Megaphone Cultural #46

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Distribuição Gratuita

Megaph Cultne ural Ano V – Nº 46 – Edição Quinzenal 3 de março de 2016

Barbaria estreia no palco do Roça n’ Roll Página 8

Inédito

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Comportamento

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Identidade

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Polêmica

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Itapira abriga evento com rock e food-trucks

Cia Talagadá reapresenta ‘Romeu e Julieta’ em Itapira

A

Cia Talagadá confirmou duas novas apresentações do espetáculo ‘Romeu e Julieta’ em Itapira. A adaptação do clássico de Willian

Shakespeare será encenada nos próximos dias 12 e 13, na Praça Bernardino de Campos, em sessões gratuitas e abertas ao público. Na montagem, o gru-

po aborda questões como vulnerabilidade social, intolerância, preconceito, violência e opressão. Na adaptação com viés político-social, o enredo

é apresentado a partir de cinco moradores de rua que tentam subverter suas próprias realidades por meio do universo lúdico. Página 4

Brasileiros estão indo mais a teatros e cinema Sarau aborda questões de gênero e sexualidade Livro-reportagem narra história de Loteamento irregular em Mogi Mirim


www.portalmegaphone.com.br Edição Quinzenal | 3 de março de 2016 | Página 2

Editorial

Participação social em prol da transparência e cidadania

O

Conselho Municipal de Políticas Culturais de Itapira tem, nesta quinta-feira , dia 3 de março, uma importante reunião. Na ocasião, o órgão escolherá os representantes da sociedade civil para sua composição no biênio 2016-2018. Ferramentas de extrema importância para fomentar a participação político-social, os conselhos municipais se encarregam de colocar cidadãos conscientes de seus direitos e deveres mais próximos dos representantes das administrações públicas. É a chance, tão requerida por muitas pessoas, de não só cobrar ações concretas, mas também sugerir e auxiliar nas definições das políticas e programas da área à qual se relaciona. No caso do Conselho Municipal de Política Cultural, serão definidos representantes da sociedade civil para os seguintes segmentos artísticos: Dança, Música, Artes Visuais, Teatro e Movimentos Sociais de Identidade.

Para cada um destes segmentos, serão escolhidos dois representantes, sendo um titular e um suplente. Feito isso, também será eleita a nova diretoria do órgão. A atividade não é remunerada, sendo considerada de grande relevância e utilidade pública. Em Itapira, a atuação do Conselho Municipal de Política Cultural vem sendo solenemente ignorada pela Secretaria Municipal de Cultura e Turismo. A crítica dos membros da sociedade civil inseridos no órgão não é novidade. Um dos exemplos é a extrema dificuldade para conseguir respostas, relatórios, prestações de contas e também para formular o Plano Municipal de Cultura, que poderia garantir grandes investimentos na área no município. Fica clara a intenção da pasta, que parece reagir com arrogância e suspeitas a qualquer movimento de aproximação e participação social na gestão, de cercear o conselho e formar uma composição que, vide outros conselhos

municipais meramente figurativos no município, foram tomados por apadrinhados políticos. Vale lembrar que recente decreto do prefeito José Natalino Paganini (PSDB) vetou a indicação, aos conselhos municipais, de membros da sociedade civil que também ocupem cargos públicos na administração direta ou indireta ou no SAAE (Serviço Autônomo de Água e Esgotos). Sem sombra de dúvida, um avanço, já que o poder público também pode indicar seus representantes. Daí a importância da mobilização da sociedade neste momento. Para que o Conselho Municipal de Política Cultural de Itapira, órgão tão importante para a devida transparência na área, não seja mais um cabide de quem não tem comprometimento algum com o fomento e desenvolvimento da cultura e com a cidadania. A reunião começa às 17h45 no auditório da Casa da Cultura, à Rua Rui Barbosa, 750, no Centro (defronte ao Parque Juca Mulato). A coluna ‘Outra História Por Favor’ é publicada no Megaphone Cultural pelo Clube do Livro ‘Outra Xícara Por Favor’ com periodicidade mensal. Contato outraxicaraporfavor@hotmail.com

Eu tenho olhado a chuva Eu tenho olhado a chuva, Tenho sentido o vento no rosto Tenho respirado o cheiro de poeira Tenho deixado as suas gotas Lavarem meus pesares e minhas incertezas.

Como as nossas vidas passando diante dos nossos olhos.

O barulho dos trovões chega aos meus ouvidos Não tenho medo e tampouco fecho os olhos. O seu estrondo é o meu grito de guerra, E quando ele se cala, me calo também.

E ninguém pode detê-la porque segue apressada Sem rumo, sem objetivo: há apenas a ânsia de chegar A qualquer lugar que seja, Mesmo que seja qualquer lugar.

Vejo então o clarão dos raios Que iluminam de uma forma assustadora. Como um sorriso alvo de ironia Brilhando insensato na escuridão, Por saber a mesma luz que ilumina, Poderá também lhe queimar.

E eu guardo dentro de mim, Tudo aquilo que restar Num sentimento egoísta de autoflagelação, Que me faz mais forte Mas me deixa mais fria, Que me ergue por fora E me destrói por dentro

Sinto, então, as gotas caírem pelo meu corpo E aquele cheiro de cura me surpreende Arrancando-me um sorriso sincero Daqueles possíveis somente a quem Tem tanto para ser purificado.

E a chuva nunca para Fazendo a enxurrada correr pela sarjeta, Ininterrupta,

Sentimento singular.

Sinto-me feliz, mesmo que o céu chore.

Acatamento à paz

Soneto do silêncio do poeta

Respeito a paz do silêncio, E a sua sabedoria solene Que vale mais do que todos meus versos Que caneta e coração não podem calar.

Numa expressão penosa Jaz um sorriso de nostalgia De quem tenta com verso e prosa Afastar o fantasma da monotonia

Respeito a paz da loucura, E a sua ignorância tranquilizante Que nos leva a lugares desconhecidos Os quais a sanidade tranca as portas.

E a antinomia do amor e da poesia Que deixa um enorme vazio Fadado de tanta melancolia No coração do poeta vadio

Respeito a paz da noite, E a sua calma e tênue luz do luar Que nos embala com numa canção Que o dia jamais poderia compor.

