Jornal de Abrantes - outubro 2022

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/ JORNAL DE ABRANTES

122 ANOS

/ Abrantes / Constância / Mação / Sardoal / Vila Nova da Barquinha / Vila de Rei / Diretora Patrícia Seixas OUTUBRO 2022 / Edição nº 5620 Mensal / ANO 122

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ENTREVISTA

A RESILIÊNCIA E O SURREALISMO DE CARLOS SARAMAGO Págs.3 e 4 REGIÃO

QUATRO MUNICÍPIOS ORGANIZAM I CONGRESSO DO DESPORTO Pág. 6 CONSTÂNCIA

FATURA DA ÁGUA AUMENTA 20%, IMI BAIXA PARA O MÍNIMO Pág. 10 ABRANTES

Feira de Doçaria Tradicional começou há 20 anos PUBLICIDADE

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Grupo

uma nova forma de comunicar. ligados por natureza. 241 360 170 . geral@mediaon.com.pt www.mediaon.com.pt

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4 ANOS DEPOIS A OBRA ARRANCA

Começam as obras de construção das novas instalações das Consultas Externas e do serviço de Gastroenterologia no Hospital de Abrantes. O investimento é de 1,8 milhões de euros. Pág. 19


A ABRIR / FOTO OBSERVADOR /

EDITORIAL /

Reabriu o Centro de Vacinação de Abrantes O Centro de Vacinação de Abrantes, localizado no Quartel dos Bombeiros Voluntários de Abrantes, voltou a abrir portas no dia 8 de setembro, para a campanha de vacinação sazonal contra a Covid-19 e gripe. Esta campanha iniciouse no dia 7 em Portugal e os primeiros a ser chamados à vacinação foram os maiores de 80 anos com comorbilidades, um processo que vai decorrer novamente de forma escalonada, por faixas etárias, avançando à medida que se esgotem os agendamentos na faixa etária mais elevada. Em Abrantes, o Centro de Vacinação funciona às terças e quintas-feiras. Este centro vai ficar disponível para receber os cidadãos que vão ser convocados pela DireçãoGeral de Saúde.

/ Patrícia Seixas / DIRETORA

Estamos no outono. Uma das minhas estações do ano favoritas e que começou com frio, alguma chuva e agora calor. Tudo normal até aqui. Mas o melhor deste outono são as notícias que traz com ele. É que dezoito meses depois de termos feito manchete com a apresentação do projeto do novo Serviço de Urgências no Hospital de Abrantes, a obra vai finalmente arrancar. Melhores condições físicas para profissionais e utentes são necessárias mas, melhor do que tudo isso, é ter profissionais de saúde a trabalhar no nosso hospital. E esse parece ser um problema com tendência a agravarse. Mas aguardemos que tudo se componha da melhor maneira. É que, por cá, até nem devemos ter grandes razões de queixa. Segundo declarações de Alexandre Valentim Lourenço, presidente do Conselho Regional Sul da Ordem dos Médicos e que visitou o Centro Hospitalar do Médio Tejo (CHMT) este mês, este Centro Hospitalar “é dos que nos tem dado menos problemas”. Ficámos a saber que dispomos de várias unidades muito bem apetrechadas e que os equipamentos e os serviços “têm uma qualidade melhor do que alguns hospitais centrais”. Contudo, a melhor notícia é que temos profissionais “a dar o máximo”. Cansados, é certo, mas que dão o melhor de si em prol dos outros. Obrigada por isso. Ainda na área da saúde e do funcionamento do nosso CHMT, há outra excelente notícia e que já me ajudou muito. Após 50 minutos de espera a ligar para o hospital sem que ninguém me atendesse, recebemos na redação o email que dava conta de que já estava disponível a aplicação do Centro Hospitalar para telemóvel. Ora, foi só descarregar a dita e resolvi o meu problema em menos de um minuto. Afinal, só precisava de uma informação a respeito de uma consulta. Usem, é fácil e chama-se MyCHMT. Por outro lado, quem não domina ou simplesmente não utiliza estas tecnologias, tem pela frente um verdadeiro inferno. Se eu, que nem era uma informação muito urgente, esperei 50 minutos e ninguém me atendeu o telefone, imagino o desespero de quem quer obter informações sobre familiares internados ou resolver algum assunto urgente com o hospital. Este é um ponto negativo do nosso Centro Hospitalar. Falando em saúde, leva-nos à prática do desporto. E aqui também há excelentes notícias. Abrantes iniciou um programa de Desporto para Todos e no mês de novembro é um dos municípios que vai receber o I Congresso do Desporto. Nesta iniciativa juntam-se ainda Entroncamento, Torres Novas e Vila Nova da Barquinha. Pode saber mais nas páginas deste seu jornal. Até novembro, boas leituras e pensamento positivo.

ja / JORNAL DE ABRANTES

PERFIL / / Naturalidade / Residência: Nasci em Abrantes, mas sempre vivi em Tramagal / Qual é o seu maior medo? Na verdade, nunca tinha pensado nesta questão e não me consigo por isso lembrar de nada agora. Mas acho que morrer é um medo de toda a gente. Sabemos que um dia vai acontecer, mas a ideia assusta muito. / David Miguel Gaspar de Jesus, 30 anos / Técnico operador de processos

/ Que pessoa viva mais admira? Não consigo escolher uma pessoa só. Admiro todas as pessoas de quem gosto e que por sua vez gostam de mim e me admiram. / Onde e quando foi mais feliz? A minha adolescência foi muito feliz. Lembro-me muito das brincadeiras de rua, quando as novas tecnologias ainda não “nos dominavam”. Considero-as importantes, mas vivem-se agora tempos diferentes. / Que talento mais gostaria de ter? Gostava muito de ser mágico. Quando era miúdo, queria ser mágico quando fosse grande.

/ Se pudesse mudar uma característica em si, o que seria? Francamente, não mudava nada. Tento ser a melhor pessoa todos os dias. Sou como sou. / Se soubesse que morria amanhã, o que faria hoje? Acho que me reunia com as pessoas de quem gosto para que juntos, pudéssemos aproveitar da melhor forma. Se tivesse tempo para tudo, faria mesmo tudo o que me apetece. / O que mais valoriza nos seus amigos? Lealdade e que estejam sempre lá para o que der e vier. Esses são os verdadeiros Amigos. Aqueles que temos mesmo que guardar. / Quem são os seus artistas favoritos? Johnny Deep e Jim Carrey. São ambos grandes atores e que marcaram a minha infância. / Quem é o seu herói da ficção? Deadpool. Um anti herói da Marvel. Nunca morre, tem um sentido de humor negro que que gosto muito. Sugiro que vejam.

/ Com que figura história mais se identifica? Edward Teach (Blackbeard). Adoro a época dos piratas. Sempre me fascinou. / Quem são os seus heróis da vida real? Talvez dê uma resposta diferente do habitual. Mas aqui vai: Bombeiros, médicos, enfermeiros…são verdadeiros heróis para mim e para todos nós. E grande parte das vezes não lhes é dado o devido valor, principalmente por quem nos governa. / Onde gostaria mais de viver? Bali – onde certamente me sentiria de férias todo o ano. / Se fosse presidente de Câmara, o que faria? Acredito que seja uma tarefa muito difícil. Mas tentaria chegar e ouvir de forma mais ativa a malta mais jovem, porque verdade ou não, os mais novos são o futuro. Há que ouvir ideias e em muitos casos tentar apostar nelas.

FICHA TÉCNICA Direção Geral/Departamento Financeiro Luís Nuno Ablú Dias, 241 360 170, luisabludias@mediaon.com.pt. Diretora Patrícia Seixas (CP.4089 A), patriciaseixas@mediaon.com.pt Telem: 962 109 924 Redação Jerónimo Belo Jorge (CP.7524 A), jeronimobelojorge@mediaon.com.pt, Telem: 962 108 759. Colaboradores Berta Silva Lopes, Leonel Mourato, Paula Gil, Paulo Delgado, Taras Dudnyk, Teresa Aparício. Cronistas Alves Jana e Nuno Alves. Departamento Comercial. comercial@mediaon.com.pt. Design gráfico e paginação João Pereira. Sede do Impressor Unipress Centro Gráfico, Lda. Travessa Anselmo Braancamp 220, 4410-359 Arcozelo Vila Nova de Gaia. Contactos 241 360 170 | 962 108 759 | 962 109 924. geral@mediaon.com.pt. Sede do editor e sede da redação Av. General Humberto Delgado Edf. Mira Rio, Apartado 65, 2204-909 Abrantes. Editora e proprietária Media On - Comunicação Social, Lda., Capital Social: 50.000 euros, Nº Contribuinte: 505 500 094. Av. General Humberto Delgado Edf. Mira Rio, Apartado 65, 2204-909 Abrantes. Detentores do capital social Luís Nuno Ablú Dias 70% e Susana Leonor Rodrigues André Ablú Dias 30%. Gerência Luís Nuno Ablú Dias. Tiragem 15.000 exemplares. Distribuição gratuita Dep. Legal 219397/04 Nº Registo ERC 100783. Estatuto do Jornal de Abrantes disponível em jornaldeabrantes.sapo.pt RECEBA COMODAMENTE O JORNAL DE ABRANTES EM SUA CASA POR APENAS 10 EUROS (CUSTOS DE ENVIO) IBAN: PT50003600599910009326567. Membro de:

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JORNAL DE ABRANTES / Outubro 2022


ENTREVISTA /

O estilo é o surrealismo, mas a adaptação e resiliência são as palavras de vida // Nasceu em Abrantes em 1972, filho de um casal humilde de Mação. Desde a escola primária começou a mostrar “jeito” para as pinturas e foi um professor de Educação Visual que lhe deu “algumas dicas” para continuar a fazer trabalhos de pintura. A primeira exposição foi feita aos 17 anos num café e em 1990 rumou a Itália em busca do sonho. E foi neste país que começou a pintar nas ruas e que conheceu Rotilio Giorgio, um artista que lhe proporcionou novos conhecimentos na mistura de tintas. Três anos depois voltou a Portugal e começou a pintar, numa linha “Saramago” com um estilo surrealista e, ao mesmo tempo, no verão, a fazer arte de rua, com incidência no retrato ou na caricatura. // Hoje, aos 50 anos, Carlos Saramago continua a sonhar e a colocar a imaginação nos óleos. E continua a mostrar uma resiliência tal que, mesmo com a doença (epidermólise bolhosa) que lhe afetou as mãos, um cancro e uma amputação do antebraço direito, não lhe baixam a vontade de continuar a pintar e de ter uma associação ou fundação com o seu nome para apoiar artistas com deficiência. Entrevista por Jerónimo Belo Jorge

Quando é que começaste a desenhar, a pintar, a perceber que tinhas jeito para a arte?

Recuando mesmo ao início, desde muito pequeno comecei logo a pintar, desde a escola primária. Mais tarde houve alguém que visitou a casa dos meus pais viu um desenho e disse “isto é giro, é engraçado”. E depois tive um professor de educação visual que viu que tinha jeito e começou a dar-me temas para pintar. Na altura até era a distorção da camada de ozono e eu começava a fazer aqueles desenhos. Em 1988 é que comecei a pintar a óleo e acrílico, mas sempre autodidata, sem ter nenhuma escola, a não ser a primária e secundária...

... foi um início logo com cores, ou seja, não começaste a desenhar e depois é que vieram as pinturas...

... foi logo lápis de cor, guaches e aguarelas, foi logo a arriscar forte e feio.

Estes primeiros passos foram fáceis, seguir o gosto e o dom, ou foi preciso dosear entusiasmos?

Na altura nem pensava em ser artista. Era a curiosidade. Eu era muito curioso em saber como é que conseguiria realizar a pintura, como é que iria sair. Como tinha essa curiosidade não

havia essa preocupação, nem sequer se estava a fazer bem ou mal. Eu queria era fazer. Ainda hoje não sei se pinto bem ou mal.

Em 1989 fazes a tua primeira exposição. Onde foi? Que trabalhos apresentaste?

Sim, recordo-me. Era uns temas que eu desenhava... não havia um estilo muito próprio. Fiz a exposição num café. Era o que desenhava na altura, o que me vinha à cabeça, flores, paisagem, cavalos... Tinha 17 ou 18 anos.

Ainda tens algum em tua posse?

Resta-me só um desenho dessa altura. Encontrei-o há sete anos, mais ou menos. Foi um desenho que foi publicado no jornal “Voz da Minha Terra” por causa de um grupo de amigos que, na altura me queria ajudar, porque descendo de uma família humilde, os meus pais não condições para o suporte familiar. E este grupo pretendia ajudar-me a comprar materiais para eu conseguir seguir com o meu dom. Um dom, porque o sonho veio mais tarde. Nunca pensei em ser um artista, queria era desenhar e pintar. Nunca pensei: vou ser isto.

Depois sais do país em 1990. Vais para

”A partir de 2015 dei um salto na minha obra”

a Suíça e para Itália porquê? O que foste à procura?

Tinha esta dificuldade financeira e surgiu a hipótese de ir para a Suíça. O meu cunhado e a minha irmã estavam lá e deram-se dormida e todo o apoio e disseram “vais tentar”... Eu era muito novinho, não sabia falar italiano e fui para a rua pintar. As galerias não conheciam o meu trabalho e por isso fui para a rua. E os primeiros quadros que pintei vendi-os logo o que foi uma alegria. Voltei logo no segundo dia, sem pensar nas minhas dificuldades, se sabia falar ou não. Pensei foi: “isto resulta, amanhã tou lá e vou pintar algo mais da zona, em vez de pintar paisagens de Portugal. E resultou.”

Giorgio Rotilio e Otto Bachmann são dois nomes que estão na tua vida e obra. Quem são e o que mudaram

ou acrescentaram ao artista Carlos Saramago?

Como não sabia falar muito italiano recebi a ajuda destes dois artistas que pintavam na rua, como eu. Eram artistas de rua. Tinham espaços físicos deles par ao inverno, mas no verão eram artistas de rua. E deram-me todo o apoio deles. Realmente depois, acabei por começar a falar italiano e fui para o atelier deles. E foi ali que aprendi a mistura de cores, a forma de trabalhar deles. “Bebi muito da arte deles e isso dá-te um empurrão para conseguires começar a pensar no tal sonho”. E é aqui que comecei a pensar: “podia seguir isto, parece-me fácil”. Já sabia desenhar, ali deram-me umas dicas para misturar as cores. Ali comecei a acreditar que podia ganhar dinheiro com a pintura.

Em 1993 voltas a Portugal. Com que objetivo?

Antes, aconteceram-me umas peripécias em Itália, onde fui operado. Saí do hospital e vinha a falar muito bem italiano, foi quando voltei conheci a minha esposa e, como não podia fazer mais nada, pensei fazer cá o mesmo que fazia lá: pintar na rua. Embora tivesse que ser só no verão e comecei a fazer isso. No verão fazia arte de rua e no

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ENTREVISTA / “É o meu estilo (surrealismo Saramago) que eu vendo”

que falta qualquer coisa e tens de fazer coisas, tens de criar. E a arte chama por ti. Olho para as telas, para as tintas e para o pincel e digo “vamos pintar”. Não estou a pensar na mão, é a continuação da adaptação. É outra adaptação. Eu não sei explicar, eu sinto falta da arte. A mão ia atrofiando e fechado e eu ia fazendo a adaptação. Agora é outra adaptação.

vê. Quando dá uma fotografia não há a sensação de estar a posar. Há ali uma magia entre o artista e a pessoa a posar e isso sente-se. Essa magia passa no olhar, no sorriso. Um retrato demora tempo. Eu na rua fazia um esboço e demorava cerca de 30 minutos. Se for um retrato completo leva duas a quatro horas.

Mas continuaste sempre com a pintura. Hoje, se te perguntar qual o estilo em que te inseres, como é que o cidadão Carlos avalia a pintura do artista Carlos Saramago?

inverno exposições. Porque não vendia a minha arte, a minha pintura. Vendia caricaturas...

... E como é que nasceu a caricatura. Foi por uma necessidade da rua, de fazer a arte na rua?

Foi. Era o mais rentável, até porque na Suíça o Giorgio era retratista e vi-o a trabalhar e, já em Portugal, pensei que podia fazer isso e comecei a praticar.

Quando olhas para uma pessoa, imaginas logo onde pegar para caricaturar, ou começas a desenhar e depois é que “crias” o boneco? Porque, acaba por ser isso?

A caricatura é totalmente diferente do retrato. No retrato estás a copiar uma coisa e é o que estás a ver. A caricatura, tens de identificar logo os traços. Quando uma pessoa se sentava vinha alegre e conseguia logo captar os traços mais engraçados para fazer a caricatura, embora nunca tenha conseguido exagerar. Nunca consegui. Não gostava de estar a brincar com as pessoas. Fazia um retrato mais divertido e não a caricatura cómica.

As pessoas ainda procuram muito a caricatura? O retrato. Procuram o retrato, sim.

Através de fotografia com com a presença física da pessoa?

Mais da presença física. Acho que a pessoa quer ver como é que o artista a

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JORNAL DE ABRANTES / Outubro 2022

Gosto que sejam os outros a dizer qualquer coisa. Mas as minhas coisas são Saramago. Se formos a ver é surrealismo, um surrealismo de Saramago. O surrealismo é a minha praia, são as minhas fantasias, os meus sonhos, as minhas criações, as minhas histórias. No surrealismo consegues misturar isso tudo. E tento fazer com que essas histórias sejam passadas e que as pessoas as interpretem, à maneira delas.

Tiveste esta linha de surrealismo ou tentaste entrar noutros estilos?

Tentei. Tentei ir ao realismo, paisagem, impressionismo e até mesmo o abstrato. Mas sempre que estava no abstrato, quando dava por ela já estava no surrealismo. Então não dá para fugir, é o teu subconsciente a passar para a tela.

Carlos, há na tua vida uma contrariedade que foi o aparecimento da doença que te afeta principalmente as mãos (epidermólise bolhosa). Quando percebeste os contornos desta doença, pensaste que a arte poderia desaparecer da tua vida?

Sempre vivi com uma doença de pele e sempre tive as mãos atrofiadas, então toda a minha vida na arte foi uma adaptação constante. O ter aparecido um cancro, mais tarde, fez-me pensar que era só mais uma doença, um acrescento. O ter de fazer a amputação do antebraço aí já me fez pensar que isto esta a evoluir muito rapidamente. Mas quando acordas de manhã sentes

Tiveste sempre uma resiliência enorme. Fizeste uma adaptação a esse problema, que acredito que nem sempre tenha sido fácil…

... a minha quebra nem foi na questão da doença. A minha quebra era mais o pensamento “o que é que vou fazer a tantas pinturas?” Tu vais vendendo, mas vais acumulando e começas a pensar que não consegues dar aquele salto. E no meio de todo este turbilhão consegui dar o salto. O meu nome é conhecido, a pinha pintura é procurada, tenho pessoas a investir em mim. Eu tenho 50 anos e isto não devia acontecer agora, devia acontecer quando eu tiver 70 ou 80. Mas está acontecer agora. Essas quebras que tive estão a ser compensadas pelas coisas boas que estão a acontecer.

