Megaphone Cultural #31

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Megaph Cultne ural

Fernando Pineccio/Megaphone

Ano V – Nº 31 – Edição Quinzenal |

Evento acontece no dia 11. Acima, o vocalista Romeu, da Noizzy, vencedora da edição 2013 do festival

2 de julho de 2015

EXCLUSIVO Com programação enxuta, Festival de Inverno de Itapira acontece em agosto, em novo local

​Sergio Kanazawa

Distribuição Gratuita

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Dez bandas concorrem no Festival de Rock de Itapira

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Parque Juca Mulato, na região central de Itapira, abriga no dia 11 de julho a quinta edição do Festival de Bandas de Rock. O evento vai reunir 10 bandas em competição pelos primeiros três lugares na avaliação de um corpo de jurados, que serão responsáveis por julgar as melhores músicas autorais apresentadas pelos músicos. As inscrições ocorreram entre os dias 1º e 26 de junho. Até ontem, a Secretaria Municipal de Cultura e Turismo havia contabilizado perto de 30 participações, mas o número ainda não estava fechado, pois algumas adesões ainda podiam chegar via Correios. Segundo o secretário municipal de Cultura e Tu-

rismo, Marcelo Dragone Iamarino, até o final da semana os mesmos jurados que atuarão no evento deverão fazer a seleção das 10 bandas que disputarão os prêmios de R$ 1 mil, R$ 600,00 e R$ 300,00 oferecidos para o primeiro, segundo e terceiro lugar, respectivamente. “Como algumas pessoas fazem a inscrição pelos Correios nos último dia, é possível que ainda cheguem algumas fichas com o material. Até o final da semana faremos a divulgação das bandas selecionadas”, comentou. O corpo de jurados também estava sendo definido e não foi divulgado até o fechamento desta edição. No dia do Festival, cada banda apresentará duas

músicas, sendo uma já consagrada junto ao público, para aquecimento, e a segunda, de autoria própria, para julgamento. As obras concorrentes serão avaliadas a partir dos seguintes quesitos: letra da música, melodia (instrumentação e arranjos) e interpretação (voz, afinação, ritmo, desempenho de palco e receptividade do público). O objetivo do concurso é difundir e valorizar a arte musical, promovendo o intercâmbio artístico-cultural entre as bandas locais e regionais, além de incentivar a criatividade musical e a revelação de talentos ligados ao gênero abordado pelo evento. O evento tem início previsto para 16h00, com entrada franca.


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Editorial

Diferenças nada sutis

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Circuito Cultural Paulista promoveu, em 19 de junho, atividades em duas cidades da região inscritas no programa da Secretaria de Estado da Cultura: Itapira e Mogi Guaçu. Em cada um dos municípios foram ofertados espetáculos de grande qualidade artística, com entrada franca. As semelhanças, porém, param por aí. Em Itapira, o evento foi abrigado no CEU (Centro de Artes e Esportes Unificados), no Istor Luppi, região periférica da cidade. Em Mogi Guaçu, as atividades aconteceram no Teatro Tupec do Centro Cultural. Em Itapira, o espaço recebeu o espetáculo ‘Malagueta’, da Magesto Cia de Dança. Mogi Guaçu contou com ‘Chuva Constante’, peça teatral com os atores Malvino Salvador e Augusto Zacchi. Em Itapira, seguindo uma triste tendência, mais uma vez o espetáculo atraiu um público muito pequeno que

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por Marina Risther Razzo

nquanto fitava aqueles olhos, hoje já cheios de rugas e marcas de uma pessoa que viveu tanto alegrias quanto sofrimentos, era da garota cheia de vida que tanto amor lhe deu durante muito tempo de quem ele se lembrava. Fora há tantos anos, mas a memória ainda era vívida como se tudo tivesse ocorrido ainda ontem, e as sensações e sentimentos que cada momento o causaram ainda corriam por sua pele. A impressão que ele tinha era de que Nina nunca deixou de estar presente, nem mesmo quando ele sabia que a jovem babá não estava mais lá. Era como se a presença dela continuasse refletindo, como as estrelas que mesmo depois de mortas ainda nos agraciam com sua presença. Na realidade, Nina esteve presente, se não em toda sua vida, ao menos durante toda sua infância. Quando Harry abriu os olhos pela primeira vez, não foi o rosto de sua mãe que ele viu. Foi o de uma menina, que apesar de aparentar ter pouca idade, carregava em seu semblante a sabedoria dos velhos que já possuem muita história pra contar. Nina não tinha mais que 16 anos quando entrou pra família de Harry. Era jovem, sim, mas a vida já lhe havia oferecido mais sofrimento do que uma pessoa costuma sentir durante toda uma existência. Aquela família então, que estava prestes a ter seu primeiro filho, trouxe-a para o primeiro lugar que Nina pôde chamar de lar. Quando Harry nasceu, logo um se tornou essencial na vida do outro. Bastava tirarem Harry de perto de Nina que este chorava como se o estivessem torturando e era apenas ao voltar para o quente e confortável colo de sua babá que o choro cessava. Nina, por outro lado, sentia como se tirassem parte integrante de seu corpo, como se Harry já fosse dela e apenas dela. O menino Harry, quando já possuía mais idade, via em Nina a pessoa em quem devia se espelhar. Queria ser sábio como Nina, responsável como Nina, sereno como Nina. Ela era seu mundo, o alicerce em que se apoiava para tudo. Conforme ambos envelheciam, a relação entre eles se tornava mais forte, o elo mais inquebrantável. Nina passou a dividir com Harry seus segredos, medos e angústias e Harry, que sempre contou com Nina para dividir tudo, passou a ter maturidade suficiente para também se tornar ouvinte. Eram mais do que irmãos, mais do que amigos. Suas almas haviam se interligado e se tornado uma só, e o amor que um sentia pelo outro não poderia ser definido nem pelo mais inspirado dos poetas.

acompanhou a encenação na íntegra. Já Mogi Guaçu, que em eventos do gênero também não tem registrado adesões em massa, viu um Tupec lotado para conferir a performance dos atores famosos. A conclusão é obvia. O grande público não está interessado em qualidade artística, fomento cultural, absorção de conteúdo e entretenimento familiar. O fato de o teatro ter sido a opção preferida de quase 558 pessoas (lotação máxima) em Mogi Guaçu não está no interesse pelas constantes atividades ofertadas gratuitamente pelo Circuito Cultural Paulista, e sim na presença dos artistas de renome, com trabalhos na TV e no cinema nacional. O que, obviamente, não torna ilegítima a presença de grande público – muitos deles, acreditemos, atraídos também pela própria peça em si, mas deixa muito claro que a formação de público ainda está longe de ser uma realidade, principalmente quando se trata de dança

e artes cênicas. Por outro lado, é preciso fortalecer a divulgação. As prefeituras que atuam em parceria com o Estado e recebem gratuitamente as atividades têm, como contrapartida, a responsabilidade de ofertar estrutura e divulgar os eventos. Divulgação que, no caso de Itapira, fica praticamente restrita aos canais online da administração. Pouco se vê – ou quase nunca se vê – materiais gráficos espalhados pela cidade informando sobre os eventos. E, quase sempre o resultado é certo: baixo público. Trabalhar em parcerias com escolas municipais e estaduais, talvez, seja um bom começo. Convidar entidades e oferecer auxílio no transporte para os deslocamentos até os palcos também é algo a ser pensado. Do contrário, só teremos um bom público a noticiar quando, vez ou outra, pintar algum famoso na programação. A coluna ‘Outra História Por Favor’ é publicada no Megaphone Cultural pelo Clube do Livro ‘Outra Xícara Por Favor’ com periodicidade mensal. Contato outraxicaraporfavor@hotmail.com

