a j / JORNAL DE ABRANTES / Abrantes / Constância / Mação / Sardoal / Vila Nova da Barquinha / Vila de Rei / Diretora Patrícia Seixas OUTUBRO 2019 / Edição nº 5584 Mensal / ANO 119
Décio Dias Photography
/ DISTRIBUIÇÃO GRATUITA
REPORTAGEM
MAÇÃO
ABRANTES
ESTA: 20 anos de Ensino Superior em Abrantes
Hotel Rural nasce em S. José das Matas
Javalis passeiam na zona urbana da cidade
A diretora da ESTA quer apostar numa escola mais versátil e adaptada aos desafios dos tempos atuais.
O “Hotel Rural Flor da Mata” vai ocupar a antiga fábrica de conservantes .
Os animais “começam a perder a vergonha” e saem dos campos em busca de alimento.
Págs. 14 e 15
Pág 10
Pág 5
DESTAQUE
Nascer Mulher, renascer Homem Em Portugal, só este ano já 22 jovens pediram para mudar de nome e de sexo. Esta é uma realidade que começa a ganhar expressão não só nos grandes centros urbanos. Neste JA, damos a conhecer a história do medo, da discriminação e da mudança. Págs. 6 e 7
Vespa asiática chegou à região
SARDOAL
Executivo visita obras da nova escola A construção do novo edifício escolar está a correr dentro dos prazos previstos.
Pág 17
ENTREVISTA
Zé Neves: do futebol à arbitragem. Pág. 3
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A espécie invasora chegou a Portugal em 2011 e em 2018 entrou no Médio Tejo. Só este ano, na área de influência do JA, já foram eliminados mais de 100 ninhos. Os especialistas dizem que a asiática veio para ficar. Págs. 22 e 23
A ABRIR / FOTO OBSERVADOR /
EDITORIAL /
O parque de estacionamento da Tapada do Fontinha está feito. Uma obra nova com um contraste. A ligação à Rua Dr. Solano de Abreu mereceria, pelo menos, um arranjo de cosmética.
Jerónimo Jorge SUB-DIRETOR
Outono com vespas e votos! Entrámos no outono, ainda com sabor a verão. Arrancaram as aulas com a azáfama normal para os pais, que têm de preparar o ano dos miúdos ou têm de ajudar, na árdua tarefa de encontrar alojamento, no caso dos universitários. Estamos em semana de azáfama dos políticos. Foi a eleição do parlamento da Madeira e, agora, temos em mãos a possibilidade de eleger os nossos deputados. Aqueles que nos representam em S. Bento, na casa da Democracia. Sim, porque nós não votamos diretamente em nenhum dos líderes partidários. Nós votamos nos deputados pelo nosso círculo eleitoral. Abrantes, Barquinha, Constância, Mação e Sardoal vão escolher os nove representantes de Santarém para a Assembleia da República, enquanto o concelho de Vila de Rei, pertencente a Castelo Branco, escolherá apenas quatro. Mas note-se a representatividade do interior do país. Braga vai eleger 19, dos 230 parlamentares. Bragança (3), Castelo Branco (4), Guarda (3), Portalegre (2), Évora (3) e Beja (3) elegem 18 deputados nesta legislatura. Porque o distrito de Braga tem 778 mil eleitores e estes cindo distritos do interior 817 mil. Ou seja, é esta a representatividade do interior em Lisboa, naquela metrópole onde se fazem as Leis e se define o nosso futuro. Mas, quando aqui votamos, votamos nestes nossos candidatos e não no candidato que será primeiro-ministro de Portugal. Esse será eleito pelo seu círculo. Bem sei que a grande maioria vai votar no partido e no líder, mas será que conhecem os nomes daqueles que, verdadeiramente, vão escolher? Tenho muitas dúvidas. Gostava que neste domingo o cidadão aplicasse no voto todo o seu sentido opinativo, sobre tudo e qualquer coisa. Deixo uma pergunta simples: Terei direito a declamar, de tudo e todos, se quando sou chamado a exercer o meu dever cívico prefiro assobiar para o lado ou alhear-me de uma escolha com o argumento gasto que “são todos do mesmo saco” ou “todos querem é tacho”? Fica na consciência de cada um de nós a reclamação nas redes sociais então mostrarmos no voto que estamos cá e contamos, mesmo que a nossa escolha não seja a preferida dos outros. Nesta edição não falamos de política nacional. Trazemos outros temas que estão na ordem do dia. Por exemplo, acenderemos o debate em torno de um tema ainda tabu na sociedade. Uma mulher que se sempre se sentiu homem. Fomos conhecer o processo social e íntimo de uma jovem que agora é um jovem. A transexualidade marca presença este mês no JA. Outro tema que muito tem preocupado as nossas gentes: A vespa asiática. Afinal veio e está para ficar e teremos de aprender a conviver com ela. Fomos conhecer melhor o inseto e a forma de lidar com ele, sem alarmismos. Temos de ter a consciência cívica de avisar as autoridades sempre que saibamos da existência de um ninho das vespas e não ficar à espera que o “vizinho” faça essa “chatice” por nós.
ja / JORNAL DE ABRANTES
CMA
PERFIL /
/ Ricardo Jorge A. Chambel C. Beirão Eng.º Eletrotécnico 40 anos
Naturalidade / Residência: Abrantes Um filme: Foram vários os que me marcaram. A saga “Rocky Balboa”, “Coach Carter”, “Remember The Titans”, “O Impossível” ou “Moulin Rouge” Uma viagem que marcou: Foram três viagens. Em todas elas, fui sendo uma pessoa e regressei sendo uma pessoa mais rica e muito mais feliz. Para o Tramagal, no dia do meu casamento, e as duas para a maternidade do Hospital de Abrantes. Um momento importante: 17h00 do dia 30 de maio de 2009. Um recanto diferente na região: A nossa região é extremamente rica em recantos diferentes, seja para lazer, cultura, história, religião ou desporto. Porque são de Abrantes, tenho de destacar o
Foi uma tarde de domingo diferente no centro histórico de Abrantes. Uma Colour Run Party tem o condão de juntar uma caminhada, muita animação e cor. Se juntarmos música a mais de 500 participantes, a festa é garantida.
Parque Urbano de São Lourenço e a Fortaleza/Castelo. Uma música: Têm de ser três. “Livre”, interpretada pelo meu pai e dedicado à minha mãe. “Somos Errantes”, também interpretada pelo meu pai e com letra do saudoso António Clara, escrita nos anos 90. E “You are loved” de Josh Groban. Um livro: Não sou de ler muito livros. Prefiro ler jornais. Contudo, o melhor livro de todos é o que escrevo todos os dias com a Vânia. Um país para visitar: México. Praia, cultura e história. Se fosse presidente de Câmara o que faria? Aplicaria descontos nas taxas de licenciamento de obras que previssem em projeto a implementação de medidas para
produção de energia através de fontes renováveis ou descontos em IMI nos imóveis que, já construídos, implementassem medidas desse âmbito. O que mais e menos gosta na sua localidade? Como costumo dizer, Abrantes é a Capital, não me imagino a viver noutro lado que não no “meu cabeço”. Estamos longe da confusão e perto de tudo. Aqui existe qualidade de vida. Não gosto da importância excessiva e sem motivo, para os dias de hoje, que se continua a dar a algumas pessoas. Há que respeitar o seu legado e o que de bom fizeram, mas já tiveram o seu tempo. Com a sua hipervalorização, parece que não há mais ninguém, obstruindo “o sangue novo”, que é capaz, que é moderno e desprendido.
FICHA TÉCNICA Direção Geral/Departamento Financeiro Luís Nuno Ablú Dias, 241 360 170, luisabludias@mediaon.com.pt. Diretora Patrícia Seixas (CP.4089 A), patriciaseixas@mediaon.com.pt Telem: 962 109 924 Redação Jerónimo Belo Jorge (CP.7524 A), jeronimobelojorge@mediaon.com.pt, Telem: 962 108 759, Ana Rita Cristóvão (CP.TP-475 A), anaritacristovao@mediaon.com.pt, Carolina Ferreira (estagiária). Colaboradores Carlos Serrano, José Martinho Gaspar, Paulo Delgado, Teresa Aparício, Paula Gil, Manuel Traquina. Cronistas Alves Jana e Nuno Alves. Departamento Comercial. comercial@mediaon.com.pt. Design gráfico e paginação João Pereira. Sede do Impressor Unipress Centro Gráfico, Lda. Travessa Anselmo Braancamp 220, 4410-359 Arcozelo Vila Nova de Gaia. Contactos 241 360 170 | 962 108 759 | 962 109 924. geral@mediaon.com.pt. Sede do editor e sede da redação Av. General Humberto Delgado Edf. Mira Rio, Apartado 65, 2204-909 Abrantes. Editora e proprietária Media On - Comunicação Social, Lda., Capital Social: 50.000 euros, Nº Contribuinte: 505 500 094. Av. General Humberto Delgado Edf. Mira Rio, Apartado 65, 2204-909 Abrantes. Detentores do capital social Luís Nuno Ablú Dias 70% e Susana Leonor Rodrigues André Ablú Dias 30%. Gerência Luís Nuno Ablú Dias. Tiragem 15.000 exemplares. Distribuição gratuita Dep. Legal 219397/04 Nº Registo ERC 100783. Estatuto do Jornal de Abrantes disponível em www.jornaldeabrantes.pt. RECEBA COMODAMENTE O JORNAL DE ABRANTES EM SUA CASA POR APENAS 10 EUROS (CUSTOS DE ENVIO) IBAN: PT50003600599910009326567. Membro de:
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JORNAL DE ABRANTES / Outubro 2019
ENTREVISTA /
Uma vida inteira ligada ao desporto // José Neves, natural do Pego, 63 anos e toda uma vida ligada ao desporto. Frequentou o Instituto Superior de Educação Física, jogou futebol de alta competição, 2.ª divisão nacional. Tirou curso de treinador, depois árbitro, foi dirigente associativo e hoje trabalha nos serviços municipais de Abrantes, na área do desporto. Passou por todos os itens do desporto, pelo que compreende as dificuldades inerentes a todas as vertentes. Tem um percurso muito grande que começou como jogador?
Sim, sempre tive uma apetência e um sonho no desporto, desde tenra idade. Comecei nos escalões de formação do Sport Abrantes e Benfica. Hoje há a possibilidade de os jovens serem vocacionados para várias modalidades, o que é muito construtivo para a sua formação enquanto jovens e de futuros adultos. Entretanto frequentei o ISEF, não conclui o curso por outras opções que surgiram. Ainda dei aulas, passei dois bons anos por Mação. Entretanto jogava na 2.ª divisão nacional mas tive uma lesão grave muito novo. Foi uma rotura dos ligamentos cruzados que, na altura, era complicado. Tive operação marcada, tive medo. Como não abusava continuei a jogar, estive na 3.ª divisão de futsal, com algumas limitações. Mas tenho os cruzados rotos e hoje em dia sai-me caro. Mas sinto-me feliz com o que faço.
O que prefere entre o jogar, treinar e arbitrar?
Isso é interessante. Nós passamos por várias etapas na vida e eu, enquanto jogador, era um pouco embaraçoso para os árbitros. Não era mal educado, mas tinha a mania que também sabia daquilo. Depois tirei o curso de treinador e por vezes achamos que nos estão a
roubar. Depois fiz o curso de árbitro e passei a amar a arbitragem. É muito difícil ser árbitro, ser juiz, ter que decidir. É por isso que considero que para a minha própria conceção da vida é muito importante este papel de decisor. E quando erramos, não há ninguém que fique mais triste do que eu.
Os árbitros são uma figura onde se descarrega muito.
Sim, e há alguns que erram e não dão o braço a torcer. Os árbitros falham, são humanos, e as pessoas às vezes não percebem as dificuldades, por vezes com um mau ângulo e ter que decidir. Até eu como adepto penso como é que o colega não viu e só lá dentro é que percebemos as dificuldades.
O futebol é uma área em que há tanto dinheiro mas há áreas em que falta dinheiro…
Há muitas disparidades. Um arbitro, hoje não tanto, mas era ridículo o que recebiam e deixo entre comas que alguns podem ter cedido, pensando logicamente. Os árbitros recebiam grãos de trigo quando no futebol muitos eram pagos a arcas de ouro, percebe?! Hoje já não é bem assim. Já têm direito a hotel, outras comodidades que não havia.
O futebol de formação é a esperança no futuro e é uma missão sua?
O vídeo da Federação de Futebol, o #deixajogar, é muito importante. No escolinhas não está nada em causa a não ser a felicidade das crianças. O torneio de escolinhas foi das decisões mais felizes do Município de Abrantes, depois alargado a Mação e Constância, e é um palco de festa. Há pais que ainda aparecem que colocam muita pressão nos miúdos e que, em vez de lhes darem estímulo e ideias para melhorar os levam a abandonar. Isto está melhor mas ainda temos esta mentalidade de competitividade. Claro que ganhar é melhor do que perder, a vida é de luta e temos que lutar, mas ganhar não a qualquer preço.
Tem que se trabalhar o reforço positivo?
Não tenha dúvida. Mesmo no topo. Talento é bom, trabalho é excecional, resiliência... mas se a
“É muito difícil ser árbitro, ser juiz, ter que decidir.”
cabeça não for forte… Já apanhei atletas que não pareciam ter tanto talento mas que com trabalho e grande capacidade emocional, resiliência, chegam muito longe e outros, com grande potencial e talento que se perdem por não serem fortes a nível psicológico. Quem atinge o sucesso, o difícil é manter-se no topo por causa da pressão. O Ronaldo é fortíssimo a nível emocional.
E como é que se consegue trabalhar essa forma, como diz, do pescoço para cima?
Pode tornar-se fácil quando o atleta acredita na pessoa que está à sua frente. Um treinador justo é muito importante, é uma referência. Quando estava na formação notava que os miúdos têm um sentido de justiça terrível. Se acham que fomos injustos estamos apanhados. Isso é fundamental. Depois, outra situação, o enquadramento técnico. Durante muitos anos na formação trabalhava “quem aparecia”, quem gostava, os mais habilitados trabalhavam no futebol sénior. Desde sempre achei que na formação têm que trabalhar os melhores. Para a sua evolução é aqui que têm que aprender a fazer bem, tudo o que é preciso incutir aos miúdos. E mais, é preciso bons técnicos e é preciso pagar-lhes. Investiram na sua formação e têm que ser pagos. Se não, não temos hipótese. Os clubes, pais, os municípios, todos temos que fazer mais. E depois o apoio das famílias. Um miúdo, quando marca, quando faz algo bem, para onde é que olha? Para quem o está a apoiar na bancada, por quem têm afeto e é preciso estar lá, apoiar.
E o trabalho de treinador, ficou para trás?
Estive em vários projetos que gostei muito, depois agarrei-me a um projeto em que acreditava muito mas tive um problema grave de saúde e afastei-me um pouco do treino. Como tinha ainda a arbitragem agarrei-me mais a esta área. Já tive vários convites, um dia hei-de voltar ao Pego como treinador. Ainda tenho este sonho de voltar à minha terra. Embora não seja fácil, por vezes, trabalhar na nossa terra. Mas criamos anticorpos e hoje percebo que ou me amam ou me odeiam e mesmo os que nos odeiam obrigam-nos a crescer, amadurecer.
É difícil ser-se imparcial?
Deixe-me contar-lhe uma situação que se passou. Uma altura fui treinador da equipa do meu filho. Ele era meu atleta e eu era fora do campo pai do André e dentro do campo treinador do André. Ele e outro atleta, ambos bons alunos, ambos atletas super competitivos um com o outro. Uma das vezes o
outro tinha tido um bom desempenho e convoquei-o para um jogo noutro escalão e ao meu filho não. Em casa, a minha esposa diz-me que o André estava chateado, falei com ele mas ele durante uma semana não foi treinar. Um dia foi ele que veio ter comigo, que já era inteligente, e disse que percebia, que no campo eu era o treinador. Estas coisas mexem connosco. E alguns pais podem não ter a capacidade de lidar bem com isto, de se trabalhar com filhos. Se não tivesse sido justo, podia ter perdido muitos dos meus atletas. E a ele consegui reconhecer sempre as capacidades e o desempenho que conseguia ter, sempre muito superior ao pai.
Quais as memórias que não esquece de toda a sua experiência de vida?
Fiz formação nos juvenis do Sport Abrantes e Benfica e estas sucursais levavam alguns atletas ao Benfica. Um ano lá fui ao Benfica com o Manuel Mendes Alves, onde estivemos dez dias, com 16 anos, provincianos. Uma tarde fomos fazer o lanche. Olhámos para a vitrina e foi a primeira vez que vimos camarão. Pedimos um sumo, uma sandes e pedimos um pratinho daquelas coisas que estavam ali a chamar a atenção. No outro dia veio o diretor dizer, a rir-se, “olhem lá, vocês comeram camarão ao lanche, olhem que aquilo é caro”. E ainda hoje me rio com o Manuel disto, da primeira vez que comemos camarão. Outra memória foi de quando alguns agentes do Benfica vieram falar com os meus pais para eu ir para lá. A minha mãe veio à porta, de avental, apercebeu-se, começou logo a chorar e a dizer “quem quer filhos, faça-os”. Não fui. Tinha muitos sonhos, fiquei muito triste mas não deixei de amar os meus pais por isso. Algumas pessoas não sabem mas, pelo Inatel fui internacional pela seleção de futsal. Uma boa memória. Fui o único jogador de Santarém, a primeira vez que andei de avião, passámos 10 dias em França.
O Zé Neves não pensa passar as suas memórias para um livro?
Eu digo muitas vezes que a minha vida dava um livro. Não é nada que não me tenha passado pela cabeça.
Pois olhe que sim, que devia, pela postura, pelo exemplo, pelos valores que transmite, fundamentais nesta área, devia mesmo escrever o livro. Ficou o desafio.
O maior orgulho que tenho é quando vejo jovens a quem dei formação, a quem tentei transmitir bons valores e tentei dar um bom exemplo, vê-los a singrar nesta e noutras almas. Fico muito feliz. Vera Dias António
Outubro 2019 / JORNAL DE ABRANTES
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SOLIDARIEDADE /
Entregámos “Um Carro de Esperança” 18H30, Largo da Eira, aldeia de Casas da Ribeira de Cardigos, no concelho de Mação. O dia chegou, exatamente um mês depois de um grupo de amigos, ligados pela comunicação social, ter dado início à campanha solidária “Um Carro de Esperança”. A história foi contada várias vezes mas, ainda hoje, cada vez que a ouvimos, estremece-nos a alma e sobressalta-nos o espírito. Por mais que tentemos, não conseguimos colocar-nos no lugar de quem vê a luta de uma vida ser consumida pelo fogo, mesmo em frente aos olhos. Foi o que aconteceu na fatídica noite de 21 de julho, durante o grande incêndio que voltou a consumir os concelhos de Vila de Rei e Mação. Um casal, de uma das primeiras aldeias atingidas na freguesia de Cardigos, depois do fogo passar e lhe queimar as terras, conseguiu ficar com a casa e o carro, que estava resguardado no largo da aldeia. Findo um dia
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esgotante, quando o perigo parecia ter passado, o senhor João Carlos Dias foi arrumar o carro num barracão que servia de garagem. E foram descansar. Por volta da meia noite chegaram a essa aldeia, a fazer ronda, várias pessoas. Não se via ninguém. Repararam, no entanto, que um barracão parecia largar chama do telhado. Aproximaram-se e confirmaram o pior. Estava a arder. Não esperavam, ainda, que lá dentro estivesse também um carro. O tal carro do casal, ali arrumado há menos de uma hora. E ardeu. Tudo o que estava no barracão ardeu. Tudo isto aconteceu perante o olhar do jornalista Jerónimo Belo Jorge, do Jornal de Abrantes, e que aqui lhe contou a história na edição de agosto. Os jornalistas também são humanos e, muitas vezes, viram a cara para o lado para esconder as lágrimas. Foi o caso. Era hora de juntar forças. E juntámos! E conseguimos!