A pandemia, dois anos complicados, afetaram muito o teu trabalho?

A pandemia para mim não me trouxe inspiração. Eu pensei na pandemia, no confinamento, como meu porque um artista está sempre em confinamento, está sempre em “pandemia”. A arte não é decorativa, é para pendurar, mas não decoração apenas. A arte é decoração, mas é investimento. Nessa altura houve esta “boa fé” de quererem ajudar os artistas. Eu tive esse apoio. O ano 2020 foi aquele em que vendi mais, e estavamos em pandemia. Mas o artista é um solitário está sempre em confinamento. É aqui [sala onde tem o cavalete, as tintas e os pincéis] que tenho o meu confinamento, onde me sinto bem. Tanto pinto na rua como dentro de casa, mas digo que é em Mação que me sinto mais inspirado. Já fui para exposições fora do país e não tive tanta inspiração. Nãos sei explicar. Serão os ares, a minha casa, as minhas coisinhas... é isso tudo. E estar a pintar, sair à rua respirar o ar, o cheiro a eucalipto... faz-me voltar para dentro de casa e agarrar-me à tela.

Tens atelier, fazes exposições e tens lojas online. Esta também foi uma adaptação do Carlos Saramago?

Sim foi. Eu recebi muitas negas de muitas galerias porque a arte do Carlos Saramago é muito bruta, muito

intimista e as galerias achavam que não vendia. E ao receber as negas tive de me adaptar. As redes sociais e o online permitem dar a conhecer a tua arte e como tal fui criando esses espaços online, embora só tenha vendas em dois sites. Um de uma leiloeira e o meu site principal (blogue). Mas o online só te dá a conhecer porque as pessoas que querem mesmo comprar arte vem ver ao vivo. Quem procura a arte sabe que uma imagem não é o quadro real, porque as cores modificam-se. Por exemplo, tenho clientes que vêm aqui a casa e estão a ver os quadros e depois dizem “vamos levá-los para a rua.” A luz muda tudo. As redes (sociais) servem para divulgar, mas nas vendas as pessoas vêm a casa para ver os quadros.

Neste momento tens trabalhos a pedido ou os potenciais compradores vêm ver o que tens feito?

É curioso. Até 2015 era por encomenda. As pessoas queriam um vaso e eu pintava. Depois de 2015 as coisas mudaram. Não tem a ver com redes sociais ou exposições. Os poucos clientes que tinham e que investiam em Saramago começaram a ter os quadros em casa e começaram à procura. E começaram à procura do meu estilo. É aquilo que vendo. Eu tenho paisagens em casa e não as vendo. As pessoas querem o meu estilo de surrealismo.

Aos 50 anos, o que é desejas para o futuro imediato, para além, claro, de continuares com o teu trabalho?

Sou uma pessoa de objetivos. Neste momento o objetivo é no terreno que tenho lá fora criar um espaço digno para pintar e para ter as minhas pinturas expostas, porque aqui [em casa] é reduzido e improvisado. Depois, no futuro, é conseguir, porque surgiu-me esta ideia, criar uma associação ou uma fundação com o meu nome com o meu espólio, apesar de ser curto, neste momento. Tive investidores que que compraram as minhas obras que estão agora espalhadas por Portugal, França, Holanda, Suíça. E são aquisições não de um quadro, mas de 10, 15. Tudo aquilo que vier a pintar, com a adaptação nova, vai ficar para essa associação que terá como objetivo apoiar artistas com deficiência. Dar apoio naquilo em que Portugal não está a dar. Fui agora com outros três pintores representar Portugal a Milão (Itália) e foi tudo à nossa conta. Se existir um apoio, nem que seja só para a deslocação das telas já era bom. Daí a vontade de criar uma instituição que possa dar apoio aos futuros artistas.

No surrealismo do Carlos Saramago, se no dia de hoje (28 de setembro, 11 horas) pedisse para ires para a tela que cores é que irias escolher?

Azuis. Não sei porquê. Olho muito para o céu. O céu dá-me o infinito e acredito que há sempre qualquer coisa para lá. E esse infinito é das coisas que me dá mais curiosidade. O planeta [Terra] é fantástico, mas o que está para lá, para fora, é único. E esse infinito, quando olho para o céu, inspira-me.


SAÚDE / Abrantes CHMT “ é dos que nos tem dado menos problemas” // O presidente do Conselho Regional Sul da Ordem dos Médicos visitou os três hospitais do Centro Hospitalar do Médio Tejo no dia 21 de setembro e destacou os “elevados níveis de qualidade” de alguns serviços, que atribuiu ao esforço dos profissionais, num contexto de falta estrutural de recursos humanos. Alexandre Valentim Lourenço esteve nos hospitais de Torres Novas, Abrantes e Tomar, que integram o Centro Hospitalar do Médio Tejo (CHMT), onde visitou serviços e se reuniu com grupos de médicos. Após a visita ao Hospital de Abrantes, Alexandre Valentim Lourenço referiu que, “nos últimos quatro ou cinco anos, este Centro Hospitalar é dos que nos tem dado menos problemas e queríamos perceber porquê, saber o que está a acontecer”. E o que viu na visita que fez às instalações da unidade hospitalar foram “várias unidades muito bem apetrechadas, os equipamentos e os serviços têm uma qualidade melhor do que alguns hospitais centrais e vimos pessoas que continuam a dar o máximo, que começam a sentir as dificuldades, que estão muito cansados, mas continuamos a ter alguns serviços de referência numa região que parece limítrofe e não é”. Alexandre Valentim Lourenço realçou “o excelente serviço de Nefrologia, uma capacidade da

/ “Os equipamentos e os serviços têm uma qualidade melhor do que alguns hospitais centrais” Pediatria, da Neonatologia ou da Ortopedia de continuar a trabalhar, mesmo com listas de espera e com tudo o que aflige a medicina em Portugal no serviço público, mas com um grande esforço dos profissionais”. O presidente do Conselho Regional Sul da Ordem dos Médicos

deu ainda conta das preocupações de alguns médicos, “vários”, que “estão a ver a aproximar-se o tempo de reforma e não veem capacidade de renovar os Quadros como entendiam”. Requerem que haja “mudanças estruturais na carreira médica que dignifiquem o exercício de cada um e, sobretudo, que

recompense a requalificação - os mais qualificados e aqueles que se querem diferenciar, que além de serem especialistas, ainda tiram mais competências e especialidades. Que possam ser recompensados de forma igual e que não sejam prestadores externos, com menos qualificação nas Urgências a garantir o funcionamento do serviço”. Pediu também que se estabeleça “esta diferença e dicotomia entre muito qualificados e mal pagos e menos qualificados e bem pagos”. Quanto à realidade da aposentação de vários clínicos, Alexandre Valentim Lourenço reconheceu que o problema é sempre mais intenso nas especialidades mais expostas à Urgência, como a Medicina Interna, a Obstetrícia, Neonatologia e Pediatra. No caso concreto do CHMT, “a existência do serviço de Neonatologia num polo hospitalar e o serviço de Pediatria num outro, dificulta as escalas. Se estivessem no mesmo, os médicos às vezes podiam fazer coisas ao mesmo tempo e estar mais juntos, mas o facto de termos

os partos em Abrantes e a Pediatria noutro lado é um pouco um contrassenso”. Acrescentou que esta situação “funcionou sempre bem quando havia muitos médicos mas se começarem a reduzir, nós não teremos esses médicos”. Contudo, Alexandre Valentim Lourenço, também quis apontar os fatores positivos e, para tal, destacou o serviço de Nefrologia que “tem muitas valências, que continua a atrair médicos internos de todo o país (...) e isto são exemplos positivos de que equipas bem estruturadas, a trabalhar bem, conseguem atrair muita gente”. E deixou o aviso da urgência “que temos que evitar que estas equipas desapareçam”. A solução “é exatamente o contrário, é incubar novas equipas, com esta qualidade, nas várias especialidades e dar-lhes capacidade de eles trabalharem, de serem autónomos e de crescerem na medida que as populações precisam e requerem a estes hospitais”. Patrícia Seixas PUBLICIDADE

Outubro 2022 / JORNAL DE ABRANTES

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REGIÃO / Desporto

I Congresso do Desporto junta Municípios do Médio Tejo // Foi no dia 27 de setembro que o Centro Cultural do Entroncamento recebeu a apresentação pública do I Congresso do Desporto, que se irá realizar nos dias 5 e 6 de novembro, numa organização conjunta dos Municípios de Abrantes, Entroncamento, Torres Novas e Vila Nova da Barquinha. O I Congresso do Desporto “potencia o território do Médio Tejo e, tal como as atividades desportivas, promove o sentido de união, de equipa e do coletivo”. Foi neste espírito que quatro municípios do Médio Tejo se uniram e vão levar a cabo a iniciativa. Na cerimónia de apresentação oficial, estiveram presentes os quatro presidentes das respetivas autarquias, nomeadamente, Manuel Jorge Valamatos, de Abrantes, Jorge Faria, do Entroncamento, Pedro Ferreira, de Torres Novas e Fernando Freire, de Vila Nova da Barquinha. Todos os autarcas enalteceram esta conjugação de sinergias para a realização de um evento que terá uma dimensão regional. O presidente da Câmara do Entroncamento, Jorge Faria, deu as boas-vindas a todos os presentes e começou por dizer que a iniciativa partiu da Câmara Municipal de Abrantes, à qual “nos associámos com todo o gosto porque entendemos que uma iniciativa desta natureza é para tentarmos levar a cabo devido à importância para os nossos territórios e para as pessoas” que neles vivem. Explicou que o Congresso tem o desporto como tema central, “na relação que estabelece com a justiça, com a ética, com a saúde e o bem-estar, com a sociedade e com o movimento associativo”. Irá decorrer, no dia 5 de novembro, em Abrantes, Entroncamento, Torres Novas e Barquinha, com as conclusões a serem apresentadas no dia 6, em Abrantes. Nesta sessão plenárias, os moderadores “apresentarão as conclusões dos módulos em que tiveram intervenção e que se pretende que esses módulos possam ser inseridos num futuro livro do Congresso e, eventualmente, nalguma proposta que seja submetida à apreciação do Governo ou das autarquias locais”, informou Jorge Faria. Manuel Jorge Valamatos, presidente da Câmara de Abrantes, disse que este é um primeiro Congresso que abrange a região do Médio Tejo “porque o território precisa desta articulação” entre todos. Afirmou não ter sido uma surpresa conseguir todas as entidades presentes na cerimónia e implicadas na organização do Congresso porque, justificou, “há eventos que são desenhados e pensados para uma determinada dimensão e, porventura, ficam reféns do seu espaço e há eventos em que se percebe logo que deveriam ter uma dimensão extraordinária”. Falando de “pessoas muito

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/ Em debate vão estar temas como justiça, ética, saúde, bem estar, sociedade e associativismo

“Promover o sentido de união, de equipa e do coletivo”

responsáveis por isto que está a acontecer”, destacou a coordenação de Paulo Lourenço, o grande impulsionador da iniciativa. Há muitos anos ligado à Federação Portuguesa de Futebol mas “um abrantino de gema”, “constrói este pensamento mais alargado do próprio território e do Médio Tejo”. “É um homem importante na nossa terra e no nosso território na forma como pensa e como as pessoas se envolvem na nossa comunidade e nós precisamos deste sentido sempre latente de querer ajudar e de querer fazer mais e melhor”. Quanto ao facto de o Congresso

JORNAL DE ABRANTES / Outubro 2022

passar pelos quatro Municípios, Manuel Jorge Valamatos realçou o facto de estarem “todos juntos, em pé de igualdade, porque o desporto carrega em si o sentido de união e de equipa, mais do que as questões individuais”. Pedro Ferreira, presidente da Câmara de Torres Novas, lembrou a evolução que o desporto teve nos últimos 30 anos e que, apesar das condicionantes, a região consegue ter campeões. Destacou a importância dos temas que vão estar em debate para o futuro do desporto “porque são questões importantes de ser pensadas a nível da socieda-

de e do próprio desporto em si”. “Que não fique em primeiro lugar a competitividade, que é sempre salutar, mas que fique sobretudo a prática para o bem da saúde das nossas crianças e que progrida até à terceira idade, nem que seja a jogar ping pong ou matraquilhos. Outro tema que também é importante e que antigamente não havia essa preocupação, prende-se com a legalidade das coisas. Hoje em dia, ser dirigente é uma tremenda responsabilidade”, afirmou o autarca. Fernando Freire, presidente da Câmara de Vila Nova da Barquinha também teve uma palavra para

Paulo Lourenço e começou por afirmar que “de facto, organizar este Congresso foi fácil”. Pelo trabalho desenvolvido pelos vereadores do pelouro e pelos técnicos das quatro autarquias envolvidas e porque trabalhar com o envolvimento de Paulo Lourenço “é muito mais fácil”. “A sua entrega e a sua intensidade nos projetos é meio caminho andado para quem é autarca. É dizer avance, continue, é confiança plena”, declarou Fernando Freire. O presidente da Câmara de Vila Nova da Barquinha concluiu a sua intervenção com uma frase de Nelson Mandela: “O desporto tem o poder de superar velhas divisões e criar laços de aspirações comuns”. O programa do Congresso agrega vários plenários com oradores reconhecidos e de mérito na sua área de intervenção e no panorama. O Congresso do Desporto é certificado pelo IPDJ – Instituto Português do Desporto e Juventude, com a atribuição de créditos aos técnicos de desporto participantes. As inscrições para o Congresso do Desporto irão abrir em breve. Patrícia Seixas


REGIÃO / Abrantes

Alunos do secundário receberam prémios de mérito do Município e Tejo Energia // A Câmara Municipal de Abrantes e a Tejo Energia entregaram no dia 23 de setembro, os Prémios de Mérito aos melhores alunos do secundário no ano letivo 2021/2022 dos Agrupamentos de Escolas Nº 1 e Nº 2 de Abrantes e da Escola Profissional de Desenvolvimento Rural de Abrantes (EPDRA). / CMA

/ Prémios de Mérito distinguiram alunos do ensino secundário das escolas de Abrantes

/ A cerimónia teve lugar no Pavilhão Agroalimentar da EPDRA

para irem ao encontro daquilo que precisam”. Desejou muita força para o futuro e “que não percam de vista aquilo que querem atingir. Com certeza que com todo o esforço, vão lá chegar. É preciso acreditar”. Já o presidente da Câmara de Abrantes, Manuel Jorge Valamatos, agradeceu à comunidade educativa e parceiros por ajudarem a premiar o esforço dos alunos. “Os jovens que hoje aqui premiamos tiveram desempenhos escolares extraordinários. Das artes do espetáculo às ciências, passando pelas tecnologias, pelos sistemas informáticos ou ensino profissional... esta diversidade demonstra que temos jovens preparados para enfren-

tarem o futuro nas mais diversas áreas profissionais”, afirmou o autarca. Manuel Jorge Valamatos relembrou ainda o que estes jovens tiveram que passar em tempos de pandemia. Disse não esquecer “o que a vossa geração sofreu muito com os efeitos da pandemia histórica, que colocou desafios muito complexos à nossa comunidade escolar. A dedicação, compromisso, resiliência que demonstraram - e estou certo que replicarão durante as vossas vidas - é um mérito inegável que, com orgulho, hoje vos reconhecemos”. O presidente do Município deixou ainda uma palavra de reconhecimento às famílias e aos professores “por terem estado sempre ao vosso lado nesta caminhada”. Foram este premiados pelo Mérito dos resultados escolares: Murilo Oliveira, aluno do Curso de Artes do Espetáculo da Escola Secundária Dr. Manuel Fernandes; Bárbara Damásio, aluna do ensino regular na área de Ciências e Tecnologias da Escola Secundária Dr. Manuel Fernandes; Ana Maria Felício, aluna do ensino regular na área de Ciências e Tecnologias, da Escola Secundária Dr. Solano de Abreu; Filipe Silvestre, aluno do curso profissional de Técnico de Gestão e Sistemas Informáticos, da Escola Secundária Dr. Solano de Abreu; Eduarda Silva, aluna da EPDRA. A Câmara Municipal de Abrantes e a Tejo Energia asseguram anualmente a parte financeira correspondente aos prémios 1.250 euros para cada aluno -, sendo que as escolas envolvidas desenvolvem o processo de seleção dos alunos, onde o critério é a obtenção da melhor média. Patrícia Seixas PUBLICIDADE

Os Prémios de Mérito pretendem ser um incentivo ao mérito escolar dos alunos e resultam de um protocolo de colaboração estabelecido em 2012 entre o Município de Abrantes, a Tejo Energia e as Escolas Dr. Solano de Abreu, Dr. Manuel Fernandes e EPDRA. A cerimónia teve lugar na EPDRA, em Mouriscas, e a diretora da escola deu as boas-vindas a todos. Marly Serras afirmou que “a atribuição destes prémios constitui-se como um estímulo e, simultaneamente uma responsabilidade para toda a comunidade educativa (...) porque exige que estejamos comprometidos com o objetivo de criar uma cultura de que o esforço vale a pena. Que a procura da excelência é árdua mas tem um fim: o reconhecimento que é devido”. A diretora da EPDRA relembrou os alunos que “ser bom aluno e bom profissional, implica, para além do saber e do saber fazer, o saber ser e o saber estar. E isso implica a atenção permanente nos valores fundamentais da formação humana”. Em representação da Tejo Energia, parceira do Município na atribuição dos Prémios de Mérito, falou Dulce Franco. A responsável começou por felicitar os alunos distinguidos, “mas também todos os outros que este ano letivo também tiveram sucesso e que, face aos critérios”, não foram premiados. No entanto, disse acreditar “que tenha havido bastantes a atingir os seus objetivos”. Ao dirigir-se aos alunos, Dulce Franco apelou a que “procurem sempre aquilo que são os vossos desejos e objetivos, não esquecendo que o esforço é vosso mas que à vossa volta há um conjunto de pessoas que vos apoiam e onde vocês também vão buscar forças

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REGIÃO / Vila Nova da Barquinha

Comando sub-regional a ANEPC do Médio Tejo fica em Praia do Ribatejo // Uma parte da Escola Primária da freguesia de Praia do Ribatejo, no concelho de Vila Nova da Barquinha, já está em obras para acolher a estrutura sub-regional do Médio Tejo da Autoridade Nacional de Emergência e Proteção Civil (ANEPC). A nova divisão nacional da ANEPC, tendo como base 5 comandos regionais e 23 comandos sub-regionais, tantos quantos as comunidades intermunicipais do continente, entram em funcionamento em janeiro. Inicialmente tudo apontava para que o comando sub-regional da NAEPC do Médio Tejo ficasse instalado na Sertã. O anuncio chegou a ser feito pelo presidente da Câmara Municipal da Sertã, José Farinha, em setembro de 2021. No entanto a Comunidade Intermunicipal do Médio Tejo defendeu uma localização mais central desta estrutura e em dezembro desse ano, a presidente da CIM, Anabela Freitas, pediu esclarecimentos sobre os fundamentos técnicos para a escolha desta localização. Nessa altura, perto do Natal do ano passado o governo anunciava uma mão cheia de localizações de comandos sub-regionais, mas o Médio Tejo continuava em análise. Entretanto a 9 de fevereiro deste ano o presidente da Câmara de Vila Nova da Barquinha, Fernando Freire, dava conta que “tivemos uma comunicação do secretário de Estado da Administração Interna a informar que, na sequência do que foi deliberado na Comunidade Intermunicipal de Médio Tejo (CIMT) em setembro de 2019, é intenção do Governo criar um Comando sub-regional para a chamada NUT II, no

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Médio Tejo, em Vila Nova da Barquinha”. Nessa mesma reunião o autarca indicou ainda que perante este convite, “o Município vai abraçar este projeto”. Para tal, “vamos fazer a requalificação do edifício escolar que se encontra na Praia do Ribatejo e, se tudo continuar na senda que vinha, em termos políticos, do anterior Governo, vamos criar o Comando sub-regional da Proteção Civil”. Já com os processos em andamento, a ANEPC está a avançar com obras de requalificação de uma parte da escola primária de Praia do Ribatejo, devoluta, para acolher esta estrutura sub-regional, que deverá, ao que tudo indica, começar a trabalhar em janeiro do próximo ano. De acordo com o despacho da secretária de Estado da Proteção Civil, cinco destes comandos sub-regionais (Ave, Alto Tâmega, Tâmega e Sousa, Oeste e Médio Tejo) entram em fase de testes a partir de 1 de setembro. Fernando Freire, autarca de Vila Nova da Barquinha, explicou ao jornal de Abrantes que esta intervenção física na escola é da responsa-

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bilidade da ANEPC. E acrescentou que vai haver uma barreira física entre este novo serviço e a ala da escola que se mantém em funcionamento. O que está a ser feito é uma remodelação do espaço edificado para adaptação a este novo serviço. Esta intervenção, da responsabilidade da ANEPC, tem um custo de cerca de meio milhão de euros, já com equipamentos incluídos. A Câmara vai “vedar todos os acessos confinantes com o Jardim de Infância e com a EB1, mas mantendo portões para que as crianças circulem sempre por locais resguardados e com proteção.” Ainda de acordo com o autarca, este comando sub-regional do Médio Tejo vai ter cerca de 20 operacionais a trabalhar em pleno, aguardando-se o concurso público para o comandante sub-regional e para o segundo comandante sub-regional. Esta estrutura que vai trabalhar a partir Praia do Ribatejo será uma célula de planeamento, tal como funciona já o comando sub-regional da Lezíria do Tejo, em Almeirim.