Inalcançável até para os poetas! Mas veio a crise, e os pais de Harry - que sempre consideraram Nina como um membro da família, tiveram que vender tudo e ir embora pra uma cidade distante. Não tiveram condições de levar Nina com eles, e ela, não mais aquela jovem menina que um dia entrara pela porta da família de Harry, se viu sozinha e tendo que encontrar outro emprego. O que mais doía no coração de Nina era saber que não veria mais o rosto de seu pequeno Harry, agora cheio de espinhas e com alguns fios de uma futura barba nascendo. Nina passou uma noite inteira chorando sem parar abraçada ao cobertor do bebê Harry. Não havia nada que pudesse consolar o seu coração, mas Nina sabia que em algum momento teria que seguir em frente e viver com a ausência da pessoa que mais amava. Durante anos Nina e Harry trocaram cartas todas as semanas. Não falhava nunca. Todas as terças-feiras o carteiro batia na porta de Nina e era recebido com um sorriso abobalhado no rosto. Ela, agora uma enfermeira com uma carreira promissora, se sentava numa velha poltrona da sala e lia a carta de seu Harry. Era comum terminar a carta às lágrimas, num misto de saudade, emoção e felicidade. Ele estava bem, cursava medicina, havia começado a namorar. Tudo ia bem na vida de ambos, exceto aquela ausência que os rodeava, que jamais deixara de doer. Um belo dia, abruptamente as cartas cessaram de chegar. Quando numa terça-feira ensolarada de primavera o carteiro não bateu na porta de Nina, o coração dela já começou a sofrer. E passaram-se todas as outras terças-feiras sem que uma só carta chegasse. Assim como em toda história de vida, ambos tiveram suas alegrias, suas conquistas, mas, como seria inevitável deixar de ocorrer, ambos tiveram suas doses de sofrimento e suas perdas. Viveram amores, tiveram seus corações feridos, amadureceram, se sentiram sozinhos e desamparados, aprenderam muito, esqueceram muitos fatos e pessoas, mas nunca, sequer por um segundo, um se esqueceu do outro. Os pais de Harry, que já haviam partido desta vida há algum tempo, eram, ao mesmo tempo que gratos por tanto amor que Nina dedicou a

seu filho, como também um pouco enciumados. Nunca entenderam por completo a devoção da relação dos dois. Nunca entenderam aquele elo, quase místico, que envolvia as duas almas. Antes de falecer, quando já estava quase completamente tomada por um câncer violento, a mãe de Harry decidiu tentar encontrar a babá. Não foi difícil. O antigo endereço em que Nina residia já não existia mais. A velha e humilde casa havia sido demolida para a construção da filial de uma enorme franquia de farmácias, mas Nina, considerada a melhor e mais querida enfermeira da região, era conhecida por toda a vizinhança. Ao encontrá-la, a mãe de Harry se deu conta do quanto sentiu sua falta. Mesmo tantos anos já tendo se passado, ela seria capaz de reconhecer a babá num piscar de olhos: esta ainda possuía a mesma doçura no olhar, e o sorriso mais sincero que já se viu. Ambas abraçaram-se e inevitavelmente muitas lágrimas caíram ao chão. Depois dos cumprimentos tradicionais de pessoas que passaram anos sem se ver e estão cheias de saudades, Nina não conseguiu esperar um segundo a mais para perguntar sobre seu Harry. A expressão não muito boa da mulher traiu que algo de ruim havia ocorrido. "Ele foi convocado para a guerra, por isso foi obrigado a parar de te escrever. Não teve coragem de lhe contar, tinha medo do quanto isso te faria sofrer." "Mas eu sofri, senhora, sofri por achar que meu pequeno havia me esquecido, ou por achar que havia nos deixado para sempre. Sofri não apenas de saudade e preocupação, mas por simplesmente não entender o que havia acontecido." "Eu sei, minha querida, eu sei. E acredite, o Harry também sabe que essa não foi a atitude mais correta a ser tomada." Nina, atenta ao fato de que a mulher se referiu a Harry no presente, deixou seu coração se encher de esperança. "Mas como ele está agora?" Rapidamente os olhos da mãe de Harry se encheram de lágrimas e transpareceram uma tristeza que só os olhos de uma mãe são capazes de transmitir. "Ele sofreu, minha filha. Harry sofreu. Perdeu o amor de sua vida, perdeu uma

perna e mais ainda, perdeu a capacidade de sorrir e de amar. A guerra o endureceu, foi isso que aconteceu. Ela tirou tudo que havia de bom no meu filho e transformou em memórias tristes e cruéis, que são capazes de levar o melhor dos homens à loucura." Nina quis cair em prantos, mas em respeito a uma mãe que tanto sofria por seu filho, que mesmo na iminência da morte se preocupava mais com Harry do que com si própria, Nina se conteve. Mas, cada centímetro de seu coração doía, queimava. Ao se recordar daquele bebê que ela tanto amou e tentar imaginar um homem amargo e incapaz de amar, Nina perdia toda a positividade que enxergava no mundo. Era como se tudo estivesse encoberto pelas trevas e não houvesse um só fiapo de alegria em qualquer lugar. Um mundo que foi capaz de tornar a mais cativante e amorosa das crianças num adulto miserável e cheio de rancor, não era um mundo em que se valia a pena viver. Não para Nina. "Eu gostaria de vê-lo senhora, se isso for possível". "É possível sim, minha querida, mas temo que tudo deva ocorrer ao tempo de Harry. Ele deve vir até você, na hora em que se achar pronto para encará-la. E já lhe deixo de sobreaviso: Harry perdeu aquela ternura tão visível em tempos de outrora. Farei o seguinte, deixarei seu endereço com ele, e no dia em que ele desejar, com certeza virá procurá-la". Após uma triste despedida, com ambas tendo consciência de que jamais se veriam novamente, Nina retomou sua vida e a mãe de Harry foi se preparar para morrer. O último desejo desta foi suplicar para que seu filho procurasse novamente sua eterna babá. Ela possuía esperanças de que o amor tão inexplicável entre eles talvez devolvesse a Harry um pouco de sua vontade de viver. Desde então, Nina passou a esperar, não sem certa ansiedade, o dia em que veria Harry. Mesmo sabendo que o jovem que ela havia conhecido havia morrido na guerra, Nina jamais deixaria de amar Harry, estando ele em sua versão amarga, ou não. Alguns anos se passaram, e então meus caros, voltamos para o início desta história. Quando Harry finalmente decidiu ir procurar Nina, seu coração

endurecido não sabia exatamente o que esperar de tal encontro. Havia sim, certa expectativa, pois a única lembrança feliz que a guerra não havia conseguido lhe roubar por completo, era a de seu amor por Nina. Harry estava sentado impaciente no banco da praça que ficava próxima ao hospital onde Nina trabalhava. Havia acomodado suas muletas num canto, ajeitado o colarinho da camisa, e olhando no relógio a cada trinta segundos, aguardava o momento em que a babá apareceria. O que mais lhe deixava apreensivo era sequer saber se ela realmente compareceria ao encontro. Havia lhe escrito de forma sucinta, um tanto quanto seca, para que lhe encontrasse no local determinado e a babá não respondeu. Com cinco minutos de atraso, que foram suficientes pra deixar Harry angustiado, Nina apareceu. Usava a roupa de enfermeira, um pouco larga para ela, evidenciando que havia perdido peso nos últimos meses. Bastou os olhos de ambos se encontrarem que um turbilhão de sentimentos, todos tão intensos e sinceros, invadiu Harry de uma forma que ele não acreditava mais ser possível ocorrer. Seu coração acelerou, e sem se dar conta, uma lágrima solitária correu pelo canto de seu rosto. As rugas, as marcas do tempo, não haviam apagado a Nina de antigamente. Ele ainda enxergava aquela menina que viu quando abriu os olhos pela primeira vez. Ainda via a pessoa que lhe alimentou, lhe deu banho, lhe vestiu, lhe aconselhou e que acima de tudo lhe amou mais do que jamais havia sido amado. Nina, arrebatada pelas mesmas intensas emoções, chorou e sorriu, tudo ao mesmo tempo. Não sabia se devia abraçar Harry ou não. Não sabia como seria recebida. Mas sentou ao lado dele, e no silêncio de um olhar lhe disse mais do que quaisquer palavras seriam capazes de dizer. Após os minutos necessários para que ambos se recompusessem e fossem capaz de pronunciar palavra, Harry quebrou o gelo e disse "Perdão!". Nina então pegou sua mão e levou ao peito e tudo que conseguiu dizer foi "Não me deixe novamente, nunca mais". E assim se sucedeu. Harry, já debilitado, com incontáveis problemas de saúde causados pela sua experiência na guerra, convidou Nina a ser sua enfermeira. Mas isso era apenas uma desculpa. O que importava era ter ela ali, sempre do seu lado, sem nunca mais sair. Na realidade, Nina também já não se encontrava com a melhor saúde, e no fim, um cuidou do outro, acalentando seus corações, acalmando suas almas e dividindo todas as experiências, as vividas e as por viver, assim como sempre fizeram.