JORNAL DE ABRANTES / Outubro 2019
/ António Alexandre entrega as chaves do carro a João Dias Em parceria com muitas pessoas, mais de setenta, que, uns de forma anónima, outros identificados (e para quem não temos palavras para agradecer o suficiente),
conseguimos atingir o objetivo a que nos tínhamos proposto: devolver o carro a esta família. Não podemos ajudar todos os que perderam algo nestes incên-
dios mas pudemos ajudar uma família. Com a parceria do António Alexandre, do stand Carpego, lá levámos o Nissan Almera (sim, conseguimos mais contributos e, como tal, um carro melhor) até Casas da Ribeira, de Cardigos. O sr. João não nos esperava porque não fazia ideia do que andámos “a tramar” nas suas costas. Lá batemos à porta e lhe mostrámos o seu novo automóvel. Perante um proprietário quase incrédulo, apenas lhe saiu um “obrigado”. Mas também não era preciso mais. Quem se sentia agradecido éramos nós. Resta-nos voltar a agradecer a todos os que se envolveram nesta campanha, a todos os que nos aturaram durante este mês (sempre com a mesma conversa) e desejar ao sr. João Carlos e à família toda a sorte do mundo, ao volante do seu novo automóvel. Obrigado! Vera, Joana, Patrícias, Jerónimo, Mário e Luís
ATUALIDADE / Abrantes
Javalis passeiam nas ruas de Abrantes Os javalis procuram cada vez mais as zonas próximas dos humanos, ou zonas urbanas. Em Abrantes têm sido avistados próximo das habitações. Só que agora uma fêmea com sete crias atrás, em fila, “passearam” na Rua General Humberto Delgado. As fotos feitas por Teresa Paulino, moradora na rua, foram registadas na madrugada de sábado, 21 de setembro, à 01:10. Os animais andaram na plataforma central da rua, no meio do estacionamento. Luís Damas, da Associação de Agricultores, não se mostrou surpreendido com a presença ou avistamentos, até porque em junho já os javalis eram avistados nas encostas entre o Hospital e a Escola Dr. Manuel Fernandes. Nas redes sociais, quando as fotos foram divulgadas, surgem os mais variados comentários e opiniões. Desde as piadas sobre os javalis irem à escola ou a mãe levar os filhos à escola, passando pelos mais jocosos a outros denotando maior preocupação com o alegado “perigo” que os animais
podem criar a quem vive ou anda pela zona. Luís Damas acrescenta ainda que eles procuram comida. Restos de comida das pessoas e, caso a tenham, podem ser presença habitual. E adianta: se os mais novos se habituam a comer perto das casas “perdem a vergonha” e passam a vir regularmente a essas áreas. Pelo que, reafirma, “Não se devem alimentar ou promover a sua alimentação”. E recorda que na Arrábida até vão “tomar banho à praia, no meio de veraneantes”. Dado que é uma espécie omnívora, come de tudo. Pode destruir colheitas, raízes e até outras espécies, como os coelhos. Para a agricultura pode destruir as colheitas de zonas húmidas, como, por exemplo, o milho, pois, é o seu habitat mais natural. Daí que os agricultores encarem esta espécie como um perigo para as suas fontes de rendimento. Questionado sobre os perigos da presença destes animais perto das zonas urbanas e de uma escola secundária apenas revelou que eles fogem à presença humana. “Se
pressentem as pessoas, o seu único predador neste momento, fogem imediatamente para os campos, onde têm os seus refúgios”. Os perigos, como noutros animais, têm a ver com o fato de reagirem se estiverem feridos, se se sentirem encurralados ou se a mãe pressentir perigo para os seus filhotes. Quanto à peste suína, já detetada
na Europa, ainda não há registos, embora se devam ter os cuidados necessários. Por exemplo, as montarias ou abate de javalis têm de ter a presença de um veterinário. Luís Damas revelou ainda que, neste caso, em zonas que não são de caça associativa a responsabilidade é do ICNF (Instituto da Conservação Natural e das Florestas),
pelo que qualquer ação de controlo da densidade da espécie é deste instituto. Mesmo assim não deixa de ser curioso, pois uma imagem de javalis na cidade ou zonas urbanas não é, de todo, uma coisa assim tão normal, embora comece a ser cada vez mais usual. Jerónimo Belo Jorge
Do dardo ao disco, do martelo ao peso. Assim nasce a ELA – Escola de Lançamentos de Abrantes ELA é a nova entidade desportiva da cidade de Abrantes. Do dardo ao disco, do martelo ao peso, a nova Escola de Lançamentos de Abrantes foi formalizada dia 16 de setembro no auditório da Cidade Desportiva. Numa parceria entre a Câmara Municipal de Abrantes, a Federação Portuguesa de Atletismo e a Associação de Atletismo de Santarém, a ELA pretende ser uma escola onde crianças a partir dos 10 anos e até jovens, adultos e idosos poderão desenvolver várias das vertentes inseridas na modalidade de Atletismo. A Escola de Lançamentos de Abrantes vai funcionar com a responsabilidade técnica a cargo do professor Manuel Gonçalves que, em declarações ao JA, admite que os “50 e tal anos” de experiência vão permitir-lhe “responder com eficiência sobre aquilo que me propõe” e treinar atletas com os abrantinos que são “indivíduos virados para o desporto e todos têm força”. Na cerimónia, na qual aconteceu a assinatura do protocolo entre
“Nesta fase, a inscrição será gratuita e universal para todos, a partir dos 10 anos, e esperemos que não só de Abrantes, mas de todo o país.”
/ Para além dos representantes das entidades envolvidas na criação da escola, na cerimónia de formalização da ELA estiveram presentes atletas praticantes de lançamentos
as partes envolvidas, o presidente da Câmara de Abrantes, Manuel Jorge Valamatos, destacou a importância da criação da ELA “para o desporto e para a região” e disse ser preciso “consolidar ideias e começar a pensar com mais qualidade”. “Nesta fase, a inscrição será gratuita e universal para todos, a partir dos 10 anos, e esperemos que não só de Abrantes mas de todo o
país”, acrescenta. Com uma cidade desportiva “capacitada, do ponto de vista infraestrutural”, o autarca disse não ter dúvidas de que estão cridas as condições para que “aqui possa ser o berço de muitos excelentes atletas ao nível dos lançamentos”. Manuel Jorge Valamatos disse ainda que a ELA é precisamente “um lançamento” para que, no fu-
turo, se possam concretizar ideias semelhantes “noutras modalidades”. Já o presidente da Federação Portuguesa de Atletismo, Jorge Vieira, realçou que “a parte desportiva é fundamental no desenvolvimento comunitário” e destacou Abrantes como “um grande exemplo”. Apesar de existir, diz, uma “iliteracia desportiva, num país em que a bola ocupa um espaço muito grande, e em que lançamentos não é hábito” e de “a nível desportivo, no nosso país, ainda não podermos falar de um sistema muito saudável”, o responsável da FPA espera que em Abrantes “possamos vir a ter mais um centro de produção de atletas” que “dará frutos na qualidade da juventude e da sua comunidade”. Já a pensar no futuro, Jorge Vieira disse ainda que a ELA vai ser “um centro para a região e a nível nacional. Temos aqui todas as condições para se fazerem estágios com os melhores atletas da elite”. Ana Rita Cristóvão
Outubro 2019 / JORNAL DE ABRANTES
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DESTAQUE /
Nascer Mulher, renascer Homem // E se nascesse no corpo errado? Se vivesse uma vida preso a um corpo que não representava aquilo que sentia ser a sua identidade? Esta é a história de Filipe (nome fictício). É a história do medo, da discriminação, mas também da força, da vontade e da mudança – que é recente e ainda incompleta. Não importa onde mora nem aquilo que faz. Importa, sim, que está mais perto de ser feliz.
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JORNAL DE ABRANTES / Outubro 2019
16 de novembro de 2018 foi o dia em que tudo mudou. Ao fim de uma vida a reprimir os sentimentos, a esconder o medo e a aguentar a discriminação, chegara finalmente o dia ‘D’ para Filipe (nome fictício). “Tive medo de morrer… vejo muita gente na mesma situação cuja preocupação é a nível estético, o corpo ficar perfeito. A mim preocupou-me estar em risco de vida, poder morrer”. Filipe é direto, fala sem receios. Não gosta de rótulos. Considera-se uma “pessoa normal” e, como qualquer ser humano, tem “muita dificuldade em mudar. Há algo lá dentro que…” parece não querer deixar ir adiante. O medo da transformação e daquilo que os outros poderão pensar marcaram sempre presença na sua vida. Ao ponto
de, após cinco anos de luta psicológica e consciencialização de si mesmo, ter pensado em desistir: “Eu não queria mudar”. O truque que adotou foi simplesmente “deixar de pensar”. A transexualidade manifestou-se inocentemente na infância de Filipe através de algo tão simples como o ato de brincar. “Aos 5 anos eu já sabia. Eu tinha uma Barbie e tinha um Ken, e revia-me sempre no Ken, não gostava muito da Barbie. O Ken era aquele que eu via ser no futuro”, explica Filipe, que admite que na altura já tinha noção de queria um corpo igual ao de um homem. A inocência da infância, porém, fez com que não fosse dada a importância devida e com que “deixasse as coisas andar”. “Não é uma coisa do dia para a noite. No meu caso, isto an-
dou sempre comigo só que era algo muito profundo. Eu tinha consciência disso, mas depois com o passar do tempo, com a educação e com as normas da sociedade, reprimes isso, e depois isso torna-se tão profundo que nem te apercebes de que é isso que sentes, porque nem tens essa liberdade. Ficas reprimido”, revela. Filipe era Filipa (nome fictício). Viveu quase 30 anos preso num corpo que não se coadunava com a sua identidade de género. Foram mais de duas décadas em que escondeu o medo, em que reprimiu sentimentos e em que sofreu discriminação por ser, aos olhos de outras pessoas, “maria-rapaz” e por “sempre me ter vestido como um rapaz”. O facto de viver numa cidade do interior do país, onde temas como este são
ainda, aos olhos de muitos, um “tabu”, também não abonou a seu favor. Mas nem as tentativas de difamação que sofreu – e que ainda hoje existem por parte de “pessoas que me conheciam há muito tempo” - o impediram de procurar vontade e arrecadar esperança: “Esses comentários nunca me impediram, conseguia abstrair-me apesar de tudo. Acho que a minha vida toda foi abstração, não pensava nos problemas”. A aceitação daquilo que era foi feita “com o tempo”. “Para mim, no processo, o mais difícil foi a aceitação, o ter de mudar. É o pensar que tenho o mundo inteiro contra mim e eu não vou ter força. Depois de tanto tempo reprimido é muito difícil escavar e chegar lá ao fundo e encarar a realidade com aquilo
DESTAQUE / que nós sentimos ”, desabafa. Ao longo de todo o processo de mudança, Filipe teve muitos medos. No entanto, não teve medo de pedir ajuda. “Eu precisei de muita ajuda, porque eu não aceitava aquilo que era, não aceitava a realidade”, admite. Foi em finais de 2014 que deu o passo em frente e foi à primeira consulta de psicologia. “Eu não disse a verdade à psicóloga. Disse que era homossexual. Depois, quando contei a verdade, encaminhou-me para a sexóloga e psiquiatra. (…) Numa das primeiras consultas de psiquiatria a que fui, no Porto, perguntaram-me o que é que eu queria e eu só disse que havia fases em que ria e outras em que chorava. O chorar porque pensava ‘não quero passar por isto’ e o rir porque lá no fundo era aquilo que me fazia feliz. Para além do sofrimento que Filipe sentia ao viver com este segredo, faltava ultrapassar um obstáculo ainda maior: contar à família. “As primeiras pessoas que souberam foram duas amigas minhas que são psicólogas e que me ajudaram. À minha mãe liguei-lhe e contei-lhe por telemóvel. Mas primeiro contei-lhe cara a cara que era homossexual e ela aceitou. E depois de já ter tido consulta [de psiquiatria] é que contei à minha mãe a verdade e para ela foi difícil. Sugeri-lhe que fosse a um psicólogo e ela só me dizia que queria ter uma rapariga”. O tempo foi o melhor aliado de Filipe e da sua família. A compreensão e as reações positivas que obteve à medida que foi contando a amigos mais próximos deram-lhe a motivação de que precisava até que chegou o dia. “Fiz duas operações, uma a seguir à outra. A 16 de novembro de 2018”, conta-nos Filipe, que vai ficar para sempre com esta data presente na sua memória como o dia em que ficou um bocadinho mais perto de ser quem sonhava. “Uma coisa que eu não me esqueço foi, quando eu ia para ser operado, a minha avó, com 103 anos, dizer-me que rezava por mim (…) Ela disse que eu sempre quis ser um rapaz”. Filipe agarra-se também à fé para atenuar a dor. Uma dor que é mais psicológica do que física, numa luta que é diária e ainda perdura, uma vez que o processo está incompleto: ainda falta realizar uma operação. E “a espera é longa”, apesar de Filipe reconhecer melhorias a nível nacional: “Agora as coisas estão diferentes, as leis
Os dados e avanços da transexualidade em Portugal
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pessoas com idades entre os 16 e os 58 anos fizeram pedidos para alterar o nome e o género no cartão do cidadão.
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jovens entre os 16 e os 18 anos mudaram de nome e de sexo no cartão de cidadão em 2019 - 19 raparigas pediram para ter nome masculino e três rapazes pediram alteração para nome feminino.
Dados sobre a transexualidade são ainda escassos e relativamente recentes no nosso país. Contudo, este cenário parece estar a alterarse. Os números mais recentes do Instituto de Registo e Notariado dão conta de que em 2019 já 22 jovens entre os 16 e os 18 anos mudaram de nome e de sexo no cartão de cidadão (19 raparigas pediram para ter nome masculino e três rapazes pediram alteração para nome feminino). Número que se junta aos 11 jovens de 2018, ano em que entrou em vigor a lei da identidade de género, que permite, desde agosto do ano passado, o direito à autodeterminação da identidade e expressão de género e a mudança da menção do nome e do sexo no registo civil a partir dos 16 anos (mediante relatório médico que
“Eu precisei de muita ajuda, porque eu não aceitava aquilo que era, não aceitava a realidade”, admite.
“Para mim, no processo, o mais difícil foi a aceitação, o ter de mudar.
Hoje sou uma pessoa mais feliz, mais verdadeira. Ainda incompleto, mas mais feliz”.
ateste a vontade dos jovens). Só em 2019, já 135 pessoas com idades entre os 16 e os 58 anos fizeram pedidos para alterar o nome e o género no cartão do cidadão. O maior número de pedidos foi recebido em Lisboa: 39 pessoas. Segundo a Associação ILGA Portugal - uma instituição particular de solidariedade social que trata, entre outros, o tema da transexualidade – estima-se que “um homem em cada 12.000 sente que é uma mulher e uma menor proporção de mulheres sente que é um homem”. Um estudo da mesma associação revela que 91% dos inquiridos que mudaram de sexo legal e nome próprio indicaram que a mudança teve “um impacto positivo ou muito positivo na sua felicidade, bem-estar psicológico e bem-estar social”. Também no acesso ao trabalho e manutenção do emprego, acesso a serviços públicos, segurança na via pública, vida familiar e vida conjugal notaram impacto positivo. Mas a discriminação existe. Por isso, em 2013 o Código Penal foi alterado de modo a prever que as motivações transfóbicas sejam relevantes para a qualificação do crime de homicídio ou de ofensa à integridade como qualificados. Foi também proibida a promoção de
mudaram e a transexualidade é algo que está mais avançado”. Mas há sempre algo mais a fazer e Filipe defende que a aposta na formação de auxiliares e professores, nas escolas, é “muito importantíssima” para evitar “situações discriminatórias por parte de professores”. “Falta formar pessoas nestas áreas. Se houver pessoas especializadas, os transexuais podem ser apoiados de forma correta”, reflete. Apoio. É outra das palavras-chave que Filipe diz faltar, num processo que “é transversal à vida da pessoa. É a relação com os outros, a relação com ele e falta mais apoio e mais associações. Ouvimos falar muito nos homossexuais e nos transexuais não”. As redes sociais são um refúgio e uma mão estendida entre pessoas que lidam e passam por estas situações. Filipe admite que “as redes sociais têm sido muito importantes”, chegando ao ponto de serem “uma parte do processo, que me fez andar com isto para a
ódio, violência, difamação, injúria ou ameaça com base na identidade de género. O passo em frente mais recente dado em Portugal aconteceu com o despacho publicado em agosto deste ano, que estabelece “o direito à autodeterminação da identidade de género e expressão de género e à proteção das características sexuais de cada pessoa”. Uma lei que se dirige às escolas com o propósito de facilitar a integração e igualdade de alunos trans e intersexo e que se junta à inclusão da identidade de género, em 2012, como categoria suscetível de discriminação e, por isso, protegida no Estatuto do Aluno: “O aluno tem direito a (…) ser tratado com respeito e correção por qualquer membro da comunidade educativa, não podendo, em caso algum, ser discriminado em razão da origem étnica, saúde, sexo, orientação sexual, idade, identidade de género (…)”. Todos os avanços são “importantes e urgentes” para pessoas como o Filipe, que reconhece que “a transexualidade é algo que está mais avançado” mas há ainda trabalho a fazer e não deixa de apontar um problema óbvio: “a burocracia é o principal obstáculo”.
frente e realmente me ajudou a perceber aquilo que sentia foi ter dois amigos que também são transexuais e eles é que me ajudaram a mexer com os sentimentos, a aceitar, porque quando nós sentimos algo e não nos identificamos com ninguém é muito mais difícil encarar isso. E quando temos alguém que nos compreende é muito mais fácil”. Atualmente, Filipe estuda e está simultaneamente à procura de emprego. Faz questão de separar bem as realidades: “Uma coisa é a vida privada e outra é a vida profissional. E no emprego ou na escola não temos de dizer aquilo que somos e pelo que passámos porque isso é da esfera privada”. E deixa uma mensagem: “Nós queremos ser vistos como pessoas normais. É como uma pessoa que nasceu sem um braço ou sem uma perna, ou cego ou surdo. A pessoa é diferente, realmente, mas tem que ser considerada normal, como as outras pessoas. Não têm de ser colocados rótulos.
As pessoas não podem ser tão ignorantes, têm que tentar compreender o outro. O ser transexual é aquilo que tu és. Não é um modelo, não é algo que está definido”. Ainda com caminho pela frente, ou, como gosta de dizer, “incompleto”, Filipe admite sentir-se melhor mas tem noção de que “psicologicamente ainda não estou estável”. Mas de uma coisa está certo: “Vou viver melhor quando tudo estiver terminado… e tenho força para ir até ao fim”. Nesta viagem ao passado e ao futuro que há-de vir, a felicidade para Filipe tornou-se “mais genuína” e não tem dúvidas de que “se voltasse atrás faria tudo na mesma. Não é fácil mas é possível. Hoje sou uma pessoa mais feliz, mais verdadeira. Ainda incompleto, mas mais feliz”. Hoje, Filipe deixou de ser a Barbie e passou a ser o Ken, mudou de corpo e de nome, mas continua a ser “a mesma pessoa de sempre”. Ana Rita Cristóvão
Outubro 2019 / JORNAL DE ABRANTES
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ATUALIDADE / Abrantes famílias que trabalham na Central”. O deputado considerou as declarações do ministro, “sem qualquer tipo de estudo ou plano de funcionamento e, sobretudo, de minimização de impactos”, de “alarmistas para uma comunidade que está estabilizada. São preocupantes e criam instabilidade nas pessoas”. O social-democrata avançou que “esta declaração, sem mais, por parte do Ministério e do Governo, é apenas irresponsável e alarmista”.
Ministro: “Caiu a máscara ao PSD”
Deputados do PSD criticam “irresponsabilidade” do ministro do Ambiente e defendem solução para a Central do Pego O PSD quer saber se o anúncio do encerramento da central termoelétrica do Pego, em Abrantes, em 2022, se baseou em “algum estudo ambiental e económico” e se o Governo tem um plano para mitigar os impactos da decisão. Numa pergunta ao ministro do Ambiente e da Transição Energética, Matos Fernandes, entregue a 3 de setembro no parlamento, os deputados sociais-democratas eleitos pelo distrito de Santarém questionaram se a opção de encerrar a central do Pego antes da de Sines “teve por base algum estudo ambiental e económico que comprovasse a necessidade do seu encerramento ser feito antes das demais centrais a carvão”. O deputado Duarte Marques, em declarações ao Jornal de Abrantes, falou das preocupações dos deputados do PSD, afirmando que a “principal preocupação” do Partido “é o ambiente”. O deputado questionou depois “o plano do Governo, de facto, para priorizar o encerramento da Central a carvão no Pego, em vez de Sines”. Duarte Marques lembrou que “a Central do Pego é a central termoelétrica mais moderna e mais amiga do ambiente da Península Ibérica. É a que polui menos”. O deputado explicou ainda que “se o Pego fechar, outras centrais da
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/ João Matos Fernandes quer fechar Central do Pego até 2022 Península Ibérica serão utilizadas no despacho para fornecer energia elétrica, portanto, fechar o Pego antes de outras só está a beneficiar outras centrais mais poluidoras e não protege nada o ambiente”. “É por isso que nós queremos perceber qual é a razão do Governo. Se há um estudo que explique isto ou se é apenas uma bandeira política da parte do ministro do Ambiente”, disse o deputado, afirmando ainda que “por outro lado, também queremos saber se o Governo está disponível para permitir a esta Central produzir com biomassa e com resíduos da floresta”.