Os 18 comandos distritais de operações e socorro (CDOS) vão acabar a 01 de janeiro de 2023 para dar lugar aos 23 comandos sub-regionais de emergência e proteção civil. De acordo com a secretária de Estado da Proteção Civil, Patrícia Gaspar, “estamos a implementar a lei orgânica da Autoridade Nacional de Emergência e Proteção Civil (ANEPC) e no dia 01 de janeiro passaremos de 18 CDOS para 23 comandos sub-regionais”. A declaração da governante foi feita a 21 de setembro no parlamento durante uma interpelação ao Governo requerida pela Chega sobre “as sucessivas falhas no combate aos incêndios”. Para a secretária de Estado, este “é um processo de planeamento, cuidado, maturado, sensível que está a ser feito em estreita articulação entre a ANEPC, Governo e todos os parceiros”. “Isto é um modelo que vai permitir estar mais próximas das populações, mas próximos dos diferentes parceiros e garantir uma resposta e uma atuação mais eficaz”, precisou.

O fim dos 18 comandos distritais de operações e socorro e a criação de 23 comandos sub-regionais de emergência e proteção civil estavam previstos na lei orgânica da ANEPC, que entrou em vigor em abril de 2019. Na altura ficou decidido que a nova estrutura regional e sub-regional entrava em funcionamento de forma faseada, estando já em funções os comandos regionais do Norte, Centro, Lisboa e Vale do Tejo, Alentejo e Algarve. A circunscrição territorial dos 23 comandos sub-regionais de emergência e proteção civil corresponde ao território de cada comunidade intermunicipal. Já o presidente da Liga dos Bombeiros Portugueses, António Nunes, disse que “não aceitamos. O que vai acontecer é que vamos aprovar uma organização ao nível distrital, vamos criar zonas operacionais em cada distrito e setores operacionais em cada distrito. Os bombeiros, enquanto agente da Proteção Civil, vão ficar exatamente igual à GNR e PSP”, reforçou o dirigente. Jerónimo Belo Jorge (C/Lusa)


SOCIEDADE / 60 enfermeiros da Urgência de Abrantes pediram escusa // Os Enfermeiros do serviço de urgência do Hospital de Abrantes, unidade pertencente ao Centro Hospitalar Médio Tejo (CHMT) apresentaram escusa de responsabilidade no início do mês de setembro. De acordo com uma informação avançada pela secção regional do sul da Ordem dos Enfermeiros, os profissionais “alegam a insuficiência de enfermeiros na equipa, face ao elevado número de doentes internados. ” Ainda de acordo com as razões para esta posição assumida esta terça-feira “o que tem sobrecarregado os mesmo na prática do exercício profissional, pondo em causa o atendimento a doentes emergentes / muito urgentes e urgentes.” O Jornal de Abrantes contactou o Conselho de Administração do Centro Hospitalar do Médio Tejo (CHMT) que confirma a receção de 61 declarações de escusa de responsabilidade apresentadas por enfermeiros do Serviço de Urgência da Unidade de Abrantes. Em resposta por escrito a administração diz estar “ciente do esforço que todos os enfermeiros das instituições do CHMT têm

/ Os enfermeiros não defendem uma maior número de profissionais, mas sim alterações no funcionamento do serviço de urgência em Abrantes empreendido nos últimos dois anos e meio, na resposta assistencial aos utentes do Médio Tejo.” E adianta ainda que o Conselho de Administração “respondeu in-

dividualmente a cada uma das declarações apresentadas, reconhecendo a dedicação dos profissionais no combate a esta situação excecional de saúde pública, agra-

decendo, também, a resposta que tem sido dada pelos profissionais de enfermagem, em particular, e de todos os profissionais de saúde da instituição.” Ainda de acordo com a estrutura dirigente liderada por Casimiro Ramos o Conselho de Administração “assegurou aos profissionais em causa que tem tomado todas as medidas ao seu alcance, nomeadamente a contratação de recursos humanos, para reforço da resposta assistencial decorrente do aumento de afluência de doentes às instituições hospitalares do SNS.” A concluir a administração do CHMT, que é constituído pelas Unidades de Abrantes, Tomar e Torres Novas, deixa uma palavra de serenidade aos seus utentes. Há, de acordo com esta informação, a garantia do “regular funcionamento do Serviço de Urgência de todas as unidades (Abrantes, Tomar e Torres Novas) bem como a habitual capacidade de resposta que sempre garantiu à população.” E deixa ainda a nota de que os Serviços de Urgência Básica Médico-cirúrgica e Pediátrica nunca estiveram encerrados à população em nenhum momento da história do CHMT. Em declarações à rádio Antena Livre, no início do mês, a basto-

nária da Ordem dos Enfermeiros, Ana Rita Cavaco, confirmou o pedido de escusa de responsabilidade dos enfermeiros de Abrantes. E vincou que desde o momento em que foi disponibilizada a declaração pela Ordem que têm acontecido pedidos de equipas inteiras e não apenas de alguns profissionais de uma equipa. A bastonária indicou ainda que este documento é também um alerta que os enfermeiros fazem, ao mesmo tempo que repete que Portugal tem das piores médias de enfermeiros por cidadão da Europa. Ana Rita Cavaco disse ainda que a Ordem faz todos os meses uma ronda pelos profissionais para saber quantos estão disponíveis para poderem ser contratados. E depois adiantou que há um problema grave que tem a ver com os períodos de contratação, de 4 meses, que é do governo e não das administrações, mesmo que estas tenham muita autonomia. À hora de fecho desta edição do Jornal de Abrantes, uma fonte ligada a este processo confirmou que estava tudo na mesma, ou seja, que os enfermeiros continuam com a mesma posição uma vez que não houve qualquer mudança no funcionamento dos serviços. Jerónimo Belo Jorge PUBLICIDADE

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REGIÃO / Constância

Fatura da água aumenta 20% e IMI baixa para valor mínimo // O Município de Constância vai ter de fazer um aumento na fatura do ambiente, água, saneamento e resíduos sólidos urbanos, na ordem dos 20%. Como forma de compensar este aumento, necessário, o Município vai baixar a taxa de IMI, Imposto Municipal sobre imóveis para o mínimo. A informação foi avançada na reunião do executivo municipal de Constância de 28 de setembro e depois confirmada e explicada aos jornalistas por Sérgio Oliveira, presidente da Câmara Municipal. Foi a vereadora eleita pela CDU, Manuela Arsénio, que questionou o presidente sobre um relatório da Entidade Reguladora dos Serviços de Águas e Resíduos (ERSAR) segundo o qual o município estaria em incumprimento no que diz respeito a uma comparticipação municipal nos custos destes serviços. A vereadora tinha pedido o relatório, mas na altura foi considerado mais sensato esperar pelo relatório de 2022. Desta forma perguntou se já existia ou não novo relatório. Sérgio Oliveira respondeu à pergunta e indicou que os preços do tarifário da água vão ter de ser atualizados porque o município tem de cobrar aos munícipes os serviços de ambiente, água, saneamento e resíduos, em valor não inferior a 90% do seu custo efetivo. E o que acontecia era que os munícipes de Constância tinham da sua Câmara Municipal um apoio superior aos 10%, pelo que os valores têm mesmo de ser atualizados.

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É que se não forem a autarquia é obrigada a devolver a comparticipação financeira que recebeu nalgumas obras. E eu o exemplo da ETAR de Montalvo. “Nós estamos, neste momento, em risco de ter de devolver parte ou a totalidade do financiamento que recebemos para a ETAR de Montalvo precisamente por não cumprirmos com a cobertura mínima de riscos. Na área de água, saneamento e resíduos se não cumprirmos com os rácios da ERSAR, de 90%, corremos o risco de poder não aceder a fundos comunitários nessa área, por um lado, e podemos ter de devolver o montante que recebemos [de apoios comunitários], por outro”, explicou o autarca. E acrescentou que, em relação à ETAR de Montalvo, ainda “não fomos obrigados a devolver porque pedimos a prorrogação que nos deixassem cumprir por mais um ano. O prazo termina no final deste ano”, concluiu Sérgio Oliveira. Esta é uma das premissas dos concursos públicos para estes segmentos de água e resíduos. Manuela Arsénio compreendeu a posição a que o Município está obrigado, mas deixou o lamento e a indignação pela situação. Numa

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Se não subir os preços da água a Câmara corre o risco de ter de devolver financiamentos europeus já investidos

altura em que há cada vez mais competências transferidas para as autarquias, estas não podem decidir que apoios podem ou não dar aos seus munícipes, por exemplo no custo da água. A vereadora diz que o que se está a mexer é a autarquia não poder ter uma palavra, uma mão na qualidade de vida das pessoas. “É revoltante. Há toda uma estratégia a dizer que as autarquias são, de facto, os elementos, os parceiros mais adequados porque estão próximos das pessoas e conseguem fazer fantásticas ma-

ravilhas. E depois não conseguem decidir, não podem decidir se querem ou não assumir encargos com a água. É surreal.” Aos jornalistas, no final da reunião, Sérgio Oliveira explicou que a Câmara de Constância está muito dependente do aproveitamento de financiamentos comunitários pelo que não pode perder o acesso a estas verbas. Constância teve dez anos sem fazer qualquer alteração no tarifário da água, tendo efetuado uma mexida há dois anos, disse o presidente da Câmara. Neste sentido indicou que foi agora detetado que têm a cobertura dos serviços muito abaixo daquilo que são as recomendações da ERSAR, nomeadamente abaixo dos 90%. E isto tem riscos associados, como a devolução dos financiamentos recebidos para a requalificação da ETAR de Montalvo. Desta forma o Município é obrigado a fazer uma alteração de tarifários a partir de 1 de janeiro de 2023. O aumento aumento da fatura do ambiente vai ser de cerca de 20%. Acresce ainda o facto de Constância estar, neste momento, a comprar a água á EPAL mais cara do que aquilo que vende no primeiro escalão de consumos.

“Estamos a comprar a água no primeiro escalão a 62 cêntimos e a vender a 60 cêntimos”, explicou Sérgio Oliveira. “Ninguém gosta de aumentar tarifas, mas somos obrigados a isso. Paralelamente a este aumento baixamos o IMI para a taxa mínima. Tínhamos 0,35 e vai passar para 0,30, de forma a compensar as famílias pelas mexidas da tarifa de água, resíduos sólidos e saneamento.” Sérgio Oliveira disse que não se sente confortável a fazer este aumento, nesta altura, “mas tenho de pensar no futuro do concelho. Um concelho pequenino como o de Constância sem acesso a fundos comunitários não consegue fazer as intervenções que faz no espaço público.” É um aumento necessário. A fatura do ambiente em constância vai crescer 20%, mas como medida compensatória o IIMI vai diminuir para a taxa mínima. A Câmara Municipal deixa de arrecadar uma receita de cerca de 60 mil euros no primeiro ano. A ideia é manter esta taxa de IMI no futuro, até porque, neste momento, a Câmara de Constância tem uma situação financeira estável e pode avançar com esta medida. Jerónimo Belo Jorge


REGIÃO / Vila de Rei Vila de Rei vê aprovada candidatura de mais de meio milhão para a floresta No dia 14 de setembro, o Município de Vila de Rei recebeu o parecer favorável da candidatura ao PDR2020 - Operação - 8.1.3 - Prevenção da floresta contra agentes bióticos e abióticos, tendo como objetivo a instalação de mosaicos de gestão de combustível no território noroeste do concelho de Vila de Rei, “porta de entrada” da maioria dos grandes incêndios registados no território. Dado que a mencionada área sofre frequentemente com fenómenos decorrentes dos chamados incêndios de importação, foi entendido pelo Município de Vila de Rei, com o apoio da Secretaria de Estado das Florestas e do Instituto de Conservação da Natureza e das Florestas, que esta área deveria ser alvo de uma gestão que garantisse o efeito tampão da progressão destes incêndios. Tendo em conta que o Município de Vila de Rei está a implementar no terreno três AIGP - Áreas Integradas de Gestão da Paisagem, com objetivos concretos de melhoria da gestão florestal e do seu ordenamento, estes Mosaicos e Parcelas de Gestão de Combustíveis reforçam

essa estratégia de gestão, com claros benefícios em matéria de Defesa da Floresta Contra Incêndios.

A instalação destes Mosaicos de Parcelas de Gestão de Combustível na área mencionada, caracterizada pela presença de um povoamento de Pinheiro Bravo com interesse para gestão futura e de preservação do seu património genético, terão como objetivos claros: aumentar a resiliência aos incêndios rurais, condicionar o comportamento e a propagação dum incêndio na paisagem, minimizar o impacto dos incêndios e restabelecer o potencial produtivo. As ações a implementar no terreno caracterizam-se, de acordo com a informação do Município, por operações de desbaste, desramação, podas de formação (medronheiro e sobreiro), silvicultura preventiva, remoção do material lenhoso cortado e transporte a carregadouros posteriormente definidos na área de intervenção e Destroçar/estilhar o restante com diâmetro inferior a 3 cm. O montante aprovado para as intervenções em questão é de 531 483.22 euros, comparticipado pelo PDR2020 a 90%, suportando o Município o restante valor, assim como o correspondente IVA.

Vila de Rei

Recuperação de áreas ardidas Limpeza de povoamentos ardidos de eucalipto sem qualquer custo ou compromisso comercial para o proprietário

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Município assina protocolo de geminação com cidade francesa de Crosne // No passado dia 24 de setembro teve lugar a assinatura do Protocolo de Geminação entre os Municípios de Vila de Rei e de Crosne, de França, com vista à cooperação e estabelecimento de redes capazes de fomentar a economia e potenciar as empresas dos dois Municípios, formalidade essa ocorrida naquela vila francesa. A sessão contou com a presença de Ricardo Aires, presidente do Município de Vila de Rei, com Paulo Brito, presidente da Assembleia Municipal de Vila de Rei, com Bruno Fernandes, vereador da Câmara Municipal de Vila de Rei, com o deputado da Assembleia da República eleito pelo círculo da Europa, Paulo Pisco, com o presidente do Município de Crosne, Michael Damiati e do presidente da Comissão de Geminação, Jean-Pierre Ybert. O protocolo prevê “a cooperação entre estas duas entidades, baseado no desenvolvimento mútuo na base dos interesses e opções de cada Município e de acordo com as disponibilidades existentes em cada momento, nos domínios empresariais e económicos, da cultura, ciência, desporto, meio ambiente, social e outros temas que possam ser de comum interesse”. De entre os acordos previstos, está a divulgação e participação em feiras e exposições, divulgação de produtos regionais, cedência de um espaço/armazém comum para recolha, armazenamento e distribuição de produtos, criação de uma rede de oferta de agentes turísticos e o fomento de intercâmbio

/ Ricardo Aires e Michael Damiati entre as pessoas e, em particular, os jovens. Neste momento, o Município de Vila de Rei está a criar uma Comissão de Geminação para poder fazer face à necessidade de implementação de todo o

projeto, proposta essa que será votada numa próxima reunião da Assembleia Municipal. De seguida, esta geminação será comunicada formalmente à Associação Nacional de Municípios Portugueses. Ricardo Aires, presidente da Autarquia vilarregense, realça que “a colaboração e cooperação que estes dois Municípios vão encetar a partir deste momento, vai certamente criar importantes mais-valias transfronteiriças para as nossas empresas e instituições, assim como no foro turístico, científico, social ou ambiental. A cooperação intermunicipal assume, cada vez mais, uma elevada importância na extensão de redes de parcerias, possibilitando um maior conhecimento e possibilidade de desenvolvimento.” Após a assinatura do Protocolo, as comitivas portuguesa e francesa inauguraram a Exposição ‘Casais de Sonho’, exposição criada pelo coletivo Border lovers, que, num exemplo de ligação entre Portugal e França, conta com artistas lusos e franceses e apresenta obras alusivas a casais imaginários, lusitanos e gauleses, imaginariamente unidos, com amor e humor, pelo intelecto, pela vida e pela obra e não pela carne.

Objetivos Promover o potencial produtivo nas zonas fustigadas pelos incêndios, executando de forma gratuita as seguintes operações de manutenção: Redução de carga de combustível; Eliminação de espécies invasoras; Incremento de rentabilidade; Corte de varas mortas; Seleção de futuras varas; Apoio no processo de cadastro (BUPi) .

