil”. “Há anos que desejamos a desclassificação da Farinha Pereira desde o nó do Olho de Boi até às Barreiras do Tejo”, disse Manuel Jorge Valamatos que informou que “já perdemos várias oportunidades de ter projetos enquadrados em quadros de apoio comunitário e estamos agora numa fase em que poderíamos voltar a pensar e a reconquistar essas candidaturas e transformar, de facto, uma via estruturante com maior qualidade, com passeios e com uma dinâmica de cidade”. Mas a Infraestruturas de Portugal (IP) “nunca nos permitiu que esta via passasse para a nossa gestão mas vamos continuar a lutar por isso pois é um assunto de grande relevância”. O facto de a Avenida António Farinha Pereira se situar em plena Estrada Nacional 2 poderá vir a complicar ainda mais a desclassificação, com a toda a envolvência da EN2 nos dias de hoje?, questionámos. Manuel Jorge Valamatos não acredita porque “existem outros troços da EN2 que estão desclassificados” e falou do que acontece “entre a ponte rodoviária de Rossio ao Sul do Tejo e a Arrifana. Esse troço foi desclassificado, é da nossa responsabilidade e vamos agora fazer uma intervenção de asfaltamento. E a outra parte não é”. O presidente da Câmara de Abrantes disse “não compreender esses critérios que me deixam extremamente triste”. Por parte da Infraestruturas de Portugal, o autarca afirmou que levantam “variadíssimos argumentos” mas que vai continuar a lutar pois “é importantíssimo que esta avenida, com todos os custos associados, passe para a nossa gestão para a podermos qualificar e devolvê-la à cidade, ao concelho e à região”. Patrícia Seixas

do PSD este é “um pórtico cuja existência não faz sentido nenhum e se formos a outras cidades, a grande maioria não tem pórticos entre as suas entradas/saídas”. Rui Santos afirma mesmo que “se esse pórtico desaparecer também vai desaparecer muito movimento, sobretudo de pesados, dentro de Abrantes”. Manuel Jorge Valamatos considerou serem “bons sinais para as nossas comunidades” o facto de o Governo avançar com as reduções e disse a Rui Santos que “esta sua ideia de anular o pórtico é muito interessante”. O presidente disse que “na altura, dá-me a sensação que o pórtico ficou ali por uma questão técnica mas procurarei inteirar-me de forma mais concreta sobre a matéria” e disse tratar-se de “um bom contributo” por parte do vereador social-democrata.

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ECONOMIA /

F.Gil abriu portas e cria 23 postos de trabalho... // Francisco Gil é um empresário do ramo automóvel com implantação no Alentejo há mais de 25 anos. Com seis stands de automóveis e outros serviços do ramo em diversas cidades alentejanas escolheu Abrantes para se lançar na expansão para fora de terras alentejanas. F. Gil Automóveis é o stand de automóveis usados que abriu portas no dia 9 de outubro no espaço que durante muitos anos foi concecionário da Ford à beira da Nacional 2 e nas proximidades do McDonald’s. O espaço, stand e oficinas nas traseiras, estava fechado há anos e no início deste 2020, ainda antes da pandemia ter assolado o país, a Europa e o mundo, Francisco Gil chegou a acordo para a aquisição do imóvel e concretizar a expansão que vinha a ser pensada. E de acordo com o empresário a ideia é começar com os automóveis, mas depois seguir para os outros serviços do grupo empresarial, quer seja no ramo, quer na construção civil. O empresário explicou aos Jornal de Abrantes que a abertura aconteceu , mesmo que ainda não tivesse sido a 100%, como tinha planeado, porque precisava de pôr no terreno uma parte do seu projeto para Abrantes. Ou seja, neste momento a F. Gil investiu mais de um milhão de euros e criou 23 postos de trabalho, no imediato, para a área das vendas de automóveis usados e para as oficinas, pois atrás da marca chega também o Bosch Car Service. Ao que conseguimos saber Francisco Gil pode mesmo reforçar a equipa, pois começa já, mesmo antes da abertura, a planear o alargamento das oficinas. Mas a ideia de negócio não fica por aqui. Brevemente, ainda este ano, ou no início de 2021, vai passar a ter carros novos de duas marcas. Ou seja, além dos usados a FGil passará a ter ainda carros novos. O empresário não quis ainda adiantar quais são porque, se a negociação com uma está muito adiantada, a outra ainda tem pontos para acertar. Naquilo que são as suas ideias de expansão o empresário quer afirmar-se como uma marca para o país e não apenas para dois ou três distritos, e recorda que, neste momento, tem uma presença nos distritos de Portalegre, Évora e Santarém. A responsabilidade social é uma das áreas que o empresário faz questão de ter presença. Em Portalegre tem colaborado com a Santa Casa da Misericórdia local e com os bombeiros. E explicou que nos incêndios quando perguntou o que era preciso responderam-lhe que havia a necessidade de águas para os operacionais poderem beber. Francisco Gil diz que providenciou um camião carregado com águas para distribuir pelos homens. E em

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Abrantes, mesmo antes da abertura do stand, garantiu que já encetou contactos com a Misericórdia de Abrantes para saber como poderá ajudar a instituição. Disse o empresário que só faz sentido fazer as coisas desta maneira. Estar numa cidade para fazer negócio, mas também deixar uma marca no apoio das instituições sociais. Francisco Gil deixou outra garantia, vai apostar no desporto motorizado. Ele que tem equipas no todo-o-terreno e em pista lembrou que Abrantes tem tradição desta matéria. Primeiro foi o autocross, já faz muito tempo, e depois foi o Rali Cidade de Abrantes que pontuava para o campeonato nacional de iniciados. Não querendo dizer que forma vai apostar nesta área,

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Empresas abrem portas em Alferrarede e criam mais 38 postos de trabalho

deixou a garantia de que isso vai mesmo acontecer.