JORNAL DE ABRANTES / Outubro 2019
Duarte Marques considerou esta como “uma medida importante não só para esta Central mas também para a região em que está inserida”. Este é, na opinião do deputado “e dos próprios acionistas e da gestão desta Central, um caminho possível para garantir o funcionamento desta Central, garantindo também a limpeza do território e, por outro lado, sendo uma reserva estratégica energética para o país”. Duarte Marques falou ainda das preocupações sociais que o encerramento da central a carvão pode trazer pois “é fundamental para a região e para cerca de 300 pessoas e
João Pedro Matos Fernandes, presente em Rossio ao Sul do Tejo por ocasião da cerimónia de apresentação da equipa de cinco novos vigilantes da natureza, comentou estas questões dos sociais-democratas e disse que “caiu a máscara ao PSD”. O ministro do Ambiente e da Transição Energética referiu que o PSD “de uma forma clara, deu um passo seguro para que a sociedade portuguesa se não descarbonize e para que Portugal não seja neutro em carbono em 2050”. O ministro disse achar “inaceitável a afirmação que foi proferida pelo Partido Social Democrata”. João Pedro Matos Fernandes explicou depois que “as duas centrais a carvão em Portugal irão ser encerradas. Ao serem encerradas, num movimento de transição justa, têm que ter necessariamente um acompanhamento sócio-laboral e sócio-profissional para que todos os seus trabalhadores venham a ser integrados”. No entanto, o governante lembrou que “a Central do Pego é uma central privada, portanto, o Governo não encerra centrais”. “É absolutamente fundamental aproveitar o território e uma parte muito expressiva das infraestruturas que existem no Pego para continuarmos a ter um backup de energia num país que em 2030 já vai ter 80% da sua eletricidade a partir de fontes renováveis”, proferiu o ministro. João Pedro Matos Fernandes adiantou que “os próprios donos da Central do Pego têm um projeto. Projeto esse no qual o emprego é globalmente mantido e, com pequenas alterações, são mesmo capazes de ter essa central, a partir agora de formas de produção de eletricidade que não envolvem combustíveis fósseis e o Governo acompanha este processo. E fica muito satisfeito por saber que há condições, por parte dos promotores, que respeitam todas as condições laborais e que estão integradas naquilo que são os objetivos dos compromissos do país, com ser neutro em carbono em 2050”. Relativamente à reconversão da central a carvão para uma central de biomassa, o governante disse saber a resposta mas disse que a pergunta terá que ser feita ao promotor. Patrícia Seixas
Vereador do PSD também questiona Câmara de Abrantes Também na reunião do Executivo da Câmara Municipal de Abrantes a 3 de setembro, o vereador do PSD questionou acerca do acompanhamento que tem vindo a ser feito desta situação. Rui Santos, que já havia feito a questão anteriormente, explicou que insiste no tema porque “para que toda a gente perceba, sensivelmente a menos de um ano, a empresa vai ter de apresentar um plano de desmantelamento daquele equipamento. E a partir do momento em que apresentar o plano de desmantelamento, acabou”. O vereador adiantou ainda que “as licenças terminam em 2021” e deixou a questão: “será que realmente se vai enveredar pela situação da biomassa? Será que isso é viável?” Rui Santos lembrou que “são mais de 150 postos de trabalho diretos, fora os indiretos” e considerou “que deve ser uma preocupação grande deste Executivo estar a par desta situação porque podemos ter aqui, daqui a uns meses, um problema social muito grande”. O presidente da Câmara Municipal de Abrantes confirmou que esta é, inequivocamente, “uma questão que nos deixa preocupados” mas lembrou que o investimento é privado. Manuel Jorge Valamatos já reuniu com a Administração da empresa, como o ministro da Energia e até com o secretário de Estado. Afirmou que também a Comunidade Intermunicipal do Médio Tejo vai reunir na Central Termoelétrica do Pego onde a empresa vai apresentar “estudos de impacto económico”. O autarca afirmou que a Central está a fazer estudos acerca da questão da Central de Biomassa. “A empresa está a fazer o seu trabalho, e bem, e eu estou muito atento” mas lembrou que a empresa é privada. O “problema já foi levado à Comunidade Intermunicipal do Médio e, inclusivamente, a outra Comunidades porque não é um problema social só de Abrantes, tem uma dimensão muito maior”, explicou Manuel Jorge Valamatos. “Estou a acompanhar. Fiz tudo o que a Central me pediu para colaborar institucionalmente (…) vamos encaminhar um reunião com o ministro da Agricultura e com o secretário de Estado. Está aqui muita coisa em jogo mas há estudos que estão a ser feitos por parte da Central”, disse o presidente. Já o vereador do Bloco de Esquerda considerou “injusto colocar o peso da responsabilidade social em cima da Câmara”. Armindo Silveira lembrou que “a PEGOP nunca renegou a sua responsabilidade social” mas que, “e óbvio que é uma questão que deve incomodar toda a gente “. O vereador lembrou que o Bloco de Esquerda “defende o encerramento da Central do Pego nos prazos que foram anunciados e também da Central de Sines, por uma descarbonização da economia e para uma transição para as energias renováveis”. Já no que diz respeito à Central de Biomassa, Armindo Silveira afirmou que “os impactos não são certos” mas “certo é que o Bloco de Esquerda não apoiará a reconversão para a biomassa se isso incluir atribuição de rendas a uma empresa, num mercado que é livre”. Recorde-se que a 24 de maio o ministro do Ambiente, José Pedro Matos Fernandes, disse que o Governo quer encerrar a central de produção de eletricidade a carvão do Pego, muito pouco depois de 2020.
ATUALIDADE / Abrantes
Médio Tejo defende biomassa na Central do Pego // A CIM do Médio Tejo demonstrou, em comunicado, o seu apoio na conversão da Central Termoelétrica do Pego para Resíduos Florestais.
“Manter postos de trabalho, aumentando o nível de emprego com a utilização de biomassa.”
A CIMT reuniu-se na quinta-feira, dia 26 de Setembro, na Central Termoelétrica do Pego, no concelho de Abrantes, onde os autarcas do Médio Tejo ouviram da parte da administração da Tejo Energia a intenção formal dos acionistas quererem desenvolver o projeto ambicioso do ponto de vista ambiental, económico e social para além da data final do Contrato de Aquisição de Energia (CAE), que lhe foi atribuído até 1 dezembro de 2021. No comunicado emitido após a reunião, a estrutura administrativa
do Médio Tejo revela que “a região tem desempenhado, nos últimos anos, um papel muito importante ao nível da segurança de abastecimento do sistema elétrico português, uma posição que pretende manter pois acredita estarem reunidas as condições necessárias para tal” e que a Central Termoelétrica do Pego, situada no município de Abrantes, “desde a sua entrada em operação, em 1993, tem cumprido bem a missão que lhe foi atribuída”. “Independentemente das condições climatéricas, esta unidade de produção garante uma resposta
imediata às necessidades do sistema elétrico nacional, assegurando energia 365 dias por ano. Foi com agrado que os representantes da Comunidade Intermunicipal do Médio Tejo (CIM do Médio Tejo) ouviram da parte da administração da Tejo Energia, numa reunião realizada no Pego, nas instalações da central, que é intenção dos acionistas desenvolver um projeto ambicioso do ponto de vista ambiental, económico e social para além da data final do Contrato de Aquisição de Energia (CAE) que lhe foi atribuído a 1 dezembro de 2021,
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/ A CIMT reuniu-se na Central do Pego e decidiu apoiar a transformação para a queima de resíduos florestais
passando a funcionar a resíduos florestais já a partir de 2022”, diz a nota. A Presidente da Comunidade Intermunicipal do Médio Tejo, Anabela Freitas, sublinhou que esta é uma grande oportunidade para manter um equipamento de extrema relevância e continuar a ter na nossa região um polo de desenvolvimento regional que pode contribuir para: dinamizar a atividade económica no setor florestal no interior do País; manter postos de trabalho, aumentando o nível de emprego com a utilização de biomassa; e transformar a biomassa que muitas vezes flagela a região, com os incêndios, em energia renovável. Com agrado verifica também a possibilidade de ser analisada a rentabilização de outros resíduos com enorme potencial energético. Diz o comunicado que “além dos contributos para o interior do País, esta unidade de produção traz igualmente diferentes vantagens para a redução da dependência energética do exterior e para a segurança de abastecimento à rede elétrica nacional, permitindo que se mantenha como reserva às fon-
tes renováveis, através de uma central despachável que utiliza fontes endógenas, não pondo em causa a possibilidade do funcionamento de pequenas unidades de rentabilização de biomassa”. “A unidade de produção é hoje um grande polo de desenvolvimento regional, sendo responsável por cerca de 300 postos de trabalho permanentes e mais de 800 em momentos de pico de trabalho”, acrescenta. “Saber que a Tejo Energia está a trabalhar num projeto que tem como objetivo a conversão da Central do Pego para resíduos florestais, a manutenção e criação de postos de trabalho adicionais deixa-nos confiantes em relação ao futuro”, considera o Presidente da Câmara Municipal de Abrantes, Manuel Valamatos, que destaca ainda como mais-valia da conversão para biomassa o aproveitamento de resíduos florestais, material que muitas vezes arde durante os incêndios florestais e que em muito contribui para os mesmos. Para Beatriz Milne, Presidente Executiva da Tejo Energia, “a conversão da Central do Pego para resíduos florestais vai permitir que se continue a garantir a segurança de abastecimento da rede através da produção de energia renovável, disponível em permanência, servindo de complemento a outras tecnologias intermitentes, o que trará vantagens ambientais, sociais e económicas não só para a região, como para o cumprimento dos desafios ambientais com que Portugal se comprometeu”. Tendo em conta todos estes argumentos, a CIM do Médio Tejo recomenda ao governo português que explore o potencial da proposta da Tejo Energia para conversão da atual central termoelétrica a carvão para resíduos florestais. A CIM do Médio Tejo mostra-se disponível para apoiar a dinamização de uma nova fileira económica de forma a valorizar os resíduos florestais na região e, consequentemente, diminuir o elevado risco de incêndio que regularmente fustiga os concelhos do Médio Tejo.
Outubro 2019 / JORNAL DE ABRANTES
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ATUALIDADE / Mação
Reabilitação de antiga fábrica vai dar origem ao ‘Hotel Rural Flor da Mata’, em Envendos Dois munícipes do concelho de Mação pretendem construir um hotel na aldeia de São José das Matas, na freguesia de Envendos. A ideia dos dois promotores é “construírem um hotel em São José das Matas, aproveitando as instalações de uma casa histórica do nosso concelho – do senhor João Pereira – e aquilo que está previsto é a reabilitação de todo o edifício, daquilo que era a fábrica que lá existia e transformar aquilo num hotel, que tem, de facto, algum potencial”, explica o presidente do Município, Vasco Estrela. O futuro hotel a ser criado nas antigas instalações da fábrica de corantes e conservantes já tem nome - “Hotel Rural Flor da Mata”, em referência à marca de um dos produtos outrora comercializados por esta casa - e representa um “investimento grande, na casa dos dois/três milhões de euros”. Este investimento privado conta também com o apoio da Câmara Municipal, que tem “acompanhado desde a primeira hora este projeto”. Vasco Estrela revelou que já esteve no local, inclusive com um representante do Turismo de Portugal, “a avaliar toda a envolvente, todo o potencial que têm para efeitos de candidatura”. Mas este hotel não vai ser ape-
/ O futuro “Hotel Rural Flor da Mata” representa um “investimento grande, na casa dos dois/três milhões de euros”
nas mais um hotel. Numa das partes do espaço existe a possibilidade de “fazer a recriação da antiga fábrica, dos corantes, dos conservantes, do embalamento e do tratamento de todos os produtos que eram ali transformados para
posterior comercialização”, conta o autarca. Vasco Estrela defende que existe naquele espaço condições para fazer um espaço museológico na linha daquilo que a Câmara vem defendendo, no sentido de perpe-
dois espaços empresariais para esta empresa” que irá criar oito postos de trabalho. A candidatura está feita e aprovada. No entanto, segundo explicou o autarca ao JA, se “por acaso, durante este período, surgir alguma empresa interessada naquele espaço, a questão terá de ser colocada a este promotor e dizer se efetivamente concretiza ou não o negócio”.
“Havendo procura no mesmo local, a Câmara coloca à consideração do empresário no sentido de ou faz o investimento ou disponibiliza a outro, para não estar ali a área à espera de uma candidatura que há-de vir. Não o podemos fazer”, explica. Questionado pelo JA relativamente ao ponto de situação sobre o Centro de Negócios, o autarca disse que o mesmo “ainda não está lota-
tuar na memória a história de importantes e principais atividades da região e de “preservar a realidade que lá existia” – como já foi o caso da antiga fábrica de presuntos de Envendos e da reabilitação da escola de Ortiga para preservar a memória do Museu da Pesca – e também com o intuito de “criar uma mais-valia para aquele complexo”. Em reunião de Câmara, o executivo municipal aprovou um pedido de apoio para reabilitação e valorização das instalações que “são do privado”. É com entusiasmo que o autarca vê este investimento no concelho, admitindo que seria uma “mais-valia para o concelho, para o hotel, e a Câmara assim segue também o intuito de ter espaços de memória espalhados pelo concelho (…) tendo em consideração aquilo que já vamos fazendo ao longo dos anos”. O presidente do Município de Mação adianta que os promotores “vão fazer candidatura a fundos comunitários, estão a ser apoiados pelo Gabinete de Apoio ao Empresário de Mação e espera-se a aprovação do projeto para depois as coisas se iniciarem. Estão neste momento a elaborar o projeto e seria ótimo que se concretizasse”, conclui. Ana Rita Cristóvão
Mação recebe nova candidatura de empresa para o Centro de Negócios Foi anunciada, em reunião de Câmara de Mação, a formalização de uma nova candidatura de uma empresa que se pretende instalar no Centro de Negócios do concelho. O anúncio foi feito pelo presidente do município, Vasco Estrela, que deu conta de que o negócio será na área do “fabrico de um conjunto de materiais para a construção civil”, nomeadamente
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a “construção de divisórias e caias metálicas”. Vasco Estrela avançou que já reuniu com o empresário e respetivos sócios – um deles filho da terra, da aldeia do Pereiro – e que a empresa pretende começar a laborar em 2020. Uma vez que o início de atividade não é imediato, o executivo deliberou fazer “uma reserva de
JORNAL DE ABRANTES / Outubro 2019
do, mas está a ter uma boa adesão” e admite que a manifestação de interesse por parte de empresários em se instalarem no município de Mação dá “alguma esperança (…) e vontade de continuar a trabalhar em prol deste concelho”, mesmo que “as adversidades todas [como é exemplo disso a catástrofe dos incêndios] não ajudem”. Ana Rita Cristóvão
ATUALIDADE / Abrantes Um multiusos, um centro cultural ou um pavilhão desportivo? clara, que Abrantes pode precisar, no imediato, de dois ou três equipamentos: Um pavilhão desportivo, um multiusos ou um centro cultural. E apontou as duas localizações: O antigo mercado diário e o campo do Barro Vermelho, que vai deixar de albergar o mercado semanal que irá transferir-se para o novo parque da Tapada do Fontinha. O presidente foi mais claro ao dizer que está a negociar o cineteatro S. Pedro e que este processo terá implicações claras na definição dos equipamentos a desenhar. Se a Câmara ficar com o S. Pedro, caberá um multiusos no antigo mercado diário, salvaguardando todo o exterior do edifício, mas com a reconversão do interior para esse fim. Caso o cineteatro S. Pedro fique em águas de bacalhau, então a autarquia terá de pensar num centro cultural que possa abarcar auditório e, eventualmente, espaço para exposições. Valamatos deixou
/ PSD e BE querem que a Câmara de Abrantes faça melhoramentos no antigo mercado diário no ar essa ideia reforçada com o facto de não haver um espaço com condições para eventos, dando o exemplo da Feira Nacional de Doçaria, que ocorre no último fim de semana de outubro, e o qual tem de andar com tendas e aluguer de outras estruturas. Após esta explicação de Manuel Jorge Valamatos, as bancadas dos dois partidos políticos que tinham apresentado as recomendações vin-
caram a necessidade da autarquia, pelo menos, fazer pequenas intervenções de cosmética, por forma a não deixar degradar ainda mais o edifício. “Pelo menos uma pintura exterior já poderia melhorar um pouco a imagem que o edifício está a passar”, foi defendido pelo BE. O presidente afirmou que o espaço não está ao abandono e disse haver ali algumas atividades dinamizadas pelos jovens, mas que a
solução não será de curto prazo, porque dependerá sempre de uma interligação com outros processos em curso. Depois haverá ainda os projetos e eventuais candidaturas a fundos de apoio. Resta saber se esta posição deixa os defensores do antigo mercado diário mais descansados quanto à ideia de uma demolição do edifício, que levou a muitas posições públicas. Jerónimo Belo Jorge PUBLICIDADE
Um multiusos, um centro cultural e um pavilhão desportivo. Foram estas as necessidades apontadas por Manuel Jorge Valamatos, presidente da Câmara de Abrantes, na resposta a duas recomendações do PSD e BE a propósito da salvaguarda do antigo mercado diário de Abrantes. As bancadas das duas forças políticas apresentaram estas recomendações na Assembleia Municipal de Abrantes, na sequência de outras posições assumidas na defesa do edifício que tem andado na ordem do dia de grupos das redes sociais e da oposição. Ambas as forças políticas voltaram à carga, face à ausência de soluções para o edifício que aparenta sinais de degradação mais evidentes. Na resposta, o presidente da Câmara de Abrantes deixou a novidade sobre o futuro, vincando que qualquer decisão será apresentada aos deputados municipais. Valamatos disse, de forma
Outubro 2019 / JORNAL DE ABRANTES
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REGIÃO /
A interioridade é um problema real Debater a interioridade é debater o futuro de metade do país, de muitos territórios, da nossa região. Mesmo que Anabela Freitas, presidente da Comunidade Intermunicipal do Médio Tejo (CIMT) assuma que não considera o seu território como interior, no sentido mais negativo da palavra, o que é certo é que esse tema domina, cada vez mais, a nossa realidade. Atentemos nas palavras do vice-presidente da Nersant, Domingos Chambel. O custo de utilização da A23 por quilometro, num ligeiro, é de 0,09 euros. Em Cascais, na A5, é 0,04 euros. E este é um dos problemas que os empresários sentem no interior de Portugal. Se a este juntarmos a dificuldade em fixar quadros e mão de obra especializada, se juntarmos a ausência generalizada de redes telefónicas e de internet de alta velocidade teremos um quadro que, só por si pode afastar a fixação de empresas. E depois, dizem os autarcas em bem, que são as empresas que fixam a população, e com esta, o aumento de “vida” nas regiões mais periféricas. Este, grosso modo, foi o quadro traçado no debate da Nersant, Núcleo
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de Abrantes, Constância, Mação e Sardoal no âmbito da 2ª Feira Empresarial que se realizou entre os dias 27 e 29 de Setembro em Constância. Duas coisas ficaram claras nesta conversa que juntou a presidente da CIMT, Anabela Freitas, o vice-presidente da Nersant, Domingos Chambel, Sérgio Oliveira e Manuel Jorge Valamatos, presidentes das Câmaras de Constância e de Abrantes, e António Louro e Jorge Gaspar, vice-presidentes das Câmaras de Mação e Sardoal: o território precisa de empresas que tragam população. As empresas precisam de mais incentivos do Estado para poderem fixar-se no interior e terem armas equivalentes às que se situam na orla costeira. E há ainda um outro fator que é olhar um território pelo todo, neste caso o Médio Tejo, e não “concelho a concelho”, porque só com escala se pode atingir patamares de competitividade entre regiões e entre regiões de outros países. Esta foi a visão mais abrangente que Anabela Freitas tentou passar à plateia, sendo certo que há uma necessidade urgente de rever o papel dos instrumentos de planeamento dos municípios: “Não podemos estar 20 anos
JORNAL DE ABRANTES / Outubro 2019
à espera de rever um Plano Diretor Municipal ou seis ou sete anos para um plano de pormenor. Porque se há seis anos a aposta era na construção nova hoje o paradigma alterou. Passou para uma aposta na reabilitação urbana”. E, segundo a presidente, da CIMT, os municípios ficam “presos” aos instrumentos que existem e que podem figurar como um bloqueio aos licenciamentos e ao desenvolvimento de processos. Domingos Chambel vincou que os autarcas têm feito, e bem, o seu papel na criação de condições para atrair os empresários, mas depois faltam apoios do governo,
como ao nível do IRC e de burocracias em demasia: “Demorei seis anos para ver aprovado um projeto e tive de sentar-me nas escadas da secretaria de Estado do Ambiente”, afirmou o empresário que tem nesta região as suas empresas, por isso, sente bem o peso do interior. Já os autarcas têm ideias muito semelhantes. Sérgio Oliveira destacou o papel central de Constância e da região do Médio Tejo, mas deixou clara a necessidade da construção de uma nova travessia sobre o Tejo. Posição também assumida por Manuel Jorge Valamatos que deixou
