Jornal de Abrantes - Setembro 2020

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a j / JORNAL DE ABRANTES

/ Abrantes / Constância / Mação / Sardoal / Vila Nova da Barquinha / Vila de Rei / Diretora Patrícia Seixas / SETEMBRO 2020 / Edição n.º 5595 Mensal / ANO 120 / DISTRIBUIÇÃO GRATUITA

MAÇÃO

ENTREVISTA

João Cadete de Matos, presidente da ANACOM Págs 3 e 4

Autarquia procura solução para reforçar ATL Pág 12

SARDOAL

Presidente avança com queixa-crime por difamação Pág 13

ABRANTES

Aquapólis norte vai ter praia fluvial Pág 7

DESPORTO Santinho Mendes 50 anos de carreira

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Pág 20 e 21

// 75 ANOS - EN2

Grupo

uma nova forma de comunicar. ligados por natureza. 241 360 170 . geral@mediaon.com.pt www.mediaon.com.pt

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A ESTRADA QUE NOS UNE


A ABRIR / FOTO OBSERVADOR /

EDITORIAL /

“Quando começamos a chorar porque a muralha está a ruir? Há alguém que nos ensine o que é conservação preventiva?” Leitor Identificado //Patrícia Seixas //DIRETORA

Chegámos a setembro... Mês de início de ano letivo, de retoma do trabalho para muitos (apesar de ainda ser de férias para alguns) e mês de alterações ao nível das restrições devido à Covid-19. A partir de dia 15 de setembro, o país vai dar um passo atrás e o continente vai voltar ao estado de contingência. Os aumentos dos casos em Portugal e muito especialmente na Europa, não nos levam a ter grandes motivos para sermos otimistas. As regras voltam a apertar e o inverno está aí ao virar da esquina. Por cá, sabemos da mudança da orientação mas só a partir de dia 7 é que o Governo vai começar a discutir as medidas concretas, quando regressarem as reuniões no Infarmed. Certo é que o ano letivo vai começar. De que forma? Isso ainda não deu para perceber muito bem. O Sindicato de Professores já fala em greve, algumas medidas da DGS são conhecidas mas a sua efetivação já é outra coisa. Têm as nossas escolas capacidade para as implementar? E como estão os alunos que há meses não têm contacto físico com a escola? Como será o regresso ao nível dos comportamentos? É que nem todos ultrapassaram o confinamento da mesma forma e, por aqui, quisemos perceber como podem “estar essas cabeças”. Para além da escola, o futebol também está de regresso. (Não, não vou perguntar pelo Cavani porque essa novela tem episódios a mais que não dão para descrever aqui...) Mas com calendário definido para o futebol profissional, ainda que sem público, a grande questão passa agora por perceber o que vai acontecer nos campeonatos distritais e no futebol de formação. Sem público, não vejo forma de os clubes aguentarem as despesas pois, como bem sabemos, as receitas vêm maioritariamente do bar, nos jogos em casa. Aguardemos... E enquanto não há jogos por aqui, há outras formas de nos divertirmos. Os portugueses descobriram Portugal neste verão e foram muitos, mas muitos mesmo, os que decidiram juntar-se às comemorações dos 75 anos da mítica Estrada Nacional 2 e percorrer os seus 738 quilómetros ou então uma parte deles. Com a EN2, descobriram o interior do país e enche-nos de alegria ver as nossas vilas e cidades em fotografias magníficas nas redes sociais, com comentários muito elogiosos. No entanto, cabe-me esclarecer que nós “já cá estávamos” e se a pandemia é cruel para muitos, tem o seu ponto positivo neste “descobrimento” por parte dos nossos concidadãos. Gostamos de vos ter por cá e podem voltar sempre. Quanto a nós, oferecemos-lhe a leitura do nosso Jornal de Abrantes onde pode voltar atrás no tempo e vibrar, como aconteceu connosco, com as histórias dos 50 anos de carreira do campeão Santinho Mendes. Acredite que ainda arrepia, mesmo para não é muito ligado ao desporto motorizado. E não é que, apesar da pandemia e da crise económica, há quem arrisque em novos negócios? Fomos conhecer alguns casos de investidores otimistas. Nós regressamos em outubro com mais histórias mas, até lá, é tempo de ter cuidados redobrados e seguir as orientações da DGS. Boas leituras e até outubro.

ja / JORNAL DE ABRANTES

Cinco meses depois do início da pandemia as aulas estão a chegar e a realidade continua muito diferente dos primeiros meses de 2020. Continuamos todos, crianças incluídas, com as limitações necessárias para garantir a nossa segurança.

PERFIL /

//José Rafael Belchior Ricardo do Nascimento / Gestor e Docente no Ensino Superior (reformado), 64 anos.

//Naturalidade/Residência? //Uma viagem já feita ou por fazer Lourenço Marques (Maputo), Moçam- Um cruzeiro pelo Mediterrâneo, há 7 bique / Vale de Zebrinho, São Facundo anos. A repetir, se e quando possível. – Abrantes. //Uma figura da História //Prato preferido? O povo português, com todas as suas É difícil escolher entre quase todos, virtudes e defeitos, e os grandes filhos mas voto numa boa cabeça de ga- que gerou, muitos deles talentos e roupa cozida. heróis anónimos. //Um recanto para descobrir? //Um momento marcante Praia fluvial de Fontes, com toda a sua O dia 25 de Abril de 1974, o qual pôs envolvente natural. termo a uma ditadura bolorenta, alicerçada no medo e na privação das li//Um disco berdades, desabrochando esperanças “Ópera Mágica do Cantor Maldito”, que só em parte foram concretizadas. o 11º álbum de originais de Fausto Bordalo Dias, editado em 2003. Por- //Um sonho por realizar? que sinto alguma identificação com o Recolocar Abrantes na senda do deespírito do cantor, Fausto obviamente. senvolvimento, progresso, justiça e bem-estar social. //Um filme “À Espera de um Milagre” (The Green //Se fosse presidente de Câmara o Mile), com Tom Hanks e Michael Clarke que faria? Duncan. Porque passa várias mensa- Lançaria políticas sérias de desenvolvigens poderosas, tão essenciais nos mento, baseadas no aprofundamento tempos que vivemos. da democracia e da iniciativa local.

//O que mais e menos gosta na sua cidade? Vivo numa aldeia bonita, simpática e saudável, onde repousam os meus pais, avós maternos e outros antepassados. Gostaria de a ver mais exigente e empenhada em ser respeitada e valorizada pelo poder autárquico. Quanto à cidade de Abrantes, gosto dos seus pergaminhos históricos, materiais e imateriais, e não gosto nem do estado de abandono a que tem sido votada, nem da desorientação política que a tem afastado do progresso económico, social e cultural, ao ponto de hoje muitos portugueses não saberem sequer onde fica. //Uma proposta para um dia diferente na região? Um passeio náutico nas águas do Tejo, em Abrantes, quando for desenvolvido o turismo fluvial na nossa cidade, a partir das suas margens Norte e Sul.

FICHA TÉCNICA Direção Geral/Departamento Financeiro Luís Nuno Ablú Dias, 241 360 170, luisabludias@mediaon.com.pt. Diretora Patrícia Seixas (CP.4089 A), patriciaseixas@mediaon.com.pt Telem: 962 109 924 Redação Jerónimo Belo Jorge (CP.7524 A), jeronimobelojorge@mediaon.com.pt, Telem: 962 108 759. Taras Dudnyk (estagiário) Colaboradores Marta Bessa, Miguel Pequeno, Leonel Mourato, Paula Gil, Paulo Delgado, Ricardo Beirão, Teresa Aparício. Cronistas Alves Jana e Nuno Alves. Departamento Comercial. comercial@mediaon.com.pt. Design gráfico e paginação João Pereira. Sede do Impressor Unipress Centro Gráfico, Lda. Travessa Anselmo Braancamp 220, 4410-359 Arcozelo Vila Nova de Gaia. Contactos 241 360 170 | 962 108 759 | 962 109 924. geral@mediaon.com.pt. Sede do editor e sede da redação Av. General Humberto Delgado Edf. Mira Rio, Apartado 65, 2204-909 Abrantes. Editora e proprietária Media On Comunicação Social, Lda., Capital Social: 50.000 euros, Nº Contribuinte: 505 500 094. Av. General Humberto Delgado Edf. Mira Rio, Apartado 65, 2204-909 Abrantes. Detentores do capital social Luís Nuno Ablú Dias 70% e Susana Leonor Rodrigues André Ablú Dias 30%. Gerência Luís Nuno Ablú Dias. Tiragem 15.000 exemplares. Distribuição gratuita Dep. Legal 219397/04 Nº Registo ERC 100783. Estatuto do Jornal de Abrantes disponível em www.jornaldeabrantes.pt. RECEBA COMODAMENTE O JORNAL DE ABRANTES EM SUA CASA POR APENAS 10 EUROS (CUSTOS DE ENVIO) IBAN: PT50003600599910009326567. Membro de:

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JORNAL DE ABRANTES / Setembro 2020


ENTREVISTA /

O país não pode ter desigualdade nas comunicações // João Cadete de Matos nasceu em 1959 em Lisboa. O pai, do Penhascoso, e a mãe, de Mouriscas, sempre fizeram com que viesse para esta região nas férias. É por isso que ainda continua a vir cá regularmente. Economista e quadro do Banco de Portugal aceitou o desafio, em 2017, de liderar o regulador das comunicações em Portugal. João Cadete de Matos aponta o 5G como a prioridade para equilibrar as desigualdades entre o interior e os grandes centros nas comunicações e na internet e diz que os Correios têm de melhorar os padrões de qualidade. São dois dos processos que vão ter novidades em 2021. Entrevista: Jerónimo Belo Jorge Fotos: Taras Dudnyk

Na era do digital e das comunicações começo, invariavelmente, por perguntar o que é que a ANACOM faz? O que é que regula? Haverá muitas pessoas que não sabem o que é?

Não só temos essa noção, como já temos feito alguns inquéritos junto de vários tipos de estratos da população para confirmar isso. Então o acrónimo [ANACOM] ainda é menos conhecido mesmo quando se diz que é a Autoridade Nacional de Comunicações. De facto, muita gente não sabe o que é. E de uma forma simples a ANACOM é uma entidade reguladora, quer dizer que lhe compete supervisionar o funcionamento deste sector que é estratégico e muito importante para a vida das populações e para o desenvolvimento económico. É um sector que funciona de acordo com as regras da economia do mercado, em que há várias empresas privadas a prestar serviços de telecomunicações e também dos correios [CTT], que é outra área das comunicações. E é importante que as empresas que prestam o serviço postal, outras que prestam serviços de comunicações fixas, móveis e o acesso à internet tenham uma entidade pública que foi criada para garantir que estas empresas prestam um serviço de acordo com as regras da concorrência, mas também de acordo com a garantia dos direitos dos consumidores, que é outra das nossas áreas de ação muito importantes.

Os CTT também estão na vossa abrangência. Há um mês recebe-

ram muitas queixas desta zona. Pode dizer-se que é onde existem mais queixas?

Devo-lhe confessar que quando iniciei funções [em 2017] não imaginava que os correios fossem motivos de tantas queixas dos cidadãos portugueses, incluindo desta região [Abrantes e distrito de Santarém] e também das ilhas. Aliás, as regiões autónomas têm sido das mais fustigadas com o mau serviço dos correios, com a agravante do transporte aéreo que complica ainda mais. Mas não esperava tantas dificuldades nos correios, que estão este ano a fazer 500 anos em Portugal, dado q u e s e m p re d e sempenharam um serviço de grande relevância para as populações. Toda a gente sabe a importância dos carteiros para as pessoas, para as pessoas que recebem as suas reformas. E há outros serviços. Hoje em dia, durante a pandemia, os correios fizeram a entrega de encomendas, uma área que cres-

Os correios tiveram sempre um papel muito relevante e, de facto, houve nos últimos anos uma degradação significativa da qualidade do serviço. Os incêndios tiveram um impacto muito negativo e eu também estive a acompanhar essa situação à distância.

ceu exponencialmente até com as compras através da internet, que também cresceram muito. Os correios tiveram sempre um papel muito relevante e, de facto, houve nos últimos anos uma degradação significativa da qualidade do serviço. Essa degradação traduz-se em atrasos na entrega da correspondência, bem como atrasos no atendimento das pessoas nas estações e postos dos correios. Também se traduziu num encerramento significativo de estações de correio em todo o país, com a subcontratação de serviços, quer dos postos, quer na distribuição (…) tudo isto aumenta, e muito, as queixas dos cidadãos que querem que as cartas cheguem a tempo e horas, que as encomendas sejam entregues e que as reformas sejam recebidas...

… esta é uma das pastas quentes que tem consigo, uma vez que o contrato de concessão finaliza este ano?

Sim. A concessão termina este ano. O Estado português tem de preparar o futuro. A ANACOM está a trabalhar com o governo nesse sentido. Estão a decorrer, neste momento, várias consultas públicas sobre o futuro do serviço dos correios. Um dos nossos grandes objetivos é manter padrões de qualidade elevados. E quanto mais aumentam as queixas, como aumentaram ao longo dos últimos anos...

…. mas vão aumentar as exigências? Temos de ser exigentes com os cor-

reios porque é um serviço lucrativo. Portugal é um dos poucos países, na União Europeia, em que os correios estão totalmente privatizados [só três países têm os correios privatizados] porque na generalidade os correios são uma empresa pública ou com participação pública. O facto de ser uma empresa 100% privada obriga a ANACOM a, em nome do Estado, a ser muito exigente naquilo que é a Lei Postal e na qualidade do serviço. Uma empresa privada tem como objetivo maximizar os lucros, é compreensível que queira atender à vontade dos acionistas e ter maior rendibilidade, mas não o pode fazer à custa da degradação da qualidade do serviço por isso a ANACOM tem aí o papel daquilo que a Lei lhe permite: fixar objetivos e verificar o cumprimento desses objetivos na qualidade do serviço dos correios.

Se há queixas nos correios, a rede móvel e internet não se ficam atrás?

Há duas realidades. O sector das telecomunicações é o sector com maior número de reclamações...

… área comercial ou técnica?

Estamos a falar da qualidade do serviço, de as pessoas não terem internet ou não terem a possibilidade de estabelecer uma chamada de voz. E importa dizer, as pessoas queixam-se e com a razão. E a ANACOM tem esse papel de fiscalizar e verificar a qualidade do serviço. Temos feito estudos de

Setembro 2020 / JORNAL DE ABRANTES

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ENTREVISTA / qualidade do serviço em todo o país. Ainda há umas semanas divulgámos um estudo feito na Área Metropolitana de Lisboa, mas também fizemos outros para o sul e para o norte do país e outros dois mais localizados, nos concelhos de Porto Mós e Ourém. Para esses estudos, em que deslocámos equipas técnicas para os locais [com equipamento próprio para fazer a medicação da qualidade do serviço de voz e da internet] concluímos que há muitas zonas do país em que a qualidade do serviço não existe ou é muito deficiente. O diagnóstico está feito e é o que motiva as queixas dos consumidores. Durante o período da pandemia estas queixas aumentaram. E aumentaram porque passou a haver mais pessoas em teletrabalho, jovens a fazer os estudos em casa, pessoas que se deslocaram dos meios urbanos para os meios mais rurais. Tudo isto deixou claro que as queixas das pessoas em relação às comunicações ou em relação à internet não é uma queixa das pessoas do mundo rural.

Nas zonas populacionais o retorno dos operadores é imediato, mas nas zonas de baixa densidade não há retorno dos investimentos por isso temos de criar incentivos e obrigações para que haja essa cobertura. Basta falar com as pessoas daqui de Abrantes, Mação, Vila de Rei e por aí para perceber as queixas de que as comunicações móveis não funcionam e a internet é muito frágil. Temos de corrigir isso.

E a rádio digital vai avançar?

Por exemplo, se eu tiver uma cobertura de 24 megabits: o cabo só permite 16 por isso, a circulação máxima não pode ir além dos 12. E eu tenho, na realidade, uma velocidade de 6 a 8 megabits...

São características muito insuficientes, precisamos de ter o país com uma boa cobertura de comunicações móveis e de internet. Toda a atividade económica hoje se desenvolve com base digital. Seja uma empresa turística, seja uma empresa que quer vender os seus produtos, seja um cidadão que quer fazer uma encomenda na internet, seja um jovem que está a estudar, seja alguém que quer enviar um vídeo (…) tudo isso exige que haja, por um lado, uma boa cobertura da fibra ótica e, por outro, uma rede móvel de grande débito. E aí está o papel da ANACOM. Estamos a preparar o leilão do 5G [a nova tecnologia que vem substituir, ou complementar o 4G e o 3G porque em muitas zonas ainda temos o 2G, ou seja, só podemos telefonar, mais nada] para breve. Já deveria ter acontecido, mas houve um atraso por causa da pandemia. E o que é que pretendemos fazer neste leilão? É aproveitar o licenciamento destas novas frequências para aumentar as obrigações que os operadores têm de fazer do ponto de vista das zonas do país que hoje não têm uma boa cobertura de acesso à internet. E a fasquia que fixámos foi 100 megabits por segundo, um débito mínimo que consideramos razoável. Queremos que o país esteja, nomeadamente nas áreas de baixa densidade populacional [caso dos concelhos desta região] em 2023 com uma cobertura de 75% da população dessas zonas e em 2025 com 90% com esta velocidade de 100 megabits. Estamos a falar de uma transformação importante que achamos que os operadores podem, do ponto de vista do investimento, fazê-lo porque não vão despender de verbas de muitos milhões de euros no leilão das frequências como aconteceu noutros países.

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É uma possibilidade. Nalguns países já aconteceu, mas implica grandes mudanças e não apenas no investimento. Isso implicaria mudar os transístores [rádios] com que as pessoas sintonizam as estações. O que é importante é que todas essas mudanças não prejudiquem o papel das rádios locais. Estas, tal como a imprensa regional, tem um papel muito importante no país. Tiveram e ainda têm. É claro que hoje temos muita informação nas redes sociais e na internet, mas determinado tipo de informação é muito mais eficaz quando divulgada pelas rádios locais ou imprensa regional. São duas áreas em que a ANACOM se interessa muito. No caso das rádios locais, garantindo as condições técnicas e uma boa qualidade de serviço. Já nos jornais regionais foi uma preocupação que nos bateu à porta com os atrasos nos correios. Recebemos, nos últimos tempos, muitas queixas de atrasos na distribuição dos jornais regionais e que temos de mudar.

É aproveitar o licenciamento destas novas frequências para aumentar as obrigações que os operadores têm de fazer (...) E a fasquia que fixámos foi 100 megabits por segundo.

JORNAL DE ABRANTES / Setembro 2020

Como é que um economista, um especialista ligado às estatísticas e a questões mo-

netárias “entra” na regulação de comunicações?

Foi única e exclusivamente sentido de serviço público. Quando recebi este convite para presidir ao conselho de Administração da ANACOM, há três anos, em agosto de 2017 foi uma surpresa. A minha carreira como economista tinha sido feita no Banco de Portugal [também uma entidade reguladora do sector financeiro] sempre muito ligado à balança de pagamentos do país. Isso permitia-me ter um bom conhecimento do país, deste sector que é nevrálgico, a economia digital hoje dá suporte a qualquer atividade. Em nome do Estado, mas como regulador independente, exercer uma função para bem dos cidadãos.

Nesse domínio estava por dentro, mas depois há uma dimensão técnica?

Esse foi um mundo novo, um desafio, mas devo dizer que a Lei prevê que quem vai regular não deve pertencer ao sector. Mas é muito na perspetiva da defesa dos interesses do consumidor, por um lado, e nas questões técnicas, por outro. Obviamente que essa dimensão obrigou a um estudo, mas que foi feito com muito gosto.

