Jornal de Abrantes setembro 2019

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a j / JORNAL DE ABRANTES / Abrantes / Constância / Mação / Sardoal / Vila Nova da Barquinha / Vila de Rei / Diretora Patrícia Seixas SETEMBRO 2019 / Edição nº 5583 Mensal / ANO 119

/ DISTRIBUIÇÃO GRATUITA

REPORTAGEM

“Filhos do Fogo” caminharam pela cinza. Págs. 20 e 21 MAÇÃO

REPORTAGEM

O outro lado da solidão Fomos conhecer a realidade de quem vive sozinho e luta diariamente e contra o impossível: o isolamento, o fogo e a solidão. Págs. 4 e 5

Governo recorre da sentença que deu razão à Câmara. Pág. 22 SOCIEDADE

Cónego e Diocese em rota de colisão. Pág. 5 DESPORTO

SARDOAL EM FESTA

Págs. 15 a 18

1.ª distrital com três equipas da região. Pág. 25

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• ESPECIAL FESTAS DO CONCELHO 2019 •


A ABRIR / FOTO OBSERVADOR /

EDITORIAL /

António Manuel M. Silva

Prometeu e cumpriu! Sabiam que vinha mas não sabiam quando. Marcelo Rebelo de Sousa chegou na quarta-feira, 28 de agosto, sem parangonas, e, ao seu estilo habitual, entrou na água da Praia Fluvial de Cardigos, no concelho de Mação. Não foi logo reconhecido, pois claro... ninguém esperava ver por ali o Presidente da República. Saiu da água e disponibilizouse, como habitualmente, a tirar algumas fotos com os veraneantes. Igual a si próprio, saiu como chegou. E lá foi ele para outras paragens, no seu périplo de conhecer as áreas do interior afetadas pelos incêndios. Volte sempre, Presidente!

Patrícia Seixas DIRETORA

Despedimo-nos em festa do verão Passou agosto, mês de praia, de férias e de festas ... Mas não pense que a animação parou por aqui. Setembro ainda nos vai trazer razões para sair de casa. Sardoal vai estar em festa. A 22 de setembro de 1531, D. João III elevou o lugar de Sardoal à categoria de Vila. E, 488 anos depois, Sardoal continua a comemorar a data. São as Festas do Concelho que nos voltam a trazer a gastronomia, o artesanato, as exposições, os artistas da terra e os artistas de âmbito nacional que enchem a Praça da República. Também pelo Sardoal por estes dias, o Boletim Municipal “O Sardoal” comemora 100 edições ininterruptas. Para o Mário Jorge de Sousa, que lhe deu o pontapé de saída (com a caneta Bic Cristal preta), bem como para a Cláudia, o Paulo, o André, o João, a outra Cláudia e toda a restante equipa que assumem a sua produção nos dias de hoje, muito obrigada por nos darem a conhecer as histórias e as gentes do concelho de Sardoal. Voltando ao tema, recorrente nesta altura do ano, o fogo voltou a assustar, desta vez no concelho de Abrantes. Perto do Maxial, freguesia de Fontes, as chamas deflagraram a 20 de agosto (curiosamente, um mês certinho depois dos de Vila de Rei e Mação). O facto de não haver incêndios de grandes dimensões na região fez com que os meios atuassem em força, chegando a estar no terreno mais de 300 operacionais e nove meios aéreos. Três horas depois, o fogo estava em resolução, mas o coração das gentes da zona norte do concelho continuava a bater descompassado. É que diga o que se disser, ninguém “está habituado” a ver a sua terra a arder. E 2005 e 2017 ainda estão bem presentes na memória. Para não ir ainda mais lá atrás. E entretanto, por falar em incêndios, a Amazónia arde... Muito se tem dito, muito se tem escrito. Políticas à parte, o certo é que continuamos a perder diariamente hectares da maior floresta tropical do mundo e a que compreende a maior biodiversidade. Para além do que nos dá e da influência que tem no clima do planeta, é lar de milhares de espécies animais mas, acima de tudo, é lar de tribos indígenas. E quando vemos desaparecer este mundo, não é uma questão de opinião política. É burrice do ser humano! E está aí mais uma campanha eleitoral. Depois das trocas e baldrocas da Lei da Paridade (com a qual não concordo, diga-se), concorrem no círculo eleitoral de Santarém 19 listas de partidos políticos. Portanto, a desculpa para não ir votar não é certamente por falta de escolha. Santarém elege nove deputados à Assembleia da República. Convém que os conheça e que saiba, efetivamente, quais vão ocupar as cadeiras do Parlamento, e também o que pretendem para o distrito. No entanto, o importante é que vote. Para setembro é tudo... se é dos que ainda guardou uns dias de férias para se despedir do verão de 2019, boas férias. Para os restantes, bom regresso ao trabalho. Até outubro!

ja / JORNAL DE ABRANTES

No dia 21 de agosto, a redação do Jornal de Abrantes / Rádio Antena Livre recebeu a visita dos meninos que frequentam as Atividades de Verão da “Cres.Ser” - Associação de Desenvolvimento Pessoal e Comunitário. Na companhia das monitoras Marília Candeias e Rita Amaro e também sob a supervisão de Alves Jana, foram muitas as perguntas mas, essencialmente, gostaram (alguns) de falar ao microfone. No entanto, a animação foi a valer quando passaram para o papel de entrevistadores. Creio que temos o futuro da rádio assegurado.

PERFIL /

Idade 48 anos

consegui abotoar as calças e decidi mudar de rumo.

Naturalidade / Residência Clermont-Ferrand - França Abrançalha de Baixo - Abrantes

Um recanto diferente na região

“Os quatrocentos golpes” de François Truffaut.

A ponte sobre a A23 entre a Amoreira e Montalvo, de onde já vi centenas de vezes o nascer do sol por trás da cidade de Abrantes, uma imagem magnífica! (sempre de bicicleta!).

Uma viagem que marcou

Uma música

A viagem 2N2, onde se conciliou superação física e mental, se descobriu Portugal de norte a sul, se sentiu o calor humano da comunidade abrantina e principalmente se fomentou a Amizade.

“Canção de embalar” de Zeca Afonso, centenas de vezes cantada aos meus filhos.

Um momento importante

Um país para visitar

Janeiro de 2005, quando a balança marcou 81Kg, não

Suiça

Um filme

/ Daniel Simões Oficial médico veterinário do Exército Português

Um livro

“A mais alta solidão” – João Garcia.

Se fosse presidente de Câmara o que faria?

Incentivava fortemente os projetos empreendedores e criadores de emprego, por forma a reter a população no concelho, principalmente os jovens adultos. E claro, daria continuidade ao projeto que colocou Abrantes no centro de Portugal (Abrantes na diagonal), com o “Abrantes na vertical”, “Abrantes na horizontal”, “Abrantes …”. O que mais e menos gosta na sua localidade?

Adoro Abrantes pela simpatia das suas gentes e pela riqueza e diversidade das suas paisagens e aldeias. Não tendo origens em Abrantes, fui e sou acolhido como um abrantino. Se houvesse mais ofertas para o entretenimento da população, então seria perfeito.

FICHA TÉCNICA Direção Geral/Departamento Financeiro Luís Nuno Ablú Dias, 241 360 170, luisabludias@mediaon.com.pt. Diretora Patrícia Seixas (CP.4089 A), patriciaseixas@mediaon.com.pt Telem: 962 109 924 Redação Jerónimo Belo Jorge (CP.7524 A), jeronimobelojorge@mediaon.com.pt, Telem: 962 108 759, Ana Rita Cristóvão (CP.TP-475 A), anaritacristovao@mediaon.com.pt, Carolina Ferreira (estagiária). Colaboradores Carlos Serrano, José Martinho Gaspar, Paulo Delgado, Teresa Aparício, Paula Gil, Manuel Traquina. Cronistas Alves Jana e Nuno Alves. Departamento Comercial. comercial@mediaon.com.pt. Design gráfico e paginação João Pereira. Sede do Impressor Unipress Centro Gráfico, Lda. Travessa Anselmo Braancamp 220, 4410-359 Arcozelo Vila Nova de Gaia. Contactos 241 360 170 | 962 108 759 | 962 109 924. geral@mediaon.com.pt. Sede do editor e sede da redação Av. General Humberto Delgado Edf. Mira Rio, Apartado 65, 2204-909 Abrantes. Editora e proprietária Media On - Comunicação Social, Lda., Capital Social: 50.000 euros, Nº Contribuinte: 505 500 094. Av. General Humberto Delgado Edf. Mira Rio, Apartado 65, 2204-909 Abrantes. Detentores do capital social Luís Nuno Ablú Dias 70% e Susana Leonor Rodrigues André Ablú Dias 30%. Gerência Luís Nuno Ablú Dias. Tiragem 15.000 exemplares. Distribuição gratuita Dep. Legal 219397/04 Nº Registo ERC 100783. Estatuto do Jornal de Abrantes disponível em www.jornaldeabrantes.pt. RECEBA COMODAMENTE O JORNAL DE ABRANTES EM SUA CASA POR APENAS 10 EUROS (CUSTOS DE ENVIO) IBAN: PT50003600599910009326567. Membro de:

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JORNAL DE ABRANTES / Setembro 2019


ENTREVISTA /

“Gosto muito de ajudar” // José Guilherme Moura Neves é o presidente do Rotary Club de Abrantes. Fomos conhecer a atividade do Club e o que move os 26 membros que o compõem. Para o presidente, o lema que melhor se adapta é o “dar de si antes de pensar em si”.

simples. Não é nada elitista e só tem a ver com a unidade do Club. Por exemplo, nós não podemos introduzir alguém que tenha alguma questão ou qualquer tipo de animosidade com os membros que já lá estão. Para que isso não aconteça, o nome é proposto por um companheiro, é verificado pela Comissão de Admissão, e o primeiro convite é para se juntar a nós numa das nossas reuniões ou jantar e ver se sente bem. Normalmente, se se sentem bem, ficam membros.

De que mais se orgulham?

A mim, o que mais me orgulha é poder ajudar os outros. Sem qualquer dúvida. Esta é uma questão que aprendi com o meu pai, que era uma pessoa generosa... Quando conheci o Rotary, achei que seria um sítio onde me iria sentir bem. Fui convidado, entrei quando tinha 16 anos portanto, há 22 anos, e orgulho-me acima de tudo de saber que estou a ajudar quem precisa. Para mim, isso é o principal.

Mas há alguma campanha que o tenha deixado particularmente orgulhoso?

Particularmente, orgulho-me das Bolsas de Estudo, do Curso de Liderança... as campanhas ao nível dos jovens e da educação são para mim pedra angular no nosso desempenho. A educação nunca fez mal a ninguém e se pudermos ajudar quem tem menos possibilidades e quem tem capacidades enormes, é aí que nós mais nos podemos orgulhar... se por razões económicas, alguém que é brilhante não puder continuar e nós lhe “partirmos as pernas” por causa disso...

Na tomada de posse, falou do “peso da responsabilidade”. De que forma é que se sente esse peso?

A responsabilidade de ajudar um Club que tem uma dinâmica muito grande, que exige de quem está na sua presidência algum tempo e onde temos sempre algum receio de não estarmos à altura do desafio. Mas, como é evidente, nós vamos buscar sempre tempo, às vezes roubando à família e aos amigos...

É por isso que o mandato é só de um ano?

mandato de forma diferente? Muito diferente.

O que é que mudou, entretanto, no Rotary Club de Abrantes?

Passaram-se 18 anos e esse tempo, quer no Club, quer na minha pessoas, trouxeram muitas modificações e transformações. Da primeira vez, eu era um rapazote com pouco mais de 30 anos.

O peso da responsabilidade não era tanto na altura?

Não é só por isso. Em todos os Rotary Club’s do mundo, a presidência roda todos os anos para que haja diversidade. Não se quer apegos ao lugar, o objetivo é ajudar a comunidade e assim pode ser feito de forma diferente por quem comanda o Club nesse ano.

Não era porque o Club não estava envolvido em tantas frentes como está agora. Era mais o lugar do presidente, que era quem fazia o Club e o ano. Hoje, isso não se verifica. Temos várias frentes de ação onde estamos há vários anos e em que temos que estar preparados para levá-las para a frente porque não podem parar.

Já não é a sua primeira vez como presidente do RCA... encara este

Para este mandato, quais são os principais objetivos?

Primeiro que tudo, a continuidade. Há programas que fomos desenvolvendo e aos quais vamos dar continuidade, como o Curso de Liderança. É uma formação de jovens, que vai arrancar dia 4 de setembro e até dia 10, com 34 jovens. Apostamos ainda na continuação das nossas ações na comunidade,

Há um lema de Rotary que diz “Dar de si antes de pensar em si” e que se adapta muito bem a mim. Gosto muito de ajudar.

essencialmente das associações que necessitam muitas vezes da nossa ajuda, como a Santa Casa da Misericórdia, a Casa de S. Miguel, o Projeto Homem e outros... associações preferencialmente do nosso concelho mas também fora dele. O Rotary Club de Abrantes não está exclusivamente dedicado ao concelho de Abrantes. Temos ações sociais nos concelhos de Sardoal, Mação, Constância e até Ponte de Sôr.

Essas associações procuram-vos?

Algumas procuram e outras são projetos que algum companheiro conhece e sugere. Verificamos se há possibilidade e o que podemos fazer, como o levantamento das necessidades, estudamos e vemos quais são as respostas que podemos dar a essas associações.

O Rotary Club é um clube elitista? Como se pode entrar?

Só se entra através de convite e tem uma explicação muito

Quantas pessoas o ajudam no Rotary Club? Têm todos tarefas muito bem definidas...

Ao todo, somos 26 membros ativos no Rotary Club de Abrantes. Somos 24 homens e duas senhoras. Neste momento, o “núcleo duro” do Club terá 12 a 14 elementos. São os que estão permanentemente mais ativos. É que temos membros, como é o caso do dr. José Tavares, com 92 anos. Pessoas com oitenta e muitos anos, como o coronel Morgado, e são pessoas que nós poupamos, digamos assim. E eles ajudam de outra forma

Para o cidadão José Guilherme Moura Neves, o que significa pertencer ao Rotary Club de Abrantes?

Uma forma de poder estar ativo na sociedade, de ser interventivo de alguma forma e de, no fundo, poder ajudar. Há um lema de Rotary que diz “Dar de si antes de pensar em si” e que se adapta muito bem a mim. Gosto muito de ajudar. Patrícia Seixas

Setembro 2019 / JORNAL DE ABRANTES

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REPORTAGEM /

O outro lado da solidão

C

hegar até à casa de Laura é como uma viagem no tempo. Daquelas em que percorremos um passado que ficou ao acaso, p e rd i d o , e n t re g u e a o esquecimento. Em que não há uma mercearia, não há uma farmácia, não há carros… nem pessoas. Há apenas uma floresta densa, cortada ao meio por uma estrada para lado nenhum. Apenas pinheiros e eucaliptos, outrora verdejantes e assobiados pelo vento. Agora, frágeis e quebradiços ramos pintados de cinza. Chegámos à Maxieira. Uma pequena aldeia no concelho de Mação composta por meia dúzia de habitantes, mas onde não se vê vivalma. Metidos em casa, culpa da idade que já não ajuda como outrora, e longe dos

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olhares dos estranhos que, sabe-se lá com que intenção, ali passam ‘de quando em vez’. No meio de casas abandonadas pelo tempo e por aqueles que já foram para outra vida, há ainda quem lute contra o triste destino. Há quem tenha a coragem de trocar o tudo pelo nada, quem reconstrua o destruído e quem sobreviva ao amargo silêncio da solidão. Laura herdou a casa dos sogros, uma antiga taberna. Mudou-se para ali para cumprir a promessa que fez ao marido de que iria fazer jus às suas raízes. Ficou viúva em 2005, poucos meses depois de perder a mãe. Encontrou aquele que pensava ser o seu refúgio, depois de uma vida de sofrimento. Veio à procura do descanso, do sossego do campo, do “semear, do plantar, do criar animais e ir à horta… essa bênção”. 2011 foi o ano em que tudo mudou e deixou para trás a cidade, “o stress de Abrantes”.

JORNAL DE ABRANTES / Setembro 2019

Quando chegou à nova mas tão velha casa “não tinha nada, nem água canalizada”. Aos poucos, vai tentando reconstruir cada canto “à minha maneira”, embora o infortúnio das chamas a tente, ano após ano, demover. Vive sem luxos. Não se queixa do pouco que tem e do tanto que não tem. Destemida e confiante, é aquilo a que se chama uma força da natureza, quer pela sua coragem de ter vindo para “o meio do nada” quer pela sua vontade de arranjar sempre algo com que ocupar o tempo, que teima em não passar. “A primeira coisa que faço de manhã é beber o meu café. Ligo os fios elétricos aqui em casa e lá vou ligar a desgraçada daquela máquina para beber o meu cafezinho. Depois vou regar a horta, mas demoro pouco tempo que a água é muito pouca”,

conta-nos Laura, sentada à mesa enquanto corta uma fatia de bolo de iogurte ainda quente, junto a um caderno de receitas improvisado no qual vai “gatafunhando umas invenções”. “Quando venho para cima, tenho ali uma capoeira com mais de 50 coelhos, vou tratar deles. Depois tenho cerca de 15 galinhas, vou lá tirar os ovinhos, tratar dos ‘piu pius’, e então depois vou tomar o meu pequeno-almoço como deve ser”, continua. Enquanto pensa naquilo que vai fazer para o almoço – valha os pepinos, tomates, pimentos e outros tantos produtos da horta que não lhe deixam despertar a fome – entretém-se nas horas de maior calor com outro dos seus passatempos que se tornou já numa paixão: o ponto cruz. “Tenho lá em cima uma cama que está forrada de quadros que mando emoldurar


REPORTAGEM / O desabafo é inevitável e leva-nos à única coisa que assusta Laura: o fogo.

/ Laura tomou a decisão de vir para a Maxieira em 2011. Um refúgio onde o sossego é rei mas onde a monotonia dos dias e a falta de pessoas traz ao cimo o amargo silêncio da solidão

/ É na horta que Laura passa grande parte do seu tempo, onde semeia diferentes hortícolas e planta flores, que tentam dar um pouco mais de vida e cor à paisagem cinzenta que a rodeia

/ Em 2017, os incêndios tentaram entrar porta dentro e roubaram a Laura parte do sustento: a horta. Este ano, as chamas chegaram pelas traseiras a uma velocidade tal que Laura admitiu mesmo que “pensava que nunca mais tinha casa”.

em Mação. Agora ando a fazer as estações do ano, já viu? É muito minucioso, demora muito tempo… mas é uma delícia. Os meus tempos livres é isto, aqui arranjo sempre que fazer… também tenho flores, sou fanática por flores”, conta com um sorriso aberto de quem fala com gosto. Mas há muito por desvendar para lá de um sorriso. Este sorriso esconde uma realidade menos feliz: a solidão. Laura vive sozinha por opção. Diz não sentir falta de um companheiro. Apenas sente falta “de ter alguém com quem conversar… e do meu marido. Se ele fosse vivo eu estaria aqui à mesma. O meu marido é que queria vir para aqui, vinha todos os fins de semana, era aqui que ele gostava de estar, que ele se sentia bem… de maneira que aqui estou eu”. “Isto é tão complicado. É tão monótono. Um ano, dois, três, a gente mantém-se. Mas depois ao resto morre esta pessoa, morre aquela, e são muito poucos os vizinhos. Tinha uma vizinha aqui em frente… faz-me tanta falta. Era sempre aquela janela aberta que era muito importante”, desabafa.