Critérios de Elegibilidade e Condições 1. Localização do povoamento a Sul da Nacional 348 e Oeste da Nacional 2; 2. Povoamento de eucalipto afetado pelo incêndio, com densidade mínima de cepos; 3. Sem qualquer compromisso comercial. A �oresta gerida pela Altri Florestal é certi�cada

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EDUCAÇÃO / Mação

Escola de Cardigos resiste à desertificação // A Escola Básica de Cardigos, com 17 alunos, é a única que resiste à deslocalização e concentração de alunos em Mação, com a autorização excecional da tutela a ser muito festejada numa aldeia em luta constante contra a desertificação. “É uma vitória porque todos os anos trabalhamos muito para que a escola não feche, é uma luta constante, muitas vezes num trabalho invisível, porque manter este tipo de serviços na aldeia é muito importante para segurar as pessoas e para a dinâmica económica e social”, disse à Lusa Carlos Leitão, presidente da Junta de Cardigos. A freguesia tem cerca de 900 habitantes, dispersos por 73 quilómetros quadrados e 26 aldeias, e cuja escola primária é a única que subsiste em todo o concelho, apesar de o rácio ser inferior às 21 crianças inscritas. Situada numa extrema do concelho de Mação, no distrito de Santarém, o presidente da Junta de freguesia passa os dias numa “luta constante” para atrair e fixar pessoas e serviços, seja a convencer os encarregados de educação a matricular os filhos na escola da terra, seja a tentar arranjar casa e trabalho a quem quer regressar a Cardigos.

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A freguesia luta contra o envelhecimento e desertificação populacional, mas também contra o facto de os concelhos da Sertã, Vila de Rei e Proença-a-Nova, já no distrito de Castelo Branco, estarem “mesmo ao lado”, com distâncias que variam entre os 10 e os 18 quilómetros, muito mais perto que a própria sede do concelho, Mação, que dista 30 quilómetros de Cardigos. “Já temos alguma dificuldade em manter a escola aberta com o número suficiente de alunos, é evidente que se vão quatro ou cinco para as outras sedes de concelho, torna-nos a vida mais difícil, e isso infelizmente acontece ou porque os pais trabalham na Sertã ou em Proença-a-Nova ou porque estão ali mais perto”, disse Carlos Leitão, que acredita no potencial de crescimento da freguesia e que conseguiu ainda na semana passada que se inscrevesse mais uma criança no pré-escolar e uma outra no ensino básico, tendo agora 17 alunos inscritos no ensino

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básico, menos um que do que no ano passado, e sete crianças no pré-escolar. Apesar de um trabalho constante e de muita persistência, Carlos Leitão não está sozinho nesta luta, tendo o aval extraordinário do Ministério da Educação resultado de investimentos continuados da Câmara Municipal no equipamento educativo e envolvente, e da própria avaliação e parecer do diretor do Agrupamento de Escolas Verde Horizonte, de Mação. “É verdade [que não cumpre os rácios], mas é obrigação dos decisores, quer sejam políticos, quer sejam técnicos, de encontrar aquilo que melhor corresponde às necessidades das comunidades, e neste caso eu penso que foi encontrada a melhor solução e tomada a decisão mais sensata”, disse José António Almeida, tendo feito notar que a freguesia dista mais de 30 km da sede do concelho. “Estamos a falar entre 30 a 40 minutos em cada deslocação, e não era razoável, penso eu, obrigar crianças de três e quatro anos, até aos nove anos, a fazer deslocações tão demoradas, com a perigosidade que isso acarreta, de fazer estas duas viagens diariamente”, notou,

tendo assegurado que a escola tem “instalações com muita dignidade, conforto e segurança” e “com recursos humanos colocados em quantidade e qualidade que permite garantir um trabalho de muita qualidade, quer enquanto escola acolhedora quer como escola formadora”. “Enquanto for possível, e pedirem a minha opinião enquanto diretor do Agrupamento, eu serei sempre a favor de manter aquele espaço em funcionamento”, vincou. A manutenção da escola de Cardigos de portas abertas também mereceu a aprovação do presidente da Câmara de Mação, Vasco Estrela, tendo lembrado que o município investiu, em 2021, “muito perto de 200 mil euros na criação de um campo de jogos e de uma horta comunitária”, tornando a “escola mais atrativa” para que os pais mantenham ali os seus filhos. O autarca lembrou que a escola situa-se a cerca de 30 quilómetros da sede do concelho, à qual se acede por uma estrada “cheia de curvas”, tendo feito notar que a sua manutenção “ajuda a travar o processo de despovoamento”, argumentos a que a Direção Geral

dos Estabelecimentos Escolares (DGEstE) “tem sido sensível”. Vasco Estrela justificou ainda o investimento tendo em conta que “é uma freguesia que está estabilizada em termos populacionais, que tem empresas a laborar e que revela dinamismo”, sendo de prever que o número de alunos “se vá mantendo relativamente estável, no sentido de justificar a aposta que a Câmara fez e que também, de alguma forma, o Ministério tem estado a fazer”. Carlos Leitão, que vai abrir as portas da escola do dia 16 de setembro, assegurou que “o trabalho continua, seja para trazer, seja para manter população e serviços” a funcionar. “Enquanto eu cá estiver hei de lutar e trabalhar para que ela não feche, espero e esforço-me bastante para que isso aconteça, sempre a pegar no telefone para cativar mais um casal, mais uns pais para virem viver para Cardigos, portanto, isto é um trabalho diário e um trabalho que as pessoas acabam por não ver. Pensam apenas que a escola se mantém hoje aberta e que aquilo não dá trabalho nenhum, mas dá muito trabalho, muito trabalho”.


EDUCAÇÃO / Abrantes

Ano letivo abriu com normalidade e com nova escola básica na cidade O ano letivo no concelho de Abrantes arrancou dentro da normalidade. Foi desta forma que Celeste Simão, vereadora com o pelouro da Educação no Município, caracterizou a abertura de mais um ano letivo. Se na questão dos operacionais, já com a transferência de competências operada, não há problemas “Abrantes tem o rácio de operacionais / alunos acima do valor definido pela tutela”, na colocação de professores, responsabilidade do Ministério da Educação, há a registar duas ou três questões pontuais que as escolas esperam ter resolvidas esta sexta-feira. De acordo com a responsável este ano está a abrir portas com os dois agrupamentos de escolas em consonância, quer na introdução dos períodos divididos por semestres, quer nos horários de arranque das atividades letivas. Desta forma, de acordo com Celeste Simão, torna-se muito mais fácil operacionalizar a rede de transportes escolares, porque deixa de ser necessário gerir horários diferentes, como acontecia nos anos anteriores. “Foi um trabalho entre as direções

/ O novo centro escolar de Abrantes renovou o Colégio Nossa Senhora de Fátima em todas as vertentes dos dois agrupamentos, já vinha a ser feito de anos anteriores”. A vereadora indicou que os transportes escolares foram concessionados à Rodoviária do Tejo, empresa que ganhou o concurso para explorar a rede de transportes públicos do Médio Tejo, incluindo a rede de transportes urbanos de Abrantes. Mesmo assim houve necessidade,

nalguns circuitos, de fazer ajustes diretos, face à ausência de empresas a candidatar-se a esses circuitos. Questionada se vai correr tudo bem nos transportes, Celeste Simão espera que sim e, caso surjam alguns percalços os serviços estão prontos para os resolver. Também na rede de fornecimento de refeições está tudo pre-

parado para este ano letivo. A autarquia mantém uma nutricionista a preparar as dietas dos alunos, tal como a empresa que vai confecionar e servir as refeições. Apesar de todos os cuidados a vereadora deixou um apelo para que, caso os pais detetem alguma questão que não gostem, possam contactar os serviços de educação do Município. A novidade, este ano, no arranque do ano escolar é a entrada em funcionamento da nova Escola Básica de Abrantes, que resulta da requalificação e ampliação do antigo Colégio de Nossa Senhora de Fátima, instalado na cidade durante mais de sete décadas e no qual a autarquia investiu ainda 1,6 milhões de euros na aquisição, vai aglutinar três escolas (Jardim de Infância de S. João Batista, Escola Básica n.º1 e Escola Básica n.º 2) e está preparada para receber cerca de 200 alunos: sete turmas de 1.º ciclo (143 alunos) e duas turmas de jardim de infância (47 alunos). Este projeto do município de Abrantes na área da Educação implica ainda a criação de acessos rodo-

viários, com a concretização de mais duas empreitadas, no valor global de 300 mil euros, e que passam pela requalificação da Rua de Santa Ana e pela construção de muros de suporte na área exterior à Escola Básica de Abrantes e na Rua de Santa Ana. O município de Abrantes assinalou o início do ano letivo com a abertura destes dois equipamentos requalificados, que representaram um investimento de 4,1 milhões de euros, segundo o presidente da Câmara Municipal. Segundo o presidente da Câmara de Abrantes, as duas estruturas “envolveram valores financeiros muito significativos”, na ordem dos 4,1 milhões de euros, 600 mil euros dos quais referem-se às obras em Alvega e 3,5 milhões de euros à intervenção no novo Centro Escolar, que inclui 1.º ciclo e jardim de infância. Por outro lado, o projeto da Escola Superior de Tecnologia de Abrantes “está praticamente finalizado” e o município quer “avançar com a obra também o mais rápido possível”, disse ainda o autarca. Jerónimo Belo Jorge PUBLICIDADE

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REGIÃO / Sardoal

Novas ZIF podem ser solução para a floresta // Com uma AIGP aprovada e uma outra recusada, a Associação de Agricultores está no terreno com sessões de esclarecimento com vista à criação de novas ZIF no concelho de Sardoal. Foi o vereador socialista na Câmara de Sardoal, Pedro Duque, que questionou o Executivo acerca da informação que circula no concelho e que tem a ver com a criação de novas ZIF - Zonas de Intervenção Florestal. Afirmou que “o Município, em conjunto com o Gabinete Florestal, tem vindo a promover um conjunto de iniciativas, neste caso, sessões de esclarecimento, tendentes à promoção de ZIF, eventualmente em Valhascos e na freguesia de Sardoal”. Pedro Duque quis saber “qual o princípio que está por detrás da iniciativa, uma vez que, é do conhecimento generalizado, as ZIF que tivemos no concelho viram o seu sucesso de alguma forma posto em causa, ao ponto de praticamente serem consideradas completamente inoperacionais”. Questionou ainda a razão “de agora se insistir neste formato quando ainda muito recentemente, penso que com legislação de 2020 ou 21, foram criadas as AIGP”. Adiantou que “o próprio Município, e nós já aqui o debatemos, entendemos que estas sim, são figuras que vão mais ao encontro do que é a configuração do que são os nossos terrenos, normalmente constituídos por um número elevado de minifúndios”. “O que é que está na base de, agora, haver aparentemente uma inversão do discurso ou uma inversão da estratégia relativamente à floresta?, inquiriu. Miguel Borges, presidente da Câmara Municipal de Sardoal, esclareceu que “não há mudança absolutamente nenhuma”. Explicou que “as ZIF têm o apoio do Município mas a proposta de ZIF é da responsabilidade da Associação de Agricultores”. Declarou depois que se trata de coisas “completamente distintas” pois “uma coisa é uma AIGP – Áreas Integradas de Gestão da Paisagem, e nós fizemos duas candidaturas a AIGP, sendo que uma foi aprovada e a outra não. E naquela AIGP que não foi aprovada, está a ser proposta uma ZIF. Assim como estão a ser propostas ZIF em zonas onde não há AIGP. É que as AIGP têm umas regras e as ZIF terão outros”. Miguel Borges reconheceu que “a nossa ZIF não correu bem, mas este modelo de agora é diferente daquele que era o modelo anterior”, adianto que este “é um bom modelo para zonas onde não há AIGP”. O autarca apelou a que os proprietários florestais, “pelo menos, equacionem a hipótese de fazerem

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/ “É muito importante que os proprietários ouçam porque é claramente vantajoso”

“a proposta de ZIF é da responsabilidade da Associação de Agricultores”

parte, quer das ZIF, quer das AIGP. Ouçam o que os técnicos têm a dizer”. Acrescentou que “isto não é uma questão política, é uma questão técnica” e pediu para que assistam às reuniões de esclarecimento com os técnicos para poderem perceber o processo e esclarecer as dúvidas. “Que não haja aqui preconceitos, considerando aquilo que foi o passado em relação a estas novas formas de organização, quer ZIF, quer AIGP”, disse. Miguel Borges considerou ainda ser “muito importante que os proprietários ouçam porque é claramente vantajoso”. Falando para o vereador socialista, o presidente manifestou a sua preocupação ao dizer que “se somos nós aqui a levantar fantasmas daquilo que foi o passado, esta-

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mos a fazer com que estas pessoas criem uma determinada resistência em relação a estes modelos. Estes modelos são os modelos ideais”. Pedro Duque disse-se esclarecido com a explicação do presidente da Câmara e explicou não estar “a levantar qualquer tipo de fantasmas, antes pelo contrário” pois, como afirmou “é um tema que consideramos de primordial importância, sendo a principal atividade económica do nosso concelho, quer em termos de negócios, quer em recursos humanos afetados”. O vereador socialista acolheu o esclarecimento “como bom” mas considerou que “já deveria ter sido prestado porque andámos a promover as AIGP como sendo uma figura que vai mais ao encontro das especificidades da nossa geografia de terrenos e com as quais eu concordo”. No entanto, afirmou que teria sido conveniente uma melhor informação e divulgação pois “já ouvi desabafos de pessoas que disseram não saber, afinal, o que é que interessa e acabaram por não ir a nenhuma das sessões de esclarecimento”. “E isto é inglório”, adiantou, “porque sei que há um esforço e um trabalho de retaguarda feito pelo Gabinete Florestal, com a promoção do Município, e também

da Associação de Agricultores. E acaba por ser inglório devido a um pormenor. Contudo, penso que não é tarde” para a devida explicação. Pedro Duque mostrou-se ainda “disponível para ajudar” devido à importância da atividade para o concelho. Miguel Borges voltou a reiterar

que a única coisa que ainda está no terreno são sessões de esclarecimento que servem para isso mesmo, para perceber como é que se pode implementar no terreno e também para que os munícipes percebam a diferença entre ZIF’s e AIGP’s. Patrícia Seixas

Exposição mostra “O Inferno em Gil Vicente segundo o imaginário de José Carlos Barros” O Centro Cultural Gil Vicente tem patente, até dia 30 de outubro, a Exposição de Marionetas “O Inferno em Gil Vicente segundo o imaginário de José Carlos Barros”. As 14 marionetas presentes na mostra são peças escultóricas de elevado recorte e requinte que representam personagens do “Auto da Barca do Inferno” e que resultam de um apurado trabalho de investigação do seu autor, José Carlos Barros. As peças em causa foram criadas para a produção das Marionetas de Lisboa (1985-2010), estreada na Sala Experimental do Teatro Nacional D. Maria II, em 22 de abril de 1986 e que estiveram em cena até 18 de maio do mesmo ano. A presença desta mostra no Centro Cultural Gil Vicente ba-

seia-se não só na sua importância enquanto património cultural nacional, mas também na ligação de Gil Vicente ao Sardoal, que é referido várias vezes nos textos de Gil Vicente, dos quais se podem destacar a “Tragicomédia Pastoril da Serra da Estrela” e o “Auto da Barca do Inferno”.


REGIÃO / Abrantes

Feira de Doçaria começou há 20 anos // Foi em 2002 que a TAGUS avançou com a primeira edição de uma Feira de Doçaria que tinha como objetivo promover os doces típicos de Abrantes e, num fim de semana, juntá-los a outros, igualmente tradicionais e com história, mas de outros pontos do país. Em 2002 arranca esta feira inserida num programa denominado TAGUS’toso e com apoio do LEADER+, programa de apoio comunitário. A 1.ª Feira Nacional de Doçaria Tradicional, realizada em parceria com a Câmara Municipal de Abrantes, realizou-se em junho, no Jardim do Castelo. No ano seguinte, 2003, a segunda edição contou com a presença de 28 doceiros de norte a sul do país e , para além da doçaria tradicional, o evento tem a presença de produtores de compotas, mel e bebidas licorosas. Corria o ano de 2005 e, por motivos logísticos a 4.ª Feira de Doçaria foi transferida para o Parque Urbano de S. Lourenço, ainda em junho. Neste ano foram introduzidas algumas novidades ligadas à valorização e promoção da doçaria tradicional de Abrantes – Palha de Abrantes, tigeladas, broas de noz e mel, entre outros. A TAGUS dava a conhecer a história e o processo de fabrico da Palha de Abrantes. A 5.ª edição da Feira Nacional de Doçaria Tradicional de Abrantes representa a grande mudança. Muda de data e novamente de localização. O evento passa a anteceder o Dia de Todos os Santos e a tradição do “Pedir os Bolinhos ou Pão por Deus”. E com a mudança de data, a Feira passa para a antiga garagem da Rodoviária os dos Claras, hoje Unidade de Saúde Familiar D. Francisco Almeida. Esta edição contou com cer de 5 mil visitantes nos três dias. Foi ainda em 2005 que foi feito o lançamento da banda desenhada do Palhinhas, a história da Palha de Abrantes, cujas ilustrações foram feitas pelo arquiteto Ricardo Cabrita. Em 2010 foi confecionada a maior Palha de Abrantes do país, preparada pelo doceiro Manuel Correia, que utilizou 720 ovos na confeção deste doce conventual. Mas se a inauguração teve esta “Palha gigante”, o dia 31 de outubro de 2010 teve a exibição uma Palha ainda maior, com cerca de um metro de diâmetro. Dois anos depois, em 2012,a organização (TAGUS e Câmara Municipal de Abrantes) homenageou 5 doceiras do concelho atribuindo-lhes um diploma de Mestres Doceiras. Foi neste ano que se realizou pela primeira vez um percurso em BTT “Na rota da Palha de Abrantes”, que reuniu aproximadamente 80 praticantes da modalidade e que se mantém até ao presente. A 14.ª Feira Nacional de Doçaria

Tradicional teve mais de 5 mil pessoas a passar na nova localização, no antigo Mercado Municipal de Abrantes em 2015. 2017 a Feira de Doçaria volta a mudar de local, passando a realizar-se ao ar livre, no Jardim da República E é em 2019 que este evento mudou novamente de “poiso”. Passou para a Esplanada 1.º de Maio, dentro de uma tenda gigante. Em 2020, por causa da pandemia, a Feira de Doçaria, não se realizou fisicamente, mas teve algumas iniciativas virtuais. No ano passado, 2021, foi retomado o evento com algumas normas de segurança emanadas pela Direção-Geral de Saúde. O resultado foi mais uma edição com bastante afluência de pessoas, apesar das contingências sanitárias. Os doceiros esgotaram o produto e foi contabilizada a venda de mais de 10 mil doses de Palha de Abrantes nos três dias do evento. À época, 2002, Pedro Saraiva era o técnico coordenador da Tagus e esteve no lançamento deste evento, que foi um desafio para potenciar os produtos endógenos da região. “Tínhamos a Palha de Abrantes, as Tigeladas, as Broas, licores e compotas e tentámos criar um