aos presentes uma apresentação rápida do parque tecnológico de Abrantes que tem cada vez mais visibilidade no país. Já António Louro deixou claro que se a região é interior, Mação sofre ainda mais com esse problema e que “temos de olhar com verdade para a realidade, que estes territórios podem, em 20 anos, perder 40% da sua população”. Jorge Gaspar deixou no ar outra preocupação, nos dias de hoje, que é a fraca qualidade das redes de comunicação, numa altura em que muitas empresas ou postos de trabalho podem ser executados a partir de localizações mais remotas. Deu o exemplo do filho que gere o “back office” de uma rede on-line do Kosovo a partir de uma sala em Lisboa. Com redes de alta velocidade poderiam estar na região. Mas todos os autarcas concordaram que por muito que tentem criar as condições para atrair empresas e quadros superiores, se o Estado não fizer a sua parte torna as coisas muito mais difíceis. Porque um empresário quando monta uma empresa e uma estratégia visa ter mais rentabilidade. Já a presidente da CIMT deixou no ar uma ideia mais otimista. Considera que o Médio Tejo não é uma região de interior, mas questiona o que é que as entidades desta região querem. Se calhar chegou a altura de se pensar numa estratégia dos 13 municípios, das entidades de ensino superior, das associações empresariais, de todos. E qual será essa estratégia é um dos pontos fundamentais que tem de ser pensado. Ora, a CIMT vai dando alguns passos. O “StayOver” Fátima-Tomar é um dos exemplos. Se estas são as duas grandes portas de entrada dos turistas na região como é que os podemos atrair e fazer ficar mais tempo por cá. “Temos de criar experiências para que usufruam de outros concelhos”. Anabela Freitas deixou ainda a posição pública sobre a transformação dos dois grupos de carvão da Central do Pego em grupos de queima de biomassa. “A Central do Pego está em Abrantes, mas é muito importante no Médio Tejo, então assumimos o apoio a esta intenção da sua administração”. A presidente da CIMT deixou ainda a novidade de haver transportes urbanos entre as três cidades médias da região, até porque “não faz sentido termos os hospitais num único e depois não termos transportes públicos que os liguem. Isso só será possível com uma concessão ao nível do Médio Tejo e não de um município”. Todos fazem o seu papel na defesa do interior, mas cabe ao Estado e aos técnicos que estão sentados em Lisboa que conheçam minimamente as vivências do interior do país, antes de definirem as políticas que podem combater este problema. Porque é um problema cada vez mais real. Jerónimo Belo Jorge
ATUALIDADE / Abrantes
Na reunião do Executivo da Câmara Municipal de Abrantes, realizada a 3 de setembro, o vereador do PSD, Rui Santos, questionou o presidente acerca da posição do Executivo face ao recurso apresentado pelo Governo na sequência da sentença que deu parcialmente razão ao Município de Mação. “O Governo, por intermédio da senhora secretária de Estado do Desenvolvimento Regional, apresentou o recurso. Qual é a sua posição?”, questionou o vereador, acrescentando que “até porque, além de presidente da Câmara também é presidente da concelhia do PS e a senhora Secretária de Estado é candidata pelo PS no círculo de Santarém”, acrescentou Rui Santos. Na reunião, Manuel Jorge Valamatos respondeu a Rui Santos dizendo que a pergunta deveria ser endereçada à Secretária de Estado do Desenvolvimento Regional e que “há que destrinçar bem os assuntos”. Manuel Jorge Valamatos disse
/ Foi o vereador do PSD, Rui Santos, quem quis saber a opinião do presidente da Câmara relativamente ao recurso do Governo que “há questões decididas pelo Governo e sobretudo recursos em tribunais, em que o Governo lá saberá o que é que está a fazer”. Mas lá foi adiantando que “cada um dos
presidentes da câmara, quer seja eu quer seja o presidente da Câmara de Mação ou outros quaisquer, quando entende que o seu município está a ser fragilizado ou a ser
posto em causa, tem que o defender com unhas e dentes. E eu farei tudo para defender o nosso concelho. Com unhas e dentes. Seja com a senhora secretária de Estado, seja com o senhor primeiro-ministro, seja com o senhor presidente da República. Quando nós sentimos que estamos a ser injustiçados ou nos estão a tratar de forma má, nós temos que lutar”, considerou o autarca. Já à margem da reunião de Câmara, em declarações aos jornalistas, Manuel Jorge Valamatos respondeu à questão das candidaturas efetuadas pelo Município de Abrantes, na sequência da reapreciação do processo dos fundos dos incêndios de 2017. É que a ação judicial interposta pelo município de Mação, permitiu que Abrantes e os outros concelhos afetados pelos incêndios e que inicialmente haviam sido excluídos pelo Governo, pudessem reformular as suas candidaturas e ter acesso a 100% ao financiamento atribuído pela União Europeia. Os primei-
ros apoios atribuídos no âmbito do Fundo de Emergência Municipal eram apenas de 60%. Após a decisão do Tribunal, o Governo anulou o primeiro concurso e abriu novas candidaturas, muitas delas já aprovadas. “Nos incêndios a que se referem todo este processo, nós tínhamos situações menos gravosas do que Mação e outros concelhos e a situação das nossas candidaturas estão regularizadas e o que o Tribunal decidiu representa uma alteração pouco significativa para a Câmara de Abrantes”, explicou o autarca abrantino. No primeiro concurso, com apoios a 60% do Fundo de Emergência Municipal, Abrantes teve uma comparticipação de 165 mil euros, num total de despesa apresentada de 276 mil euros. Com a oportunidade de vir a receber a parte do Fundo de Solidariedade da União Europeia, o município de Abrantes recebeu mais 71 mil euros, num total de despesa de 178 mil euros. Explica a Autarquia que o valor total da despesa é diferente porque no Fundo de Solidariedade da União Europeia não são comparticipadas as horas de trabalho das máquinas e as intervenções dos Serviços Municipalizados. Patrícia Seixas
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Presidente da Câmara não comenta recurso do Governo aos apoios dados aos municípios
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ATUALIDADE / Abrantes //PRIMEIRAS AULAS DE ENSINO SUPERIOR EM ABRANTES FORAM EM OUTUBRO DE 1999
ESTA: a história que se vai escrevendo há 20 anos
Há 20 anos, o edifício que já foi um tribunal, repartição das finanças e até, em tempos mais remotos, um Convento de Freiras, abriu portas à Escola Superior de Tecnologia de Abrantes (ESTA), do Instituto Politécnico de Tomar (IPT). Quem fez telintar as chaves da entrada pela primeira vez fez foi José Rosado. Inicialmente, até para “decorador de interiores” serviu; nos dias de hoje limita-se a desempenhar o seu cargo na secção dos recursos humanos. Nos dias posteriores à data da estreia, os funcionários eram poucos, e aos poucos competia-lhes fazer o trabalho que posteriormente passou a ser de muitos. “No início tirava senhas de almoço, folhas de presença para os professores e o que fosse preciso…” – conta José Rosado. E, nesses primeiros tempos, também era muito comum ter de explicar aos cidadãos que impostos de selo já não se pagavam ali, como também já não era ali que se tiravam as licenças de caça. Elsa Dias, a primeira cara que muitos encontraram no primeiro dia em que chegaram à ESTA, diz que se viveram muitas peripécias: “Chegaram-nos
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JORNAL DE ABRANTES / Outubro 2019
a dizer que devíamos escrever um livro com a quantidade de situações engraçadas que acontecem na ESTA.” Mas esta funcionária abrantina enaltece, sobretudo, o ambiente acolhedor e familiar que aqui se criou e ainda perdura. “Muitas vezes os pais ligavam e liga a pedir para tomarmos conta dos filhos. É um meio mais pequenino, é normal que o façam e nós sentimo-nos bem com isso. Se estão bem, nós também estamos bem.
Há uma cumplicidade que não há nos meios grandes”. Rubina Jassat foi uma das pioneiras. Não só na primeira turma de Comunicação Social, como também na presidência da Associação de Estudantes. O começo foi como abraçar um desconhecido, mas rapidamente se alterou: “Foi um choque. Éramos muitos a chorar. Cada um vindo de uma cidade diferente, estávamos meios perdidos e a tentar perceber onde eram as coisas, como iria ser a nossa vida… Este cenário não demorou muito a mudar. Algumas semanas depois, “Abrantes já era nosso”, desabafa Rubina. Tudo isto, em contexto praticamente familiar. A ex-aluna relembra que o ambiente foi desde logo tão acolhedor que as idas à sala dos computadores às tantas da noite de pijama e robe eram recorrentes. Mas sobretudo, tem gravado na memória que sempre sentiu “uma preocupação por parte dos docentes e funcionários quase paternal”. O ambiente de proximidade que sempre caracterizou a ESTA foi decisivo para gerações de jovens que todos os anos chegavam dos mais variados pontos do país, incluindo ilhas, e
também de outros países, como Cabo Verde, Brasil ou Turquia. Foram várias gerações que deram vida à cidade e que passaram a considerar Abrantes como a sua terra de adoção, animando-a com eventos como a Queima das Fitas e o Festival de Tunas. Desde os primeiros tempos da ESTA que algumas caras conhecidas começaram a surgir em Abrantes. Algumas como docentes, outros para ministrar workshops, outros simplesmente para participar em palestras e conferências, como as que aconteciam nas Semanas da Comunicação. Nomes como Marcelo Rebelo de Sousa, Mário Soares, Freitas do Amaral, Manuel Monteiro, Carlos Pinto Coelho, Artur Agostinho, Maria Elisa, Júlio Magalhães, Nilton e Herman José estiveram na ESTA a convite da Licenciatura em Comunicação Social. Entre vários outros projetos, os alunos deste curso participaram em diversas atividades com a Brigada Mecanizada de Sta. Margarida, incluindo uma deslocação ao Kosovo para produção de conteúdos jornalísticos. A aposta na tecnologia e na inovação tem sido uma constante na ESTA. A Licenciatura em Vídeo e Cinema Documental, que atualmente tem designação de Cinema Documental, veio para ser única em todo o país. “Naquela altura, em 2009, a palavra “recessão” começava a ser das mais utilizadas e havia um ambiente de desorientação face a uma crise financeira muito grave. A taxa de desemprego subia diariamente, o que intimidava qualquer estudante que estivesse a projetar a sua vida a médio prazo. Surgiu outra palavra que foi repetida até à exaustão: “austeridade”. Conhecia situações de pessoas que não conseguiam pagar as rendas de casa, pessoas que de repente ficaram sem rendimentos, propinas por pagar… foi um período muito difícil. Os ciclos de crise têm uma única vantagem: podermos abrandar e refletir sobre outras vias de continuidade. Foi o que fiz. Trabalhei muito durante o curso, passava o tempo a estudar. O resultado disso foi uma Bolsa por Mérito, ou seja, recebi uma quantia que me permitiu compensar o que gastei em propinas” – testemunha João Luz, ex-aluno e atual professor e diretor do curso. João Luz ingressou na ESTA com uma idade diferente da grande parte dos alunos. Tinha 38 anos e uma Licenciatura em
ATUALIDADE / Abrantes Comunicação Empresarial concluída. Dado o panorama, era recorrente iniciar uma conversa com outros colegas com alguma ironia: “Bom, vocês tinham dois ou três anos quando vi este filme em estreia…”. E foi, justamente, com outros alunos com metade da sua idade que dividiu as várias casas por onde já passou enquanto estudante, na cidade de Abrantes. Desde há quatro anos, enquanto representante máximo do curso, tem vindo a trabalhar no sentido de melhorar a “qualidade” da Licenciatura em Cinema Documental. Uma das apostas da Licenciatura em Cinema Documental tem sido a de convidar realizadores de destaque para ministrar os seminários de Realização, constituindo uma mais valia para os estudantes. Entre eles destacam-se Hartmut Bitomsky, Manuel Mozos, Miguel Gonçalves Mendes e Cláudia Varejão. Para além disso, este curso tem se envolvido em vários projetos que contribuem para a promoção da região, como os documentários sobre a Festa dos Tabuleiros (Tomar), sobre a Semana Santa de Sardoal (candidata a Património Cultural Imaterial) e sobre Arqueologia Experimental (residências artísticas em Mação). Uma forte ligação com o meio tem sido trabalhada, ao longo destes 20 anos, pelas diferentes áreas de formação da ESTA. No caso da Engenharia Mecânica, alunos e professores têm desenvolvido projetos de certificação energética, avaliação de ruído, desenvolvimento de produtos, perícia judicial. Têm também desenvolvido investigação e produção de produtos em materiais compósitos, assim como a criação e desenvolvimento de máquinas e equipamentos. Tudo isto em parceria com as autarquias de Abrantes e Tomar e com empresas e instituições, como a Agência Espacial Europeia (ESA), EDP, Mitsubishi e PEGOP. Foi com a ideia de não se terem cursos de “lápis e papel”, mas sim tecnológicos, que, à data presidente da Câmara Municipal de Abrantes, Nélson de Carvalho decidiu avançar com aquilo que se ecoava há vários anos: “O projeto de instalar uma escola de ensino superior era uma coisa de que se falava muito, mas ouvia sempre dizer que era algo que se iria fazer com o Instituto Politécnico de Santarém e eu questionava-me acerca disso… se Tomar é aqui ao lado, se estamos na mesma sub-re-
gião Médio-Tejo… fui falar com quem devia, dirigi-me ao Ministério da Educação e tudo se fez rapidamente”, explica. E foi mesmo uma iniciativa que foi bem aceite pela população que, no fundo, já “esperava”. “Ter, numa cidade como esta, que é pequena, uma escola superior é, desde logo, manter aqui uma centena de jovens, isso tem um impacto muito grande. Os jovens sempre foram a parte mais irreverente e criativa. Trata-se de uma juvenilização. A Câmara fez tudo o que estava ao seu alcance para que tudo corresse bem e felizmente correu. É muito bom continuar a ver a comunidade académica por cá com a alegria e a capacidade de mudar as coisas. Num meio pequenino criam-se relações muito mais próximas, mais humanas”, remata o ex-presidente. Com uma preocupação muito semelhante no que toca a servir a região do Médio Tejo e, sobretudo, o triângulo Abrantes-Tomar-Torres Novas, o então vice-presidente do Instituto Politécnico de Tomar, professor António Pires da Silva, revela que “desde os primórdios da instituição houve preocupação no prolongamento da ação formativa do IPT simultaneamente em Abrantes, e que toda a região beneficiasse”. Desde 1999 até ao presente
ano, 2019, Sofia Silva Mota foi um dos nomes que se manteve. “Lembro-me perfeitamente de ter sido colocada numa escola secundária de Elvas, onde cheguei a lecionar durante um mês, e de largar tudo para abraçar o projeto da ESTA. Na altura, éramos um grupo reduzido de docentes (seis) que se dedicaram à ESTA e conciliaram o seu crescimento profissional com o desenvolvimento da Escola. O Doutor Eugénio Pina de Almeida era o diretor de escola e, desde o início do seu mandato, integrei o gabinete de apoio à direção. Não posso deixar de referir que, 20 anos depois e para além de mim, três docentes da “comissão instaladora” da ESTA se mantêm afetos à Escola: a Doutora Maria Romana, a Doutora Marta Azevedo e o Engº Carlos Mora”, sublinha Sofia Mota, que partilha com quase toda a gente que porque aqui já passou o mesmo sentimento de carinho, isto pela “proximidade” de relações. E aqui mora a diferença: “O que nos distingue, para além da qualidade das nossas formações, é o facto de os nossos estudantes não serem um número numa pauta. Muito rapidamente os docentes e funcionários da escola conhecem cada estudante pelo nome e estão sempre disponíveis para os apoiar”. Volvidos 20 anos, Sofia Silva Mota é agora o órgão máximo da ESTA. Apesar de considerar que “a missão foi cumprida”, a diretora pretende enfrentar novos desafios: “Queremos apostar numa ESTA que seja capaz de responder aos desafios da nossa sociedade moderna, sendo capaz de se evidenciar como centro de competências e de transferência de conhecimento ao nível regional e nacional, bem como de propiciar o acesso a uma oferta formativa atual, versátil e em consonância com as necessidades da sua região de influência, ao mesmo tempo que deverá ser suficientemente flexível para se adaptar rapidamente aos novos estímulos e às mudanças constantes, em benefício do desenvolvimento e da sustentabilidade da região e do país. Também queremos apostar numa ESTA mais interventiva na sociedade, contribuindo de forma dinâmica para um país e um mundo mais inteligente, inclusivo e solidário. A estes objetivos junta-se a construção das novas instalações no Parque de Ciência e Tecnologia - Tagus Valley, o que trará um novo alento e maior motivação a toda a comunidade académica”, termina. Rita Pedroso
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REGIÃO / Vila de Rei
Município aprova taxa de IMI de 0,3% para prédios urbanos e isenção de 5 anos para prédios rústicos das zonas afetadas pelos incêndios O executivo da Câmara Municipal de Vila de Rei aprovou por unanimidade, em reunião no dia 20 de setembro, três medidas relativas ao Imposto Municipal de Imóveis (IMI). Medidas essas que foram também aprovadas em Assembleia Municipal no dia 26 de setembro. À semelhança daquilo que vem sendo feito nos últimos anos, o Município decidiu manter a taxa de IMI no que diz respeito a prédios urbanos para o valor mínimo legal de 0,3. Uma medida que foi proposta pelo Município e que tem em conta a presença de um “concelho marcadamente influenciado pelos efeitos da interioridade e tendo em conta a carga fiscal a nível nacional que contribui para a diminuição do poder de compra dos munícipes”. Outra das medidas propostas e aprovadas nesta reunião de Câmara foi a redução da taxa de IMI nos casos de “imóvel destinado a habitação própria e permanente coincidente com o domicílio fiscal do proprietário, atendendo ao número de dependentes que compõem o agregado familiar do proprietário a 31 de dezembro”. Quem tem um dependente a cargo beneficiará de
uma redução de 20 euros. Com dois dependentes a redução será de 40 euros e com três ou mais, a redução é de 70 euros. O presidente do Município de Vila de Rei assume que esta re-
dução acumula com a anterior, ou seja, que “famílias numerosas, além do valor mínimo, vão ter ainda uma redução” e que estas medidas são também um modo de fixar e atrair população.
Ainda no que diz respeito às taxas de IMI, o Município aprovou a isenção do IMI pelo prazo de 5 anos, a iniciar em 2019, tributo a liquidar em 2020 e seguintes respetivamente, a todos os prédios
Projeto "Esperança porta a porta" vai nascer em Vila de Rei Levar a Câmara Municipal até si é o objetivo do ‘Esperança porta a porta’. Um projeto desenvolvido pelo município que, com a ajuda de uma carrinha devidamente equipada, vai fazer chegar os vários serviços camarários até às pessoas, no sentido de combater o isolamento de serviços de que os munícipes mais idosas e com menor mobilidade sofrem. No fundo, o ‘Esperança porta a porta’ vai “complementar o projeto já existente 'Um Amanhã + Humano' ", explica o presidente do Município, Ricardo Aires. Enquanto no anterior projeto existem serviços de apoio como a teleassistência e a deslocação de uma assistente social e psicólogo ao domicílio das pessoas mais iso-
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/ Câmara de Vila de Rei pretende levar os serviços autárquicos à população
JORNAL DE ABRANTES / Outubro 2019
ladas, no ‘Esperança porta a porta’ o propósito é "levar serviços da Câmara ao domicílio". Desde serviços de água, pagamentos de taxas e requerimentos ou seja, assuntos que teriam de ser tratados na Câmara Municipal ou via digital - com a deslocação dos serviços camarários ao domicílio dos vilarregenses pretende-se também atenuar situações de "pessoas que estão mais isoladas" ao longo do concelho e contribuir para uma melhoria do acesso da população a serviços. Serviços esses que serão prestados por um funcionário que, dentro da carrinha, terá todo o equipamento necessário para atender os munícipes, permitindo que uma pessoa “faça logo, por exemplo, o
rústicos das freguesias de Fundada e São João do Peso devido aos incêndios que devastaram a região em julho de 2019. Tendo em conta que a passagem dos incêndios pelo concelho “de forma violenta e reiterada” originou “danos de índole diversa, no património público e privado, assim como pessoais, afetando em grande medida a vida e o quotidiano das populações que residem e laboram no concelho” e que Vila de Rei é um concelho que vive “essencialmente da floresta, da agricultura e do turismo”, o Município propôs e deliberou tomar o mesmo procedimento do que nos incêndios de agosto de 2017, que afetaram povoações na freguesia de Vila de Rei. Ricardo Aires esclarece que a isenção é para todos os prédios rústicos das freguesias em causa, uma vez que “não tendo cadastro florestal, temos de englobar a freguesia toda, não conseguimos separar os terrenos uns dos outros”. O autarca diz ainda que não tem novidades acerca do processo de alargamento do cadastro florestal a todo o país que foi anunciado pelo Governo. Ana Rita Cristóvão
seu requerimento e já não precise de vir à Câmara Municipal de Vila de Rei", conforme explica Ricardo Aires. O autarca diz ainda que o Município tem esperança de que este projeto consiga ser apoiado financeiramente pela Comunidade Intermunicipal do Médio Tejo. Caso contrário, será o Município, através do Orçamento da Câmara, a suportar a totalidade dos custos inerentes. O Município pretende iniciar o procedimento de consulta prévia para a aquisição da referida viatura onde no caderno de encargos será referido esse financiamento, com o valor base de 44.000,00 €. Em Assembleia Municipal no dia 26 de setembro foi aprovado por unanimidade o processo de locação financeira para aquisição da viatura e das despesas plurianuais associadas que servem para pôr a andar sobre rodas este projeto. Ana Rita Cristóvão
REGIÃO / Sardoal
Obra da nova escola deixa Executivo agradado
O Executivo da Câmara Municipal de Sardoal visitou, no dia 11 de setembro, a obra da nova escola que está a nascer na vila. Guiados pelo responsável da obra, Luís Martins, e por outros técnicos da empresa construtora, vereadores e presidente ouviram a explicação do que está a ser feito e do que vai nascer depois da obra concluída, em final de 2020.