Quando vem para as suas origens, concelho de Mação pelo pai e o de Abrantes pela mãe, tende a agitar as memória da meninice, da juventude?

Embora tenha nascido em Lisboa quando alguém me pergunta qual é a minha terra eu continuo a dizer Abrantes e Mação. Essas são as minhas raízes e a minha esposa [Hermínia Vasconcelos Vilar] há trinta e tal anos escreveu a tese de mestrado sobre esta cidade, chama-se “Abrantes medieval”. Mas Mouriscas e Penhascoso fazem parte da minha vida. Aliás, estou aqui em período de férias.

Em 2017, estava a começar o cargo e aconteceram os incêndios e com muitas queixas das comunicações.

Como é que viveu, à distância, esses tempos?

Devo dizer que a primeira reunião que tive do conselho de Administração da ANACOM esteva a acontecer um grande incêndio no concelho de Mação. Não estive no Penhascoso, mas já tinha acontecido isso noutras ocasiões. Em 2017 foi inédito. A minha mulher e os meus filhos, sabendo o que estava a acontecer, meteram-se no carro e vieram para o pé dos meus pais. Devo dizer que, já na altura, com problemas nas comunicações. Foram meio milhão de pessoas que ficaram sem comunicações porque a rede fixa ardeu, tal como muitas das antenas. Muito tempo depois dos incêndios não foram repostas as comunicações com qualidade. Os incêndios tiveram um impacto muito negativo e eu também estive a acompanhar essa situação à distância. E vi através da televisão as imagens desses incêndios que foram terríveis.

Que boas recordações tem destas terras?

São as memórias que ainda hoje usufruo, como a tranquilidade, a floresta [com altos e baixos, mas com esta capacidade de se regenerar] que já vemos a crescer. Mas o mundo rural tem essa grande vantagem da tranquilidade. Portanto, quem pretenda ter férias tranquilas, sem stress, sem correrias de facto tem um ótimo ambiente para recarregar as baterias. Estes nossos concelhos que beneficiam do rio Tejo, da vegetação, temos a albufeira do Castelo de Bode...

… e muitas praias fluviais?

Sim. Devo dizer que da minha juventude das minhas memórias de juventude mais marcantes, o ir às praias fluviais, ainda não havia a praia da foz da ribeira de Boas Eiras, mas a ribeira tinha muitas zonas onde se podia tomar um banho refrescante no mês de agosto. Era das melhores coisas que tínhamos. Ainda hoje há muitos percursos que ainda não estão descobertos e publicitados nestes nossos concelhos.

Em jeito de brincadeira e para finalizar. Quando anda no interior se a rede de telemóvel ou dados falhar anota o local para perceber o porquê?

Cria um grande incentivo para levar esta função com uma grande motivação acrescida. Nada melhor do que presenciar as dificuldades do que é ficar sem rede de telemóvel a meio de uma chamada, ou precisar de pedir socorro [como foi nos incêndios], aí valorizados, de forma evidente, a relevância. Eu verifiquei como foi importante na aldeia do meu pai [Penhascoso] ter passado a haver fibra ótica. Costumo dizer que um jovem do nosso país que vive numa zona sem internet está numa situação de desigualdade em relação aqueles que têm uma boa internet. E dentro das nossas competências, vamos fazer tudo para que esta situação seja corrigida. A entrevista completa com podcast em vídeo pode ser vista em www.jornaldeabrantes.pt


Freguesias com competências reforçadas em 2021

//CMA

REGIÃO / Abrantes

// A Câmara de Abrantes já tinha muitas competências transferidas para as Juntas de Freguesia e agora, de acordo com a nova legislação, reforçou essa transferência, acompanhada por um pacote financeiro de 700 mil euros. O presidente da Câmara Municipal de Abrantes e os presidentes das 13 Juntas de Freguesia do concelho, assinaram no dia 14 de agosto os autos de transferência de recursos para as juntas, no âmbito da legislação nacional (Decreto-Lei n.º 57/2019) que transfere competências dos municípios para os órgãos das freguesias. O presidente da Câmara considerou ser “um dia histórico” para o concelho de Abrantes e para sua população que “sairá a ganhar com o resultado e o êxito deste acordo de transferência de competências, mas também por ser um momento decisivo na própria autonomia de cada uma das Juntas de Freguesia”.

Segundo o presidente da Câmara Municipal de Abrantes, estes acordos agora firmados, acompanhados por um pacote financeiro global de 700 mil euros, “vêm reforçar as competências que a Câmara Municipal já tinha transferido para as suas freguesias”. Manuel Jorge Valamatos elencou depois as áreas concretas que passam para o domínio das freguesias e que até aqui eram competências diretas do município. O autarca de Abrantes vincou o pacote financeiro que acompanha estas competências que saem reforçadas porque há uma maior proximidade entre as freguesias e as questões concretas que vão valorizar.

//Depois de muita negociação as 13 freguesias aceitaram receber as novas competências

O envelope financeiro que acompanha a transferência é de 700 mil euros

Recordando que o Município de Abrantes representa “um bom exemplo nesta prática da descentralização de competências”, o autarca sublinhou que a Câmara de Abrantes é pioneira em matéria de transferências de competências para as Juntas de Freguesia, “com resultados positivos na melhoria dos serviços prestados à população”. O protocolo tem início em janeiro de 2021 e as competências, de uma forma geral, são idênticas para todas as freguesias. Há pequenas variações entre cada uma delas. “As transferências financeiras têm a ver com o território e população de cada uma das freguesias.

Houve um trabalho de negociação com cada uma das freguesias e fechamos o acordo com as 13 freguesias do nosso concelho”, afirmou Manuel Jorge Valamatos ao mesmo tempo que revelou: “algumas destas reuniões, no concelho de Abrantes, duraram dias”. Mas manifestou o contentamento pelo facto de todas elas terem acabado por correr bem. Os contratos representam cerca de 700.000 euros de investimento para atuação, diferenciada em cada freguesia de acordo com o levantamento das necessidades, em áreas como limpeza das vias e espaços públicos, manutenção, reparação e substituição do mobiliário urbano instalado no espaço público, gestão e manutenção de espaços verdes, realização de reparações nos estabelecimentos de educação pré-escolar e do primeiro ciclo do ensino básico e manutenção dos espaços envolventes dos estabelecimentos de educação pré-escolar. Segundo o autarca o pacote de transferência de competências ainda não está fechado. O pacote definido pelo governo abrange mais áreas, mas para já estas são as áreas onde houve acordo. Assim há mais autonomia, mas “também uma transferência financeira mais adequada aquilo que são as necessidades de cada uma”. Jerónimo Belo Jorge PUBLICIDADE

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22/06/2020 Setembro 2020 / JORNAL DE ABRANTES

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REGIÃO / Abrantes

Colocação de lombas em Arreciadas para reduzir velocidade excessiva // A Câmara Municipal de Abrantes colocou duas lombas na Rua Principal em Arreciadas para tentar reduzir a velocidade com que alguns condutores passam naquela via. Com pavimento novo, os excessos aumentaram e houve a necessidade de se implementar uma solução. //Taras Dudnyk

A colocação de duas lombas na Rua Principal de Arreciadas voltou a ser questionada em reunião de Câmara de Abrantes pelo vereador do Bloco de Esquerda, Armindo Silveira O vereador já havia defendido em reuniões anteriores uma solução para diminuir os casos de velocidade excessiva que se verificam naquela estrada que liga Arreciadas a S. Facundo. Armindo Silveira lembrou que o presidente “disse sempre que não se podiam instalar lombas porque os Bombeiros não eram favoráveis devido aos politraumatizados e eu não questiono essa posição”. No entanto, “agora foram instaladas lombas”. “Ora”, questionou o vereador bloquista, “se o obstáculo era a colocação de lombas – e eu nunca afirmei que se tinha que instalar lombas – houve uma mudança de opinião por parte dos Bombeiros ou o senhor presidente reconsiderou e pensou que as lombas seriam uma forma de resolver parte do problema?” “Por outro lado”, afirmou Armindo Silveira, “a colocação das lombas no meio da aldeia não resolve o problema da velocidade excessiva na entrada de Arreciadas”.

/// “A colocação das lombas no meio da aldeia não resolve o problema da velocidade excessiva na entrada de Arreciadas” - Armindo Silveira O presidente Manuel Jorge Valamatos começou por afirmar que “nunca disse, nem nunca vou dizer, que sou contra as lombas. Mas, por princípio, se toda a gente tivesse um comportamento a conduzir de acordo com aquilo que são as regras, não seriam necessárias lom-

bas em lado nenhum”. No entanto, perante o incumprimento e excessos dos condutores, “há determinados sítios muito perigosos e custa-nos muito ficar com este sentimento de que poderíamos ter feito alguma coisa para minimizar este tipo de situações. Só que,

muitas vezes, somos confrontados com outras entidades e um exemplo são os constrangimentos para as ambulâncias que têm que seguir em marcha acelerada. O que era desejável era que não tivéssemos que pôr lombas e que todos cumprissem”.

Outra das soluções referidas foi a colocação de passadeiras mas, “também aí, não se pode começar a colocar passadeiras de forma completamente desequilibrada”, defendeu o presidente. O problema do excesso de velocidade na Rua Principal de Arreciadas agravou-se “por via de uma repavimentação total” devido a uma requalificação de toda a rede de abastecimento de água e foi durante a obra que “entendemos ser importante” a colocação de duas lombas, “não foram dez”, de “forma assertiva”. Manuel Jorge Valamatos afirmou que “este é o nosso pensamento para poder replicar quer em Vale das Mós, quer em S. Facundo, quer na Carreira do Mato, quer em Mouriscas... pois existe um conjunto de freguesias que nos sinalizam essa preocupação. É um trabalho que vamos continuar a fazer com bom senso”. Todavia, apesar de as lombas já terem sido implementadas em Arreciadas, o autarca referiu que “estas questões têm de ser tratadas com equilíbrio, uma vez que não é possível colocar lombas nem passadeiras em todos os locais”. Marta Bessa e Patrícia Seixas

Câmara e Diocese juntas na salvaguardar e valorização do património religioso e cultural // Através de protocolo, as duas entidades vão juntar-se para inventariar, estudar, conservar, reabilitar e divulgar o património religioso e cultural, culminando com a elaboração das Cartas Municipal e Diocesana do Património Religioso de Abrantes, em sintonia com os instrumentos municipais de gestão e planeamento do território.

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//CMA

Foi aprovado na terça-feira, 18 de agosto, o projeto de protocolo de colaboração entre o Município de Abrantes e a Diocese de Portalegre e Castelo Branco para colaboração técnica, científica e financeira vocacionada para a salvaguarda e valorização do património religioso - material e imaterial - da Diocese, inserido nas 17 paróquias localizadas no concelho de Abrantes. As duas entidades vão juntar-se para inventariar, estudar, conservar, reabilitar e divulgar o património religioso e cultural, culminando com a elaboração das Cartas Municipal e Diocesana do Património Religioso de Abrantes, em sintonia com os instrumentos municipais de gestão e planeamento do território. A parceria visa também criar condições com vista à candidatura

//Igreja Paroquial de Nossa Senhora da Oliveira, em Tramagal do projeto “Rotas do Sagrado” ao Turismo de Portugal. O presidente da Câmara Munici-

JORNAL DE ABRANTES / Setembro 2020

pal de Abrantes mencionou a pertinência desta parceria com a Diocese “já que está em linha com o trabalho

que a Câmara tem vindo a desenvolver na valorização constante do património religioso, em articulação com outras entidades”, nomeadamente com o Governo da República, Direção-Geral do Património Cultural e Santa Casa da Misericórdia de Abrantes, no apoio municipal às intervenções nas Igrejas de São Vicente, de Santa Maria do Castelo, da Misericórdia e de São João (em estudo), “entre outras intervenções de conservação e salvaguarda de um património que é de todos”. Para Manuel Jorge Valamatos, o património religioso “tem um papel importante no espetro cultural”, explicando que esta parceria é importante porque a intenção é também “colocar este património à disposição da nossa comunidade e das pessoas que nos visitam”,

recordando que o Município de Abrantes tem vindo a posicionar o seu património cultural “como ativo distintivo do território e da sua matriz identitária, contribuindo para o desenvolvimento turístico”. Esta parceria reflete também a importância das 17 paróquias de Abrantes, através das dinâmicas conjuntas com as freguesias do concelho e com o tecido associativo local, onde as Fábricas das Igrejas também se inserem. O protocolo prevê um apoio financeiro da Câmara Municipal de Abrantes à Diocese de Portalegre e Castelo Branco de 24 mil euros, por dois anos, e define a forma como os recursos humanos e meios técnicos e tecnológicos das duas entidades se vão articular para suporte às diversas ações.


REGIÃO / Abrantes

Praia Fluvial do Aquapolis norte é para reabilitar

// Reabilitar a praia fluvial no Aquapolis norte é um dos objetivos do Executivo da Câmara Municipal de Abrantes. Objetivo esse que depende da qualidade da água do rio Tejo. “matéria central” para este Executivo. Com as preocupações acerca da qualidade da água a serem um dos temas da reunião, o presidente da Câmara de Abrantes assumiu que a Praia Fluvial no Aquapolis norte é um objetivo, sendo “nossa expetativa relançar a ideia de voltarmos a ter a nossa praia, para as nossas pessoas” sendo que “há bastante trabalho a fazer” mas que “importa restabelecer”. “Houve aqui uns anos em que foi impossível, pela qualidade da água e resultado das análises, convidar alguém para fazer praia no Aquapolis norte e lembro que foram igualmente canceladas inúmeras atividades desportivas, desde a canoagem ao triatlo, a provas de natação em águas abertas porque, de facto, a água apresentava valores muito pouco saudáveis”, disse o autarca, reafirmando que o Município continua “a acompanhar o processo de reabilitação deste grande ecossistema”. Assumido o objetivo de voltar a ter praia no Aquapolis norte, objetivo esse que está dependente da qualidade da água do rio, Manuel

Jorge Valamatos adianta que, se esse fator estiver restabelecido, há que fazer investimentos “na melhoria da areia, na colocação de alguns equipamentos de resposta à usufruição de uma praia deste tipo”. No entanto, lembrou o presidente, “a qualidade da água” é fator essencial pois “estar a colocar equipamentos e estruturas à disposição das pessoas e a água apresentar valores não condizentes com o nosso investimento, isso não pode acontecer”. Manuel Jorge Valamatos lembrou que a qualidade

O presidente da Câmara de Abrantes assumiu que a Praia Fluvial no Aquapolis norte é um objetivo.

da água melhorou muito mas “continua a haver trabalho por fazer” na garantia da segurança das pessoas. “Queremos apostar nos equipamentos e na valorização do espaço, disponibilizá-los às pessoas mas com a garantia de que vamos ter a água em boas condições”, concluiu o presidente da Câmara Municipal de Abrantes.

1,5M de prejuízos na ribeira da Pucariça

Na reunião com a secretária de Estado do Ambiente foram ainda abordados outros temas sendo que um dos mais urgentes prende-se com a recuperação da linha de água na ribeira da Pucariça, seriamente afetada com a passagem da depressão Elsa, em dezembro de 2019, e cujos prejuízos ascendem a 1,5 milhões de euros. Manuel Jorge Valamatos lembrou que “a depressão criou muitos estragos” e que a Câmara tem “um levantamento exaustivo e temos cerca de 1,5 milhões de euros que é necessário para a reabilitação de toda essa zona”. O presidente referiu que há “espaços que dizem respeito ao Município, como pon-

tes e diques, mas há uma parte substancial de responsabilidade do próprio Estado” e esses temas foram abordados na reunião com a secretária de Estado onde também esteve presente uma representante da Agência Portuguesa do Ambiente e de onde saíram com “boas expetativas do futuro”. “O Município irá continuar a fazer o nosso trabalho, procurando que os municípios nossos vizinhos nos acompanhem nessa matérias e esperamos, obviamente, da parte do Governo e do Estado que sejam tomadas um conjunto de medidas que favoreçam toda esta possibilidade de voltarmos a ter praia mas a reabilitar a ribeira da Pucariça”, afirmou o autarca. Perante a expetativa de perceber qual o modelo para a intervenção na linha de água da Pucariça “e em mais dois ou três sítios que a depressão Elsa deixou fragilizados”, Manuel Jorge Valamatos disse que “agora percebemos que em conjunto com o Ministério do Ambiente procuraremos programas de apoio financeiro, capazes de dar resposta a estas ações”. Patrícia Seixas

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O presidente da Câmara Municipal de Abrantes deu conta na reunião do Executivo desta terça-feira, 18 de agosto, de que na passada semana reuniu com a secretária de Estado do Ambiente, Inês dos Santos Costa. “Tivemos uma reunião que estava agendada há já algum tempo, foi uma reunião longa, mais de duas horas e onde conversámos sobre diferentes matérias mas onde o tema central foi o Tejo”, anunciou Manuel Jorge Valamatos. O autarca afirmou que “temos vindo a perceber que pontualmente existem algumas situações que nos deixam preocupados, sendo visível que, nos últimos anos, a qualidade da água melhorou de forma muito significativa” no rio Tejo onde o presidente da Autarquia considera ter havido “um trabalho fortíssimo por parte do Ministério do Ambiente, mas com muito trabalho ainda a ser feito, como a presença dos guarda-rios”. Manuel Jorge Valamatos afirmou que o rio Tejo “desempenha um papel de grande importância para a cidade, para o concelho e para a região” e que esta é uma

Setembro 2020 / JORNAL DE ABRANTES

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REGIÃO / Vila de Rei

Praia fluvial do Bostelim já recebe veraneantes // A Praia Fluvial do Bostelim, em Vila de Rei, reabriu ao público no dia, 24 de agosto, após a finalização das obras de recuperação e requalificação da Praia, que sofreu elevados danos no final de 2019, causados pela Tempestade Elsa. “Era importante para Vila de Rei e para a forte procura turística das nossas praias fluviais que a zona de lazer do Bostelim abrisse ao público ainda este ano” e assim aconteceu, “depois de um investimento significativo por parte do município em duas das praias mais importantes do concelho, a do Penedo Furado e a do Bostelim, na ordem dos 400 mil euros, na sequência dos estragos provocados o ano passado pela tempestade Elsa”, disse o presidente da Câmara Municipal de Vila de Rei. A praia fluvial do Bostelim, a única Bandeira Azul do distrito de Castelo Branco, reabriu ao público na segunda-feira, depois de obras de requalificação para reparar os estragos provocados em dezembro pela tempestade Elsa. Segundo Ricardo Aires, “os estragos foram muito avultados e as obras complexas”, tendo sido recuperadas as praias e a sua envolvência, os passadiços e percursos pedestres e os muros de suporte, regularizadas as vias de acesso e de terrenos contíguos e reconstruidos os parques infantis, as casas de banho públicas, as esplanadas, o bar de apoio e todo

A depressão Elsa

//Praia Fluvial do Bostelim já está em pleno funcionamento o seu equipamento ao nível de cozinha, bar e outros. No total, e “sem poder estar à espera do apoio do governo, que ainda não chegou”, a autarquia investiu cerca de 230 mil euros na praia fluvial do Penedo Furado, que reabriu no dia 3 de julho, e 170 mil euros na praia fluvial do Bostelim,

que reabriu no dia 24, e estará em funcionamento até ao final da época balnear, no dia 15 de setembro. Juntamente com a Praia Fluvial, também o Parque de Campismo Rural abriu portas, mas, face à situação de pandemia causada pela Covid-19, durante este Verão vai funcionar apenas como apoio a

Concelho cresce com forte construção de habitações Encontram-se atualmente em execução no concelho de Vila de Rei, 34 novos edifícios destinados a habitação, incluindo licenciamentos já aprovados e que irão proceder ao respetivo levantamento do alvará de obras muito em breve. Entre os processos licenciados, destaque para dois edifícios de habitação coletiva: um no centro histórico de Vila de Rei, no antigo edifício dos CTT, que irá criar nove apartamentos nas tipologias T1 e T2, e outro na aldeia de Aivado, que contará com seis apartamentos de tipologia T2. Ricardo Aires, presidente do Município de Vila de Rei, destaca que “o aumento do número de construções privadas é um sinal bastante positivo para o concelho,

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municipal para responder a estes estragos provocados pela tempestade e deixar de fazer outras obras, que passaram assim para segundo plano, sem descurar o apoio às pessoas, que esses mantiveram-se e até foram reforçados”, notou. O autarca disse, no entanto, ainda “acreditar que o governo cumpra aquilo que disse e que vai ajudar, porque na região do Médio Tejo não é só Vila de Rei afetado, foram muitos concelhos e alguns com prejuízos muito superiores”. A Praia Fluvial do Bostelim é um dos principais espaços balneares do concelho de Vila de Rei, tendo sido distinguida com a Bandeira Azul e Bandeira Praia Acessível nos últimos cinco anos, juntando-lhe, em 2020, a distinção de Praia Qualidade de Ouro, atribuída pela Quercus.

sendo um indicador que Vila de Rei está a ter uma forte procura, resultante do trabalho desenvolvido pelo Município e pelos parceiros socioeconómicos locais com o objetivo de fixar população”. O autarca adianta ainda que “esta procura vem também no seguimento do trabalho realizado na internacionalização de Vila de Rei, quer das suas potencialidades turísticas, quer das vantagens para os investidores e para as empresas que se estabeleçam em Vila de Rei. Neste contexto específico, dentro de alguns meses, teremos boas notícias a apresentar relacionadas com novas entidades empresariais que, ao aumentar a empregabilidade no concelho, contribuem para gerar riqueza e melhorar a qualidade de vida dos vilarregenses”.