Marina Risther Razzo, 25 anos, é advogada e uma das fundadoras do Clube do Livro ‘Outra Xícara por Favor’.

Expediente Megaphone Cultural Textos: Fernando Pineccio*

Impressão: Jornal Tribuna de Itapira

Vendas: Alexandre Battaglini (9.9836.4851)

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Projeto Gráfico: Cássio Rottuli (9.9946.9027) Cidade-sede: Itapira/SP

Circulação na Baixa Mogiana e Circuito das Águas imprensa@portalmegaphone.com.br

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onsiderada uma das maiores intérpretes da música brasileira, a cantora Zizi Possi será a convidada especial no concerto de encerramento do 4º Festimm (Festival de Inverno de Mogi Mirim). Ela se apresentará ao lado do pianista Jether Garotti Júnior e da Orquestra Sinfônica Lyra Mojimiriana no dia 10 de julho, a partir das 21h30, no Clube Mogiano. Neste ano, o Festimm acontece entre os dias 3 e 10 de julho, com diversas atrações. A programação envolve diversas apresentações musicais e oficinas culturais, com a maior parte das atividades abrigadas no Centro Cultural da cidade. Entre os destaques do cronograma está o concerto ‘Bolero de Ravel’, que abre o evento na sexta-feira (3), às 20h30. No dia seguinte acontece o ‘Beatles in Concert’ e, no domingo (5), tem o musical infantil que celebra os 30 anos da Lyra Mojimiriana. “O Festimm tem se consagrado pela qualidade musical e

Cantora marca presença do festival mogimiriano

pela nossa ousadia de trazer grandes músicos da música nacional e internacional para tocar em Moji Mirim com a nossa orquestra”, afirma o diretor artístico do Festimm, Carlos Lima, maestro da Lyra. No show de encerramento, dia 10, Zizi Possi apresentará repertório que reúne grandes sucessos acumulados em seus mais de 30 anos de carreira. Músicas como ‘Valsa Brasileira’, ‘Peramore’, ‘A Paz’ e ‘Tim-tim Por Tim-tim’, entre outras, deverão embalar o público durante o concerto. De acordo com a organização, as canções foram cuidadosamente selecionadas pela cantora e pelo maestro Carlos Lima, regente da Lyra Mojimiriana e arranjador de cinco músicas que serão executadas no espetáculo. “Nós tivemos o cuidado de

manter os arranjos originais do álbum ‘Peramore’, que é um dos de maior sucesso da Zizi Possi, mas também fizemos arranjos específicos para a formação de orquestra”, comenta o maestro. A própria Zizi Possi sente-se muito confortável em participar de um evento em que é solista convidada da Orquestra Lyra Mojimiriana. “Conheço a competência do maestro Carlos Lima e seu trabalho com regência de música popular com orquestra sinfônica. Terei a oportunidade de conhecer mais uma orquestra brasileira à frente de um grande maestro. Isso é bárbaro!”, declarou a cantora. INGRESOSS Os ingressos para os eventos do Festimm estão à venda na bilheteria do

Peça com Malvino Salvador lota teatro em Mogi Guaçu O Circuito Cultural Paulista encerrou as atividades do primeiro semestre nas mais de 100 cidades que recebem a programação no Estado. Em Itapira e em Mogi Guaçu, os eventos últimos eventos aconteceram no dia 19 de junho, no CEU (Centro de Artes e Esportes Unificados) do Istor Luppi e no Teatro Tupec do Centro Cultural, respectivamente. Em Mogi Guaçu, o drama policial ‘Chuva Constante’, encenado pelos atores Malvino Salvador e Augusto Zacchi, representou o recorde de público do programa na cidade, com praticamente todas as 558 poltronas ocupadas. A peça retrata os dois atores como amigos de infância que se tornam policiais. Baseado na obra do americano Keith Huff, o texto aborda questões éticas e morais no ambiente policial, além da amizade e dos conflitos entre os dois personagens. DIFERENTE Já em Itapira, o evento da vez foi o espetáculo de dança

Buriti Shopping tem atividades infantis nas férias Divulgação

Zizi Possi é atração no Festival de Inverno de Mogi Mirim

Centro Cultural de Moji Mirim. Os preços variam entre R$ 10,00 e R$ 30,00, com direito a meia-entrada para estudantes, pessoas acima de 60 anos e professores da rede pública. Especificamente para o show da Orquestra Lyra com a Zizi Possi, os ingressos terão valores diferenciados, girando entre R$ 100,00 e R$ 180,00, também com direito a meia-entrada, bem como desconto promocional de 25% para compras realizadas até o dia sete de julho. As compras podem ser feitas diretamente nas sedes do Clube Mogiano ou da Lyra Mojimiriana, ou pela internet, no site do Ingresso Rápido e sua rede autorizada. Mais informações e programação completa estão disponíveis no site www.festimm.com.br.

O Buriti Shopping, em Mogi Guaçu, confirmou a segunda edição do ‘Brinquedo Encantado’, atração que disponível no conglomerado comercial durante as férias de julho. A diversão está garantida para a criançada, com muitas brincadeiras interativas, música e surpresas. Na atração diferenciada, as histórias que antes eram contadas passam a ser cantadas, com muita alegria e interatividade. Com conceito lúdico, o ‘Brinquedo Encantado’ desperta a criatividade, amplia a imaginação e afetividade, além de promover a atenção e a memorização das crianças, resgatando as brincadeiras de infância por meio de bonecos, adereços e doces melodias que animam também os adultos. As apresentações gratuitas e com duração de 20 minutos acontecem todas as quintas, sábados e domingos. Para o dia 11 de

julho, às 19h00, está confirmada uma sessão especial do lançamento do segundo CD ‘Brinquedo Encantado’, com pipoca, sorteio de brindes, bexigas e painel de fotos com a apresentadora e cantora guaçuana Sandra Lima. A programação completa está disponível no s i te w w w. b u r i t i s h o p pingmogiguacu.com.br. O Buriti Shopping fica na Avenida Brasil com Avenida Francisco Franco de Godoy Bueno, na região central da cidade. Projetados como o mais importante centro de compras e de lazer da região, o espaço concentra, atualmente, 115 lojas, sendo 5 âncoras, além de praça de alimentação com 18 pontos e cinco salas de cinema.

PROGRAME-SE

André Pelegrino/Divulgação

Brinquedo Encantado Quintas-feiras (dias 2, 9, 16, 23 e 30/07): 19h30 Sábados e domingos (dias 4, 5, 11, 12, 18, 19, 25 e 26/07): 17h00 e 19h00.

Agenda dos melhores eventos de 03/07 a 29/08

AGENDAS PATROCINADAS PUBLIQUE SEUS EVENTOS: (19) 9.9836.4851)

Restaurante Pizzaria  Bar Balada & Eventos

AVENIDA JACAREÍ, 64 – ITAPIRA 03/07- Duo3 Acústico 04/07 - Super Over (Pearl Jam Tribute) + 70 & Tal 22/08 - Blaze Of Glory (Bon Jovi Cover) 29/08 - Festa do Patrão – Bandas Pearl Gabor, Rolling Pappers, 70 & Tal e Luciano Bola. DJs Kay Freitas, Lai, Guto Guimarães e Geoli.