No final, a opinião foi unânime, todos ficaram satisfeitos com o que viram e ouviram. A visita surgiu porque os vereadores do PS gostam de se inteirar do ponto de situação da escola e questionam regularmente o presidente da Câmara. Miguel Borges decidiu que “nada melhor do que irmos ver e convidei todo o Executivo para irmos à escola, tal como ire-
mos fazer a visita às outras obras”. O presidente até adiantou que o vereador socialista, Pedro Duque, “tinha um conjunto de ideias que depois de ter lá ido, verificou que as coisas eram diferentes”. O próprio Miguel Borges assumiu que “ainda não tinha visitado a obra com esta profundidade e foi emocionante”. O autarca lembrou que está “há 10 anos na Câmara Municipal e em
Sardoal vai ter Orçamento Participativo em 2020 O Executivo da Câmara Municipal de Sardoal aprovou por unanimidade a abertura de procedimento para a execução do Regulamento do Orçamento Participativo (OP) do concelho. “Temos implementado um conjunto de iniciativas, de políticas e até de alterações que procuram a proximidade dos nossos munícipes e cidadãos às nossas políticas e queremos que eles sejam participativos e reivindicativos nas decisões”, começou por justificar o presidente da Autarquia sardoalense. Miguel Borges deu mesmo o exemplo das reuniões do Executivo, em que “antes era uma complicação para que qualquer munícipe pudesse participar numa reunião de Câmara” pois teria que fazer
/ A população do Sardoal vai poder escolher alguns projetos em 2020
2009, quando entrei, a primeira reunião que fiz foi no Ministério da Educação, tentando sensibilizar o senhor secretário de Estado para a importância de uma escola nova no Sardoal”. Pedro Duque fez um “balanço positivo” da visita e, mediante as questões que iam colocando, “o senhor presidente sempre nos disse que os prazos estavam a ser respeitados e nós também víamos pelos atos de mediação”. Outra das preocupações do vereador era “a vida normal da comunidade escolar” e verificou que “não tinha sido até aqui comprometida”. “Uma vez que vimos esses dois princípios respeitados, ficámos agradados, sendo certo que já tínhamos uma ideia de que assim era”, avançou Pedro Duque, pelo “feedback que temos dos pais e de outras pessoas”. Para o vereador socialista, “foi possível ver in loco que, para além da empresa estar a trabalhar com normalidade, é uma obra que está limpa e que respeita todas as condicionantes em termos de segurança”. Para Pedro Duque, foi uma visita “muito importante e muito interessante”. Também Carlos Duarte, vereador do PS, saiu satisfeito da visita, tendo destacado a importância que se está a dar em termos de eficiência energética. “Fiquei contente”, afirmou o vereador, porque “para além daquilo que já tinha conhecimento do projeto, deu para perceber o que vai ser na realidade, apesar de ainda estar tudo muito em bruto”. Carlos Duarte gostou “da conversa que tivemos com os técnicos” porque “conseguimos perceber que houve uma preocupação em aliar a engenharia à arquitetura no aspeto funcional”.
Para o vereador, hoje em dia, um dos aspetos mais importantes tem a ver com a eficiência energética, “que é um ponto chave”. “Uma das questões que coloquei foi se estavam a salvaguardar as condições de construção que permitam depois à Câmara Municipal saber com o que pode contar, ou seja, nas despesas futuras não queremos ter surpresas nas nossas contas correntes”, justificou Carlos Duarte. Os dois vereadores ficaram agradados com o que viram e “ficámos descansados porque as nossas preocupações ficaram atenuadas”. Pedro Duque e Carlos Duarte lembraram que votaram favoravelmente a favor da construção da nova escola, tendo Carlos Duarte confirmado que foi um voto “importante uma vez que percebemos que há outros exemplos a nível nacional em que as escolas foram requalificadas e não feitas de raiz e neste momento estão a ter imensos problemas naquilo que foi feito”. “Apesar de haver algumas críticas no Sardoal em relação ao derrube total da antiga escola, verifica-se que foi uma boa aposta se tudo vir a concretizar-se como está previsto”, declarou Carlos Duarte. A nova escola de Sardoal representa um investimento de 5 milhões de euros num projeto que vai contar com 22 salas de aula, sala de música, laboratórios, salas de TIC, biblioteca, salas de E.V.T, áreas exteriores cobertas, papelaria, refeitório, recreio coberto e um polidesportivo ao ar livre. O apoio comunitário para esta obra ronda os 85% para segundo e terceiro Ciclos e Secundário, sendo a componente do primeiro ciclo da responsabilidade do Município.
uma inscrição prévia, comunicar qual o assunto e só poderia falar numa das reuniões. “Alterámos o Regimento de funcionamento e qualquer munícipe pode agora falar em qualquer reunião sem que para isso tenha que fazer uma inscrição prévia que diga qual o assunto que quer abordar”, explicou o autarca. As razões que levam o Executivo a avançar com esta ferramenta e os objetivos do OP de Sardoal, “é que as pessoas pensem verdadeiramente a sua terra, o seu concelho, e que digam o que é que querem”. Pois, como explicou Miguel Borges, “muitas vezes o que são as prioridades da Autarquia, podem não ser as prioridades dos munícipes. Neste caso, a o projeto vencedor do Orçamento Participativo, será a prioridade dos munícipes”. “Esta é mais uma forma para que as pessoas tenham uma participação ativa que vá para além das redes sociais. Estamos
a criar estes instrumentos para aproximar ainda mais os nossos munícipes ao Executivo”, disse o presidente. O valor que irá ser disponibilizado pela Câmara ainda não está definido, “serão definidos anualmente em Orçamento e isso é algo que vai ficar no Regulamento”. Sardoal terá, em 2020, a 1ª edição do Orçamento Participativo. Os sardoalenses foram convidados a dar os seus contributos para o Regulamento que será, depois de aprovado em reunião de Câmara, colocado para discussão pública. Nesse período, os sardoalenses poderão ainda contribuir para alguma alteração. “Chegando ao documento final, a proposta será submetida à Assembleia Municipal para aprovação. E estamos a fazer isto nesta altura para que possa ser executado no Orçamento do próximo ano”, concluiu Miguel Borges.
Patrícia Seixas
Patrícia Seixas
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ATUALIDADE / Abrantes
Cónego José da Graça avança para o Tribunal Canónico
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Tudo suspenso. É este o ponto de situação do braço de ferro entre o Cónego José da Graça e o Bispo D. Antonino Dias e a Diocese de Portalegre e Castelo Branco. Depois de o Bispo ter confirmado as suas decisões de retirar o Cónego José da Graça de Abrantes e o colocar como Vigário em Portalegre, foram apresentados dois recursos que suspendem estas decisões. Ao que o JA sabe, por um lado corre um recurso administrativo do cónego José da Graça para a arquidiocese de Lisboa. Por outro, foi apresentado um recurso para que o Tribunal Canónico possa avaliar as eventuais falhas e motivos que levaram D. Antonino Dias a afastar o Cónego José da Graça das paróquias de Abrantes. Neste contexto, o JA sabe que o pro-
/ O Papa recebeu uma carta de um cidadão a pedir para não deixar sair o cónego das paróquias de Abrantes cesso Canónico foi instruído por um advogado do norte do país, acreditado junto da Santa Sé, e que o processo estará mesmo a caminho do Vaticano. Tanto sabemos que há a expetativa de que o Vaticano crie as condições para que o processo seja deci-
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JORNAL DE ABRANTES / Outubro 2019
dido pelo Tribunal Canónico, que poderá ser da província de Lisboa. Apesar de, aquando a ordenação, o pároco assumir o dever de obediência ao seu Bispo existem as figuras de recurso no direito canónico que permitem estas posições embora, na realidade, poucas vezes sejam utilizadas ou, pelo menos, sejam do conhecimento público. Está, portanto, tudo em suspenso até que o Tribunal Canónico confirme a transferência de José da Graça ou anule o decreto do Bispo. Aí, tudo voltaria à estaca zero. O JA sabe que este é um caso que está a dominar alguns segmentos da população havendo mesmo quem tome iniciativas individuais. É o caso de um cidadão de Abrantes, que prefere ficar no anonimato, que escreveu ao Papa Francisco no início de setembro. Nesta carta a que tivemos acesso, este cidadão defende o “padre Zé da Graça” e evoca a sua obra social. Nesta missiva este cidadão dá a sua opinião ao Santo Padre sobre a obra do cónego assegurando não entender esta posição do Bispo. No final, este cidadão pede ao Papa Francisco “para que dentro da sua competência possa intervir na permanência do senhor cónego José da Graça na Paróquia pela qual tem dado toda a sua vida”. Este mesmo cidadão escreveu igualmente ao Bispo de Portalegre e Castelo Branco, mas uma carta mais curta e com teor diferente e mais duro para D. Antonino Dias. Recorde-se as datas de todo este processo conturbado. 12 de junho: O Tribunal de Santarém condenou José da Graça, o padre que dirige o Centro Social Interparoquial de Abrantes (CSIA), a cinco anos de prisão, pena suspensa por igual período, por burla e falsificação de documentos. No final de julho, o Bispo da Diocese de Portalegre e Castelo Branco divulgava os movimentos pastorais de 2019, nos
A resolução deste impasse, na Justiça Canónica, pode demorar meses. quais anunciava retirar o Cónego José da Graça das Paróquias de Abrantes e das capelanias do Hospital e dos Bombeiros e nomeia o Padre António Martins Castanheira para Pároco de S. João e S. Vicente, transferindo-o de Alcains. Nessa altura justificou as razões da decisão. A 3 de agosto um grupo de abrantinos, das mais variadas áreas, reuniu-se no Luna Hotel de Turismo para dar corpo ao MOSAR-CJG, Movimento Social de Apoio e Reconhecimento ao Cónego José da Graça. A 6 de agosto o bispo emitiu um decreto a nomear o Cónego José da Graça para Vigário da Paróquia da Nossa Senhora da Assunção da Sé de Portalegre. A 7 de agosto uma delegação do movimento de apoio ao Cónego José da Graça foi recebida pelo Bispo a quem manifestaram a sua posição de não quererem a saída do Cónego de Abrantes. A 8 de agosto o Bispo, utilizando novamente a página da diocese, divulga um comunicado em que explica que recebeu a delegação de Abrantes e que lhes explicou os motivos da saída do Cónego José da Graça. Neste contexto é apresentado o recurso que faz a suspender as decisões do Bispo D. Antonino, uma vez que funciona como uma providência cautelar nos tribunais civis. Resta saber quanto tempo vai demorar todo este processo, que não se afigura de fácil resolução, independentemente das opiniões a favor ou contra José da Graça. Jerónimo Belo Jorge
ATUALIDADE / Sardoal
Colocação de beateiras de rua geram polémica em sessão de Assembleia Municipal de Sardoal
/ Presidente da Junta e Presidente da Câmara de Sardoal desentenderam-se por causa da estética do novo mobiliárioi urbano de sacos para depositar dejetos de animais, no sentido de promover a defesa do meio ambiente e a salvaguarda da limpeza do espaço público. Uma iniciativa que vai ser leva-
da a efeito por toda a vila de Sardoal, começando na zona histórica. Em resposta a Miguel Alves, o presidente da Câmara de Sardoal disse que não autorizou a proposta feita uma vez que mobiliário urba-
no é competência do executivo municipal e que “aquilo que o senhor sugeriu em nada se enquadra com aquilo que nós entendemos que deve ser a nossa vila e a nossa zona histórica. Aquilo que o senhor sugeriu é uma coisa completamente descabida”. Miguel Alves disse não ter sequer obtido uma resposta por parte do Município: “O que o senhor fez foi anunciar, no dia 4 de setembro, que o município vai dar início às beateiras e às papeleiras, e no dia 13 concretiza os vasos”. Afirmação que foi desmentida por Miguel Borges, que leu um e-mail enviado no qual é explicado que reconhece “a boa vontade, mas aquilo que o senhor apresentou não tem enquadramento naquilo que nós pretendemos para a nossa vila”. Miguel Borges reforçou que “mobiliário urbano é da competência da Câmara Municipal” e acusou o presidente da junta de Sardoal de não ter respeitado esse facto e ter
colocado beateiras “em espaços públicos”. “Nós não andamos aqui a atropelar-nos uns aos outros. A junta de freguesia tem as suas competências e a Câmara Municipal tem as suas competências”, acrescentou. Perante a troca de acusações, interveio a deputada Joana Ramos (PSD) que salientou que esta questão do mobiliário urbano não pode ser visto como “as minhas beatas, as suas beatas” e deixou um conselho: “De vez em quando temos de fazer uma limpeza no coração e também na política porque senão não conseguimos seguir em frente sem nos vitimizarmos”. Palavras que foram corroboradas pelo presidente da Assembleia Municipal, Miguel Pita Alves (PSD), que reiterou a importância do debate mas disse que não é aceitável vir para uma AM com “discursos de vitimização”. Ana Rita Cristóvão PUBLICIDADE
A colocação de mobiliário urbano, nomeadamente beateiras, foi tema de debate na AM de Sardoal de 17 de setembro. Numa intervenção, o presidente da junta de freguesia de Sardoal, Miguel Alves (PS), congratulou o município pela “preocupação que tem revelado com as questões ambientais, nomeadamente com o protocolo que estabeleceu com a Valnor, bem como a aquisição de papeleiras e beateiras”. No entanto, o deputado da AM de Sardoal questionou o presidente da Câmara Municipal, Miguel Borges (PSD) sobre o porquê de não ter considerado um projeto apresentado pela junta de freguesia de Sardoal relativa ao mesmo assunto e que pedia para ser instalado mobiliário urbano em diversos pontos da freguesia. Recorde-se que o município de Sardoal anunciou no início do mês a colocação de novas papeleiras, beateiras e dispensadores
EDITAL N.º 2/2019 Hasta Pública para a alienação de diversos equipamentos do Centro Hospitalar Médio Tejo, E.P.E. O Conselho de Administração do Centro Hospitalar do Médio Tejo, EPE, torna público e a todos faz saber, que se aceitam propostas até às 17h do dia 16 de outubro de 2019, para a hasta pública para a alienação de diversos equipamentos do Centro Hospitalar Médio Tejo, EPE. Informa-se que: Podem concorrer pessoas singulares, coletivas, empresas ou grupos de empresas que declarem a intenção de se constituírem juridicamente numa entidade ou em consórcio externo. Os bens a alienar podem ser analisados na Unidade Hospitalar de Abrantes, Tomar e Torres Novas do CHMT, das 9h:00 às 12h:00 e das 14h:00 às 17h:00. O ato público da hasta pública terá lugar em cada uma das unidades hospitalares mencionadas, nos seguintes dias: Torres Novas (Av. Xanana Gusmão): 8 de outubro de 2019 – 10 horas Tomar (A. Maria de Lourdes Melo e Castro): 8 de outubro de 2019 – 12 horas Abrantes (Largo Eng. Bioucas): 8 de outubro de 2019 – 15 horas A base de licitação da hasta pública é de: Abrantes: 50,00 € (cinquenta euros) Torres Novas: 25,00 € (vinte e cinco euros) Tomar: 25,00 € (vinte e cinco euros) Os resultados das propostas apresentadas serão divulgados no dia 18 de outubro de 2019, na página oficial de internet do Centro Hospitalar do Médio Tejo. O pagamento do valor total de arrematação deverá ser efetuado até ao dia 25 de outubro de 2019, na Tesouraria do Centro Hospitalar do Médio Tejo, Av. Xanana Gusmão, Torres Novas. O levantamento dos artigos de sucata terá de ser efetuado até ao limite máximo do dia 15 de novembro de 2019. As regras e demais condições do procedimento encontram-se definidas no Programa da Hasta Pública que se encontra disponível, no Serviço de Gestão Logística do CHMT, na Unidade de Torres Novas, e no sitio da internet do CHMT, em http://www.chmt.min-saude.pt/ . Para constar, se pública este Edital e outros de igual teor, que vão ser afixados nos lugares públicos do costume.