Já não encontra na folha branca A oportunidade franca De contar os seus temores

E respeito a paz do amor, E a sua serenidade míope Que nos dá a ideia de segurança A qual a paixão faz questão de afastar.

Por isso cala seus amores, Suas paixões e dissabores Num silêncio de retranca.

Paula Montanari, 25, atua como professora de História em Itapira e é uma das fundadoras do Clube do Livro 'Outra Xícara Por Favor'.

Expediente Megaphone Cultural Textos: Fernando Pineccio*

Impressão: Jornal Tribuna de Itapira

Vendas: Alexandre Battaglini (9.9836.4851)

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Projeto Gráfico: Cássio Rottuli (9.9946.9027) Cidade-sede: Itapira/SP

PONTOS DE DISTRIBUIÇÃO

ITAPIRA

Circulação na Baixa Mogiana e Circuito das Águas imprensa@portalmegaphone.com.br

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O Jornal Megaphone Cultural circula quinzenalmente. A distribuição é gratuita e você pode retirar o seu exemplar em alguns postos fixos nas cidades de Itapira, Mogi Mirim e Mogi Guaçu:

Banca Estação | Praça João Sarkis Filho – Centro / Banca da Praça | Praça Bernardino de Campos – Centro / Banca Santa Cruz | Rua da Saudade – Santa Cruz / Banca Bela Vista | Praça da Bíblia - Santa Cruz / Jazz Café |Rua José Bonifácio, 365 – Shopping Sarkis / Mil Mídias |Rua 24 de Outubro, 166 - Centro / Costa Maneira|Rua Alfredo Pujol, 190 - Centro / Luli Padaria Caseira | Avenida Paoletti, 93 – Santa Cruz / Center Supri  Rua José Bonifácio, 194 – Centro – 3863-0972

MOGI MIRIM

Bancas do Sardinha | Praça Rui Barbosa (Centro) e Rua Pedro Botesi (Tucura) / School Skate Store | Rua Padre Roque, 284 - Sala I - Centro

MOGI GUAÇU

Choperia Tradição | Avenida Luiz Gonzada de Amoedo Campos, 31 – Planalto Verde / Disco Tem | Avenida Nove de Abril, 90 - Centro / Banca da Capela |Praça da Capela - Capela / Woodstock Barbearia & Tattoo  Rua Manacás, 295, Ypê Pinheiros – 9. 9602-2811

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Fernando Pineccio/Megaphone

Mixtro e Cremasco encabeçam evento inédito em Itapira

PROGRAME-SE

Agenda dos melhores eventos de 03/03 a 26/03

AGENDAS PATROCINADAS PUBLIQUE SEUS EVENTOS: (19) 9.9836.4851)

O PROFETA PUB ROCK Telefone: (19) 9.8179-8114

Rua: Vereador João da Rocha Franco, 39 - Mogi Guaçu

05/03 - La Noche de Tequila 12/03 - Sala Espacial 18/03 - 2° Low Ladys Sessions 19/03 - Tributo a Pink Floyd 26/03 - Tributo a Planet Hemp

O CHOPINHO Telefone: (19) 3843-7230 Rua Dr. Norberto da Fonseca, 240 - Nova Itapira https://www.facebook.com/ochopinho

O G N A R D N A K C RO

Truck Rock Fest reúne a gastronomia e música em Itapir

A

primeira edição do Tr u c k Ro c k Fe s t acontece entre os dias 4 e 6 de março, de sexta a domingo, em Itapira. Na prática, o evento tem como proposta reunir gastronomia e música, com bandas de Rock and Roll e lanchonetes ambulantes com conceito gourmet. As atividades são abrigadas no pátio da antiga Estação da Fepasa, na região central da cidade. O local que hoje é usado como estacionamento público dará lugar a mais de 20 opções de comida e bebida. “Temos presença confirmada de 15 food trucks,

duas tendas e quatro food bikes”, comenta um dos responsáveis pelo evento, o empresário Ari Francisco Cremasco Filho, 34. O evento, idealizado em conjunto com o engenheiro mecânico Guilherme Coloço Mixto, 32. Os dois são representantes da tendência que movimenta, literalmente, restaurantes ambulantes com propostas inovadoras e cheias de estilo. Mixtro é um dos responsáveis pela BeneditinUS Beer Kombi, que serve chopp artesanal, enquanto que Cremasco é proprietário do Black SkullFoodTruck – Hamburgueria Gourmet. Juntos na

coordenação do evento, que conta com apoio de uma associação de empresários do ramo, os dois planejaram o festival inédito em Itapira e que reunirá diversos nomes conhecidos do segmento. “Vamos ocupar toda a área da Fepasa com o evento. Faz tempo que temos essa ideia e agora estamos colocando em prática. Nossa expectativa é muito boa, esperamos que o público prestigie”, acrescenta Cremasco. A programação musical do Truck Rock Fest reúne sete bandas, distribuídas entre os três dias de atividades. Na sexta-feira, dia 4, o evento acontece entre

Acontece no próximo dia 19 (sábado) a primeira edição do Sarau da Pluralidade de Gênero e Sexualidade em Itapira. O evento, com início às 14h00, acontece na Praça Bernardino de Campos e é aberto ao público. A iniciativa é organizada pelos coletivos Voz Popular e Por Trás da Rotina Itapirense. A proposta é ocupar o espaço público com diferentes linguagens artísticas e culturais da cidade e da região, tomando por base as discussões relativas a gênero e sexualidade. O evento também celebra o Dia Internacional da Mulher, comemorado no próximo dia 8. “A ideia é incorporar diferentes abordagens que buscam desconstruir preconceitos e também o machismo”, comenta uma das

idealizadoras do Sarau, Aline Fernanda Longo, 23. “O evento contará com apresentações de dança, rodas de conversa e muita arte e informação de produção local para reforçar o amor e o respeito. Teremos uma decoração expressiva e bem especifica ao tema desta edição do Sarau Cultural”, acrescenta. Entre outras atrações, o evento prevê um pocket-show com Raicca Evans e três exposições fotográficas assinadas por Sabrina Brombim, Fábio Zangelmi e Joyce Meneghini. “Todas têm o objetivo de dar maior visibilidade ao público LGBT com uma forma artística única”, resume Aline. Também haverá varal de poesia, informativos, mostra do Coletivo

Obras de Marte e apresentação de estreia do grupo de Maracatu de Itapira, além do DJ Maurício Marques e show da banda Broove. “O Sarau é totalmente aberto para exposições, instalações, varais e qualquer manifestação artística e cultural, sem necessidade de agendamento ou programação. É só chegar, todos podem participar”, lembra a organizadora. O evento conta com cantina, que comercializa bebidas e alimentação – inclusive com opções vegetarianas, além da venda de camisetas personalizadas do Sarau, cuja renda é revertida ao custeio das atividades. Outras informações podem ser obtidas pela página www.facebook.com/ sarauitapira.