… e a Verde Soalheiro cria mais 15 empregos Verde Soalheiro é uma loja agrícola que abriu portas em Alferrarede no dia 10 de outubro, junto à Estrada Nacional 2. Trata-se de um investimento do empresário António Costa que já tem três unidades comerciais, em Ulme (Chamusca), Ponte de Sor e agora em Abrantes. A aventura de António Costa começou em Ulme, no concelho de Chamusca, quando decidiu abrir uma loja de produtos direcionados à agricultura. De uma família ligada às artes da terra, o empresário levou a ideia para a frente, mas percebeu

que seria preciso juntar mais alguma coisa, pois este setor tem uma sazonalidade muito marcada. E se, como diz, tinha uma procura grande na época das sementeiras, havia meses em que estava à míngua. Daí que a segunda loja que abriu, na cidade de Ponte de Sor, maior que a primeira já tinha outras componentes da vida na terra. Para lá da especialização na agricultura juntou-lhe outros produtos que têm a ver com a vida rural. Segundo explicou a aposta em Ponte de Sor correu bem e levou-o a olhar para a região e percebeu que Abrantes tinham espaço para abrir um “hipermercado” agrícola ou do mundo mais rural. Se bem o pensou melhor o fez, embora os tempos de pandemia tenham atrasado um pouco o lançamento desta loja. A Verde Soalheiro, em Abrantes, é a maior loja das três que o empresário já abriu. E juntou-lhe mais segmentos de mercado, sem esquecer a linha agrícola e veterinária. “No início tínhamos a vertente de trabalhar bem entre março e setembro e depois parávamos. Por isso criamos outro contexto. Temos uma oferta mais variada de produtos”, disse António Costa. E o que é que pode encontrar para além da agricultura? Tem materiais para o jardim, entre árvores, flores ou outros materiais para criação e embelezamento dos espaços verdes. Depois acrescenta um leque variado na bricolage. Tem materiais de construção. Tem produtos para o lar. Tem uma área de produtos de consumo alimentar. António Costa disse que “Abrantes precisava deste espaço” e salientou o investimento elevado nesta loja, onde existe ainda, no exterior, uma cafetaria. “São 15 postos de trabalho, para já, com formação e, caso haja necessidade [se o mercado o exigir] poderemos crescer ainda mais”, explicou o empresário. A loja tem acesso direto à EN 2, mas quem entrar pode seguir para as traseiras onde tem um enorme parque de estacionamento, com a particularidade de ter caixas de pagamento para as duas entradas no espaço interior. Quer se entre pela frente ou pelas traseiras. O empresário destacou que o investimento financeiro foi avultado, não indicando o valor, mas há um grande investimento no potencial humano, nos colaboradores, porque “são elas que nos vão fazer crescer no futuro. São elas que atendem o público. São elas que ajudam o cliente a satisfazer as suas necessidades”, revelou o empresário. Jerónimo Belo Jorge


GALERIA / Nuno Martins É natural do Penhascoso, concelho de Mação, e apaixonou-se pela fotografia quando, ainda jovem, recebeu como prenda de aniversário uma Kodac de rolos. Como não perdeu o entusiasmo fez um curso de fotografia analógica, em Tomar, e mais tarde um de fotografia digital, agora em Vila Nova da Barquinha.

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REGIÃO / Intervenção na ribeira de Tancos “requer alguma urgência” O presidente da Câmara Municipal de Vila Nova da Barquinha reuniu, no dia 6 de outubro, com o secretário de Estado da Descentralização e da Administração Local, Jorge Botelho, a respeito dos prejuízos resultantes da passagem da depressão Elsa pela região, em dezembro de 2019. Em causa está a ribeira de Tancos e o autarca disse haver por parte do Governo, a “intenção da abertura de um concurso, em termos do Fundo Ambiental, para que possamos intervir naquela massa de água”. Em reuniões com Agência Portuguesa do Ambiente (APA), “ficou a noção de que a solução passe pela estacaria”.

CARTÓRIO NOTARIAL DE CONCEIÇÃO RIBEIRO MARTINS, Rua Dr. Eduardo de Castro, N.º19, r/c, em Vila de Rei EXTRACTO DE JUSTIFICAÇÃO Certifico narrativamente, para efeitos de publicação, que por escritura lavrada em trinta de setembro de dois mil e vinte, exarada a folhas OITENTA do livro de notas para escrituras diversas número QUATRO – A, SALOMÉ MARTINS DIAS, NIF 123.787.262, casada com Manuel Pereira Rodrigues (NIF 107.062.909), sob o regime da comunhão de adquiridos, natural da freguesia e concelho de Vila de Rei, residente habitualmente na Rua de São Sebastião, número 15, lugar de São Sebastião de Guerreiros, freguesia e concelho de Loures, declarou que é dona e legítima proprietária, com exclusão de outrem, dos seguintes imóveis: Sitos na união de freguesias de Mação Penhascoso e Aboboreira, concelho de Mação, omissos na Conservatória do Registo Predial de Mação: UM - Prédio urbano, composto de casa de dois pisos para habitação, com a área total igual a área coberta de quarenta e nove metros quadrados, sito no lugar de Louriceira, a confrontar do norte e sul com Rua, do nascente com Manuel Lopes Vitorino e do poente com Manuel Marques Rosa, inscrito na matriz em nome da justificante, sob o artigo 704 (proveniente do artigo urbano 457 da extinta freguesia de Aboboreira), com valor patrimonial tributário de 2.618,70 euros. Declarou ainda a primeira outorgante, que o referido imóvel não sofreu obras de alteração ou ampliação que impliquem a emissão de Licença de Utilização. DOIS - Prédio rústico, composto de mato, com a área de cento e sessenta metros quadrados, sito em Conheira, a confrontar do norte com Francisco de Oliveira Rodrigues, do sul com Manuel Marques Carpinteiro, do nascente com Avelino António e do poente com Vitalino de Jesus Rosa, inscrito na matriz em nome da justificante, sob o artigo 182 secção 2A (proveniente do artigo rústico 182 secção A da extinta freguesia de Aboboreira), com o valor patrimonial tributário de 0,89 euros; Sitos na freguesia de Alcaravela, concelho de Sardoal, omissos na Conservatória de Registo Predial de Sardoal: TRÊS - Prédio rústico, composto de pastagem artificial permanente, cultura arvense de regadio e leitos de curso de água, com a área de cento e sessenta metros quadrados, sito em Ribeira da Lousa, a confrontar do norte com Maria Rosa Marques, do sul e nascente com Manuel Marques Carpinteiro e do poente com Ribeiro, inscrito na matriz em nome da justificante, sob o artigo 76 secção B, com o valor patrimonial tributário de 12,61 euros; QUATRO - Prédio rústico, composto de cultura arvense de regadio e oliveiras, com a área de oitenta metros quadrados, sito em Malhadas, a confrontar do norte com Lucinda Marques Piçarreira, do sul com Claudino Dias, do nascente e poente com Herança de Manuel Navalho, inscrito na matriz em nome da justificante, sob o artigo 421 secção C, com o valor patrimonial tributário de 16,73 euros; CINCO - Prédio rústico, composto de pinhal, com a área de duzentos e quarenta metros quadrados, sito em Cova da Cabeça, a confrontar do norte com António Bento Serras, do sul com Maria dos Anjos Navalho, do nascente e poente com Herança de José Delgado Luís, inscrito na matriz em nome da justificante, sob o artigo 512 secção C, com o valor patrimonial tributário de 12,32 euros. Que desconhece quaisquer outras proveniências dos artigos, em virtude de não ter obtido qualquer informação nesse sentido, apesar das buscas efetuadas. Que os imóveis acima identificados foram adquiridos pela justificante por doação meramente verbal que lhes foi feita por seus pais, ainda no estado de solteira, maior, Claudino Dias e mulher Cesaltina da Conceição, casados que foram sob o regime da comunhão geral, ela já falecida, residentes na Praceta São Francisco Xavier, lote 1, primeiro andar C, união de freguesias de Sacavém e Prior Velho, concelho de Loures, feita em data que não sabe precisar, mas que situa no ano de mil novecentos e oitenta e quatro, e portanto há mais de vinte anos. Que desde que a mesma foi efetuada até esta data, sempre a justificante usufruiu os citados imóveis, ininterruptamente à vista de toda a gente, sem oposição de quem quer que seja, com a consciência de utilizar e fruir coisas exclusivamente suas, adquiridas de anteriores proprietários, pagando as respetivas contribuições, habitando o urbano e procedendo às obras necessárias à manutenção e conservação do mesmo e cultivando os rústicos, limpando-lhes o mato e deles retirando os seus normais frutos, produtos e utilidades. Que em consequência de tal posse, em nome próprio, pacífica, pública e contínua, adquiriu sobre os ditos imóveis o direito de propriedade por usucapião, não tendo em face do modo de aquisição, documento que lhe permita comprovar o seu direito de propriedade perfeita. Está conforme. Cartório Notarial de Vila de Rei, a cargo da Notária Maria da Conceição Fernandes Ribeiro Martins, trinta de setembro de dois mil e vinte. A Notária, Maria da Conceição Fernandes Ribeiro Martins