“Ouvia-se aqui estoirar e eu disse ‘é agora’. O fogo ia subindo (…) e eu não queria ir ver porque senão desmaiava (…) Eu só pedia para não me deixarem arder a casa. Que não me deixassem na rua. A casa é velha mas estou cá eu”

Mas é ao domingo que a palavra se impõe e se verbaliza: “O domingo é uma solidão. Não se vê ninguém. E também não posso ir para a horta… aqui olha-se muito a isso”. Um isolamento acentuado por uma terra “que tem má fama, de as pessoas não se ajudarem umas às outras” que Laura tenta contrariar ao ir “à casa deste e daquele vizinho levar uma fatia de bolo e ver se está tudo bem”. A visita das filhas ajuda a apaziguar o coração. Já as visitas ocasionais da GNR alertam-na para ter cuidado com os estranhos. E são muitas as histórias de desconhecidos que tem para contar: desde os que “vêm perguntar se sou reformada” aos que “vêm vender xailes dois a dois para um dar trela e o outro tentar entrar, mas eu não dou hipótese”. Com o pequeno telemóvel que “anda sempre todo louquito” à mão, Laura está sempre alerta. E sai. Sai para a rua e agarra “nessa máquina com que os homens aí andam às costas para limpar as bermas e vou ali para trás da casa cortar ervas. E depois na horta limpo mais… mas para quê”.

Em 2017, as chamas bateram à porta vindas de frente. “Ouvia-se aqui estoirar e eu disse ‘é agora’. O fogo ia subindo, subindo, subindo, e eu não queria ir ver porque senão eu desmaiava”. Perdeu “tudo o que havia de árvores na horta e umas oliveirinhas pequenas… as pobrezinhas nem chegaram a enraizar”. As palavras soam a desalento e os olhos aguados são os de quem já passou vezes demais pelo inferno dos incêndios. Este ano, foi mais uma vez. “Olhe, isto não tem explicação. Este ano, eu pensava que nunca mais tinha casa… Quando eu me levanto e vejo isto tudo preto começa-me a subir uma ansiedade tão grande que parece que até me falta o ar. Mas eu penso ‘meu deus, eu tenho de encarar isto porque não sou vítima sozinha’ ”. “Eles deixaram arder tudo até chegar mesmo à casa. Deixaram arder mangueiras que traziam água da serra para os animais e para a horta, mas eu só pedia para não me deixarem arder a casa. Que não me deixassem na rua. A casa é velha mas estou cá eu e estou a pagar os impostos ao Estado”, afirma, com um tom de revolta que não dá para esconder. “Eles querem queimar o nosso concelho todo. Isto não para. Mação está escrito, não fica cá nada. E agora digamos: Isto é política? Mas que Governo é que nós temos? Os meios aéreos é que salvaram isto, que atuaram enquanto o diabo esfregava o olho”. Recordar estes momentos leva Laura a questionar o porquê de tanta dedicação ao que se torna em nada. O cheiro a queimado que se entranha pela aldeia reflete a destruição visível e reforça o esmorecimento de uma escassa população envelhecida. O som do silêncio demarca um ambiente pesado, onde a vida é quase inexistente e a pouca força que resta tende a desvanecer-se. Mas “já diziam os antigos: erguer a cabeça e seguir em frente”. E é com esse lema de ir à luta que Laura vai tentando sobreviver. Com uma petiscada organizada pela comissão de festas de uma aldeia vizinha, onde o convívio se estende pela tarde dentro com o tradicional loto e com a sueca. Com uma visita semanal a Mação para “ver o que há de novo” nas lojas, graças ao Transporte a Pedido do Médio Tejo que “arranjaram há poucos anos e que me faz tanta falta”, porque, de outra forma, só indo a pé quase 14 quilómetros. E com a ida semanal à missa, onde reza para que o futuro seja “mais amigo da gente”. A solidão existe, mas não trocava este lugar por nenhum outro, pois “as raízes” falam mais alto e a qualidade de vida é impagável. Seja pelo “chilrear dos passarinhos, a vivacidade das plantas a crescer, o poder colher uma flor aqui e uma couve além, o pegar no carrinho de mão e ir ao pinhal ver de caruma… e o sossego” que fazem com que Laura se sinta “mais à vontade sozinha” e veja o outro lado da solidão. Um lado em que a determinação persiste, em que a força se junta à vontade, e em que existe espaço para o verbo sonhar. Aos 67 anos, o sonho da Laura é este: “Fazer voluntariado. Não sei de que tipo, mas gostava… gostava de ser útil, porque ainda estou com forças para isso”. Ana Rita Cristóvão

Setembro 2019 / JORNAL DE ABRANTES

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SOCIEDADE /

Braço de ferro O decreto do bispo de 6 de agosto, de transferir o cónego José da Graça para Portalegre, está suspenso até à decisão do recurso. O MOSAR-CJG promete iniciar um conjunto de esclarecimentos públicos sobre as suas intenções.

Carolina Ferreira

Um braço de ferro. Não há outra forma de explicar a situação criada entre o bispo da Diocese de Portalegre e Castelo Branco, D. Antonino Dias, e um setor da comunidade de Abrantes que defende a obra social do cónego José da Graça. Falam as Leis Canónicas (da Igreja) num jogo de decisões, recursos em que há prazos e em que há ações para além daquilo que é o normal, ou mais corrente na Igreja. O padre José da Graça chegou a Abrantes em 1985. Entre paróquias sempre andou pelos meandros das obras de apoio social. Entre um Centro Paroquial com creche, um lar, do apoio domiciliário aos mais necessitados, o Banco Alimentar contra a Fome (delegação de Abrantes) ou a comunidade terapêutica “Projeto Homem”, para a recuperação de toxicodependentes. É deste projeto que surge a denúncia de Pedro Moreira, ex-coordenador do Projeto Homem, sobre alegadas ações de terem sido cometidos os crimes de burla tributária, burla qualificada e falsificação de documentos.

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Caso seja mantida a mesma posição, há ainda um novo recurso. Desta vez, o recurso vai para o Tribunal Canónico A 8 de agosto, o bispo emite um comunicado em que revela que no dia 6 nomeou José da Graça como vigário da Sé de Portalegre

JORNAL DE ABRANTES / Setembro 2019

Após a investigação e várias sessões de julgamento no Tribunal de Santarém, a Justiça condenou o cónego José da Graça a cinco anos de prisão, pena suspensa por igual período, por burla e falsificação de documentos. Apesar do advogado do religioso ter apresentado recurso, neste período, o bispo da Diocese de Portalegre e Castelo Branco terá, como escreveu em comunicado, feito várias abordagens ao cónego José da Graça no sentido de este sair das paróquias de Abrantes. Revelou o bispo que a 19 de janeiro, 2 de março e 19 de junho teve conversas pessoais e por email a 26 de junho e 29 de julho com o cónego. Segundo o mesmo comunicado, o cónego José da Graça sempre recusou sair de Abrantes, usando vários argumentos que o ligavam a esta região, apesar de ser natural do concelho de Nisa. No final de julho, D. Antonino Dias divulga os movimentos pastorais da Diocese. É nesta altura que se dão as mudanças de paróquias, colocações e saídas. E é neste momento que fica a saber-se que o bispo Antonino Dias revela que

retira o cónego José da Graça das paróquias de S. João e S. Vicente e das capelanias do Hospital e dos Bombeiros. É no seguimento desta decisão, da Diocese, que surge o movimento MOSAR-CJG. Trata-se de um movimento que reuniu, no início de agosto, algumas dezenas de abrantinos que defendem a continuidade do cónego José da Graça em Abrantes e à frente das várias instituições. Para além de um abaixo-assinado, o movimento de cidadãos, avança também, do ponto de vista jurídico, na contestação das decisões do bispo. Fala-se de legislação canónica, ou seja, legislação própria da Igreja. Diferente da legislação civil. Dentro da própria Igreja há cisão de posições. Segundo fontes contactadas pelo Jornal de Abrantes, esta não será uma decisão pacífica e terá surgido depois da condenação, no Tribunal de primeira instância, do cónego abrantino. A 7 de agosto, o bispo recebe uma delegação deste movimento que lhe apresentou as razões para defesa da continuidade de José da Graça nas

suas funções, para que possa haver uma “saída condigna” para quem trabalhou muito na área social. A 8 de agosto, o bispo emite um comunicado em que revela que a 6 de agosto, um dia antes desta reunião (a 7 de agosto), emitiu um decreto que nomeia José da Graça como vigário da Sé de Portalegre. E aqui entra o Direito Canónico (da Igreja). Em linhas gerais, o cónego José da Graça apresentou, num prazo de dez dias após a emissão do decreto do bispo, um recurso desta decisão. À luz do direito da Igreja este recurso funciona como uma providência cautelar que obriga o bispo a voltar a ouvir os intervenientes, as congregações e a comunidade, antes de manter o decreto ou decidir pela sua revogação. Quer isto dizer que até nova decisão do bispo, José da Graça manter-se-á como pároco de Abrantes. Segundo fontes contactadas pelo Jornal de Abrantes, tudo indica que Antonino Dias vai manter a sua posição de colocar o cónego José da Graça em Portalegre. Recorde-se que quando justificou a sua saída referiu que tinha a noção do “desassossego” que esta medida ia causar na comunidade. Estava consciente de que iria agitar as águas pelas bandas de Abrantes. O Jornal de Abrantes sabe que, caso seja mantida a mesma posição, há ainda um novo recurso. Desta vez, o recurso vai para o Tribunal Canónico, ou eclesiástico. E se for interposto este recurso, a decisão do bispo volta a ser suspensa, não havendo lugar a qualquer movimento de José da Graça para Portalegre ou do padre António Martins Castanheira de Alcains para Abrantes. O Jornal de Abrantes sabe que os padres, quando são ordenados, fazem o juramento de obediência às decisões superiores, mas existe na Legislação da Igreja estes Cânones que permitem esgrimir argumentos. Várias fontes contactadas pelo nosso jornal garantem que o MOSAR-CJG não vai parar. Vai começar a fazer campanhas de sensibilização junto da população de Abrantes, para explicar o que é que pretendem. O MOSAR-CJG revela que, a manter-se a saída do cónego, pode haver demissões nas instituições ou nas catequistas. Quanto aos escuteiros, o JA sabe que vão manter-se à margem da situação. Por outro lado, há quem defenda que uma das saídas airosas poderia ser permitir a jubilação do cónego José da Graça, ou seja, entrava na reforma e não era substituído. Porque, no meio religioso, uma saída de Paróquia é uma punição enquanto uma transferência é apenas uma rotação de atividade, como acontece noutros setores profissionais. Jerónimo Belo Jorge


ATUALIDADE / Abrantes

O Bairro ConVida pode ser replicado zadas e Cres.ser que mantêm o seu trabalho de dinamização da comunidade local das mais variadas formas. Também a Tagus continua com algumas das suas atividades, nomeadamente com a entrega dos cabazes do programa “Prove” ou a União das Freguesias de Abrantes e Alferrarede. Só a parte da pastelaria continua a não ter ainda ocupação uma vez que a Escola Profissional de Desenvolvimento Rural de Abrantes (EPDRA), que tinha ficado com o espaço, alegou não ter condições para o dinamizar. Mesmo assim o balanço é positivo, pois trata-se de um projeto que não tem uma visibilidade grande mas está alicerçado em ações concretas que visam trabalhar as áreas que motivaram a sua criação. Aliás, o mesmo foi desenvolvido de acordo com o Conselho Municipal de Segurança. E na segurança as coisas melhoraram. “A olhos vistos”, vincou a vereadora da Câmara de Abrantes, recordando todos os problemas que existiram naquele bairro e que tinham levado mesmo

/ O Bairro ConVida continua a trabalhar junto da comunidade de Vale de Rãs melhorando os índices de segurança daquele local

“O projeto pode vir a ser replicado, com ajustes, noutros locais da cidade”

ao encerramento da sala de cinema, entretanto reaberta. Celeste Simão recordou que o Bairro ConVida vem ao encontro de trabalhar em medidas preventivas, principalmente, junto da população infantil e juvenil. “E é isso que

Jerónimo Belo Jorge PUBLICIDADE

Deu os primeiros passos em 2014 com a batuta da Câmara Municipal de Abrantes e com uma orquestra constituída por diversos parceiros. A música a tocar seria a dinamização sociocultural do bairro de Vale de Rãs. E com esta dinamização, conseguir melhorar os níveis de segurança daquela zona, para além tentar atrair para ali mais pessoas. Na altura, a autarquia contou com o apoio financeiro da Fundação EDP e lançou o projeto. Cinco anos volvidos o Bairro ConVida continua a convidar as gentes do bairro e, segundo a vereadora da Ação Social da Câmara Municipal de Abrantes, o projeto pode mesmo vir a ser replicado, com ajustes, noutros locais da cidade. Celeste Simão acrescenta mesmo que, noutros moldes, pode ser implementado até noutras freguesias. Hoje, o edifício Millenium, apesar de estar em processo de insolvência, continua a albergar o cinema que regressou, em 2014, à cidade e as associações Vidas Cru-

tem vindo a ser feito. Na vertente social e na vertente económica”. E acrescentou que, se as associações entraram a trabalhar cada uma por si, agora já trabalham em articulação. Por outro lado as crianças têm ocupação pós-letiva ou no verão. “Agora os resultados de todo este trabalho só vai ser visível daqui a alguns anos. Os resultados que ficam em cada uma das pessoas que acompanhamos só vamos saber daqui a anos”, salienta a vereadora Celeste Simão, com a convicção que não está tudo feito, mas que “já subimos alguns patamares”. “Já tentamos sondar mais algumas entidades para poder aumentar a oferta de atividades no bairro de Vale de Rãs, o que, em parte, já acontece com as associações que ali operam.” Também a Encosta da Barata, embora por outras razões, poderá vir a ter um projeto nestes termos. Tem mais a ver com a quantidade de pessoas que ali vivem. “É um projeto sem grande aparato, mas que trabalha diretamente na comunidade e com a comunidade”, disse a vereadora, acrescentando que a Câmara não faz tudo sozinha. Há projetos que só podem funcionar, e só fazem sentindo, se forem dinamizados com outras entidades, como acontece em Vale de Rãs.

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ATUALIDADE / Abrantes

Fontes na rede turística do Castelo de Bode A Associação de Empresários de Turismo do Castelo de Bode (AETCB), na ótica da promoção da Albufeira e das atividades turísticas que estão associadas a este território, começou a visitar os seus associados em meados de agosto. Nestas visitas, a direção está a fazer a entrega das respetivas placas de associado às empresas que integram esta rede. Fundada em 2017, a AETCB tem sede em Martinchel, a porta de entrada para o Castelo de Bode. A associação pretende valorizar a Albufeira e das empresas que aqui operam, seja no alojamento, restauração, lazer ou atividades náuticas. Nesse sentido, associação passou a tarde de segunda-feira, 19 de agosto, a visitar associados e a entregar placas que pretendem identificar esta rede de promoção e valorização deste território. Jorge Rodrigues, presidente da AETCB, justificou esta primeira ação de entrega de placas a uma parte dos associados como fazendo parte da estratégia da valorização da rede e anunciou para o mês de setembro uma segunda ronda, na zona de Aldeia do Mato e depois Vila de Rei e Sertã. Desta associação fazem parte as associações de desenvolvimento local Tagus, ADIRN e Pinhal Maior.

Conceição Pereira, técnica-coordenadora da Tagus, enalteceu este projeto para o desenvolvimento do território. O presidente da Câmara de Abrantes, Manuel Jorge Valamatos, não escondeu a satisfação de estar num local que afirmou gostar muito, apesar de poder ser muito ventoso ou de poder ter tido uma outra localização. A Praia Fluvial de Fontes representa um serviço para a comunidade do norte do concelho e para a valorização da freguesia de Fontes. E revelou que não é um projeto terminado, pois há sempre mais coisas que podem melhorar a ideia inicial. O presidente da Câmara de Abrantes destacou ainda o trabalho em rede da Associação, importante para a valorização dos territórios “porque temos de deixar de pensar em quintinhas e pensar o território de uma forma mais global, mais regional”. Já Sónia Alagoa, a presidente da Junta de Freguesia de Fontes, destacou o número elevado de visitantes e revelou a necessidade de ser criado um ancoradouro. É que para além dos visitantes da Praia Fluvial que chegam de carro ou de bicicleta, há muitos que ali chegam de barco. A autarca revelou ainda que esta é a ponta do iceberg de muita coisa que pode ser desen-

/ O presidente da Câmara de Abrantes entregou a placa aos empresários que gerem a concessão em Fontes volvida na freguesia. E neste mês de agosto não se tem notado se é fim de semana ou semana, face à procura que a praia fluvial, localizada em Cabeça Ruiva, freguesia de Fontes, tem tido. Na segunda-feira, 19 de agosto, a AETCB entregou placas aos empresários Barcaça, Ski Word e Rodrigo Esteves (ENI) da Serra de Tomar; Paraíso Azul e Villa Noca Nautic & Nature Hostel, em Vila Nova (Tomar); Wake Villa em Vale da Menina (Tomar); Casa do Avô e The Water Ski Academy em Levegada (Tomar) e à Tasquinha ao Rio na Praia Fluvial de Fontes (Abrantes).

“Temos de deixar de pensar em quintinhas e pensar o território de uma forma mais global”.

A exploração da Praia Fluvial de Fontes tem espaço de restauração e atividades náuticas. O visitante pode ficar por uma refeição ligeira ou então pode alugar um barco ou ainda ter a prática de desportos na Albufeira. Ou poderá usufruir um espaço de lazer com banhos na piscina flutuante ou umas braçadas na própria albufeira. Cláudio Reis e Paula Fernandes assumiram a empresa que gere o espaço da praia fluvial de Fontes, a Tasquinha ao Rio e explicaram que o objetivo é este: dinamizar a concessão na margem e as atividades na água. Jerónimo Belo Jorge

Câmara assegura mais 12 bolsas de estudo A Câmara Municipal de Abrantes vai aumentar o número de bolsas de estudo para alunos do ensino superior, de 30 para 42, com efetividade já no corrente ano escolar 2019/20. As bolsas são atribuídas no âmbito de um Protocolo de Cooperação entre a Câmara, o Rotary Club de Abrantes e a Fundação Rotária Portuguesa. Até agora, a Câmara assegurava financeiramente a atribuição de 30 bolsas, enquanto o clube rotário local patrocina (através de empresas e particulares) mais 22, totalizando 52 bolsas anuais, entre novos bolseiros e recandidaturas. Devido ao aumento do número de candidaturas, entendeu o Executivo fazer uma adenda ao Protocolo

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de Cooperação, celebrado em 2012 entre as três entidades, aprovada em reunião de Câmara de 6 de agosto, de forma a “criar condições para que mais jovens munícipes tenham acesso a este apoio para possibilitar o prosseguimento dos estudos, após conclusão do ensino secundário”. Na reunião, o presidente Manuel Jorge Valamatos avançou que, “no último ano, os Rotários tiveram 70 candidaturas” a bolsas de estudo e que “conseguimos apoiar menos de 50%”. Assim, o valor da verba anual a atribuir pelo Município de Abrantes para encargos inerentes a bolsas de estudo anuais passará de 23.500,00€ para 32.500,00€. “Com este reforço de apoio financeiro, conseguimos chegar a

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/ Câmara de Abrantes aumenta de 23,500 para 32,500 euros a ajuda nas Bolsas de Estudo

42 jovens e acho que é um apoio decisivo entre o ir ou não ir estudar. É um dinheiro que julgamos bem empregue, ao serviço da nossa comunidade”, considerou o presidente do Município. O objetivo é incentivar e proporcionar condições de igualdade de acesso à formação superior a jovens residentes no concelho que, devido a dificuldades económicas por parte das famílias, possam ter dificuldade em prosseguir os seus estudos. Ao abrigo do Protocolo, os serviços da Câmara recebem as candidaturas, enquanto o Rotary Clube de Abrantes as analisa de acordo com indicadores como o rendimento familiar “per capita” e mérito escolar, distribuindo as bolsas segundo a lista obtida.