Serviço

O que: Truck Rock Fest Quando: dias 4, 5 e 6 de março Onde: em Itapira, na Antiga Estação da Fepasa Quanto: gratuito. Proibido o acesso com comidas e bebidas Mais informações: www.bitly.com/truckrockfest Bandas: Máfia do Blues e Sons Of Seatle, na sexta-feira; Estado Livre, Jack James, Setenta & Tal e Kerozene, no sábado; Cashback no domingo.

17h00 e 00h00. NO sábado, dia 5, a programação ocorre entre 11h00 e 22h00. Já no domingo, 6, o público pode conferir as atrações musicais e gastronômicas entre 11h00 e 18h00. A entrada é gratuita, não sendo permitido o acesso com bebidas e comidas. A antiga Estação da Fepasa fica na Avenida Rio Branco, defronte à Praça João Sarkis Filho.

Gênero e sexualidade são temas de nova edição de sarau em Itapira

03/03 - Ed Campos 04/03 - Wellington Clemente 05/03 - Everton Coraça 10/03 - Aimberê Dantas 11/03 - Ed Campos 12/03 - Marcão Andrade 17/03 - Everton Coraça 18/03 - Carlos Henrique 19/03 - Brasilidade (duo) 24/03 - Ed Campos 26/03 - Tempero Brasileiro (duo) Restaurante Pizzaria  Bar Balada & Eventos

AVENIDA JACAREÍ, 64 – ITAPIRA

04/03 - Happy Hour com Vandinho (HelterSkelter)

CHOPERIA TRADIÇÃO facebook: Choperia-Tradição

Avenida Luiz Gonzaga de Amordo Campos, 31 Jardim Casagrande - Mogi Guaçu

03/03 - Anderson Lalão 04/03 - Marcelo Espanhol 05/03 - Hud Henrique 06/03 - 2° Encontro de Motos Custom 10/03 - Júnior Rodrigues 11/03 - Trio Altos & Baixos 12/03 - Trilogia Acústica 13/03 - Major Rank Fernando Pineccio/Arquivo/Megaphone

Evento independente acontece na Praça


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REPETECO INÉDITO

Fernando Pineccio/Arquivo/Megaphone

Com mudanças, adaptação de ‘Romeu e Julieta’ ganha mais duas apresentações em Itapira

D

epois de uma bem sucedida turnê que passou por sete cidades paulistas no ano passado, a montagem da Cia Talagadá para o espetáculo ‘Romeu e Julieta’ será reapresentada em Itapira. As duas novas apresentações, que reabrem os trabalhos do grupo em 2016, acontecem nos dias 12 e 13 de março e são abertas ao público. Os eventos são abrigados na Praça Bernardino de Campos. No primeiro dia, a encenação começa às 11h00 e, no dia seguinte, às 15h00. Na adaptação do texto de Willian Shakespeare, a Cia Talagadá se apropria do tema para tratar de questões rela-

tivas à vulnerabilidade social, intolerância, preconceito, violência e opressão. Em meio ao lixo, tralhas e tudo mais que é descartado pela sociedade, cinco moradores de rua tentam subverter suas próprias realidades por meio do universo lúdico, no qual suas figuras grotescas interpretam a si mesmas utilizando-se de objetos, instalações, assemblages, música e performances para recontar, a seu modo, um dos maiores clássicos da dramaturgia mundial. O final trágico da peça é de conhecimento de todos, porém os personagens abusam de metáforas nos fatos que antecedem seu

desfecho, o que acaba surpreendendo os espectadores. No ano passado, a peça circulou entre agosto e setembro com o patrocínio do ProAC (Programa de Ação Cultural do Estado de São Paulo). “Depois da turnê do ano passado, como de costume em todos os trabalhos da Talagadá, o

obras dirigidas pela cineasta italiana Lina Wertmüller. Na sessão inaugural, a primeira exibição ocorreu às 17h30 e contemplou o drama ‘Pasqualino Sete Belezas’, de 1975. A mesma obra será exibida nesta quinta-feira (3), às 19h30. A agenda se estende até o fim do mês com diversos títulos. “Para os próximos meses teremos exibições de filmes de diversas nacionalidades, temas e períodos de produção”, informou o presidente da entidade, Walter Ricciluca. De acordo com ele, a programação é aberta tanto aos associados quanto a visitantes. “Trata-se de um espaço cultural aberto a todos, que pretende ser um ponto de encontro de cinéfilos de Itapira”, acrescentou.

Como a capacidade é limitada, os interessados devem fazer reservas antecipadas pelo telefone (3863-5001). A reserva deve ser efetuada tanto por sócios quanto por não sócios. Para não sócios é cobrada uma taxa de R$ 5,00, que vai auxiliar na manutenção da cinemateca e aquisição de novos títulos. “Para os associados em dia com suas obrigações, não é necessária a contribuição”, destacou Ricciluca. A criação e abertura da Cinemateca ao público integram um processo de restruturação do Circolo, que já abrangeu atualização e mudanças importantes no estatuto interno, além da reforma ainda em andamento no imponente prédio da área

Cia Talagadá confirmou novas apresentações de espetáculo de rua espetáculo passou por uma análise de como foi a estreia e o que poderia ser reformulado, enaltecido e trabalhado para chegar à qualidade artística que pretendemos com o espetáculo”, comenta um dos atores do grupo, Danilo Lopes. De acordo com ele, após o término das apresentações, a