JORNAL DE ABRANTES / Setembro 2020

caravanas e autocaravanas, sendo o campismo proibido neste espaço. “Estas ofertas turísticas são muito importantes para o concelho e nós não podíamos estar à espera de eventuais apoios governamentais”, notou Ricardo Aires. “Tivemos de optar e decidimos fazer uma revisão do orçamento

O mau tempo em dezembro do ano passado causou prejuízos de 6,7 milhões de euros em dez concelhos do Médio Tejo, anunciou em janeiro a Comunidade Intermunicipal (CIMT), que espera do Governo apoios específicos para os estragos em infraestruturas. O mau tempo provocado pela depressão Elsa, entre os dias 18 e 20 de dezembro, a que se juntou no dia 21 a depressão Fabien, provocou três mortos e deixou 144 pessoas desalojadas e outras 352 deslocadas por precaução. Na altura, registaram-se mais de 11.600 ocorrências, na maioria inundações e quedas de árvores, em especial na região Centro. C/Lusa

Esclarecimento sobre Programa CO3SO reuniu 30 empresários A Biblioteca Municipal José Cardoso Pires, em Vila de Rei, recebeu uma sessão de esclarecimento do programa designado “+CO3SO – Emprego Interior e +CO3SO Emprego Empreendedorismo Social”, dirigido a pequenas e médias empresas e a entidades da economia social. A sessão, organizada pelo GAL Pinhal Maior, com o apoio dos Municípios de Mação, Oleiros, Proença-a-Nova, Sertã e Vila de Rei, re-

//Antigo edifício dos CTT

uniu cerca de 30 empresários e representantes de IPSS's locais que tiveram a oportunidade de questionar e tirar todas as suas dúvidas sobre o enquadramento de possíveis candidaturas ao programa. De recordar que as candidaturas ao Programa + CO3SO Emprego, nos domínios “interior” estão abertas até dia 16 de novembro de 2020 e “empreendedorismo social”, até dia 18 de novembro.


REGIÃO / Vila Nova da Barquinha

Incubadora esgotada e com mais duas novas empresas no parque de Atalaia // A incubadora de empresas deverá ser inaugurada até ao final de setembro para que entre em funcionamento a 1 de outubro. Ainda não foi inaugurado e está praticamente esgotado. O CAIS – Espaço Empresarial ou ninho de empresas de Vila Nova da Barquinha tem nove empresas com candidaturas aprovadas para ali se poderem instalar. Na reunião de Câmara da Barquinha de quarta-feira, 12 de agosto, foram aprovadas cinco candidaturas de empresas que se querem instalar nesta incubadora que devera ser inaugurada em setembro. Fernando Freire, presidente da Câmara de Vila Nova da Barquinha informou o executivo que o edifício está concluído, naquilo que são

as obras, e o mobiliário também já chegou ao espaço. Desta forma, fica apenas a faltar a instalação das empresas. E o autarca de Barquinha deixou a proposta, aceite por unanimidade, para preparar a inauguração no final de setembro para permitir a entrada das empresas a 1 de outubro. E ainda segundo o presidente da Câmara só já tem disponível um dos espaços de coworking, mas não há previsão de fazer crescer o centro de negócios. Confirmadas no CAIS – Espaço Empresarial estão as seguintes empresas: Procurement Concept

//Cais - Centro Empresarial da Barquinha Consulting (Consultoria); Charlotte Weiss (Joalharia de autor); Superlúdico (Ilustração e design); Cannabis Medical (Produção e comercialização); Ana Cristina Calado (Contabilidade); Manuela Dias (Consultoria de investimento); ROOT4IT (Tec-

A inauguração será no final de setembro para abrir 1 de outubro

nologias de informação); Acktivist – Meaningful Clothes (Comércio Online de peças de vestuário); e NoOperation (tecnologias de informação). Ainda sobre a instalação de empresas, questionado sobre o impacto da COVID-19 nesta intenção o autarca diz que a empresa de produção de cannabis que está em processo de instalação no parque empresarial da Atalaia não foi prejudicada pelas COVID-19 e a unidade deverá estar pronta ainda este ano. O projeto está em análise técnica na autarquia e segundo os responsáveis do grupo empresarial o seu

início no terreno poderá acontecer já em 2020. A mesma reunião do executivo aprovou ainda a venda de dois lotes do parque empresarial de Atalaia para duas empresas da área metalomecânica e metalomecânica robótica. Uma destas empresas está ligada à maquinaria industrial e tem um investimento previsto de 1 milhão 250 mil euros e a criação de 12 postos de trabalho em que 60% da sua produção, destina-se a exportação. O outro lote é para uma outra empresa da mesma área ligada à fabricação de estruturas de construções metálicas. É um investimento previsto de 1 milhão e 800 mil euros e prevê a criação de 10 postos de trabalho. A perspetiva é que esta empresa tenha 50% da sua produção destinada a exportação. Depois das aprovações o elenco executivo da Barquinha diz ter muitas expetativas quando foram publicados os dados sobre economia e criação de emprego relativo a 2020. A obra do CAIS resultou da reabilitação de dois edifícios já existentes e que se encontravam em avançado estado de degradação, em pleno centro histórico da vila, no Largo José da Cruz, junto aos Serviços Municipais, da Loja do Cidadão, da conservatórias de Registo Civil e Predial, e Arquivo Municipal. Jerónimo Belo Jorge PUBLICIDADE

Setembro 2020 / JORNAL DE ABRANTES

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REGIÃO / Constância

Banco Santander Totta encerra balcão em Santa Margarida

Torre de observação vai ser demolida

// A agência do Banco Santander Totta, sediada no Campo Militar de Santa Margarida, no concelho de Constância, vai encerrar as portas. Uma decisão controversa visto que a única agência bancária agora existente em todo o concelho fica situada na vila, deixando a zona sul sem este serviço.

//Torre de observação em madeira vai ser substituída por uma estrutura metálica

A Autarquia espera, no entanto, que o compromisso de manter o multibanco (ATM) seja cumprido pela instituição bancária, afirmando ainda que irão “tomar as medidas que estiverem ao alcance da Câmara para garantir que a freguesia se desenvolva e fixe pessoas ao ritmo das outras duas freguesias do concelho”. Em comunicado, o Município de Constância fez saber que “lamenta profundamente esta decisão, e só não cancela de imediato a conta que tem na referida Instituição devido aos três créditos que mantém na referida Instituição, referentes às obras do Centro Escolar de Constância e Ponte da Praia do Ribatejo, cujos empréstimos terminam em 2021, e do Borboletário Tropical no Parque Ambiental de Santa Margarida, cujo empréstimo termina em 2027”.

A torre do Parque Ambiental de Santa Margarida, localizado no concelho de Constância, iria sofrer uma estratégia de reabilitação, cujo prazo para apresentação de propostas para a requalificação terminou no dia 14 de agosto. No entanto, nenhuma empresa apresentou proposta e o procedimento ficou deserto, “tal como já aconteceu no açude de Santa Margarida e na extensão de saúde de Montalvo”, afirmou Sérgio Oliveira, presidente da Câmara Municipal de Constância. A autarquia alegou não ser a primeira vez que ocorrem estas situações, dado que "existe uma grande falta de mão de obra, em todo o país, nas empresas de metalomecânica e construção civil", o que origina "falta de capacidade de resposta nestes casos". O autarca afirmou ainda ter pedido para se verificarem os preços de mercado para que seja possível encontrar apoio técnico de uma empresa, “já que esta é uma obra muito específica, uma vez que a torre não vai ser construída em madeira, mas sim com uma estrutura metálica mais duradoura, e o objetivo é perceber se o valor estimado de 45.000,00€ mais IVA está dentro dos preços de mercado”. "Toda esta situação é frustrante, porque os trabalhadores da Câmara passam dias a fio a preparar os processos e, no fim, não existe nada", referiu o autarca. Face a esta situação, a intenção da autarquia é “lançar um novo procedimento para substituir a torre, visto que, no início de setembro, a mesma irá ser demolida pelo processo de administração direta”.

Marta Bessa e Patrícia Seixas

Marta Bessa

//Porta de Armas do Campo Militar de Santa Margarida Foi Sérgio Oliveira, presidente da Câmara Municipal de Constância, quem confirmou o encerramento da agência ao Jornal de Abrantes e informou que a Câmara Municipal “não teve conhecimento através do Santander. Soubemos, por uma questão de cortesia, pelo Coronel Abreu, que era comandante por suplência da Brigada Mecanizada, que tinham tido uma reunião prévia com o Santander Totta, em que foi transmitido ao Campo Militar da intenção de encerrar a agência bancária. E quando o Brigadeiro-General Boga Ribeiro tomou posse como comandante da Brigada Mecanizada, abordámos este assunto e eu disse que a posição da Câmara não poderia ser a de concordar com esta decisão”. Ao tomar conhecimento da intenção de encerramento da agência do Banco Santander Totta em Santa Margarida, a Câmara de Constân-

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cia enviou uma missiva ao banco “com vista à sua sensibilização e reversão da intenção de encerrar o referido balcão”. O presidente afirmou que “mesmo sabendo que o problema nada tem a ver com as atuais instalações”, mostrou “abertura e disponibilidade para arranjar um espaço para o funcionamento da agência na parte civil de Santa Margarida da Coutada”. Segundo Sérgio Oliveira, “o banco não foi sensível a este esforço e disponibilidade, mantendo a decisão de encerrar a instituição no início do mês de setembro”. Como justificação, a instituição bancária disse ao presidente da Câmara que “dos 400 clientes que temos no banco, temos apenas 50 de Santa Margarida”, deixando a possibilidade de poder prestar um serviço à distância. No ofício enviado à instituição bancária, “descrevi todas as medidas que a Câmara tomou até à

JORNAL DE ABRANTES / Setembro 2020

data de hoje para inverter o declínio populacional que acontece em Santa Margarida. E não foram poucas. E disse que achava que esta medida e este encerramento da agência do Santander Totta era uma machadada no esforço que a Câmara tem feito”, disse Sérgio Oliveira que garantiu que “vamos continuar a insistir naquilo que é fundamental para Santa Margarida, para o concelho e para a região, que é uma nova travessia sobre o Tejo”.

A Autarquia espera que o compromisso de manter o multibanco seja cumprido


REGIÃO / Constância

Santa Casa da Misericórdia com luz verde para novo Lar de idosos // Com a inviabilização do projeto de ampliação do Lar de S. João, a Santa Casa da Misericórdia de Constância avança agora para dois projetos de raiz. A possibilidade surge após a aprovação em Assembleia Municipal extraordinária da desafetação de um terreno municipal. //Taras Dudnyk

//Lar de S. João, da Santa Casa da Misericórdia de Constância

No dia 14 de agosto, a Assembleia Municipal de Constância realizou uma sessão extraordinária com vista à análise, discussão e aprovação da “desafetação do domínio público para o domínio privado municipal de uma parcela de terreno com a área de 13.426,00 m2, sita em Capareira, na freguesia e concelho de Constância, para cedência à Santa Casa da Misericórdia de Constância, com vista à construção de um Lar de Idosos”. A Santa Casa da Misericórdia de Constância, entidade detentora do lar de São João, situado no centro histórico da vila, pretendia levar a cabo obras de ampliação, no sentido de tornar economicamente mais viável esta infraestrutura de resposta social. Para que isso fosse possível, foi levada a reunião de Câmara Municipal em fevereiro de 2020, uma proposta de suspensão parcial do Plano de Pormenor, bem como uma relativa à suspensão do Plano Diretor Municipal (PDM), as quais foram aprovadas por unanimidade, tendo uma aprovação posterior por parte da Assembleia Municipal. O Lar de S. João fica situado no centro histórico da vila de Constância e “aquela zona está sujeita a dois condicionalismos: por um lado, o Plano de Pormenor

e salvaguarda do centro histórico e, por outro lado, está numa zona de leito de cheia”, explicou Sérgio Oliveira, presidente da Câmara de Constância. No entanto, e após envio da proposta de projeto para a CCDR LVT - Comissão de Coordenação e Desenvolvimento Regional de Lisboa e Vale do Tejo, esta entidade lembrou que a Câmara Municipal tem poder para “suspender o PDM e o Plano de Pormenor, mas não tem competência para suspender o Plano Regional de Ordenamento do Território nem o Plano de Risco de Cheias e Zonas Inundáveis”.

A solução

Perante esta situação, e com a urgência de ter um projeto que possa vir a entrar nas candidaturas a fundos comunitários, “pois poderá vir a ser a última oportunidade que temos de fundos comunitários para construir equipamentos sociais”, a Santa Casa da Misericórdia de Constância “deixou cair” o projeto de ampliação do existente Lar de S. João e passou para um projeto de construção de raiz de um novo edifício que terá capacidade para 75 camas. Sérgio Oliveira explicou ainda que, em discussão na Assembleia Municipal, o “que esteve em causa

“Há que dar o passo em frente, há que poder gerir da melhor forma e há que chegar mais perto das populações” Provedor

não foi a cedência do terreno à Santa Casa da Misericórdia. Foi a desafetação de um terreno do domínio público para o domínio privado. E esta foi a solução encontrada para viabilizar um lar com capacidade para 75 camas, que é importante para o concelho porque tem uma população extremamente envelhecida e que tem falta de respostas sociais”. Atualmente, o Lar de S. João tem apenas 16 camas e, como o projeto de ampliação, passaria para uma capacidade de 40 camas. Com o novo projeto, de 75 camas, o Lar tornar-se-á economicamente mais viável e tornará efetivamente a resposta social rentável.

Uma das questões levantadas na Assembleia Municipal pela presidente da Junta de Freguesia de Montalvo, Ana Luísa Manique, foi a de saber “se a Santa Casa da Misericórdia tem capacidade financeira para avançar com dois projetos ao mesmo tempo”. É que, para Montalvo, está prevista a construção de um outro equipamento de apoio logístico aos lares de Constância e de Santa Margarida da Coutada e que verá nascer nos terrenos doados pela Associação Humanitária o Serviço de Apoio Domiciliário, a cozinha, a lavandaria, o economato, a loja social, a cantina social e uma sala polivalente que permitirá o convívio da terceira idade. O presidente da Câmara informou que os dois projetos se complementam e explicou que o que a extinta Associação Humanitária de Montalvo tinha projetado era uma construção de 300 ou 400 m2 e que este novo projeto da Santa Casa tem prevista uma construção de 1000 m2. “A única diferença é que é algo muito maior do que estava projetado para lá e que vai dar dinâmica à freguesia, vai permitir dar apoio à população idosa também de Montalvo e todos aqueles idosos que precisem de ir para uma estrutura residencial com resposta de dia e de noite, têm uma resposta em Constância”. O provedor da Santa Casa da Misericórdia, António Paulo Teixeira, afirmou, no final da Assembleia Municipal, ter saído satisfeito da sessão por ter sentido “um alinhamento para a assistência e o desenvolvimento do concelho de Constância. E nada melhor do que ter a Autarquia do nosso lado”. Falou de “um caminho longo a percorrer mas iremos paulatinamente chegar ao nosso objetivo”, disse, convicto. Quanto ao facto de se passar de um projeto de ampliação para dois projetos que envolvem construções de raiz, António Paulo Teixeira revelou que “já tínhamos essa intenção de investir na freguesia de Montalvo. E esse projeto (…) vai suportar a atividade no concelho, vai tornar mais eficaz a assistência e vai ser uma alavanca para o nosso papel social”. Já no que diz respeito à construção do Lar em Constância, o provedor da instituição referiu que “podemos

ter outra visão das coisas, ter uma estratégia de desenvolvimento mais adequado mas não deixamos de pensar na requalificação e na ampliação de um edifício que ficou no centro histórico e que merecia outro tipo de tratamento”. Questionado se os novos projetos salvaguardam a saúde financeira da Santa Casa da Misericórdia de Constância, António Paulo Teixeira disse conhecer “bem o diagnóstico social do concelho e somos a única instituição de apoio à terceira idade no concelho. Também temos a infância e sabemos da realidade das coisas. Preconizamos e temos a perceção que, de facto, há que dar o passo em frente, há que poder gerir da melhor forma e há que chegar mais perto das populações”.