O PROFETA PUB ROCK Telefone: (19) 9.8179-8114

Rua: Vereador João da Rocha Franco, 39 - Mogi Guaçu 03/07 - Gunser (Guns n’ Roses Cover) 04/07 - Honk Tonk Fever 10/07 - The Hicks 11/07 - Hellpoint (Slayer Cover) 17/07 - Projetos Engavetados 18/07 - Arraiá Mardito com Hellgrass + Roçabilly Brothers 25/07 - Jack Flash (Rolling Stones Cover)

Zacchi e Salvador em cena no Tupec: cassa cheia ‘Malagueta’, da Cia Magesto de Dança. O público, contudo, foi bastante pequeno, não ultrapassando a marca de 20 pessoas que acompanharam as atividades na íntegra. Apesar do baixo número de pessoas que acompanharam o espetáculo inteiro, o secretário municipal de Cultura e Turismo,

Marcelo Dragone Iamarino, estima que 120 pessoas passaram pelo espaço, formando o chamado “público circulante”. “Conversei com o pessoal do espetáculo e eles me falaram sobre essa rotatividade. A praça CEU é um local aberto, então acontece isso mesmo. Mas, o público que acompanhou

todo o evento é bem menor”, reconheceu. As atrações do Circuito Cultural Paulista são divulgadas bimestralmente. Os próximos eventos ainda não foram divulgados pela APAA (Associação Paulista Amigos da Arte), entidade responsável por executar o programa.

CASA DE SHOWS & EVENTOS Telefone: (19) 9.9792-7325 Rua Batista Venturine, 36 - Bairro Santa Fé - Itapira 04/07 - Pagode Vip – Grupo Presença e Satisfação Aí 08/08 - Valhala Metal Fest

PONTOS DE DISTRIBUIÇÃO O Jornal Megaphone Cultural circula quinzenalmente. A distribuição é gratuita e você pode retirar o seu exemplar em alguns postos fixos nas cidades de Itapira, Mogi Mirim e Mogi Guaçu: ITAPIRA

Banca Estação | Praça João Sarkis Filho – Centro Banca da Praça | Praça Bernardino de Campos – Centro Banca Santa Cruz | Rua da Saudade – Santa Cruz Banca Bela Vista | Praça da Bíblia - Santa Cruz Jazz Café |Rua José Bonifácio, 365 – Shopping Sarkis Mil Mídias |Rua 24 de Outubro, 166 - Centro Costa Maneira|Rua Alfredo Pujol, 190 - Centro Luli Padaria Caseira | Avenida Paoletti, 93 – Santa Cruz

MOGI MIRIM

Bancas do Sardinha | Praça Rui Barbosa (Centro) e Rua Pedro Botesi (Tucura) School Skate Store | Rua Padre Roque, 284 - Sala I - Centro Rogatte Tattoo Rua XV de Novembro, 133 - Centro

MOGI GUAÇU

Choperia Tradição | Avenida Luiz Gonzada de Amoedo Campos, 31 – Planalto Verde Riff Lord Stúdio | Rua Waldomiro Martini, 63 – Centro Disco Tem | Avenida Nove de Abril, 90 - Centro Banca da Capela |Praça da Capela - Capela

Quer ser um distribuidor? Entre em contato: (19) 9.9836.4851 ou contato@portalmegaphone.com.br


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Reduzido, Festival de Inverno de Itapira muda de local O Festival de Inverno de Itapira acontecerá em novo local neste ano. As atividades serão abrigadas na antiga Estação da Fepasa, na região central da cidade, e não no Parque Juca Mulato, como ocorrido nos dois últimos anos. O evento está confirmado para os dias 1 e 2 de agosto. A mudança de local ocorre devido às obras de construção de palco fixo, que ocupam parte da quadra do Parque. O evento também foi reduzido a dois dias de atividades, e não quatro como nas duas primeiras edições, em 2013 e 2014. Além disso, a Secretaria Municipal de Cultura e Turismo não confirmou nenhuma atração de maior destaque para a edição

deste ano. No ano passado, a banda gaúcha Cachorro Grande e a dupla Craveiro & Cravinho foram os principais nomes na

programação. No ano anterior, 2013, o show de maior destaque ficou por conta do cantor Kiko Zambianchi. A programação da

terceira edição do Festival de Inverno de Itapira foi revelada com exclusividade ao Megaphone Cultural na última terça-feira ​Sergio Kanazawa

Marise Marra: guitarrista campineira é uma das atrações

(30). Nos dois dias de evento, as atividades começarão às 14h00, com entrada franca. Os shows serão abrigados na área que serve de estacionamento à Secretaria Municipal de Obras e Planejamento e à entidade Jovem em Ação, ambas alocadas no prédio da Fepasa. Os shows concentrarão, principalmente, grupos de Itapira. No sábado, o cronograma será dominado pelo Rock e Blues. Já no domin-

go, apesar do roteiro também contar com grupos ligados ao gênero, a programação também reúne duplas sertanejas. Nos dois dias, a DJ Kay Freitas comandará o som no intervalo das bandas. Os grupos Zualê e Cia de Theatro Paulino Santiago serão responsáveis por intervenções artísticas. A expectativa da Prefeitura é que pelo menos duas mil pessoas acompanhem as apresentações.

PROGRAMAÇÃO DIA 1 DE AGOSTO DIA 2 DE AGOSTO Céu em Chamas Projeto Bem Brasil New Heaven Kauan & Rafael Sexy Drive Jonas & Tiago Ilusão de Ótica Ramon & Adriano Folha Seca Tempero Brasileiro Brothers Of Seatle Jack James Zoraide Garage 3 Máfia do Blues Nos dois dias Marise Marra Grupo Zualê, Cia de Theatro Paulino 70 & Tal Santiago e DJ Kay. Rockstrada

Arquivo/Divulgação

Festival de Dança de Itapira soma 50 coreografias

Festival reúne academias e grupos de toda região

A

nona edição do Festival de Dança de Itapira acontece no sábado (4), no Ginásio de Esportes ‘Benedito Alves de Lima’ (Itapirão). A programação tem início às 14h00 e reúne 50 coreografias, cujas apresentações estarão a cargo de 21 academias e grupos que se inscreveram na Secretaria Municipal de Cultura e Turismo. O ciclo de exibições será dividido por categorias. Na categoria ‘Adulto’, que concentra dançarinos com idade igual ou superior a 18 anos, são exibidas coreografias de Balé Clássico de

Repertório, Street Dance, Balé Clássico e Neoclássico, Danças Folclóricas e Populares, Dança Contemporânea, Jazz Dance, Dança Livre e Sapateado. As mesmas opções são oferecidas na categoria ‘Juvenil’, com dançarinos de 10 a 17 anos. Na categoria ‘Especial’, voltada a Solos, Pas-de-Deux, Duos e Trios, é permitida a participação de dançarinos com mais de 18 anos (adulto) e 14 a 17 (juvenil). As exibições serão avaliadas por uma comissão formada por três especialistas da área. De acordo com

o regulamento, apresentações realizadas em grupo não devem demorar mais que cinco minutos. Para a categoria Especial, o tempo de apresentação é de dois minutos e quarenta segundos. As notas serão concedidas após avaliação de itens como coreografia, técnica, coerência entre a proposta e coreografia e relação entre figurino e coreografia. Em caso de empate, a maior nota tirada no item coreografia decide o vencedor. Persistindo o resultado, a decisão fica a cargo do júri. Troféus serão oferecidos

para os três primeiros colocados de cada estilo, nas categorias Grupo, Especiais, Adulto e Juvenil. Para a melhor coreografia Grupo/ Adulto a premiação será de R$ 1 mil. Já para Grupo/Juvenil, o valor concedido para o primeiro lugar será de R$ 600,00. No Juvenil e Adulto especial, o prêmio foi estabelecido em R$ 400,00. A organização do concurso também prevê a premiação do Ballet da Casa, no valor de R$ 300,00. A ordem das apresentações está disponível no site www.itapira.sp.gov.br/cultura/festival_danca_2015.