Circolo Italiano abre as portas para sessões de cinema

O

Circolo Ítalo-Brasiliano XV de Novembro iniciou, na última quarta-feira (2), as atividades da Cinemateca ‘Cristiane Ricciluca Ferreira Lins’. O espaço, criado na própria sede da entidade representativa, tem por objetivo abrigar exibições de obras cinematográficas principalmente de origem italiana. A Cinemateca, que concentra perto de dois mil títulos, tem uma sala de exibição com capacidade para até 29 pessoas em ambiente climatizado. O espaço foi criado no ano passado e agora, pela primeira vez, abre suas portas ao público. Como forma de homenagear o Dia Internacional da Mulher, o cronograma deste mês abrangerá somente

companhia se concentrou em novos ensaios e debates para culminar em um espetáculo com a mesma essência, porém com algumas mudanças que o tornaram mais dinâmico. A ideia, segundo Lopes, é enaltecer ainda mais o teatro de objetos, que norteia todo o trabalho de pesquisa da Cia

Talagadá. Além dele, o grupo também conta com os atores João Bozzi e Valner Cintra – que também responde pela direção do espetáculo. Já em ‘Romeu e Julieta’, eles ganham ainda o reforço dos músicos Diogo Gomes e Luan Freitas. A trilha sonora foi composta por Luís Giovelli. Fernando Pineccio/Megaphone

Entidade representativa oferta sessões cinematográficas central da cidade. Dentro da agenda cultural, a entidade também é responsável pela organização da Festa Della Nonna e pelo abrigo à Mostra de Arte Moderna de Itapira. O Circolo também oferece curso do idioma italiano e está trabalhando na produção de uma exposição acerca da história dos imigrantes

Exibições Dias Dias Dias Dias Dias

02 09 15 22 29

da Cinemateca do Circolo em março:

(17h30) (17h30) (17h30) (17h30) (17h30)

e e e e e

03 10 16 23 30

(19h30) (19h30) (19h30) (19h30) (19h30)

italianos no município, bem como na fundação do Centro de Memória de Itapira.

- ‘Pasqualino Sete Belezas’ (1975) – ‘Por um destino Insólito’ (1974) – ‘Mimi, O Metalúrgico’ (1972) – ‘Irmão Sol, Irmã Lua’ (1972) – Amor e Anarquia’ (1973)

O Circolo Ítalo-Brasiliano fica na Praça Bernardino de Campos, 165.


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Divulgação

Parque das Laranjeiras representa polêmica ainda hoje

m e r a l u g e r r i o t n Loteame o r v i l e d a m e t é Mogi Mirim

O

l iv ro - re p o r t a g e m ‘Eterna Promessa – Os Caminhos Tortuosos dos Moradores do Parque das Laranjeiras’, de autoria do jornalista Flávio Magalhães, será lançado dia 12 de março. A obra publicada pela Editora Ixtlan traça um panorama completo sobre o loteamento irregular de um milhão de metros quadrados, localizado no extremo leste de Mogi Mirim. O evento ocorre das 13h00 às 17h00, em um lugar simbólico: o Projeto Maguila, no Parque das Laranjeiras. Na ocasião, além da tarde de autógrafos, a padaria da instituição mogimiriana estará a todo

vapor. Será uma fornada literária, com direito a degustação e produtos saindo do forno de hora em hora. Para participar é necessário adquirir o convite junto ao Projeto Maguila, que será beneficiado pela renda obtida no evento. Resultado de um TCC (Trabalho de Conclusão de Curso) para a Faculdade de Jornalismo da PUC (Pontifícia Universidade Católica) de Campinas, o livro-reportagem relata o cotidiano de uma população marginalizada, condenada a um ciclo de miséria, que vive sem o mínimo de infraestrutura básica há mais de três décadas. “São histórias de

guerreiros e guerreiras que batalham pelos seus diretos, cada qual com sua particularidade”, define o autor. Outro grande mérito do trabalho foi a ampla pesquisa documental, que permitiu um embasamento preciso sobre o complexo e conturbado processo de formação do Parque das Laranjeiras, que chegou a ser anulado nos anos 80. “O loteamento foi uma grande tragédia anunciada”, acredita Magalhães. “Houve muita negligência do poder público durante todos esses anos”, conclui. Para o processo de apuração do livro-reportagem foram consultados diversos do-

ção aproximada de 1h30 e classificação etária livre, o sambista baiano apresenta um repertório que engloba samba enredo, partido alto, samba de terreiro e marchinhas. Chocollate já se apresentou ao lado de artistas consagrados como Beth Carvalho, Jair Rodrigues, Demônios da Garoa e Quinteto em Branco e Preto. Já no dia 16 de abril, às 20h00, o mesmo auditório concentra a apresentação do espetáculo ‘Clássicos Populares & Populares Clássicos’, a cargo do trio Celina Charlier, Marcio Miele e Fábio Pellegatti. O show tem duração de 1h15, também com classificação etária livre, e abrange um cardápio musical bastante eclético. O duo Charlier-Pellegatti (flautista

e cellista) abre o programa com peças conhecidas de compositores eruditos que caíram no gosto popular, como Bach e Villa-Lobos, e seguem com arranjos para flauta e cello de tango, folclore japonês e chorinho. Em seguida, convidam ao palco o cantor e compositor Marcio Miele, e o repertório do trio passeia por MPB romântica, canção infantil, xote e swing brasileiro com um toque orquestral. Para fechar o programa, Marcio une música latino-americana a um humor brega-chique. Os dois eventos são gratuitos e abertos ao público. A Casa da Cultura fica na Rua Rui Barbosa, 750, no Centro, mais precisamente defronte ao Parque Juca Mulato. A necessidade de

cumentos oficiais de Mogi Mirim. A importância desses registros é evidenciada principalmente pela certidão que aponta a liberação de ao menos 204 lotes caucionados do Parque das Laranjeiras no momento da fundação, durante o governo de Ricardo Brandão. De posse desse dado, foi possível confrontar as versões do ex-prefeito.