Torres Novas, 16 de setembro de 2019 O Vogal Executivo do Conselho de Administração do CHMT Dr. Bruno Ferreira
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AMBIENTE /
“O que fizemos no Tejo é coisa que muito me orgulha”
O Ministro do Ambiente e da Transição Energética, João Pedro Matos Fernandes, presidiu à cerimónia de apresentação da equipa de cinco novos vigilantes da natureza, no âmbito do Plano de Ação Tejo Limpo, que se realizou no dia 4 de setembro, no Parque Tejo, em Abrantes. No discurso de boas-vindas, o presidente da Câmara de Abrantes, Manuel Jorge Valamatos, falou de “uma luta que nos diz muito”, em prol da melhoria da qualidade da água do Tejo. O autarca disse que “tem sido feito um trabalho fantástico” principalmente no último ano mas afirmou que “não está finalizado” pois “há, seguramente, muitas coisas para fazer”. Manuel Jorge Valamatos lembrou que “houve um investimento muito grande nas margens do rio Tejo” em Abrantes e que a Autar-
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quia encerrou um conjunto de atividades desportivas e abandonou a ideia de ter uma praia fluvial, pois “nunca tivemos análises da água que o permitissem. As análises eram desastrosas”. “Precisamos do nosso rio limpo para continuar a ser uma estrada como sempre foi e que consigamos, com este rio, trazer mais coisas para Abrantes e para a região”, afirmou o presidente. O presidente da Associação Portuguesa do Ambiente (APA), referiu-se a um “sentimento de quase sentido histórico” e não quis utilizar a expressão vigilantes da natureza, “embora esteja tecnicamente correta” para preferir a expressão guarda-rios. “Porque os guarda-rios voltaram a Portugal”, justificou. Nuno Lacasta explicou que os guarda-rios “são vigilantes da natureza que se articulam com as
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forças policiais, com as autarquias e com outras forças de vigilância da natureza”. O presidente da APA confessou que “aprendemos com a crise de 2018” e que “intensificámos a vigilância, aumentámos os números de ações de fiscalização e aumentámos os meios, numa escala sem precedentes”. No entanto, reforçou que “isto não quer dizer que está tudo resolvido e que os nossos problemas estão acabados, pelo contrário. Temos é hoje uma capacidade para estar em cima, para acompanhar, para colaborar... que não tínhamos no passado”. Nuno Lacasta disse que “a plataforma giratória” da atividade dos cinco guarda-rios vai ser em Abrantes “mas ocorrerá em todo o rio”. O Município de Abrantes está a providenciar novas instalações para transferir o atual polo da APA existente na cidade, de modo
a poder constituir-se como sede operacional e alojar material de trabalho da nova equipa de vigilantes da natureza. Nuno Lacasta acrescentou que estas contratações são um passo importante na implementação do Plano de Ação Tejo Limpo e referiu que estes cinco profissionais “vão percorrer constantemente a bacia hidrográfica do Tejo, exercer pedagogia junto das pessoas para limpeza das ribeiras, ter poderes de fiscalização e levantamento de autos, em estreita colaboração com a GNR, PSP e demais entidades envolvidas no processo”. A cerimónia prosseguiu com a assinatura dos contratos com os novos cinco vigilantes da natureza a quem o ministro do Ambiente deu as boas-vindas e a quem designou de “guarda-rios”. Os cinco profissionais, duas mulheres e três homens, com idades entre os 21 e os 29 anos, vão desempenhar funções de vigilância, fiscalização e monitorização relativas ao ambiente e aos recursos naturais, em especial no domínio hídrico, desenvolvendo ações de formação e de sensibilização dos utilizadores do rio Tejo. Os novos vigilantes vão ter ao seu dispor um vasto número de equipamentos de monitorização e análise, uns instalados no meio hídrico e outros portáteis, que juntamente com os já existentes, permitirão abarcar territorialmente o curso principal do rio Tejo, bem como os seus afluentes. Serão equipados igualmente de meios tecnológicos, para registo de ocorrências, comunicação e reporte (tablets, smartphones e hotspots), estando o seu trabalho diário ligado, em tempo real, à Plataforma Eletrónica Única de gestão do rio Tejo. Foram ainda convidados a dar o seu testemunho, duas pessoas que têm no rio Tejo o seu modo de sustento. Fernanda Ribeiro, pescadora, disse vir de “famílias que toda a vida viveram da pesca” no rio, “onde vivi toda a vida” e confirmou que “as melhoras têm sido muitas porque há três, quatro anos, chegou ao caos total”. A pescadora recordou que “não havia como sobreviver do Tejo, tudo o que havia no rio, morreu”. Mas deixou o alerta: “atualmente está a melhorar mas vamos ver até quando conseguimos sobreviver com as águas assim”. Já Vasco Fernandes, operador turístico em Vila Velha de Ródão, não quis falar “do que foi o rio há uns anos atrás mas sim constatar do que se passa agora”. Recebe “alguns milhares de turistas” durante o ano que já “não conseguem perceber o que se passou ali. O rio está bastante melhor e esperamos também que o futuro seja melhor, especialmente no turismo pois continuamos a investir”. “Agora
já olhamos para o Tejo com um futuro muito mais promissor”, assegurou. Antes de se dirigir aos presentes, João Pedro Matos Fernandes convidou Arlindo Consolado Marques “para fazer a 1ª parte do discurso”. O ativista falou de “uma luta árdua”, de que continua a ir diariamente ao rio e afirmou que a qualidade da água no Tejo “melhorou 95%””. Disse-se “muito contente” e que a situação seja “para continuar”. Para o ministro do Ambiente e da Transição Energética, a questão dos guarda-rios lembra-lhe um poema do Carlos Tê, interpretado por Rui Veloso na canção “Guardador de Margens” e que diz “vou guardando as margens, velando os lírios do jardim”. Um trabalho que considerou “da maior importância”. “Estamos a falar de cinco pessoas muito qualificadas, com um perfil profissional e académico muito diferente do que era comum nos guarda-rios, e que são garantia muito relevante de que vai haver mais olhos para o rio Tejo, a par de toda uma panóplia de ferramentas analíticas e de tratamento da informação que agora estão ao dispor destes vigilantes da natureza, aquilo a que continuarei a querer chamar de guarda-rios”, fez notar João Pedro Matos Fernandes. Na luta pela melhoria das águas do rio, o ministro falou de “um trabalho comprido (…) e onde não existe isenção de riscos. Mas o que fizemos no Tejo é mesmo coisa que muito me orgulha”. Para o ministro do Ambiente, “mais importante, além de reduzir a impunidade, era reduzir o risco, isto é, melhorar a qualidade da água paulatinamente”, bem como assegurar que vão deixar de acontecer episódios como o do “fatídico dia 24 de janeiro” de 2018 quando o Tejo se transformou num manto de espuma em Abrantes. Nesse sentido, João Matos Fernandes lembrou as “26 mil análises” efetuadas neste período temporal, a “remoção de 98% das lamas do Tejo”, na zona de Vila Velha de Ródão, “os novos meios de fiscalização” e a contratação de cinco guarda-rios, contrações que “há décadas” não aconteciam em Portugal. O ministro assegurou ainda que “a impunidade acabou” para aqueles que poluem o Tejo. “A impunidade acabou e não acabou hoje. Isso dissemos logo há dois anos, com tudo aquilo que foi a criação de um plano integrado de fiscalização ambiental para todo o país, que não existia, onde diversas entidades com diferentes competências exerciam funções sem que cada um conhecesse o trabalho umas das outras e, por isso, a impunidade está extraordinariamente reduzida desde essa altura”. Patrícia Seixas
ECONOMIA /
O Luna Hotel Turismo, em Abrantes, vai avançar com a construção de um novo pavilhão para eventos. A informação foi levada a reunião de Câmara de 3 de setembro para aprovação da cobertura ajardinada do edifício. O presidente da Câmara Municipal de Abrantes lembrou que “o Luna Hotel Turismo tem vindo a fazer um grande investimento de reabilitação nos últimos anos. A oferta de outro tipo de serviços deixa-nos muito satisfeitos porque são respostas importantes para a cidade e para o concelho. E estes empresários continuam a apostar na valorização de todo aquele espaço junto ao hotel. Fizeram as piscinas, fizeram os balneários, um ginásio e agora estão a construir um novo espaço para eventos, fundamentalmente”. Manuel Jorge Valamatos explicou que “o que a Câmara aprovou foi a cobertura do edifício, que vai ser ajardinada mas de forma artificial e é visível para quem chega ao hotel. É uma estrutura importante para aumentar a competitividade
em torno da restauração”. Com este crescimento urbanístico, “há que criar mais espaços de estacionamento o que, à frente do hotel, é impossível”. Como no Alto de Santo António “estamos com défice de estacionamento, devido à proximidade de uma clínica e também da Unidade
de Cuidados na Comunidade, vamos avançar rapidamente com a criação de uma bolsa de estacionamento com 22 lugares no Alto de Santo António”, afirmou o presidente. Nesse sentido, para concretizar a criação da bolsa de estacionamento, junto ao edifício onde funcionam a UCC e a Abranclínica será
realizada uma baixada no passeio por forma a melhorar o acesso ao local pelas ambulâncias de transporte de doentes, mas protegendo a circulação dos peões. No lado oposto, na Alameda de Santo António, será criada a nova bolsa de estacionamento. A intervenção requer um novo ordenamento de parte da área ajardinada, mantendo intactas as figuras escultóricas instaladas no jardim. O presidente da Câmara explicou que os serviços técnicos projetaram esta futura intervenção “procurando o equilíbrio entre o espaço natural e a necessidade da população que estaciona nesta artéria”. Na discussão do ponto, o vereador do Bloco e Esquerda afirmou que iria votar contra e, em declaração de voto, disse ficar “na dúvida se estamos perante uma melhoria de serviços já existentes ou uma nova valência embora nos inclinemos para esta última dado o pedido de dispensa de criação de mais lugares de estacionamento”. Armindo Silveira argumentou
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Luna Hotel avança com construção de pavilhão de eventos
que “o Alto de Santo António é um dos únicos espaços verdes e amplos da cidade de Abrantes. Por força de ali estar instalada a Abranclínica, a Unidade de Cuidados na Comunidade, o Centro de Enfermagem de Abrantes, o Edifício Pirâmide, a pizzaria instalada no Elétrico e o próprio hotel, já de si provoca uma sobrecarga no estacionamento com carros em cima de passeios, na rotunda, nas curvas, em cima dos passeios, etc. e não é difícil observar esta situação”. A elaboração um projeto de incremento de lugares de estacionamento no Alto de S. António deixa o Bloco de Esquerda “muito apreensivo pela possibilidade de redução dos espaços verdes”. Manuel Jorge Valamatos explicou depois que o projeto não envolve cortar nenhuma árvore e acrescentou que “é legítimo que cada um tenha a sua posição mas que não seja posta em causa o desenvolvimento da nossa comunidade”. Já Rui Santos relembrou que, no início do processo, “o PSD tinha muitas dúvidas. Com o passar do tempo, a opinião mudou e ainda bem”. O vereador social-democrata afirmou que “se há um novo investimento e se não é possível criar junto ao hotel uma nova bolsa de estacionamento, é de louvar que a Câmara tenha arranjado ali uma solução”.
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SOCIEDADE /
A invasão das vespas asiáticas
Na aldeia de Portela, freguesia de Fontes, a poucos metros da albufeira do Castelo de Bode, João Maria Alves começou a ver as vespas negras à volta da sua casa. Nos finais de agosto este homem, conhecedor dos ofícios da apicultura, viu que andavam ali em quantidades elevadas. João Alves vai para o quintal, onde tem um arbusto florido alto. “Está a ver aqui? São estas. São das velhacas”. E, ao mesmo tempo, aponta para as vespas pretas que andam nas flores daquele arbusto. Não se vê uma abelha ou uma vespa das que nós conhecemos. Só a espaços aparece, pelo meio das outras, uma mais amarela. “Esta não é das velhacas. Esta é das que nós temos por cá. Olhe, viam-se pouco”, explica João Alves. “Venham. Não tenham medo. Elas
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não fazem mal. Ando aqui e não tenho problemas. Olhe, até as apanho aqui com este camaroeiro”, diz o homem, ao mesmo tempo, que agarra naquele objeto de rede. E de repente começa a “caçar” uma aqui e outra ali. Apanha-as com o camaroeiro e, depois, tem de as pisar. “Não são fáceis de matar”, garante, ao mesmo tempo que apanha uma, já morta, para nos mostrar como é a velutina. “São todas pretas, só têm uma lista amarela no rabo. Mas sabe como se conhecem melhor? Têm as patas amarelas. Basta olhar para as patas. Não tenha medo. Quer levar uma?” João Alves convive com as vespas asiáticas no quintal. Matá-las até poderia ser um passatempo, mas diz que não tem tempo para esse labor. “Quando saíam daqui vi
que iam para aquele lado...”, e aponta para uma horta do outro lado da estrada. Ali, numa laranjeira bem alta, lá no topo, está o ninho. Uma bola castanha que só se identifica quando percebemos que ele está lá. A olho nu, podemos olhar e não o vemos. Ou pelo menos não o identificamos facilmente. João Alves viu o ninho e ligou para a Proteção Civil de Abrantes “como dizem que deve ser feito. Eu podia tratar dele. Tenho um fato do tempo que tinha abelhas”, vincou. “E ali, para os lados do Maxial, deve haver outro ninho”, explica, com a convicção de quem tem a certeza. “É que as vespas tanto saem em direção à laranjeira como para o lado oposto, em direção ao Maxial”, indica o homem, sempre com uma boa disposição notável.
Um ninho para exterminar na Portela (Fontes)
João Alves recebeu na sua casa a coordenadora municipal da Proteção Civil de Abrantes, Maria Inês Mariano, e Mário Lourenço, o exterminador de ninhos de vespa. Ao chegar à horta, João Alves aponta para a laranjeira: “Lá está ele. Ali em cima”. Mário Lourenço deu a volta à laranjeira para observar aquele ninho. Antes de vestir o fato de proteção revela a forma como o vai exterminar. “Isto tem de ser com veneno. Vou deixar lá dentro o produto para elas absorverem. Vão acabar por morrer todas. E se uma dose não resultar, daqui a dois ou três dias repetimos o processo e este fica eliminado”, garante. Quando questionado sobre o método, o “exterminador”, natural de Mação, revela que se destruir ou queimar o ninho todas as que estão fora “podem ser potenciais rainhas e fazer novos ninhos”. Ou seja, uma exterminação mal feita pode propagar a espécie, em vez de a eliminar. Neste caso tudo correu de forma normal e rápida. Cinco minutos bastaram para fazer o serviço. Mário Lourenço embebeu uma guita no veneno e usando uma cana de pesca, das diretas, esticou-a até ao ninho. Depois, com mestria de quem sabe o que faz, escolheu um dos respiradores (o ninho tem a entrada das vespas e respiradores) e deixou lá o produto. Mário observou os voos das velutinas e confirma o que o senhor João já tinha dito. “Há para ali [aponta para os lados do Maxial] outro ninho. Mas pode ser longe, pode estar a dois quilómetros”, garante. Já a responsável da Proteção Civil confirma que o número de casos tem vindo a aumentar. “Pedimos é para que nos informem quando detetarem ninhos. Vamos lá ver e tratamos dele. O anterior a este foi em Bemposta. E temos mais casos reportados”, salientou a coordenadora da Proteção Civil de Abrantes. Marias Inês Mariano espera que quem localize os ninhos de vespa informe os serviços de Proteção Civil e que não tentem destruí-los por meios próprios. Numa semana eliminaram ninhos em Abrantes, Tramagal , Água das Casas e Pego. E mais denúncias vão surgindo dia a dia no serviço.
SOCIEDADE /
//SAIBA MAIS
centena de ninhos só no concelho de Abrantes explica que “o ninho é envenenado. E todas as vespas que estão ou venham a entrar no ninho morrem”. Também Maria Inês Mariano, responsável da Proteção Civil de Abrantes confirma que 48 horas depois da primeira intervenção com veneno é feita a observação para confirmar que o ninho já não tem atividade. Se, por acaso, ainda tiver vespas, leva uma segunda dose. Mas a eficácia tem sido a regra. Depois de ser envenenado o ninho nunca mais volta a ter atividade e pode, então, ser destruído.
VESPA ASIÁTICA CHEGOU A •PORTUGAL EM 2011 Segundo os dados do ICNF (Instituto da Conservação da Natureza e das Florestas), a vespa velutina é uma espécie não indígena e é predadora das abelhas-europeias, produtoras de mel. É originária das regiões tropicais e subtropicais do norte da Índia, leste da China, Indochina e da Indonésia. A chegada à Europa terá ocorrido em 2004, em França. A sua presença foi confirmada em Espanha, Bélgica, Portugal e Itália. Os especialistas dizem que a sua progressão na Europa tem sido de 100 quilómetros por ano. Em Portugal os números indicam uma progressão de 70 a 80 quilómetros por ano. Ainda segundo a Direção-Geral de Alimentação e Veterinária a vespa velutina constrói ninhos de grande dimensão, em locais isolados e altos. Os especialistas indicam ainda que preferem locais com água ou com outras colmeias nas proximidades. Esta espécie distingue-se da vespa crabro (a europeia) pela coloração do abdómen (mais escuro e com uma lista amarela) e pelas patas (amarelas, no caso das asiáticas). A vespa velutina é uma espécie carnívora e predadora das abelhas, mata-as mesmos nas suas colmeias.
sará problemas graves aos alérgicos que, por isso, devem trazer consigo a medicação para evitar o choque anafilático (reação alérgica que provoca problemas na respiração e que, se não for rapidamente tratado, pode levar à morte). Chamam-lhe é vespa assassina porque mata as abelhas-de-mel e outros insetos. Dizem os responsáveis que a abelha-europeia ou crabro até pode ser mais agressiva do que a asiática. Agora se sentirem o ninho em perigo podem atacar em enxame e fazer perseguições de algumas centenas de metros. ABRANTES COM 50 NINHOS •DESTRUÍDOS ESTE ANO Se a vespa velutina entrou pelo norte do território nacional em 2011, desde o ano passado que tem sido
DEVEM AS PESSOAS FUGIR DA •VESPA ASIÁTICA? Sobre a vespa asiática há muita informação, mas também muita informação errada ou alarmista. A vespa asiática, diz a Proteção Civil, é tão perigosa para os humanos como as outras. Ou seja, quem for alérgico deve ter atenção como tem com as outras. Para os cidadãos que não são alérgicos a picada pode, simplesmente, ser mais dolorosa. Quanto à ideia de que esta vespa mata pessoas não é bem assim. Cau-
Quem detetar um ninho, normalmente construídos em locais muito altos, deverá imediatamente contactar a Proteção Civil Municipal ou outra autoridade indicando o local onde se encontra. Será o serviço de Proteção Civil de cada município que vai proceder ao extermínio do ninho. avistada na região centro. Este ano foram identificados dezenas de ninhos desta vespa na região do Médio Tejo. E em Abrantes, concretamente desde o início do ano até ao final de agosto, já tinham sido destruídos mais de 50 ninhos. Mesmo na cidade foram destruídos, pelo menos, dois ninhos, um junto ao café do Francês e outro o bairro Catroga e Gaio, o que mostra como a vespa se pode multiplicar e adaptar. Ou seja, não faz só ninhos em árvores ou arbustos.
ELIMINAR OS NINHOS •COMO Eliminar um ninho de vespa asiática não é apenas queimar o ninho. Algumas imagens na televisão têm mostrado os ninhos a ser queimados, mas segundo Mário Lourenço essa é uma fórmula errada. “Cada vespa que esteja fora do ninho (de dia ou de noite) quando se destrói pode, potencialmente, vir a ser rainha e a criar um novo ninho”. Deste modo, o responsável pela destruição de, pelo menos, meia
“CASEIRAS” •ASÀ ARMADILHAS boa maneira portuguesa, e não só, proliferam formas engenhosas de caçar as abelhas de rondarem as plantas ou as flores. Mário Lourenço (na foto) mostra como com duas garrafas de plástico ou dois garrafões se pode fazer uma armadilha. E faz-se a reutilização dos plásticos. A atenção é que as garrafas devem ter tampa para evitar que as vespas saiam. Quanto ao líquido, o que elas procuram é proteína e açucar. Por isso as receitas variam.
João Alves, na Portela (Fontes) tem um cocktail que usa para por nas armadilhas: “Dou a receita, pois, aquilo é cá uma pomada. Um litro de vinho tinto, meio litro de Coca-Cola, meio quilo de açúcar amarelo, meio litro de vinho branco fervido com açúcar amarelo, até este derreter, e um cálice de vinho do porto. Aquilo é tão bom, tão bom” que as vespas entram e já não saem. Em Vila de Rei, por exemplo, foi a própria Câmara Municipal quem andou a espalhar estas armadilhas pelas árvores da vila. Mas atenção, a armadilha não seleciona os insetos. Apanha as asiáticas e as outras. A segunda nota que se deve ter é que quanto maior a quantidade de asiáticas, mais perto deve haver ninho.
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REGIÃO / Vila Nova da Barquinha
Dia da BrigRR com demonstração operacional
A Brigada de Reação Rápida do Exército (BrigRR), com comando e operações na zona militar de Tancos, assinalou, a 17 de setembro, o seu Dia com a realização de uma cerimónia e demonstração operacional. Esta Brigada é comandada pelo Brigadeiro-General José António Rebelo e tem como missão a salvaguarda dos interesses nacionais no território português e também em missões com interesse público. Mantém as suas unidades em elevado grau de prontidão para poderem ser “projetadas para os teatros de operações como forças nacionais destacas”. A BrigRR pode atuar em cenários que requeiram forças ligeiras de reação rápida, operações aeromóveis de reconhecimento e vigilância, operações aerotransportadas, operações especiais ou ainda em operações de manutenção ou imposição de paz e na prevenção de conflitos. Pode também atuar em operações humanitárias e de evacuações de não-combatentes. De referir que a BrigRR é uma das mais recentes grandes unidades do exército português que teve início com a Brigada Aerotransportada Independente (BAI), fundada em 1994. Em maio de 2005 a BAI passou a designar-se por Brigada de Reação Rápida e integra tropas Paraquedistas, Comandos, Força de Operações
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Engenharia de Combate Ligeira (CengComLig), um Grupo de Helicópteros do Exército (GHE), e uma Companhia de Transmissões, Artilharia Antiaérea e um núcleo de Apoio de Serviços. Por outro lado, a BrigRR tem comando e aquartelamento em Tancos, mas tem as suas unidades e batalhões espalhados pelo país. RI-1 em Beja, RI-10 em S. Jacinto, RI-15 em Tomar, RC-3 em Estremoz, RA-4 em Leiria, RCmds em Lamego, RParas em Tancos e CTOE em Lamego. O Tenente-General Rui Guerra Pereira, comandante das Forças Terrestres, destacou o empenhamento do exército em missões de paz no exterior e referiu a forma como as unidades mantêm a sua operacionalidade, com o aprontamento e diversos exercícios desenvolvidos. Destacou ainda a renovação de meios, quer tecnológicos, com a utilização de drones, ou os mais usais como os novos blindados, a começar a ser introduzidos no próximo ano, ou ainda a substituição da velhinha G3 pelas novas armas automáticas. Já o Chefe do Estado-Maior do Exército (CEME), General José Nunes da Fonseca, destacou o papel do Exército nas missões internacionais de paz em que tem participado como Afeganistão ou na República Centro Africana. Aliás, o CEME referiu imagens recentes da presença das forças portuguesas naquele território africano onde se “pode verificar a satisfação das populações locais” e as boas relações criadas pelos militares. Por outro lado, o General destacou também a participação do Exército em missões no território nacional, em estreita ligação com a Autoridade Nacional de Emergência e Proteção Civil e com o Instituto de Conservação da Natureza e das Florestas. E não deixou de evocar também o papel da BrigRR, como grande unidade do Exército, naquele que foi o seu Dia comemorativo.
Especiais e Unidade de Aviação Ligeira do Exército. Têm ainda na sua estrutura operacional unidades de Reconhecimento, de Artilharia de Campanha, Artilharia Antiaérea, Engenharia e Transmissões. A Brigada tem uma estrutura operacional com Comando, Companhia de Comando e Serviços (CCS), dois Batalhões de Paraquedistas (1º BIPara e 2º BIPara), um batalhão de Comandos (Bcmds), uma Força de operações Especiais (FOEsp), um Grupo de Artilharia de Campanha (GAC), um Batalhão Operacional Aeroterrestre (BOAT), um Agrupamento de Informações, Vigilância, Aquisição de Objetivos e Reconhecimento (ISTAR), uma Companhia de
Textos e fotos: Jerónimo Belo Jorge
Comandante do RAME condecorado
JORNAL DE ABRANTES / Outubro 2019
A cerimónia do Dia da BRR contou ainda com a imposição de condecorações a vários militares, entre os quais o coronel de infantaria Mário Alvares, comandante do Regimento de Apoio Militar de emergência (RAME), sediado em Abrantes. Mário Alvares, que vai deixar o comando do RAME no final deste ano para integrar o curso de Oficial General, foi condecorado pelo Chefe de Estado Maior do Exército (CEME), general José Nunes da Fonseca, com o grau Comendador da Ordem Militar de Avis.
Um exercício de demonstração da BRR Foi criado um cenário de intervenção rápida das várias unidades com compõem a Brigada de Reação Rápida. Com dois aviões da Força Aérea, criou-se um cenário de chegada das tropas ao terreno para tomar uma unidade aeroportuária em território hostil. Desde as primeiras unidades, à tomada da torre de controlo. Depois, a operação seguiu com a deteção de uma infraestrutura importante com a presença de um líder insurgente. Seguiu-se a
demonstração da unidade de operações especiais com apoio dos sniper’s. Foi ainda mostrado o poder de fogo da unidade de comandos na proteção à retirada das outras unidades, assim como a intervenção da unidade de artilharia. Para finalizar, decorreu uma demonstração de saltos de precisão, pelos paraquedistas da unidade do exército “Falcões Negros”. O aniversário culminou com uma visita à exposição das viaturas e armamento da BRR, de Tancos.