Os projetos

Com a aprovação por maioria da desafetação do terreno da Capareira, com cinco abstenções (4 do PS e 1 do MIC), há agora a possibilidade de a Santa Casa da Misericórdia de Constância poder implementar dois projetos: “a construção de raiz de um novo lar de idosos com capacidade para 75 camas que venha substituir o velho lar de São João. Este equipamento será construído na sede do concelho, em terreno agora cedido pelo Município e, na freguesia de Montalvo, nomeadamente nos terrenos doados pela Associação Humanitária à Santa Casa, será concentrado o Serviço de Apoio Domiciliário, a cozinha, a lavandaria, o economato, a loja social, a cantina social e uma sala polivalente que permitirá o convívio da terceira idade. Este projeto é semelhante ao que existia da Associação Humanitária, a única diferença é que em termos de metros quadrados será maior. Este projeto já esta na Segurança Social para emissão de parecer”, explicou o presidente da Câmara. Logo no dia seguinte, 15 de agosto, foi assinado o contrato de cedência do terreno municipal à Santa Casa para a construção do novo Lar, e da planta geral do projeto a implementar em Montalvo. Para Sérgio Oliveira, “o sucesso da Santa Casa nestes dois projetos é o sucesso do nosso concelho, dos nossos idosos e da nossa população”. Patrícia Seixas

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REGIÃO / Mação Falta de capacidade no ATL leva Câmara a considerar outras soluções // A Santa Casa da Misericórdia de Mação não tem capacidade para acolher todas as crianças que se inscreveram para a valência de ATL. Alargamento das instalações, resposta do Agrupamento de Escolas ou oportunidade para a iniciativa privada são algumas das soluções apontadas. //Taras Dudnyk

Na reunião do Executivo da Câmara de Mação de dia 21 de agosto, o vereador socialista, Nuno Barreta, questionou o presidente sobre a falta de capacidade da Santa Casa da Misericórdia de Mação para acolher todas as crianças que pretendiam a inscrição nas Atividades de Tempos Livres (ATL). “É um assunto já recorrente que, diretamente não nos diz respeito mas que acaba por dizer respeito quando existem competências na área da educação como este Município tem. Nomeadamente, é com muita tristeza que vejo que por mais um ano, a Santa Casa fica sem conseguir dar resposta a todos os candidatos à inscrição no ATL para o próximo ano letivo. É uma situação que se vem a repetir com alguma tristeza porque se queremos fixar casais, se queremos fixar jovens, porque temos uma população envelhecida, e que gostamos que os jovens tenham filhos para haver o perpetuar da espécie humana... depois o nosso concelho não tem instituições para dar as respostas adequadas e necessárias para que os casais possam trabalhar e deixar os seus filhos após os

//Santa Casa da Misericórdia de Mação sem capacidade para acolher todas as crianças que pretendiam a inscrição ATL. horários escolares”, denunciou Nuno Barreta. Questionado pelo presidente se tinha conhecimento de quantas crianças não tinham tido lugar, o vereador do PS afirmou que “pelo que percebi, são à volta de nove ou dez”. O presidente da Câmara, Vasco Estrela, confirmou que, no concelho, apenas a Santa Casa da Mise-

ricórdia de Mação tem a valência de ATL e afirmou que “há anos em que isto tem acontecido de uma forma mais notória, outros menos, tem havido aqui alguma oscilação a este nível”. O autarca assumiu prever “que para os próximos anos esta dificuldade ainda seja mais gritante e porque temos algumas boas esperanças de que algumas coisas

possam correr bem, talvez possa haver a necessidade de reforçar a capacidade do ATL”. Vasco Estrela assegurou que iria “voltar a falar com o Provedor para tentar perceber se há alguma possibilidade de alargamento nas atuais instalações e saber qual o ponto de situação. O presidente lembrou que “evidentemente, tenho um conhecimento muito próximo da realidade porque fui Provedor até há muito pouco tempo mas não sei se, entretanto, não houve já alguma conversa”. O autarca pretende ainda “perceber se esta Direção tem ou não interesse em fazer algum tipo de obras que possam ajudar a resolver este problema que não me parece fácil”, admitiu. Não sendo uma competência da Câmara Municipal, Vasco Estrela assumiu que “o que a Câmara pensou, vai no sentido de poder ajudar a resolver esta situação, tentando criar com o Agrupamento de Escolas algum tipo de resposta que possa ajudar a mitigar este problema”. No entanto, lembrou o presidente, “isto tem algumas questões de legalidade por um lado, de concorrência por outro, e temos que

ver qual é a solução mais indicada”. Contudo, o autarca também afirmou que esta poderá ser uma oportunidade para a iniciativa privada “poder colmatar esta dificuldade”. “Quiçá, poderá surgir aqui uma oportunidade de negócio para que alguém possa fazer o acompanhamento destas crianças, que percebo que é uma situação complicada”. “O que não se pode”, afirmou Vasco Estrela, “é colocar sempre a questão nos termos do «querem que os pais tenham crianças e não dão condições». É quase empurrar responsabilidade destas situações para a Câmara. Evidentemente que temos responsabilidade, somos a entidade que mais poder poderá ter para ajudar a resolver o problema e não nos colocamos de fora dentro daquilo que são as nossas balizas de atuação”. Uma dificuldade que acaba por ser “uma boa notícia” pois significa um aumento da natalidade num concelho envelhecido, daí Vasco Estrela ter afirmado haver “esperança que algumas coisas possam correr bem”, referindo-se à vinda de algumas fábricas de cannabis que irão instalar-se no concelho e “é normal que venham algumas pessoas de fora”. Na calha, segundo o presidente da Câmara de Mação, há “mais um ou outro investimento que vai surgir, com mais postos de trabalho, e tudo isto são sinais de que as coisas podem mexer um pouco nesse sentido e haja mesmo uma necessidade de uma intervenção um bocadinho mais musculada para resolver este assunto”. Patrícia Seixas

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Câmara vai reforçar apoio às IPSS's Depois de algumas semanas conturbadas no concelho de Mação, com o surgimento e crescimento do número de infetados no concelho, a situação está mais calma e a Câmara de Mação prepara já novos apoios às IPSS’s de modo a preparar o inverno e para que não haja faltas de material de proteção nas instituições. O presidente da Câmara confirmou ao Jornal de Abrantes que "depois de uns momentos mais complicados, as coisas estão, aparentemente, mais tranquilas e estamos a caminhar para a normalidade, felizmente”. Contudo, Vasco Estrela, lembrou que “agora, é preciso tempo, porque já percebemos que todas as pessoas, ou quase todas, que têm recuperado tem sido com o tempo, por isso, temos de ser pacientes e cumprir aquilo que nos dizem que devemos fazer para evitar a propagação deste vírus, na certeza que vamos ter de viver com ele

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durante algum tempo”. É que, “tal como o senhor primeiro-ministro disse, o país não aguenta parar, portanto, o importante é perceber como é que vamos viver com esta pandemia”, referiu. O autarca anunciou também que a Autarquia vai reforçar o apoio às IPSS's do concelho pois “todos nós temos visto aquilo que é a perigosidade deste vírus quando entra em lares e, tendo em conta o número de idosos que Mação tem

nestas instituições, a Câmara tem de estar muito presente e atenta a esta realidade. É neste sentido que aquilo que queremos propor muito em breve, provavelmente na reunião de setembro, é um apoio às IPSS, para que as mesmas possam reforçar a sua capacidade em equipamentos de proteção individual e noutros tipos de equipamentos que sejam necessários, quer seja para proteger os idosos ou os trabalhadores”.


REGIÃO / Sardoal

Presidente e vereadores do PSD apresentam queixa-crime por difamação em rede social //Taras Dudnyk

rio Público a quem compete fazer as investigações e aferir se há ou não há crimes e, em caso positivo, deduzir as acusações. Em causa está, segundou conseguimos saber, acusações de um cidadão sobre questões de recursos humanos. O presidente da Câmara do Sardoal, que é um grande utilizador das redes sociais, revela que está num cargo sobre escrutínio público constante, mas ressalva

que esse facto não dá o direito das pessoas, só porque sim, ofenderem tudo e todos. Diz que não é dessa forma que se revê na utilização das redes sociais, mas reconhece a importância destas ferramentas nos tempos de hoje. Apesar das insistências dos jornalistas, Miguel Borges manteve a sua posição inicial de que o assunto vai ser investigado e tratado “no sítio certo” e que apenas deu

conhecimento desse facto ao executivo municipal. Publicações da oposição também foram à reunião do executivo Na mesma reunião o presidente da Câmara também apontou o dedo a publicações feitas nas redes sociais por parte da oposição. Primeiro com uma publicação do vereador socialista Carlos Duarte que apontou, através de fotografias, dois locais do concelho com problemas de segurança rodoviária e fraca sinalização das passadeiras para peões. Miguel Borges mostrou, na reunião, dois vídeos que ele próprio fez em Andreus e em Sardoal, junto ao parque desportivo, ou seja, os locais apontados pela oposição como tendo problemas de segurança. Os vídeos passaram com as explicações do presidente que acabou a dizer que de acordo com a empresa que colocou a sinalização e de acordo com o entendimento dele próprio não vê razões para as críticas socialistas. Referiu que as passadeiras estão bem sinalizadas com sinais na via e verticais. Quanto às estradas, Pedro Du-

que, vereador do PS, diz que há uma questão de pormenor que pode não ser importante para o presidente da Câmara, mas pode ser muito importante para quem fez a publicação e o alerta: “É uma questão de subjetividade”. Ainda na onda das redes sociais, Miguel Borges não gostou de uma publicação feita na página de Facebook do PS de Sardoal em que este partido dá a entender que uma grua que esteve quatro anos para ser retirada do local terá custado muito dinheiro aos sardoalenses. Sobre este tema Miguel Borges foi contundente e disse que esta afirmação (do Facebook) “é de uma tremenda irresponsabilidade. A Câmara do Sardoal nunca gastou um tostão com a grua ou com a remoção da mesma”, que confirmou ter estado quatro anos parada. O vereador socialista Pedro Duque afirmou que não terá problema em fazer a retratação depois de analisar a situação com os elementos da comissão política concelhia. Jerónimo Belo Jorge PUBLICIDADE

Foi assim, de forma simples e direta, que o presidente da Câmara de Sardoal, Miguel Borges, informou, de forma oficial, que tinha apresentado uma queixa-crime no Ministério Público contra um cidadão por difamação. Segundo disse trata-se de uma queixa apresentada pelo presidente da Câmara de Sardoal e pelos vereadores Jorge Gaspar e Pedro Rosa, eleitos pelo PSD. Trata-se de uma queixa-crime por difamação nas redes sociais. Aos jornalistas, no final da reunião, no dia 21 de agosto, o presidente da Câmara Municipal de Sardoal disse que no exercício das funções sentiu-se “lesado” por afirmações escritas por um cidadão na rede social Facebook e que atingem o bom nome do presidente e dos vereadores eleitos pelo PSD. Miguel Borges escudou-se a indicar o cidadão ou o teor exato do que terá sido escrito, mas deixou claro que se há acusações e provas desse cidadão “então temos um sítio próprio para dirimir estas questões que se chama Tribunal”. Agora o autarca aguarda que o processo corra no Ministé-

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ECONOMIA /

Três novas lojas abrem no Centro Histórico em tempo de pandemia // No âmbito do programa de incentivo à instalação de negócios no Centro Histórico de Abrantes, Mais Comércio no Centro, a Câmara Municipal aprovou, no dia 12 de maio, uma candidatura para apoio à instalação de estabelecimentos comerciais e, no dia 18 de agosto, mais duas candidaturas. Este programa traduzse num incentivo à instalação e dinamização de atividades comerciais ou projetos criativos, através do qual a autarquia assegura 50% do valor da renda do estabelecimento até ao limite de 250 euros/mês e pelo período máximo de 12 meses, explica o Município. Texto: Marta Bessa Fotos: Taras Dudnyk

Loja “Detalhes” Foi aprovada a candidatura para instalação do estabelecimento “Detalhes”, uma bijuteria personalizada em aço inoxidável e artesanato, sendo o montante total a atribuir por parte do Município, durante 12 meses, o valor de 1.800,77 euros, o que corresponde a um apoio mensal de 150 euros. Localizado na Rua Monteiro de Lima, o projeto resulta da fusão dos trabalhos de artesanato e bijuteria de Marta Rêgo, “Coisas para Ti” e da “PluriArte”, dinamizada por Elvira Fernandes. “Nós já fazíamos feiras de artesanato e tínhamos um sonho em comum, que era abrir um estabelecimento. Entretanto, juntámos os nossos trabalhos e criámos a loja “Detalhes”, onde o nosso objetivo é fazer tudo personalizado de acordo com o gosto do cliente”, adiantou Marta Rêgo. Segundo a lojista, “apesar de estarmos a passar por uma pandemia e um momento de crise, é preciso arriscar”, acrescentando ainda que “se esta é a pior altura para tentar e está a correr bem, no futuro, não vai ser diferente”.

Loja “Audiovida, Aparelhos Auditivos” Foi igualmente aprovada a candidatura para instalação do negócio “Audiovida, Aparelhos Auditivos”, apresentada pelo empresário Renato Valério, sendo o montante total a atribuir por parte do Município, durante 12 meses, o valor de 2.401,02 euros, o que corresponde a um apoio mensal de 200 euros. O estabelecimento abriu as portas na Rua Nossa Senhora da Conceição e “é uma empresa especializada em aparelhos auditivos que presta assistência técnica, efetua avaliações e reparações em todo o tipo e marcas de aparelhos auditivos e realiza, também, serviços ao domicílio”. “Eu já trabalhava numa empresa da mesma área, mas decidi desenvolver o meu próprio projeto e criar esta loja, que está aberta ao público desde o dia 4 de agosto”, anunciou Renato Valério. De acordo com o empresário, “a pandemia pela qual estamos a passar não tem nenhuma implicância neste tipo de negócios”, salientando que “uma pessoa que tenha dificuldades auditivas não vai deixar de ter por causa do covid-19”.

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Loja “Janela dos Sabores na Nacional 2” Ao projeto “Janela dos Sabores na Nacional 2”, apresentado pela proprietária Elsa Cristóvão, foi atribuído um montante, durante 12 meses, de 1.500 euros, o que corresponde a um apoio mensal de 125 euros. Este estabelecimento, localizado na Rua Monteiro de Lima, será uma extensão do projeto desta empresária abrantina, a “Janela dos Sabores”, uma marca artesanal de compotas, geleias, marmeladas e temperos disponibilizados em bisnagas, com recurso preferencial aos produtos locais. “Eu já tinha uma marca registada de compotas, mas durante a fase de confinamento muitas encomendas foram canceladas, por isso, tive de pensar em algo mais, e surgiu, então, a ideia de abrir esta loja”, afirmou a empresária Elsa Cristóvão, salientando que a Nacional 2 “teve um determinado impacto na altura e, agora, alguns dos produtos estão destacados com o quilómetro a que pertencem, como por exemplo os Pastéis de Chaves, o Folar de Olhão, os Rebuçados da Régua, entre tantos outros que fazem parte da Nacional 2”.


SOCIEDADE /

Crispean’s reabre como santuário da cerveja artesanal Ermida // Até aqui a Ermida só estava disponível na fábrica, festas ou casas da especialidade. Desde o dia 21 de agosto passa a estar disponível num espaço dedicado a este segmento de bebidas e com uma particularidade: o cervejeiro pode responder a todas as perguntas dos clientes. O nome mantém o tradicional de tantos anos e acrescenta a modernidade de quem o vai explorar. Crispean´s By Ermida Craft Beer House. Uma união de uma “casa” com muitos anos, apesar de estar fechadas há algum tempo, com a cerveja artesanal de Abrantes Ermida. A abertura deste espaço totalmente dedicado à ou às cervejas artesanais foi uma ideia e projeto de Rui Reis o “ideólogo” da cerveja artesanal Ermida. O objetivo deste Crispean’s é ter um espaço para promover a cerveja artesanal Ermida. “Neste momento não tinha um espaço de porta aberta para vender. Vendia a Ermida diretamente da fábrica para a revenda”, explica o cervejeiro e promotor do espaço, Rui Reis. E a definição daquilo que se pode encontrar neste bar é simples: “a ideia é promover a Ermida, mas também outros colegas meus. A ideia é ter a minha cerveja, mas, ao mesmo tempo poder apresentar outras variedades de cerveja sempre artesanal”. Rui Reis acrescenta que “o espírito desta casa é ter cerveja artesanal nacional. Somos,

em Portugal, 50 a 60 cervejeiros a trabalhar, por isso tenho muito tempo para os mostrar. E depois há o mercado internacional”. Há, contudo, uma linha traçada da qual não se quer desviar e que é sempre com o “espírito de fugir das cervejas mais correntes”, mais comerciais. Sempre e só uma aposta na cerveja artesanal. A Ermida começou a ser produzida em 2014, estamos a fazer seis anos de existência no mercado, principalmente na revenda e nas feiras, que eram os locais onde vendia a produção, no verão. Fora do período alto das festas, e do calor, mantém uma série de clientes e espaços (mercearias e bares) principalmente da região. Mas há mais. Rui Reis diz que “também tenho um ponto de venda em Óbidos e outro, lá em baixo, em Olhão”.

Das 12 variedades oito estão disponíveis no Crispean’s

Rui Reis diz que a aposta era marcar ponto nas feiras da especialidade, da cerveja artesanal, feiras de gastronomia, festas das cidades e

vilas. Era aí que mostrava a Ermida, que dava a provar e explicava meia dúzia de coisas sobre a cerveja. A cerveja artesanal de Abrantes começou como qualquer outra, uma variedade. Mas diz que sabe destas coisas que depois dos resultados da primeira, o “artesão” toma-lhe o gosto e começa a fazer experiências e a dar outros corpos, sabores e até volume de álcool. “Eu aqui [no Crispean’s] tenho

oito Ermidas diferentes. E tenho mais em casa que depois irei trazendo”, diz o cervejeiro acrescentando que neste momento a Ermida tem uma dúzia de variedades. Rui Reis explica que já chegou a uma dúzia de variedades em seis anos porque produz com sazonalidade: “agora produzo um lote que só para o ano é que volto a produzir”. Tudo tem a ver com a característica das cervejas. Quando a

produção começa é destinada logo “aos meses mais quentes ou aos meses mais frios”. Mas afinal qual a diferença entre uma cerveja artesanal e a cerveja das grandes marcas nacionais? Rui Reis explica: “as grandes marcas fazem a cerveja para ser vendida em grandes quantidades, é sempre o mesmo processo. A cerveja artesanal pensa na diferenciação, na inovação, na seleção das matérias-primas [dos Lúpus e dos Maltes] e através das combinações dos vários ingredientes criarem cervejas completamente diferentes. Com paladares, cores, sabores completamente diferentes”. No Crispean’s o cliente pode encontrar uma torre no balcão com oito torneiras o que dizer que tem outras tantas variedades de Ermida à pressão. Claro que também tem a garrafa para poder levar para casa. Mas com tanta variedade há que tentar perceber quais são as diferenças: “o sabor, umas mais alcoólicas que outras, umas mais amargas, outras mais doces, mais pálidas, mais escuras, temos as ruivas. Haja criatividade”. Aos seis anos de vida a Ermida tem uma produção anual total [das 12 variedades] de dois mil litros, onde se inclui metade para a pressão e a outra metade para a garrafa. Rui Reis não se considera um microcervejeiro, antes um nano-cervejeiro. Mas, mesmo assim, continua a apostar na inovação. Com a pandemia, as feiras e eventos foram suspensos e a Ermida não pode marcar presença nesses locais. Rui Reis diz que nestes últimos meses muitas pessoas foram “a minha casa para comprar a cerveja”. E acrescentou as lojas online. Naquilo que foi a venda em garrafa correu bem. Na pressão tem agora a oportunidade de criar as vendas para ao consumo direto. Entrando no Crispean’s e pedindo uma cerveja (na foto) podemos fazer perguntas que o cervejeiro responde: “é uma blonde ale, loira e fácil de beber. É inspirada numa receita americana, levou Lúpus americano”. É, ao que percebemos, a cerveja mais “simples” da marca Ermida e que pode funcionar como porta de entrada no mundo das cervejas artesanais. “Depois de abrir a porta temos mais sete torneiras de coisas completamente diferentes”. Quando questionado sobre a segunda prova, Rui Reis, entre alguns risos, diz que é para provar todas. Mas depois lá aconselha uma imperial Ipo, uma cerveja mais amarga. Como o Crispean’s abriu portas, a 21 de agosto, e fica na Rua da Fonte de São José N.º53, em Alferrarede, olha em direção à Estrada Nacional 2, muito na moda. E essa rota turística pode trazer muitos clientes que procuram coisas diferentes, sabores e experiências novas e diferenciadoras. Jerónimo Belo Jorge

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REPORTAGEM /

A estrada real portuguesa

// Tem 738 quilómetros e liga Chaves a Faro, atravessando Portugal de norte a sul. Com 75 anos, a Estrada Nacional N.º 2 é por estes dias um ícone nacional que não deixa ninguém indiferente. Na região, a década de 90 modificou o percurso da EN 2 entre Abrantes e Vila de Rei. Mas por estes dias fomos fazer o trajeto original da também chamada “Route 66” portuguesa. E sim, passámos pelo Penedo Furado, Brescovo, S. Domingos e Andreus.