ENTREVISTAS O levantamento de informações incluiu ainda um exame das ações movidas pelo Ministério Público contra os loteadores do bairro. Foi feita uma entrevista com o promotor

Shows de samba e MPB reabrem agenda do Circuito Cultural Paulista em Itapira

O

Circuito Cultural Paulista, programa da Secretaria Estadual de Cultura de São Paulo, anunciou suas próximas duas atividades em Itapira. As atrações, agendadas para março e abril, reabrem a temporada do programa no município, assim como ocorre nas mais de 100 cidades atendidas pelo projeto em todo o Estado. As duas primeiras atrações do Circuito Cultural Paulista em Itapira, em 2016, são voltadas à música. No dia 18 de março (sexta-feira), às 19h30, o auditório da Casa da Cultura ‘João Torrecillas Filho’ recebe show ‘Samba de Todos os Tempos’, do cantor Chocolatte da Vila Maria. Na apresentação com dura-

público de Mogi, Rogério Filócomo Júnior. Claudio Rafacho, proprietário da Emprelotes - empresa que loteou o Laranjeiras -, também deu sua versão dos fatos. Em 100 páginas, há ênfase nas fotografias, que foram valorizadas pelo tratamento em preto e branco e pela impressão em página inteira. O livro-reportagem também pode ser encomendado diretamente com o autor. Os pedidos e reservas podem ser feitos pelo e-mail flaviomagalhaes@outlook.com. O Projeto Maguila fica na Rua José Resende da Mota, 895, no Parque das Laranjeiras. Cada exemplar custa R$ 24,90.

Divulgação

Magalhães assina obra

Sérgio Mendonça/Divulgação

Chocolatte da Vila Maria é primeira atração em 2016 retirada antecipada de ingressos deve ser checada com a Secretaria Municipal de Cultura e Turismo pelo telefone (19) 3813-2010. O Circuito Cultural Paulista é um programa do Governo do Estado realizado em parceria com as prefeituras dos municípios participantes, no interior e no litoral. A

programação é divulgada bimestralmente envolvendo dança, teatro adulto e infantil, circo e música. As temporadas vão de março a novembro, sempre com um espetáculo por mês em cada cidade participante. O objetivo do programa é promover a difusão cultural descentralizada. Por meio

da realização de espetáculos em diversas linguagens artísticas, busca atuar na formação de público e no acesso da população à diversidade artística. O Circuito Cultural Paulista é executado pela organização social de cultura Associação Paulista dos Amigos da Arte (APPA).


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Pesquisa mostra que brasileiros estão frequentando mais cinemas e teatros

P

esquisa nacional feita pela Federação do Comércio do Estado do Rio de Janeiro (Fecomércio-RJ), em parceria com o Instituto Ipsos, revela o crescimento de hábitos culturais nos brasileiros nos últimos oito anos. Foram ouvidos 1.200 consumidores em 72 municípios de todo o país entre os dias 2 e 14 de dezembro do ano passado. O número de pessoas que disseram ter ido ao cinema e ao teatro cresceu 100%, passando de 17%, em 2007, para 35%, em 2015, e de 6% para 12%, na mesma comparação, mostra a pesquisa. “Para surpresa nossa, uma boa notícia é que mais brasileiros estão indo, principalmente, ao cinema e ao teatro, ao contrário do que se imaginava com o avanço da internet, em que havia uma preocupação de o brasileiro diminuir sua ida a esses dois programas culturais, em função de estar mais conectado à internet, vendo filmes ou peças de teatro pelo celular

ou computador. A gente não percebe isso na comparação mais dilatada, em oito anos, na medida em que dobraram os percentuais dos brasileiros que foram ao cinema ou ao teatro”, diz o gerente de Economia da Fecomércio-RJ, Christian Travassos.

Atuante nas áreas de Educação, Meio Ambiente, Causas Sociais e Cultura, o Instituto Konekti anunciou o lançamento de seu mais novo projeto, a Agência Konekti. Trata-sedo braço de produção cultural do instituto sem fins lucrativos estabelecido no interior de São Paulo, mas que atua em todo o Brasil e Exterior, com o intuito de descobrir e difundir ao redor do mundo a música brasileira e sua imensa diversidade. Visando sustentar e alavancar nacional e mundialmente a carreira de expoentes da nova geração da música brasileira, a Agência Konekti reuniu artistas que representam a mais rica variedade musical encontrada em nosso país: das composições para orquestra sinfônica ao samba de coco. Em seu casting, nomes como: Clarice Assad, Thiago Amud, Sérgio Pererê, Renata Rosa, Leandro Cabral, Fábio Peron, Gian Correa e Alexandre Andrés. Músicos que, com seu talento e trabalho diferenciado e inovador,

podem atingir o mesmo grau de consagração no exterior de brasileiros como Duo Assad, André Mehmari, Hermeto Paschoal e Egberto Gismonti. Em virtude da grande miscigenação cultural e racial, é impossível restringir a identidade brasileira a um único estilo musical. Somos vários "Brasis". E são as diversas caras desse rico país que a Agência Konekti quer apresentar ao próprio público nacional e ao mundo. Seu grande desejo é possibilitar essa "descoberta" ao público. Embora esteja dando seus primeiros passos, aagência já tem ramificações nos Estados Unidos, em Portugal, Argentina, México e Japão.

PERCENTUAIS AINDA SÃO TÍMIDOS Travassos ressaltou que os percentuais ainda são tímidos, em especial no caso de teatro, embora tenham mostrado avanço significativo. Travassos disse que as mídias sociais contribuíram para disseminar os conteúdos e dar visibilidade a artistas, “e isso colabora”. O gerente observou o crescimento do mercado promocional e de campanhas, feitas por meio de parcerias entre empresas de diferentes ramos, como bancos e cinemas ou academias e teatros. Segundo ele, elas vão ao encontro de uma necessidade de oferecer cada vez mais cultura

Mídias sociais contribuíram para divulgar programas culturais à população. Dos sete programas culturais pesquisados, só o item "visita à exposição de arte" permaneceu estável em 2015 em relação a 2007, com 8%. No caso da leitura, o percentual aumentou de 31%, em 2007, para 36%, em 2015. “De 2007 para 2015, houve um avanço na escolaridade, que foi sentido na economia como um todo”. Além dos lançamentos editoriais de sucessos ocorridos no período, e de INFORME PUBLICITÁRIO