REGIÃO / Vila de Rei
Vila de Rei comemorou 734 anos
euros de investimento no espaço junto ao complexo desportivo e que pretende criar mais atratividade para Vila de Rei. Destacou ainda o largo investimento de quase 1,5 milhões de euros em Estações de Tratamento de Águas Residuais e saneamento básico. Antes, o presidente da Assembleia Municipal, Paulo Brito, já tinha feito a apologia de um concelho com muita riqueza. Desde os tempos em que o ouro era a riqueza da região à atual riqueza das paisagens naturais e dos equipamentos turísticos existentes no concelho. Fazendo jus ao trabalho da Câmara Municipal, destacou os investimentos na captação de empresas e
indústrias. Depois evocou o apoio à fixação de população, que tem sido uma das bandeiras e uma das necessidades daquele território. No seguimento desta linha de pensamento acabou por entroncar nos incêndios florestais que assolaram o concelho (Vila de Rei, Sertã e Mação) entre 20 e 22 de julho último e as necessidades que daí advêm para um melhor trabalho na reflorestação. Aliás, Paulo Brito destacou a oportunidade dos três municípios poderem trabalhar em conjunto no projeto-piloto em que o Governo abriu as portas e que vai poder ser desenvolvido daqui para a frente. Aliás, indicou mesmo que o Estado deveria apostar mais na valorização daqueles que estão, vivem e trabalham no interior do país porque “neste momento é quase uma vocação viver no interior do país”. Depois da cerimónia oficial do dia do concelho a população participou num almoço comunitário no qual atuou o grupo de Concertinas da Casa do Benfica de Vila de Rei. Vila de Rei é o concelho mais central de Portugal. É ali, no Picoto da Melriça, que fica situado o Centro Geodésico de Portugal. Vila de Rei tem foral lavrado por D. Dinis, em 1285. Tem 191 quilómetros quadrados de área, cerca de 3500 habitantes divididos por três freguesias, Vila de Rei, S. João do Peso e Fundada. Jerónimo Belo Jorge PUBLICIDADE
Para assinalar os 734 anos do foral de D. Dinis que fundou Vila de Rei, em 1285, o Município organizou uma cerimónia oficial em que distinguiu o diretor da Segurança Social do distrito de Castelo Branco com a Medalha de Mérito Municipal, grau prata. Na mesma cerimónia, que encheu o auditório municipal, foram entregues os apoios financeiros de 13 mil euros para as 14 crianças que nasceram no concelho, de 15.750 euros de apoio a 21 casamentos ou uniões de facto e 19 mil euros para a fixação de nove famílias no concelho. Foram ainda atribuídas as bolsas de estudo do município. 4.400 euros para oito bolsas de alunos do ensino superior, duas bolsas de mérito no valor de 500 euros cada e 13 bolsas de mérito e percurso escolar no valor global de 6.500 euros. E para finalizar a cerimónia, que começou com o hastear das bandeiras ao som da Portuguesa, foi atribuída a Medalha de Mérito Municipal, grau prata, a António de Melo Bernardo, atual diretor da Segurança Social de Castelo Branco. E a justificação é simples. Entre 2013 e 2019 o responsável permitiu as parcerias e acordos financeiros para as instituições de solidariedade social do concelho de 130 novos utentes e 760 mil euros anuais. A Câmara de Vila de Rei apresentou todas as parcelas destes apoios: Casa da Infância, Juventude e 3ª Idade de Vila de Rei (28 utentes); Centro de Acolhimento de S. João do Peso (30 utentes); Centro de Dia Família Dias Cardoso (6 utentes); Santa Casa da Misericórdia de Vila de Rei (48) e Fundação João e Fernanda Garcia (18). António de Melo Bernardo recebeu a medalha e, com emoção, agradeceu a distinção, destacou o papel da família na sua vida dedicada à função pública, referiu o papel da tutela no seu trabalho e acabou a dizer, com boa disposição, que este é um cargo de final de carreira. “Trabalhei toda a minha vida para poder ser, um dia, diretor do Centro Distrital de Segurança Social”. Ricardo Aires, presidente da Câmara de Vila de Rei, destacou num discurso naturalmente bairrista as gentes que vivem no concelho ou os que vivem fora. Evocou as associações do concelho no trabalho em prol da comunidade e alguns investimentos que considera fundamentais para o desenvolvimento do concelho. Por exemplo, a zona industrial do Souto, pronta a receber mais empresas e a criar mais riqueza, os investimentos no Penedo Furado com o acesso dos espelhos de água à queda de água ou a nova zona verde da vila. Serão 256 mil
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ESPLANADA 1.̊ DE MAIO ABRANTES
+ .-.
Outubro 2019 / JORNAL DE ABRANTES
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CULTURA / OPINIÃO /
José Alves Jana FILÓSOFO
IPSS
F
Memória Abrantina da Grande Guerra António Neto Alpalhão, professor natural do Tramagal, apresentou no dia 21 de setembro, na Escola Secundária Dr. Solano de Abreu, o livro “Memória Abrantina da Grande Guerra”. Num auditório preenchido com muito público, a maior parte professores, a obra de investigação histórica foi apresentada e enquadrada por José Martinho Gaspar, numa sessão que contou com as intervenções do diretor da escola, Jorge Costa, e do presidente da Câmara de Abrantes, Manuel Jorge Valamatos. E a grande mais-valia da obra é mesmo a presença dos muitos militares abrantinos e das companhias sediadas em Abrantes na Europa, no conflito armando. É um livro que trabalha duas perspetivas da presença abrantina na guerra. Entre 1914 e 1916 há uma pequena participação em África e depois, entre 1916 e 1918, a maior participação em França e na Flandres. E é aqui o grosso da obra e da investigação. António Alpalhão faz um acompanhamento, quer dos soldados de Abrantes que estiveram na guerra quer a pegar nas duas unidades que estiveram nos confrontos. À altura Abrantes tinha o Regimento de Artilharia 8, no Castelo, e o Regimento de In-
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fantaria 22. José Martinho Gaspar revelou o trabalho desenvolvido junto do Arquivo Histórico Militar na cedência das fichas dos militares destacados para o conflito. “Estão aqui reproduzidas 700 fichas de militares dessa época” salientou José Martinho Gaspar e adiantou que este é um livro de história global, mas com uma presença local “foram mais de mil soldados que saíram de Abrantes para a guerra”. E o autor, António Neto Alpalhão, explicou que “tive a felicidade de conhecer um tio-avô que participou na guerra e contava sempre muitas histórias” que ficaram na
JORNAL DE ABRANTES / Outubro 2019
memória. “Só tenho pena de ser pequeno e de não ter tido a possibilidade de fazer-lhe as perguntas que hoje faria”, explicou o autor do livro que, pelo facto de ser professor de história acabou por ter, em 2014 no Centenário da Grande Guerra, possibilidade de trabalhar esta temática. O assunto fez desenvolver o projeto de exposição em 2016, entre outras ações, e agora o livro que “pretende relatar as vivências dos 600 abrantinos que estiveram em França e na Flandres. Já os cerca de 100 que estiveram em África não temos o mesmo feedback”. António Alpalhão revelou que quando começou o projeto começou a recolher informação sem saber bem “para onde iria”. Depois, garantiu, começou a ficar com uma biblioteca considerável sobre a temática e equacionou a obra de âmbito nacional ou local. E a escolha recaiu sobre a pesquisa local. Conhecer um pouco mais os militares. E depois há muita gente com familiares que estiveram no conflito revelou o autor. “Eu tive um bisavô condecorado e quatro tios-avô na Guerra, o diretor da escola teve um bisavô e o presidente da Câmara também teve familiares lá fora”, explicou António Alpalhão. Jerónimo Belo Jorge
inalmente (?) a sociedade portuguesa parece prestar um pouco mais de atenção à economia social. Mas, como seria de esperar, com uma mão cheia de equívocos. Por exemplo, quando o faz em termos de desenvolvimento local ou de um“novo modo”de prestar serviços à população. Comecemos por lembrar o que parece tão evidente como esquecido: uma IPSS vulgar, ou seja, como existe por aí, é uma empresa que presta serviços a um único cliente e sob a forma definida por esse cliente único. Lares e centros de dia, por exemplo, são todos demasiado iguais, prestando um serviço padronizado pelo Estado, o cliente. Se isto é criatividade, ou iniciativa local, ou adaptação às particularidades regionais e locais… No fundo, trata-se de um serviço público, estatal, que o Estado contratualiza a preços comparáveis aos que as cadeias de supermercado praticam com os agricultores. Se há dúvidas, fale-se com um dirigente de uma IPSS. Por outro lado, muitas IPSS praticam um tipo de relação laboral a que, sem grande abuso de linguagem, podemos chamar de “exploração capitalista”: liderança autoritária, por vezes exploração da força de trabalho, ausência de participação nas decisões e funcionamento
da casa, por vezes mesmo humilhação e desrespeito dos pontos de vista ou das necessidades privadas. Não são formas de solidariedade, nem de construção de uma vida social positiva. Há empresas privadas onde os trabalhadores são melhor tratados que em muitas IPSSs. Há lares e centros de dia que são autênticos depósitos de velhos, apenas ajudando as famílias a livrarem-se de trabalho e incómodos. É, nesses casos, um serviço errado, nada solidário, antes cúmplice com formas várias de desumanização. Não é fácil fazer de outro modo, mas é aí, justamente aí, que é imprescindível construir a solidariedade criativa. Há lares privados mais humanizados que lares solidários. Quando ao desenvolvimento local: sim, há criação de postos de trabalho (6% a nível nacional), há cativação de recursos financeiros para a economia local, há fixação de algumas pessoas que teriam de sair… Isso é bom. Mas é sobretudo resultado de um serviço público, não de uma produtividade local. E a prova disso é que a qualquer momento por qualquer razão política a torneira estatal pode fechar-se e o benefício termina. Não é desenvolvimento local. Qual é a diferença entre o lar de uma IPSS e um lar de iniciativa privada? Se não houver nenhuma, salvo na origem do dinheiro que paga as despesas, tende para zero o carácter de Instituição Privada de Solidariedade Social e talvez o lar privado seja mais expressão de desenvolvimento local que o da IPSS. Se tem dúvidas, tente, numa IPSS, criar um serviço não tipificado e veja o resultado. O pior efeito de um texto como este seria diminuir a confiança nas IPSS ou desmotivar o seu trabalho. O que se pretende é, pelo contrário, desafiar à construção – na solidariedade social – de novas formas de construir relações de trabalho e de prestação de serviços que superem o que é habitual, de construir comunidade e de fazer com que esta seja sujeito ativo das suas responsabilidades. Importa dizer que bastante tem sido feito. Mas é ainda pouco. E o que falta é sempre o mais importante. Uma IPSS não pode ser o mesmo que um serviço público ou um serviço privado. Então, qual deve ser a diferença?
NOTARIADO PORTUGUÊS CARTÓRIO NOTARIAL DE SÓNIA ONOFRE EM ABRANTES A CARGO DA NOTÁRIA SÓNIA MARIA ALCARAVELA ONOFRE. ---Certifico para efeitos de publicação que por escritura lavrada no dia vinte e três de Setembro de dois mil e dezanove, exarada de folhas cinquenta e uma a folhas cinquenta e três, do Livro de Notas para Escrituras Diversas CENTO E OITENTA E UM — A, deste Cartório Notarial, foi lavrada uma escritura de JUSTIFICAÇÃO, na qual os Senhores JOSUÉ DE MATOS ALVES e mulher MARIA MANUELA DE JESUS QUINAS MANUEL ALVES, casados no regime da comunhão de adquiridos, ambos naturais da freguesa do Mouriscas, do concelho de Abrantes, residentes na Rua do Vimieiro, em Mouriscas, Abrantes, DECLARARAM que, com exclusão de outrem, são donos e legítimos possuidores do Prédio rústico, sito em S. Simão, na freguesia de Mouriscas, do concelho de Abrantes, composto de cultura arvense, figueiras e oliveiras, com a área de duzentos e quarenta metros quadrados, a confrontar de Norte com Manuel Alves e Carlos Alves, de Sul e Poente com caminho público e de Nascente com Carlos Alves, omisso na Conservatória do Registo Predial de Abrantes, inscrito na respectiva matriz sob o artigo 176 da secção AF. ---Que são possuidores do prédio acima identificado desde, pelo menos, mil novecentos e noventa e oito, o qual veio à sua posse por compra meramente verbal a Manuel Lopes Vergasta, solteiro, maior, residente em São Simão, Mouriscas, Abrantes, já falecido, não tendo, porém, celebrado a respectiva escritura. ---Que, desde a referida data, vêm exercendo continuamente a sua posse, á vista e com o conhecimento de toda a gente, usufruindo de todas as utilidades do prédio, amanhando-o, cultivando-o, na convicção de exercer direito próprio, ignorando lesar direito alheio, sendo reconhecidos como seus donos por toda a gente, pacificamente, porque sem violência, continua e publicamente, de forma correspondente ao exercício do direito de propriedade, sem a menor oposição de quem quer que seja, pagando os respectivos impostos, verificando-se assim todos os requisitos legais para que se possa confirmar a aquisição do citado imóvel por usucapião. ---Está conforme ao original e certifico que na parte omitida nada há em contrário ou além do que nesta se narra ou transcreve. ---Abrantes, 23 de Setembro de 2019. A notária: SÓNIA MARIA ALCARAVELA ONOFRE
CULTURA /
Constância lançou livro das tradições orais
Responso a Santo António
(quando se perdia alguma coisa)
“Santo António se alevantou Suas sagradas mãos lavou Sua camisinha lavada vestiu Seu bordãozinho agarrou Caminho de Roma caminhou. Jesus Cristo encontrou Jesus Cristo procurou: Então, beata, onde vais? Tu comigo não virás. Nesta terra ficarás. As missas que disserem Tu então as ouvirás As coisas que perderam Tu então as acharás” Versão recolhida por Ana Rui e Luana Soares. Ouviram o responso pela voz de Hermínia Conceição Inácio Constantino, 75 anos, moradora na aldeia de Santa Margarida da Coutada, em 2019.
as advinhas, as rezas, os responsos, as lendas, os trava-línguas, os provérbios. Um conjunto de informação que era preciso registar em áudio para depois passar ao papel. Anabela Cardoso revelou que este foi um trabalho profícuo e que deixou, com toda a certeza, marcas positivas nos alunos. Haverão de se recordar destas coisas que ouviram e, quem sabe, “venham contá-las aos seus filhos ou netos”. Nestas recolhas, que Anabela Cardoso conhece bem, não é tudo fácil. Antes de se chegar a estas pessoas mais idosas, é preciso ganhar a sua confiança para que elas contem as coisas como as aprenderam. Contar para ficar registado, pois, nalguns casos, como as cantigas, se elas não entoarem a cantiga não se conhece a melodia. E esse é um fator que não está no livro, mas que fez parte das recolhas feitas. Anabela Cardoso revelou, na sessão de lançamento, que decorreu na Casa Memória de Camões, no dia 22 de setembro, que teve de ter autorizações, normais, para poder contactar diretamente com os alunos, através de email. Houve todo um processo que teve de ser caminhado até começarem a chegar as recolhas. E mesmo durante o processo chegou a haver momentos em que os próprios alunos questionaram a investigadora sobre as formas de melhor poderem chegar aos interlocutores. A investigadora Ana Maria Morão, que prefaciou o livro, destacou o trabalho científico da catalogação e divisão das recolhas ao mesmo tempo, que deixou a esperança que este livro possa ter sido uma semente para que mais coisas possam surgir no âmbito da salvaguarda do património imaterial. Anabela Cardoso é técnica superior no Município de Constância e tem uma pós-graduação em património cultural imaterial. Este livro é uma edição da Câmara Municipal de Constância e teve a impressão de 400 exemplares. Numa nota prévia, no livro, o presidente da Câmara Municipal de Constância destacou a riqueza do concelho nas tradições e agradeceu a todos os que estiveram empenhados no projeto. Desde os alunos que fizeram as recolhas, a quem “contou as histórias” e à coordenadora do projeto. Jerónimo Belo Jorge
Nuno Alves MESTRE EM RELAÇÕES INTERNACIONAIS nmalves@sapo.pt
E
m poucas semanas o debate internacional em torno da emergência climática e conservação ambiental tornou-se uma prioridade na agenda política internacional. O tema foi assunto de debate principal na reunião do G7 devido aos incêndios na Amazónia e, no final de Setembro, foram organizadas manifestações pró-clima em mais de 150 países. Sem dúvida, a arquitectura internacional possui mecanismos económicos e jurídicos que permitiriam reforçar os contributos já dados para a contenção das alterações climáticas e salvaguarda da Natureza. No plano económico, a Organização Mundial do Comércio (OMC) poderia ser pioneira na criação de cláusulas que permitissem a aplicação individual ou colectiva pelos Estados de barreiras comerciais a todos os produtos ou recursos naturais oriundos de regiões ou países onde são perpetrados crimes ambientais ou obtidos à custa do desrespeito pela sustentabilidade dos ecossistemas de onde foram extraídos. Contudo, teria de ser uma medida permanentemente fiscalizada, já que muitos Estados a poderiam usar para retaliações políticas ou económicas e conveniências políticas domésticas, como o populismo eleitoral. Ao mesmo tempo, importa lembrar que os recursos naturais do planeta têm sido geridos na óptica da economia de mercado: os agentes económicos optam pela poluição ou salvaguarda do nosso património natural em função daquilo que é mais barato fazer. E no fim de contas, o consumidor opta sempre
Repensar a arquitectura internacional pelo melhor preço. E em função do melhor preço, os agentes económicos analisam se é mais barato poluir ou ser mais amigo do ambiente. Por isso, o consumidor deve mostrar, pelas suas escolhas, que é mais caro para as empresas obter produtos através de práticas de má gestão ambiental seja em que parte do mundo for. No plano jurídico, a recente doutrina da “Responsabilidade de proteger”, que justificou a intervenção da NATO na Líbia, deveria ser retomada e adaptada à luta global contra as alterações climáticas. Esta doutrina defende que a Comunidade Internacional tem o direito de intervir nos assuntos internos de um Estado quando ele se torna uma ameaça para os seus próprios cidadãos. Ora, a “Responsabilidade de proteger” poderia ser igualmente adapatada para que fosse legitimada a intervenção da Comunidade Internacional num dado país quando este compactua ou falha e neglegencia a luta contra crimes ambientais ou catástrofes naturais de origem humana, que possam afectar o bem-estar global de toda a Humanidade num futuro próximo ou mais longo. O caso dos incêndios no Brasil enquadra-se neste contexto. Da mesma forma, também a implementação desta abordagem teria de ser severamente fiscalizada pela ONU já que grupos de países com interesses económicos ou geopolíticos poderiam usar esta justificação para “confiscar” a gestão de recursos naturais ao Estado em causa para seu próprio benefício económico ou como forma de retaliação económica no quadro de um conflito geopolítico. PUBLICIDADE
O livro “Tradição Oral do Concelho de Constância” não é mais do que uma recolha imaterial feita junto da população mais idosa naquele território. Há muito património que não está escrito. Há muitas coisas que passavam de pais para filhos, e por aí fora, que, se não forem registados, podem perder-se com o desaparecimento da população mais velha. Por isso, Anabela Cardoso começou a juntar recolhas e a classificá-las de acordo com métodos científicos definidos, e aceites, pelas academias. Depois de algumas “oralidades” recolhidas na década de 80, o ano passado no âmbito do programa PEDIME – Valorização dos recursos TIC em contexto escolar e interação com a comunidade, foi aprovada uma candidatura para este fim. Assim, Anabela Cardoso iniciou o projeto com uma conferência na Feira do Livro e “chamou” para a recolha os alunos do 5º e 6º anos de escolaridade. A ideia seria eles fazerem as recolhas deste património imaterial nas suas terras, junto de quem sabe contar
OPINIÃO /
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DESPORTO / //CASA DO BENFICA DE ABRANTES
Quem quiser experimentar a modalidade, como deve fazer?
// Os atletas da Casa do Benfica de Abrantes [CBA], na modalidade Laser Run, assumiram papel de destaque na representação portuguesa no Mundial da modalidade, que decorreu em Budapeste, de 4 a 9 de setembro. Conversámos com Carlos ALfaiate, um dos responsáveis por estes sucessos do clube abrantino. como Joel Martins no escalão de veteranos. Portugal foi medalha de bronze por equipas em veteranos e seniores, cujas equipas integraram, respetivamente, os nossos atletas Flora Carrilho e Octávio Vicente. Participaram ainda, com boas prestações, Tiago Marques, Joana Garcia, Teresa Mendes e Carlos Alfaiate. Entre 53 países, Portugal arrecadou 13 medalhas, sendo que os atletas da CBA contribuíram com 7 idas ao pódio. É de realçar que estes resultados não teriam sido possíveis sem o acompanhamento dos nossos treinadores e o esforço financeiro do clube.