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É pretensão da Câmara Municipal intervir na ribeira de Tancos, “apesar de não ser da nossa responsabilidade”, lembrou Fernando Freire que ressalvou que “sendo da Administração Central, se não forem os municípios

com os seus projetos (…) dificilmente a questão avança”. No entanto, ainda há reuniões agendadas, nomeadamente com a APA, porque, como explicou o autarca, “não vamos começar a trabalhar um projeto quando não sabemos quais são as intervenções que eles aprovam”. Fernando Freire considera que a situação “requer alguma urgência porque o desassoreamento está a aproximar-se de edifícios, nomeadamente na margem direita da ribeira de Tancos e isso poderá vir a provocar alguns desmoronamentos e derrocadas”, havendo mesmo um poço “que já está inclinado”.

Festival de Filosofia regressa em formato digital A Câmara Municipal organiza o Festival de Filosofia de Abrantes 2020, este ano concentrado apenas num só dia, 19 de novembro (Dia Mundial da Filosofia), num formato diferente das edições anteriores devido à situação de pandemia provocada pelo COVID-19. A maioria das comunicações serão previamente gravadas e transmitidas on-line nos canais digitais da autarquia, oferecendo a vantagem de poderem ser seguidas em qualquer parte do mundo e em qualquer momento, já que ficarão disponíveis em arquivo. O tema em reflexão é “Cidade, árvore que nos abriga e raiz que nos sustenta”, num desafio sobre o que são hoje as cidades e o que fazemos delas. O evento inicia com uma intervenção do presidente da Câmara, Manuel Jorge Valamatos, programada para as 9h30. “Os tempos da cidade” é o tema da comunicação do historiador e académico titular da Cátedra Unesco em Gestão das Artes e da Cultura, Cidades e Criatividade, João Serra, transmitida às 9h45. João Serra é um estudioso das cidades, foi comissário da Guimarães Capital Europeia da Cultura em 2012 e é autor do livro “Cidade Imaginária”. João Seixas abordará o tema “Cidade e humanidade”, num vídeo que

estará programado para as 10h10m. João Seixas é investigador nas áreas dos estudos urbanos, da sociopolítica, geografia e economia das cidades e das metrópoles. “A cidade contemporânea, metabolismo urbano e reinvenção do quotidiano” será o tema da comunicação de António Covas, professor Catedrático e autor de várias investigações e diversas publicações sobre desenvolvimento

territorial e cidades inteligentes e criativas. Esta comunicação está marcada para as 10h35m. Onésimo Teotónio Almeida é o convidado para uma comunicação em linha, transmitida às 14h30. Será a única transmissão em direto e a incluir uma interação com alguns alunos do ensino secundário, numa parceria com os dois agrupamentos de escolas do concelho. “Quem não é da sua terra não merece ser de parte nenhuma” é o título da comunicação de Onésimo Teotónio Almeida, filósofo, professor na Universidade de Brown (EUA), onde é catedrático no Departamento de Estudos Portugueses e Brasileiros. Presidiu em 2018 às comemorações do Dia de Portugal e foi orador da edição 2017 do Festival de Filosofia de Abrantes. Álvaro Domingues, geógrafo, investigador e autor de livros sobre políticas urbanas, fará uma comunicação subordinada ao tema “A condição urbana: a cidade como metáfora”, pelas 18h00. O Festival de Filosofia de Abrantes é um evento que pretende convocar os cidadãos à reflexão sobre as problemáticas do mundo atual. As comunicações podem ser seguidas através do site da Biblioteca Municipal ou nos canais online do Município.


SOCIEDADE /

Abrantes já tem centro de apoio aos migrantes // O 108.º Centro Local de Apoio à Integração de Migrantes (CLAIM) abriu portas no dia 13 de outubro, em Abrantes, depois da assinatura de um protocolo entre a associação Vidas Cruzadas e o Alto Comissariado para as Migrações.