REGIÃO /

Médio Tejo já prepara o Portugal 2030

/ A Câmara Municipal de Vila Nova da Barquinha foi das primeiras a inventariar o património património concelhio e, acima de tudo, das suas necessidades. Dentro daquilo que foi a inventariação, Fernando Freire deu conta dessa listagem aos restantes vereadores. Por exemplo, no património cultural uma fonte do Sec. XVIII em Atalaia, com necessidade de intervenção de 150 mil euros, ou o jardim-de-infância ou posto médico daquela localidade. Outras intervenções no património poderão apontar para o mercado municipal, a praça de touros da Barquinha ou a Igreja Matriz de Tancos, que mesmo tendo a responsabilidade da Diocese, poderá encontrar alguns financiamentos. Da mesma listagem a entregar à CIMT fazem parte o jardim-de-infância de Tancos, o mercado ou a escola de Praia do Ribatejo, o Centro de Acolhimento

Temporário ou, nas Limeiras, o posto médico e o edifício alocado ao clube motard. Claramente a aposta da CIMT é preparar o caminho nesse sentido. Há um conjunto de processos de financiamento, já desde o 2020, e agora no 2030 que são feitos ao nível da NUT III, ou seja, ao nível das comunidades intermunicipais. Contactado pelo Jornal de Abrantes, Miguel Pombeiro, secretário executivo da CIMT confirmou que esta estrutura está a fazer este pedido aos seus membros. É que no Portugal 2020, começaram a desenhar-se candidaturas quando chegou o prazo de elegibilidade. Agora, o objetivo é fazer bem o trabalho de casa e antes dos prazos abrirem já ter uma ideia concreta de onde é que poderemos

ir enquadrar as candidaturas. Miguel Pombeiro confirmou que o pedido foi feito, no sentido de inventariar o património nestas três áreas concretas. Até porque o programa Portugal 2030 vai continuar a apostar em eixos temáticos concretos: As preocupações do equilíbrio demográfico, as preocupações da inclusão e desigualdade; questões da qualificação e inovação enquanto motores de desenvolvimento; questões da economia, para aumentar a competitividade externa e mais coesos no território nacional; e a sustentabilidade, a avaliação dos recursos endógenos, transição para a energia limpa, alterações às alterações climáticas entre outras. “O primeiro trabalho que temos de fazer é atualizar o diagnóstico

que foi feito para o Portugal 2020 e perceber agora a sua evolução”, afirmou Miguel Pombeiro, esclarecendo que é neste contexto que está a ser feita esta atualização. O governo mandatou as comunidades intermunicipais para fazer o diagnóstico e, depois, atualizar a estratégia da região. A antecipação de alguns prazos pretende garantir que no arranque da elegibilidade de projetos no Portugal 2030, em janeiro de 2021, possa estar o plano completamente definido. E este trabalho não implica aquele em que cada município, por si, possa preparar as candidaturas, mas tem de se começar a olhar para a região em vez de cada quintinha. “Não podemos ter todos os equipamentos em todo o lado”, justificou o secretário executivo da CIMT revelando, contudo, que esta mudança de mentalidade não é feita num estalar de dedos. A este propósito, se os autarcas começam a perceber esta forma de pensar, não será possível exigir, ou pedir, aos cidadãos que entendam esta forma de gestão. “O certo é que as verbas existem mas são cada vez mais escassas, por isso temos de ter metas, cada vez mais ambiciosas. As pessoas têm de começar a pensar desta forma, de que tem de haver critérios de eficiência e eficácia. E isso implica, se calhar, pensar que determinado equipamento deve existir na região e não no meu concelho”. Miguel Pombeiro revelou que outras instituições do Médio Tejo, desde as empresas, ao ambiente, ao terceiro setor, “vão ser auscultados no devido tempo para que este trabalho que agora estamos a iniciar não seja um trabalho da Comunidade ou dos autarcas, mas sim um trabalho de todos os setores do Médio Tejo”. Jerónimo Belo Jorge

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A Comunidade Intermunicipal do Médio Tejo (CIMT) está a preparar o próximo quadro comunitário de apoio, o Portugal 2030. Trata-se de um quadro que deverá começar efetivamente em janeiro de 2021, ou seja daqui a 15 meses, mas que a CIMT já iniciou a preparação com a elaboração de um diagnóstico daquilo que são os objetivos de cada um dos municípios. O Jornal de Abrantes sabe que a CIMT está a pedir aos 13 municípios (Abrantes, Alcanena, Constância, Entroncamento, Ferreira do Zêzere, Mação, Ourém, Sardoal, Sertã, Tomar, Torres Novas, Vila de Rei e Vila Nova da Barquinha) que identifiquem o património que pode vir a ser alvo de candidaturas a fundos estruturais, nomeadamente equipamentos culturais, de educação e da saúde. Este é um processo que permitirá também às autarquias poderem fazer um inventário daquilo que são os edifícios ou equipamentos nos respetivos concelhos que podem vir a ser alvo de projetos ou de requalificações. É pelo menos dessa forma que, por exemplo Fernando Freire, presidente da Câmara de Vila Nova da Barquinha, encara este pedido da CIMT. Acima de tudo “é uma forma de podermos ter uma leitura daquilo que é o património que temos”. O autarca revelou ao nosso jornal que é uma forma de olhar, com mais tempo, para aquilo que pode vir a ser a abertura de oportunidades de financiamento também ao nível da região. Fernando Freire explicou ainda que pode até criar oportunidades para alguns financiamentos de overbooking do atual plano de desenvolvimento regional. Por outro lado, disse o autarca, permitiu aos próprios serviços da autarquia ter uma noção clara daquilo que é o

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SOCIEDADE /

Carrinha do Cidadão para apoiar o norte do concelho de Abrantes

/ O gabinete móvel vai percorrer as cinco freguesias do norte do concelho e ouvir as populações, principalmente as mais idosas Carrinha do Cidadão. É uma viatura para prestar apoio à população das freguesias do norte do concelho de Abrantes e foi, esta terça-feira, dia 30 de julho, entregue a Rui André, o proponente do projeto votado e eleito no Orçamento Participativo Municipal de 2017. Rui André, que por acaso é presidente da Junta de Freguesia de Rio de Moinhos, teve a ideia e concorreu ao Orçamento Participativo Municipal porque sentiu esta necessidade. As pessoas das aldeias do norte do concelho, mais afastadas da cidade e das instituições, têm mais limitações. Uma forma de combater estas limitações é levar ajuda aos próprios locais. Ao que explicou, a Carrinha do Cidadão vai ter alocado um funcionário e duas componentes. Uma administrativa, em que poderá ajudar as pessoas a tratar de assuntos pessoais, preencher um impresso, ajudar a fazer um currículo ou, eventualmente, no futuro, poder ajudar a tratar do Cartão do Cidadão. “Depende dos protocolos e parcerias que podemos fazer a partir daqui”, explicou Rui André

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revelando que, acima de tudo, a carrinha vai poder “ouvir as pessoas”. E desta “audição” pode ajudar a encaminhar ou, apenas, dar uma palavra de conforto, o que é a necessidade muitas vezes. A carrinha está preparada com uma segunda componente, da área da saúde. Tem uma marquesa e condições para que com a ajuda das entidades de saúde ou dos Bombeiros Voluntários de Abrantes possa, por exemplo, fazer rastreios ou medir a tensão. Coisas simples mas que vão ajudar as populações. Quanto ao funcionamento, propriamente dito, Rui André referiu que as cinco juntas de freguesia vão agora fazer um “mapa de serviço” para que a carrinha vá a todas. E vai permitir criar as parcerias. “Isto é uma ideia aproximação aos cidadãos, pelo que é um projeto que não é estático, será ajustável às necessidades”, sustentou Rui André, que acrescentou esperar que o Orçamento Participativo volte à cena por ser uma ferramenta para ajudar a população. A Carrinha do Cidadão vai desenvolver a sua atividade nas cinco

JORNAL DE ABRANTES / Setembro 2019

freguesias do norte de Abrantes, Rio de Moinhos, Martinchel, Aldeia do Mato/Souto, Fontes e Carvalhal. Foi apresentada publicamente no Carvalhal, no Largo do Eucalipto. A ideia vencedora tem o investimento de 60 mil euros na viatura e a contratação de uma pessoa para fazer o serviço pelo período de um ano. Manuel Jorge Valamatos, pre-

sidente da Câmara de Abrantes, elogiou a ideia e o projeto porque aponta a uma das suas maiores preocupações: as pessoas. Defendeu que este projeto, a correr, vai ser replicado no sul do concelho. E garantiu que pode não ser preciso esperar pelo ano de vida do projeto: “Se em seis meses percebermos que é um sucesso, podemos avançar

para a sua execução. Vamos ver”. Como o projeto nasceu com uma candidatura ao Orçamento Participativo Municipal o autarca elogiou as ideias que surgem e explicou que este ano não há uma vez que primeiro quer “fechar os processos em aberto de 2016, 2017 e 2018”. E justificou, é que há alguns projetos que ganharam e estão ainda por executar porque vão mexer com planos de ordenamento, com Plano Diretor Municipal ou até com legislação, pelo que ainda andam no planeamento. Neste sentido, Manuel Jorge Valamatos, vincou que este é um instrumento muito bom, visto que permite ao cidadão poder contribuir com ideias e projetos, mas precisa de ajustes e regras mais concretas. Apenas uma forma de evitar que uma boa ideia possa ser aprovada mas vá colidir com o planeamento já em vigor. Dos projetos aprovados em 2016 todos estão concluídos. Uma rede Associativa de Relações Locais na União de Freguesias de Abrantes e Alferrarede: (24.600 euros); A requalificação paisagística do Largo Espírito Santo em Ferrarias, Mouriscas (86 mil euros); e a realização do Festival Mourisco, em Mouriscas (60 mil euros). O último a ganhar corpo foi esta Carrinha do Cidadão (80 mil euros). Em 2017 voltou a haver orçamento participativo e com uma dotação financeira de 350 mil euros. Os projetos vencedores foram os seguintes: Circuito de manutenção e zona de lazer à entrada do Pego (30 mil euros); Casa Típica do Pego (80 mil euros); Ringue para Todos, no Pego (80 mil euros) Já no ano passado, 2018, o Orçamento Participativo Municipal viu serem colocadas a votação 18 participações tendo sido escolhidos as seguintes propostas: Aquisição de veículo para transporte escolar na Freguesia de Alvega e Concavada (30 mil euros); Valorização do espaço educativo exterior da Escola Básica Maria Lucília Moita (90 mil euros); Fitness, Saúde e Bem-estar para todos na União de Freguesia de Alvega e Concavada (15 mil euros), Wall4Sports - espaço multidesportivo no Centro Escolar de Rio de Moinhos (80 mil euros); Melhoramento do espaço exterior e acessos à extensão de saúde e do Centro de Apoio a Idosos da freguesia de Rio de Moinhos (28.905), Requalificação do Largo dos Combatentes da Grande Guerra, em Tramagal (100 mil euros); Colocação de placas de Boas-Vindas ao Rossio ao Sul do Tejo, nas quatro entradas pelas Estradas Nacionais 2 e 118, com referência à Rota da EN2 (dois mil euros); Instalação de suportes para afixação de cartazes no espaço público, em pontos da localidade do Rossio ao Sul do Tejo (dois mil euros). Jerónimo Belo Jorge


ATUALIDADE / Constância

Avança sistema de rega do sintético de Montalvo

Um investimento na ordem dos 10 mil euros, “uma pretensão antiga”

/ Obras no Campo Municipal de Constância, em Montalvo

coisas preparadas. O que nos dizem é que, em duas semanas, a obra estará pronta e eu espero que assim seja”.

Bibliotecas do concelho com protocolo renovado A Câmara Municipal de Constância está a preparar uma alteração ao protocolo que tem com as bibliotecas do concelho. A explicação foi prestada pela vereadora Filipa Montalvo que vincou que não é um novo protocolo. É uma atualização do protocolo que já existe e que permite o trabalho de colaboração entre a Biblioteca Municipal Alexandre O’Neill, a biblioteca do Agrupamento Escolar Luís de Camões e a biblioteca da Casa Memória de Camões. A autarca adiantou que os grandes objetivos continuam a ser a promoção da literacia no concelho, mas acima de tudo, pretende que sejam definidas as atividades para que haja coordenação de ações que venham a ser desenvolvidas. Segundo Filipa Montalvo, a biblioteca escolar integra esta rede porque, como “somos um concelho pequeno em que todos nos conhecemos”, não há dificuldade em lidar com o setor da educação. E para mais, o agrupamento escolar é uma das instituições que tem muitas atividades no concelho. PUBLICIDADE

O sistema de rega no relvado sintético do campo de futebol municipal de Constância, é uma realidade. A obra teve início a 26 de agosto e Jorge Pereira, vice-presidente da Câmara Municipal, explicou que se está a “colocar a tubagem e um depósito de água de 16 mil litros para que a rega possa ser feita”. O que está previsto “são dois aspersores móveis que vão ter seis pontos de ligação e vai ficar tudo preparado para, futuramente, cabos elétricos e eletroválvulas próprias”. Jorge Pereira adiantou que, para já “vai ficar assim” e que vai ainda ser colocado no campo “um contentor que foi recuperado e que já tinha sido pedido pelas equipas e que irá ser comum, para colocarem materiais. Um investimento na ordem dos 10 mil euros, “uma pretensão antiga” de quem utiliza aquele campo e que vê agora a rega do sintético de Montalvo tornar-se realidade. “O campo nunca teve rega e temos um sintético bastante bom, de

boa qualidade, e se não cuidarmos dele, segundo as indicações do próprio fabricante, vai-se deteriorando e terá menos anos de vida. Claro que o objetivo não é esse”, disse o vice-presidente. O Campo Municipal alberga todas as equipas do concelho de Constância. “Desde os escolinhas, escolas, infantis, juvenis, seniores... uns da Associação Casa do Povo de Montalvo e a equipa sénior da Associação Cultural e Desportiva Aldeiense”. Com os campeonatos prestes a terem início, Jorge Pereira diz que essa questão “foi levantada mas não houve hipótese de fazer a obra anteriormente”. No entanto, “a garantia que temos, por parte do empreiteiro, é não ter valas abertas para quando os mais pequenos começarem a treinar e deixar as

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ATUALIDADE / Vila de Rei Grupo empresarial francês cria 14 novos postos de trabalho A empresa francesa Euromac, de produção de materiais de construção isolantes – blocos, cofragem de laje e painéis de telhado – vai expandir, através de um grupo francês franqueado, a sua atividade para fora do território francês (Portugal, Espanha, África), tendo adquirido um lote na Zona Industrial do Carrascal, correspondente às antigas instalações da Fregaze. Segundo o Município de Vila de Rei, “a abertura da nova fábrica da Euromac em Vila de Rei vai criar, desde logo, catorze novos postos de trabalho, num número que poderá aumentar no futuro” e que a fixação do grupo no concelho surge “na sequência dos apoios ao investimento empresarial e à empregabilidade levados a cabo pelo Município de Vila de Rei, de onde se destaca a concessão de subsídios por posto de trabalho criado, isenção e/ou redução de taxas municipais, a

bonificação no pagamento de taxas e preços municipais para empresários, descontos em IRS e IRC, isenção de derrama e a taxa mínima do imposto municipal sobre imóveis”. O Município de Vila de Rei refere ainda que teve um “impor-

tante papel nas negociações que decorreram entre a Euromac e a Caixa Geral de Depósitos para a aquisição do imóvel por parte deste grupo empresarial”. O presidente do Município de Vila de Rei, Ricardo Aires, destaca que “as políticas de apoio ao

Mercado Municipal alvo de obras de requalificação

Arrancaram a 26 de agosto os trabalhos de requalificação no rés-do-chão do Mercado Municipal de Vila de Rei, com vista a dotar este espaço de melhores condições para vendedores e público. As obras estão a cargo da empresa ODRAUDE – Construção

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Civil e Obras Públicas, Lda, pelo valor de 34.000 euros e um prazo de execução de dois meses, e incluem a demolição das paredes interiores da antiga loja de produtos endógenos ‘Vila de Rei com Tradição’ com vista à criação de um espaço mais amplo e à instalação de bancas amovíveis

JORNAL DE ABRANTES / Setembro 2019

para aqui se instalar o comércio de produtos hortícolas, peixaria e padaria. Os trabalhos incluem ainda a implementação da rede de água e esgotos e a adaptação da rede elétrica. O presidente do Município de Vila de Rei, Ricardo Aires, adianta que “os trabalhos de

investimento privado e à empregabilidade no nosso Concelho estão, cada vez mais, a dar frutos e a fixação de uma empresa como a Euromac em Vila de Rei é a prova disso. A autarquia vilarregense procura criar todas as condições possíveis para estimular o investimento no setor primário e empresarial, com a criação de condições favoráveis e atrativas para as empresas e empresários que pretendam desenvolver a sua atividade em Vila de Rei, sabendo que esta será o principal fator de desenvolvimento económico e social do concelho.” Já o gerente da empresa Euromac, Richard Benlolo, realçou que a escolha por Vila de Rei se deveu “aos apoios e ajudas máximas ao desenvolvimento que se praticam no concelho”, destacando ainda que “o presidente do Município esteve sempre muito empenhado em ajudar e a fazer com que o nosso investimento seja bem sucedido.” A Euromac é líder europeu na criação de materiais estruturais de alto desempenho e está classificada entre as 60 melhores PMEs francesas, com 40 anos de experiência e mais de 1500 projetos desenvolvidos por ano.

beneficiação e melhoramento do Mercado Municipal a terem agora início vão melhorar a acessibilidade dos clientes a este espaço, com o principal objetivo de aproximar o Mercado e os seus serviços da população vilarregense. Ao agrupar diferentes comércios no mesmo espaço, conseguimos que as pessoas se desloquem de forma mais fácil e rápida entre todos, contribuindo para a dinamização do local e do próprio comércio.” A curto prazo, o Município pretende igualmente requalificar o primeiro andar do edifício, com o objetivo de ali se instalarem as valências do CLDS 4G, Gabinete de Inserção Profissional e Ninho de Empresas. O autarca vilarregense afirma que “com todos estes trabalhos de requalificação, o edifício do Mercado Municipal vai tornar-se num espaço bastante dinâmico, juntando serviços que podem ser complementares. Estas medidas serão benéficas para a população na medida em que aproximam os serviços públicos e juntam, no mesmo edifício, várias valências importantes para os nossos habitantes.” A loja de produtos endógenos ‘Vila de Rei com Tradição’ vai continuar a funcionar igualmente no rés-do-chão do Mercado, às terças, quintas, sábados e domingos, das 09h00 às 13h00.