Quais as entidades responsáveis pela organização das competições?
O que é, afinal, essa modalidade chamada Laser Run?
O Laser Run é um segmento da modalidade olímpica Pentatlo Moderno, que além do Laser Run (tiro e corrida), inclui as disciplinas da natação, esgrima e hipismo. O Laser Run é uma modalidade emergente que se está a afirmar no panorama mundial, com o objetivo de se tornar modalidade olímpica. As provas consistem em séries de tiro e de corrida, sendo que há o tempo limite de 50 segundos para acertar 5 tiros. Logo que o atleta tenha 5 disparos certeiros, tem que fazer 400 ou 800 metros de corrida. Estas séries são feitas várias vezes, em regime contínuo, consoante o escalão a que o atleta pertence.
Há quanto tempo é praticado o Laser Run na CBA e quantos praticantes têm?
A estreia em competição aconteceu no dia 23 de setembro de 2018, na Amadora. A CBA foi convidada a participar na última etapa do Portugal City Tour da época 2018. Inscrevemos 9 atletas, mas só uma semana antes tivemos acesso às armas, ou seja, os resultados não poderiam ser os desejáveis, mas criou-se um entusiasmo que resultou num crescimento exponencial do número de atletas. Temos a competir 60 atletas federados, no entanto esperamos ainda este ano chegar aos 100.
Recentemente foram notícia pelos resultados ao serviço da
seleção nacional, em Budapeste. Quais os atletas da CBA selecionados e que resultados destacam?
Face ao orçamento exíguo, de 17 atletas com as condições exigidas para representar Portugal, só pudemos levar 11, apesar da participação ser open. O destaque vai acima de tudo para a equipa. Individualmente sobressaíram o ouro conquistado por Tiago Santos e a prata de Carlota Garcia. O Tiago alcançou também uma medalha de prata, já que fez parte da seleção nacional que se sagrou vice-campeã. A Carlota e o Francisco Martins foram vice-campeões em estafetas. O Afonso Maduro também fez parte da seleção vice-campeã coletiva no escalão sub-11, assim
A nível nacional, rege a modalidade a Federação Portuguesa de Pentatlo Moderno (FPPM) e internacionalmente a Union Internationale Pentatlhon Moderne (UIPM), com sede no Mónaco. A Federação faz disputar uma competição em 10 cidades, que passa por Abrantes, o Laser Run City Tour. As provas contribuem para o Ranking Nacional, sendo que uma delas é o campeonato nacional, que define os campeões, tendo a CBA quatro campeões esta época. Cinco etapas fazem parte dos World Rankings e neste momento, que estão disputadas três provas do Ranking Mundial, a CBA tem alguns atletas a liderar.
Abrantes tem boas condições para a prática do Laser Run?
Dentro das disponibilidades que a Câmara de Abrantes nos faculta, temos o básico para treinar já com alguma qualidade. Para a CBA este foi o ano zero e as condições serão melhoradas com a criatividade dos agentes envolvidos no projeto.
Alguns atletas que competem em Laser Run pela CBA integram também as suas equipas de atletismo. Qual a realidade atual do atletismo da CBA?
O atletismo sempre foi e continuará a ser a bandeira da CBA. Foi com orgulho que na época passada recebemos das mãos da Federação Portuguesa de Atletismo o diploma de prata, dado que tínhamos 128 atletas federados. Esse número este ano vai crescer substancialmente, porque a vertente corrida é fulcral no Laser Run e todos os praticantes do Laser Run praticam atletismo, seja de pista, corta-mato ou estrada. Dado que o Laser Run engloba essencialmente como segmento de corrida os 400 metros, esses atletas vieram colmatar uma lacuna, que era a falta de velocistas com que nos deparávamos. Ao longo dos anos, sistematicamente, a CBA participa em todos os campeonatos nacionais, tanto de estrada, como de corta-mato e montanha, onde em veteranos já fomos campeões nacionais com a equipa feminina e vice-campeões com a equipa masculina. No corta-mato e na estrada também já temos alguns atletas no top ten nacional. A nível distrital, participamos em todos os segmentos, tendo a Casa do Benfica em Abrantes inúmeros títulos de campeões, tanto a nível individual como coletivo. Também participamos em provas ditas de cariz popular, assim como noutras provas oficiais. Dada a qualidade do nosso corpo técnico, este ano a nossa aposta forte vai ser na pista, já que na estrada, corta-mato e montanha já estamos consolidados. José Martinho Gaspar
A ABRANCOP está a recrutar trabalhadores na área da construçao civil Precisa de trabalho? Consulte-nos: 914 992 719
Rua de Angola, nº 35 - 2205-674 Tramagal - Abrantes Tel. 241 890 330 - Fax: 241 890 333 - Tm: 91 499 27 19 geral@abrancop.pt - www.abrancop.pt
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JORNAL DE ABRANTES / Outubro 2019
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Campeões de Laser Run
De modo a que possamos envolver toda a comunidade, todos os dias úteis estamos no Estádio Municipal de Abrantes, com um corpo técnico especializado, também virado para a formação. Os treinos efetuam-se entre as 17h30 e as 20h e estão abertos a toda a população, de todas as idades, havendo mesmo casos em que três gerações da mesma família praticam o Laser Run.
CULTURA / NOMES COM HISTÓRIA / Grupo
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Largo Motta Ferraz
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Encontramos este largo a poente da igreja de S. João e deve o seu nome ao fundador de uma farmácia que nele esteve situada durante mais de um século. Segundo a actual proprietária, Isabel Pinhão, a farmácia Motta Ferraz, foi inaugurada a 28 de Maio de 1900 e funcionou no mesmo edifício até 10 de Julho de 1916, altura em que foi deslocalizada para a rua do Olival Basto, na periferia da cidade. O espaço é agora ocupado por uma loja de produtos ortopédicos. Neste local, encontrava-se anteriormente a capela do Socorro, que Motta Ferraz comprou e destruiu para construir o edifício onde foi instalada a farmácia. No seu interior ainda não há muitos anos se encontravam vestígios da mesma, nomeadamente uma pedra de altar. Deixou a sua marca na toponímia antiga, pois a rua denominada hoje de Tenente Valadim, contígua a esta farmácia e que desce na direcção da Praça Barão da Batalha, chamou-se em tempos rua de Nossa Senhora do Socorro, conforme ainda é assinalado na placa camarária. Parece que este mesmo farmacêutico já criara anteriormente, em 1879, uma outra
farmácia em Abrantes, mas não se sabe bem em que local. Mas quem foi Manuel da Motta Ferraz que entrou e com toda a justiça na toponímia abrantina? Nasceu em Tramagal, a 13 de Setembro de 1852 e faleceu em Abrantes a 4 de Março de 1926. Em Coimbra, em 1878, concluiu brilhantemente o curso de Farmácia. No entanto a sua actividade não se limitou a ser um farmacêutico competente, foi também um cidadão activo e comprometido com a sociedade abrantina. Como político militou no Partido Regenerador e nas suas listas foi eleito por várias vezes vereador, entre 1892 e 1908. Desempenhou também, durante algum tempo, o cargo de administrador adjunto do concelho. Interessou-se bastante pelos problemas escolares, tendo concedido um subsídio permanente a uma escola secundária então existente em Abrantes, mas foi sobretudo como principal impulsionador da instalação da iluminação eléctrica, que a sua acção mais se distinguiu. Parece que não foi fácil e que teve que lutar contra os muitos obstáculos que se lhe depararam pelo caminho, mas dessa luta saiu vitorioso e, em 11 de Março de
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1907, é finalmente assinado o contrato entre a Câmara Municipal de Abrantes e Isidoro Froehlig, para o fornecimento de energia eléctrica destinada à iluminação pública de Abrantes e Rossio ao Sul do Tejo, e também para a elevação de água para o abastecimento público. Este contrato foi aprovado pelo Governo a 4 de Abril desse mesmo ano e, em 2 de Maio de 1909, é finalmente inaugurada a iluminação eléctrica em Abrantes. A população ficou-lhe grata e, quando do seu funeral passados quase vinte anos, a Câmara mandou acender os candeeiros públicos em sua homenagem. Passados poucos meses após a sua morte, em sessão de 9 de Setembro de 1926, a autarquia atribuiu o seu nome ao largo onde se situava a farmácia e que anteriormente se denominara da Misericórdia, pois com ele confina a igreja pertencente a esta instituição, com a sua bonita porta lateral da autoria de mestre Gaspar Dinis. Consultas: - Campos, Eduardo, Cronologia de Abrantes dos séculos XIX e XX, edição da C.M.A, 2005 e 2000. - Jornal de Abrantes de 7/3/1926
Outubro 2019 / JORNAL DE ABRANTES
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SAÚDE / // CHMT destaca-se a nível nacional na redução do Tempo de Espera para Cirurgia
Enfermeira Unidade de Saúde Publica do ACES Médio Tejo A 16 de outubro celebra-se anualmente o Dia Mundial da Alimentação, para este ano a FAO definiu como tema, “A PROMOÇÃO DE UMA ALIMENTAÇÃO SAUDÁVEL E SUSTENTÁVEL, DISPONÍVEL E ACESSÍVEL A TODOS”. Como a nível mundial as taxas de sobrepeso e de obesidade continuam a aumentar, pretendem-se ações que tornem as dietas saudáveis e sustentáveis, disponíveis e acessíveis a todos. Queremos que cada um, comece a pensar nas suas escolhas alimentares. “AS NOSSAS AÇÕES SÃO O NOSSO FUTURO”. Mudamos drasticamente as nossas dietas e hábitos alimentares, como resultado da globalização, urbanização e aumento do poder de compra. Mudamos de pratos sazonais essencialmente vegetais e ricos em fibras para alimentos ricos em amido refinado, açúcar, gorduras, sal, alimentos processados, carnes e outros produtos de origem animal. Sobretudo nos centros urbanos, privilegiam-se as refeições pré-confecionadas, fast-food e os restaurantes. Combinamos dietas poucos saudáveis e estilos de vida sedentários, o que tem resultado num aumento das taxas de obesidade, tanto nos países desenvolvidos, como nos países em vias de desenvolvimento, onde a fome e a obesidade frequentemente coexistem. Mais de 670 milhões de adultos e, 120 milhões de rapazes e raparigas entre os 5 e os 19 anos são obesos e 40 milhões de crianças com idades inferiores a 5 anos têm excesso de peso, enquanto mais de 800 milhões de pessoas morrem de fome. É altura de nos interrogarmos e refletirmos acerca do que andamos a fazer com a nossa saúde, bem como a forma como estamos a influenciar as novas gerações… É altura de redefinirmos o trajeto, o tempo urge e, entretanto, deixamos de ter tempo… O MOMENTO PARA A MUDANÇA É AGORA!!! O que necessitamos mudar? Os nossos hábitos de vida diária, mas estamos a falar de coisas simples e pequenas que farão toda a diferença na qualidade de vida de cada um de nós, assim: - Prefira cozinhados simples cozidos, ensopados, caldeiradas e sopas uma vez que este tipo de confeção protege os nutrientes; - Priorize o consumo de vegetais, hortícola, fruta, pão de mistura, cereais, leguminosas secas e frescas, frutos secos e oleaginosas; - Consuma vegetais produzidos local-
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mente e da ÉPOCA; - Use o azeite como principal fonte de gordura; - Modere o consumo de laticínios; - Use ervas aromáticas para temperar, em detrimento do sal; - Aumente o número de refeições de peixe e reduza o consumo de carne vermelha; - Opte por beber água e faça desta, a
sua bebida de eleição ao longo do dia; CUIDE-SE! A sua SAÚDE, vai depender dos cuidados que tiver consigo e, as suas escolhas alimentares irão influenciar os que o rodeiam. Faça da refeição um momento de convívio! Faça jus, ao tema do dia Mundial da Alimentação e comece HOJE a sua mudança!
Lista de Inscritos em Cirurgia reduz 10%
No ano de 2018, o Centro Hospitalar do Médio Tejo, EPE, “apresenta uma expressiva redução de 10% na Lista de Inscritos em Cirurgia face ao ano de 2017, apresentando no final do ano apenas 3706 doentes a aguardar cirurgia”. Estes dados surgem no Relatório Anual de acesso a cuidados de saúde nos estabelecimentos do SNS, da ACSS, e espelham ainda que, no âmbito da Região de Lisboa e Vale do Tejo, o Centro Hospitalar do Médio Tejo é o hospital público com melhor desempenho na Mediana do Tempo de Espera, com o valor de referência de cerca de 3 meses, o que representa uma redução de 14% em 2018 face ao ano anterior. No registo de acesso relativo a doente operado padrão, o CHMT, EPE, apresenta no ano de 2018 um total de 6579 doentes, o que representa um aumento de 2,8% de doentes padrão operados, com uma Mediana de Tempo de Espera de 3,4 meses. Em comunicado, o CHMT, EPE refere que “estes números refletem o crescente acesso aos cuidados de saúde e a dinâmica de qualidade visíveis no desempenho assistencial do Centro Hospitalar do Médio Tejo, EPE. Um crescimento que resulta do empenho, da competência e da dedicação de todos os profissionais de saúde do CHMT, EPE, apostados na melhoria contínua dos serviços prestados à população de toda a região”. Estes resultados, apresentados no Relatório Anual de acesso a cuidados de saúde nos estabelecimentos do SNS, da ACSS, “evidenciam, igualmente, a vitalidade dos valores do Serviço Nacional de Saúde (SNS) acompanhando a criação constante de melhores condições de acesso aos cuidados de saúde a toda a população”.
CARTÓRIO NOTARIAL EM TORRES NOVAS a cargo da Notária MARTA SUSANA MACHADO DA SILVA CRUZ, (em substituição nos termos do artº 48º do Estatuto do Notariado) --- CERTIFICO, para fins de publicação, que no dia 12 de setembro de 2019, no livro de notas para escrituras diversas número vinte e cinco – B, iniciada a folhas 66, foi lavrada uma escritura de JUSTIFICAÇÃO, na qual MANUEL ROSA CASEIRO, casado, natural da freguesia de Aldeia do Mato, concelho de Abrantes, residente na Rua Barbosa du Bocage, nº 48, 1º direito, Serra das Minas, freguesia de Rio de Mouro, concelho de Sintra, que outorga na qualidade de procurador de JOSÉ ALVES CASEIRO, NIF 116.767.650 e mulher, MARIA ROSA, NIF 116.767.642, casados na comunhão geral, naturais da freguesia de Aldeia do Mato, concelho de Abrantes, residentes na Fundação Maria da Conceição e Humberto Horta, sita no Casal Garcia Mogo, União das Freguesias de Torres Novas (Santa Maria, Salvador e Santiago), concelho de Torres Novas, declarou que José Alves Caseiro e Maria Rosa, que, com exclusão de outrem, são donos e legítimos possuidores, dos seguintes bens, situados na freguesia de Aldeia do Mato, concelho de Abrantes: UM - PRÉDIO RÚSTICO, sito em Fojo, composto de pinhal, com a área de dois mil quatrocentos e oitenta metros quadrados; a confrontar do norte com herdeiros de José Francisco Rodrigues Nunes, do sul com José Rosário Caseiro, do nascente com Deolinda Maria do Carmo e do poente com Guilherme Soares Silvério e Paula Cristina Silvério Belfo; inscrito na respetiva matriz sob o artigo 171 secção AH da união das Freguesias de Aldeia do Mato e Souto, anteriormente inscrito na matriz sob o artigo 171 secção AH, da freguesia de Aldeia do Mato (extinta); DOIS - PRÉDIO RÚSTICO, sito em Vales, composto de horta e cultura arvense de regadio, com a área de mil seiscentos e oitenta metros quadrados; a confrontar do norte com Palmira Manuela José Rosário, Manuel do Rosário e outros, do sul com António Rosa Fernandes e Maria Rosa Fernandes, do nascente com Deolinda Maria do Carmo e do poente com António Rosa Fernandes e Maria Rosa Fernandes; inscrito na respetiva matriz sob o artigo 1 secção AD da união das Freguesias de Aldeia do Mato e Souto, anteriormente inscrito na matriz sob o artigo 1 secção AD, da freguesia de Aldeia do Mato (extinta), ambos omissos na Conservatória do Registo Predial de Abrantes. ------ Que os prédios vieram à posse dos justificantes já casados, por compra não titulada, feita por volta do ano de mil novecentos e setenta e sete a João Florindo e mulher, Deolinda Maria do Carmo, residentes que foram em Aldeia do Mato, sem que desse facto, tenham ficado a dispor de título válido para o seu registo, tendo entrado de imediato na posse dos mesmos. ------ A verdade, porém, é que a partir daquela data os seus representados possuem, assim, aqueles prédios, em nome próprio, há mais de vinte anos, passando a usufruí-los sem a menor oposição de quem quer que seja desde o seu início, limpando-os, cortando as árvores, colhendo os frutos, avivando as extremas, retirando dele todas as utilidades possíveis, pagando as respetivas contribuições e impostos – posse que sempre exerceram sem interrupção e ostensivamente, sendo por isso uma posse pacífica, contínua, pública e de boa-fé, pelo que adquiriram os referidos imóveis por usucapião, não tendo, todavia, documento que lhes permitam fazer prova do seu direito de propriedade perfeita pelos meios extrajudiciais normais. Está conforme. Cartório Notarial em Torres Novas, doze de setembro de dois mil e dezanove.
JORNAL DE ABRANTES / Outubro 2019
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Outubro 2019 / JORNAL DE ABRANTES
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ACONTECE...
EVENTO
EXPOSIÇÃO
DESPORTO
ESPETÁCULO INFANTIL
DE 04 OUT A 09 NOV BIB. MUN. ANTÓNIO BOTTO
DIA 12 // 14:30 CORETO DO SOUTO DIA 26 // 14:30 LARGO DO CORETO ROSSIO AO SUL DO TEJO
DIA 19 // 15:00 AUDITÓRIO DA ESC. SEC. DR. MANUEL FERNANDES
Ciclo de Música DIA 04 // 21:30 IGREJA DA MISERICÓRDIA
Ensemble Cassotto com Acácio Teixeira DIA 05 // 21:30 AUDITÓRIO DA ESC. SUP. TECNOLOGIA DE ABRANTES
José Horta Quartet EVENTO
3.º Manobras — Festival Internacional de Marionetas Animadas DIA 11 // 21:30 SOCIEDADE ARTÍSTICA TRAMAGALENSE
Para vós
Cláudia Andrade A caravana passa DIA 20 // 11:00 PARQUE URBANO DE ABRANTES
Histórias para crianças
De Sophia de Mello Breyner Andresen DESPORTO
DIA 05 // 10:00 LARGO DOS COMBATENTES EM TRAMAGAL DIA 26 // 10:00 LARGO DO CORETO EM ALVEGA
Jogos Tradicionais Abrantes 2019 MÚSICA
DIA 10 // 14:00 AUDITÓRIO DA ST. CASA DA MISERICÓRDIA
Sophia na Biblioteca Andante Espetáculo de leituras encenadas ACADEMIA DO MERCADO
DIA 12 // 10:30 MERCADO MUN. DE ABRANTES
Caminhadas Abrantes 2019
ENCONTRO INFANTOJUVENIL COM
DIA 17 // 09:30, 11:00 E 14:00 BIB. MUN. ANTÓNIO BOTTO
Joana M. Lopes Apresentação do livro Coração aos milhões CONFERÊNCIA
DIA 19 // 10:00 EDIFÍCIO PIRÂMIDE
O Ribatejo e a Indústria Fórum Ribatejo DESPORTO
DIA 19 // 01:00 PRAÇA BARÃO DA BATALHA
ANIMAÇÃO E FORMAÇÃO
A Girafa que comia estrelas AtrapalhArte
Rodolfo Castro
DIA 24 // 10:30, 14:00 E 17:00 ESC. SEC. DR. MANUEL FERNANDES, ESC. SEC. DR. SOLANO DE ABREU E ESC. PROF. DE DESENVOLVIMENTO RURAL DE ABRANTES
Sessão de contos
COMEMORAÇÕES
DIA 24 // DURANTE O DIA CENTRO HISTÓRICO DE ABRANTES
Dia Municipal para a Igualdade Programa a consultar DESPORTO
DIA 25 // 21:30 AUDITÓRIO DO ESTÁDIO MUNICIPAL DE ABRANTES
DIA 25 // 09:30-13:00 E DAS 14:00-16:30 BIB. MUN. ANTÓNIO BOTTO
Curso de leitura em voz alta
ACADEMIA DO MERCADO
DIA 26 // 10:30 MERCADO MUN. DE ABRANTES
Broas de Batata Doce Receita da pastelaria Palha de Abrantes premiada no Food Fab Lab 2018
Preparar o Atleta do Futuro Workshop
Trail Abrantes 100
Nutricionista Magda Roma
Com o produtor de azeite Cabeço das Nogueiras
Sorriso Teatro Só
DIA 27 // 15:00 MERCADO MUNICIPAL DE ABRANTES
Fogo lento
Costanza Givone
ESPLANADA 1.̊ DE MAIO ABRANTES
25 — 27 OUTUBRO 2019
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EM DESTAQUE...