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Texto: Jerónimo Belo Jorge Fotos: Taras Dudnyk

Estrada Nacional N.º2 é, por estes dias, qualquer coisa de extraordinário. Há uns anos não se falava desta via que “rasga” todo o país pelo interior, por 11 dos 18 distritos, por 35 concelhos. O importante era a rapidez de deslocação e as autoestradas foram ganhando supremacia em relação às nacionais, mais velhas, com mais curvas, onde se poderia encontrar um trator agrícola ou uma carroça que era uma grande dor de cabeça para fazer uma ultrapassagem em segurança. Depois as coisas foram mudando, o marketing territorial começou a ganhar forma e chegou com força a este território da Nacional 2. Assim, a 5 de novembro de 2016, nasce a Associação de Municípios da Rota da Estrada Nacional 2, cuja presidência da direção está com a Câmara Municipal de Santa Marta de Penaguião. Foi esta associação que começou a dar corpo ao marketing em torno desta estrada “mítica” e muito procurada principalmente por motards ou ciclistas. Aliás, se há cerca de dois anos o lançamento dos passaportes para os turistas deram um impulso à Rota, a “crise” do coronavírus veio despoletar, em definitivo, o turismo à volta desta via. Porque as pessoas começaram a procurar destinos “interiores” e, porque até a comunicação social e os blogger’s, vlogger’s e “influencer’s” passaram a olhar com outros olhos para a estrada real de Portugal. Não deixa de ser curioso a quan-

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tidade de “aventureiros” que passaram a fazer a Nacional 2 com algum mediatismo. Desde logo, em julho de 2019, o Nuno Gomes e o Daniel Simões, de Abrantes, que fizeram todo o percurso em 24 horas, sempre a pedalar, só com paragens técnicas. Há muitos outros registos, como o escritor Afonso Reis Cabral que fez o percurso a pé com publicações nos meios digitais e que depois deu livro. Mais recentemente o João Paulo Félix fez a “Volta a Portugal a Correr” com percurso entre Faro e Chaves, embora depois tenha feito o retorno a Lisboa. Já em junho, o ciclista André Cardoso, com um conjunto de amigos, também fez o caminho de Chaves a Faro em 24 horas. E depois veio a RTP e a RFM. E muitos grupos de motards e ciclistas continuam a colocar esta rota como sendo um dos desafios que todos têm de fazer. E mais recentemente o vlogger Marco Neiva andou nestes territórios a mostrar em vídeo aquilo que os territórios da Nacional 2 têm para mostrar. Naturalmente que todo o marketing em torno desta estrada tem vindo a fazer crescer o turismo e com ele o desenvolvimento das atividades económicas existentes. Porque os cafés e restaurantes vendem mais, quando os turistas param para pedir os, já celebres, carimbos para os passaportes. E depois começaram a surgir outro tipo de negócios associados a produtos e à promoção da Rota da EN 2.

A Estrada Nacional 2 antiga

A comemorar os 75 anos, a Estrada Nacional 2 teve na década de 90 uma alteração de percurso entre Abrantes e Vila de Rei. A estrada era estreita e sinuosa e para fazer a ligação entre estas duas localidades demorava-se muito tempo. Em meados da década de 90 foi construída a variante, atual EN 2, que faz uma ligação entre Abrantes e a Sertã de forma muito mais rápida. Mas que, nesta zona, foge à estrada original. Nesse sentido e para aproveitar o turismo crescente nesta Rota, as autarquias de Vila de Rei e Sardoal, principalmente, mas também Abrantes, têm vindo a desenvolver esforços no sentido de criar sinalização própria para colocar os turistas a passar pela antiga estrada. A tal estreita e sinuosa que não é para grandes velocidades como diz o vereador Paulo César, da Câmara

de Vila de Rei. “É para fazer devagar e apreciar as paisagens”. A antiga estrada passa ao lado da zona industrial do Souto, depois tem o quilometro central da estrada (marco do km 369), segue-se o Penedo Furado, Brescovo, Salgueira, S. Domingos, Andreus e depois Sardoal. Sim, a Nacional 2 passava por dentro da vila de Sardoal e entroncava no cruzamento das 4 estradas (junto às bombas de combustível) e descia até à ribeira de Casais de Revelhos, numa via paralela à atual EN 2. Depois entrava em Alferrarede em direção ao Tejo, Rossio ao Sul do Tejo, Arrifana, Bemposta em direção a Ponte de Sor e até Faro. Este trajeto deverá ser potenciado com sinalização turística (sinais castanhos) própria e que terá um ícone específico [que terá de ser aprovado pelo parlamento], explica o vereador Pedro Rosa, da Câmara Municipal de


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//1 - Mafalda Sousa, Centro Geodésico de Portugal em Vila de Rei //2 - Zito, restaurante em Sardoal //3 -José Gilberto, restaurante Aquarius em Bemposta //4 - Marco comemorativo dos 75 anos da EN 2, colocado nos 35 concelhos por onde passa a estrada

Sardoal. Aliás, o vereador diz que na juventude fazia muito esta estrada entre S. Domingos e o Penedo Furado, de bicicleta. A estrada tem muita história, pois era, na década de 50 e 60, uma via de acesso às beiras. Ligava em Abrantes com a Nacional 3 que vinha do Carregado em direção a Castelo Branco. E tanto a Nacional 2 como a Nacional 3 faziam todos os acessos às beiras. Pedro Rosa relembra que de toda esta zona do interior era feito muito tráfego comercial entre a beira e a estação da CP de Alferrarede. Mas a década de 90 tirou as pessoas, sempre mais apressadas, desta estrada, agora, turística. Por estes tempos estão a ocorrer o processo inverso. Tanto assim é que a Câmara de Vila de Rei está com a ideia, já em andamento, de criar um parque, ou uma zona de paragem no km 369,690, no ponto central exato desta estrada. Paulo César gostava de ver ali um marco igual ao de Chaves (km 0) e de Faro (km 739). “O que existe está escondido por um rail de proteção, mas temos a intenção de poder criar uma zona especial que assinale o meio da estrada”, diz o vereador para quem esta dinâmica da Rota da Nacio-

nal 2 tem trazido muito mais turistas ou visitantes ao concelho. Quer seja ao Picoto da Melriça, como à vila, como ao Penedo Furado. Ideia idêntica partilha o vereador Pedro Rosa, de Sardoal, que destaca aquilo que os turistas procuram. Há os que fazem a estrada a correr, só pelos carimbos, e que “são muito bem-vindos”, mas o vereador pisca o olho a quem vem com algum tempo para se deliciar com o que pode visitar. Luís Dias, vereador da Câmara de Abrantes, tem uma abordagem semelhante e revela que noutros tempos, a Nacional 2 passaria por dentro de Abrantes, muito antes da atual estrada do que liga Alferrarede a Barreiras do Tejo. Também nota que este é um produto turístico com um potencial muito grande e diz que em Abrantes há 70 parceiros associados a esta rota, ou seja, locais onde existem os carimbos para o passaporte e outro tipo de “delicias”.

O Centro Geodésico também é Nacional 2

Mafalda Sousa tem uma banca com produtos regionais de Vila de Rei e da Nacional 2 no Centro de Portugal, pa-

redes meias com o Museu da Geodesia. Se este local já era procurado pelos turistas não tem dúvida em dizer que existiu um salto muito grande depois do recolhimento em tempo de pandemia. O desconfinamento trouxe muito mais turistas à rota. E tem-se notado nas vendas. “Carimbar os passaportes, ver ímanes para os frigoríficos” é o que mais procuram. “Há muita gente que desconhece onde é o Centro de Portugal”, afirma enquanto mostra o que tem para venda e explica que “quem vem pela Nacional 2 quer ímanes ou camisolas da estrada”. Depois, os outros visitantes procuram outro tipo de produtos onde se enquadra o mel, um dos ex-libris deste concelho. “Antes passavam mais motards e auto-caravanistas, mas agora já vem todo o tipo de veículos”, diz a comerciante bronzeada do sol quente do alto da Serra da Melriça.

O S. Domingos que cresceu em torno da Nacional 2

S. Domingos é daquelas localidades que causam muitas dúvidas. É Sardoal ou é Abrantes. Fica ali no limbo. No sentido norte-sul o lado direito é de Abrantes e esquerdo do Sardoal.

Cresceu em torno da Nacional 2. Pedro Rosa, vereador de Sardoal, diz que noutros tempos tinha muito comércio e uma outra vitalidade. Tinha três ou quatro cafés, mercearia, barbeiro e até um ferrador. Hoje é diferente e a fuga do interior afetou, e muito, esta aldeia. Entramos no café Bernardino e de imediato as “patroas” Sónia Frade e Mila Passarinho mostram os produtos da Nacional 2. Os porta-chaves ou o marco dentro do café, ou a moldura para as fotos para redes sociais e apressam-se a dizer que quem está a dinamizar S. Domingos na Nacional 2 é a Cláudia Luís e o Alexandre Batista. A Cláudia começa por dizer que “acalmaram” as promoções da terra nas redes sociais por receio do coronavírus, mas adianta que há um trabalho enorme por fazer. “Queremos promover a nossa identidade cultural por isso vamos fazer dois murais. Já temos a artista. Um com o nosso padroeiro e outro com os usos e costumes da terra”, explica ao mesmo tempo que diz não ser natural de S. Domingos, mas que está ali na defesa da cultura. Confirma que os “clientes” tem sido muitos mais, quer pela Nacional 2, mas muito pela outra publicidade de duas

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REPORTAGEM / ▶ praias fluviais. A das Fontes, do conce-

//5 - Marco de direções em S. Domingos //6 -Carimbo (ou autocolante) para o passaporte da EN 2 //7 - Vítor Damásio, restaurante Paragem do Motorista em Abrantes

lho de Abrantes, e a do Penedo Furado, no concelho de Vila de Rei. E depois atira: “E já viu o nosso marco, o do quilometro 380 (S. Domingos) e o das direções do mundo. Foi uma forma de também podermos ter aqui um marco para tirarem fotografias”, explica a Cláudia sempre com a tónica de que depois desta fase do coronavírus querem “puxar” muitos mais turistas que façam a Nacional 2 antiga.

O Zito é paragem obrigatória no Sardoal

Quem faz a Nacional 2, com as novas tecnologias, pode achar estranho que o restaurante Zito, localizado na Av. 5 de outubro, em Sardoal, seja um

dos pontos de maior promoção da Nacional 2. Mas era ali [com o trânsito a correr de forma inversa] que passava a antiga EN 2. Ou seja, está à beira da mítica estrada. E aproveitou para criar uma imagem forte em torno deste produto turístico. “Ainda ontem me ligaram a dizer que andavam umas pessoas com camisolas do Zito e da EN 2 no Algarve”, diz com orgulho enquanto carimba mais uns passaportes de uma família que vem a percorrer a estrada e que entra ali para “ganhar” mais um carimbo. “Há dois anos para cá que temos notado um crescimento muito grande em torno da Nacional 2, é de manhã à noite”, diz o empresário de restauração que destaca que é um dos pontos de referência desta estrada. “Digo isto pelo que as pessoas aqui nos dizem. Falam do Zito, do Café Central em Poiares e em Chaves como os três pontos mais procurados da Nacional 2”, revela o proprietário do restaurante ao mesmo tempo que aponta para a parede onde está a moldura para as fotos destinadas às redes sociais, mas onde tem as camisolas, os porta-chaves ou os pin’s. “Temos um carimbo diferente do de Sardoal porque tem o km do Sardoal e depois o 0 e o 739, e as pessoas querem esse carimbo”, explica e acrescenta que as pessoas vêm à procura da gastronomia típica e das capelas de Sardoal, muito por via do marketing em torno das capelas na Semana Santa.

A Paragem dos motoristas e não só

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Durante muitos anos, e antes da A23, a EN 2 era ponto de passagem do transporte de mercadorias de norte para sul e vice-versa. E o Vítor Damásio abria as portas do seu café, em Barreiras do Tejo, às 5 horas da manhã, para servir cafés e pequenos-almoços a quem andava pela estrada. Também era conhecido como café do sobreiro, porque tinha ali perto um sobreiro de uma grande dimensão. Com a A23 o negócio diminuiu. Agora, com a promoção turística da Nacional 2, as coisas voltaram a mexer. “Passa aqui de tudo, é uma loucura

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neste momento. Carros, autocaravanas, motas, bicicletas”, diz Vítor Damásio que recorda o amanhecer com o movimento que tinha. Agora, talvez pela pandemia e pelo fator económico, a A23 já custa bastante, os automobilistas e turistas voltaram-se novamente para a estrada nacional. Vítor Damásio revela que quem para sem ser para fazer a refeição é para pedir indicações, “se estão no caminho certo para irem até Mora” e depois não falta o já tradicional carimbo, que em Abrantes é um autocolante que indica os dois pontos de passagem da Nacional 2 [km 380-381 em S. Domingos e 396-429 entre Alferrarede e Bemposta]. “Os passaportes e os carimbos são uma ‘doença’ e pode criar abertura para mais negócio, com brindes. Estou a pensar nisso, em criar mais alguns produtos da Rota Nacional 2 e da Paragem do Motorista”, diz o empresário e acrescenta que quem entra para uma refeição procura a gastronomia mais típica da nossa zona.

Na farmácia Santos há um entusiasta da Nacional 2

Quem “circula” pelas redes sociais, percebe facilmente que Joaquim Melo dos Santos, da farmácia Santos de Rossio ao Sul do Tejo, é um fã [como gosta de se afirmar] da Rota da Nacional 2 e não esconde, por isso, que está sempre em cima das “celebridades” que possam passar pela Rota. E explica que “tenta vender da melhor forma o que a terra tem para oferecer” tanto mais que quase sempre faz oferta da Palha de Abrantes, do Mestre Fernando Correia da Pastelaria Tágide, que fica ali ao lado (mas na Nacional 118). “Estamos no km 405 e como aumentou muito o trânsito turístico a nossa diretora técnica achou por bem também termos um carimbo para os passaportes. É muito importante para a nossa zona”, explica Joaquim acrescentando que quando o Afonso Reis Cabral fez esta viagem aconteceu essa oferta. E recorda que quando cá passou o escritor foi feito um documentário que passou na televisão e onde participaram o Chefe Fernando Correia e o Alberto Lopes, do Restaurante Santa Isabel. Mas acrescen-

ta que “foi pena não ter cá estado nesse período do documentário o vereador Luís Dias. É que quando o Afonso Reis Cabral passou por cá, a pé, o vereador acompanhou-o entra a ponte e Arrifana”, diz Joaquim Melo dos Santos que deixa uma sugestão: a antiga escola primária de Arrifana, à beira da estrada, poderia ser um ponto de apoio para os “circulantes” da EN2.

A estrada e o marco de Bemposta aumentaram os clientes

O restaurante Aquarius, em Bemposta, a Nacional 2 já era uma estrada com muito trânsito. A ligação do Ribatejo e Beira ao Alentejo sempre foi uma realidade, mas de há um ano e meio para cá as pessoas que passam nesta estrada mítica mudaram. Deixaram de ser apenas automobilistas para passar a ser aqueles que circulam na Nacional 2 e que procuram as coisas boas do nosso país. José Gilberto confirma e revela que depois do confinamento os “clientes da Nacional 2 aumentara, principalmente muito mais motards”. E depois acrescenta que desde que há um ou dois meses colocaram o marco amarelo evocativo dos 75 anos da Rota ainda aumentou mais a procura. “Estamos aqui no restaurante e vemos os grupos que param ali no marco amarelo. Até as famílias de carro. E houve um dia eram mais de 20 motas”, explica ao mesmo tempo que diz que o negócio também melhorou e destaca que os clientes procuram boa gastronomia. De preferência, típica. A Junta de Bemposta tem uma ideia pensada e a dar passas. Manuel João Alves, presidente da junta quer criar uma área de serviço para autocaravanas, uma espécie de área de descanso com Wi-Fi para os turistas. E depois acrescenta que a Rota até pode criar algumas condições para fixação de população, uma das grandes preocupações do autarca. Manuel João Alves diz que os marcos dos 75 anos da Nacional 2 são muito bons, só é pena não estar lá o nome da freguesia, ao lado do concelho: Abrantes.


REPORTAGEM /

Três concelhos e três mãos cheias de sugestões turísticas VILA DE REI

// Fomos ao encontro dos vereadores dos três concelhos que lidam com as questões da Nacional 2. E entre as conversas sobre turismo e desenvolvimento territorial e económico em torno da estrada houve uma pergunta igual aos três: O que é que sugere aos turistas ou aos que “fazem” a nacional dois no seu concelho?

SARDOAL

ABRANTES

degustar com calma

consumir demoradamente

visitar com tempo

Qualquer pessoa que venha a Vila de Rei tem um conjunto de alternativas que “aconselho”. Quem vem de norte, da Sertã, deverá visitar a praia de Fernandaires [se gostar de desportos náuticos] ou a praia do Bostelim [se vier de autocaravana ou com crianças]. Depois é “obrigatória a passagem pelo Centro Geodésico de Portugal e o Museu da Geodesia” onde tem uma vista de 360º. Em Vila de Rei Paulo César aponta à gastronomia. “Aconselho a apreciação gastronómica que é o maranho e bucho, provar a nossa sopa de peixe, o cabrito e depois alguns outros pratos, dependendo dos restaurantes, o bacalhau à Vila de Rei, o achigã grelhado ou frito e terminar com o pudim à Vila de Rei, com uma receita muito antiga única no país”. Depois de pernoitar em Vila de Rei, o segundo dia é para desfrutar a antiga Nacional 2 com desvio para a “nossa aldeia de xisto, Água Formosa, pode tirar uma fotografia no quilometro central (369) e uma das mais belas praias fluviais e que foi uma das maravilhas de Portugal, que é o Penedo Furado. Aqui tem a praia, os passadiços e a queda de água e pode conhecer a lenda do Penedo Furado”. Paulo César destaca a importância de fazer a antiga estrada Nacional 2, que é uma estrada para se fazer com calma, para “degustar”. E para isso temos de andar numa estrada sinuosa, com curvas, devagar e apreciar uma paisagem única onde podemos ter vários tipos de paisagens. Paulo César destaca ainda a importância da Rota e de ter várias empresas do concelho como parceiras do projeto e onde os turistas podem ir “caçar” os carimbos para os passaportes.

Pedro Rosa é o vereador que tem em mãos as questões da Rota da Nacional 2 e diz que o Sardoal apresenta um manancial de oportunidades. E começa por dizer que os que fazem a Nacional 2 a “correr” só em busca dos carimbos são importantes, mas há muito a descobrir para quem venha com mais tempo. Quem quiser ficar um dia “acho que um bom cartão de visita é a nossa gastronomia, porque os restaurantes já se souberam adaptar. O Sardoal sempre foi conhecida pela cozinha fervida, mas os restaurantes foram buscar as influências do Ribatejo e da Beira”. Pedro Rosa revela ainda que há que ligar esta especialidade da cozinha fervida à couve de Valhascos, outro produto que a autarquia está a querer desenvolver, do ponto de vista turístico. Há que notar, explica o vereador, que nem todos os restaurantes têm a cozinha fervida todo o ano, “é mais um prato de inverno”. E depois não se pode esquecer a doçaria, com as saborosas tigeladas da Artelinho, de Alcaravela. Aliás, às tigeladas podem juntar-se as ferraduras e os artigos em linho. Depois há o património, o facto de estarmos aqui a conversar no centro histórico já por si é uma maisvalia. “O centro histórico, no global, merece uma visita, já com referências arquitetónicas a “chamar” o Alentejo, e depois, claro, os nossos monumentos”, nota Pedro Rosa em aponta as capelas, a igreja Matriz e a Igreja de Nossa Senhora do Carmo, recentemente reabilitada, e onde vai ser instalado o Centro de Interpretação da Semana Santa e onde as pessoas podem perceber aquilo que é a Fé que se vive na Semana Santa em Sardoal.