Transporte a Pedido entra em funcionamento este mês

Os habitantes do concelho de Vila de Rei vão passar a dispor, em meados do mês setembro, do serviço de Transporte a Pedido, nas suas vertentes Municipal e Intermunicipal. Para o Município, o objetivo “é garantir, a preços bastante acessíveis, o transporte e ligação entre as aldeias e a sede do concelho, bem como ligação para Sertã, Ferreira do Zêzere, Tomar, Sardoal e Abrantes”. A iniciativa, levada a cabo pela Comunidade Intermunicipal do Médio Tejo e pelo Município de Vila de Rei, apresenta já quatro circuitos intermunicipais que levarão os utilizadores a viajar de táxi desde a sua aldeia até Vila de Rei por preços entre os 1€ e os 1,5€. Nesta primeira fase, os circuitos existentes são Fundada (21 localidades abrangidas), S. João do Peso (17 localidades), Borda da Ribeira (13 localidades) e Moita (21 localidades). Este serviço vai funcionar às segundas, quartas e sextas-feiras com horários pré-definidos, durante o período da manhã, devendo os interessados realizar previamente uma marcação através do número 800 209 226 (chamada gratuita). Uma vez por semana (Sertã à segunda-feira, Ferreira do Zêzere e Tomar à quarta-feira e Sardoal e Abrantes na sexta-feira), os munícipes podem também viajar para a sede dos concelhos limítrofes por valores entre os 2€ e os 2,5€. O processo de marcação da viagem é o mesmo que para os circuitos municipais. Esta vertente Intermunicipal vai conhecer a sua primeira experiência com o concelho de Vila de Rei, dando a oportunidade aos vilarregenses de se deslocarem igualmente para a sede de concelho de cinco municípios vizinhos. Para Ricardo Aires, presidente da Autarquia vilarregense, “a implementação do Transporte a Pedido em Vila de Rei assume uma elevada importância para os nossos munícipes, no sentido em que vem reforçar substancialmente a nossa rede de transportes municipal e intermunicipal. Esta importância estende-se igualmente na ligação e aproximação dos nossos cidadãos com a sede do concelho e, simultaneamente, com o comércio e com serviços disponíveis. O Município de Vila de Rei vai ainda continuar a desenvolver o seu projeto ‘Transporte da Comunidade’, com viagens gratuitas de autocarro às terças e quintas-feiras, durante todo o ano, entre Vila de Rei e as nossas aldeias.” O Transporte a Pedido tem circuitos, paragens e horários definidos. É o cliente que desencadeia a viagem através do seu pedido para uma central de reservas. Deste modo, as viaturas só irão efetuar os percursos se antecipadamente o serviço tiver sido solicitado e só irão às paragens que tiverem reservas.


ATUALIDADE / Vila Nova da Barquinha

A Câmara Municipal de Vila Nova da Barquinha aprovou por unanimidade na reunião, de 14 de agosto, uma alteração ao Plano Diretor Municipal (PDM) que permite a viabilização do Biopark. Trata-se de uma alteração simples, mas necessária, que converte a área florestal em espaço lúdico, permitindo assim a definição do plano de pormenor do local. O Bioparque será um dos maiores bioparques da Europa pensado como centro de conservação de espécies em vias de extinção e que junta a investigação científica com o desenvolvimento de programas ambientais. Fernando Freire explicou que esta alteração não tem implicações diretas no território pois apenas prevê algumas relocalizações de sobreiros, que constituem uma espécie protegida. Por outro lado, esta alteração tem de ser feita agora, altura quem que o PDM está em revisão. Terá de ser aprovado até maio do próximo ano para permitir o acesso da autarquia

a financiamentos comunitários. O Biopark da Barquinha será implementado numa área global de 37 hectares. A abertura do parque, segundo as previsões, está apontada para 2021 e permitirá a criação de 150 postos de trabalho. Ao que se sabe o investimento global é de 70 milhões de milhões de euros e permitirá ter, numa primeira fase, 260 espécies animais, Desde o grilo asiático até aos jaguares, do lince ibérico às girafas, dos elefantes às suricatas. Cerca de metade das espécies que vão ficar ali a residir estão em patamares de poderem ser consideradas quase em vias de extinção. O Biopark terá um um hotel de quatro estrelas com 130 quartos, um restaurante com 300 lugares sentados, um centro pedagógico e 397 lugares de estacionamento. O BARK – Biopark Barquinha, quer ser uma porta para o conhecimento e respeito pela biodiversidade e também um dos maiores bioparques da Europa: o primeiro

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BARK “obriga” Câmara da Barquinha a alterar PDM

em Portugal, segundo na Europa e quinto no mundo a estar aberto durante a noite. O projeto foi apresentado no dia 15 de fevereiro, na Assembleia Municipal de Vila Nova da Barquinha, e é a concretização de um sonho de João Paulo Rodrigues, o promotor, de 22 anos, licenciado em Biologia e cuja convivência diária com animais na Quinta dos Plátanos, em Coalhos, freguesia de Pego, no concelho de Abrantes, lhe despertou a necessidade de conservação das várias espécies animais. O BARK é um bioparque projetado como centro de conservação e reprodução de espécies em vias de extinção, com a ideia de educar e de sensibilizar toda a população visitante e local, para conseguir interagir e viver com a natureza numa simbiose perfeita”, esclarece João Rodrigues. Assente nos pilares de conservação, educação e investigação, o BARK vai ser construído entre a A23 e a A13, a norte do centro de negócios de Vila Nova da Barquinha, na fronteira com o concelho de Tomar, e segue o conceito de zoo de imersão, ou seja, respeita os recursos naturais do local, tentando “recriar ao máximo o habitat natural de uma espécie” e privilegiando “o bem estar animal ao máximo”, conta João Rodrigues.

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ATUALIDADE / Abrantes

Professora condenada a 19 anos de prisão por matar marido

A professora acusada de ter matado o marido no verão de 2018, em Abrantes, foi condenada pelo Tribunal de Santarém, no dia 16 de agosto, a uma pena de 19 anos de prisão. Na leitura do acórdão, que aconteceu precisamente no dia em que se assinalava um ano desde os factos ocorridos, o coletivo de juízes deu como provado o crime de homicídio qualificado. No entanto,

não conseguiu apurar o motivo do crime. A presidente do coletivo de juízes, Carolina Girão fez uma retrospetiva do sucedido em Chainça, Abrantes, no dia 16 de agosto de 2018, perante a ré, destacando a “especial perversidade” do crime, num cenário que qualificou como de “extrema violência”. Apesar da “declaração parcialmente confessionária” da ré, o

coletivo de juízes “não apurou o motivo pelo qual a arguida agiu”, tendo Carolina Girão referido que a sentença era de “19 anos de prisão” num quadro de moldura penal que ia de 12 a 25 anos de cadeia. O pai e a irmã da vítima constituíram-se assistentes no processo e deduziram um pedido de indemnização cível no valor de 110.000 euros, pedido que o coletivo de juízes considerou “improcedente”.

Recorde-se que o Ministério Público (MP) havia pedido, nas alegações finais realizadas a 15 de julho, uma pena de prisão superior a 18 anos, sublinhando que a arguida “matou um ser humano de forma sádica, cruel e particularmente dolorosa”, após ter-lhe dado medicação “às escondidas”, e sem que tivesse “nenhum motivo”, pois considerou não ter ficado provado que tenha sido vítima de maus tratos, físicos ou psicológicos. Segundo a acusação do MP, a mulher, de 43 anos, agrediu o marido na noite de 16 de agosto de 2018, em casa, primeiro com um martelo e depois com uma faca, desferindo pelo menos sete pancadas e 79 golpes, que lhe provocaram múltiplas lesões e levaram à sua morte. Já o advogado da arguida, António Velez, defende uma pena no âmbito do homicídio privilegiado e anunciou um recurso da sentença proferida, “se” a sua cliente “concordar” com o mesmo: “É claro que vou recorrer (…) Nunca vi tanto facto não provado e onde nem houve motivo [para o homicídio] nem houve indemnização a pagar”, admitiu o advogado, que criticou a condução do processo na fase de inquérito e pelo mesmo ter sido entregue a uma “procuradora estagiária”. O advogado da professora alegou ainda não haver “nenhuma dúvida” de que o crime ocorreu por “instinto animalesco” e em “legítima defesa”, num quadro de anos de violência doméstica, como refere o relatório médico e o depoimento da perita prestado durante o julgamento, pelo que, afirmou, “a existir, estar-se-ia perante um homicídio privilegiado”. Já o MP sustenta que a mulher, descontente por o marido se querer

1 milhão para estradas e cemitério A Câmara Municipal de Abrantes vai investir cerca de um milhão de euros na requalificação de três estradas que apresentam um piso bastante degradado e que há muitos anos aguardam por obras de requalificação. A primeira intervenção deverá ser na estrada que liga Bicas à Estrada Nacional 118, em Tramagal, e que está orçamentada em meio milhão de euros. Esta empreitada já teve o concurso lançado e a autarquia, ao abrigo da legislação vigente, vai ter de pedir alguns esclarecimentos à empresa que se apresentou com o preço mais baixo. É que o valor apresentado é inferior em mais de 20% à media

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dos valores apresentados pelos outros concorrentes. Esta explicação foi prestada pelo vice-presidente João Gomes, assente numa questão legal enquanto o presidente, Manuel Jorge Valamatos, destacou o esforço financeiro que a autarquia vai fazer no alcatroamento de três estradas do concelho. Esta, cujo processo está mais avançado, e outras duas: Maxial e Barca do Pego – Valhascos. No que diz respeito à estrada municipal 555, que liga a Barca do Pego até à localidade de Valhascos (Sardoal) e que o Jornal de Abrantes destacou na sua última edição, vai ser alvo de uma intervenção até

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ao limite do concelho de Abrantes. Manuel Jorge Valamatos afirmou ter estado a ver a estrada, cuja deterioração foi agravada devido à passagem de mais veículos pesados por força das limitações de trânsito

na Estrada Nacional 2, junto a Casais de Revelhos. Adiantou ainda ter testemunhado o mau estado, pelo que esta intervenção deverá representar um investimento da ordem dos 100 mil euros.

divorciar, elaborou um plano para lhe tirar a vida usando um martelo, de modo a atribuir a autoria da morte a pretensos assaltantes encapuzados, versão que, em primeiro interrogatório, a arguida negou, alegando que era vítima de violência doméstica e que agiu em legítima defesa. A acusação afirma ainda que, de acordo com o plano, a mulher combinou com uma amiga irem com os filhos ao parque de S. Lourenço, em Abrantes, depois do jantar, para estes se distraírem com o jogo virtual dos Pokémon, tendo antes dado ao marido, sem este se aperceber, medicamentos com alprazolam (ansiolítico) e mirtazapina (antidepressivo) para ficar sonolento e não se defender dos golpes. Depois de colocar os filhos (com 10 e 13 anos) no carro, a arguida terá dito que tinha de ir à casa de banho, tendo então ido buscar um martelo com “bico de pato”, com o qual terá desferido, pelo menos, sete pancadas na cabeça, que causaram várias lesões à vítima, que se encontraria deitada num sofá-cama no pátio da casa. O homem terá acordado sobressaltado e terá reagido, acabando por se sentar, ensanguentado e combalido, altura em que a arguida terá agarrado numa faca de cozinha, com a qual desferiu os restantes golpes, até ele deixar de ter reação. A acusação refere que a vítima era considerada uma pessoa calma e pacífica, estimada, sem hábitos de consumo alcoólicos excessivos e que não eram conhecidas relações extraconjugais ou práticas sexuais em grupo, como não era também seguido nem medicado para ansiedade ou depressão. C/Lusa

Ainda segundo presidente da Câmara de Abrantes há uma outra estrada muito necessitada de pavimento e que está em fase de projeto. Trata-se da estrada do Maxial, na freguesia Fontes, que deverá ter um orçamento da ordem dos 315 mil euros. Ainda na reunião do executivo municipal de Abrantes foi anunciada uma intervenção no cemitério de Santa Catarina que visa a construção de mais dois talhões, aumentando o número de sepulturas em 225. Esta é uma obra que está a ser desenvolvida pelos serviços da autarquia em que há a assinalar o transporte de terra de Concavada para a zona de S. Lourenço e a aquisição das sepulturas de betão para colocar naquele local. Ainda segundo o autarca este é um processo de alargamento do cemitério de acordo com o projeto inicial do mesmo e que tem um custo de cerca de 150 mil euros.


ESPECIAL / Festas do Concelho do Sardoal 2019 FESTAS DO CONCELHO SARDOAL 2019 São 488 anos de elevação a Vila. E Sardoal vai comemorá-los este mês. De 20 a 22 de setembro, Sardoal vai engalanarse para receber os milhares de visitantes que se irão deslocar ao concelho. Música, tasquinhas, artesanato, desporto, exposições... há muito para desfrutar nas Festas do Concelho 2019. Neste Especial, vamos desvendar um pouco do que poderá viver por estes dias em Sardoal. Vamos à descoberta?

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ESPECIAL / Festas do Concelho do Sardoal 2019

“É uma mostra de saberes, de sabores e da arte de bem receber” // A edição de 2019 das Festas do Concelho de Sardoal está aí e, para além da música, há gastronomia, artesanato e, acima de tudo, “a arte de bem receber”. Fomos saber pormenores do que está previsto como o presidente da Câmara Municipal, Miguel Borges. Sardoal vai estar em festa. O que caracteriza a edição de 2019?

Caracteriza aquilo que tem caracterizado as edições anteriores: uma mostra de saberes e de sabores das gentes do Sardoal. Daquilo que nós sabemos fazer de melhor, incluindo a arte de bem receber quem nos visita, os nossos sabores e o nosso convívio, a nossa alegria, que nestes três dias se concentram de uma forma ainda mais intensa.

No cartaz musical, tenta-se sempre que haja uma conjugação de gostos. Vai continuar a haver essa preocupação com as diferentes faixas etárias?

Sem dúvida. São três dias com tipologias diferentes de público. Não quer isto dizer que não haja público que, transversalmente, goste de todos os espetáculos. Começando pelos nomes mais sonantes, vamos ter no sábado, dia 21 de setembro, o Olavo Bilac – que é um ex ‘Santos & Pecadores’ que comemora os 25 anos de carreira. Na sexta-feira temos o grupo D’Alva, que é um grupo virado para a malta nova. E no domingo, como tem sido já nos últimos anos, temos uma noite de fados, neste caso com uma artista da nossa região, Dora Maria, acompanhada de alguns amigos. Mas mesmo no cartaz musical temos também outro tipo de espetáculos: no espaço das tasquinhas, por trás da Câmara Municipal, na sexta-feira vamos ter três grupos da terra. Três a quatro jovens do Sardoal que fazem música moderna e que têm tido sucesso. Depois no sábado, também neste espaço, vamos ter o grupo A-Part, numa noite de arraial. E no domingo iremos ter também um DJ para acabarmos a noite em festa. Na Praça Nova vamos ter também, na sexta-feira, o Pedro Dionísio, um excelente músico aqui da nossa região. No sábado, dia 21, vamos ter o Mário Rui e a Isabel a fazer um espetáculo no Centro Cultural Gil Vicente. E no domingo iremos também ter animação na Praça Nova com o coro infantojuvenil da Filarmónica União Sardoalense. Mas depois temos também um espaço mega-animação para os mais novos na Praça Nova, temos as nossas tasquinhas, temos o festival hípico, temos o folclore, temos o GETAS que na sexta-feira irá fazer um “Desconcerto”. Este ano vamos ter também o 16º trail Terras do Sardão, por isso aquilo que se prevê é muita animação – desportiva também. Vamos ter o Torneio Taça Amizade entre o Grupo Desportivo de Alcaravela e os Lagartos de Sardoal, portanto temos uma oferta diversificada para todos os gostos e também para todos os sabores, nas tasquinhas.

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/ Miguel Borges, presidente da Câmara Municipal do Sardoal, prepara-se para as Festas do seu concelho, onde todos os sardoalenses se envolvem

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E muito importante também, vamos ter o concurso de pintura ‘ À Descoberta do Mestre’ e também a exposição ‘100 Paragens’- que é uma exposição que vai estar no espaço Cá da Terra, alusiva ao Boletim 100, uma vez que o próximo boletim municipal é o número 100 então é motivo de alguma reflexão especial.

Este é um programa que se assume para toda a região?

É um programa que fecha a época das festas da região. Nesta altura, os sardoalenses estão muito mais ocupados, porque são eles que fazem a festa: o futebol são os sardoalenses que fazem, as tasquinhas, a filarmónica, por isso os sardoalenses vão estar muito envolvidos na construção e na participação da festa. Nós temos dois momentos altos, dois momentos de festa em que os sardoalenses gostam de vir à terra: na Semana Santa e nas festas do concelho, onde as famílias se juntam, onde grupos de amigos se reencontram nesta altura. E claro que é muito importante aqui a participação especial do São Pedro, e acredito que tenhamos bom tempo no final de setembro.

Mas Sardoal está preparado para re-

“As pessoas são o nosso grande potencial e é isto que vamos mostrar nas festas” ceber os milhares de visitantes que vêm de todo o lado e não só sardoalenses …

Sem dúvida. O exemplo dos outros anos mostra que temos tido capacidade de resposta para o fazer. Daí também, muitas vezes, termos de ter algum equilíbrio entre aquilo que mostramos e oferecemos e as expectativas que criamos para quem nos visita. E nós temos de perceber e adequar a nossa resposta ao número de visitantes que temos. Não podemos dar um passo maior do que a perna, porque se o fazemos depois não temos condições para receber as pessoas bem e para que as pessoas se sintam confortáveis.

Como é que o munícipe Miguel Borges vive estas festas?

Na festa, em festa. Porque, tirando as cerimónias oficiais, as coisas estão a andar, estão feitas, estão organizadas. Vou andar na festa com o telemóvel ligado,

atento e sempre que haja alguma coisa que eventualmente seja necessária a minha intervenção aqui estarei. Vou correr as tasquinhas todas, como é normal, vou assistir ao maior número de concertos possíveis e às vezes vou andar a correr de um lado para o outro, porque há prémios para entregar, mas há tempo para isso. São só dois dias e meio.

Nesta altura, que palavras devem ser transmitidas aos sardoalenses?

Quero que os sardoalenses se divirtam, que mais uma vez mostrem aquilo que eles bem sabem fazer, que é a arte de bem receber, a arte de bem mostrar aquilo que eles sempre fizeram, seja teatro, seja música, seja doçaria, seja vinho, seja única e simplesmente passarem pelas pessoas, como acontece, por exemplo, professores que vêm de fora e dizerem ‘esta terra tem qualquer coisa de diferente. É que eu passo pelas pessoas e elas dizem bom dia e boa tarde’. Esta arte de bem receber é das pessoas. As pessoas são o nosso grande potencial e é isto que vamos mostrar nas festas. Por isso, os sardoalenses só têm de ser naturais, aquilo que são durante todo o ano e que aproveitem as festas para se divertir.