//Em Abrantes, abriu o 108.º Centro Local de Apoio à Integração de Migrantes os que estão legais e a trabalhar, representaram em 2019 cerca de 651 milhões de euros em contribuições para a Segurança Social. Cláudia Pereira diz que estes serviços de apoio podem ajudar estas famílias a encontrar trabalho e a fixarem-se nestas zonas do país. E depois referiu que no concelho de Abrantes o número de residentes estrangeiros cresceu 20% entre 2018 e 2019. E são, segundo a secretária de Estado, estes números que “criaram” esta necessidade de um atendimento de proximidade para tentar resolver os problemas destas pessoas. Mesmo que seja preciso ajuda mais diferenciada há sempre a possibilidade de poderem ser encaminhados para um dos três centros regionais, que são uma espécie de loja do cidadão com os serviços destinados a esta população. Ou seja, podem ter os serviços tributários, de segurança social e do SEF, entre outros.

//José Reis e Vânia Grácio assinam protocolo Cláudia Pereira destacou a importância destes centros locais que representam aquilo que, porventura, poderá fazer a diferença para a fixação desta população estrangeira: ser mais que um serviço, ser uma porta amiga. Manuel Jorge Valamatos, pre-

sidente da Câmara Municipal de Abrantes, disse estar satisfeito por ver uma associação a “agarrar” este serviço. Segundo o autarca mostra que Abrantes tem um tecido associativo forte e mostra que há mais formas de servir bem a população sem ser sempre o setor público. E

este, segundo afirmou, é um dos bons exemplos, até porque há no país algumas autarquias com este tipo de protocolos. Em Abrantes não é feito com a Câmara, mas com uma associação que tem um trabalho com provadas dadas na área social. Manuel Jorge Valamatos destacou ainda que hoje, na reunião que teve com a secretária de Estado, é que percebeu bem a dimensão das pessoas de fora de Portugal que estão na região, e vincou o facto de haver habitantes de 40 nacionalidades. Vânia Grácio, presidente da direção da Vidas Cruzadas revelou que nesta altura os residentes que mais procuram a associação são brasileiros, seguindo-se os romenos e ucranianos. E a maior parte são cidadãos já em situação de legalidade, porque não se sabe que número de eventuais estrangeiros ilegais possam viver por estas zonas. Este serviço, afirmou, vai permitir ligar melhor as necessidades dos cidadãos com as instituições que podem dar os apoios pretendidos. E depois destacou que este não é um projeto que envolva verbas financeiras. Trata-se de mais um serviço que vem ao encontro das necessidades que são sentidas no trabalho desenvolvido no terreno. A Vidas Cruzadas é uma associação de cariz social com 13 anos de vida e que tem um trabalho assente uma rede de parcerias com outras instituições. O CAFAP - Centro de Apoio Familiar e Aconselhamento Parental, O SAAS - Serviço de Atendimento e Acompanhamento Social, a Loja Social, a Rede Local de Intervenção Social, o Centro de Recursos de Ajudas Técnicas e o Banco de Livros Escolares são os projetos em que Vidas Cruzadas está envolvida. Desde dia 13 de outubro juntou-se o CLAIM – Centro Local de Apoio à Integração de Migrantes. Jerónimo Belo Jorge

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Com esta apresentação simplista poderá levar a muitas interpretações até porque, nestes tempos, quando se ouve falar em migrantes de imediato se faz a associação a refugiados. Mas não é nesses termos que este protocolo foi desenvolvido. A primeira nota vai para a associação Vidas Cruzadas que sentiu, segundo as palavras da presidente da direção, a necessidade de encontrar uma resposta para aquelas pessoas oriundas dos mais variados cantos do mundo que lhe batiam à porta. Em 2019 a Vidas Cruzadas atendeu cerca de três dezenas de pessoas oriundas de outros países e este ano, até agora, já foram mais de 100 que ali entraram em busca de ajuda. Vânia Grácio explicou que foi neste âmbito do trabalho social que contactaram o alto comissariado que viu uma janela de oportunidade para a criação de mais um serviço de apoio a estes cidadãos. Vânia Grácio deixou claro que, muitas vezes, estas pessoas iam em busca de apoio social, escolar ou outro, por via de já estarem legalizados. Uma parte com trabalho regular e outra, de acordo com a dirigente, constituída por mulheres que saíram dos países de nascimento com os filhos em busca de uma vida melhor. Se estes números podem parecer elevados atente-se nos revelados pela secretária de Estado para a Integração e Migrações, Cláudia Pereira, que veio a Abrantes “apadrinhar” esta abertura. A governante diz que os dados do Serviço de Estrangeiros e Fronteiras apontam para 500 residentes no concelho de Abrantes oriundos de 40 nacionalidades. Para Cláudia Pereira, esta pode ser uma forma de aumentar a população nos territórios que agora têm o nome pomposo de “baixa densidade populacional”. A governante diz que não se pode olhar para os imigrantes de forma depreciativa e que estes,

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SOCIEDADE / OPINIÃO /

//José Alves Jana //FILÓSOFO

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Ano fraco para a produção de azeite “A safra este ano é mais curta”. É das expressões que mais ouvimos na fila de tratores e carrinhas que está criada à porta da COAGRIOLIMO, a cooperativa de olivicultores de Mouriscas. Entre as conversas sobre a COVID [entrou nas nossas vidas mesmo], as outras abordagens vão para a apanha da azeitona num ano amargo pela diminuta quantidade que as oliveiras ostentam. Um dos “olivicultores” aponta a carrinha de caixa aberta e atira que “este ano está feito, oito ou nove sacos”, enquanto outro diz que “nem vai pagar o trabalho que temos”. E quando se questiona a fila à porta do lagar, a resposta é simples: “Como a azeitona é pouca, reduzimos as horas de entrega”. Para quem apanha azeitona a escolha deste lagar tem, para a maior parte dos clientes, uma

explicação: “como a azeitona é moída por quatro mós de pedra cónicas e não é triturada por um moinho, o azeite sai melhor”. Evaristo Valente, o presidente da cooperativa, sai do escritório e espreita os carros que vão chegando: “Este ano em 13 dias temos 30 toneladas de azeitona, o ano passado tínhamos 120”. E para fazer face a este ano fraco, diz que têm o funcionamento reduzido. Ou seja, “não estamos a moer todos os dias. Por isso tivemos de reduzir pessoal. Temos apenas cinco pessoas. O mestre, três pessoas no lagar e uma na balança”. A azeitona depois de pesada é descarregada para uma tulha, o enorme depósito que leva cerca de 20 toneladas de azeitona. Dali sai para ser moída. Porém, antes é lavada. A massa é depois depositada nos capachos, em camadas,