O Projeto Coreto bateu recorde de público em sua mais recente edição, realizada no domingo (28). A apresentação de Viola Caipira foi responsável por atrair pelo menos 180 pessoas ao redor do coreto do Parque Juca Mulato, no Centro de Itapira, onde o evento foi abrigado. O saldo superou a média de 100 a 120 pessoas que costumam acompanhar as edições da iniciativa temática mantida pela Casa das Artes. “Foi muito bom, o público compareceu e cantou as modas mais conhecidas”, comemorou a diretora de Comunicação e Eventos da Casa das Artes, Josiane Moraes. “Acreditamos que a presença maior se deu devido

à realização de duas edições em dois finais de semana seguidos”, considerou. No domingo anterior, dia 21, o projeto apresentou a Manhã do Samba, evento que deveria ter ocorrido no final de maio, mas foi cancelado devido à chuva. O Projeto Coreto prevê edições mensais, sempre nos últimos domingos de cada mês. Por conta da Manhã do Samba ter sido reagendada, este mês contou com duas apresentações. O evento de domingo começou às 10h00 e reuniu músicos da própria instituição, com repertório recheado de clássicos do gênero. A proposta principal do evento, de resgatar a presença familiar ao Parque Juca Mulato nas ma-

nhãs de domingo, também vem sendo cumprida com êxito. “Tem criança, idoso, casais, famílias inteiras que acompanham as apresentações. As pessoas estão gostando e o público melhora a cada edição”, frisou Josiane. Em julho, o Projeto Coreto acontece no dia 26, com apresentação do Grupo de Saxofone, formado por professores, alunos e monitores da Casa das Artes. A agenda prossegue com As Cordas do Violão, no dia 30 de agosto, grupo de choro Desenhando, em 29 de setembro, e grupo de metais BrassUka, no dia 25 de outubro. A temporada deste ano termina no dia 29 de novembro, com a Banda da Casa das Artes.

Luau reúne dez bandas Viola Caipira atrai público recorde do Projeto Coreto no Espaço Natureza

A segunda edição do ViraNoite Luau Festa Rock acontece neste sábado (4), no Espaço Natureza. O evento de caráter alternativo reúne 10 bandas em dois palcos, durante 12 horas de atividades ininterruptas. A abertura dos portões acontece às 17h30, com cronograma que envolve também atrações artísticas e circenses. A noite conta com apresentações de bandas covers e autorais. Sobem aos palcos os grupos Stranhos Azuis, com tributos a Led Zeppelin, Janis Joplin e Rita Lee; A Fantástica Maddame (Rock and Roll autoral), Silverbeetles, considerada uma das melhores bandas em tributo ao Beatles; Kazza, que homenageia dois ícones do Rock brasileiro, Raul Seixas e Legião Urbana; Solara, com tributo acústico ao Nirvana; Folha Seca (Rock autoral), A Casa Mais Velha (Rock instrumental e experimental autoral), Broove (Grooveria autoral e tributos), Uvalua (Rock Reggado) e Inspir4dos (Rap nacional). A estrutura também conta com telões, camping, fogueira e distribuição de brindes. A praça de alimentação também tem quentão, chocolate quente, vinho

Monik Ungaratti

Tributo a Janis Joplin é uma das atrações

quente, lanches e porções. O evento oferece estacionamento com segurança. Os ingressos antecipados custam R$ 25,00, à venda em Itapira (Costa Maneira Itapira e Chocólatra); Mogi Mirim (School Skate Store), Mogi Guaçu (Disco Tem), Amparo/Pedreira, com Bruno Rocha – (19) 9.9659-9332; e Jacutinga (MG), com Efrain Thiago – (35) 8808-5267. O evento conta com o patrocínio das lojas Chocólatra,

Costa Maneira, Kanguru Informática, Tóts Tattoo e Laláh Pet Banho & Tosa. A produção é da Festa Rock Itapira, PortalMegaphone. com.br e Agência Kinkan. O Espaço Natureza fica na Rodovia Estadual SPI 177/342 (antiga vicinal Itapira-Mogi Guaçu), KM 03. Outras informações, reservas e excursões pelos telefones: (19) 9.8814-6437 e 9.9710-0426, ou pelo email festarock@yahoo.com.br.

Evento teve duas edições em junho

Divulgação


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É importante dividir, diz Sérgio Reis

sobre política e carreira artística

E

leito deputado federal com 45.330 votos nas eleições do ano passado, o cantor e compositor Sérgio Reis prefere se despir do artista quando está em Brasília (DF). Aos 76 anos completados na no último dia 23, o parlamentar se aventura pela primeira vez em um universo estranho à trajetória que o coroou como um dos mais importantes nomes da música sertaneja no país. A motivação, garante, não está na fama ou no dinheiro. “É pra ajudar o povo. Quero retribuir um pouco do que este povo me deu”, discursa. Antes de se apresentar ao lado do amigo e também cantor e compositor Renato

Teixeira, no último dia 12, na Sociedade Recreativa Itapirense, Sérgio Reis conversou com a reportagem do Megaphone Cultural. Um pouco rouco após três dias de repouso absoluto por conta de um princípio de pneumonia, ele disse que separa bem a agenda como artista do trabalho na Câmara dos Deputados. “É importante saber dividir. Hoje, aqui em Itapira, eu não sou político. Hoje eu sou o Sérgio Reis. Hoje, estou Sérgio Reis, o artista. Quando vou pra Brasília, eu estou político”, explicou. “Lá (no Congresso Nacional) ninguém me chama por Sergião, por exemplo. Me tratam por deputado”. Sérgio Reis disse

que sua atuação parlamentar tem como principal foco questões ligadas à família e à previdência, especialmente no tocante aos idosos. “Questões de aposentadorias por saúde, por exemplo, é uma coisa triste neste país”, avaliou o deputado do PRB (Partido Republicano Brasileiro). Membro titular da CCULT (Comissão de Cultura) e suplente na CSSF (Comissão de Seguridade Social e Família), Sérgio Reis reclamou da burocrática e modelos de avaliação empregados nos processos previdenciários. “Os médicos do INSS (Instituto Nacional de Seguridade Social) decidem quem vai aposentar por doença ou não, mas tem muita barreira nisso. Há um mês atendi um rapaz novo, de 24 anos, que viajava de carro e se enfiou debaixo de uma carreta, perdendo as duas mãos. E o médico-perito não o aposentou. Isso tem que ser explicado em plenário”, enfatizou. De volta à pauta artística do dia em que participou do evento beneficente à Santa Casa de Misericórdia, o cantor fa-

Leo Santos/Megaphone

Sérgio Reis e Renato Teixeira estiveram em Itapira no dia 12 de junho

lou sobre o sentimento de tocar ao lado do amigo de longa data. “É gostoso demais. A gente descontrai. Saí de Brasília doente, estava com começo de pneumonia. Fiquei de repouso três dias e hoje não podia deixar de vir aqui e cantar”, frisou. No camarim, Sérgio recebeu outro amigo, o cantor italiano Tony Angeli, que há anos escolheu Itapira para viver. “Estou sempre em contato com o Tony e às vezes venho pra cá. Fui o primeiro amigo do Tony quando ele chegou ao Brasil em 1966. Ele veio fazer um trabalho na televisão e eu já gostava muito dele, que canta muito bem. Eu falo um pouco de italiano e aí ficamos amigos. E ele fez amizade com toda aquela Jovem Guarda, e as meninas corriam dele”, disse, rindo. “E ele (Sérgio) as segurava”, completou Tony entrando na brincadeira.

Renato Teixeira fala sobre nova safra de sertanejos: “o tempo é que determina quem permanece” Aos 70 anos de idade, Renato Teixeira fala com a calma de quem trilhou exatamente o caminho que sonhou. Apaixonado pela música raiz e tido como um dos ícones do Folk brasileiro ao lado do amigo e vizinho de Serra da Canteira Zé Geraldo, o compositor é autor de músicas como ‘Romaria’, que explodiu em 1977 na voz de Elis Regina; e ‘Tocando em Frente’, parceria sua com outro cantareiro, Almir Sater e gravada também por Maria Bethânia. Entre uma pitada e outra num inseparável palheiro, Renato conversou com a reportagem antes do show do lado de Sérgio Reis em Itapira, no dia 12 de junho. Qual a diferença entre fazer shows no interior e em grandes centros? Tem sim uma diferença. Em uma cidade como Itapira, com 70 mil habitantes, a maioria das

pessoas se conhece, é uma coisa mais calorosa, outro tipo de reação do público. Mas, cada lugar tem sua particularidade, se toca em São Paulo às vezes está mais frio, na praia as pessoas vão de chinelo e bermuda assistir ao show. O barato da música é realmente promover algum tipo de interação, em qualquer lugar. Você e o Zé Geraldo, com seus respectivos filhos Chico Teixeira e Nô Stopa, estão encabeçando uma espécie de Movimento Folk na Serra da Cantareira, reunindo músicos e compondo. O que é isso exatamente? Eu e o Zé somos um pouco de referência pra esse pessoal mais novo aí do sertanejo. Eles se aproximam, gostam da gente, e existe sim um movimento pra fazer músicas mais elaboradas, meio que dando uma resposta a um grande número de pessoas que hoje reclama da questão do conteúdo musical.