Instituto Konekti lança agência de produção cultural

Primeiros passos Além de agenciar os shows desses novos nomes da música nacional, a Konekti inicialmente já desenvolve dois projetos: ‘Resgate’ e ‘Trilhas da Música’. Na primeira iniciativa, um dos artistas da agência irá regravar um álbum de destaque na música brasileira que tenha sido uma influência relevante para sua formação musi-

Fabio Rodrigues Pozzebom/Agência Brasil

cal. Será uma releitura da obra através de seus olhos, ou melhor, de seus ouvidos. Com isso, o músico poderá mostrar sua cara e, ao mesmo tempo, será possível homenagear grandes nomes da nossa música. Com o ‘Trilhas da Música’, a Konekti levará uma caravana com seus artistas a cidades pequenas do interior do Brasil, onde o mercado cultural ainda é praticamente inativo. O propósito é realizar a interação com os músicos e a população local. Uma troca de experiência enriquecedora para ambas as partes: os músicos terão contato com a cultura local enquanto o público conhecerá um pouco mais da diversidade musical brasileira. Na Internet Para conhecer um pouquinho mais do trabalho da Agência Konekti e checar a agenda de shows, curta nossa página no Facebook: www.facebook.com/ agenciakonekti. Mais informações pelo e-mail producao@konekti.org.br.

feiras literárias, o mercado de trabalho mostrou aquecimento, e isso incentivou a adesão à leitura, afirmou Travassos. Em oito anos, o percentual de brasileiros que afirmou ter feito pelo menos um programa cultural subiu 10 pontos percentuais, de 43% para 53%. Em contrapartida, 47% dos entrevistados relataram não fazer nenhum programa de lazer cultural. Christian Travassos indicou que há

ainda um grande caminho a percorrer para elevar os hábitos culturais dos brasileiros. “É um mercado a ser aproveitado ainda do ponto de vista tanto das empresas quanto do poder público”. A falta de hábito foi a razão mais citada para o não consumo de bens culturais, “porque muitas dessas atividades, como museu, show de música, ler um livro, não têm custo”, disse o economista. O custo não é colocado como

principal fator impeditivo. A parcela dos que dizem não ter hábito cultural varia entre 63% e 88%. “É menor no caso de teatro e alcança 88% no caso dos que não leram um livro, na base da população como um todo”. Entre os 47% que não fizeram nenhuma atividade cultural listada na pesquisa, o momento de lazer mais citado foi ver televisão, para 77% dos consultados, seguido da ida à igreja, com 24%.


www.portalmegaphone.com.br Edição Quinzenal | 3 de março de 2016 | Página 7

Setor cinematográfico tem maior taxa de crescimento em cinco anos

O

setor cinematográfico no Brasil alcançou números expressivos em 2015, de acordo com o Informe Anual divulgado pela Ancine (Agência Nacional do Cinema). Foram registrados no ano passado 172,9 milhões de espectadores nas salas de cinema do país – um aumento de 11,1% em relação a 2014. A renda gerada em bilheteria foi R$ 2,35 bilhões, refletindo um aumento de 20,1% em comparação ao ano anterior. De acordo com a Superintendência de Análise de Mercado da Ancine, essas são as maiores taxas de crescimento de bilheteria e de público registradas nos últimos cinco anos, e tanto os filmes brasileiros quanto os estrangeiros contribuíram para esse aumento. O informe da Ancine, – que traz dados sobre distribuição, exibição e produção de obras para cinema – mostra ainda que o público dos filmes brasileiros, em relação ao total de espectadores, passou de 12,2%, em 2014, para 13% em 2015. Foram 22,5 milhões de espectadores de filmes nacionais, ante 19,1

milhões em 2014. De acordo com os critérios adotados pela agência na elaboração do informe, os dados coletados são relativos a 53 semanas cinematográficas, o que corresponde ao período de 1 de janeiro de 2015 a 6 de janeiro de 2016. Ainda que 2015 tenha tido uma semana cinematográfica a mais do que nos anos anteriores, as taxas de crescimento de público e de renda continuariam sendo as maiores dos últimos cinco anos se considerados apenas os resultados conquistados até a 52ª semana, analisa o documento da Ancine.

CINEMA BRASILEIRO PRODUZIU MAIS Em 2015 foram lançados 128 longas-metragens nacionais. Comparado a 2014, com 114 lançamentos, houve aumento de 12,3% em títulos brasileiros nos cinemas. Os 128 lançamentos foram produzidos por 116 empresas distintas, das quais oito lançaram mais de um título. Dos filmes brasileiros, 80 foram do gênero ficção e 48 documentários. No ranking

Reprodução

Segmento conquistou expansão em 2015 das 20 maiores bilheterias, três são filmes nacionais, responsáveis por 43% do público de obras produzidas no país e por 6% do público total. São eles Loucas pra Casar, que ficou em 10º lugar, com público de 3,7 milhões; Vai que Cola, filme originado da série de TV paga, que fez 3,3 milhões de espectadores e ficou na 12ª posição do ranking; e Meu Passado me Condena 2, que

Utopia cultural: a desconstrução de Itapira

ficou em 20º lugar, com 2,6 milhões de espectadores.

MAIS SALAS DE CINEMA O informe da Ancine também aponta crescimento recorde do parque exibidor brasileiro, que encerrou 2015 com mais de 3 mil salas em funcionamento, marca que o país não atingia desde 1977. No ano passado foram inaugurados 58 complexos,

totalizando 252 novas salas. Deles, 11 foram reabertos e oito ampliaram o número de telas. O crescimento foi mais intenso na Região Sudeste, que ganhou 165 salas, sendo 91 no estado de São Paulo. As regiões Norte e Nordeste apresentaram aumento maior do parque exibidor, em comparação com o Sul e o Centro-Oeste. Foram oito complexos abertos no Norte