ESPECIAL / Festas do Concelho do Sardoal 2019

Boletim “O Sardoal” comemora 100 edições O Boletim Municipal da Câmara de Sardoal vai sair neste mês de setembro com o nº 100 visível na capa. São 100 edições ininterruptas que, nesta série, tiveram início em 1999. “O Sardoal”, assim se intitula, é produzido pelo Gabinete de Comunicação da Autarquia e foi com a equipa que falámos. Paulo Sousa está desde a primeira edição mas relembra que o “obreiro” do Boletim era, na altura, Mário Jorge de Sousa. “Era um Boletim diferente, que deixou de ser um boletim municipal para ser um boletim de informação e cultura e o Mário Jorge conseguia sempre arranjar muitos temas de fora do Município mas que tivessem alguma ligação com o Sardoal, muito por força de não existir no Sardoal nenhum órgão de comunicação social”, explica. “Tudo passava pelo Mário Jorge, a decisão dos temas, a escrita dos textos”... conta Paulo Sousa, tendo Cláudia Costa acrescentado que “o próprio design era feito por ele, à mão”. O Mário Jorge “tinha umas páginas A3 dobradas e ia pintando com lápis de cor”. Lápis esses “que fui eu que lhe ofereci”, conta Cláudia entre risos. Na altura, relembram, “íamos à gráfica, que ficava no Cacém, levávamos a maqueta do Mário Jorge desenhada à mão, o Mário sentava-

-se ao lado do paginador e ia dando as indicações de como queria as páginas. E passávamos ali um dia inteiro naquilo”. “Uma ou duas disquetes com os textos, fotografias em papel e o enquadramento que ele fazia das fotografias era com post-it’s por cima”, conta Paulo Sousa entre gargalhadas. Hoje em dia, a equipa que produz o “O Sardoal” aumentou, os meios são diferentes mas “o que nos dá mais gozo continua a ser sair daqui, do gabinete, e ir à procura das histórias. É o que se chama jornalismo de proximidade”, afirma Cláudia Costa embora reconheça que “isso acontece cada vez menos”. O trabalho em equipa “é essencial pois, por vezes, o texto está dependente de uma fotografia ou vice-versa”. Com a chegada do André Lopes à equipa, muitas vezes o trabalho é repartido. “Pode ir o André ao local, eu depois escrevo e mostro-lhe e o Paulo faz a fotografia”, explica Cláudia. A equipa é ainda composta pelo João Tiago no design “mas vai ser substituído pela Cláudia porque vai entrar de licença”. O Boletim “O Sardoal” chega a várias partes do mundo. É procurado “por pessoas que nasceram cá ou que têm aqui as suas raízes familiares e recebem-no por correio ou via email”, explica Cláudia

Trail “Terras do Sardão” está de regresso no Dia do Concelho O Trail “Terras do Sardão” vai voltar a integrar o programa das Festas do Concelho de Sardoal. Na sua 6ª edição, será no dia do concelho, a 22 de setembro. Pedro Rosa, vereador do Desporto na Câmara Municipal de Sardoal, conta que “esta é uma prova que já começa a reunir o interesse de muitos atletas daqui da região e até mesmo a nível nacional”. Já há inscritos mas “muitos dos participantes aproveitam os momentos mais próximos da prova para se inscreverem, até para perceber quem vai estar presente”. No ano anterior houve 200 inscritos, “com uma boa adesão dos participantes na caminhada mas

a nossa expetativa este ano é a de que superemos esse número e em larga escala”. O voltar ao calendário das Festas é voltar “à modalidade com que iniciámos este Trail. Começou por ser um ultra-trail, ou seja, um trail de longa distância, inserido nas Festas do Concelho. Depois, a determinada altura e por questões logísticas, pareceu-nos mais adequado alterarmos a data. Este ano, e também por força de alguns circuitos em que estamos integrados, nomeadamente o Circuito do Ribatejo e a Taça de Portugal da ATRP – Associação de Trail Running Portugal, decidimos mudar novamente para as Festas do Concelho até porque achamos que vai ser

uma mais-valia. São dois eventos que se complementam. Vai trazer pessoas a Sardoal e vão poder ter um contacto diferente com a nossa vila e com as nossas tradições. É a oportunidade também para circularem pela vila e pela Mostra que temos presente nas Festas. Tudo se conjuga”. A prova terá dois trajetos de

diferentes distâncias: Trail Longo (35 km), Trail Curto (17 km), e Caminhada (7 km). O percurso traçado tem como objetivo mostrar “acima de tudo, aquilo que é uma das nossas mais-valias, ou seja, a especificidade e a beleza do nosso território, sendo que, este ano, vamos alargar um pouco mais à zona norte do conce-

Costa, acrescentando que “são perto de mil”. Vai até ao Brasil, Estados Unidos... “vai para todo o mundo porque em todo o lado há portugueses e em todo o lado há sardoalenses”, diz, a rir, Paulo Sousa que explica ainda que, no concelho, “é distribuído porta-a-porta”. “O Sardoal” passou, no início do ano de 2019, a bimestral “mantendo, ao final do ano, o mesmo número de páginas. No entanto, permite-nos acompanhar os acontecimentos mais em cima da hora”. Para comemorar as 100 edições, o Boletim vai trazer, nas páginas centrais, um artigo relacionado ao tema, “recuando ao tempo em que Luís Gonçalves escreveu a 1ª nota de abertura e contando um bocadinho da história” da publicação. Mas vai haver mais. O Espaço Cá da Terra, no Centro Cultural Gil Vicente, vai acolher a exposição 100 Paragens. “Vai ser uma exposição que irá ser inaugurada durante as festas e é, essencialmente, documental”, faz notar Cláudia Costa, que informa ainda que estará disponível “uma coleção dos 100 boletins para consulta”. Já Paulo Sousa esclarece que irão estar patentes “algumas capas do Boletim, sobretudo as alterações gráficas que a capa sofreu desde o nº 1 até agora”. Patrícia Seixas

lho no trail longo. E é isto que esta modalidade também pretende, o aliar a parte competitiva com a contemplação da natureza”. Com organização do Município sardoalense, o Trail “Terras do Sardão” conta o apoio das Juntas de Freguesia e com o envolvimento de diversas coletividades do concelho. Pedro Rosa afirma que “o sucesso desta prova deve-se ao envolvimento de todos os parceiros. O serviço de Desporto da Câmara, só por si, não tem capacidade para levar a cabo uma prova desta natureza. Tem a parte de planificação e preparação mas para o colocar no terreno são necessários muitos colaboradores voluntários. Tem sido graças a eles que esta prova tem tido sucesso”. No final, a entrega dos prémios será já no coração das festas enquanto que a partida, a chegada e o almoço serão dispersos por outros locais “para que os participantes possam desfrutar um bocadinho mais da vila”. Patrícia Seixas

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ESPECIAL / Festas do Concelho do Sardoal 2019

Buijnink chega em Outubro Chama-se Buijnink, tal como o proprietário, e é filial da Buijnink International que labora há 11 anos no concelho de Odemira. A empresa, cujo administrador é holandês, adquiriu o complexo que foi da Sarplás, em Sardoal, ao BCP, já este ano e prepara os seis mil metros quadrados de construção (de uma área total de dois hectares), para começar a laborar em outubro, ou seja daqui a pouco mais de um mês. Leendert Cornelis Buijnink e António Nobre abriram as portas do complexo, entre obras de construção civil, eletricidade e o início dos trabalhos para a construção de uma câmara de frio. “Fomos buscar os técnicos hoje ao aeroporto que nos vão construir a câmara de frio, fundamental à nossa atividade”, apontou o holandês para de seguida explicar o que é que a empresa da área florestal faz. “Estamos na região há cinco anos. Na Herdade da Coelheira, em Concavada (Abrantes). Temos um trabalho sazonal (de outubro a maio) em instalações alugadas à Altri Florestal”, começou por explicar o administrador revelando de seguida que mantém um contrato de

exclusividade com esta empresa para operar em todas as suas plantações de eucaliptos. Assim, um ano depois da Altri cortar os eucaliptos, quando começam a crescer os novos ramos nas árvores, a Buijnink entra em ação. “Antes do desbaste vamos às matas e cortamos os ramos novos, aquilo que se chama na gíria local ‘ramos ladrões’ das árvores”, justificou António Nobre. De seguida, Leendert explica desta forma: “Nós não limpamos os eucaliptais. Aliviamos o desbaste e retiramos matéria

combustível das matas”. E esses ramos de eucalipto vão, depois, ser transportados para a unidade fabril onde uma equipa os prepara, corta à medida das encomendas, 60, 70 ou 80 centímetros. São colocados aos molhos em baldes com dois litros de água para se alimentarem e depois fazem uma viagem de camião, de dois dias, até à Holanda. “A nossa produção é 100% para exportação”, revelou Leendert anunciando também que visa a comercialização em grandes cadeias de supermercados

como o Lidl, Aldi ou a inglesa Teska. O empresário revelou que os floristas preferem a espécie eucalipto “cindereia” que “produzimos em Odemira. Esta unidade (de Sardoal) vai trabalhar apenas com o eucalipto comum, o da celulose”. A Buijnink vai fazer um investimento total de 700 mil euros, com cerca de 200 mil a ser investidos no mercado local. “Estamos a comprar os materiais e a contratar serviços na região”, disse o empresário garantindo que a empresa vai ter, quando estiver em pleno, um quadro de 80 trabalhadores, grande parte de nacionalidade tailandesa, que já trabalham na Buijnink. Quando estiver a laborar em velocidade cruzeiro, a unidade fabril do Sardoal deverá ter um volume de negócios de dois milhões de euros. Sobre a escolha deste complexo, em Sardoal, António Nobre revelou que “quando vi este local a decisão foi imediata. Se fosse construído de raiz não seria tão perfeito para a nossa atividade”. Outubro é o ponto de partida para a laboração da Buijnink que quer quatro meses depois ter a produção no máximo. E anuncia já a vontade de inovar. “Queremos aproveitar os desperdícios (folhas) que ficam aqui para criar um produto de cheiro de eucalipto.” Jerónimo Belo Jorge

A prata da casa numa noite de elevadas expetativas A noite de 20 de setembro é uma noite de grandes expetativas para os músicos do Sardoal que sobem ao palco, logo após D’Alva, para um espetáculo muito especial e aguardado. Foi num ambiente de grande animação e descontração que nos encontrámos com Vipe, Lizard Crew e Ambrose para falar sobre o espetáculo que estão a preparar, a convite do Município, para a noite de 20 de setembro. Sabemos que tudo funcionará em crescendo com o poder da palavra de Vipe e Ambrose, terminando com a energia contagiante de Lizard Crew. Vipe irá apresentar um Best Of de 15 anos de carreira num espetáculo que marca o seu regresso aos palcos após um interregno de 2 anos para trabalhar no último álbum. Com ele trará dois músicos convidados: Keed Jadan e Mk. Manifestamente contente pelo convite feito aos artistas da terra, confessa que se manterá fiel ao seu estilo, fazendo

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Festas do Concelho PROGRAMA

20 (sexta-feira) 17 horas • Abertura da MOSTRA DE SABERES E SABORES Praça Nova e Rua Dr. David Serras Pereira - Abertura das Exposições • Concurso de Pintura “À Descoberta do Mestre” • Cerimónia de proclamação dos vencedores e entrega de prémios Centro Cultural Gil Vicente • 100 paragens Número 100 do Boletim de Informação e Cultura O Sardoal, editado desde 1999, sem interrupções. Espaço Cá da Terra (Centro Cultural Gil Vicente) 21 horas • O Desconcerto depois do Desconcerto Getas, Sardoal Centro Cultural Gil Vicente • Pedro Dyonysyo, Praça Nova 22h30m • D’Alva, Praça da República 00 horas • Ambrose - Vipe MC - Lizard Crew Espaço das Tasquinhas 21 (sábado) 14 horas • Abertura da Mostra de Saberes e Sabores Praça Nova e Rua Dr. David Serras Pereira 16 horas • Futebol - Taça da Amizade G.D.R “Os Lagartos” de Sardoal / Grupo Desportivo de Alcaravela Parque Desportivo Municipal 18 horas • Rancho Folclórico “Os Resineiros” de Alcaravela Praça Nova

/ Ambrose uso do poder da palavra num sentido mais poético e mais sombrio. Ambrose, de 17 anos, é o mais novo de todos os que subirão ao palco, e diz que esta será uma “noite de sonho” pela oportunidade de a partilhar com músicos de quem tanto gosta. Dele o público poderá esperar muita entrega e muitas músicas que não se encontram disponíveis na Internet, uma vez que só as apresenta ao vivo.

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/ Lizard Crew O alinhamento está a ser cuidadosamente trabalhado porque quer um espetáculo especial e memorável. Lizard Crew, constituído pelos MC’s Secas e Adriano, pelo DJ Mossy e pelo responsável por toda a parte técnica e logística, André Mariano, prometem uma “noite brutal” com grandes melhorias e surpresas ao nível da produção visual e pirotécnica. A trabalhar neste espetáculo há cerca de dois

/ Vipe meses, o concerto que apresentarão marcará o início da nova tour. As ideias fervilham nas suas cabeças. Querem uma grande interação com o público e muita dinâmica. Desvendam um das surpresas da noite: o lançamento de confettis em 360 graus. Música, sonho, diversão, dinâmica e energia são apenas algumas das palavras que descrevem o que espera o público neste espetáculo…

21 horas • Ricardo Reis Costa Praça Nova • Mário Rui e Isabel Silva Centro Cultural Gil Vicente 22h30m • Olavo Bilac (ex Santos e Pecadores) Tour comemorativa dos 25 ANOS de carreira Praça da República 00 horas • Grupo A-Part Espaço das Tasquinhas 22 (domingo) • Feriado Municipal Comemoração dos 488 anos

da Elevação do Sardoal à categoria de Vila, por Carta de Mercê, passada por D. João III, em 22 de setembro de 1531 08h30m • VI Trail Terras do Sardão Partida Av. Luís de Camões 10 horas • Cerimónia Oficial do Dia do Concelho com Guarda de Honra prestada pela Filarmónica União Sardoalense e Bombeiros Municipais de Sardoal. • Cerimónia Oficial de atribuição do nome de Luís Manuel Gonçalves ao Arquivo Histórico Municipal de Sardoal Loja do Cidadão, Sardoal • Entrega das Distinções aos Trabalhadores da Autarquia com 25 ou mais anos de serviço Salão Nobre dos Paços do Concelho 10 horas • Festival Hípico (Ver programa próprio) • Prova de Escolas 11 horas - Volteio e iniciação aos andamentos a cavalo (destinado a crianças e jovens) Das 11 às 16 horas - Prova pequena, média e grande 14 horas • Abertura da Mostra de Saberes e Sabores Praça Nova e Rua Dr. David Serras Pereira • Entrega dos prémios do VI Trail Curto Terras do Sardão Praça Nova – Mostra de Saberes e Sabores 15 horas • Entrega dos prémios do VI Trail Longo Terras do Sardão Praça Nova – Mostra de Saberes e Sabores 17h30m • Coro Infantojuvenil da Filarmónica União Sardoalense Praça Nova 22 horas • Fado na Praça com Dora Maria e Amigos Praça da República 23h30m • Dried Flowers Espaço das Tasquinhas TODOS OS DIAS Maganimação para os mais novos Espaço da Mostra de Saberes e Sabores


ATUALIDADE / Sardoal

Município candidata-se ao financiamento para limpeza da floresta

pios no pagamento das despesas relacionadas com os trabalhos de limpeza de terrenos florestais, no âmbito das redes secundárias de faixas de gestão de combustível, esta linha de crédito, à semelhança de 2018, dispõe de um montante global de 50 milhões de euros, em que “não estão definidos valores mínimos nem máximos” a que cada

município está sujeito para aceder ao financiamento. O decreto-lei que estipula a criação desta linha de crédito “define os procedimentos tendo em vista a atribuição de subvenções reembolsáveis aos municípios, destinadas a financiar as despesas em que estes incorram com a gestão de combustível nas redes secundárias, em

substituição dos proprietários e outros produtores florestais que incumpram o dever” de limpeza de terrenos. A Câmara Municipal de Sardoal disse que “foi transferido para o município o valor de 91.817,20 euros, no passado dia 15 de julho”, em relação à candidatura deste ano, referindo que, em 2018, “o Governo não cumpriu com as regras definidas”, nomeadamente os prazos estipulados, pelo que “a candidatura de Sardoal ficou sem efeito”. “O município de Sardoal já efetuou todos os procedimentos de contratação de uma empresa especializada no ramo que já se encontra no terreno a efetuar os respetivos trabalhos”, adiantou o presidente da autarquia. Até 30 de setembro, os municípios podem candidatar-se à linha de crédito para financiamento da limpeza da floresta, de forma a assegurarem o pagamento das despesas dos trabalhos, no montante total de 50 milhões de euros, tal como aconteceu em 2018. Em 2018, foram 18 os municí-

C/Lusa PUBLICIDADE

Apenas três municípios, designadamente Sardoal, Baião e Viana do Castelo, tinham apresentado até meados de agosto, candidaturas à linha de crédito deste ano para limpeza da floresta, revelou fonte do Ministério da Administração Interna, contabilizando-se 408 mil euros atribuídos. “Candidataram-se, até ao momento, três municípios: Sardoal, Baião e Viana do Castelo. Todos tiveram resposta favorável e a transferência do montante solicitado já foi efetuada”, avançou o gabinete do ministro da Administração Interna, Eduardo Cabrita, sem adiantar mais informação sobre o valor atribuído, recordando que “os municípios podem candidatar-se à linha de crédito até 30 de setembro”. Estes três municípios já se tinham candidatado à linha de crédito em 2018 e confirmaram a aprovação das candidaturas deste ano para financiamento da limpeza da floresta, contabilizando-se, no total, 407.069 euros transferidos este ano. Criada para apoiar os municí-

pios que se candidataram à linha de crédito, designadamente as Câmaras Municipais de Torres Novas, Vagos, Covilhã, Fundão, Pombal, Valença, Vila Nova de Cerveira, Penalva do Castelo, Baião, Águeda, Cadaval, Penela, Sardoal, Viana do Castelo, Arganil, Sever do Vouga, Amarante e Condeixa-a-Nova, solicitando um montante total de 6.928.478 euros. No entanto, “desses 18 [dos 278 municípios do Continente] só 11 eram elegíveis e até 31 de dezembro nem todos preenchiam os requisitos necessário”, afirmou o primeiro-ministro, António Costa, em abril deste ano, acrescentando que, “até ao momento, só dois municípios – Torres Novas e Vagos – obtiveram financiamento” e admitindo que este “recurso insuficiente” à linha de crédito se deva a muitos municípios “não terem tido conhecimento antecipado” da mesma ou por se tratar de um novo mecanismo. Na sequência das dificuldades na apresentação de candidaturas à linha de credito, a Assembleia da República recomendou ao Governo que melhore as condições de crédito ao financiamento da limpeza florestal por parte dos municípios, segundo uma resolução publicada em 23 de maio, em Diário da República.

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REPORTAGEM /

Filhos do Fogo // Uma caminhada colocou uma centena de pessoas a percorrer a cinza e o pó daquela que vai ser a rota: PR – Cardigos Norte. A caminhada permitiu conhecer as terras que viram nas reportagens da televisão.

A

manhã estava fresca. Nem parecia um 15 de agosto. Às 07:00 o trânsito era reduzido para não dizer nulo, pois via-se aqui e ali um automóvel. Antes da freguesia de Amêndoa, o sol nascente foi envolvido por uma neblina que transformou um dia de verão num, aparente, dia de inverno. Não fosse o calção ou a manga curta e pareceria mesmo inverno. Chegada à Praia Fluvial de Cardigos pelas 08:00. O silêncio reinava. Apenas se ouvia o vapor da máquina do café que estava a ser ligada para a manhã. Ouvia-se uma ou duas conversas dos funcionários da piscina.