No atual cenário da música sertaneja no p a í s , p e rce b e m o s que muitos artistas mais passam que acontecem. Produzem algo, estouram e depois somem. Muitos não conseguem se consagrar no mercado e, por consequência, na carreira. Como você vê isso? Pra que aconteça com essas pessoas o que aconteceu comigo e com o Sérgio Reis, é preciso que o tempo faça s u a s ava l i a ç õ e s , suas decantações. É o tempo que vai determinar quem permanece o que vai acontecer realmente.


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Devolução do Hotel Fazenda Esperança encerra história de glória e fracasso A Prefeitura de Itapira desistiu de vez do Hotel Fazenda Esperança. A crença emocional em algo positivo, representada pelo substantivo feminino que deu nome ao empreendimento, não resistiu à novela em que se transformou a história do empreendimento ao longo de 14 anos de existência. Da glória ao fracasso, a propriedade situada às margens da Rodovia SP-352 (Itapira-Jacutinga), na região do Distrito Rural de Eleutério, deu tônica a brigas políticas e, no último dia 8, acabou sendo devolvido à família Carvalho, detentora da área onde o imponente imóvel foi erguido. Imponência que não foi suficiente para que o Hotel se tornasse qualquer referência, a não ser em prejuízos milionários e troca de acusações entre os dois principais grupos políticos que disputam a administração da cidade. De empreendimento lucrativo, na forma com que foi lançado em 2001 durante gestão do então prefeito e atual deputado estadual José Antônio Barros Munhoz (PSDB); o Hotel Fazenda Esperança passou a ser chamado de ‘elefante branco’, até ser fechado, em 2010, pelo então prefeito Antônio Hélio Nicolai.

Como resultado, o imóvel se tornou sinônimo de abandono e alvo de críticas da população e dos grupos políticos, cada um atribuindo noutro a culpa pela má gestão que levou ao caos. A atual administração divulgou nota, via assessoria de imprensa, informando que o Hotel Fazenda Esperança deixou de pertencer oficialmente ao município com prejuízo, calculado pela Prefeitura, superior a R$ 5 milhões. O atual prefeito, José Natalino Paganini (PSDB) tentou, por três vezes, privatizar o empreendimento por meio de licitações ocorridas em maio, julho e outubro do ano passado. Sem sucesso. Ninguém quis assumir a administração do Hotel Fazenda. A atual administração também abriu sindicância para apurar o abandono do empreendimento na gestão passada. Já o contrato que originou o imóvel e estabelecimento foi alvo de diversas investigações do Ministério Público. Em 2011, ao Jornal O Estado de S. Paulo, Munhoz se defendeu das acusações do MP de ‘improbidade, lesão ao erário público e atentado ao princípio constitucional de moralidade’. “Aquilo que o Ministério Público denomina ‘prejuízo’ aos

Fernando Pineccio/Megaphone

Espaço foi projetado para ser referência no turismo rural, mas não vingou

cofres públicos é, na verdade, investimento planejado”, argumentou. O contato foi firmado para locação do imóvel por 30 anos para implantação de projeto que previa o fomento turístico na cidade. Durante os anos de vigência do documento, a Prefeitura pagou aluguel à família proprietária da área. Atualmente, o montante representava R$ 12 mil mensais, além de um acordo que destinaria mais R$ 1,2 milhão, fruto de um acerto judicial entre administração municipal e locatários, para quitação até 2017. Segundo a Prefeitura, a devolução da propriedade ocorreu de forma amigável, permitindo à administração a retirada dos equipamentos. Divulgação

Apolinário e Marcelo durante evento em SP

REPRESENTAÇÃO - A Secretaria Municipal de Cultura e Turismo de Itapira mar-

cou presença na sétima edição do Encontro Paulista de Museus, realizado no Museu da Imigração, em São Paulo entre os dias 24 e 26 de junho. O evento reuniu conferências, palestras, lançamentos de publicações relacionadas à museologia e a apresentação de painéis digitais com ações desenvolvidas por diferentes instituições. O secretário municipal de Cultura e Turismo, Marcelo Dragone Iamarino, e o coordenador do Museu Histórico e Pedagógico de Itapira, Eric Apolinário, acompanharam parte das atividades que reuniram dirigentes, profissionais e estudantes de do o Estado e do Brasil.

Mas, as edificações construídas com recursos públicos dos cofres municipais, bem como as melhorias feitas, ficarão para os locatórios, conforme prevê o contrato. O MP, em 2007, descreveu em sua ação que a propriedade valia R$ 650 mil quando foi alugada, sendo que os investimentos durante a administração de Munhoz chegaram a R$ 5 milhões. Segundo a Prefeitura, para recuperar as instalações, hoje, seriam necessários pelo menos mais R$ 2 milhões. Durante os anos em que funcionou, o Hotel Fazenda Esperança chegou a abrigar convenções e eventos diversos, além da parte de hotelaria. As requintadas dependências, distribuídas em uma área de

6,21 alqueires, envolviam recepção, administração, salão de eventos, academia, cozinha, restaurante, casa sede, alas com 30 apartamentos, churrasqueira, duas piscinas, playground, quadras poliesportiva e de tênis, pomar, lago e campo de futebol, por exemplo. A área, antes do hotel, era uma fazenda de café construída no século XIX. O turismo rural era o mote principal, e as estadias contavam com passeios a cavalos inclusive pelo cafezal, que até então ainda era produtivo. O charme da edificação era um atrativo à parte para os turistas que, na época, tinham uma opção a mais em um espaço que sinalizava concorrência sem dever nada a hospedarias do Sul de Minas e do Circuito

das Águas. Dentro de 30 dias a contar da data de assinatura do acordo de devolução, a Prefeitura deverá entregar as chaves do imóvel totalmente desocupado à família Carvalho. Não haverá multa pela rescisão do contrato, segundo informado pela administração. A assessoria de imprensa da Prefeitura informou que a medida foi tomada pelo prefeito após consulta à Secretaria Municipal de Negócios Jurídicos e ao próprio Ministério Público, que também sinalizou para a devolução da área como melhor solução para o imbróglio. Sem qualquer esperança no empreendimento, até mesmo os equipamentos retirados do local deverão ir a leilão.

Livro sobre Capitão Bellini é lançado em Itapira O Circolo Ítalo-Brasiliano XV di Novembro di Itapira abrigou, no último dia 20, o lançamento do livro ‘Bellini – O Primeiro Capitão Campeão’ (Prata Editora). A obra narra a trajetória pessoal e profissional do itapirense Hideraldo Luiz Bellini, capitão da Seleção Brasileira na Copa do Mundo de 1958, na Suécia – a primeira conquistada pelo time canarinho. O campeão morreu em março do ano passado e foi sepultado em sua cidade natal. A obra foi escrita por Giselda Bellini, que durante 51 anos foi esposa do atleta. O gesto de Bellini de levantar a taça Taça Jules Rimet sobre a cabeça ficou eternizado e passou a ser reproduzido pelos campeões das mais diversas modalidades do esporte até os dias de hoje. No lançamento, a autora autografou a obra e conversou com fãs, admi-

Leo Santos/Megaphone

Giselda autografou exemplares em Itapira

radores, familiares e amigos de Bellini. Giselda escreveu o livro com apoio se seus filhos com Belli, Hideraldo Junior e Carla. “É uma homenagem da família ao pai e marido amado. Junior participou na pesquisa futebolística, Carla, na digitação, e eu escrevi sua história de vida profissional e

pessoal. Nos últimos 51 anos, eu também passei a fazer parte dessa história. Não tive parceria com biógrafo ou jornalista, por isso trata-se de uma história singela, mas tenho certeza de que todos irão gostar”, comentou. Com 208 páginas, o livro é vendido por R$ 39,90.