//Este é um lagar que ainda funciona a mós cónicas

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JORNAL DE ABRANTES / Novembro 2020

que são prensados para extrair o sumo. E aí entra em campo o mestre lagareiro. Rui Silva, da aldeia vizinha de Queixoperra, explica que há um trabalho simples, mas técnico, que passa pelo controle dos depósitos por onde passa o sumo da azeitona. São separadas as águas ruças do azeite. E este, de forma quase natural, corre numa das extremidades das tarefas (depósitos que acolhem os sumos da azeitona). Corre como se fosse um creme. Há ainda um outro trabalho que Rui Silva tem de fazer. Tem de ajustar os equipamentos para ter o melhor azeite possível, com a menor acidez possível. Quanto às quantidades de produção “depende muito dos anos, da qualidade da azeitona. Se chove mais a azeitona vem mais pesada, mas isso não quer dizer mais azeite. Pode ter muitas águas”. A funda, este ano, ainda não se sabe. Os primeiros azeites só estão disponíveis esta primeira semana de novembro. Mas recorda que o ano passado “tivemos fundas a 12 [12 litros de azeite por cada 100 kg de azeitona”, e reforça o que Evaristo Valente já tinha dito: “O ano está fraco. Trabalhamos um dia ou dois e paramos outros dois”. Seja como for, nas aldeias ainda há muitas famílias que apanham a azeitona de forma manual, à vara ou com as máquinas próprias. E ao fim do dia, neste caso dos dias em que as portas abrem, fazem-se as filas à porta do lagar. Jerónimo Belo Jorge

pandemia veio colocar à vista um problema que até há pouco era negado. O que era tido como bom era a internacionalização: comprar lá fora bom e barato e depois consumir cá dentro bom e tão barato quanto possível. “Ganhamos todos”, dizia-se. Só que a pandemia veio quebrar as linhas de abastecimento. Na indústria, na saúde, no comércio… Logo, veio alertar para a possibilidade de acontecer o mesmo na alimentação. E se acontecesse? Mas é mesmo preciso isso acontecer para vermos a importância da produção local, da criação local de postos de trabalho, para a criação local de riqueza que sustente a vida que é a nossa? Sabemos que um dos problemas que nos ameaçam é a desertificação humana, que vem do empobrecimento económico. Mas continuamos a comprar fora o que podemos comprar cá e comprar o que vem de fora quando podemos comprar o que é produzido cá. A economia local pode, até certo ponto, ser pensada como a economia nacional: o PIB, as importações e as exportações, etc. Só não acontece porque os dados disponíveis não estão desagregados até aos concelhos e às freguesias. E nenhum concelho ou freguesia é auto-sustentável do ponto de vista económico. Mas também nenhum país o é. Contudo, mesmo sem muitos dados, não perdemos nada em pensar a nossa economia local como “uma” economia. Há estudos que mostram que um euro (1 €) introduzido no mercado local representa entre 1,2 € e 1,5 € de impacto económico positivo. É por isso que por essa Europa fora há uma série de moedas locais, que procuram manter “dentro” a circulação do dinheiro disponível. Mas nós preferimos tantas vezes deitá-lo “fora” comprando algures, desse modo exportando divisas, em vez de investi-las comprando na economia que nos sustenta localmente. E basta olhar a paisagem económica de proximidade para nos darmos conta de que há empresas cuja missão é virem cá buscar os nossos euros e levá-los para longe.

1,5 € ? “Há estudos que mostram que um euro (1 €) introduzido no mercado local representa entre 1,2 € e 1,5 € de impacto económico positivo”.

Embora também façam cá investimento e criem algum emprego, o impacto global da estrutura económica implantada está à vista: cada vez menos emprego e cada vez menos população e cada vez mais envelhecida, com tudo o que isso significa (nomeadamente a prazo). Como se a coisa não fosse suficientemente negativa, há normativos que visam acentuar o processo (apesar das declarações oficiais em contrário). Dois exemplos: a contratação de empresas de fora para fornecerem as refeições escolares e as centrais de compras para se obter preços mais favoráveis (favoráveis a quem?) vão gerar riqueza lá longe à custa do empobrecimento local. Vale a pena ganhar um euro e perder dois ou três? São dois exemplos tirados dos serviços públicos. Mas o mesmo se passa com as compras privadas. Se eu, por exemplo, meto gasolina longe, estou a diminuir a economia local. Como é que se justifica (e não só do ponto de vista económico) comprar agora e aqui um quilo de laranjas da África do Sul? A economia alimenta-se dos atos de compra e venda de cada um dos operadores económicos, privados e públicos. Mas alimenta-se também do modo como pensamos a economia e a nossa vida local. Muita coisa precisa de mudar se queremos um mundo local diferente do que temos.


CULTURA /

“Almanaque da História de Portugal”: um calendário de acontecimentos portugueses

OPINIÃO /

Foi em tempo de confinamento que uma obra de divulgação com centenas de acontecimentos da nossa história foi escrita. O professor José Martinho Gaspar revela a origem do mês correspondente e apresenta secções informativas e curiosas relacionadas com o respetivo mês, onde podemos descobrir o que se passou de curioso nesse dia, quem nasceu nessa data, os acordos feitos e as curiosidades que marcaram as várias datas. José Martinho Gaspar licenciou-se em História na Universidade de Coimbra, cidade onde também conclui o seu mestrado em História Contemporânea, no âmbito do qual publicou “ A Primeira Republica em Abrantes: Evolução Política e Acção Laicizadora”, “Os Discursos” e o “Discurso de Salazar” . Foi como professor de História que encontrou o gosto pela escrita e em 2012 iniciou-se na ficção com o livro de contos “Historias Desencantadas”. O escritor confessou que a ideia deste novo livro lançado pela editora Guerra & Paz, surgiu “enquanto estávamos a trabalhar no lançamento do romance que lancei no início do ano e sabendo o editor que eu trabalhava na área da História e era professor de História e como tinha uma coleção de Almanaques, acabou por me convidar para fazer este Almanaque. Acabei por aproveitar este período de confinamento para fazer este trabalho” e até ao momento as reações tem sido completamente positivas. José Martinho Gaspar mencionou que já obteve feedback desde “miúdos pertencentes ao ATL do Espaço Chiado que acharam piada ao livro, a adultos que já compraram ou já tiveram contacto com o livro” e que deram impressões positivas. O escritor conta-nos que este livro é curioso por ter várias maneiras de ser lido. Desde uma leitura sequencial, ou seja, ler a obra do início ao fim como um livro tradicional, a “pegar no dia atual e ir vendo o que aconteceu diariamente ou até mesmo as pessoas podem procurar uma data que lhes suscite interesse e procurar o que aconteceu nesse dia”, explicou o escritor que acrescentou que “não obriga a uma leitura contínua”.