A Feira de Doçaria já passou por diversos locais, mas fixou-se na Esplanada 1.º de Maio e em data fixa, o fim de semana antes do Dia de Todos os Santos evento para promover estes nossos produtos, colocando-os lado a lado com outros doces tradicionais de outras regiões do país”, explicou Pedro Saraiva. E acrescentou que foi também uma forma de fazer com que as pessoas da região “sentissem orgulho, estando por isso a trabalhar também a identidade do território”. Também o lançamento da mascote, o “Palhinhas”, e do livro de banda desenhada sobre a “História da Palha de Abrantes” constituíram um marco nesta promoção do evento junto dos mais novos e da identidade territorial. E, disse Pedro

Saraiva, ainda bem que funcionou, “às vezes as coisas demoram a arrancar”, e que se tornou numa das figuras do evento, principalmente pela ligação que faz com os mais novos, ou seja, com o futuro. Dia 21, quando começar a feira deste ano, Pedro Saraiva revelou ao Jornal de Abrantes que vai entrar como entra todos os anos, com uma pontinha de orgulho por ser um evento que ficou. E acrescentou que é este um dos objetivos destas associações, como a Tagus, criar “coisas” que ficam para a região e para as gentes da região. E depois concluiu a dizer que, naturalmente, ir a um evento de “coisas doces” é sempre qualquer coisa que as pessoas gostam muito. Este ano, 2022, os ícones da doçaria nacional, voltam a reunir-se em Abrantes, novamente na Esplanada 1.º de Maio, de 21 a 23 de outubro. Esta 20.ª Feira Nacional de Doçaria Tradicional acrescenta várias novidades, como o pastel de amêndoa de Vimioso, o viriato e as rotundinhas de Viseu, cartuchos de amêndoa e impérios de Cernache do Bonjardim, licor templário de Tomar, trouxas de Malveira, são um reforço da doçaria alentejana com Portalegre, o Dom Rodrigo e doces finos do Algarve, com a

associação de produtores, vinda de Lagos a marcar forte presença. E ainda da Região Autónoma da Madeira o regresso do bolo do caco. A adicionar inovações os doceiros trazem, ainda, variações dos doces tradicionais de Abrantes a estrear na Feira da Doçaria, como os éclairs Palha de Abrantes e as natas Palha de Abrantes, que se juntam ao fardo, aos bombons e macarrones de Palha de Abrantes, ao pastel tigelada e à tigelada de abóbora. Bolachas de amêndoa e mel, nata de crocante de bolacha, bombom de marmelo e doce de diospiro são outros dos novos produtos a abrilhantar este delicioso evento. A feira conta com diversas atividades paralelas, entre elas, demonstrações culinárias, oficinas de doces sob a conhecimento da Escola Profissional de Desenvolvimento Rural de Abrantes e do Agrupamento de Escola Verde Horizonte de Mação, música, animação infantil, exposições e desporto. Pela primeira vez será realizada uma caminhada de Liga Portuguesa Contra o Cancro que se junta a um trail noturno e um passeio de pasteleiras. Jerónimo Belo Jorge

Outubro 2022 / JORNAL DE ABRANTES

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PUBLIRREPORTAGEM / // RADIO POPULAR INAUGURA A SUA 56.ª LOJA

Os preços de amigo já che

/ Esta nova loja acaba de ser inaugurada em Abrantes. Vai gerar mais de 36 novos postos de trabalho diretos e indiretos A Radio Popular acaba de abrir, em Abrantes, a sua 56.ª loja de eletrodomésticos, tecnologia e comunicações. Localizada junto ao Intermarché, a nova loja aposta numa grande área de exposição de pequenos e grandes eletrodomésticos. Resultado de um investimento global que rondou 2,4 milhões de euros, tem uma área total de cerca de 1.500 m2 e vai permitir a criação de mais de 36 novos postos de trabalho diretos e indiretos.

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O plano da Radio Popular, traçado para o triénio 2020, 2021 e 2022, de novas aberturas de lojas físicas, continua em forte implementação, apostando no crescimento da marca em todo o território nacional, incluindo Açores e Madeira. Com mais de mil trabalhadores, a Radio Popular aposta nas áreas da Informática, Telecomunicações, Som e Imagem, Fotografia, Gaming e Pequenos e Grandes Eletrodomésticos. Das principais bandeiras da empresa fazem parte as entregas grátis ao domicílio, crédito sem juros, serviço Click & Colect, a vasta gama de mais de 50 mil produtos, “sempre a preços de amigo”, e a extensão da garantia dos produtos.


PUBLIRREPORTAGEM /

egaram a Abrantes A Radio Popular, empresa 100 por cento portuguesa, foi fundada há 45 anos, em 1977, iniciando a atividade na Rua do Loureiro, uma pequena artéria da cidade do Porto. Em 1998 abriu na Maia o primeiro grande espaço em Portugal dedicado exclusivamente à comercialização de eletrodomésticos. Uma inovação que veio revolucionar o mercado, comprovando o pioneirismo de uma empresa que continua a apostar em Portugal como mercado de referência. Hoje, com 56 lojas físicas e loja online disponível em www.radiopopular.pt, vende para clientes de todo o país.

Até 5 outubro, não pode perder a grande campanha de abertura que a Radio Popular tem em vigor. Pode ainda aproveitar os preços extraordinariamente baixos de todos os produtos em exposição na nova loja. As oportunidades e os preços baixos não ficam por aqui e serão sempre um compromisso forte da marca. Com a Garantia Melhor Preço da Radio Popular, se encontrar mais barato, devolvemos a diferença.

Outubro 2022 / JORNAL DE ABRANTES

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REGIÃO / Mação

Projeto de autodefesa em Mação envolve população de 122 aldeias // A Câmara de Mação está a assinalar quase duas décadas sobre a entrega de conjuntos de primeira intervenção de combate a incêndios a coletividades e associações, uma medida de autoproteção que abrange 122 aldeias na defesa de pessoas e bens. Os 65 conjuntos que hoje cobrem este território, disponibilizados pelo município às populações para um combate imediato aos fogos florestais nascentes, são compostos por motobombas dotadas de um depósito com capacidade para 600 litros e instaladas em carrinhas de caixa aberta, pertença de associações ou de particulares. A operacionalização cabe a mais de 100 voluntários, no total, a quem a autarquia assegura formação e dá orientações. Com uma área de 400 quilómetros quadrados, uma densa mancha florestal e cerca de sete mi habitantes dispersos por 122 aldeias, Mação, no distrito de Santarém, tem investido na criatividade, engenho aguçado pela necessidade sentida num território que apresenta um registo de 800 incêndios desde 1995, 11 dos quais de grandes dimensões, entre eles o de 2003, o que levou à criação do projeto de autodefesa. Naquele ano, cerca de metade do concelho foi consumido pelas chamas e a impotência para travar um incêndio que entrou em Mação descontrolado e com extrema violência foi o toque de alerta para a necessidade do reforço da defesa das populações, “envolvendo-as”, com a entrega de kits de primeira intervenção. “A principal função é a proteção das aldeias e a mobilização da população na defesa da floresta”, disse à Lusa o vice-presidente da autarquia, salientando a importância de os residentes poderem fazer “um primeiro ataque às chamas, até à chegada dos bombeiros”, num processo que “cada vez faz mais sentido”, pela “proteção das pessoas e bens, sentimento de segurança, ataque rápido, de proximidade e resultados obtidos”, e tendo também em conta os incêndios “cada vez mais violentos e perigosos”. Em 2003, lembrou António Louro, o concelho “tinha bons estradões florestais, um bom sistema de vigilância de primeira intervenção”. Porém, perante o impacto das

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chamas, percebeu-se que o que era feito “não era suficiente e que era preciso procurar novos caminhos”. “Olhámos para tudo aquilo que uma autarquia poderia fazer e que estaria ao nosso alcance e que pudesse contribuir para diminuir o impacto dos fogos, e surgiram vários projetos, como o reforço do gabinete florestal, a criação de faixas de compartimentação das áreas florestais. Surgiu o MacFire [ferramenta informática criada em Mação para monitorizar o desenvolvimento dos incêndios em tempo real], as bulldozer com sistema GPS, e também o projeto dos kits”, disse o autarca, há 25 anos dedicado à floresta e à Proteção Civil no concelho. Em caso de incêndio, os voluntários são os primeiros a chegar. A água dura 10 ou 12 minutos e quando está a terminar surgem os sapadores florestais que estão em vigilância estratégica nas redondezas, com tanques iguais e capacidade para combate inicial de mais 10 ou 12 minutos. Este tempo “permite apagar ou aguentar as chamas até à chegada dos bombeiros, que, por sua vez, acabam por dominar o incêndio, mas, regra geral, numa ocorrência já com dimensões mais reduzidas

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e que rapidamente é controlada”. Paulo Murteira, um dos voluntários, tem 47 anos, mudou-se há poucos meses para Mação e decidiu começar a aprender a manobrar os kits de primeira intervenção para se poder “integrar e ajudar” a comunidade. “É completamente uma novidade para mim e é a primeira vez que estou a fazer este tipo de serviço sendo que, para já, a formação que está a ser dada é muito preciosa”, afirmou, dando conta de que “a ajuda à população e aos seus bens é uma coisa inestimável, é um bem maior, e, neste caso, o voluntariado e a paz de espírito que dá às populações é uma coisa fantástica”. Recém-chegado à aldeia de Monte Penedo, onde a Lusa o encontrou, Paulo Murteira disse que de imediato começou “a perceber a importância do voluntariado nesta situação específica em Mação”, uma terra que “tem uma topografia completamente característica e onde esta primeira ajuda, por mais singela que seja, pode fazer a diferença”. Mais experiente no processo, João Carvalho, 34 anos, é responsável por um kit de primeira intervenção da Associação de Monte Penedo, Ribeira de Boas Eiras e

Espinheiro, um conjunto de três aldeias. Disponibilizou a sua carrinha pessoal para instalar o equipamento de combate aos fogos. “Este é um dos dois kits que aqui temos aqui para uma primeira intervenção e, até que os bombeiros cheguem, é uma grande ajuda para toda a gente e um grande descanso”, contou o habitante natural de Mação, que regressou de Lisboa para se instalar na aldeia de Monte Penedo e “ajudar também as pessoas mais idosas”, que são uma fatia importante da população. Os kits, acrescentou, “podem fazer a diferença entre ser um pequeno ou um grande incêndio”. Dando conta de formação ministrada pela Proteção Civil para “perceber a manutenção e funcionamento em segurança”, João disse que “a parte prática é simples, operando a mangueira a partir de um motor de rega”. “Fomos muito fustigados pelos fogos na aldeia de Castelo em 2017 e duas carrinhas destas, com dois kits destes, foi o que nos ajudou a fazer o combate ao incêndio, porque os meios não chegavam a todo o lado, as ruas eram muito estreitas. Ajudámos uma boa parte da aldeia até vir uma ajuda mais pesada e mais especializada”, lembrou.

A “solidariedade e a envolvência” da comunidade têm sido “um contributo extraordinário”, sublinhou António Louro, recordando que nos grandes incêndios de 2017 e 2019 as aldeias do norte do concelho vieram apoiar as do sul, onde havia maiores dificuldades. Chegaram a estar 47 carrinhas de primeira intervenção em uso no teatro de operações ao mesmo tempo. “Com este esforço todo, com estas atividades, com este empenho na vigilância, com este empenho nas infraestruturas, nós conseguimos ter uma eficácia muito elevada nas pequenas ignições e, apesar de termos tido cerca de 800 ignições nestes anos todos, desde 1995 para cá, dessas ignições todas nem uma única saiu para fora”, afirmou. Contudo, lamentou, “chegaram até Mação 11 incêndios de grande dimensão, completamente descontrolados e com imensa violência, fazendo de Mação o concelho mais ardido do país”. O futuro, referiu o mentor dos projetos de intervenção, passará sempre pela proteção das pessoas e bens, tentando diminuir o risco: “O fulcro de tudo isto e do sucesso está em voltarmos a ter uma paisagem minimamente defensável, que é aquilo que hoje não temos.”


REGIÃO / Abrantes

Hospital inicia obras de 1,8 ME para serviços de Consulta Externa e Gastroenterologia // As obras de construção das novas instalações das Consultas Externas e do serviço de Gastroenterologia do Hospital de Abrantes, um investimento de 1,8 milhões de euros, arrancam na segunda-feira, anunciou hoje o Centro Hospitalar do Médio Tejo (CHMT). “A requalificação e modernização das instalações das Consultas Externas e do Serviço de Gastroenterologia da Unidade Hospitalar de Abrantes do CHMT é um projeto que vai oferecer melhores condições técnicas e de conforto para profissionais de saúde e para os doentes”, disse à Lusa Casimiro Ramos, presidente do Conselho de Administração do Centro Hospitalar. Segundo o gestor do CHMT, que abarca as unidades hospitalares de Abrantes, Tomar e Torres Novas, a empreitada “tem um prazo de execução estimado de 10 meses”, sendo que as obras “vão decorrer num perímetro desativado, sem provocar constrangimentos para os utentes ou para a atividade programada”. Assim, a partir de segunda-feira, as Consultas Externas da Unidade Hospitalar de Abrantes “regressarão ao piso 02, a localização anterior à reorganização dos serviços à qual a pandemia [de covid-19] obrigou”, e “também o Serviço de Medicina Física e Reabilitação regressará ao seu local de origem”, igualmente no piso 02, na sequência do encerramento da Área de Doentes Respiratórios (ADR) dedicada à covid-19. A reorganização do Serviço da Consulta Externa “é temporária”, porque, disse o responsável, “decorrerão em simultâneo com esta empreitada as obras de requalificação e ampliação do Serviço das Urgências Médico-Cirúrgicas da Unidade Hospitalar de Abrantes”, investimento na ordem dos 2,9 milhões de euros (já com IVA incluído) que se espera que se inicie “muito em breve”. “Esta obra é extremamente importante para a prestação de cuidados de saúde à população em regime de ambulatório, mas permite, paralelamente, a ampliação do Serviço da Urgência Médico-Cirúrgica de Abrantes, cuja empreitada se

encontra dependente desta obra e da finalização do procedimento administrativo subjacente que deverá estar brevemente concluído”, afirmou Casimiro Ramos. Após a finalização da empreitada que se inicia na segunda-feira, os serviços das Consultas Externas e da Gastroenterologia da Unidade Hospitalar de Abrantes passarão a estar instalados no terceiro piso, ocupando as antigas instalações do Centro de Saúde, que estão agora desocupadas. “As futuras instalações dos Serviços das Consultas Externas e de Gastroenterologia da Unidade de Abrantes apresentam como principal vantagem a concentração dos serviços de saúde ambulatórios num mesmo local, longe da agitação que caracteriza o Serviço de Urgência da Unidade Hospitalar de Abrantes, junto ao qual atualmente se localizam”, frisou. Segundo o gestor, “a nova localização permite, também, a criação de uma área de receção e acolhi-

mento do utente mais moderna e autónoma”, com o Serviço de Gastroenterologia da Unidade de Abrantes do CHMT “a beneficiar também com a sua transferência para o terceiro piso da Unidade Hospitalar de Abrantes, aumentando a área dedicada” a esta especialidade. Recorde-se que este é um processo que já leva muitos anos nas intenções, mas que em 2021 ganhou um outro impulso com o avanço da

cabimentação das verbas em Orçamento de Estado assim como a autorização para lançamento dos procedimentos. Em março do ano passado, Carlos Andrade Costa, então presidente do Conselho de Administração do CHMT, apresentava o projeto de requalificação do hospital de Abrantes. Nessa altura destacou que o investimento iria permitir "adequar as Urgências Médico-Cirúrgicas às melhores práticas no âmbito do exercício de

uma medicina segura, moderna e diferenciada, e com as melhores condições, quer técnicas, para os profissionais de saúde, quer para os doentes". A 24 de setembro de 2021, seis meses depois, o Conselho de Administração, já liderado por Casimiro Ramos, fazia a apresentação do projeto na altura do lançamento do concurso público da empreitada. Também Manuel Soares, porta-voz da Comissão de Utentes da Saúde do Médio Tejo, disse nessa altura que aquele momento era “fundamental e indispensável para a concretização de uma obra há muito ansiada e aguardada por utentes, profissionais de saúde e autarcas”. Com uma área de intervenção de cerca de mil metros quadrados, serão construídos onze gabinetes dedicados às Consultas Externas, três gabinetes alocados ao serviço de Gastroenterologia e três salas de exames desta especialidade, além de uma sala cirúrgica e duas zonas de recobro. “A concretização destes dois ansiados projetos vai permitir o exercício de uma medicina segura, moderna e diferenciada pelas equipas de profissionais de saúde do CHMT à população”, afirmou Casimiro Ramos. Constituído pelas unidades hospitalares de Abrantes, Tomar e Torres Novas, separadas geograficamente entre si por cerca de 30 quilómetros, o CHMT funciona em regime de complementaridade de valências, abrangendo uma população na ordem dos 266 mil habitantes de 11 concelhos do Médio Tejo, a par da Golegã, da Lezíria do Tejo, também do distrito de Santarém, Vila de Rei, de Castelo Branco, e ainda dos municípios de Gavião e Ponte de Sor, ambos de Portalegre. C/ Lusa PUBLICIDADE

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REGIÃO / Abrantes

Programa de desporto inclusivo arranca em três vertentes // Abrantes iniciou a 30 de setembro um programa de Desporto para Todos que inclui práticas de promoção da atividade física e da psicomotricidade para crianças que, por razões diversas, nem sempre encontram as respostas aos seus contextos sociais, aos seus anseios, às suas necessidades e ao seu potencial. Os objetivos apontam à promoção da igualdade de oportunidades motoras a crianças portadoras de necessidades especiais para além de contribuir para o desenvolvimento motor e cognitivo, proporcionar o acesso a habilidades motoras específicas e direcionadas e fortalecer a autoestima, a autonomia e o desenvolvimento motor. Na apresentação o presidente da Câmara de Abrantes disse que ainda há muito para melhorar nas escolas, do ponto de vista estrutural, não de questões de edifícios. Manuel Jorge Valamatos, presidente da Câmara de Abrantes, revelou que começou a dar aulas [de Educação Física]em Alvega “onde tinha uma aluna invisual que era um problema. Há 30 anos não sabia o que fazer com a Andreia. Mandei comprar uma bola com símbolos para que ela pudesse fazer algum trabalho, principalmente na motricidade fina.” Ainda de acordo com o autarca “hoje continuamos com muitas dificuldades naquilo que são as acessibilidades. Mesmo a Câmara Municipal tem problemas. Sempre que entra alguém com cadeira de rodas eu tenho de descer para fazer o atendimento.” Para Manuel Jorge Valamatos a sociedade foi evoluindo sem estas preocupações. “Felizmente que hoje começa a haver uma preocupação com esta matéria”, indicou o autarca de Abrantes, mas vincou “é preciso fazer muito mais.” Este é um programa destinado às instituições que trabalham com jovens com deficiência. Por exemplo, para o CRIA (Centro de Recuperação e Integração de Abrantes), mas também para as escolas, como a Dr. Manuel Fernandes tem alguns jovens que precisam de apoio especial. A Federação Portuguesa de Desporto para Pessoas com Deficiência abriu as portas para que se possa avançar com este programa. Hugo Silva, diretor-geral, da federação esteve presente no lançamento do programa num dia que serviu também para fazer uma ação de formação destinada aos técnicos que trabalham no concelho de Abrantes nesta área concreta. Para Hugo Silva a missão da Federação é facilitar o acesso de todos a estas modalidades através de