Luís Filipe Dias, vereador com o pelouro do turismo, começa por indicar um desvio de poucos quilómetros a quem entra por norte, em S. Domingos. “Temos ali um ativo gigantesco que é a Albufeira do Castelo de Bode, com as praias de Fontes e Aldeia do Mato, na zona mais beirã do concelho”, diz o vereador salientando que se nos desviarmos três quilómetros poderemos capitalizar muito mais os nossos territórios. Depois, quando a Nacional 2 deixa o Sardoal e reentra em Abrantes, na zona da cidade, há a destacar o centro de Abrantes com uma visita ao ex-libris da cidade, a Fortaleza e toda a zona envolvente. “Temos um património fantástico que é a paisagem a que podemos juntar esta obra de arte (ponte sobre o Tejo) com os seus 150 anos”, indica o vereador que realça logo de seguida outro ativo com muita história que é o Tejo. E de seguida aponta aos monumentos, ao património construído sugerindo uma visita ao Parque Tejo, onde quem vem de autocaravana ou de tenda pode pernoitar. Luís Filipe Dias destaca depois, em Abrantes, as unidades hoteleiras e as unidades de alojamento local, as pastelarias com a doçaria com destaque “para as nossas tigeladas de Abrantes ou da nossa Palha de Abrantes”. E depois a referência à boa gastronomia com enfoque no peixe do rio, nas influências beirãs e alentejanas e com o destaque para um dos produtos de excelência de Abrantes que são os azeites. Aliás, segundo o vereador, qualquer prato acompanhado pelo azeite será sempre uma boa escolha.

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ENTREVISTA /

As bodas de ouro e a história de um Campeão que venceu tudo o que havia para vencer // No fim de semana de 05 e 06 de Setembro, a pista da Boavista em Mação vai acolher a 4ª prova do PTRX 2020. Até aqui tudo normal, não fosse uma curiosidade adjacente: António Pedro Santinho Mendes vai, aos (quase) 80 anos de idade, participar pela primeira vez numa prova de Rallycross. Esta situação foi proporcionada pelo neto António Santinho Mendes, Campeão Nacional da modalidade, que por motivos pessoais não vai poder participar mas endereçou o convite ao avô e disponibilizou a sua viatura Opel Astra para que se estrear na modalidade. Simultaneamente, António Pedro Santinho Mendes vai ser alvo de uma merecida homenagem pelos seus 50 anos de desporto motorizado, onde vai contar com a presença de quase todos os co-pilotos que ao longo dos anos consigo partilharam os carros de competição. Recorde-se que o piloto abrantino iniciou a sua carreira em 1970 e ao longo destes 50 anos foi Campeão Nacional em quase todas as modalidades em que participou. Curiosamente, a sua carreira desportiva até começou com relativo sucesso no ciclismo – aos 16 anos já era Campeão regional em Évora e Beja e chegou inclusive a participar por duas vezes na volta a Portugal e um Porto-Lisboa onde conseguiu um honroso 6ª lugar. Entre outras equipas, correu pelos Águias de Alpiarça numa época em que Benfica, Porto e Sporting também competiam. “Nunca fui um grande ciclista, não tinha muito tempo para treinar. Na altura a prova mais dura que tínhamos, mais dura que a Volta a Portugal, era a Porto-Lisboa. Saíamos do Porto às 7 da manha e chegávamos a Lisboa por volta das 5, 6 da tarde, sempre a pedalar. Participavam os melhores ciclistas do País. Terminávamos a prova no estádio José Alvalade. Por vezes chegávamos a ser 150 a 200 ciclistas. Ganhei muitas provas em circuitos”, lembra o piloto.

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Mas a paixão era mesmo pelos carros, e depois de vários anos nas perícias, no inicio da década de 70 acontece a incursão pelo desporto automóvel em provas federadas, através da Datsun de que não fica dissociada a mudança para Abrantes através da abertura de um concessionário da marca no concelho. “Fui experimentador no Cipriano Flores, era muito amigo do dono, que adorava correr, fazia a Volta a Portugal e eu fui-me entusiasmando pelos carros. A Datsun convidou-me para ficar com o concessionário em Abrantes”. Promove a marca com o famoso Datsun 160J, com vitorias no Troféu Datsun 1200 em 1971 e 1972, duas ve-

zes Campeão Nacional de Velocidade em 1973 e 1974, Vencedor da Volta a Portugal em 1975, 2º Lugar no Campeonato nacional de Rallyes e um honroso 5º lugar no Rally de Portugal em 1976 com um Opel GT – a sua melhor classificação em rallyes de Portugal. “A minha primeira prova foi em Monsanto, em Montes Claros. Ninguém me conhecia e eu cheguei lá com o Datsun 1200 e fiz o 2º melhor tempo entre 50 ou 60 carros, mas acabei a prova em 7º ou 8º. Estavam lá os melhores pilotos desse tempo. Na época nem usávamos capacete. Lembro-me que na altura, o jornal A Bola dizia: o novato deu água pela barba a toda a gente.

“Em 1974 fui Campeão Nacional de Velocidade com dois carros: um Datsun e um Sinca. Comecei a época com o Datsun mas surgiram os Sinca Rally que eram mais rápidos. Então, quando faltavam duas provas para o final do Campeonato, comprei um Sinca, preparei-o, ganhei essas últimas corridas e assim consegui revalidar o título de Campeão Nacional. Em 1976 consegui o 5º lugar no Rally Tap Portugal com um Opel 1904, que era do Mêqêpê. O Manel – como lhe chamava- perguntou-me se queria ficar com o carro, fez-me um preço bom e assim foi, comprei, inscrevi-me e fiquei em 5º Lugar. Foi espetacular. Nesse ano ganhou o Sandro Munari e o Mêpêpê ficou em 3º com um carro novo que mandou vir, um Opel Kadett GT.” A década de 80 continua a ser recheada de êxitos, em 1980 vence a Volta a Portugal e sagra-se Campeão Nacional de Rallyes, feito que repetiria em 1981. Em 1982 vence de novo a Volta a Portugal e fica em 2º Lugar no campeonato Nacional. Em 1983 sagra-se Campeão ibérico no grupo 1. Em 1985 – 8º Classificado no Rally de Portugal Vinho do Porto, com um Nissan 240RS. “Nesta altura houve uma evolução enorme por parte das fábricas, das marcas e nós, privados, sem ter o estatuto de “fábrica”, não tínhamos carros com força suficiente para os acompanhar.” É por isso que decide experimentar outros registos e surge o Autocross. Na segunda metade da década de 80, dedica-se ao Autocross sendo um dos seus maiores impulsionadores. “Abrantes foi pioneira no Autocross.


ENTREVISTA / Fronteira, uma prova – quatro pilotos - três gerações Em 2017 um dos momentos mais marcantes da carreira foi a participação nas 24 Horas de Fronteira, em equipa com os filhos José Mendes e Vítor Hugo Mendes e o neto António Santinho Mendes, na altura com apenas 16 anos. Ficaram em 18 º lugar depois de muitos problemas mecânicos. Pela primeira vez as três gerações em prova na mesma equipa, uma situação única em Portugal… Arrisco a perguntar, de entre tantos momentos brilhantes, vitórias, títulos, campeonatos, este foi o momento mais marcante da carreira? Reunir numa prova as três gerações? Correr com os dois filhos e o neto de 16 anos? “Foi sem dúvida, um dos momentos mais marcantes da minha carreira, com a família”. Já em 2019, no Fronteira – 24 Horas de Todo o Terreno, conseguem um 8º lugar

ficar no museu junto às vitrinas de troféus… qual escolheria? Aquele de que mais se recorda com saudade, por um ou outro motivo… “ Escolhia três: O Seat Toledo Maraton - que era um carro espectacular… fui Campeão Nacional Todo o Terreno com

velocidade, rallys, Autocross, Todo o Terreno… faltava o Rallycross… estreia-se pista da Boavista... “É uma brincadeira…vou fazer a vontade ao Vítor Hugo… já não tenho andamento para “aquela gente” … Mas, se calhar, ainda tem... “ Não, não!” Na homenagem vai ter a presença de quase todos os navegadores que consigo colaboraram ao longo da carreira… “ O meu Vítor Hugo está a fazer essa surpresa… já me disse qualquer coisa… estou desejoso de ver os meus “velhos” amigos e companheiros… E a continuidade do sucesso está assegurada… José Mendes, Vítor Hugo Mendes e António Santinho Mendes (Júnior)… São 50 Anos de história de um campeão que ganhou tudo o que havia para ganhar… Miguel Pequeno

manda ir para a direita, vamos para a direita”. Andei uns 40 ou 50 metros e … não podia passar para lado nenhum. Fui de marcha atrás para apanhar o caminho outra vez… e pronto… No final, nesse dia, chegaram-me a dar os parabéns pela vitória mas no dia seguinte vieram-me dizer que afinal tinha perdido por 55 segundos… Em relação a Portalegre, fiquei sempre com o amargo de boca, poderia ter vencido, sem exagero, 3 ou 4 provas.” Em 1997, Vence o 1º Campeonato Nacional de Todo o terreno (Absoluto e em T3). E eis que surge uma outra aventura: o Dakar, prova em que participou em 1999 e 2000. Em 1999, desistiu na primeira experiência na prova… Em 2000, termina em 53º lugar e é o melhor piloto português no Dakar. As imagens que correram mundo foram as do acidente de Carlos Sousa e a forma como parou para o socorrer... “Perdemos mais de uma hora a prestar essa assistência. O helicóptero só chegou meia hora depois ou mais… quando retomámos, estávamos atascados… perdemos muitas horas, fomos penalizados, no outro dia partimos em último. Terminámos o Dakar em 53º lugar, a meio da tabela.” Terminar uma prova desta natureza era um autêntica aventura... “O Dakar é impressionante, é uma prova muito dura. Não há amigos, não há nada. Se tivéssemos um problema no carro à noite, pedíamos ajuda aos franceses, para emprestar material, ou uma máquina de soldar mas só a troco de 20 ou 30 francos, qualquer coisa que precisássemos deles…estávamos feitos.”

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Nós tivemos o primeiro circuito onde se começaram a fazer essas provas no Vale de Roubam”. Também nesta modalidade arrebata o título de Campeão Nacional, em 1986 e 1987. Em final dos anos 80 e início da década de 90, mais uma modalidade, desta feita o Todo o Terreno e, para não fugir à regra… mais títulos. Em 1987 fica em 2º lugar no Portalegre 500 – Prova mítica do todo terreno, que adorava fazer mas que nunca conseguiu vencer… Ficou por duas vezes em 2º lugar (um dos quais a 55 segundos do 1º lugar – com o filho Vítor Hugo e outro com o filho José Mendes), um 3º lugar… Ficou sempre com este “amargo de boca” em relação à Baja Portalegre, por nunca ter conseguido vencer? “Portalegre podia ter ganho uns poucos mas é assim… lembro-me do 1º Portalegre que fiz, mais o meu “Zé Manel” - já não me lembro bem, só tínhamos um carro com tração atrás e eu preparei o carro de forma a que se os jipes batessem por trás não causassem tantos danos, não me amachucassem atrás. Estava mais preocupado que me batessem por trás e veja bem… ficámos atascados na lama e então quando os Jipes se aproximavam, eu coloca a mão de fora e pedia-lhes que nos empurrassem…tiravam-nos do lamaçal e seguíamos. Houve um ano, com o meu Vítor Hugo, perdemos por 55 segundos… Nessa prova vínhamos na frente e a 3 ou 4 km do fim, está um indivíduo com um sinal e mandou-nos ir para a direita. O Vítor Hugo ainda me disse “ Ó pai, não é para a direita, é em frente”, mas eu disse-lhe, “se o homem nos

na geral e a melhor equipa totalmente portuguesa, só com pilotos portugueses… “Ficámos em 8º lugar, entre 90 e tal equipas. Foi muito bom.” De todos estes carros – dezenas - que teve o privilégio de conduzir, se tivesse de escolher um em especial, para

ele e fiz os dois Dakar – mas não podia usar o motor que tinha de origem…tive de lhe meter um outro motor porque na altura eram proibidos os turbos. Escolhia ainda o Datsun 1200 e o Datsun 160J. Foram realmente carros que marcaram a minha carreira.” E uma prova marcante, a mais marcante, que lhe vem sempre à memória sempre que rebobina o filme da carreira? “O que realmente me fica na memória foram as Voltas a Portugal. Havia várias provas, o melhor é que ganhava, geralmente era o Américo Nunes, ganhou algumas sete. Eu venci por três vezes (1975,1980 e 1982). Eram organizadas pelo Clube 100 à Hora. Foram das que considerei serem mais marcantes”. Agora, nos dias 5 e 6 de setembro, acontece a estreia no Ralicross e uma homenagem em Mação. Depois de perícias,

Miguel Pequeno

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SOCIEDADE /

A cerimónia tinha o peso institucional e emocional como tantas outras que ao longo de muitos anos aconteceram na Parada Chaimite do Quartel Militar de Abrantes. Seguramente que sim. Mas a sexta-feira, 22 de agosto, teve um peso diferente para os militares que aqui desempenham a sua missão. Primeiro, porque desde 2014 (ainda como Escola Prática e Cavalaria) que o Quartel de Abrantes não recebia um curso de formação de cadetes, ou seja, uma recruta para futuros oficiais. Como seria de esperar as chefias, finalizada a cerimónia, denotavam as emoções desta cerimónia, sem dúvida, importante para o RAME. Os 37 futuros oficiais, 14 femininos e 23 masculinos, puderam sentir o peso do juramento perante o Estandarte Nacional, momento que tem um peso imenso na vida de um militar. Segundo, uma cerimónia desta importância para um Regimento que sempre primou pela ligação à sociedade civil ser feito “à porta fechada” torna-o diferente. As medidas de contenção da COVID-19 do Exército obrigam a uma redução drástica daquilo que é a participação civil, e até militar, nestas cerimónias. Apenas os dois pelotões dos recrutas estavam na parada, uma tribuna com uma dezena de convidados militares e apenas um ou dois convidados por cada cadete

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que jurou bandeira. Acresce ainda o facto de todos eles, recrutas e oficiais, terem de estar com máscara, necessária dentro das instalações militares. Retirando estes dois fatores a cerimónia foi idêntica a tantas outras, com os passos necessários. A presidir esteve o comandante das Forças Terrestres, o Tenente-General António Martins Pereira, juntamente com o comandante do RAME, Luís Fernando Barroso, e o segundo comandante do RAME, António Ferreira. Depois, aconteceu a desmobilização, neste dia sem a presença da Banda do Exército e sem o desfile das tropas em parada. Uma desmobilização simples para que os novos soldados cadetes pudessem recolher às instalações antes de se poderem juntar à família para outros momentos com carga emocional forte. Quando os pais abraçam os filhos que acabaram de fazer o Juramento perante a Pátria.

O desafio e o orgulho de servir a nação valente e imortal

Tânia Oliveira e Rui Silva são dois soldados cadetes que tiveram o 21 de agosto de 2020 como um marco na sua vida. Ambos licenciados em Educação Física resolveram abraçar a vida militar. A Tânia diz que este momento

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Taras Dudnyk

RAME formou 37 futuros oficiais do Exército

//Os cadetes Oliveira e Silva têm a licenciatura em Educação Física e abraçaram o desafio militar concretizou-se porque era “um sonho de criança” a que se juntou um “mundo lá fora complicado”. À Antena Livre diz que este momento da formação, mais físico, é mais fácil para quem vem da área, mas ressalva que estas semanas foram melhores que aquilo que inicialmente pensava. Quando decidiu vir para o Exército explicou que a família, que sempre a apoiou, teve reações distintas, entre apreensão da mãe e o orgulho do pai. Tânia Oliveira espera continuar a sua carreira na área militar, de preferência na sua área de formação que é a parte de Educação Física.

Rui Silva, outro dos soldados cadetes também desta área de Educação Física, revelou que entrou nesta vida militar pelo desafio pessoal, pela aquisição de novas competências. Quando decidiu ingressar no Exército diz que na família houve admiração pela sua escolha, porque era algo que nunca tinha falado em casa, “mas tive muito apoio até ao final da instrução”. Agora, para a frente, é apontar os deveres militares “respeitar a instituição, honrar o país e cumprir com honra e afinco os nossos deveres”. O dia de ambos começou à hora

normal, mas foram os minutos mais longos desde que começou a formação. “Foi uma concentração de nervos até à hora da cerimónia”, explica o Rui enquanto a Tânia destaca que a presença da família no quartel é como os fins de semana, quando vai a casa. A pandemia obrigou a que muitos familiares que teriam intenção de assistir tivessem de ficar em casa, mas haverá, seguramente, muitas fotos e vídeos para mostrar o momento. Dos 37 soldados cadetes 14 são femininos e 23 masculinos. Há licenciados nas mais variadas áreas, desde a Educação Física, ao Direito, Economia ou Psicologia. São estes os oficiais de amanhã do Exército português. E é este um dos motivos que deixou o comando do RAME de peito e coração cheios. O RAME foi escolhido para fazer a formação dos jovens. Pela primeira vez teve um turno de formação de oficiais o que demonstra a qualidade dos militares formadores na instituição. Aliás, o Coronel Luís Fernando Barroso, comandante do RAME, já tinha explicado em finais de julho deste ano que este curso representava muito para a instituição. Era o primeiro do género na unidade. É que o RAME para lá das funções orgânicas que tem no Exército funciona ainda como escola de formação de soldados. Jerónimo Belo Jorge


FOTOREPORTAGEM /

Ecos do Silêncio Maria Isabel Clara nasceu em Abrantes em Setembro de 1965 e descobriu o fascínio da fotografia em 2008. As primeiras fotografias foram determinantes para que viesse a abraçar a fotografia como uma forma de expressão pessoal. Encontra na fotografia uma forma de transmitir o seu modo de ver o mundo, espelhando nelas as suas emoções. É uma forma de terapia interior de encontrar a tranquilidade necessária ao seu equilíbrio emocional, aliada à constante busca da técnica para captar a melhor luz e a mais eficaz composição. A partir de 2011 viu alguns dos seus trabalhos publicados em revistas nacionais da especialidade. A partir daí já participou em várias exposições individuais e coletivas e obteve várias distinções em concursos de fotografia, nacionais e internacionais.