//Nuno Alves //MESTRE EM RELAÇÕES NTERNACIONAIS //nmalves@sapo.pt

M

//José Martinho Gaspar

“Almanaque da História de Portugal” é um livro de divulgação da História da Pátria, em que o autor distribui acontecimentos e personalidades fundamentais da História de Portugal pelos doze meses do ano. Na obra, antes de entrarmos em cada um dos meses, procura-se explicar a origem da designação desse mesmo mês e para cada mês. São desenvolvidos alguns temas e figuras em secções denominadas “ Nunca mais fomos

os mesmos”, “A figura do mês”, “O acordo”, “ Cultura/ Sociedade”, para uma infinidade de expressões habitualmente usadas nas narrativas históricas. Sendo um livro de história, o autor considera que “este livro também pode ser visto como uma forma diferenciada de a geração mais nova aprender um bocado da nossa história”. Depois do lançamento do livro “Almanaque da História de Portugal”, o escritor está neste momento envolvido em alguns projetos de história a um nível mais local, atividade que o atual coordenador do Serviço de Património da Câmara Municipal de Abrantes confessa lhe dar um gosto especial em investigar e estar envolvido em trabalhos desse ramo. José Martinho Gaspar tem ainda mais um livro terminado. A obra debruça-se sobre o Liceu de Abrantes e encontra-se concluído. O escritor está “neste momento à procura de apoios para ser editado”. Pedro Santos

uito se tem falado sobre o combate à pandemia ao ponto de se estar já a entrar num estado de quase obsessão. Mas não poderíamos estar mais longe da verdade se nos limitarmos a acreditar que a luta contra a pandemia se deve focar exclusivamente na descoberta de uma vacina ou na implementação de medidas de restrição dos hábitos sociais. Durante a minha formação em Relações Internacionais, o estudo das diversas culturas nacionais era considerado fundamental para a compreensão das interações entre os diversos atores envolvidos na esfera internacional. No fim de contas, a cultura, quer individualmente ou coletivamente, continua a ser um fator decisivo no rumo dos acontecimentos internacionais e mesmo nacionais. Contudo, os decisores políticos, bem como as organizações internacionais envolvidas, parecem ignorar por completo a relevância que a cultura nacional poderá ter na propagação ou controlo da pandemia. E os exemplos são muitos. No Extremo Oriente, em países como a China ou a Coreia do Sul, a consciência coletiva existente, por oposição à mentalidade individualista do Ocidente, induz as pessoas a evitarem comportamentos que ponham em causa a segurança da sociedade. As ações individuais devem contribuir para o bem-comum, ao contrário da visão ocidental, onde frequentemente a satisfação pessoal

A cultura importa é conseguida à custa da sociedade. O aparente sucesso asiático no controlo da disseminação do vírus, não se deveu exclusivamente ao autoritarismo. A Coreia do Sul é, por exemplo, uma democracia. Mas graças a uma cultura de valorização do coletivo, o cumprimento das regras impostas pelos governos tem sido mais eficaz. Já na Europa, por exemplo, a diversidade cultural é, sem, dúvida um dos valores que nos define, mas que também torna difícil o combate à pandemia, especialmente num espaço onde impera a livre circulação de pessoas. Na Suécia, existe uma cultura de respeito e obediência ao Estado. Em geral, a grande maioria dos cidadãos acredita que o governo governa para o bem geral do país e, por isso, apesar do governo nunca ter imposto uma quarentena, a implementação progressiva de medidas restritivas aos comportamentos sociais não está a provocar uma fadiga contra a pandemia. Já no Reino Unido, a cultura britânica vê o respeito pela liberdade individual como um valor inviolável. A juntar a isso, a tradição do lobbying económico impediu a implementação de medidas mais restritivas. Por outro lado, em França, a existência de uma cultura revolucionária e de resistência ao Estado induz a comportamentos de rebeldia contra as regras impostas pelo governo. Em plena segunda vaga, que lições poderão os governos tirar?

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// O escritor e historiador José Martinho Gaspar, natural de Água das Casas, freguesia de Fontes, em Abrantes, lançou no mês de outubro o seu mais recente livro intitulado de “Almanaque da História de Portugal”. Este é o segundo lançamento no ano de 2020 por parte do escritor abrantino que no início do ano, mais concretamente no mês de fevereiro, lançou o seu primeiro romance “Vidas por Fios”.

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DESPORTO /

ROTAS DE MAÇÃO apresentam Plano de Atividades // Workshops gastronómicos, caminhadas, eventos de geocaching e plogging, recuperação de ecossistemas, uma APP e um PODCAST e a homologação de cinco novos percursos pedestres são apenas algumas das iniciativas previstas para 2021. Todas as atividades têm por objetivo a preservação e valorização do património material e imaterial do concelho e a promoção do turismo de natureza em Mação. Depois de homologados os primeiros 5 percursos pedestres e do lançamento do site www. rotasdemacao.pt, os órgãos sociais das Rotas de Mação preparam-se para apresentar o Plano de Atividades para o próximo ano. No seguimento dos trabalhos em curso, o plano inclui a homologação de cinco novos percursos (Rota da Amêndoa, Rota das Casas da Ribeira/ Caratão, Rota dos Envendos, Rota do Penhascoso e Rota de Cardigos Centro) e a apresentação da APP para dispositivos móveis (já em fase de testes). Esta aplicação,

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especialmente concebida de acordo com o sistema de segurança implementado no terreno, visa alertar o utilizador para os principais pontos de interesse das rotas, fornecerlhe informação relevante sobre cada um deles e assinalar as balizas de socorro disponíveis em cada percurso. Paralelamente, pretendese avançar com eventos de geocaching e plogging (atividades que combinam a vertente de caminhada com a de descoberta de caches, no caso do geocaching, e com a recolha de lixo, no caso do plogging), nomeadamente