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/ A Federação ofereceu ao Município um kit de polibate, uma das modalidade associadas a este programa

/ Demonstração de polibate, uma modalidade adaptada para vários níveis de deficiência uma ação denominada “Informar e desenvolver para incluir”. “Em Rio Maior fizemos [a Federação] um seminário e fui abordado por Nuno Gomes, assessor para a área de desporto do Município de Abrantes, que nos mostrou interesse de desenvolver esta área

JORNAL DE ABRANTES / Outubro 2022

em Abrantes.” O objetivo da Federação é apoiar “estes projetos valorosos como este que arranca agora. A nossa resposta é dar ferramentas a quem quer fazer ações, mesmo não podendo dar tudo o que precisam.” Hugo Silva indicou que como o

poder local está muito próximo dos problemas e das pessoas torna-se mais fácil o trabalho. “E aqui, penso que essa realidade está conhecida e identificada.” O CRIA e as escolas têm, de acordo com o dirigente federativo, um papel fundamental. Mas

há também uma necessidade de envolver os clubes no envolvimento destes na criação de condições para receber jovens com deficiência. E do ponto de vista da Federação “estamos a pensar em centros de recursos para empréstimo de equipamentos ou livros para permitir esta inclusão.” E uma das preocupações tem a ver com o sedentarismo que “é elevado na população, então nas pessoas com deficiência é enorme.” E para este arranque a parceria começa com slalom com cadeira de rodas ou com polibate, um jogo numa mesa de ping pong com tabelas laterais e que permite jogar de forma individual e em pares. Este programa destina-se a crianças residentes ou estudantes no concelho de Abrantes até aos 6 anos, que possuam um grau de incapacidade igual ou superior a 60%, crianças com prescrição médica, que devido às suas dificuldades motoras, cognitivas, intelectuais ou outras, necessitam de um modelo de participação paralelo ou específico. Naquilo que será o funcionamento, no início de cada ano letivo, as crianças que necessitam de apoio especializado são identificadas, de acordo com os requisitos estabelecidos e em articulação com os escolas, serviços de conhecimento e de intervenção social do Município de Abrantes. Após este processo de avaliação técnica, será prestado um apoio especializado, de acordo com as necessidades identificadas. Nos três projetos, a forma de desenvolvimento será de um professor e um aluno e caso as patologias sejam semelhantes, poderá ser trabalhada a forma 1x2, ou seja, um professor para dois alunos. Os horários serão pós-letivo (fins de semana incluídos), de forma voluntária, uma vez por semana e em períodos de 45 minutos. De acordo com a informação da autarquia não haverá qualquer encargo para os encarregados de educação. Ainda de acordo com o Município os professores possuem formação específica nas áreas de intervenção e os alunos poderão usufruir de um, dois ou dos três projetos. As áreas associadas serão Natação (1 vez por semana), Psicomotricidade (1 vez por semana) e Hipoterapia (a cada 2 semanas). Jerónimo Belo Jorge


POLÍTICA /

ALTERNATIVAcom assinalou Dia Internacional da Democracia // Para assinalar o Dia internacional da Democracia, 15 de setembro, o movimento ALTERNATIVAcom organizou um jantar debate “Democracia e Jornalismo - O papel da imprensa local e regional” e contou com intervenções de Vasco Damas, vereador eleito pelo Movimento, Patrícia Fonseca, diretora do jornal Mediotejo.net, e ainda João Paulo Batalha que foi cofundador, diretorexecutivo e presidente da Transparência e Integridade.

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cracia. Segundo disse “há democracias em crise porque as pessoas sentem que as suas vozes não, não ouvidas. É a nível local ou nacional, ou até na Europa.” Logo de seguida apontou ao exercício da democracia através das “instituições e não com poderes pessoas e disposições do presidente.” “Temos de contrariar os poderes demasiado concentrados e o papel dos cidadãos é terem a coragem de contrariar os poderes. E há riscos, porque é preciso afrontar os poderes mimados”, disse João Paulo Batalha. E depois apresentou dois números portugueses relacionados com a necessidade que temos em “recuperar a confiança uns nos outros. Dos cidadãos nos políticos, nas instituições e entre todos.” João Paulo Batalha afirmou que um estudo nacional revelou que os portugueses pensam que 71% dos políticos são corruptos. Mas acrescentou que o mesmo estudo revela que os portugueses acham que 31% dos cidadãos também são corruptos. Deste modo “a nossa capacidade de tomar decisões coletivas também tem muito a ver com essa falta de confiança.” Quanto ao financiamento dos órgãos de comunicação social, João Paulo Batalha, disse que deveria haver uma coordenação de políticas nacionais e locais. E para além da publicidade institucional também deveria haver um subsídio ao cidadão para a assinatura de um jornal. “E o cidadão iria decidir e escolher qual o órgão que deveria assinar.” Em conclusão João Paulo Batalha referiu que “este desígnio do poder local, da infraestruturação do país, está feito. O novo ciclo que tem de começar é a democracia participada. Não apenas se apoia ou não a maioria, mas através da participação e no envolvimento daquilo que é a estratégia para o concelho. Devemos não ficar à espera, mas ser participativos, tomar as rédeas e avançar com coragem. Temos de encontrar força uns nos outros para romper com os vícios.” João Paulo Batalha acabou por ser desafiado a revelar que casos positivos existem na democracia participada ou participativa em Portugal. “Há casos positivos. Orçamento participativo de Cascais e as fichas de transparência em Valongo onde a câmara divulga, e quantifica, todos os apoios que dá.”

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A primeira intervenção foi de Vasco Damas que fez um resumo daquilo que foram os objetivos de criação do movimento e depois daquilo que são as propostas que têm feito em relação à comunicação social. “Tínhamos a ilusão daquilo que pensávamos para Abrantes. Temos a certeza daquilo que são os nossos desígnios”, disse Vasco Damas que vincou de seguida que “acreditamos que estamos certos quando defendemos um plano de apoio à comunicação social.” Referiu que a proposta do ALTERNATIVAcom é para haver apoios do poder local à comunicação social que “que todos os anos não sejam inferiores aos do ano anterior” e com valores mínimos tabelados. Já Patrícia Fonseca começou por abordar aquilo que faz mover uma ex-candidata a ser médica que acabou por se dedicar ao jornalismo. E foi o jornalismo que a fez calcorrear o mundo e estar em locais de crise sanitária e humanitária que bem poderia ter estado como médica. Mas não, esteve para contar as histórias dessas comunidades. Referiu que aprendeu com a velha escola, dos jornalistas mais românticos ou mais utópicos. Depois explicou o projeto que dá corpo e salientou que hoje queremos muito “fazer jornalismo em que as pessoas acreditem”. Sobre a área financeira dos média disse defender “um projeto de autonomia financeira que o custo seja suportado pelos leitores. Sei que é uma utopia.” João Paulo Batalha começou por abordar, de forma genérica, os vícios e os desafios da democracia local. E começou por apontar que o modelo de democracia local “não serve. Está ultrapassado.” E explicou porquê. “Falo do desenho do poder local que foi desenhado após o 25 de abril. Havia uma urgência enorme de estruturar o país e os níveis de literacia eram muito baixos. Este modelo muito centralizado já não faz sentido. Os poderes estão muito concentrados no presidente de câmara.” O advogado social disse depois haver muitas distorções do poder local com implicações na vitalidade desses concelhos. Este modelo que existe tem todas as “condições para criar poderes pessoais. E depois temos modelos de presidência imperiais, onde não há alternância.” João Paulo Batalha continuou a abordar o problema dos poderes locais e da demo-

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REGIÃO / Médio Tejo Municípios do Médio Tejo reforçam combate à vespa asiática com 15 mil armadilhas // A Comunidade Intermunicipal (CIM) do Médio Tejo está a reforçar o combate à vespa velutina (asiática), prevendo a destruição de dois mil ninhos e a instalação de mais de 15 mil armadilhas nos 13 municípios da região. O secretário executivo da CIM Médio Tejo, Miguel Pombeiro, deu conta de um aumento exponencial previsto para setembro de ninhos de vespa asiática na região, dando conta da contratualização de um investimento na ordem dos 400 mil euros para, até 2023, destruir dois mil ninhos e instalar 15.065 armadilhas. “Desde praticamente meados de abril que a candidatura [a fundos europeus] que foi aprovada está em execução e o objetivo principal é diminuir o impacto que a vespa velutina tem no nosso território e prevenir a sua disseminação”, disse Pombeiro, acrescentando que este ano “parece haver uma manifestação mais tardia relativamente ao aparecimento dos ninhos da vespa velutina”. Do “ponto de vista da normalidade, é sobretudo agora a partir de setembro que há a identificação de um maior número de ninhos de vespa velutina” – numa comparação com anos anteriores, está-se agora com um número menor de ninhos identificados, pelo que “é expectável que haja agora um crescimento bastante significativo durante o mês de setembro”, afirmou. Em declarações à Rádio Antena Livre, o secretário executivo da Comunidade Intermunicipal explicou o que é que está a ser feito nesta matéria, deixando claro a necessidade de reforço no combate a este inseto. No relatório que resume a inter-

/ Os ninhos secundários (na foto) são mais fáceis de identificar. Mas a detecção dos ninhos primários, muito mais pequenos, é uma das prioridades. venção entre abril e o final de agosto, foram identificados e intervencionados 172 ninhos, dos quais 163 já foram destruídos e nove aguardam intervenção. A candidatura de aquisição de serviços divide-se em duas componentes, uma direcionada para a destruição dos ninhos em toda a área de intervenção do Médio Tejo, e uma outra de colocação, manutenção e monitorização de armadilhas artesanais. Dos ninhos identificados, cerca de 60% (102) foram sinalizados no

município de Ourém, seguindo-se Ferreira do Zêzere (ambos no distrito de Santarém), com cerca de 22% (37). Há, portanto, uma concentração na zona noroeste do Médio Tejo, mas perspetiva-se que haja um alargamento a outros municípios. No que respeita aos ninhos intervencionados, cerca de 21% foram ninhos primários e 79% ninhos secundários, sendo de assinalar que 50% dos ninhos foram sinalizados em árvores e 20% em telhados.

A intervenção em curso foi dividida em dois espaços territoriais, com a zona oeste do Médio Tejo a ter instaladas 7.532 armadilhas até 2023 e 1.300 ninhos marcados para destruição nos municípios de Alcanena, Entroncamento, Ferreira do Zêzere, Ourém, Tomar, Torres Novas e Vila Nova da Barquinha. Na zona este, composta pelos municípios de Abrantes, Constância, Mação, Sardoal, Sertã e Vila de Rei, preveem-se 7.533 armadilhas e a destruição de 700 ninhos.

“O principal objetivo da operação, que vai decorrer até 2023, é diminuir o impacto causado pela vespa velutina nas zonas onde já se encontra instalada, prevenir a disseminação da espécie para outras áreas, e erradicar novos focos na região do Médio Tejo, designadamente pelo seu cariz de monitorização e vigilância ativa que se pretende implementar”, sublinhou Miguel Pombeiro, notando que, no que respeita à origem das notificações de ninhos, “cerca de 86% foram por contacto (email/telefone) do cidadão”. Os especialistas estimam que cada ninho de vespas asiáticas possa comer meio quilo de abelhas autóctones por dia. A presença desta espécie de vespa foi confirmada em Portugal em 2011, sendo que o principal impacto conhecido desta espécie é a predação das abelhas. Com uma área geográfica de 3.344 quilómetros quadrados, a CIM Médio Tejo integra os concelhos de Abrantes, Alcanena, Constância, Entroncamento, Ferreira do Zêzere, Mação, Ourém, Sardoal, Tomar, Torres Novas, e Vila Nova da Barquinha (do distrito de Santarém) e Sertã e Vila de Rei (distrito de Castelo Branco). Os Censos de 2011 contabilizaram 247.330 habitantes nesta zona, enquanto as estimativas do Instituto Nacional de Estatística para 2019 indicavam 232.580 residentes. Jerónimo Belo Jorge (c/ Lusa)

Tejo Ambiente justifica cobrança de saneamento aos utilizadores com fossas séticas Na sequência de toda a problemática que tem vindo a público acerca das tarifas de saneamento, a empresa intermunicipal Tejo Ambiente emitiu um comunicado para “esclarecer e justificar as medidas implementadas” sobre as tarifas de saneamento em vigor desde 1 de agosto, abrangendo todos os utilizadores que tenham fossas séticas, incluindo aqueles que não são servidos pela rede física de saneamento. Segundo a empresa, “importa clarificar que as medidas implementadas pela Tejo Ambiente resultam do enquadramento legal vigente e das recomendações da Entidade Reguladora dos Serviços de Águas e Resíduos (ERSAR)”. Ou seja, a Tejo Ambiente “apenas cum-

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pre a lei e segue as recomendações da ERSAR”. Ao abrigo do estabelecido no Decreto-Lei 194/2009 de 20 de agosto, entidades gestoras de serviços públicos, como é o caso da Tejo Ambiente, estão obrigadas a garantir a segurança dos procedimentos, bem como a proteção ambiental e sanitária das populações e dos recursos naturais, relativamente à recolha e tratamento das águas residuais domésticas (esgotos). Neste contexto, cumprindo a legislação vigente e respeitando o parecer vinculativo da ERSAR, a Tejo Ambiente “visa garantir a prestação do serviço de saneamento a todos os utilizadores, aplicando a mesma tarifa, tanto a meios fixos (cobertos pela rede física de

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saneamento) como a meios móveis (veículos Limpa Fossas)”. Explica a Tejo Ambiente que “todos os utilizadores sem acesso à rede fixa de saneamento, passaram a usufruir do acesso ao serviço móvel de saneamento. Este serviço é faturado mensalmente, de acordo com o tarifário em vigor para o saneamento de águas residuais”. Resumindo: para uma família com um consumo médio de água de 8 m3/mês, o custo mensal com serviço de saneamento, cifra-se em 8,66€, de acordo com o tarifário em vigor. Em contrapartida, o utilizador terá direito, de forma gratuita, a duas limpezas de fossa, por ano. Acresce a garantia de que “as lamas recolhidas terão tratamento ade-

quado numa ETAR, contribuindo deste modo para a preservação ambiental e da própria saúde pública”. Na sequência da implementação desta medida, a Tejo Ambiente “irá proceder ao agendamento de vistorias técnicas às fossas dos munícipes, servindo as mesmas para verificar o estado de funcionamento e eventuais correções a realizar. Cada vistoria resultará num relatório técnico de suporte, através do qual será sustentado o teor do ofício, posteriormente enviado ao proprietário da fossa respetiva”. A Tejo Ambiente afirma-se ainda na disposição “para quaisquer esclarecimentos adicionais, seja através dos postos de atendimento da Tejo Ambiente como através do site www.tejoambiente.pt”.


GALERIA / José Santos

Natural de Abrantes, Designer Gráfico de profissão, apaixonado por Arte em geral é na fotografia, em particular, que sente alguma facilidade em extravasar de uma forma mais irreverente, talvez pelo facto de ser um mundo onde tenha ainda muito por descobrir e certamente aprender. Fascinado por todo o processo criativo e pela possibilidade de pôr em prática novas ideias, sente uma constante curiosidade em abraçar novos projetos, por forma a manter a sua motivação e poder continuar a sua evolução profissional e pessoal. Apesar destes anos de clicks, considera ainda, que todos os passos dados são uma forma constante de agradável aprendizagem.

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REGIÃO / / ABRANTES

Jorge Andrade e Ricardo Alves participaram no “Preparar o atleta do futuro” // A celebrar a sua 20ª edição, o workshop “Preparar o atleta do futuro”, organizado pelo Município de Abrantes desde 2011, realizou-se no dia 29 de setembro, com as intervenções do ex-futebolista Jorge Andrade e do abrantino Ricardo Alves, que se destacou como um dos melhores velocistas nacionais, ao serviço do Tramagal Sport União e Sporting Clube de Portugal. / CMA

Perante uma plateia de 70 participantes, o workshop “Preparar o atleta do futuro” decorreu no edifício Pirâmide, em Abrantes, e iniciou-se com a intervenção do vereador Luís Filipe Dias que destacou a importância deste ciclo bianual de formações na qualificação contínua dos diferentes agentes desportivos e que tem contado, ao longo dos anos, com a presença de preletores, das mais diversas modalidades, coordenadores técnicos, dirigentes federativos, treinadores, selecionadores, atletas, ex-atletas, campeões olímpicos e campeões nacionais. Nesta 20.ª edição, Ricardo Alves foi o primeiro a intervir, abordando “A vida dentro e fora de pista” onde recordou o seu quotidiano, em adolescente, que começava antes das 7 horas da manhã para ir treinar atletismo, ir para as aulas e ainda conciliar com o treino de futebol no C.A.D.E – Clube Amador de Desportos do Entroncamento. Foi internacional nas modalidades de atletismo e futebol, tendo representado a Seleção Nacional de Futebol Sub-16. No ano 2000, bateu o recor-

/ Jorge Andrade, ex-futebolista, falou do “Percurso de uma vida” de nacional júnior dos 100 metros, ao percorrer a distância em 10,39s, recorde que ainda hoje, mais de 20 anos depois, ainda não foi batido. Nessa temporada de 2000, foi Cam-

peão de Portugal nos 100 e 200m e obteve um excelente 6º lugar nos 100m do Mundial de Juniores, que se disputou em Santiago do Chile, onde também correu os 200m. Apelidado

/ CONSTÂNCIA

/ MÉDIO TEJO

Constância vai ter uma Loja do Cidadão. A candidatura que o Município fez para ter este equipamento foi aprovada, de acordo com uma nota divulgada pela autarquia a 7 de setembro. “Foi com bastante satisfação que o Município viu aprovada a sua candidatura para instalação da Loja do Cidadão no Centro Histórico de Constância”, pode ler-se nesta informação. Esta Loja do Cidadão vai permitir que num mesmo edifício fiquem instalados os serviços de Finanças, Conservatória, Segurança Social e

Os autarcas do Médio Tejo declararam “grandes expectativas” perante a inclusão, na avaliação ambiental estratégia do futuro aeroporto, da localização em Santarém, o que, a confirmar-se, “será um grande investimento para a região e para o país”. A tomada de posição foi anunciada após uma apresentação do projeto ao Conselho Intermunicipal do Médio Tejo, feita por Carlos Brazão, responsável do grupo Magellan 500, “com o propósito de única e exclusivamente efetuar uma apresentação do ponto de vista técnico e do desenvolvimento económico da construção de um aeroporto privado, denominado Aeroporto de Santarém”. “Os autarcas, sabendo que ainda não existe nenhuma tomada de posição pelo Governo sobre esta matéria, estão obviamente com grandes expectativas, considerando que esta localização foi uma das escolhidas

Autarcas com "grandes expectativas" na escolha de Santarém para possível aeroporto

Autarquia vê aprovada instalação de uma Loja do Cidadão

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como o “Furacão do Tramagal”, em 2000 foi distinguido com o prémio “Revelação” da revista “Atletismo”. “Percurso de uma vida” foi o tema da intervenção de Jorge An-

drade, ex-futebolista português, que começou como jogador numa temporada em que o Estrela da Amadora conquistou a sua melhor posição de sempre: o 7º lugar no campeonato nacional (1997/98). Jorge Andrade falou da sua experiência com o treinador Fernando Santos, da sua passagem pelo Futebol Clube do Porto, da sua participação no Mundial da Coreia e como jogador do clube galego Deportivo de La Coruña e da Juventus. Jorge Andrade serviu a Seleção Portuguesa na Copa do Mundo de 2002 e no Euro 2004. Atualmente, Jorge Andrade possui o título de treinador UEFA Pro, pertence à estrutura do Estrela da Amadora e é comentador desportivo na RTP. A 20.ª edição do workshop “Preparar o atleta do futuro” teve como moderador o jornalista Mário Rui Fonseca. Este workshop, que é certificado com a Bandeira de Ética do Instituto Português do Desporto e da Juventude desde 2011, conta com o apoio do Instituto Português do Desporto e da Juventude. Nas 19 edições anteriores, o workshop abordou várias temáticas relevantes como: desenvolvimento desportivo; desafios para a alta competição; ser treinador – conceitos; condutas e orientações; jogar à bola ou jogar futebol; treino do jovem atleta; coordenação técnica de um clube; relacionamento com os pais; especialização desportiva; violência no desporto; especialização desportiva, bullying no desporto, entre outros.