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Divulgação

Raul Seixas: o mito completa 70 anos

S

Ícone do Rock brasileiro, Raul Seixas morreu em 1989

e estivesse vivo, o cantor e compositor Raul Seixas teria completado 70 anos no dia 28 de junho. Nascido em 1945, o baiano de Salvador se tornou um dos maiores ícones do Rock nacional, com uma obra que transcende gerações e continua conquistando fãs país afora. Se não tivesse morrido em 21 de agosto de 1989, aos 44 anos, Raulzito estaria, agora, entrando numa etapa da vida em que já encontram – ou estão em vias de ingressar – vários contemporâneos seus, igualmente ídolos da Música Popular Brasileira. Morto prematuramente há quase 26 anos, Raul Seixas é um mito que permanece vivo e que a cada dia conquista novos fãs. É um ícone do Rock brasileiro, que sucessivas gerações cultuam de forma espontânea, sem nenhuma estratégia de marketing neste sentido, como é comum nas últimas décadas com diversos ídolos do cenário pop mundial. “Eu não tenho medo de morrer. Tenho medo de que me esqueçam”, disse Raul em uma das inúmeras fitas que deixou em seu famoso baú. Como acontece com muitos artistas, Raul Seixas tinha medo de ser esquecido e preocupado com a posteridade cultivava o curioso hábito de se autoentrevistar, gravando essas entrevistas em fitas de rolo ou cassete. Hoje os escritos e depoimentos gravados do “maluco beleza” percorrem o Brasil na voz do ator Roberto Bontempo, que há 15 anos en-

cena o espetáculo Raul fora da lei – a história de Raul Seixas. A peça é um musical diferente, em que não há o texto de um autor para contar a história do artista. “Tudo o que eu falo na peça são escritos do próprio Raul. E acho que é por isso que o público se identifica demais com o espetáculo, o que explica a longevidade dele”, comenta Bontempo. Raul Seixas era adolescente quando o Rock surgiu no cenário musical dos anos 50 e chegou ao Brasil. Uma febre que contagiou jovens nordestinos em plena época em que o baião e seu criador, Luiz Gonzaga, predominavam nas rádios e nos bailes da região. Fascinado pelo rock e pelo gestual de Elvis Presley, Raul assistia a todas as sessões de um filme do cantor, Balada Sangrenta (1958), em cartaz na capital baiana naquela época. Em outro estado do Nordeste, um adolescente paraibano, dois anos mais novo que Raul, via o mesmo filme com idêntica fascinação. Admirador de Raul, embora nunca tenha sido exatamente um fã dele, o cineasta Walter Carvalho – o adolescente paraibano que também curtia Elvis – veio a se tornar o diretor do documentário Raul, o início, o fim e o meio, filme biográfico sobre a obra do cantor e compositor, lançado em 2012. Convidado pela distribuidora Paramount, Carvalho, documentarista e diretor de fotografia consagrado, aceitou dirigir o filme. “Eu não escolhi o Raul. O

Raul me escolheu”, diz o cineasta, que para fazer o filme gravou mais de 250 horas de entrevistas e reuniu outras 200 imagens de arquivo. “Eu entrevistei 93 pessoas e coloquei 54 no filme. Na montagem, alternei entrevistas que falavam da vida privada de Raul com outras sobre a trajetória artística dele,” conta. Assistido por 171 mil espectadores, algo difícil de alcançar no gênero, o filme é recordista de bilheteria entre os documentários nacionais. “O filme saiu de cartaz na chamada curva ascendente, quando estava sendo exibido em 1,4 mil salas do país. Saiu para dar lugar a filmes da própria Paramount, que estavam na fila para serem exibidos”, destaca o diretor. Com 17 discos lançados em 26 anos de uma carreira iniciada em 1968, quando ainda integrava a banda Os Panteras, Raul Seixas é reconhecido pela crítica musical como um dos pais do Rock nacional. Seu estilo musical, na verdade, tem muito de Rock e outro tanto de baião, gêneros que ele conseguiu unir em músicas como ‘Let Me Sing, Let Me Sing’. “Na verdade, ele é o cruzamento do Elvis Presley com o Luiz Gonzaga e o Jackson do Pandeiro”, opina Walter Carvalho, que deixou isso claro na abertura do documentário. “Não é à toa que eu decidi começar o filme com Easy Rider, um filme emblemático da contracultura, passando para o Elvis e caindo no sertão com o Luiz Gonzaga,” ressalta.

TOCA RAUL! Ninguém sabe como começou, quem foi o primeiro. No meio de um show de Rock, alguém gritou e isso virou um bordão, sempre repetido em shows pelo Brasil afora. De tão repetido, o Toca Raul! acabou virando, em 2007, tema de uma música do cantor e compositor maranhense Zeca Baleiro. ‘Mal eu subo no palco/Um maluco já grita de lá/-Toca Raul! A vontade que me dá é de mandar o cara tomar naquele lugar/Mas aí eu paro penso e reflito/Como é poderoso esse Raulzito/Puxa vida esse cara é mesmo um mito’, diz a letra. Todos os anos, sempre em 21 de agosto – independentemente do dia da semana em que a data caia – o Centro Velho de São Paulo abriga uma das mais icônicas homenagens a Raul: a ‘Passeata Raul Seixas’. O evento acontece de forma espontânea e reúne milhares de fãs que saem em caminhada do Theatro Municipal até a Praça da Sé, onde são concentrados shows, geralmente de bandas covers ou sósias do ídolo. Para Walter Carvalho, se ainda vivesse Raul Seixas continuaria sendo a metamorfose ambulante, a mosca na sopa. “Eu comparo ele com outro baiano, Glauber Rocha, que se não tivesse morrido cedo também continuaria com o seu espírito provocador. Os dois faziam parte de um mesmo tipo: o artista da contestação que mesmo envelhecendo mantêm a irreverência em relação à questão política e à questão mercadológica”.

A dimensão da simplicidade por Ricardo Pecego Fiquei matutando aqui com meu ser, de que forma poderia abordar um assunto tão intrincado quanto a simplicidade. A simplicidade é o jeito mais complexo de se transcender, esse efeito é muito perceptível nas linguagens artísticas. Para mim o mestre supremo da simplicidade na arte foi o poeta Manoel de Barros, nos seus versos, nas suas frases, o raciocínio infantil toma dimensão universal, consegue transformar a nossa consciência em algo superior, mesmo sendo originalmente simples. Isso mexe muito comigo, porque acho que nesse ponto, o artista compreende o que pretende transmitir e consegue conectar do matuto ao intelectual, despertando em cada qual aquilo que sua bagagem cultural suporta. Essas conexões dão a dimensão de interpretação que uma obra consegue proporcionar. Façamos um exercício de memória e resgatemos o momento em que, quando criança ainda, cantamos ou ouvimos atentamente a música A Casa de Vinícius de Moraes.No meu caso o pensamento infantil me levava a imaginar uma residência em que as paredes, chão, teto iam sumindo e quando se chegava ao endereço da rua dos bobos eu definitivamente achava que era coisa de maluco, mas hoje me emociona. Ainda faço a relação de uma residência, mas não das comuns,e sim a residência dos bebês, o útero materno.Depois de ter minhas filhas percebi, que nós pais somos bobos mesmo (daí o endereço da Casa), ao analisar a linguagem musical nada mais singelo que um coro com acompanhamento rítmico (essa formação já existe há uns 500 anos literalmente), na letra um vocabulário que qualquer criança compreende e a melodia pausada que dá um tom de dúvida e justificativa, por exemplo: [“Ninguém podia entrar nela não!” (Ai vem sua dúvida, seu porquê? A resposta vem na sequência: “Porque na casa não tinha chão.”)]. Gostaria de ressaltar que essa análise da simplicidade nem sempre é tão fácil e corriqueira como a anterior, o artista, o projetor deste antiácido que é a arte, muitas vezes desenvolve uma linguagem que utiliza a nós espectadores como parte do elemento da reação, como no caso das artes cênicas e do cinema. Na sétima arte fica evidente se imaginarmos uma cena da hecatombe nuclear (suposto fim do mundo por uma guerra atômica), no nosso planeta feita pelo diretor Christopher Nolan (que dirigiu os últimos Batmans), sua linguagem hollywoodiana que vende entretenimento criaria uma explosão de queimar nossa retina, mesmo na cadeira do cinema é bruto, direto e só exercitaria nosso raciocínio audiovisual imediato em relação ao contecimento (acabou o mundo). Comparemos então,com a hecatombe nuclear no filme O Sacrifício(1986) do russo Andrei Tarkovski em que a notícia da hecatombe é dada através do rádio que o personagem principal escuta,percebemos a gravidade do problema, pois o diretor demonstra a desconstrução do ser humano nessa situação. No filme apenas o personagem principal sofre com o acontecimento, os demais (incluindo sua família) nem se importam e continuam no seu cotidiano. Algo similar à relação meio ambiente x consumo que norteia nosso meio de vida atual.Uma maneira simples de fazer uma profunda crítica social (o texto aqui não consegue demonstrar todo esse contexto, assistam, por favor). Comparando aqui um e outro