As maravilhas escondidas da cidade do rei isolado

Aline Fernanda Longo

Ao acreditar no poder popular e na construção coletiva, ouso sonhar. Ao pensar a construção coletiva visando uma mudança no cenário cultural de Itapira, e refletir em mudança na sociedade, meu sonho caracteriza-se como um desejo de um grupo. Embora a palavra utopia signifique o lugar que não existe, não quer dizer que ele não possa vir a existir. A utopia então pode representar a materialização dos anseios de um coletivo: o lugar que nós queremos, que ainda não existe, que com o envolvimento; por meio de um sonho em comum, pode vir a existir. Pode parecer uma visão romântica da sociedade, que vislumbra uma sociedade possível, capaz de proporcionar a participação, por meio da democracia, abrindo lugar para todo cidadão vivenciar a cidadania e contribuir com a sociedade, em especifico no cenário cultural. É nessa linha de pensamento, que unimos os coletivos Voz Popular e Por Trás da Rotina Itapirense, acreditando que o sonho, nesse caso a concepção de cultura, pode tornar-se realidade através de nossas ações. No entanto, nossos sonhos não são sustentados pela ingenuidade imaginária de uma perfeição. A utopia que propomos para mover a mudança no cenário cultural vem das necessidades e faz-se necessário sonharmos juntos, como um coletivo. Nossa forma de construção coletiva tem então um objetivo principal: a desconstrução. Sim, a desconstrução. A desconstrução de uma sociedade opressora, machista, homofóbica e nem um pouco igualitária, na qual a cultura está cada vez mais elitizada. Para isso, apostamos forte na arte e na cultura local, no respeito à diversidade, à pluralidade e às identidades culturais, no empoderamento dos sujeitos e alcance da autonomia, participação em processos sócio-culturais, no estímulo à autoralidade, à criatividade, à inovação e à renovação, na democratização. Buscamos em cada atuação nos desafiarmos e desafiar artistas, estudantes e cidadãos a sonhar em coletivo! Novas produções, novas atuações, novas discussões para quebrar paradigmas da sociedade e da cultura elitizada. Falar de cultura e de atuação no cenário cultural, não é só falar do “eu”, mas também do “outro”. Afinal, cultura não se remente somente a aquilo com que o “eu” tem proximidade, mas sim uma complexidade que inclui o conhecimento, a arte, as crenças, a lei, a moral, os costumes e todos os hábitos e aptidões adquiridos pelo ser humano. Por isso torna-se mais ainda necessário um processo de desconstrução da

sociedade, para a construção de uma noção de pluralidade cultural no contexto itapirense. Tal necessidade torna-se ainda maior se observarmos que a noção de cultural está atrelada aos grandes eventos e suas grandes estruturas, que por sinal não privilegiam em nada a cultural e a participação local. A construção coletiva vem embalando os domingos itapirenses com a realização das Oficinas de Maracatu. De onde surgiram os instrumentos? Por meio da ação coletiva. Como é mantido o professor? Ação coletiva. E assim se constrói um grupo, que atende as necessidades e anseios de cidadãos. Da mesma forma, mantém-se o Sarau Cultural Por Trás da Rotina Itapirense, com a contribuição e participação de todos. Desde aqueles que atuam na organização e execução até os que prestigiam e divulgam. Como nascem as oficinas? Construção coletiva! Como custeamos? Construção coletiva! Como nos mantemos ativos? Prestígio coletivo de grupos, que formam um único grupo com necessidades de mudanças dispostos a atuar, ou seja, construção coletiva. Neste caso, cultural e social. Sempre que esses exemplos de construção coletiva aparecem em minhas conversas – são os mais próximos-dou de cara com as frequentes perguntas: De onde vocês tiram tempo para isso? Quanto custa? Tem apoio do de instituições vinculadas à Prefeitura ou ao Governo do Estado? E a pior de todas: quanto é que vocês ganham para fazer isso? Embora eu não seja um todo, sempre utilizo de palavras que definam o sentimento que partilho com o mesmo. Todos têm seu cotidiano, sua rotina, mas todos partilham de sonhos e anseios, que diferentes ou em comum, quando juntos resultam em algo bem próximo a utopia: fazemos algo que não existe existir. Quanto ao apoio de instituições de poder, isso não é necessário e a proposta também não é essa. Não enquanto os interesses de instâncias de poder predominarem diante das necessidades do povo. O custo é coletivo, mas o que realmente vale é a vontade de atuar e materializar o sonho. O lucro é imenso: conhecimento, informação, convívio, participação; ver “a coisa acontecer”. Por fim, ainda tem muito que ser feito; construído e descontruído coletivamente. Tudo é um constante aprendizado. E sonhar em coletivo é aprender, é construir e desconstruir. Dia 18 de março é dia de conversar e quebrar alguns tabus. Será realizada uma Oficina de Sexualidade e Gênero na Praça Bernardino de Campos, às 17h00. Mais uma iniciativa coletiva em Itapira. Vamos conversar?

Aline Fernanda Longo, 22 anos. Formada em História pela PUC Campinas. Mestranda em Educação pela mesma Universidade, membro do Coletivo Voz Popular/Por Trás da Rotina Itapirense.

e 12 no Nordeste. Outro dado positivo foi o avanço do processo de digitalização nas salas de cinema, que segundo a Ancine já está em fase de finalização. De acordo com levantamento junto aos exibidores, o parque exibidor chegou ao final do ano com 2.775 salas digitalizadas, o que representa 92% das salas do país. Em 2014, o percentual era de 62,5%.