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A água estava vazia. Andava o funcionário com a rede a retirar folhas de árvore e outros pequenos lixos que para ali voaram na noite. Entre um café e um copo de água pode observar-se a paisagem. Um resto de verde no meio do castanho e cinzento do incêndio de 20/23 de julho. As encostas da Praia Fluvial de Cardigos estão vazias. Mas começa a despertar a vida quotidiana do verão. Os campistas começam a sair das tendas. Mas antes da entrada na zona da piscina ou da esplanada começa a juntar-se um grupo de mulheres e homens, e duas ou três crianças, que vêm com destino diferente. Caminhantes ou praticantes de geocaching juntavam-se em frente a um lençol branco com a inscrição “Filhos

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do fogo” e onde quem queria deixava a sua assinatura. Leonel Mourato, o impulsionador desta caminhada meio informal e que saltou das redes sociais para o terreno, vai dando algumas explicações, antes do briefing sobre o percurso. À hora certa, 08:30, dirige-se aos presentes distribuindo uma pulseira que haveria de dar acesso ao almoço nas instalações do clube “Os Galitos”, de Cardigos. Explica que o percurso de cerca de 13 km’s (acabou por ser um pouco mais longo) será, mais ou menos, o da rota de Cardigos Norte. Um percurso desenhado há três meses por zonas verdes, com uma passagem pela pré-história e por três povoações. Neste dia 15 de agosto foi diferente. Foi um percurso por três

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km de percurso por três aldeias e por cinza e mais cinza. Verde só aqui ou ali, ou então à distância em pequenas manchas

aldeias e por cinza e mais cinza. Verde só aqui ou ali, ou então à distância em pequenas manchas que pontuam uma paisagem predominantemente moldada pelo fogo e, por isso, castanha. Por isso mesmo, Leonel Mourato, justificou a realização da caminhada ou passeio pedestre com o lançamento de algumas caches para o jogo do geocaching. É uma mensagem que quer transmitir àquelas gentes. O fogo não abalou a ideia de criar as rotas. Não assustou, antes pelo contrário, reforçou a ideia de se fazer alguma coisa em prol das terras desertificadas e, agora, queimadas. Às 09:00, partida dos caminhantes. À saída da Praia Fluvial, que começava a ter os primeiros veraneantes, o impacto do queimado foi imediato. Só não foi mais marcante porque já tínhamos feito o percurso de carro por quilómetros de zonas ardidas. Metro a metro, vamos entrando nos trilhos queimados. Ainda se consegue sentir o cheiro intenso a cinza. Sente-se o pó queimado no ar à medida que os passos dos caminhantes o fazem levantar. Só se vê preto, cinzento e castanho. Zonas mais peladas e outras ainda com


REPORTAGEM / os pinheiros e eucaliptos com rama queimada. Aqui e ali descobre-se uma qualquer estrutura que terá sido “destapada” das balsas e matos pelas chamas. Percebe-se onde, nos invernos, passam as linhas de água que, por agora, não passam de sulcos nas encostas. Entre as conversas iniciais dos “Filhos do fogo” ouvimos de tudo. As imagens que uns viram na televisão e as recordações de outros, do terreno, ou dos relatos dos familiares. Mas fala-se do antigamente. Da agricultura. Da vida no campo. Das culturas. Nos animais. Ou até dos frangos das festas de verão que proliferam por estes fins de semana. Em Chão Pião temos o primeiro impacto real do que foi aquele fogo descontrolado e gigante. Não há casas ardidas, mas as hortas, ou grande parte delas, foram-se. “Até a terra ardeu”, diz uma caminhante enquanto observa os quintais queimados. Passam por uma fonte antiga, seca, que dizem ser uma fonte romana. Local para umas fotos e mais umas recordações. Depois a passagem pelo centro de Cardigos e rumo, por trilhos de floresta queimada, até à Roda. Ali, onde o fogo passou sem bombeiros. Ali onde foi registada a foto de capa do “Jornal de Abrantes” de agosto. Ali onde parei um minuto para reviver aquele momento de 22 de agosto. Onde no terreno vazio consegui rebobinar o filme e recordei o pânico daquele dia. O reforço alimentar foi na associação da Roda com um terço do percurso feito. Depois foi voltar à cinza. Encosta a encosta mais do mesmo. Entramos no circuito Lithos em busca da Anta da Laginha onde a arqueóloga Sara Cura faz o enquadramento histórico destas câmaras funerárias megalíticas. O percurso seguiu em direção à Barragem do Vergancinho e depois o regresso, por volta as 12:45, à Praia Fluvial de Cardigos. Calor intenso e uma Praia completamente cheia. Contraste com o início da manhã. Depois foi rumar a Cardigos onde os caminhantes integraram o almoço convívio do clube “Os Galitos”. Trata-se de um almoço habitual a 15 de agosto oferecido às gentes da aldeia que vivem fora da região ou do país.

As rotas e o Geoparque Leonel Mourato, o impulsionador deste passeio pedestre informal, confirmou que está em marcha aquilo que será, no futuro, um Geoparque. Neste momento começam a ganhar forma as primeiras rotas, quatro de um total de 16. Em setembro será formalizado um protocolo entre os 40 cidadãos que estão a “montar” estas rotas e um conjunto de instituições que darão corpo ao caderno de funções de cada uma delas. Também já começaram as reuniões com empresas informáticas que podem vir a “construir” o portal destinado a mostrar as rotas. Depois, também já começaram as visitas às rotas com especialistas para

criar o painel de informações geológicas, arqueológicas, culturais e etnográficas de cada uma delas. É que o objetivo do Geoparque não passa por ter apenas umas rotas para percursos pedestres, trata-se de ter um parque com muita informação e cultura. Aliás, Leonel Mourato, fala já de uma espécie de passaporte que permita aos “frequentadores” destas rotas poderem “carimbá-los” cada vez que fizeram uma das etapas. “Isto é um elefante que começou a caminhar numa sala de porcelana e que ainda não partiu nada. Haverá um momento que a Câmara Municipal, oposições, associações, que o concelho terá de dizer se querem ou não avançar. E depois há todo um processo legal e burocrático. Temos de ter ligação a uma universidade, e esta à UNESCO. Temos o Museu do Sagrado do Vale do Tejo que tem essas parcerias e que constitui uma mais-valia”, explicou Leonel Mourato. Esta caminhada foi uma das muitas que vão começar a surgir em Mação. Há três, de um total de 16, que já foram aprovadas pela autarquia. PR (Pequena Rota) 9 – Rota do Brejo e dos Bandos, com uma distância de 10,6 km, o PR13 – Rota do Poço das Talhas, em Queixoperra, com 10,7 km e o PR14 – Rota da Ortiga 2, com um percurso de 14,8 km. O Geoparque de Mação é um sonho. Que, para já, mantém a chama bem acesa. Texto e fotos: Jerónimo Belo Jorge

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ATUALIDADE / Mação

Governo recorre da sentença que deu razão à Câmara de Mação O Governo decidiu recorrer da decisão do Tribunal Administrativo e Fiscal de Leiria que deu, parcialmente, razão ao Município de Mação no processo que a Autarquia moveu contra o Estado e que tinha como objetivo impedir a utilização dos 50,6 milhões de euros do Fundo de Solidariedade pelo Estado português. Vasco Estrela, presidente da Câmara Municipal de Mação, disse não saber “o que é que mudou” até porque “fiquei com a sensação que não haveria recurso a partir do momento em que fomos convocados para uma reunião em Coimbra e o Governo deu como garantida a abertura de uma candidatura para os municípios que não tinham sido contemplados nas primeiras candidaturas do Fundo de Solidariedade da União Europeia”. O presidente disse ter “partido do pressuposto que, uma vez que iriam abrir candidaturas, não iriam recorrer. Mas não foi essa a decisão do Governo e das entidades que

/ Vasco Estrela considera a atitude do Governo “um pouco estranha” e diz “lamentar bastante” estão com o Governo neste processo” e considera “esta atitude um pouco estranha” e que “lamento bastante”. Quanto ao processo das candidaturas que estão em curso, com

algumas já aprovadas, inclusivamente, Vasco Estrela disse que a candidatura do Município de Mação “já está aprovada, já fomos notificados da candidatura em mais de 800 mil euros e agora, sincera-

mente, não sei. Ao mesmo tempo que estamos a fazer isto, estamos a dirimir um processo em Tribunal que, no fundo, pode vir a bloquear esta mesma candidatura”. Questionado se este recurso do Governo poderá estar relacionado com a troca de palavras com o ministro Eduardo Cabrita, na sequência do incêndio de julho, Vasco Estrela disse não saber “o que está aqui em causa” pois “há várias questões de difícil análise e de difícil digestão mas a legitimidade jurídica é total, era uma decisão possível” mas acrescentou que “não esperava era que a tomassem após aprovarem as candidaturas”. “Não sei o que esteve aqui em causa, se as coisas tiveram uma a ver com a outra mas, se tiveram, é grave. É gravíssimo e nem quero acreditar que isso possa ter a ver porque, se assim for, há coisas muito graves a passarem-se no nosso país”, declarou o presidente da Câmara de Mação. As contra-alegações do Município foram apresentadas a 8 de agosto e seguem-se agora os normais trâmites da Justiça e “temos que estar preparados para isto”. “Lamento mas não há nada a fazer agora”, concluiu Vasco Estrela. Patrícia Seixas

Visita noturna à Anta da Foz do Rio Frio juntou dezenas de participantes No dia 16 de agosto, teve lugar uma visita noturna à Anta da Foz do Rio Frio promovida pela Câmara Municipal de Mação, através do Museu de Arte pré-histórica, em colaboração com a Junta de Freguesia de Ortiga. Dezenas de participantes, num número superior ao previsto, tiveram a oportunidade de visitar a Anta da Foz do Rio Frio que, além de contemplar o Rio Tejo, teve “um luar maravilhoso a iluminar a visita”. Teve lugar uma pequena caminhada até à Anta, tendo o serão sido ainda contemplado com uma aula aberta de arqueologia, pelo professor Fernando Coimbra, e uma orientação de fotografia noturna por Kenia de Aguiar Ribeiro. Os participantes apreciaram este monumento funerário da freguesia de Ortiga, formado por uma câmara poligonal, à qual se acede por um corredor com cerca de 3,5 metros.

Procissão da Senhora da Saúde percorreu ruas enfeitadas do Pereiro A Festas da aldeia do Pereiro voltaram a cumprir a tradição no fim-de-semana de 23 a 25 de agosto. Largamente conhecidas pelas típicas ruas floridas e pela procissão da Nossa Senhora da Saúde, a santa padroeira da aldeia, este ano chegou a falar-se de que as ruas floridas não iam existir. Mas a verdade é que cumpriram, graças ao entusiasmo e empenho de cerca de 20 pessoas que arregaçaram as mangas e puseram mãos à obra para dar um pouco mais de cor e de vida à pequena aldeia maçaense, que nesta altura chama os filhos da terra às raízes. António Maia, da Associação Cultural, Desportiva e Recreativa do Pereiro, explica que “há mais de 40 anos que as pessoas começaram a enfeitar as ruas e tem-se prolongado ano após ano”. Sempre com um cartaz musical bem composto, este ano passaram pelo palco nomes como Miguel Azevedo , Kiss Kiss Bang Bang, Banda RED e Jorge Serafim. Mas um dos momentos altos da

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festa são as cerimónias religiosas, que aconteceram no domingo com a realização de uma missa solene e da Procissão em honra de Nossa Senhora da Saúde, em que 16 pessoas transportam a santa pelas ruas decoradas. Um momento repleto de fé e emoções e que, segundo António Maia, chama à terra “muita gente que é devota da Nossa Senhora da Saúde”. “Há muita gente que saiu da terra e que nesta altura volta e muitas vezes traz também vizinhos e amigos”, acrescenta. Este ano, Nossa Senhora da Saúde foi transportada por jovens. No entanto, já nem tudo era como antigamente. António confessa que “ano após ano isto tem diminuído um pouco porque as pessoas vão perdendo o entusiasmo e como dá um bocado de trabalho e algumas vão desistindo. Se houvesse mais gente menos isto custava”. Menos gente significa mais trabalho. Mas os poucos que restam não querem deixar morrer a tradição. Aliás, a aldeia do Pereiro quer

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/ Andor de Nossa Senhora da Saúde transportado por jovens mesmo ver esta tradição das ruas floridas reconhecida como Património Cultural Imaterial Nacional. Para isso, a Câmara Municipal de Mação fez já o projeto, que foi submetido há dois anos para a Direção Geral de Património Cultural. Neste momento, conta António, “estamos à espera da decisão. Sabemos que estas coisas têm estado

a demorar algum tempo... mas [se fosse aceite] ajudava a manter esta tradição de enfeitar as ruas”. E como festa que é festa não pode viver sem gastronomia, não faltou o típico frango assado, que, diz António Maia, “atrai sempre muita gente, embora às vezes as pessoas tenham que esperar um bocadinho, mas é uma festa e as

pessoas já sabem que isto é assim”. Música, animação, religião, fé, emoções e gastronomia. “Pereiro de Mação - Capital das Ruas Enfeitadas” voltou a ver os céus das ruas e largos cobertos de cor, com autênticos jardins suspensos que deslumbraram visitantes e filhos da terra.


SOCIEDADE / Incêndios

Governo lança plano de recuperação florestal de Mação, Vila de Rei e Sertã

O Governo criou um grupo de trabalho que vai elaborar o Plano Integrado de Transformação Territorial para recuperação dos concelhos de Mação, Sertã e Vila de Rei, afetados por incêndios em julho. Em comunicado, no dia 21 de agosto, o Ministério da Agricultura, Florestas e Desenvolvimento Rural destaca que o objetivo do plano é recuperar a área ardida e ativar a gestão agroflorestal dos concelhos de Mação, Sertã e Vila de Rei, também afetados por fogos rurais noutros anos. O documento deverá ser apresentado até 30 de abril de 2020, ficando o grupo de trabalho responsável pelo acompanhamento e sua execução. O grupo de trabalho é coordenado pelo Instituto de Conservação da Natureza e das Florestas (ICNF) e inclui representantes dos ministérios da Agricultura, Adjunto e da Economia, do Planeamento, e do Ambiente e da Transição Energética. Este grupo inclui ainda representantes da Agência para a Gestão

Integrada de Fogos Rurais, dos três municípios, da Comunidade Intermunicipal do Médio Tejo, das organizações de produtores agrícolas e florestais dos concelhos afetados e da Associação de Desenvolvimento do Pinhal Interior Sul. O plano, refere o ministério na nota, deverá ter por base “o reforço da aplicação dos programas de política agrícola, florestal, ambiental e de desenvolvimento regional, quer no quadro das medidas atualmente existentes, quer na perspetiva dos novos instrumentos de política pós2020”. “O acompanhamento e dinamização da execução deste plano integrado de transformação territorial deverá ter como perspetiva um novo modelo de ordenamento da paisagem e a adoção de ferramentas de gestão agroflorestal inovadoras, que permitam ganhos de escala, mobilizando os agentes com capacidade de intervenção no território e incentivando sistemas de produção biodiversos, resilientes, viáveis e sustentáveis do ponto de vista socioeconómico”, é referido.

Em comunicado, é também destacado que “o Governo considera ser necessário definir novas estratégias adaptadas às regiões florestais de baixa densidade, no âmbito do Quadro Financeiro Plurianual da União Europeia pós-2020, tendo em vista a ativação socioeconómica destes territórios e o aumento da

sua resistência e resiliência aos incêndios rurais”. O presidente da câmara de Mação congratulou-se com a criação de um grupo de trabalho para elaborar o plano de transformação territorial para recuperar o município, Sertã e Vila de Rei, considerando que “é um bom início”.

“É um primeiro passo para tentar reconverter e revitalizar o território, depois de nos dois últimos anos mais de 90% da floresta do concelho ter sido destruída”, disse Vasco Estrela. Congratulando-se com a decisão do executivo, Vasco Estrela destacou o facto de o grupo de trabalho integrar quatro ministérios (Agricultura, Economia, Planeamento e Ambiente), o que “mostra o empenho do Governo”. “Há muitos anos que a Câmara de Mação reclamava algo deste género”, acrescentou Vasco Estrela, ressalvando, contudo, que não vale agora a pena estar a lamentar o tempo perdido. Esta, salientou, “foi a altura possível” e é um “bom início e um bom princípio”. Já o presidente da Autarquia vilarregense, Ricardo Aires, congratulou-se igualmente com esta decisão, destacando que “esta era já uma reivindicação antiga do Município de Vila de Rei” e que espera que este seja “o primeiro passo para a necessária reorganização do espaço florestal e que sirva como uma verdadeira ferramenta para o controlo e prevenção dos grandes incêndios florestais.” O autarca salienta ainda o esforço levado a cabo pelo Município na “mudança da paisagem florestal da região, através dos apoios que têm sido atribuídos pelo Município para a plantação de olival e de medronheiro, com o intuito dos produtores locais poderem obter importantes fontes de rendimento da exploração agrícola e florestal.” Ricardo Aires afirma também ter “esperança que esta medida se traduza, a breve prazo, na execução do cadastro florestal no concelho de Vila de Rei, como sucede já em todos os Municípios vizinhos, para uma melhor e mais eficaz prevenção dos fogos florestais.” Os concelhos de Mação, Sertã e Vila de Rei, que já tinham sido afetados por grandes incêndios em 2017, foram integrados no Programa de Revitalização do Pinhal Interior. O incêndio que deflagrou em 20 de julho deste ano em Vila de Rei, e que se propagou ao concelho de Mação, foi dado como dominado em 23 de julho, com 17 feridos transportados ao hospital, de acordo com as autoridades. As freguesias mais atingidas pelas chamas foram as da Fundada e de São João do Peso, do município de Vila de Rei, e a de Amêndoa e de Cardigos, no município de Mação. Com uma área de cerca de 40 mil hectares, dos quais 80% de mancha florestal, o município de Mação teve 85% do território e 95% da sua floresta destruídos pelos incêndios de 2017 e de 2019. C/ Lusa

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ATUALIDADE / Abrantes Jorge Ferreira Dias foi pedir uma Assembleia Municipal

marcação de uma Assembleia Municipal extraordinária para discutir a sua situação. Jorge Ferreira Dias referiu ainda que nesta reunião deveriam estar os técnicos da au-

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Jorge Ferreira Dias esteve na reunião da Câmara Municipal de Abrantes de dia 20 de agosto onde, no uso da palavra no período destinado aos cidadãos, sugeriu a

tarquia para que pudessem debater todas as questões que estão por resolver. Recorde-se que o ex-empresário já tinha estado numa reunião

anterior, mas devido ao período de férias do presidente, tinha abandonado a sala sem revelar ao que ia, pois queria apresentar a proposta ao presidente da autarquia. Manuel Jorge Valamatos ouviu o cidadão e registou a sua intervenção. Afirmou estar à espera da decisão do Tribunal Administrativo e Fiscal de Leiria, no qual corre um processo em que o ex-empresário pede uma indemnização de seis milhões de euros à autarquia. Jorge Ferreira Dias voltou a referir que poderá ir à Polícia Judiciária fazer denuncia, em torno destes seus processos, ao que o presidente da Câmara de Abrantes se disponibilizou a acompanhá-lo. O ex-empresário lamentou a demora e diz que o processo está parado intencionalmente. Depois do ex-empresário se ter ausentado da sala, Manuel Jorge Valamatos voltou ao tema e manifestou intenção de questionar o presidente da Assembleia Municipal de Abrantes, António Gomes Mor, sobre o pedido, mas que tinha algumas reservas quanto ao agendamento de uma reunião. Ademais, Valamatos voltou a referir que está a aguardar a decisão do processo do Tribunal Administrativo e Fiscal de Leiria, que é um dos muitos processos envolvendo o ex-empresário. O presidente da Câmara de Abrantes voltou a referir-se à re-

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portagem da Ana Leal, na TVI, como tendo feito passar uma imagem errada do presidente e da Câmara de Abrantes e até do aproveitamento do próprio empresário. Voltou a dizer que dos 40 minutos de gravação apenas passaram dois e sem os esclarecimentos que deu à jornalista. Armindo Silveira, do Bloco de Esquerda, sobre o assunto afirmou que o presidente da Câmara de Abrantes deveria apresentar uma queixa à ERC (Entidade Reguladora da Comunicação) e que sobre o assunto em si, talvez fosse bom realizar uma reunião com os técnicos para discutir todas das questões relativas ao historial entre Jorge Ferreira Dias e a Câmara de Abrantes. O presidente da autarquia revelou que já foram feitas várias reuniões entre a Câmara, com a presença de técnicos, e o ex-empresário e nunca há entendimentos. Pelo que se a Câmara tem um entendimento e o cidadão Jorge Ferreira Dias tem outro, “cá estão os tribunais para resolver o diferendo”. Rui Santos, pelo PSD, voltou a revelar aquela que tem sido a sua posição de se aguardar pela decisão judicial pois este é um caso muito técnico e, ao mesmo tempo, muito delicado. Jerónimo Belo Jorge

sexta

d’alva

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sábado

olavo bilac

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ex santos e pecadores

Feriado Municipal

domingo

dora maria

Fado na praça com dora maria e os amigos

Exposições . Música . Tasquinhas . Artesanato Concelhio

Programa completo em www.cm-sardoal.pt

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Pedro Dyonysyo | GETAS | Ambrose - Vipe MC - Lizard Crew | Mário Rui e Isabel Silva | R. F. Os Resineiros de Alcaravela | Ricardo Reis Costa | À-Part | Coro Infantojuvenil da Filarmónica União Sardoalense | Dried Flowers


DESPORTO /

Vai arrancar mais uma época do futebol ribatejano SAD do União de Almeirim. E se o clube de Fazendas de Almeirim também tem um treinador jovem, aguerrido e que conhece o campeonato, o que é uma mais valia, já o União de Almeirim não começa bem, pois acaba de despedir o treinador ainda na pré época. Os tranquilos Samora Correia, Torres Novas e Clube Desportivo Amiense, vão de certeza fazer uma época à semelhança das últimas, ou seja, longe dos últimos lugares e procurando chegar sempre mais alto, "estragando" a vida daqueles que têm outras aspirações. A estes podemos juntar também um treinador experiente que este ano, a dezasseis equipas, vai tentar fazer uma época calma, fazendo do Ferreira do Zêzere, cada vez mais um clube de primeira divisão. A surpresa poderá vir de Abrantes, o Sport Abrantes e Benfica tem um plantel jovem, que quer continuar a mostrar o seu valor, agora na primeira Divisão Distrital, pelo que, com algumas aquisições e também com a experiência da sua equipa técnica, poderá fazer mossa em muitos campos. O primeiro objetivo será sempre a manutenção mas uma vez conseguida, não se sabe onde esta equipa poderá ir parar. Aos restantes, Atlético Riachense, Glória do Ribatejo, Moçarriense e Pego, vão à partida e também à primeira vista, lutar pela manutenção. O Atlético Riachense foi repescado depois da infeliz desistência do outro Atlético, o Ouriense, estando muito longe do passado recente. A Glória do Ribatejo, conseguiu a manutenção a época passada na

1ª JORNADA 15/setembro • Fazendense – Rio Maior • Riachense – União de Tomar • Torres Novas – Samora Correia • Coruchense – Mação • Cartaxo – Pego • Amiense – Moçarriense • Ferreira do Zêzere – Glória do Ribatejo • Benfica de Abrantes – União de Almeirim

Os dérbis da região: › 3 novembro: Mação – Benfica de Abrantes › 10 novembro: Mação – Pego › 17 novembro: Pego – Benfica de Abrantes última jornada, no último minuto do último jogo, este ano não será diferente. O Moçarriense anda no sobe e desce, será que este ano consegue ficar??? Vamos ver. Já o Pego está de regresso também ao escalão maior do nosso distrito, depois de uns anos de ausência. Mas se o plantel do ano passado era relativamente bom para a segunda, para a primeira divisão é preciso um pouco mais, pelo que só o tempo e os jogos vão ditar a sorte de conseguir ou não a tão desejada permanência. Espero, esperam os amantes do nosso futebol, que este campeonato seja efetivamente melhor, mais competitivo, mais golos e mais público, mas para isso os clubes tem que fazer um esforço junto dos seus adeptos.