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SOCIEDADE /

Gabinetes de Apoio ao Emigrante arrancam no Médio Tejo A reunião do Conselho Intermunicipal de dia 30 de julho, ficou marcada pela assinatura dos protocolos celebrados com a Direção-Geral dos Assuntos Consulares e Comunidades Portuguesas e os municípios da região do Médio Tejo, que têm como objetivo a constituição dos Gabinetes de Apoio ao Emigrante (GAE). O momento foi formalizado na Câmara Municipal de Ourém, local escolhido para a reunião deste Conselho, na presença da Secretária de Estado das Comunidades Portuguesas, Berta Nunes, e dos autarcas que entrarão nesta fase no processo. De salientar que os municípios de Ourém, Sardoal e Vila de Rei foram os primeiros a dispor de Gabinetes de Apoio ao Emigrante, os quais se encontram a funcionar em

pleno nos seus territórios. Atualmente, e após esta formalização, o Médio Tejo ficará, praticamente, abrangido pela existência destes gabinetes, “que se revestem de grande importância”. Segundo o portal das Comunidades Portuguesas, os GAE destinam-se a todos os portugueses que estão emigrados, aqueles que já regressaram, assim como todos os cidadãos que pretendam iniciar um processo migratório. No que diz respeito a objetivos, os GAE deverão informar todos os portugueses dos seus direitos sobre os países de acolhimento, apoiar no regresso e reinserção em Portugal, contribuindo para a resolução de eventuais problemas, de forma rápida, gratuita e personalizada, facilitando o seu contacto e articulação

//Depois de Ourém, Sardoal e Vila de Rei os restantes municípios do Médio Tejo já têm em funcionamento os Gabinetes de Apoio ao Emigrante

com outros serviços da Administração Pública Portuguesa. De referir que os GAE estão tecnicamente habilitados para tratar de assuntos de segurança social estrangeira, comunitária e extracomunitária; Acompanhamento de processos em todas as questões do âmbito da segurança social, tais como: Pedidos de pensões de velhice, invalidez e sobrevivência; Prestações de acidentes de trabalho; Prestações de Abono de Família e desemprego; Prestações de previ-

dência profissional - 2º LPP (Fundos – Suíça); Legalização de viatura e isenção de Imposto automóvel, por ocasião de transferência definitiva de residência para Portugal; Equivalência de estudos - Reconhecimento/ Equivalência de Habilitações Literárias adquiridas no estrangeiro; Dupla-tributação; Informação jurídica geral; Estatuto do Residente Não Habitual em Portugal; Aconselhamento a quem queira emigrar no âmbito da Campanha Trabalhar no Estrangeiro; Investimento - Orientação para a criação de empresas na região, em articulação com os Gabinetes de Apoio ao Investidor/ Empreendedor dos Municípios; Os GAE promovem ainda a articulação com outras entidades e instituições, auxiliando na resolução de outros assuntos.

Sardoal quer melhores comunicações no concelho É sabido que as regiões mais do interior do país ainda têm algumas zonas sombra naquilo que são as comunicações móveis e acesso à internet. E ficou mais “à vista” quando foi necessário inventariar as necessidades para o acesso dos estudantes ao ensino à distância. Também já houve um caso em que um empresário lamentou a dificuldade de comunicações para se poder instalar no concelho de Sardoal. E nessa altura o presidente da Câmara de Sardoal, Miguel Borges, já tinha enviado uma mensagem à ministra da Coesão Territorial, Ana Abrunhosa, no sentido de alertar a governante para este problema real do país. Aliás, Miguel Borges, diz que fez referência a esta mesma necessidade quando o primeiro ministro passou no concelho, na altura em que percorreu a Estrada Nacional 2. Desta vez, o presidente da Câ-

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mara Municipal de Sardoal, enviou uma exposição à Ministra da Coesão Territorial, Ana Abrunhosa, alertando para a falta qualidade das Comunicações neste concelho. Nesta carta, enviada em meados de agosto, o autarca revela que “são

cada vez maiores as zonas cinzentas de rede móvel, assim como o acesso à internet”, situação que “compromete seriamente o desenvolvimento da região que precisa de gente, precisa de empresas que criem postos de trabalho e riqueza.”


SOCIEDADE /

Regresso à escola em tempos de pandemia

Iniciar um ano letivo integra em si um carácter de novidade que facilmente suscita borboletas no estômago a todos os envolvidos. Cada um por seu motivo, na sua forma e intensidade. Por um lado, há reencontros desejados, a curiosidade de saber mais, a promessa cumprida de estar a crescer, por outro, há novidade, desconhecido e incerteza. Este ano a incerteza é maior, trazida por “um bicho com picos”. Muitos dos que estão à beira do regresso poderão sentir um misto de saudades, de entusiasmo, de dúvida e medo. Outros estarão mais calmos, aguardam o início para ver o que vem aí. Sabemos isto, cada um de nós, cada uma das crianças e jovens entenda-se, reage à mudança, ao inesperado e ao desconhecido de sua forma. Depende da bagagem que trazemos, das características individuais, da forma como aprendemos com os que nos rodeiam sobre o mundo e as nossas competências para lidar com ele. Para uns foi mais difícil deixar os amigos e as corridas lá fora. Para outros foi a falta da rotina e do aprender na sala que foi difícil. E para muitos, foi bom estar mais em casa, com mais tempo de família, ainda que por vezes parecesse tempo a mais. O movimento de isolamento, a que este bicho invisível nos obrigou, foi ao encontro dos desejos de evitar a escola para quem é mais difícil socializar, aprender, ou afastar-se de casa e dos pais (refiro-me assim aos cuidadores). Momentaneamente ficaram “protegidos” dos vírus e dos medos do que há lá fora. O regresso pode ser agora mais desafiador, com mais dúvidas sobre os perigos e a capacidade para os enfrentar. Para os que precisam de correr, saltar e estar com amigos para se regular, ficar em casa pode ter trazido mais aborrecimento ou irritação, exi-

gindo maior criatividade para ocupar esta necessidade de “estar com” e de movimento. Estarão estes desejosos dos reencontros com os amigos, será para eles uma descoberta os novos limites a esse movimento, num espaço que já conheciam. Existem ainda os que vão pela primeira vez. Serão os pais, uns mais que outros, os mais aflitos com as medidas de proteção e se protegerão os filhos do vírus, mas também “no coração”. Preocupa-os a transição para um mundo novo e a importância do afeto nesse contexto. O terem de ficar fisicamente mais afastados da escola e de os entregar a novas figuras que esperam sem distância e sem “máscara” nos afetos. Falemos ainda de como estarão os alunos, as aprendizagens e as rotinas de trabalho após um final de ano diferente, que cada um do seu jeito levou até ao fim estoicamente.

Pensemos nos lutos, os rituais que ficaram por cumprir, os que não poderão acontecer. Como ficam resolvidas estas tristezas de fim/início de ciclo. É um ano de desafios. Centremo-nos por isso no essencial de um desenvolvimento e aprendizagem ajustados: a segurança. Importa que os adultos, pais, educadores, professores, diretores e outros profissionais tomem isto como central: A segurança da criança ou jovem depende da forma como lhe transmito confiança. Comecem por olhar para vocês, reconheçam os próprios receios e acalmem-nos. Criem redes de partilha de medos, mas também de soluções. Informem e informem-se, tornem clara e fácil a comunicação casa-escola. Ajam com naturalidade e tranquilidade ao mostrar aos mais novos as diferenças, as novas regras e limites nos espaços.

Se a presença física dos pais na escola tem de estar mais limitada, que se criem ou reforcem outras formas de manter este vínculo. Que os adultos compreendam que há exceções na regra ou que as regras podem ser adaptadas às necessidades de cada um. Pensemos em conjunto com os mais novos os aspetos positivos de voltar à escola, os reencontros, as novas aprendizagens, as rotinas, a oportunidade de fechar e criar rituais. Reforcemos mimos, abraços e brincadeiras em casa, conscientes de que o contacto físico é essencial no desenvolvimento e regulação emocional, à medida de cada um. Que pais, cuidadores e professores ajudem os mais novos a exprimir as emoções, os receios, as tristezas e as alegrias. Que permitam tempo e espaço para essa partilha, individualmente e em grupo. Saibam

que este tempo é importante para o crescimento, para a segurança neles próprios e na escola e isso é tempo ganho para as aprendizagens. Recordem que o afeto tem muitas formas de expressão. Preparem-se. Ajustem gradualmente horários e momentos de afastamento (para alguns o momento de separação será mais difícil agora, é natural, ajudem na transição). Pensem com eles em soluções para as preocupações e os medos (a quem pedir ajuda, o que fazer nessa situação). Planeiem e implementem rotinas conhecidas, isso aumenta o sentimento de previsibilidade e controlo nos seus dias. Antecipem que possam existir lacunas na aprendizagem, produtividade e níveis de concentração mais baixos. Quer pelas emoções, pela forma como apreenderam a informação, pelos intervalos mais curtos ou pelo ambiente com mais limitações. Apoiem-se na construção de um plano de recuperação e consolidação. Promovam momentos de pausa, de brincadeira e relaxamento essenciais para que a atenção e a motivação funcionem nos momentos de trabalho. Apoiem-se nas equipas multidisciplinares da escola e nos documentos disponibilizados pelo ministério da educação e ordens profissionais. Fiquem atentos a tristeza, isolamento, mas também a maior agitação e irritabilidade poderão ser formas de exprimir medo, preocupação ou dificuldade. Esperem, sem desesperar, a possibilidade de alguma instabilidade e aceitem-na como natural a esta fase. Saibam que podem sempre procurar ajuda especializada caso percecionem um sofrimento muito limitador e duradouro. Trabalhem em equipa. Sentiremos todos mais segurança sabendo que o outro estará lá connosco, se protege e responsabiliza connosco, partilhando medos e soluções. As nossas crianças e jovens perceberão que não há máscara que nos tire o essencial: “caminhamos com eles”.

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POLÍTICA /

Aprovado projeto base de reabilitação de mais de 1ME do Cineteatro São Pedro

OPINIÃO /

// Ascende a 1.523.625,00 € o valor da reabilitação do edifício do Cineteatro São Pedro, que desde dezembro do ano passado é propriedade do Município de Abrantes. A autarquia explica que a intervenção prevista no Cineteatro S. Pedro, em Abrantes, incide na reabilitação do espaço exterior, interior e envolvente. O Projeto Base/Anteprojeto de “Restauro, Reabilitação, Remodelação e Ampliação do edifício do Cineteatro São Pedro”, foi desenvolvido pela sociedade comercial “Modo Arquitectos Associados LDA.” e foi aprovado pelo executivo esta terça-feira, 4 de agosto. Em detalhe, a proposta inclui uma ampliação “em terreno contíguo, de modo a garantir uma melhor acessibilidade ao edifício, nomeadamente, para cargas e descargas e para garantir mais uma saída de emergência”. Prevê também a ampliação do palco. Além dos camarins localizados no piso 0, o projeto prevê “a construção de novos camarins ao nível do piso menos 1, de forma a criar condições para diversos tipos de espetáculos. As escadas de acesso à teia serão reconstruidas e irá ser instalado um monta-cargas de apoio ao palco”. Salienta o Município que a plateia será remodelada e terá um novo perfil de inclinação, cadeiras novas, o sistema climatização da sala (AVAC) passará a ser feito pelo pavimento, “de modo a ter uma melhor rentabilidade e melhor conforto aos utentes do espaço e incluirá tratamento acústico das paredes e restauro do teto falso”. A régie irá ser instalada no 2.º balcão, trazendo a bancada de controlo de som para dentro do auditório, de modo a reunir as melhores condições técnicas. O Presidente da Câmara recordou a importância da decisão

política de aquisição do edifício à Sociedade Iniciativas de Abrantes Lda., por forma a devolver o Cineteatro à população, assumindo este dossiê como “prioritário”. Sobre a fase agora em desenvolvimento, Manuel Jorge Valamatos sublinhou que o projeto “está a ser trabalhado por pessoas que conhecem bem o Cineteatro S. Pedro, que estiveram envolvidas noutros momentos da sua reabilitação e que conhecem a sua história”. O presidente da Câmara destacou o facto de “estarmos a fazer um grande investimento público” para colocar este equipamento cultural de promoção e difusão de atividades culturais e artísti-

1.523.625,00€ o valor da reabilitação do edifício do Cineteatro São Pedro

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cas, ao serviço da comunidade abrantina e da região. Para a concretização da obra será necessário recorrer a fundos comunitários. “Nos termos da legislação aplicável em vigor, a aprovação final do Projeto Base está condicionado à obtenção de pareceres favoráveis de entidades externas, entre as quais a Direção-Geral do Património Cultural (DGPC) e a Inspeção Geral das Atividades Culturais(IGAC)”, explica o Município, dando conta de que só depois é que se avançará para o Projeto de Execução (projeto definitivo) que poderá ser alvo de alterações ou ajustes ao projeto base. //Taras Dudnyk

//José Alves Jana //FILÓSOFO

O

Problema: se um homem levanta 50kg, quantos homens são necessários para levantar uma pedra de 500kg? A resposta imediata é 10 homens. Mas está errada. Seria certa se este fosse um problema apenas matemático, mas é um problema mais que matemático. Nem 1.000 homens, fazendo força cada um à sua vez, conseguiriam levantar a pedra. Ou seja, para resolver este problema social, são necessários 10 homens e um up!, isto é, 10 homens e uma voz que os ponha a fazer força todos ao mesmo tempo e no mesmo sentido. Certo? O que faz a diferença é a organização. Estamos habituados a ouvir falar de problemas – que precisam de ser resolvidos – bastava alguém querer – etc. Verbos sem sujeito não são activos, não produzem efeitos. A presunção de que uma ideia (que “eu” tenho) deve dar forma à realidade é apenas isso, uma presunção. As ideias não fazem mover o mundo. Só as ideias que se tornam ação organizada são capazes de alterar o estado de coisas no mundo. Sendo assim, qualquer problema só precisa de pessoas – mas organizadas à volta de um problema e com uma boa ideia de solução – e tempo. Se olharmos para a linha do tempo e virmos um problema a persistir, é lógico concluir que não houve isso que faz mover a roda do mundo em sentido diverso: acção eficaz. É claro que há problemas que não têm solução, pelo menos prática: ir à Lua a pé. Nesse caso, há que aceitar que a realidade tem mais peso que o que conseguimos levantar. Mas esses não são verdadeiros problemas, são a nossa situação. Só são problemas se têm solução. E esta depende da nossa organização para os resolver. Agora seria o momento de elencar os nossos problemas. Mas não é necessário, todos nós os conhecemos, estão mais que diagnosticados, por exemplo à mesa de qualquer café ou esplanada. Só falta, se é que falta, uma boa ideia para a sua solução, e, isso sim, falta, a organização necessária para a desejada resolução. Basta olhar para os indicadores

Up! Só as ideias que se tornam ação organizada são capazes de alterar o estado de coisas no mundo.

disponíveis em vários documentos para constatar que a zona que é coberta por este jornal está em processo de empobrecimento, a descer nos indicadores de referência e parece que ninguém (salvo a Alternativa. com) se preocupa com isso. Este é um problema para o qual não bastam 10 homens, são necessários os vários municípios deste território. Ou se organizam ou nenhum, nem Abrantes, consegue levantar a pedra. Não é fácil, pois vivemos num tempo VUCA: volátil, incerto, complexo e ambíguo (incerto em inglês: uncertainty), mas não é impossível. Este é um tempo de mudança, e é nas mudanças que se jogam as oportunidades de futuro. Nas últimas décadas, perdemos um terço dos habitantes. Nas próximas duas vamos perder mais um terço, se não fizermos nada contra isso. Ou, pelo menos, temos de nos preparar para essa nova situação. E preparar significa organizar. Ou melhor: reunir pessoas (juntar forças), procurar conhecimento e organizar para uma ação eficaz. O resto é circo.


CULTURA /

celebra 20 anos da ESTA // A música foi apresentada na cerimónia que deu início às comemorações dos 20 anos da Escola Superior de Tecnologia de Abrantes. Um videoclipe que, para além de celebrar a ESTA, celebra Abrantes. “Insígnia” é o nome da música comemorativa dos 20 anos da ESTA - Escola Superior de Tecnologia de Abrantes. “A ideia nasceu a partir de uma comissão criada na ESTA e que tinha o objetivo de preparar um conjunto de comemorações relacionadas com os 20 anos da Escola”, começou por explicar Hélder Pestana, docente na ESTA e responsável pela música, que revelou ao Jornal de Abrantes que, “nesse âmbito, lembraram-se de mim para poder criar esta música - como sabiam que sou um curioso da música e estive ligado à Tuna do Instituto Politécnico de Tomar...“. Hélder Pestana foi aluno da Escola de Gestão do IPT, ficou na instituição como técnico “e posteriormente convidaram-me a ficar na equipa e já cá estou há 20 anos”. Quanto à “Insígnia”, com música e letra de Hélder Pestana, “embora toda a gente tenha participado e dado dicas”, é uma música e vídeo feito por docentes e alunos da ESTA. “Nesta música participam exclusivamente alunos, docentes e funcionários da Escola. É um projeto todo desenvolvido pela equipa da ESTA”, sendo que nos instrumentos musicais participam professores e funcionários e as vozes são dos alunos. Para além da música, foi feito

também um vídeo. Questionado se a pandemia veio atrasar o processo, Hélder Pestana referiu que “sim e não”. “Este tema já está gravado em estúdio desde dezembro. Foi apresentado na sessão pública comemorativa dos 20 anos da Escola, em outubro do ano passado, e foi aí que ficou a promessa de gravar o tema”, esclareceu. Entretanto, “surgiu um estúdio em Abrantes, o BeatMix, que disponibilizou as suas instalações e os seus técnicos e ajudaram-nos a gravar. Mas fazia todo o sentido lançar o tema com um videoclipe e o plano era fazer a gravação no início deste ano mas a pandemia veio complicar um bocadinho isso e só foi possível terminar agora”. Hélder Pestana desvendou que as imagens foram todas gravadas em Abrantes, “com muito boa vontade de todos os participantes da música. Claro que a nossa ideia era poder envolver muito mais pessoas mas, devido às restrições de segurança”, participaram apenas as pessoas diretamente envolvidas no tema. As gravações tiveram lugar, essencialmente, no centro histórico da cidade “e uma parte na estação de comboios”. “Tentámos que a música representasse não só a Escola como também Abrantes”, concluiu Hélder Pestana.

OPINIÃO /

Entre as brechas da calçada encontrei o meu caminho. Por entre as pedras assinadas, encontrei o meu desígnio. Orgulhosos no passado, Construímos tradições Empenhados no futuro, Celebramos novas histórias E ensinamos gerações Tua sigla sei de cor, tua insígnia está gravada, por entre a capa, já traçada … … caminho na noite perfeita! É a circunstância da vida: «Chegar, crescer e vencer»! Fazer amizades p’ra vida, sou da ESTA até morrer! 20 anos uma História, cheia de lições! 20 anos de memórias unem corações! É a luz que nos recebe, neste ambiente em festa serás sempre a nossa casa, serás sempre a nossa ESTA! Azul da cruz, símbolo para vencer! Azul da luz, sou da ESTA até morrer! Azul da cruz, símbolo para crescer! Azul da luz, sou da ESTA até morrer! Tua sigla sei de cor, tua insígnia está gravada, por entre a capa, já traçada … … caminho na noite perfeita! É a circunstância da vida: «Chegar, crescer e vencer»! Fazer amizades p’ra vida, sou da ESTA até morrer! ver e ouvir no Youtube procurar por: insignia+abrantes

//Nuno Alves //MESTRE EM RELAÇÕES INTERNACIONAIS //nmalves@sapo.pt

C

ontinua a ser quase inacreditável a rapidez com que a pandemia modificou o contexto em que as nossas vidas, seja em que parte do mundo for, sempre se desenrolou. Há nove meses ninguém fazia ideia que uma epidemia global estava para vir. Há seis meses, o fenómeno ainda era quase exclusivamente asiático, sem que isso perturbasse muito a vida de quem vivia no hemisfério ocidental. Mas em poucas semanas, o novo coronavírus consumou-se no maior fator disruptivo social numa escala global de que há memória nas últimas décadas. Provocou a queda das maiores economias mundiais, levou os sistemas de saúde pública mais avançados à beira do colapso, alterou profundamente as relações internacionais e conduziu a uma novo estado económico: a economia digital veio finalmente para ficar. A economia faz-se agora à distância de um click, o ensino funciona à distância, o teletrabalho passou a ser um modus operandi para muitas empresas e mesmo as crianças nascidas durante a pandemia fazem agora parte da nova Geração C. Infelizmente, o mundo não estava preparado para a mudança, mas mais grave que isso, tem sido a dificuldade com que muitos governos têm gerido as mudanças em curso. Presos à velha forma de pensar, muitos governos continuam focados num dilema constante que assiste a política contemporânea: gerir a despesa pública, sempre com a dívida externa e o défice como prioridades da política macroeconómica, e garantir elevadas

Obediência ou revolta?

taxas de popularidade entre o eleitorado. Fruto disso, muitos governos ignoraram ou colocaram na gaveta as advertências da comunidade cientifica para a implementação de medidas de contenção da propagação do vírus substancialmente mais robustas. Agora, à medida que nos deparamos, de forma generalizada, com uma permanência elevada de casos, a opinião pública pressiona cada vez mais para o regresso à normalidade. Contudo, se há coisa em que os governos têm falhado consistentemente desde o fim do confinamento é em comunicar à sociedade que já não é possível voltar à “normalidade” que as pessoas conheciam. Em resultado disso, muitos grupos sociais, de natureza mais extremada, organizam-se agora para contestar qualquer restrição social imposta pelos governos. Em vários países são já conhecidos vários grupos anti-máscara, que utilizam a máscara como símbolo da insatisfação que representam em relação a temas substancialmente mais fraturantes para a sociedade. No fim de contas, uma coisa tão simples como o uso da máscara poderá ser na realidade a gota de água que poderá transbordar o copo da desilusão latente que se verifica, particularmente nas sociedades ocidentais. As próximas eleições legislativas em muitos países poderão ser determinantes.