Espaço Cidadão. A localização já está definida, ficará situada no Largo do Olival, em pleno Centro Histórico da vila, num imóvel que será adquirido à Santa Casa da Misericórdia de Constância. A instalação da Loja do Cidadão em Constância resulta de uma candidatura apresentada pelo Município ao abrigo do PRR (Plano de Recuperação e Resiliência) e implica um investimento previsto de 1 milhão e 100 mil euros e terá um apoio a fundo perdido de 900 mil euros.

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no âmbito da avaliação ambiental estratégica do futuro aeroporto, segundo a resolução do Conselho de Ministros. Caso se confirme, será um grande investimento para a região e para o nosso país”, lê-se numa nota da Comunidade Intermunicipal do Médio Tejo (CIMT). Para os autarcas, “um projeto desta envergadura, que servirá o país e a região, alavancará não só um desenvolvimento ímpar e diferenciador, como também potencia-

rá o desenvolvimento do turismo, a oferta de emprego, expansão de negócios e outros mercados”. Já a Comunidade Intermunicipal da Lezíria do Tejo (CIMLT), que ouviu, igualmente, a apresentação dos promotores do projeto, reagiu declarando satisfação por se inserirem no seu território duas das alternativas que vão ser estudadas, Benavente (onde se situam os terrenos da designada opção Alcochete) e Santarém.


REGIÃO / Abrantes Panteão dos Almeida conquista prémio Ouro nos Muse Design Awards 2022

OPINIÃO /

// O projeto de requalificação do Panteão dos Almeida recebeu a distinção de “Gold Winner” na categoria de “Interior Design – Exhibits, Pavilions & Exhibitions” nos “Muse Design Awards 2022”. A informação foi avançada pelo Município de Abrantes que revelou ainda que o júri considerou a “condução do visitante por um caminho imersivo e transparente, quase irreal, onde podemos cruzar camadas de informação, entre o presente e o passado, ambos servindo de complemento à mesma exposição e informação”, relevando a “subtileza alusiva ao sagrado, uma simplicidade da lógica construtiva”. A intervenção na igreja de Santa Maria do Castelo esteve a cargo da Spaceworkers e foi concebida, de acordo com a mesma informação, para ser “completamente reversível e minimalista, evitando competir com a grandeza histórica do existente”.

Os Muse Design Awards decorrem nos Estados Unidos e contaram nesta edição com mais de seis mil trabalhos a concurso, vindos de todo o mundo. A Igreja de Santa Maria do Castelo, construída no Século XIII, deixou de ter culto religioso em 1834 e, desde 1921, foi o local do Museu D. Lopo de Almeida. Desde, 14 de junho de 2021, cerca de 100 anos depois, passou a ser o Panteão dos Almeida. É neste local que estão os túmulos de D. Diogo Fernandes de Almeida, D. Lopo de Almeida (primeiro Conde de Abrantes), D. João de Almeida (segundo Conde de Abrantes), D. António de Almeida e D. Rodrigo Anes de

Almeida Meneses (primeiro Marquês de Abrantes). Numa intervenção que custou perto de 160 mil euros, a autarquia quis salvaguardar este legado histórico, para além de requalificar o edifício. Foi construído um soalho por forma a destacar as campas que estão no chão da capela, assim como foi salvaguardado o altar. Nesta musealização, o visitante é convidado a entrar e circular por entre painéis de vidro com informação sobre o local e é conduzido aos túmulos, passando por uma mesa interativa em que tem muita informação sobre o Panteão, os Almeida e sobre a história de Abrantes. / CMA

Autarquia aprova regulamento dos campos de Padel do Aquapolis Passaram dois anos sobre a abertura dos campos de Padel no Aquapolis norte. Os campos começaram a funcionar em contexto de pandemia, de forma gratuita, mas, segundo a autarquia, “tornou-se necessário a implementação de um conjunto de disposições normativas para a correta gestão, manutenção, acesso e utilização destes equipamentos municipais de interesse público, que tem vindo a registar uma grande afluência de praticantes.” Assim, na reunião do Executivo Municipal de 6 de setembro foi apro-

vado, por unanimidade, a proposta de regulamento que estabelece as condições de acesso e utilização dos campos de Padel do Município de Abrantes. De acordo com o regulamento agora aprovado, a utilização dos campos de Padel realiza-se por períodos de utilização total de 1h30, podendo ser prolongado por tempos consecutivos de 01h30, desde que haja disponibilidade, sendo que cada utilizador tem, como limite semanal, duas utilizações. A utilização dos campos e respetivo aluguer

de material corresponderá a uma tarifa definida na Tabela de Preços do Município, no valor de 10 euros, por períodos de utilização. Ainda segundo informação do Município, o “regulamento foi elaborado nos termos da legislação, nomeadamente da Constituição da República Portuguesa e da Lei de Bases da Atividade Física e do Desporto.” O regulamento foi apresentado, discutido e votado na Assembleia Municipal e entrará em vigor após publicação no Diário da República.

O futuro da Europa poderá estar na Ucrânia

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o novo mapa geopolítico europeu, a Ucrânia é a fatia do bolo que todos querem agarrar. No que toca a recursos naturais, a Ucrânia é o 4.º país com maiores reservas no mundo, com ativos avaliados na ordem dos 7,5 biliões de dólares. Esta riqueza é variada. A Ucrânia é detentora de vastos depósitos de carvão, minérios preciosos, como titânio e lítio, tem depósitos de minérios férreos, tem das melhores terras agrícolas no mundo e tem, logo a seguir à Rússia, as maiores reservas de gás provadas da Europa, avaliadas em mais de 1 trilião de metros cúbicos. Para além disso, a Ucrânia é um dos principais exportadores de eletricidade para a União Europeia. Apesar de todos os pretextos do Kremlin para justificar a sua “operação militar especial” na Ucrânia, é cada vez mais óbvio que um dos grandes objetivos de Moscovo é, por um lado, o controlo dos vastos recursos naturais ucranianos e, por outro, impedir que uma Ucrânia autónoma e independente se assuma nos mercados internacionais como um concorrente de peso para as exportações russas. Isso ficou claro pelo aumento de 60% nas exportações russas de trigo, entre Março e Abril, após o bloqueio naval às exportações ucranianas de cereais. Por isso, não deixa de ser notório que a invasão russa se centrou às regiões no leste, coincidentes com os ricos depósitos minerais e de hidrocarbonetos no país, bem como com as principais indústrias que compõem o motor económico ucraniano e com as melhores terras agrícolas do país. Nesta jogada militar russa, o Kremlin tem jogado com a Ucrânia para impedir que uma possível exploração em grande escala da energia e minérios ucranianos cheguem à Europa e compitam com a Rússia pelo principal mercado de exportação das suas matérias primas. As intervenções militares russas na Ucrânia evidenciam

/ Nuno Alves / MESTRE EM RELAÇÕES INTERNACIONAIS / nmalves@sapo.pt

isso. A anexação da Crimeia, em 2014, teve lugar poucos meses após o governo de Kiev ter iniciado negociações com a Shell e a Chevron para a exploração do petróleo no Mar Negro, justamente ao largo da Crimeia. As revoltas separatistas pró-russas na região do Donbass, também em 2014, surgem igualmente sem estranheza se considerarmos que é naquela região que se encontram os maiores depósitos europeus de terras raras, que compõem os minérios metálicos necessários para muitos componentes eletrónicos. Mais recentemente, o Governo de Kiev tentou avançar com a concessão a privados da exploração de minérios no leste do país e assinou, inclusive, um acordo com a União Europeia para a exploração de terras raras que permitiria a Bruxelas reduzir a sua dependência da China, de quem depende para obter 90% destes minérios metálicos. Uma vez mais, a invasão russa, em Fevereiro, impediu a continuidade destes projetos. O futuro geopolítico e económico da Europa parece estar na Ucrânia. Para a Rússia significa controlo, mas para a Europa poderá significar sobrevivência. As relações europeias com a Ucrânia, por muita solidariedade que possa ser mostrada, tem um forte fundamento económico. E a Europa precisa desesperadamente da agricultura ucraniana, bem como das suas fontes de energia e minérios valiosos para garantir a sua segurança alimentar, energética e tecnológica.

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CULTURA / OPINIÃO /

Nada como dantes?

Martim Brion expõe fotografia, escultura e texto no MIAA O Museu Ibérico de Arqueologia e Arte de Abrantes (MIAA) inaugurou em meados de setembro duas novas exposições de arte contemporânea da coleção Figueiredo Ribeiro: “Dois Cafés”, de Luís Paulo Costa com curadoria de Sara Antónia Matos, e “O que fazer”, da autoria de Martim Brion com curadoria de João Silvério, podem ser visitadas até 12 de fevereiro. A pergunta “O que fazer?” teve uma resposta simples por parte do autor: “Um pouco de tudo e nada de nada, ambos ao mesmo tempo.” Esta é uma exposição com muita cor e o próprio Martim revelou o gosto muito forte pela cor “na vida, na arte.” Esta é uma mostra do trabalho desenvolvido nos últimos três anos, sendo que mais de metade são trabalhos realizados nos últimos 12 meses, com fotografia, escultura e trabalhos em papel. Quando se pensa numa exposição Martim Brion revelou que há sempre uma adaptação ao espaço, mas algumas peças, neste caso quatro, foram feitas propositadamente para o MIAA. “Há um lado importante na adaptação ao espaço, porque é como a pessoa vê o trabalho, quando ele é colocado no espaço (e apontou à sala onde estavam os seus trabalhos)”, explicou o artista ao mesmo tempo que revelou a mestria com que foi feita a reconstrução do Convento de S. Domingos e a sua adaptação a um espaço expositivo. Há sempre um trabalho de duas partes, o lado do artista e a visão da curadoria. Há um diálogo entre os três antes de instalar uma exposição. E este caso foi um desses exemplos. Artista e curador visitaram o espaço antes de pensarem a

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exposição. Foi a partir daí que foi criado um “desenho” de trabalhos a mostrar aos visitantes do MIAA até fevereiro do próximo ano. Uma das criações é um conjunto de cerca de três dezenas “quadros” com uma palavra ou uma frase impressa em cores diferentes. E há peças com e sem moldura que permitirá ao visitante interpretar e absorver a mensagem do artista. Martim Brion revela que este conjunto tem o nome de “Process Serious Descriptions” e que são descrições de peças que podem ou não existir. O artista revelou ainda, ao Jornal de Abrantes, que os visitantes, quando o encontram, têm curiosidade sobre o processo de criação. “As pessoas querem saber como é que e feita uma obra.” E à pergunta porque é que o Martim faz isto (arte contemporânea) a resposta é igualmente curta e simples: “porque gosto muito de fazer isto.” Para além de Martim Brion, o curador, João Silvério, explicou o conceito para a montagem desta

JORNAL DE ABRANTES / Outubro 2022

exposição. Este artista apresenta um conjunto de “trabalhos escultóricos que transitam do formato tridimensional para a fotografia, para o texto e, em termos de composição, para uma composição formal estribada numa geometria abstrata que estabelece padrões equilibrados entre a escala e a proporção de uma paleta cromática de grande rigor e economia.” O curador disse que neste caso houve liberdade dos dois lados para escolher as peças a expor. E escolher “significa sempre retirar. Mas esse é o aspeto mais interessante que é a união das duas perspetivas, do artista e do curador.” Já sabe, tem duas exposições da coleção Figueiredo Ribeiro, outras duas da coleção nacional de arte contemporânea, a exposição permanente de Maria Lucília Moita e ainda toda a outra parte do passado, espólio Municipal e da Fundação Estrada, da arqueologia ao século 19, passando pelas grandes civilizações do mundo, onde se inclui o Egipto e a China.

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uando cheguei a Abrantes, em 1959, a recolha do lixo era feita numa carroça puxada por uma mula. Depois, salvo erro, passou a ser feira por uma camioneta de caixa aberta. Mais tarde, por uma camioneta de caixa metálica fechada. Tudo era despejado na lixeira municipal, sobranceira ao Tejo. Os moradores do Rossio queixavam-se então de que, em certos dias, o vento trazia o fumo da lixeira e tornava o ar irrespirável. Chegou o tempo de fechar a lixeira e abrir um aterro sanitário, na Concavada. Por fim, o sistema passou a ser regional e o lixo é agora levado para ser tratado algures perto de Avis. Em casa, o lixo era depositado num balde, que era colocado à porta e depois despejado pelo “homem do lixo”. Entretanto, a recolha de lixo foi alargada a todo o concelho. Já nos anos 80 (?), vieram os contentores distribuídos pelas ruas e aos moradores era pedido que colocassem o lixo em sacos de plástico. Entretanto, foram também colocados ecopontos na vizinhança e criado um ecocentro no parque industrial. É agora pedido aos habitantes que separem os resíduos e favoreçam a sua reciclagem. E a marcha continua. Desde sempre, Abrantes foi um local com muito pouca água, era necessário guardá-la em cisternas quando chovia e ir buscá-la às fontes na periferia da vila. Em 1891, foi – finalmente – inaugurado o sistema de abastecimento público à vila, em fontenários. Foi uma festa como nunca se tinha visto, nem veria, mesmo salvas as devidas diferenças. Em 1921, Abrantes estava sem água e o serviço de abastecimento foi municipalizado. Em 1951 foi construído o depósito de água no castelo e já depois do 25 de Abril foram construídos outros depósitos para garantirem o abastecimento da rede que tinha passado a ser de água ao domicílio. O abastecimento de água às freguesias foi sendo alargado e as canalizações substituídas até há bem pouco tempo. Ainda decorrem trabalhos de reforço para garantir que a água não falte.

/ José Alves Jana / FILÓSOFO

Quando cheguei, os poucos esgotos da cidade alta corriam a céu aberto e regavam as hortas que abasteciam o mercado diário. O sistema é agora universal e há estações de tratamento dos esgotos. Hoje, Portugal é intimando a melhorar o sistema de tratamento de lixos, os esgotos ainda têm problemas e quanto a água os últimos anos têm dado sucessivas lições. Estes são três, apenas três exemplos. Entretanto, a opinião pública continua a dizer que “os políticos não fazem nada”. Sobretudo instalou-se um sistema público de pensamento do tipo “nós (o povo) contra eles (os políticos)”. Eles têm todas as obrigações e nós nenhumas. Eles têm de garantir-nos tudo o que precisamos, nós apenas temos de reclamar quando não estamos satisfeitos. Basta olhar para o lixo espalhado pelos locais mais impróprios e para a forma como desperdiçamos água. E dar uma vista de olhos pelas redes sociais. Nestas fica patente que nos sentimos traídos, abandonados, deprimidos, sem futuro… porque “eles”, os políticos… Podemos pensar o que quisermos e como quisermos, mas não podemos querer pensar mal e depois ter bons resultados. E não há lugar algum, nem país algum em que este modo de pensar produza efeitos positivos. É deprimente e suicida. Não se trata de não podermos afirmar os problemas e chegar a conclusões críticas. São indispensáveis para uma boa saúde do sistema social. Não é isso. O problema é a falsa perceção da nossa história recente e não percebermos que grande parte do problema está em nós, no nosso comportamento coletivo: preferimos queixar-nos, em vez de fazermos o que seria necessário para construir soluções.


SOCIEDADE /

CHMT lança aplicação para telemóvel MyCHMT Olhai as feridas nos campos!

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Depois de registado o utilizador pode aceder a processos de outros familiares, desde que tenha as credenciais de acesso ao SNS

de atendimento presencial, que estarão sempre disponíveis para quem não domina as novas tecnologias. “O CHMT está na vanguarda das melhores práticas do SNS. A partir de hoje, os utentes da instituição passam a ter acesso a uma ferramenta muito prática, de fácil utilização, que vai permitir acelerar a modernização administrativa e facilitar a vida aos utentes. Pode parecer um paradoxo, mas através da inovação tecnológica da aplicação móvel MyCHMT, vamos dar um salto na humanização dos cuidados de saúde e aproximar os nossos utentes às instituições”, afirma Casimiro Ramos, presidente do Conselho de Administração do CHMT, que conclui: “A digitalização e a inovação tecnológica já fazem parte do presente e serão incontornáveis no futuro dos cuidados de saúde”.

escritor brasileiro Érico Veríssimo escreveu o belo romance Olhai os Lírios nos Campos, o fecundo homem de letras, tal como milhares de outros repousa na obscuridade, o mesmo sucede às suas obras, no entanto, ao contemplar a paisagem ressequida, queimada, desoladora, o romance acima referido é, o refulgente contraste dado o autor ter conseguido criar enorme beleza sensorial na rememoração dos campos e o viço eclatante dos lírios que muitos associam à morte. Ora, os incêndios, infelizmente, também têm significado morte para lá da destruição de haveres materiais sem esquecer animais domésticos e de estimação. É penoso escrever sobre a indústria do fogo, criar simbologias, lembrar o Tejo agora fio de água, tecer loas ao passado, tudo isso é fácil, porém a palavra – indústria – associada aos calamitosos fogos é tão repugnante quanto trazer a terreiro o monstro chamado Nero cantar epigramas e hossanas ao ver arder Roma. Este ano o concelho de Abrantes escapou à chacina do revestimento vegetal e animal, as primeiras chuvadas amenizaram a solidão do território cada dia mais despovoado e, os clamores contra a secura amainaram, porém quase todos sabem quanta persistência da chuva vai ser precisa para os lírios florescerem com a paisagem que nós queremos contemplar. As autoridades estatais e

/ Armando Fernandes

autárquicas devem aproveitar a benesse deste ano para executarem trabalhos de defesa e revigoramento do território pois, para lá do sentimento de segurança das populações trata de um património único no Planeta que dizemos amar, embora a prática o desminta a todo o tempo.