JORNAL DE ABRANTES / Novembro 2020

durante a FEIRA MOSTRA de Mação. O plano de atividades para 2021 inclui também o levantamento de todos os produtores locais, restaurantes e alojamentos disponíveis no concelho e a disponibilização no site de uma Base de Dados completa e tão abrangente quanto possível sobre essa oferta turística. Serão igualmente promovidas ações de sensibilização junto de todos estes parceiros para divulgação dos produtos endógenos e da gastronomia regional, nomeadamente através da

realização de workshops que envolverão, muito concretamente, o Agrupamento de Escolas Verde Horizonte. Além da BD referida anteriormente, será também apresentado no site o resultado do projeto que convida os habitantes locais a fotografarem a sua aldeia e o podcast (uma parceria com a Rádio Antena Livre e o Jornal de Abrantes) que reunirá histórias e lendas das aldeias de Mação. Estão ainda previstas várias ações de recuperação de ecossistemas, isto através da criação de viveiros de árvores e vegetação autóctone, e, sempre

que tal for comunicado, o apoio às Associações do concelho na organização, divulgação e realização de passeios pedestres. Salientamos, por fim, que em virtude da pandemia e do atual contexto excecional, as atividades previstas poderão sofrer ajustes temporais ou atrasos pontuais, impossíveis de prever à data. O acompanhamento dos trabalhos, a agenda de eventos e demais informação sobre as Rotas de Mação podem ser consultados através das redes sociais e também no site em www.rotasdemacao.pt.


PATRIMÓNIO / NOMES COM HISTÓRIA / Grupo

A igreja de S. Vicente //Teresa Aparício

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A primitiva igreja dedicada a este santo teria sido construída neste mesmo local, logo a seguir ao período da conquista de Abrantes aos mouros e ainda no reinado de D. Afonso Henriques. Não se sabe ao certo se foi este o seu primeiro orago, mas sabe-se, que desde finais do século XII, se encontra associada a este santo. Vamos então saber porquê. A história de S. Vicente é conhecida mas em parte lendária. No início do século IV, o então jovem Vicente, que iniciara a sua carreira religiosa em Saragoça, foi torturado até á morte, sob as ordens do imperador romano Diocleciano, por se recusar a deixar de pregar os ensinamentos de Cristo. Lançado ao mar, foi o seu corpo recolhido por uma mulher e depois levado pelos cristãos para Valência, onde ficou sepultado até à chegada dos muçulmanos à Península, no século VIII. Nessa altura, os cristãos de Valência, com medo que o corpo fosse profanado pelos mouros, resolveram levá-lo por mar até ao Algarve e esconderam-no num lugar remoto e pouco acessível, perto do promontório que ainda hoje tem o seu nome. Os cristãos da zona, ao saberem disto, começaram a ir orar junto dos restos mortais do santo e, passado um tempo, resolveram construir uma capela onde o pudessem honrar mais condignamente. Apesar de tudo isto ser feito em segredo, para não chegar aos ouvidos dos mouros, a notícia chegou ao conhecimento do nosso primeiro rei, D. Afonso Henriques, que resolveu, por volta de 1173, trazer o corpo do santo para Lisboa e depositá-lo com todas as honras na Sé, recentemente construída. A viagem por mar foi atribulada e reza a lenda que foram os corvos que, nunca o abandonando, o protegeram nos momentos mais difíceis. Um dos primeiros alcaides cristãos, que o rei nomeou para Abrantes, trouxe com ele uma relíquia - um dente - do referido mártir e que, até hoje, se mantém no templo que a partir de então lhe passou a ser dedicado. Na década de cinquenta do século XX, ainda o dente era dado a beijar aos fiéis, na missa do dia 22 de Janeiro, quando se celebra a sua festa. Os corvos, também a este santo associados, figuram até hoje nas insígnias de Lisboa e também nas de Abrantes. No interior da igreja, sobre a porta do lado esquerdo quando entramos, podemos ver dois painéis de azulejos, figurando em cada um deles um barco, rodeado por dois corvos, numa alusão

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clara à viagem marítima do corpo de S. Vicente do Algarve para Lisboa. Mas do templo que primeiro albergou o dente do santo mártir nada resta e o que hoje ali podemos admirar é uma reconstrução dos finais do século XVI, princípios do século XVII, feita já com as linhas clássicas próprias do Renascimento. Em 1577, no reinado de D. Sebastião, estando muito arruinada, mandou este rei que se procedesse à sua reconstrução, para o que ordenou que o rendimento de todas as confrarias revertesse a favor das obras, que foram iniciadas nesse mesmo ano. Estas começaram com muita força e rapidez, mas as fases seguintes demoraram bastante, certamente porque o dinheiro escasseava e, por isso, o plano inicial nunca chegou a ser totalmente concluído. O grosso das obras decorreu durante o período filipino e então a igreja, transformada em estaleiro, ficou imprópria para o funcionamento da paróquia, pelo que esta foi transferida para S. Lourenço, onde também se estabeleceu uma Casa de Saúde, dado que na altura uma

perigosa peste grassava em Abrantes. Extinta esta, sediou-se depois a paróquia na capela de Santa Iria, já muito mais próxima dos habitantes da vila. Desta última restam apenas alguns vestígios na toponímia. Estando já os trabalhos bastante adiantados, regressou a paróquia à sua primitiva sede, agora alargada e renovada, o que aconteceu no dia 21 de Janeiro de 1605, véspera do dia da festa do seu padroeiro, que já ali pôde ser de novo condignamente festejado. Consultas: - CANDEIAS SILVA, Joaquim, Abrantes – a vila e o seu termo no tempo dos Filipes, edições Colibri, 2000. - CARDOSO, Ana Paredes, Azulejos seiscentistas das igrejas de S. João e S. Vicente, revista Zahara nº 9, Julho de 2007 - MORATO, Manuel António e MOTA, João da Fonseca, Memória Histórica da Notável Vila de Abrantes, edição Câmara Municipal de Abrantes, 1981

Novembro 2020 / JORNAL DE ABRANTES

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SAÚDE / Utentes sinalizam problemas nas comunicações com centros de saúde no Médio Tejo

/ Carla Simões / Técnica Superior de Diagnóstico e Terapêutica – Área de Saúde Ambiental