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“Insígnia”

“Insígnia”


DESPORTO /

PR4-MAC-ROTA DA ORTIGA SUL Percurso

Património Natural

Enquadrada na Freguesia de Ortiga, a “Rota da Ortiga Sul”, permite um contacto com zonas agrícolas, zonas de pastagem e zonas piscatórias. Desenvolve-se contactando com duas ribeiras (Boas Eiras, a sul e Eiras, a norte) e o maior rio da península ibérica (Tejo, a sul), permitindo identificar as Três Províncias (Beira-Baixa, Ribatejo e Alentejo). É um percurso muito rico e diversificado. Com sensações inesquecíveis proporcionadas pelos ambientes ribeirinhos do Vale do Tejo. Pode deleitar-se com a diversidade natural e patrimonial, pode observar testemunhos da remota origem do Tejo, sua relação milenar com os povos que aqui se fixaram até à actualidade. Uma imersão de cheiros e sons da natureza proporcionada pelo grande rio Tejo. Poderá ver um barco picareto ainda teimosamente pronto a navegar, cruzar-se com gentes da pesca e sentir a relevância de um rio que urge proteger. Adequada para praticantes de BTT, diversos pontos de água potável (fontes) disponíveis. Ao nível das acessibilidades principais, Ortiga é servida por duas paragens ferroviárias (Apeadeiro Ortiga e Apeadeiro Barragem Belver, ambos na linha da Beira Baixa) e pela A23 (Nó Ortiga-Mação).

No percurso desta rota podemos observar bonitos ecossistemas ripícolas compostos espécies arbóreas como o freixo, amieiro, choupo-negro, salgueiros, sanguinho de água, sabugueiro entre muitas outras espécies. Pelos campos podemos encontrar muitas espécies interessantes que em tempos compunham bonitos habitats mediterrânicos. Além do sobreiro e da azinheira encontramos espécies como a aroeira, a cornalheira, o aderno-bastardo, a tamagueira. Entre muitas espécies pode encontrar várias espécies de orquídeas europeias, assim como outra raridade o lírio-amarelo-dos-montes mais precisamente um Iris xiphium e o mais interessante é que se trata da subespécie lusitanica. Ao percorrer estes campos também as oliveiras milenares não vão passar despercebidas. A fauna aqui é riquíssima desde lontras, à gineta há muito que ver basta um pouco de atenção, aqui poderá encontrar um grande número de aves umas mais raras como a águia-pesqueira, entre outras mais comuns como o abelharuco, o guarda rios, o papa gigos, a poupa, o maçarico das rochas, entre muitas outras. De realçar que nesta região pode encontrar cinco espécies

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5002- Praça Dr. João Oliveira Casquilho GPS - N 39 29.059 W 008 01.222 25 Waypoints Existem PR2.1-MAC-Variante do Caldeirão das Bruxas (1,06 Km) - Ramal do Balneário Romano de Vale de Junco (0,64 Km) Percurso circular, que percorre a parte sul da freguesia de Ortiga. Cada caminhante, desenha o seu percurso. Existe a variante do Caldeirão das Bruxas. Os pontos recomendados são: / Miradouro da Igreja / Moinhos do Lercas / Mina de Água do Ti Antero / Anta da Foz do Rio Frio / Pesqueiras do Tejo / Azenha do Mouco / Miradouro 360 Boavista / Parque Merendas da Boavista / Lagoas do Tejo / Praia Fluvial de Ortiga / Miradouro da Cova das Almas / Núcleo Museológico de Ortiga / GEOSSITIOS / GEOCACHING

diferentes de andorinhas. A andorinha-dáurica, andorinha-dos-beirais, andorinha-das-chaminés, andorinha-das-rochas e a andorinha-das-barreiras. Mas esteja atento pois por aqui pode ainda ser surpreendido pelo grifo ou mesmo a cegonha negra. Pela noite a dentro pode ser surpreendido pelo bufo-real, ou por outras espécies como a coruja do mato, a coruja das torres, o mocho galego, o noitibó cinzento ou o noitibó de nuca vermelha. São centenas as espécies de flores que se podem encontrar neste território, flores que atraem vários polinizadores entre eles podemos referir a borboleta-carnaval que é atraída pela “erva-bicha”. Dentro de água peixes como o barbo, a boga, a fataça e observar bonitas “florestas aquáticas” compostas de plantas aquáticas do género Potamogeton entre outras. No que diz respeito à geodiversidade destacam-se vários pontos de observação de dobras ou dos terraços antigos da origem da formação do rio Tejo. De grande relevância é o afloramento de rochas que em alguns pontos deste percurso podem ter cerca de 650 milhões de anos, sendo provavelmente as mais antigas de todo o Concelho de Mação, integradas na Zona Ossa Morena. Não deixe de observar também os bonitos meandros na ribeira de Boas Eiras, junto ao Poço do Pombal.

Património Cultural Este percurso é muito rico em património, desde a Pré-História à Idade Moderna. Nele se pode observar as ruínas do Balneário de Vale de Junco, que testemunham

a intensa exploração deste território em época romana, associada à exploração agrícola do Vale do Tejo, mas também à riqueza da exploração de minério nas serras de Mação. Na Ribeira de Boas Eiras, situado na Zona conhecida por Poço do Pombal, está moinho do Lercas, local de transformação dos grãos do trigo, milho ou centeio em farinha, de roda horizontal, Junto ao Moinho pode observar a Mina do Ti Antero, aproveitamento sábio do povo de um fenómeno geológico para ter água. Neste percurso poderá deleitar-se com a Anta da Foz do Rio frio. Monumento. Com uma ampla câmara e um corredor pavimentado com lajes, este monumento terá sido construído há cerca de 6.000 anos, tendo sido reutilizado, pelo menos, até há cerca de 4.000 anos. Ao longo do Tejo, a dado momento, pontuam as margens as famosas e seculares pesqueiras da Ortiga. Construções visando a pesca com assento na margem do rio Tejo. Sem obstaculizar a circulação dos barcos no rio estes empreendimentos visavam criar condições, na veia de água do rio, que promovessem a formação de uma corrente de água contrária à do veio central por forma a atrair as espécies piscícolas que no seu natural processo de arribação, visando alcançar as zonas nobres de desova procuravam evitar a forte corrente do veio central do rio e encontrando uma corrente mansa e favorável logo a aproveitavam. Na margem direita do Tejo, desde a foz do Rio Frio à barragem de Belver, pese os seus diferentes estados de conservação identificamos, ainda hoje, 22 pesqueiras.


PATRIMÓNIO / NOMES COM HISTÓRIA / Grupo

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O chafariz

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//Teresa Aparício

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corre água para um chafariz onde bebem as cavalgaduras e outros animais e daqui vai para um tanque, cuja água serve para usos que demandam água menos pura e limpa. Os habitantes fazem geralmente uso para beber da água de três fontes conhecidas pelos nomes de S. José, Aipo e Quente. As suas qualidades são excelentes, mas ficam a cerca de 800 metros da vila. Para outros usos domésticos servem.se da água das muitas cisternas que há pelas casas particulares. José Vieira, no seu blog, refere uma crendice, um tanto estranha, relacionada com a utilidade desta água: dizia-se que devido à baba deixada pelos cavalos que ali iam beber, as suas águas tinham a propriedade de curar as inflamações e secreções dos olhos (remelas). A água sobrante ia regar a quinta anexa que era verde, fresca e cheia de passarinhos. Ainda nas primeiras décadas do século XX, era hábito os rapazes da Abrantes irem para lá caçá-los para depois transformarem em saborosos petiscos. Até à passada década de cinquenta, os animais que utilizavam este chafariz ( cavalos, mulas, machos, burros etc) eram imprescindíveis na vida das populações, sobretudo nos transportes e nos trabalhos agrícolas. Era às povoações maiores que os habitantes do meio rural vinham às feiras e mercados comprar aquilo de que necessitavam para a vida do dia-a-dia e dado que, sobretudo em certos dias, havia muito movimento, essas cidades e vilas antigas, como é o caso de Abrantes, tinham, quase sempre à entrada, um chafariz onde muitas vezes vindos de longas caminhadas, pessoas e animais se podiam refrescar e descansar. Eram portanto locais de referência, com movimento e anima-

ção e o nosso chafariz não era excepção. E para os habitantes de Abrantes também era importante. Nas traseiras, na Quinta do Chafariz, situou-se durante muitos anos o Matadouro Municipal, sítio óptimo para este fim, dada a abundância de águas para as lavagens que o local requeria. A partir de 1860, o matadouro deslocou-se para as suas novas instalações, no local onde está hoje o Edifício Pirâmide. Também ali perto, no local onde está hoje a Casa Chinesa, situaram-se durante muitos anos as cavalariças pertencentes a João Gualter e depois ao filho Ramiro Gualter e o local não foi certamente escolhido por acaso. Algumas pessoas mais velhas ainda se recordam das suas galeras puxadas por animais, que faziam a ligação com o caminho-de-ferro, transportando pessoas e mercadorias. Mais tarde, quando os transportes motorizados começaram a vulgarizar-se, Ramiro Gualter, como bom empresário que era, rapidamente se adaptou, substituindo as galeras por carrinhas de transporte e foi dele o primeiro táxi existente em Abrantes. A partir dos anos cinquenta e sessenta, os animais nos campos e cidades começaram a rarear, o chafariz perdeu a sua função, transformou-se numa pálida sombra do que foi outrora e hoje apenas um pequeno tanque e uma data assinalam o local.

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Na zona sul/poente da cidade existe um topónimo bastante antigo e conhecido pela população local e que engloba uma área bastante abrangente: o Largo do Chafariz, a Rua do Chafariz, a Barroca do Chafariz e uma urbanização mais recente conhecida por Tapada do Chafariz. Como é óbvio o nome está relacionado com a existência na proximidade de um chafariz que em tempos não muito distantes (as pessoas mais velhas ainda assim o recordam) era constituído por uma fonte com duas bicas de onde corria água em abundância e um tanque onde bebiam os animais. Dele resta hoje apenas um pequeno tanque encostado a uma parede branca com uma data – 1867 - que não é a data da construção inicial mas sim de um arranjo ou reconstrução. O topónimo e consequentemente a fonte que o originou, segundo Eduardo Campos, surge pela primeira vez num registo de 1611 (…baroqua que está ao chafariz…) Em documentos camarários posteriores surgem a ele referências relativas a reparações e arranjos vários: - Em 1804, a Câmara aprovou por unanimidade que se fizesse com brevidade o conserto da Barroca do Chafariz e do próprio chafariz. Passados dois anos, em 1806, a Câmara inaugurou a nova fonte, também conhecida por fonte de Nossa Senhora da Assunção, para o que foi escolhido o dia 15 de Agosto, dia da sua padroeira. - Em 1817, a Câmara resolveu concluir as obras de ampliação do chafariz ou fonte de Nossa Senhora da Assunção. - Em 1867, a Câmara mandou construir mais um tanque no chafariz, encostado ao pano da muralha, para o que teve de pedir permissão ao Ministério da Guerra. Próximo encontrava-se uma das portas da então vila de Abrantes, conhecida por Porta da Chafariz, demolida em 1885, também com a autorização do mesmo ministério, com o fim de alargar no local a estrada Abrantes / Constância. Manuel António Morato na “Memória Histórica da Notável Vila de Abrantes”, em 1860, descreve com algum pormenor este velho chafariz: Dentro desta vila não há fonte alguma, apenas na extremidade sul há uma fonte com duas bicas, mas tão salobra que a água não se pode beber, nem dá para cozer legumes, nem serve para lavar com sabão, mas dizem que é excelente par tinturaria e para amassar pão. Destas bicas

Consultas: - Campos, Eduardo, Toponímia Abrantina, ed. C.M.A, 1989 - Campos, Eduardo, Cronologia de Abrantes no século XIX, ed. C.M.A, 2005 - Morato, Manuel António, Mota, João V. Fonseca, Memória Histórica da Notável Vila de Abrantes, C.M.A., 1981

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SAÚDE / CHMT retoma visitas a doentes internados

/ Paula Gil / Enfermeira, Unidade de Saúde Pública do ACES Médio Tejo

Usar MÁSCARA uma nova realidade na vida quotidiana!

Novas regras para os visitantes

Comece por identificar qual o lado interno e externo da máscara. Nas mascaras descartáveis (conhecidas como cirúrgicas), o lado branco é o lado interno e o de cor mais intensa, o lado externo. Uma regra simples e aplicável à maioria das máscaras é verificar se as pregas estão viradas para baixo, ficando o arame em cima.

Outras regras essências de utilização são: 1. Lavar as mãos, com água e sabão ou desinfetante alcoólico, ANTES de colocar a máscara e ANTES DE A RETIRAR do rosto; 2. Usar os elásticos de orelha ou atilhos laterais na colocação e remoção da máscara - não mexa na frente da máscara! 3. Ajuste cuidadosamente a máscara ao rosto, cobrindo a boca, o nariz e o queixo; (verifique se não há espaços entre a máscara e a cara); 4. NÃO tocar na máscara enquanto a usa. Se necessita ajustá-la deve higienizar as mãos de imediato;

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5. Substitua a máscara por uma nova assim que estiver húmida ou ao fim de 4h de uso. Nas máscaras descartáveis, deite-as fora num caixote do lixo fechado. Nas máscaras têxteis reutilizáveis, guarde-as para lavagem, em saco fechado, seguindo as indicações do fabricante; 6. No transporte da máscara, deve guarda-la em involucro fechado, respirável, limpo e seco. Lembre-se que a máscara é para uso individual (não para partilhar com outros familiares ou amigos). A transmissão do Covid19 ocorre principalmente por contacto direto, através da “disseminação de gotículas respiratórias, produzidas quando uma pessoa infetada tosse, espirra ou fala, que podem ser inaladas ou pousar na boca, nariz ou olhos de pessoas que estão próximas (< 2 metros). Ou por contacto indireto: contacto das mãos com uma superfície ou objeto contaminado com SARS-CoV-2 e, em seguida, com a boca, nariz ou olhos.” (DGS) Desta forma, lembre-se que o uso de máscara é uma medida de proteção adicional e sempre UM COMPLEMENTO de outras medidas fundamentais como o DISTANCIAMENTO SOCIAL E A HIGIENE DAS MÃOS.

Os visitantes devem utilizar preferencialmente as escadas, sempre que possível; se utilizarem os elevadores devem entrar nos destinados a visitas. Devem circular pelo lado direito dos corredores e respeitar a sinalética hospitalar. Utilizar máscara cirúrgica durante todo o período de permanência no Hospital/ Serviço, respeitar regras de etiqueta respiratória e higienizar as mãos. Os visitantes devem, também, manter distância de segurança do seu familiar, manter distância dos outros doentes e profissionais e cumprir todas as recomendações de vigilantes e profissionais de Saúde, de forma a garantir a segurança de todos. Os visitantes não devem levar objetos pessoais, alimentos ou outros, para entregar ao doente. Não devem visitar outros doentes ou circular livremente pela enfermaria. Os visitantes não devem utilizar instalações sanitárias na enfermaria, exceto em situações autorizadas pelos profissionais de saúde e após garantia de condições de higienização antes e depois da utilização. PUBLICIDADE

A máscara faz parte dos equipamentos de proteção individual e é uma medida de prevenção da Covi19 importante, mas ADICIONAL ao distanciamento social, à higiene das mãos e à etiqueta respiratória. É uma barreira física, impedindo que as gotículas expelidas pelo nariz e boca “atinjam” outras pessoas, se espalhem pelo ambiente e infetem pessoas e superfícies. A utilização de máscara permite que o utilizador proteja as pessoas que o rodeiam e o ambiente. Em Portugal, a Direção Geral da saúde recomenda o uso de máscara em locais públicos fechados ou quando não é possível garantir a distância social de segurança, como Princípio da Precaução em Saúde Pública. São exemplo os estabelecimentos comerciais, supermercados, farmácias e outros serviços de atendimento ao público, os estabelecimentos de ensino e creches, os utilizadores de transportes públicos, entre outros. No uso de máscara há pequenos aspetos práticos que podem fazer a diferença na prevenção da Covid19. A Não contaminação da máscara que usamos deve ser uma preocupação, pois aumenta o risco de contrair o vírus. O uso incorreto pode tornar esta medida de prevenção ineficaz. Por isso, não chega ter uma e colocá-la na face, retirá-la quando já não é precisa, pousando aqui e ali ou, guardá-la até à próxima vez em qualquer sitio! O uso de máscara requer vários cuidados antes de a colocar, durante o seu uso e quando a retiramos. Regras simples, mas que aumentam a eficácia na proteção e prevenção do vírus. Este conhecimento que pode fazer a diferença mais ou menos riscos!

As visitas a doentes internados no Centro Hospitalar do Médio Tejo foram retomadas no dia 15 de agosto. Uma retoma que se efetuou de acordo com as regras estipuladas, no âmbito do Plano de Contingência à Covid 19, implementadas no CHMT. Os visitantes têm que cumprir com todas as normas de segurança e higienização em vigor, nomeadamente cumprindo a higienização das mãos e a utilização de máscara cirúrgica. Ficam de fora desta retoma as áreas de prestação de cuidados dedicadas à COVID onde não serão permitidas visitas. Também nos Serviços de Urgência não são permitidos acompanhantes e visitas, exceto em situações muito excecionais e devidamente autorizadas pela Direção de Serviço ou Responsável pela equipa de enfermagem. Aos Serviços com especificidades próprias, como os Cuidados Intensivos, Obstetrícia, Pediatria, entre outros, serão emitidas orientações específicas. De acordo com a orientação da retoma de visitas, é permitida uma visita diária por doente internado, com duração máxima de 30 minutos. As visitas estão sujeitas a horário fixo, pré-definido consoante o quarto de internamento e o número da respetiva cama. As visitas têm início nos seguintes horários: 14h30, 15h30, 16h30 e 17h30, todos os dias da semana, incluindo fins-de-semana. Ainda no âmbito do Plano de Contingência à Covi-19 só são permitidas visitas de maiores de 18 anos. Os visitantes devem, a todo o tempo, garantir o distanciamento necessário com os doentes a visitar, de acordo com as instruções transmitidas pela equipa de saúde; Os utentes internados em quartos individuais, poderão receber a visita entre as 14h30 e as 18h00, mantendo-se a duração máxima de 30 minutos; No final de cada visita, o quarto será devidamente higienizado e arejado.


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Setembro 2020 / JORNAL DE ABRANTES

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