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A 1ª Divisão Distrital volta a ter 16 equipas, ou seja, o Campeonato passa a ter mais quatro jornadas, como era há uns anos atrás, mas em termos de calendário não há grande mudança. O início vai ser a meio de setembro e termina em maio. Isto só é possível porque na primeira fase da Taça do Ribatejo, só entram as equipas da 2ª Divisão Distrital. Como sempre, no início de cada época há os favoritos para a subida de divisão, os que apenas querem fazer um campeonato tranquilo e por último aqueles que não querem descer. Na linha da frente, os que pretendem ser campeões e voltar aos nacionais, Coruchense, União de Tomar, Cartaxo e Mação, partem com alguma vantagem, pelos planteis, pela experiência e pelos seus treinadores, profundos conhecedores da realidade futebolística da 1ª Divisão Distrital. Pelas contratações e pelos regressos, o União de Tomar leva algum favoritismo. A seguir, Coruchense e Cartaxo, são mais dois fortes candidatos com argumentos, enquanto que o Mação, depois de uma breve passagem pelo Campeonato Nacional, regressou à realidade distrital. Construindo uma equipa um pouco semelhante à que foi campeã, juntamente com um treinador que não precisa de apresentações, o Mação vai lutar para andar sempre entre os três primeiros e chegar à final da Taça do Ribatejo. Depois os que correm por fora, Fazendense, que apesar de ter perdido alguns jogadores, acabou por formar um bom plantel. E a nova

Jorge Duarte

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OPINIÃO / @ CORREIO DOS LEITORES Então saiu isto: Um Teleférico Um Teleférico em Abrantes! Sendo ABRANTES uma cidaem Abrantes de altaneira como é, com pontos Introdução Aguardava o início do espectáculo M80, integrado nas Festas da Cidade 2019, enquanto pelo ecrã gigantesco iam desfilando imagens panorâmicas, belas, impressionantes da nossa Cidade e arredores. Embevecido pela sua magnificência, acorre-me à mente como seria possível usufruir-se de tanta beleza, em qualquer altura, a partir de posições sobranceiras e abrangentes. Entretanto o espectáculo começa, decorre, empolga, aprecio-o em vários aspectos, mas a ideia concebida permanece, matraqueia, aviva-se. A festa termina, recolho-me, embrulho-me nos lençóis e concilio o sono. Este, um pouco titubeante, acaba por vir e depressa mergulho nas cavernas oníricas. Tempo decorrido não sei quanto, dou por mim a deslizar sobre uma paisagem magnífica, absorvente e cativante. Ia dentro de uma cabine... e reparo que me cruzava com outra em movimento contrário e também habitada por pessoas que se divertiam e deliciavam a observar a envolvência. Acto-contínuo desperto e então reflicto que tinha passeado num teleférico. Nem mais: um teleférico... Não dei um pulo da cama para não acordar a consorte. Levanto-me levemente, enfio o roupão e dirigi-me ao aposento que serve de escritório. Ligo o computador, abro o word e começo a maltratar o teclado. Ao fim de pouco mais de noventa minutos estava gizado o esqueleto do texto que se segue, após limagem de esquírolas, correcção de gralhas, harmonização do conteúdo útil...

estratégicos extremamente bem definidos para o evento que se propõe, impõem-se tirar partido dessa situação, numa perspectiva de aproveitamento das dádivas da Natureza, em conjugação com a adopção de medidas e soluções que conduzam à implementação das infraestruturas para a construção de um teleférico com três estações de “embarque/ desembarque”. Melhor explicado?Vamos a isso! Situemo-nos do lado de lá do Rio Tejo, frente ao Aquapolis, em plena área dos Mourões. Voltemo-nos para norte. Então, depara-se-nos a eminência do Castelo lá no alto. Sabemos também que de lá se avista outro ponto altaneiro, o Largo de Santo António. Falei de três estações? Pois bem: 1ª – Nos Mourões; 2ª – Castelo; 3ª – Santo António. Utópico? Não creio!... senão vejamos: Debrucemo-nos atentamente no prestígio e mais-valias que um tal empreendimento acrescentaria à nossa Cidade, já credora de tantas e tão relevantes referências, em várias vertentes, tais como, por exemplo, - Lúdico-turístico: Estou a imagi-

OPINIÃO / nar-me, lá no alto, dentro duma cabine, num movimento suave e confortável, desfrutando da magnificência da paisagem envolvente, horizontes a perder de vista num giro de 360 graus e um excelente e sereno lençol de água sob os meus pés! - Ambiental: Trajecto rápido, limpo e sielencioso. - Embelezamento: Contribuição suprema para tornar esta Cidade ainda mais bela e atraente, porventura a mais apetecível de todo o Vale do Tejo para visitar, na perspectiva do usufruto de momentos inesquecíveis. Custos? Será talvez a primeira sensação a subir à mente. É óbvio que um empreendimento desta dimensão e envergadura assume forçosamente um escalão dispendioso. Contudo, se se tiver em conta os itens atrás ventilados (ou muitos outros), concluir-se-á que valerá a pena o investimento. De resto, com um projecto altamente elaborado e estruturado, submetido aos apoios comunitários (e porventura de outros, advindos de entidades potencialmente beneficiárias com o evento) tais custos seriam por certo bastante suavizados. Digníssimas entidades autárquicas, arquitectos, engenheiros... outros. Pensem nisto! É que muitas vezes a obra não surge por falta da ideia “ad-hoc”. Finalizo, parafraseando o nosso grande Poeta: O homem sonhou... Deus já disse que queria... falta nascer a obra! E... valeu(rá) a pena? Vale sempre a pena se a ALMA não é pequena... e a ALMA dos abrantinos é enorme! António Maria da Cunha Abrantes (Este texto está escrito em completo desacordo com o novo A.O.)

CARTÓRIO NOTARIAL DA NOTÁRIA Maria Andreia Meireles Craveiro JUSTIFICAÇÃO NOTARIAL CERTIFICO, narrativamente, para efeitos de publicação, que no Cartório sito ao em Cascais, na Rua do Poço Novo 244 e no livro de notas para escrituras diversas número 24 – E a folhas 95, se encontra exarada uma escritura de justificação notarial, outorgada hoje, pela qual ABEL ÁLVARO ANTÓNIO, NIF 129 985 309, e mulher BENILDE GLÓRIA MORGADO ANTÓNIO, NIF 129 985 295, casados sob o regime da comunhão de adquiridos, ambos naturais da freguesia de Souto, concelho de Abrantes e residentes na Praceta Teixeira Gomes, n.º 5 3.º dto, Casal de S. Brás na Amadora, declararam que são donos e legítimos possuidores, com exclusão de outrém, do seguinte P R É D I O: URBANO, composto de casa de rés-do-chão, destinada a habitação, com a área de cento e dezoito metros quadrados, a confrontar do Norte, Sul e Poente com Luís Guilherme Marques Gaspar, e nascente com caminho público, sito em Maxieira da Brunheta, freguesia de Souto, concelho de Abrantes, omisso na competente Conservatória do Registo Predial e inscrito na matriz predial urbana sob o artigo 827 da união de freguesias de Aldeia do Mato e Souto, com o valor patrimonial de sete mil quatrocentos e cinquenta euros e dez cêntimos, a que atribui igual valor para efeitos deste acto. Mais certifico que os justificantes alegaram na referida escritura ter adquirido o prédio por USUCAPIÃO que adveio à sua posse por por volta do ano de mil novecentos e noventa, por doação meramente verbal feita aos justificantes pelos pais do primeiro outorgante varão, Álvaro António e Rosária da Conceição, residentes que foram na Praceta Teixeira Gomes, número 5, 3º direito, Casal de São Brás, Amadora, já falecidos, sem que no entanto ficassem a dispor de título formal que o comprove.. Todavia, possuem-no, como se vê, há mais de vinte anos e, tal posse, sempre foi exercida de forma pública, pacífica e sem interrupção, tal como se correspondesse ao exercício do direito de propriedade, por isso cuidando do seu arranjo e manutenção . Por tal motivo, perante a inexistência do título de aquisição, alegam os justificantes ter adquirido o citado imóvel por um outro modo de adquirir, a usucapião, insusceptível, porém, de comprovar pelos meios extrajudiciais normais. DE CONFORMIDADE COM O ORIGINAL Cascais, 25.07.2019 A Notária

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JORNAL DE ABRANTES / Setembro 2019

A assobiar para o lado José Alves Jana FILÓSOFO

C

omo a maioria de nós já percebeu, estamos em situação de ter enfrentar três macrodesafios globais: 1) um salto catastrófico nas alterações climáticas, que nos podem tornar a vida mais ou menos impossível; 2) a alteração geoestratégica da liderança global, do Ocidente para a China e seus aliados, com uma mudança radical nos valores da vida internacional; 3) um salto qualitativo na evolução tecnológica, que vai provocar alterações cujos efeitos nas nossas vidas pessoal e coletiva não sabemos sequer imaginar. Entretanto, dentro em pouco somos chamados em Portugal a votar em eleição nacional para a condução da “coisa pública”, da qual decorrem consequências para cada um de nós e para cada uma das nossas organizações. Contudo, num momento global de particular gravidade, fomos assistindo no período pré-eleitoral ao triste espetáculo do que podemos chamar de voto à venda: quem mais dá? Não sei se o voto de cada um está mesmo à venda ou se os partidos se portaram como se ele estivesse. A verdade é que se desafiaram a oferecer migalhas – migalhas! – para nos convencerem a votar neles. Convenceram? O pior – muito pior – é que se algum partido fosse suficientemente sério para nos propor as medidas que são necessárias, teria perdido de imediato as eleições. Repito, porque se trata de um nó essencial: qualquer partido que nos tivesse proposto as medidas necessárias, teria de imediato perdido as eleições. Nós não estamos preparados para a mudança que é indispensável. Vivemos como se a nossa vida fosse sustentável, sabemos que teremos de mudar a bem ou a mal, mas não estamos dispostos a mudar a bem. Mudaremos portanto a mal – “Ai aguenta, aguenta!” – quando a natureza e aqueles que continuarão a deter o poder nos obrigarem a isso. Não vai haver milagres. As empresas há muito perceberam que o poder está agora do lado do cliente e adoptam estratégias neces-

sárias para tirarem disso o melhor proveito. Os partidos também há muito perceberam que em democracia o poder está do lado dos eleitores, e adoptam as estratégias que lhes permitam conquistar os nossos votos. Nós, os eleitores, é que ainda não percebemos, ou preferimos não perceber, que somos os principais responsáveis por a política nem sequer poder dizer-nos os desafios que temos pela frente, muito menos propor-nos as necessárias intervenções. Vamos, por isso, decidir pouca coisa. É verdade que os políticos que escolhermos vão ter muito pouco poder. Mas ai deles que nos digam isso: nós preferimos imaginá-los capazes de nos dar o leite e o mel dos nossos desejos. Terão pouco poder, mas terão algum. E é com este poder que importa decidir e fazer alguma coisa. Mas isso não nos interessa, pois não? P.S. – Faz este mês 50 anos que publiquei, no Jornal de Abrantes, o meu primeiro texto num jornal desta região: “Sinalização deficiente na cidade” (20.9.1969). São, portanto, 50 anos de intervenção pública.

Se algum partido fosse suficientemente sério para nos propor as medidas que são necessárias, teria perdido de imediato as eleições.


SOCIEDADE /

Mouriscas mostrou vestidos de casamento de modista local

Nuno Alves MESTRE EM RELAÇÕES INTERNACIONAIS nmalves@sapo.pt

de vestirem os manequins. Também o filho de Adelina Pedra Rosa, João Rosa, deixou o testemunho de uma convivência com tecidos, tule, carros de linha ou tesouras, desde a infância. A irmã da modista, e que foi sua ajudante, assim

como algumas “aprendizas” também estiveram presentes, porque se a exposição mostra a criação e execução, estas também têm algumas participações nos produtos finais.

A

De referir que esta exposição mostrou outros objetos da história de vida de Adelina Pedra, como uma máquina de costura, das antigas, ou catálogos de costura. Jerónimo Belo Jorge

s manifestações em Hong Kong têm vindo a intensificarem-se de tal forma ao longo das últimas semanas que muitos já chamam a este momento o desafio mais relevante à ordem política chinesa desde as manifestações de Tiananmen, em 1989. Curiosamente, passados 30 anos, o desafio ao poder de Pequim veio da região que abriu um novo capítulo na história chinesa recente, quando em 1997 a soberania de Hong Kong foi recuperada pela China ao abrigo da política “Um país, dois sistemas”. Contudo, Hong Kong parece estar a mostrar claramente que mesmo vinte anos depois, a sua população mantêm uma forte ligação à herança cutural e política ocidental deixada pelos britânicos. Fazer política à chinesa em Hong Kong, tentando aprovar legislação de forma arbitrária, não democrática e pouco transparente que possa minar o respeito pelos direitos e garantias individuais é agora manifestamente inaceitável para a população de Hong Kong. É agora claro que, duas décadas depois de pertença chinesa, a transição de Hong Kong está longe do pretendido por Pequim e poderá constituir-se como uma fonte séria de instabilidade interna para o Partido Comunista Chinês e o seu regime. O que dirá a comunidade uigúre, no noroeste da China tão punida por Pequim, ou o povo tibetano que, apesar da sua luta, persiste em viver numa terra sob ocupação chinesa e vítima da opressão de Pequim? Contudo, é

Tiananmen, parte dois?

que aqui que Hong Kong difere das demais regiões ou povos ocupados e oprimidos por Pequim. Hong Kong é a grande referência financeira da China na economia internacional. É a principal praça financeira do país e o grande canal económico de ligação da China ao mundo. É também uma região desenvolvida, com forte espírito democrático e onde a tecnologia é parte integrante da vida das populações e das gerações mais jovens. É justamente esta tecnologia que os manifestantes usam agora para levarem ao mundo a sua revolta. Assim, Hong Kong não poderá ser outra Tiananmen. Pequim, mesmo no limte da sua paciência, terá de ser bastante calculista numa intervenção directa no território sob o risco de ver o muito investimento e capitais estrangeiros que entram na China via Hong Kong fugirem. Mas ao mesmo tempo, os manifestantes também deverão compreender os limites de utilização deste trunfo sob pena de verem o seu território perder a relevância política e económica que tem mantido.

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O centro escolar da EPDRA (Escola Profissional de Desenvolvimento Rural de Abrantes), antigo Colégio Infante de Sagres, acolheu uma exposição de vestidos de noiva. Tratou-se de uma mostra do trabalho da modista mourisquense Adelina de Jesus Lopes Pedra Rosa que faleceu em 2016 e que terá manifestado, ainda em vida, a vontade de mostrar os seus trabalhos. Uma mostra na sua terra natal apesar de ter dividido a vida entre Mouriscas e Lisboa. A modista e mestra costureira desde cedo começou a criar e a executar vestidos para casamentos em Lisboa e em Mouriscas, deixando um rasto de obras que puderam ser observadas ao longo do mês de agosto. A exposição teve a organização da Associação de Desenvolvimento Integrado de Mouriscas (ADIMO) que, juntamente com a família da modista, conseguiu juntar duas mãos cheias de vestidos de diversas épocas. A mostra apresenta um vestido de 1961, o mais antigo, e um de 2008, o mais recente. Pelo meio, um mais arrojado, que encarnou na liberdade do pós 25 de abril de 1974. Conseguiu-se, por isso, mostrar uma tendência de evolução da moda, fazendo notar-se a diferença entre o período anterior e pós revolução. Na inauguração, Humberto Lopes, presidente da ADIMO, fez questão de apresentar a exposição e explicar a forma como conseguiram chegar a muitas “noivas” vestidas pela modista. Não chegaram a todas, uma vez que em Lisboa foi mais difícil localizá-las. Mesmo assim conseguiram encontrar muitos vestidos e, acima de tudo, conseguiram que fossem cedidos para a exposição. Aliás, junto a cada vestido esteve uma fotografia do casamento para mostrar o modelo exposto na jovem que o usou no dia de subir ao altar. Humberto Lopes revelou ainda alguns pormenores da montagem da exposição, como o apoio do Museu do Traje, no empréstimo de manequins, ou até a todas as pessoas que colaboraram na investigação, na localização das proprietárias dos vestidos e, até ao momento

OPINIÃO /

Fisabrantes

Centro de Fisioterapia Unipessoal, Lda. Terapia da Fala Dr.ª Sara Pereira

Médico Fisiatra Dr. Jorge Manuel B. Monteiro

Psicóloga Clínica Aconselhamento

Fisioterapeuta Teresinha M. M. Gueifão

Audiologia / aparelhos auditivos

Ana Lúcia Silvério Dr.ª Helena Inocêncio

Acordos: C.G.D., SAMS, PSP, SEGUROS, PT - Consultas pela ADSE -------------------------------------------------Telef./Fax 241 372 082 Praceta Arq. Raul Lino, Sala 6, Piso 1 - 2200 ABRANTES Setembro 2019 / JORNAL DE ABRANTES

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DESPORTO /

Um abrantino a brilhar nos kartódromos Entrevista com Diogo Marques, que aos 17 anos é uma das principais figuras do Rotax Max Challenge, competição de karting de referência em Portugal. Ouvimo-lo sobre o seu percurso, aquilo que já conquistou e os sonhos que o fazem acelerar. Diogo, há quantos anos estás no karting e como chegaste à modalidade?