Distanciamento Físico

O distanciamento físico é a medida mais eficaz para quebrar as cadeias de transmissão do SARS-CoV-2, isto significa que devemos reduzir a interação física entre pessoas não coabitantes. Deste modo há uma redução da possibilidade de transmissão do coronavírus, protegendo-se toda a população. Para assegurar o distanciamento físico devemos manter, sempre que possível, uma distância superior a dois metros das outras pessoas, tanto no exterior como em espaços fechados Antes de se sair de casa, devem ser seguidas algumas dicas para assegurar o distanciamento físico, nomeadamente: ÎÎ Seguir as orientações das autoridades de saúde local; ÎÎ Escolher o transporte adequado e seguro aquando da deslocação para o local de trabalho ou realizar pequenos recados. Nos transportes públicos tentar manter uma distância máxima possível entre passageiros, nos táxis sentar sempre no banco de trás. Evitar boleias ou corridas partilhadas; ÎÎ Limitar as deslocações apenas aos locais essenciais. Nas filas de espera manter distância de dois metros entre as pessoas. Manter uma distância física entre os comerciantes e os prestadores de serviço de entrega. Opte por métodos alternativos de compras, tais como serviço de entrega ao domicílio, on-line, etc. ÎÎ Escolher atividades socias seguras. Fazer videochamadas, usar chat ou utilizar outro método de comunicação, são modos seguros de nos mantermos em contacto com familiares e amigos. Privilegiar encontros ao ar livre assegurando uma distância mínima de dois metros entre pessoas, usando sempre máscara. ÎÎ Manter a distância em eventos e reuniões. Evitar locais lotados e reuniões onde não se consiga manter a distância mínima de dois metros entre pessoas. Respeitar as sinaléticas existentes nos espaços fechados, tais como, os assentos permitidos, os circuitos a adotar, lotação máxima dos espaços, etc.; ÎÎ Reorganizar o posto de trabalho. Adotar o teletrabalho sempre que possível. Constituir pequenas equipas e organizar os horários e pausas de trabalho desfasados

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O que é o Distanciamento Físico? É a medida mais eficaz para uebrar cadeias de transmissão, e por isso utilizada pelas Autoridades de aúde para minimizar a transmissão da COVID-19.

Manter, sempre que possível, uma distância superior a dois metros das outras pessoas

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entre equipas, de forma a limitar a interação social. As outras medidas preventivas de transmissão do SARS-CoV-2, tais como, a higiene regular das mãos, etiqueta respiratória e uso de máscara devem

JORNAL DE ABRANTES / Novembro 2020

Video conferência

ser praticadas em simultâneo com o distanciamento físico. “O sucesso da redução de transmissão do SARS- CoV-2 depende essencialmente da colaboração de todos os cidadãos e das instituições” – DGS

Os utentes da região do Médio Tejo deram conta de "grandes problemas nas telecomunicações e de apoio telefónico" a partir dos centros de saúde, um problema "grave" perante a pandemia de covid-19. "Constatámos e transmitimos à diretora executiva do Agrupamento de Centros de Saúde (ACES) do Médio Tejo a nossa preocupação com os grandes problemas que existem ao nível das telecomunicações e de apoio telefónico aos utentes, onde as pessoas, ou não atendem as chamadas ou o telefone dá sinal de chamar quando está ocupado", disse Manuel Soares, porta-voz da Comissão de Utentes da Saúde do Médio Tejo (CUSMT). "Em situações de emergência e em tempo de pandemia entendemos que este tipo de problemas não deveria suceder, e, muitas vezes, o problema não está nos profissionais que não querem ou não podem atender, mas sim nas centrais telefónicas desatualizadas", afirmou. Manuel Soares disse ainda que, "num período em que era necessária uma solução para atender ao aumento de consultas não presenciais e de consultas telefónicas, esta não foi implementada". O problema, sustentou, "é de organização e é transversal ao Serviço Nacional de Saúde e a outras regiões do país" e a CUSMT apresentou uma proposta de solução. Nesse sentido, defendeu, a situação "resolvia-se com a contratualização telefónica com as operadoras de algumas dezenas de milhar de telefones, por um período de alguns meses, e resolvia-se um problema que é do SNS, neste período em que é necessária uma solução, e que não é, na maior parte das vezes, dos profissionais", e que "prejudica os utentes e gera falta confiança no sistema". Manuel Soares destacou o "aumento da produção total de consultas em setembro relativamente ao mês de janeiro", mês em que "ainda não havia pandemia", a "recente contratação de 10 médicos de família que preencheram a totalidade das vagas colocadas a concurso", a par da contratação de 08 assistentes operacionais e 06 assistentes técnicos", numa região que, com os seus cerca de 225 mil utentes, "fica agora com cerca de 14 mil utentes sem médico de família, servidos por médicos tarefeiros" contratados para o efeito. "Atendendo ao impacto que a pandemia tem, estes números, a par do trabalho desenvolvido ao nível da vacinação e apoio domiciliário, reconhecemos o importante esforço que se está a fazer e a trabalhar assim, e sem a pandemia covid-19, a região teria os atendimentos em centros de saúde em dia", concluiu. O ACES Médio Tejo abrange 11 municípios com cerca de 225 mil utentes/frequentadores, sendo composto pelos municípios de Abrantes, Alcanena, Constância, Entroncamento, Ferreira do Zêzere, Mação, Ourém, Sardoal, Tomar, Torres Novas e Vila Nova da Barquinha.


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NUTRICIONOSTA DRA. MARIANA TORRES

ENFERMAGEM ENF. MARIA JOÃO LANÇA; ENF. BRUNO FERREIRA; ENF. HUGO MARQUES

OBSTETRÍCIA/GINECOLOGIA DRA. LÍGIA RIBEIRO; DR. JOÃO PINHEL

FISIOTERAPIA/OSTEOPATIA DRA. PATRICÍA MASCATE

OFTALMOLOGIA DR. LUÍS CARDIGA

OSTEOPATIA DR. GONÇALO CASTANHEIRA

PENEUMOLOGIA DR. CARLOS LOUSADA PROVA F. RESPIRATÓRIA TÉCNICA PATRÍCIA GUERRA PSICOLOGIA DRA. ODETE VIEIRA; DRA. ANA TORRES PSIQUIATRIA DR. CARLOS ROLDÃO VIEIRA; DRA. FÁTIMA PALMA REUMATOLOGIA DR. JORGE GARCIA TERAPIA DA FALA DRA. SUSANA CORDA UROLOGIA DR. RAFAEL PASSARINHO

Novembro 2020 / JORNAL DE ABRANTES

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