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O Centro Hospitalar do Médio Tejo (CHMT) acaba de disponibilizar aos utentes das suas três unidades hospitalares a aplicação para telemóvel ou tablet MyCHMT. Trata-se de uma ferramenta de modernização administrativa, fácil e intuitiva, que reúne a partir de um dispositivo eletrónico, um conjunto muito alargado de informações sobre a saúde do seu utilizador, como o histórico e agenda de consultas, exames ou tratamentos, e ainda permite o acesso rápido, gratuito e eficaz a um vasto conjunto de serviços administrativos. Para ter acesso à aplicação, basta descarregar gratuitamente o aplicativo, pesquisando na loja Google Play (para modelos Android) ou na App Store (para dispositivos Apple) pela palavra-chave “MyCHMT”. Após esse passo, segue-se a configuração da conta, para a qual é apenas necessário o número de utente e número de telefone associado ao processo hospitalar. Feita a sincronização dos dados, o utente passa a ter acesso personalizado e seguro (encriptado), a partir do seu smartphone ou tablet, a uma “carteira digital” de saúde do utilizador. A utilização da app permite o acesso, cómodo, sem filas, esperas, ou gastos desnecessários em deslocações, a um conjunto de funcionalidades e informações sobre a sua saúde e processo clínico, como a agenda e histórico de consultas, exames e tratamentos, podendo ser ativadas notificações que alertam o utilizador das datas dos seus compromissos de saúde no CHMT. É ainda disponibilizado na aplicação MyCHMT um alargado conjunto de ferramentas e serviços administrativos, como proceder comodamente ao pagamento de taxas moderadoras, ou obter comprovativos de presença para efeitos de justificação de falta junto da entidade patronal. Informações sobre a instituição, os seus profissionais e a atividade assistencial desenvolvida, bem como indicações sobre a localização e como chegar às três unidades hospitalares do CHMT – localizadas em Abrantes, Tomar e Torres Novas – são outras funcionalidades já disponíveis. Ao longo de todo o mês serão acrescentadas novas funcionalidades, como a confirmação de chegada a consultas e exames, sem necessidade de deslocação ao quiosque digital ou aos gabinetes

OPINIÃO /

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ECONOMIA /

Novo eCanter produzido no Tramagal apresentado na IAA Transportation // Camião começará a ser produzido em massa na fábrica do Tramagal a partir de 2023 e insere-se na aposta em veículos neutros em CO2 da Daimler Truck. A IAA Transportation, maior feira do mundo para veículos comerciais, que decorreu o mês passado em Hannover, na Alemanha, teve como um dos destaques a apresentação do Next Generation eCanter. O camião estará no mercado a partir do próximo ano e será produzido na fábrica da Mitsubishi FUSO, no Tramagal, onde a atual eCanter é fabricada em pequenas séries desde 2017. A nova versão será produzida em massa e enquadra-se nos objetivos da Daimler Truck – grupo a que pertence a marca – de “solucionar os problemas ambientais urbanos ligados à poluição sonora e emissões de CO2, bem como responder às necessidades logísticas e de sustentabilidade dos clientes”. O desenvolvimento do veículo foi baseado na análise de dados recolhidos ao longo de seis anos e mais de seis milhões de quilómetros realizados pelos cerca de 450 camiões eCanter já produzidos. A Daimler Truck ambiciona que em 2030 cerca de 60% das vendas nos 30 mercados europeus sejam de veículos comerciais neutros em CO2, e que a partir de 2039 apenas venda veículos neutros em emissões de CO2. Karl Deppen, CEO da Daimler Truck Asia, assume o desafio: “Na FUSO estamos na vanguarda da eletrificação de veículos comerciais. Ao dar o passo seguinte, alargando a nossa carteira de produtos e entrando na produção em larga escala, continuamos a liderar o transporte sustentável do futuro.” Este é um passo fundamental também para Arne Barden, CEO da fábrica no Tramagal: “A transição energética e a descarbonização estão a acontecer muito mais rápido do que inicialmente pensávamos. Com este novo produto conseguimos responder a muitos dos desafios do transporte urbano e da logística last mile de uma forma amiga do ambiente. Termos a nossa fábrica do Tramagal a liderar este desenvolvimento tecnológico deixa-nos muito orgulhosos, mas também nos dá muita responsabilidade.”

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O novo eCanter terá dois centros de produção: Tramagal e Kawasaki, no Japão.

/ O Next Generation eCanter estará no mercado a partir do próximo ano

O novo eCanter terá apenas dois centros de produção a nível mundial: a fábrica do Tramagal e a de Kawasaki, no Japão. A apresentação europeia do camião elétrico light-dut y da FUSO acontece duas semanas após a apresentação mundial no Japão. No âmbito da apresentação na IAA, a fábrica do Tramagal recebeu no dia 22 de Setembro uma visita de um grupo de jornalistas internacionais oriundos dos principais mercados onde o Next Generation eCanter será aposta.

JORNAL DE ABRANTES / Outubro 2022

Next Generation eCanter

O novo camião apresenta uma autonomia de até 200 km com uma única carga, proporcionando mais flexibilidade aos condutores em percursos mais longos. Tal como com o actual eCanter, os clientes continuarão também a ter a opção de carregamento AC ou DC (rápido). Na Europa, os clientes poderão escolher uma gama entre as 4,25 e 8,55 toneladas, e seis diferentes distâncias entre eixos. Há ainda 42 variantes, permitindo aplicações ainda mais diversificadas,

em que pode funcionar como um reboque, um sistema basculante ou ter gruas instaladas para apoiar as empresas de construção.

A marca em Portugal

A FUSO Canter é um modelo de sucesso não apenas a nível global, mas especialmente a nível do mercado nacional, onde as primeiras unidades matriculadas datam de 1972 celebrando assim, em 2022, 50 anos de comercialização em Portugal que totalizam mais de 80.000 unidades e sendo possível encontrar em circulação

unidades com mais de 30 e até 40 anos. A visão da eletrificação da Canter começou há quase 10 anos, materializada em 2014 com a apresentação do projecto Canter e-CELL e em 2017 com o projeto piloto do primeiro protótipo eCanter, levado a cabo em 6 cidades a nível mundial, entre as quais Lisboa onde, em 2018, 10 unidades foram entregues à Câmara Municipal de Lisboa para serviços de limpeza urbana com emissões zero, missão levada a cabo com sucesso. A entrada na sua nova e 9ª geração, a mais recente e evoluída de sempre, é um marco importante na história de sucesso da FUSO Canter. No ano em que celebra 50 anos de atividade em Portugal, a Canter prepara-se para alargar a sua gama com o Next Generation eCanter e mostrar assim o futuro do negócio da FUSO, dando resposta à necessidade das grandes cidades de disporem de veículos comerciais de mercadorias não poluentes e que cumpram as cada vez maiores exigências ambientais, assegurando a distribuição e serviços no centro das cidades de uma forma ambientalmente sustentável. A FUSO é uma marca da Daimler Truck que oferece uma vasta gama de produtos comerciais, de categoria média e pesada, abrangendo cerca de 170 mercados internacionais. A marca é referência pela qualidade de produção dos veículos desenvolvidos na tradição nipónica, ao longo de várias décadas. Este ano marca o 90º aniversário da FUSO, “um marco do seu legado contínuo de estabelecer referências em eficiência, segurança e conforto”.


PATRIMÓNIO / NOMES COM HISTÓRIA / Grupo

Encontramos este pequeno largo mesmo no coração do centro histórico de Abrantes, outrora rodeado por pequenos estabelecimentos de comércio, muitos dos quais hoje infelizmente fechados. Chamou-se em tempos Largo do Pasteleiro ou Pasteleiros, topónimo possivelmente ligado a esta actividade profissional. Em 12 de Janeiro de 1890, um grupo de sócios da Sociedade João de Deus apresentou à Câmara um requerimento no sentido de alterar o nome deste local para Largo João de Deus, o qual foi deferido e o referido topónimo assim se conservou até aos nossos dias. Mas quem foi João de Deus e o que teve ele a ver com Abrantes? Este ilustre poeta e pedagogo nasceu em S. Bartolomeu de Messines a 8 de Março de 1830 e faleceu em Lisboa, a 11 de Janeiro de 1896. Na sua juventude passou pelo seminário, mas reconhecendo que não tinha vocação, saiu e foi para Coimbra onde ingressou na faculdade de Direito. Aqui teve uma vida algo boémia e, começando a ficar conhecido pela facilidade com que versejava, chegou mesmo a vender os seus poemas para poder sobreviver. Passou depois pelo jornalismo, foi também deputado, mas era pela sua poesia lírica que continuava a ser conhecido. O casamento em 1868, com Guilhermina das Mercês Battaglia, uma senhora de boas famílias, trouxe-lhe estabilidade emocional e económica e o seu comportamento a partir daí mudou completamente, revelando-se muito mais amadurecido. Começou a envolver-se em campanhas de alfabetização e a interessar-se profundamente por esta actividade, numa altura em que uma grande parte da população portuguesa era analfabeta. Na sequência deste interesse, publicou, em 1876, a Cartilha Maternal, na qual era aplicado um método de aprendizagem da leitura e da escrita, bastante inovador para a época, com influências do pedagogo suíço Pestalozzi. A Cartilha teve desde o início imenso sucesso e foi mesmo saudada com entusiasmo por alguns dos intelectuais da época, entre os quais Alexandre Herculano. Pouco depois da sua publicação, foi aprovada como método nacional da

Largo João de Deus

através da nossa redação ou por transferência bancária: NIB 0036 0059 99100093265 67

uma nova forma de comunicar. ligados por natureza. 241 360 170 . geral@mediaon.com.pt www.mediaon.com.pt

aprendizagem da leitura e da escrita e João de Deus tornou-se, nas últimas décadas do século XIX, numa das figuras mais conhecidas e carismáticas do país. Em Maio de 1882, foi fundada em Lisboa a Associação de Escolas Móveis, com o fim de ensinar a ler e escrever, por este método, a todos os indivíduos que o solicitassem. Para a sua divulgação foram enviados a diversas povoações do país, professores devidamente habilitados que o ensinariam aos professores locais. A sua fama chegou também rapidamente a Abrantes. Logo em 1878, a Câmara mandou a Lisboa o professor primário, Joaquim de Soveral Tavares, com o fim de aprender o método de ensino preconizado por João de Deus, que depois iria aplicar numa escola a abrir numa das dependências do antigo Convento da Esperança, na altura entregue aos militares. Em Março de 1884, já em Abrantes funcionava uma Escola Móvel onde se estavam a realizar os primeiros exames, tendo sido escolhido para presidente do júri o Dr. Ramiro Guedes, pessoa de grande prestígio a nível local e grande admirador de João de Deus, em cuja honra publicou um texto de homenagem, na altura em que o poeta comemorava 65 anos de vida. Em 1887, foi fundada a Biblioteca Histórico – Científica, que pouco

tem depois passar-se-ia a denominar Sociedade de João de Deus. Foi presidida por algumas figuras ilustres entre as quais se conta precisamente Ramiro Guedes e muito iria contribuir para o desenvolvimento cultural da população de Abrantes. Em 1889, já tinha um grupo dramático a funcionar e, nesse mesmo ano, comemorou o aniversário do poeta com um sarau musical e literário para o qual foram convidadas todas as crianças das escolas do concelho. Em 1908, a conhecida escritora Ana de Castro Osório veio aqui fazer uma conferência intitulada: Instrução e Escolas Maternais. É neste contexto de grande entusiasmo em relação a João de Deus e ao seu método, que em 1890 é feita à Câmara a proposta de integrar o seu nome na toponímia da então vila de Abrantes. Hoje, este método já se encontra bastante desactualizado, mas não devemos esquecer contudo a grande importância que teve no seu tempo e o seu papel de pioneiro numa altura em que poucos se preocupavam com a alfabetização não só das crianças mas da população em geral.

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/ Teresa Aparício

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Consultas: - Campos, Eduardo, Cronologia de Abrantes no século XIX, C.M. de Abrantes, 2005. - https:pt.wikipedia.org/wiki/João de Deus de Nogueira Ramos

Outubro 2022 / JORNAL DE ABRANTES

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SAÚDE / CHMT reforça atividade assistencial nos primeiros oito meses do ano // O Centro Hospitalar do Médio Tejo (CHMT) reforçou “de forma muito expressiva” a sua atividade assistencial à população nos oito primeiros meses do ano. Os três hospitais do CHMT registaram resultados recorde na resposta prestada aos utentes dos 14 concelhos da sua área de influência – acima dos valores registados em 2019, ano de referência do Serviço Nacional de Saúde em contexto pré-pandemia – no número de episódios de urgência atendidos, no número de cirurgias urgentes praticadas, e nos meios complementares de diagnóstico que foram efetuados nos oito primeiros meses do ano na instituição. Até 31 de agosto, os profissionais de saúde responderam a 99.306 episódios de urgência – um aumento de 35% face ao período homólogo de 2021, e um por cento acima dos níveis recorde registados em 2019. A recuperação da atividade cirúrgica foi uma das prioridades assumidas pelo CHMT em 2022, depois de dois anos de combate à pandemia que comprometeram esta resposta. Até 31 de agosto de 2022, foram realizadas no CHMT mais 1385 cirurgias do que no período homólogo de 2021, num total de 5.993 atos cirúrgicos, expres-

sando um crescimento de 30% face ao mesmo período do ano passado. Deste total de cirurgias, há a destacar 982 cirurgias urgentes executadas no CHMT – um resultado que representa um aumento de 13% face ao período homólogo de 2021 e 3% acima das cirurgias realizadas em 2019, ano de referência assistencial do Serviço Nacional de Saúde (SNS). Foi dada “uma resposta sem precedentes” no que diz respeito à realização de meios comple-

mentares de diagnóstico – foram realizados 1.764.530 exames, mais 234.683 do que no igual período do ano passado. Neste domínio há, também, um aumento expressivo de 14% face ao período pré-pandemia de 2019. Na valência da Consulta Externa, até 31 de agosto foram realizadas um total de 117.717 consultas, um número que revela um aumento de sete por cento face ao mesmo período de 2021. O crescimento da atividade assistencial é mais ex-

pressivo nas primeiras consultas: foram realizadas 45.338 primeiras consultas, um crescimento de 15% face ao período homólogo de 2021. Já as consultas domiciliárias cresceram 11% homólogos, e realizaram-se 21.419 sessões de “Hospital de Dia” nas três unidades do CHMT – mais 16% do que nos primeiros oito meses de 2021. A COVID-19 manteve-se muito presente nas três unidades hospitalares do CHMT. No acumulado dos oito meses do ano, passaram pelo internamento dedicado à COVID do CHMT 1142 utentes, dos quais 6,5% precisaram de cuidados de saúde altamente diferenciados prestados na Unidade de Cuidados Intensivos da instituição. O tempo médio de internamento em enfermaria foi 17,7 dias e há a lamentar o falecimento de 254 doentes, dois terços dos quais nas faixas etárias entre os 80 e os 99 anos. Assinalou-se uma redução acentuada de doentes internados com COVID-19 entre 22 de agosto e 3 de setembro, com apenas cinco utentes a receberem cuidados de saúde. Esta semana, o valor já

duplicou, para uma média de dez utentes internados. Estes valores comparam com o pico de internamentos COVID-19 de 2022, que ocorreu nas primeiras duas semanas de junho, com uma média semanal de 54 doentes internados. “O CHMT enfrenta a reta final de 2022, um ano muito desafiante para o Serviço Nacional de Saúde, com um balanço assistencial à população do Médio Tejo que deve orgulhar todos – os utentes, que receberam mais cuidados de saúde, e os profissionais de saúde, de todas as categorias profissionais, que responderam à chamada da saúde pública, apesar do cansaço acumulado da pandemia”, afirma Casimiro Ramos, presidente do Conselho de Administração do CHMT. O responsável acrescenta: “Sabemos que o Inverno não vai aliviar a pressão do Serviço Nacional de Saúde, e que a pandemia dificilmente nos dará tréguas, mas estamos preparados e temos que lembrar que nunca o CHMT fechou o seu serviço de urgência básica, cirúrgica ou pediátrica à população, fruto da dedicação e empenho dos nossos profissionais”.

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Uma escolha sustentável – Beba água da torneira Segundo a Nova Roda dos Alimentos, a água encontra-se destacada no centro, fazendo parte da constituição de quase todos os alimentos, sendo fundamental a sua ingestão diária para manter o equilíbrio do corpo. Além disso, não possui energia, açúcar ou gorduras. Contudo, no nosso quotidiano, por motivos socioculturais e/ou satisfação pessoal substituímos a ingestão desse bem tão necessário por bebidas açucaradas e/ou por bebidas alcoólicas, que prejudicam a saúde. De modo a garantir a qualidade da água para consumo humano, as autoridades competentes procedem à recolha periódica de amostras de água para análise. É verificado o cumprimento dos diversos parâmetros microbiológicos, químicos e físicos, tendo sempre como referencia os definidos pela legislação em vigor. A percentagem de água segura em Portugal Continental é de 99%, um valor considerado de excelência pela Entidade Regula¬dora dos Serviços de Águas e

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JORNAL DE ABRANTES / Outubro 2022

Resíduos (ER¬SAR), podendo garantirse que a população pode beber água da torneira com segurança. Apesar dos constrangimentos motivados pela situação COVID-19, sempre se manteve a «segurança da água da torneira devido à cooperação entre as entidades gestoras, a ERSAR, as autoridades de saúde, os laboratórios e os demais intervenientes no processo de controlo da qualidade da água». Sendo seguro o consumo da água da torneira, também se torna a opção mais sustentável para o planeta. Em termos ambientais, podemos todos contribuir com pequenos gestos – em casa utilizar um jarro/copo com água da torneira

para beber durante o dia; ao sair de casa, poderá optar por uma garrafa reutilizável para o transporte da mesma. Tratam-se de atitudes simples que ao colocar em prática pode fazer uma grande diferença na quantidade de resíduos de plástico ou de vidro que produzimos diariamente, sendo também uma poupança considerável por ano! / Elsa Duarte Curado / Técnica Superior de Diagnóstico e Terapêutica / Saúde Ambiental Unidade Saúde Pública do ACES Médio Tejo


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