O meu interesse pelo desporto motorizado começou desde pequeno, por influência do meu pai. Ao ver um anúncio numa revista de automóveis de um curso de karting do ACP, no Kartódromo de Leiria, os meus pais não hesitaram em inscrever-me e concluí-o, tendo recebido inclusive uma medalha de mérito, pelo meu aproveitamento e desportivismo. Estreei-me em 2013 nas competições nacionais e participei todos os anos no troféu Rotax Max Challenge Portugal, fiz também algumas provas do campeonato nacional de karting e a nível internacional, destacando-se a participação nas finais mundiais Rotax em 2015.

O karting é, para ti, uma coisa muito séria...

O karting é um desporto muito físico e muito técnico, uma vez que se discutem corridas à décima de segundo e por vezes à milésima, uma afinação ligeiramente diferente pode atirar-nos de primeiro para os último, é preciso ter em conta o estilo de condução do piloto e estar tudo muito bem equilibrado entre afinação de chassis e de motor.

Quanto custa a tua época desportiva e como é financiada?

São os meus pais que financiam totalmente as minhas corridas, que não são baratas, cada uma ronda os 2000/2500€ sem “incidentes”, o que é difícil de suportar sem patrocínios, por época são cerca de 15000€... conto apenas com a ajuda de vários amigos e da empresa OKE tilner perfis. Estou inserido numa equipa grande, a Júnior Racing Team, mas

cap, com muito esforço e empenho é possível alcançar bons resultados.

Quais os momentos mais marcantes do teu percurso no karting?

Sagrei-me vice-campeão nacional Micro Max em 2013, fui 3º do Troféu Rotax em 2014 na categoria Mini Max e em 2015 terminei o Troféu Rotax Max Challenge Portugal em 4º lugar, mas consegui a 2ª posição no Troféu Norte de Portugal. Em 2016 consegui alcançar o 3º lugar no Troféu dos Campeões e o 2º no Troféu Norte de Karting. Em 2017 fiquei em 2º do Troféu dos Campeões. Na época de 2018, já na categoria Sénior Max, conquistei o 3º lugar do Troféu Rotax Max Challenge. Neste ano de 2019 estou na luta pelo vice-campeonato, que se irá decidir na última prova a realizar no Kartódromo Internacional da Região Oeste. O momento mais alto da minha carreira foi sem dúvida uma vitória em 2015, em Braga, em que larguei da última posição, por ter sido “posto fora” na corrida anterior, e em apenas 8 voltas recuperei para primeiro para vencer essa derradeira final. Outra das experiências mais marcantes foi o ter participado numa prova internacional no passado mês de julho, no Kartódromo Internacional de Zuera, onde consegui ser o melhor português das finais, tendo alcançado um 5º e um 7º lugar.

Quando se fala nos grandes nomes da Fórmula 1, vem sempre à baila que muitos eram fantásticos no karting. A F1 põe-te muitas vezes a sonhar acordado?

tenho o meus próprios mecânicos, o Luís Tó e David Garrinhas, que não são profissionais, mas são amigos que me acompanham nas provas.

Se tivesses outros financiamentos chegarias a outro patamar?

O dinheiro não é tudo, mas tem grande influência, com mais financiamento é possível evoluir mais

e sobretudo mais rapidamente. É inglório e até frustrante saber que não consigo mais devido à falta de financiamento. Há pilotos que competem comigo com dezenas de patrocinadores, alguns com orçamentos de centenas de milhares de euros, podendo assim fazer vários campeonatos. No entanto, temos provado que, apesar deste handi-

Senna, Schumacher, Hamilton... todos começaram no karting. Diz-se por vezes que é no karting que se vê quem são os verdadeiros pilotos, devido à igualdade de circunstâncias em pista. O exemplo mais flagrante disso mesmo foi o atual piloto de F1 Max Verstappen, que praticamente saiu dos karts para um F1 e aos 17 anos estava no pináculo do desporto automóvel. É óbvio que esse sonho passa pela cabeça de qualquer piloto e eu não sou exceção, mas tenho a noção de que dificilmente isso acontecerá, é preciso muito dinheiro, talento e sobretudo sorte para que tal suce-

da. Um sonho um pouco mais real seria poder chegar ao DTM, WTCR ou à Porsche Super Cup.

Em que sentido poderá seguir a tua carreira, a curto prazo?

No futuro, a minha carreira desportiva poderá tomar diferentes rumos. Poderei continuar nos karts, subindo para a categoria rainha, a DD2, ou dar o grande salto e passar para os fórmulas, nomeadamente os fórmula 4, que seria sem dúvida o meu grande interesse, porém sem apoios será muito difícil de concretizar. Ou ainda fazer algumas provas de campeonatos automóveis, ralis ou até mesmo de resistência...

Tens, na região, boas condições para treinar?

Na região tenho o Kartódromo de Abrantes, que me oferece boas condições para me manter em forma, apesar de ser um traçado um pouco mais curto do que aqueles em que compito.

Já apanhaste algum susto ao volante que tenha deixado marcas?

Este desporto envolve riscos relativamente consideráveis. Ao longo dos anos já sofri algumas mazelas, como braços ou costelas partidas, são os ossos do ofício e cada incidente é no fundo uma aprendizagem. Há bem pouco tempo sofri um incidente no kartódromo de Viana do Castelo, felizmente sem consequências físicas, mas posso afirmar que foi talvez a única vez que senti medo... fiquei sem travões a mais ou menos 110 km/h, passou-me tudo pela cabeça naquela fração de segundo em que saía pela escapatória. Nunca me tinha sucedido nada assim!

Já tens carta de condução? O que podes aconselhar a quem acabou de obter uma licença para conduzir?

Eu tirei a carta de condução B1 aos 16 anos que me permite conduzir o meu “papa-reformas”. O conselho que eu dou aos condutores é que não tentem imitar aquilo que eu e outros pilotos experientes fazemos em pista. Há que saber separar estes dois mundos, de modo a evitar problemas nas estradas. José Martinho Gaspar

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JORNAL DE ABRANTES / Setembro 2019

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//KARTING


CULTURA /

N.º 33 da Zahara nas bancas

/ Carla Dias na performance que abriu a sessão de apresentação da Zahara o século XX na região. Jaime Marques da Silva escreve “As Antigas Casas da Câmara de Mação”; João de Matos Filipe, Jaisson Teixeira Lima, Sara Cura e António Luiz Miranda abordam a temática das pesqueiras de Ortiga; “Desporto Numa Aldeia do Pinhal” (Vales, freguesia de Cardigos) é o objeto da pesquisa de António Manuel Silva. Do Sardoal, Mário Jorge

Sousa dá-nos a conhecer o peso social e o percurso do Café Progresso; Manuel Soares Traquina faz uma caracterização do que era a aldeia de São Simão em meados do século XX. Também Gavião volta às páginas da Zahara, através do texto de Carlos Grácio sobre capelas e ermidas daquele concelho. JMG

A CARGO DA NOTÁRIA SÓNIA MARIA ALCARAVELA ONOFRE. ---Certifico para efeitos de publicação que por escritura lavrada no dia dezanove de Agosto de dois mil e dezanove, exarada de folhas quarenta e oito a folhas cinquenta, do Livro de Notas para Escrituras Diversas CENTO E OITENTA — A, deste Cartório Notarial, foi lavrada uma escritura de JUSTIFICAÇÃO, na qual o Senhor ANTÓNIO BARRENTO BALBINO, divorciado, natural da freguesia de São Miguel do Rio Torto, do concelho de Abrantes, residente em 74, Avenue Pierre Brossolette, 92240 Malakoff, em França, DECLAROU que, com exclusão de outrem, é dono e legítimo possuidor do Prédio rústico sito em Concelhos, na freguesia de Pego, do concelho de Abrantes, composto de olival, com a área de três mil e quinhentos metros quadrados, a confrontar de Norte com Firmino Manuel Lopes Nunes Lourenço, de Sul com Caminho, de Nascente com Benevenuto Lourenço Gil e de Poente com Francisco Lopes Neto da Rosa, omisso, na Conservatória do Registo Predial de Abrantes, inscrito na matriz cadastral sob o artigo 164 da secção C. ---Que é possuidor do mencionado prédio desde mil novecentos e oitenta e dois, já no estado de divorciado, por compra meramente verbal a Álvaro Neves da Rosa e mulher Narcisa Pratas Serrano, casados no regime da comunhão geral de bens, residentes em Rossio ao Sul do Tejo, Abrantes, não tendo, porém, celebrado a respectiva escritura. ---Que, desde a referida data, vêm exercendo continuamente a sua posse, à vista e com o conhecimento de toda a gente, usufruindo de todas as utilidades do prédio, amanhando-o, cultivando-o, na convicção de exercer direito próprio, ignorando lesar direito alheio, sendo reconhecidos como seus donos por toda a gente, pacificamente, porque sem violência, continua e publicamente, de forma correspondente ao exercício do direito de propriedade, sem a menor oposição de quem quer que seja, pagando os respectivos impostos, verificando-se assim todos os requisitos legais para que se possa confirmar a aquisição do citado imóvel por usucapião. ---Está conforme ao original e certifico que na parte omitida nada há em contrário ou além do que nesta se narra ou transcreve. ---Abrantes, 19 de Agosto de 2019.

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O CEHLA - Centro de Estudos de História Local de Abrantes - apresentou o n.º 33 da revista Zahara, numa sessão realizada a 30 de julho no Sr. Chiado, em Abrantes, onde estiveram os coordenadores do projeto, vários colaboradores, alguns entrevistados neste número e bastantes leitores. A sessão abriu com Carla Dias, que pegou no n.º 33 da revista, que vem a público semestralmente há 17 anos, sem qualquer interrupção, e numa performance muito apreciada, soube valorizar a faceta identitária e de salvaguarda de património material e imaterial que a publicação assume. Este número Zahara abre com um artigo de Teresa Aparício sobre latoeiros e latoaria, uma atividade em vias de extinção. Manuel Batista Traquina trata a atividade dos serradores na freguesia do Souto, também ela praticamente extinta. Joaquim Candeias da Silva, para além de completar o artigo cuja primeira parte saiu no número anterior, sobre o Convento de S. Domingos, escreve também sobre a elevação de Tancos a vila, em 1517. José Alves Jana e José Martinho Gaspar , em duas entrevistas, contam histórias de vida, que muito desvendam sobre

NOTARIADO PORTUGUÊS CARTÓRIO NOTARIAL DE SÓNIA ONOFRE EM ABRANTES

CARTÓRIO NOTARIAL DA NOTÁRIA Maria Andreia Meireles Craveiro JUSTIFICAÇÃO NOTARIAL CERTIFICO, narrativamente, para efeitos de publicação, que no Cartório sito ao em Cascais, na Rua do Poço Novo 244 e no livro de notas para escrituras diversas número 24 – E a folhas 91, se encontra exarada uma escritura de justificação notarial, outorgada hoje, pela qual ABEL ÁLVARO ANTÓNIO, NIF 129 985 309 e mulher BENILDE GLÓRIA MORGADO ANTÓNIO, NIF 129 985 295, casados sob o regime da comunhão de adquiridos, ambos naturais da freguesia de Souto, concelho de Abrantes e residentes na Praceta Teixeira Gomes, n.º 5 3.º dto, Casal de S. Brás na Amadora, declararam que são donos e legítimos possuidores, com exclusão de outrém, do seguinte P R É D I O: MISTO, com a área de sete mil e duzentos metros quadrados, composto a parte urbana de casa de rés-do-chão, destinada a habitação, com a área de mil e noventa metros quadrados e área de implantação de noventa metros quadrados e parte rústica por pinhal, mato, sobreiros, oliveiras, pastagem ou pasto e cultura arvense em Olival, a confrontar do Norte com Álvaro Guilherme, Sul com Luís Guilherme Marques Gaspar, nascente com ribeiro e poente com caminho público, sito em Maxieira, freguesia de Souto, concelho de Abrantes, omisso na competente Conservatória do Registo Predial e inscrito na matriz predial urbana sob o artigo 805 e rústica sob o artigo 72 secção CI, da união de freguesias de Aldeia do Mato e Souto, com o valor patrimonial de oito mil oitocentos e quarenta euros e sessenta e cinco cêntimos (urbano) e quarenta e seis euros e trinta e nove cêntimos (rústico), a que atribuem igual valor para efeitos deste acto. Mais certifico que os justificantes alegaram na referida escritura ter adquirido o prédio por USUCAPIÃO que adveio à sua posse por volta do ano de mil novecentos e noventa, por doação meramente verbal feita pelos pais do primeiro outorgante varão, Álvaro António e Rosária da Conceição aos justificantes, residentes que foram na Praceta Teixeira Gomes, número 5, 3º direito, Casal de São Brás, Amadora, já falecidos, sem que no entanto ficassem a dispor de título formal que o comprove. Todavia, possuem-no, como se vê, há mais de vinte anos e, tal posse, sempre foi exercida de forma pública, pacífica e sem interrupção, tal como se correspondesse ao exercício do direito de propriedade, por isso cuidando do seu arranjo e manutenção. . Por tal motivo, perante a inexistência do título de aquisição, alegam os justificantes ter adquirido o citado imóvel por um outro modo de adquirir, a usucapião, insusceptível, porém, de comprovar pelos meios extrajudiciais normais. DE CONFORMIDADE COM O ORIGINAL Cascais, 25.07.2019 A Notaria

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SAÚDE /

“Somos o que comemos” (Hipócrates)

No primeiro semestre de atividade, a Unidade de Hospitalização Domiciliária (UHD) do Centro Hospitalar do Médio Tejo, EPE percorreu mais de 26800 quilómetros, tendo realizado mais de 850 visitas. Os 71 utentes internados em UHD, durante o primeiro semestre, estão distribuídos pelos seguintes concelhos: Abrantes – 27; Torres Novas – 11; Entroncamento – 8; Constância – 6; Mação – 6; Tomar – 5; Sardoal – 4; Barquinha – 3; Gavião – 1. Destes utentes, 34 eram do género masculino e 37 do feminino. Já no mês de julho foram admitidos 12 doentes. Também no mês de julho o doente mais jovem passou a ser de 19 anos, residente em Ponte de Sôr, (pela primeira vez que a equipa foi tão longe, saindo um pouco do limite dos 30 Kms mas mantendo os cerca de 30 minutos de tempo de deslocação). Atualmente, a equipa de hospitalização Domiciliária do CHMT, EPE, é constituída por um médico, três enfermeiros (a tempo inteiro), uma assistente social e uma farmacêutica. A Equipa conta ainda com a colaboração de assistentes técnicos e assistentes operacionais. A funcionar 24 horas por dia, 365 dias por ano, a Hospitalização Domiciliária “garante o mesmo nível de qualidade e segurança na prestação de cuidados ao doente que o internamento convencional”. Nos dados referentes ao primeiro semestre de 2019, lê-se que foram 118 os doentes avaliados pela equipa, com uma média de 20 avaliações por mês, tendo sido admitidos 71 (média de 12 doentes por mês).

Enfermeira Especialista Saúde Pública Unidade de Saúde Pública do Médio Tejo

Alimentação Saudável (parte 3) “Alimentos Processados”

alimentares inadequados dos portugueses foram o terceiro fator de risco que mais contribuiu para a perda de anos de vida saudável, nomeadamente devido a doenças metabólicas, doenças do aparelho circulatório e neoplasias O excesso de peso e a obesidade são dos mais sérios problemas de saúde pública em Portugal e podem estar relacionados com a elevada ingestão de alimentos ultraprocessados, consumo rotineiro de bebidas açucaradas e atividade física insuficiente. Uma boa maneira de identificar os

alimentos processados é ler os ingredientes do rótulo. Produtos com um número elevado de ingredientes e que possuem nomes pouco comuns indicam que são ultraprocessados. Para fazer uma alimentação saudável e equilibrada utilize sobretudo alimentos naturais, frescos e da época ou minimamente processados. Tempere e cozinhe com pouco sal, gorduras e açúcar. Evite alimentos ultraprocessados. O tempo que perdemos a preparar e a cozinhar os alimentos, ganhamos em saúde e com certeza em tempo de vida.

CHMT reforça especialidade de Medicina Interna com cinco especialistas A especialidade de Medicina Interna, no Centro Hospitalar do Médio Tejo, EPE foi reforçada com a colocação de 5 novos elementos. Dos cinco novos especialistas de Medicina Interna, três vão reforçar a Unidade de Cuidados Intensivos Polivalente (UCIP) e dois o Serviço de Medicina Interna. Fátima Pimenta, diretora do Serviço de Medicina Interna, destaca ser “um orgulho para o nosso Serviço que as 5 vagas disponíveis tenham sido todas ocupadas. Três deles fizeram a sua formação no nosso Centro Hospitalar e dois vêm de outros Hospitais, nomeadamente São José”. A diretora do Serviço de Medicina Interna afirma ainda que a colocação

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destes cinco elementos “vai permitir o desenvolvimento de novos projetos e uma melhoria nos cuidados prestados aos doentes. Trata-se de internistas com uma excelente formação e com grande capacidade de trabalho e inovação que nos vão ajudar a fazer do nosso Serviço uma referência, quer em cuidados prestados à população, quer na área da formação médica e da investigação”. Fátima Pimenta realça, igualmente, a importância destes especialistas escolherem “o nosso Hospital, tendo em conta a necessidade de manter os atuais projetos do Serviço de Medicina Interna iniciados em 2018 - Hospital de Dia e Hospitalização Domiciliária, para assim continuarmos a melhorar

JORNAL DE ABRANTES / Setembro 2019

e a inovar nos cuidados que podemos oferecer à nossa população”. Nuno Catorze, diretor da Unidade de Cuidados Intensivos Polivalente (UCIP), considera que a contratação de 3 profissionais para a Unidade de Cuidados Intensivos Polivalente (UCIP) permitirá incrementar a qualidade assistencial aos doentes críticos que ocorrem às Unidades Hospitalares do CHMT, permitindo um apoio físico permanente na Sala de Emergência do Serviço de Urgência Médico-Cirúrgica, o que facilitará a abordagem multidisciplinar de todos os doentes que necessitem de apoio diferenciado, diminuição do tempo de decisão terapêutica e tratamento definitivo”.

/ Serviço de Hospitalização Domiciliária está instalado no Piso 10 do Hospital de Abrantes PUBLICIDADE

Paula Custódio

Os alimentos processados são alimentos que não vêm diretamente da natureza, foram de alguma forma manipulados ou transformados pelo homem. O processamento dos alimentos surgiu com a necessidade de conservá-los em épocas de excesso, para poder consumi-los em situação de carência. No entanto com o avançar dos tempos, o objetivo deixou de ser só a conservação. Os alimentos foram transformados de forma a tornarem-se mais apetecíveis e de mais rápida preparação. A grande maioria dos alimentos que consumimos hoje passa por algum tipo de método que garanta a segurança alimentar e a conservação por um determinado período. Este processo não trouxe só vantagens. Existem variadas formas de processamento de alimentos. Atualmente alimento processado é sinónimo de alimento menos saudável, pois normalmente tem uma grande quantidade de sal, gorduras, açúcares, corantes e outros aditivos na sua composição. Devemos evitar os chamados ultraprocessados. São muito apelativos, tem muita cor, muito sabor, normalmente são pré cozinhados e muito fáceis de preparar, mas têm poucos nutrientes e alto valor energético, causando assim um impacto negativo na saúde humana. De acordo com o estudo “Global Burden of Disease, em 2017”, os hábitos

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