modelo nós podemos enxergar que Hollywood faz o mais difícil, pois envolve efeitos especiais, centenas de computadores, dezenas de técnicos e nenhum ator para criar trinta segundos de explosão e destruição em massa, enquanto que Tarkovski, busca a essência na dramaturgia, no diálogo, na expressão e nos conflitos das relações humanas. Recentemente a Cia Talagadá saiu na estrada com o premiado espetáculo Cabeça Oca. Nele mostravam que mesmo vivendo a Era da Informação, nossas cabeças estão vazias daquilo que realmente importa, representando a todos nós como uma bexiga branca cheia de ar. Meu Deus! Tem alguma representação simbólica mais simples e mais significativa para esse nosso estado social? Isso não diminui os artistas que buscam demonstrar os panoramas da vida de maneira mais complexa, eu admiro o trabalho de diversos deles, mas lhes falta genialidade, sua arte ainda pode amadurecer e alcançar horizontes mais amplos. Léo Brouwer, compositor e regente que hoje coordena mais de vinte orquestras em Cuba, foi quem me despertou para a simplicidade, dizendo que ele modificara sua maneira de compor buscando resgatá-la (a simplicidade) sem perder o estilo que o consagrou como um dos mais importantes compositoresvivos. Esse olhar para o simples é como um retorno. A busca da simplicidade podeportantoajudar e muito nas mudanças que a sociedade precisa pra se restabelecer de forma equilibrada. Basta recordar que do primitivo ato de colocar pontasem pedras, ou usar a natureza como ferramenta e até mesmo o ato de plantar uma pequena sementederam possibilidade que nossos antepassados dessem o startno domínio do planeta. Hoje, de forma mais clara, menos instintiva e precária a arte e a vida tentam demonstrar que devemos revisar nossos passos, abandonar a opulência e despertar para o óbvio, para aquilo que nos é familiar, que nos interliga, enraizado na cultura humana como um todo. É como diria o mestre Yoda da simplicidade, Manoel de Barros: “...sou um vagabundo profissional, comprei meu ócio conseguindo com que a fazenda que tinha no Pantanal desse algum lucro, assim podia ficar à toa, ou seja a disposição da Poesia...”. É o ato de trabalhar sem se preocupar com o sucesso do trabalho, mas sim para que este o sustente o suficiente e te dê condições de levar ao mundo o que tenha de melhor. Todos podem aprender e ensinar, isso é algo que estando disposto à simplicidade qualquer um de nós poderá facilmente realizar, cada qual na profundidade que alcança. Deixo aqui como final o “Tratado geral das grandezas do ínfimo”, para nossa reflexão: A poesia está guardada nas palavras — é tudo que eu sei. Meu fado é o de não saber quase tudo. Sobre o nada eu tenho profundidades. Não tenho conexões com a realidade. Poderoso para mim não é aquele que descobre ouro. Para mim poderoso é aquele que descobre as insignificâncias (do mundo e as nossas). Por essa pequena sentença me elogiaram de imbecil. Fiquei emocionado. Sou fraco para elogios. (Manoel de Barros)

Ricardo Pecego, 38, é produtor cultural, aspirante a esteta e acha que o mundo, inclusive o Brasil, ainda tem jeito.


anorama

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Divulgação

A

Cia Talagadá – Teatro de Formas Animadas confirmou a participação em mais três importantes festivais brasileiros. No próximo dia 12, o grupo formado pelos atores Danilo Lopes, João Bozzi e Valner Cintra desembarca em Bragança Paulista (SP) para encenar um de seus mais conhecidos espetáculos, ‘Cabeça Oca’, na Casa da Cultura da cidade. Encenado com manuseio de bonecos, a peça propõe uma reflexão sobre a alienação humana, e é recomendada para maiores de 16 anos. No espetáculo, os atores encaram o desafio artístico de saciar o ímpeto político de denunciar atitudes contrárias ao desenvolvimento humano e, ao mesmo tempo, de transcender a

capacidade criativa por meio de poéticas visuais e do teatro de formas animadas. Já no dia 26 de julho, a Cia Talagadá leva a montagem para o FIT (Festival Internacional de Teatro) de São José do Rio Preto. O evento é tido como um dos mais importantes do gênero no país. Serão duas apresentações, à noite, no Teatro Municipal da cidade. O evento acontece entre os dias 23 e 31 de julho. “É o segundo ano consecutivo que a companhia participa do FIT e isso mostra que o trabalho está sendo reconhecido e valorizado pelos importantes eixos de festivais do Brasil”, avalia Lopes. Por fim, em agosto, os atores da Talagadá voltam a transpor fronteiras estaduais e vão para a ci-

Cabeça Oca é um dos espetáculos da companhia teatral

dade de Ouro Branco (MG), levando na bagagem três intervenções com ‘Na Boca do Lixo’ e uma encenação de ‘Cabeça Oca’. “Também fomos selecionados para este importante festival de Minas Gerais e estamos muito felizes com essa participação”, comentou o ator. De acordo com ele, é a primeira vez que a Cia Talagadá se apresenta em solo mineiro. As apresentações, que acontecem entre os dias 1 e 3 de agosto, integram a programação do 28º Inverno Cultural, promovido pela UFSJ (Universidade Federal de São João del-Rei), com atividades espalhadas em

diversos municípios em que a universidade está presente.

MAIS O primeiro semestre deste ano tem sido de total dedicação da Cia Talagadá na montagem do espetáculo ‘Romeu e Julieta’. A encenação do clássico William Shakespeare está sendo concebida com conceitos semelhantes aos empregados em ‘Na Boca do Lixo’, intervenção pensada para locais abertos e que, de certo modo, retrata a realidade de pessoas em situação de rua. A ideia, segundo Lopes, é apropriar-se do tema para tratar de ques-

tões relacionadas à vulnerabilidade social, intolerância, preconceito, violência e opressão. “Abordar esses temas são características intrínsecas do repertório da Cia Talagadá. Apesar do objetivo principal ser artístico/estético, o engajamento político está sempre presente em nossas obras”, comenta. A estreia em Itapira é prevista para 14 de agosto, com encenação em diversos bairros, distritos rurais e na área central do município. Depois disso, a Cia desembarca em cidades da Grande São Paulo, em Campinas e na própria capital paulista para apresentar

o espetáculo, cuja produção e circulação é financiada pelo ProAC (Programa de Ação Cultural) do Estado de São Paulo. Paralelamente, os atores da Talagadá também trabalham na montagem de mais dois espetáculos: um infantil, intitulado ‘Monstro e Cia’, com a construção de bonecos feitos de látex, com direção de Valner Cintra; e o outro, batizado de ‘Judas – Piedade para os Ratos’, na linguagem do Teatro Visual, fruto de parceira com a UNESP (Universidade Estadual Paulista), com direção do professor doutor Wagner Cintra. As peças também devem estear ainda neste ano.


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