por Ricardo Pecego

Já estive algumas vezes no Rio de Janeiro, mas pela primeira vez tive dois cariocas da gema como guias. Foi uma experiência estética: Tudo que vi foi de uma complexidade incrível, e tudo começou na descida do aeroporto do Galeão. Segui com um ônibus e, na saída, aquele Rio que eu conheço, muita miséria, muita sujeira, muito abandono do patrimônio histórico. As coisas só começaram a se modificar no Centro, na Avenida Rio Branco, justamente quando peço a uma senhora indicações de onde eu teria de descer. Ela começou a me falar do Centro da cidade, e eu passei a admirar seus relatos, com olhos de enxergar. Enxerguei a cidade em funcionamento. Foi o contraponto a tudo que deixamos na região do aeroporto. Enxerguei o aproveitamento da linda arquitetura dos prédios, passamos pela Praça Paris, foi um choque, pois a beleza do lugar é realmente grande. Então o ônibus chegou à enseada de Botafogo, e pude ver duas pedras enormes e uma enseada cheia de barcos, aquilo era bonito demais, mas o melhor ainda estava por vir. Desci logo depois da praia de Botafogo, e com meu segundo guia, um amigo meu, segui para o interior da Urca. Prédios históricos muito bonitos, no caminho que nos levou à Praia Vermelha, aquela da música “Do Leme ao Pontal” do Tim Maia, ali onde um Chopin, apaixonado pela paisagem, reverencia o nascer do sol todos os dias, bem na entrada da Baía de Guanabara. Eu parei, observei, respirei e permaneci uma longa fração de segundo estático, assim como o Chopin daquele lugar. Seguimos ao lado da pedra da Urca, na trilha do Bem-te-vi, o cenário só melhorava, (o ar era puro e uma vista de deixar qualquer um de bem com a vida). Seguindo nela chegamos ao “Dark Side of Pão de Açúcar”, um lugar enigmático e vertiginoso para quem arrisca subir pelo lado que ninguém vê da pedra mais famosa da cidade. Após essa trilha com dia caindo, seguimos pela Baía de Guanabara e surgem personagens míticos da cidade e do Brasil. O Cristo se acende lá ao longe, e Roberto Carlos entra na sua casa (literalmente ele manobrou o carro na nossa frente). Conheci as casas de Artur Moreira Lima, João Donato e nesse caminho fui levado até a primeira rua da cidade, que leva o nome do seu padroeiro, São Sebastião, e por lá caminhando, chegamos numa casa com portões abertos, livre para entrada de quem quisesse. Era a casa Benet Domingo, esse artista plástico catalão de nascimento que encontrou no Rio de Janeiro seu verdadeiro lar. Sua integração com a cidade foi tamanha, que hoje sua filha e neta permanecem firmes na difusão de seu legado. Essa casa é como um centro cultural onde acontecem shows musicais, exposições, conversas, cursos e

até atividades gastronômicas. Ali vários artistas da cena carioca se apresentam movimentando a noite local. Já com a noite dominante, seguindo ainda na Rua São Sebastião, avistei um prédio parecido com o Capitólio (arquitetonicamente), em proporção menor, no alto de uma muralha de pedra. Meu prezado guia apontou e disse que ali era o estúdio do Roberto Carlos. Monumental! Realmente de uma imponência e localização ímpares, mas conforme a regra desse país, quiçá desse planeta: onde o recurso é abundante, poucos são os que usufruem. Neste momento um paradoxo se instala na minha mente, enxergo que nosso rei é um pobre isolado, protegido aos quatro cantos das manifestações artísticas genuínas, que ali na mesma rua um estrangeiro e sua família fizeram (e fazem) questão de interagir e incentivar. Muitas são as interrogações, não quero aqui chatear nenhum admirador do Robertão, mas essa é uma duríssima realidade, que ali foi evidente demais para que eu a ignorasse. O contraponto mais inusitado para esse quadro é justamente saber que no mesmo muro de pedra que sustenta a opulência daquele estúdio, foram feitas as fotos de um CD lançado pelo Coletivo Chama, “Todo mundo é bom”. Como sugere o nome deste movimento, o CD é o resultado do trabalho em conjunto de oito compositores e parceiros, que encontraram na fusão de suas harmonias, melodias e letras, a força para dar um tapa na cara de quem não acredita na máxima: Tudo que é do homem morre, menos a arte. Sinto-me feliz e realizado de ter a oportunidade de assistir a essa reação, esta re-evolução, que pode e vai mexer com você sensorialmente, psicologicamente, pois persegue e provoca sem dó nossos sentidos, nossos costumes de bons brasileiros, que generalizamos, apontamos e julgamos sem dar espaço para exceção, ou chance para experimentar. Assim foi comigo, quando mantive durante anos a fio, meus dois pés atrás para com a cidade do Rio de Janeiro. Não poderia ter feito isso, e foi graças aos meus gentis guias, que pude reverter esse quadro e caminhei, respirei, olhei, conversei a cidade. Quanto já se deteriorou do original? Muito! Bastante mesmo, mas a monumentalidade está ali, firme, presente, resistente e pronta para quantos mais fuzilamentos forem acontecer. Será trabalho nosso a recuperação, revitalização e o resgate do que já foi ideal, genial e lindo. Havemos de desenvolver os métodos, e que os grandes gênios reencarnem para nos ajudar no redirecionamento de tudo isso que se isola, que fatura e que corrompe aqueles que, ainda incrédulos, se fecham para o novo e para o despertar coletivo.

Ricardo Pecego, 38, é produtor cultural, aspirante a esteta e acha que o mundo, inclusive o Brasil, ainda tem jeito.


anorama

www.portalmegaphone.com.br Edição Quinzenal | 3 de março de 2016 | Página 8

Divulgação

Banda com temática pirada navega pela primeira vez nos mares do Roça n’ Roll

! O T A M O N S PIR ATonAfirma show no Roça n’ Roll Barbaria c

O

grupo Barbaria, de Mogi Guaçu, será um dos destaques da 18ª edição do festival Roça n’ Roll. O evento acontece no dia 28 de maio, em Varginha (MG). A banda de Pirate Metal foi confirmada no casting do evento há cerca de 20 dias, despertando grande expectativa nos músicos. “Todos os anos o Roça n’ Roll abre uma seletiva para bandas que gostariam de tocar no evento. Desta vez, o Barbaria passou pelo processo e vamos tocar no palco principal. Ficamos felizes demais por esse reconhecimento, que é um grande passo para o grupo”, comenta o vocalista Draco Louback. Ao lado dele, completam a banda os guitarristas Marcelo Louback e Renan Toniette, o baixista Ricardo Guariento e o baterista Marcelo Niero. A boa notícia chegou em um momento em que o Barbaria se concentra nas gravações do novo álbum. O disco foi anunciado no fim do ano passado, quando o grupo divulgou sua mais nova música, ‘Cova

Rasa’, com letra em português – padrão que deverá ser adotado nas novas composições. “A decisão de compor em português aguçou a curiosidade do nosso público, e essa decisão está sendo bem aceita. Há tempos eu prometi que minha primeira vez no Roça n’ Roll seria pra tocar, e eis que esse sonho se tornou realidade”, acrescentou o vocalista. J u n t a m e n te c o m o anúncio da participação do Barbaria no festival, outras quatro bandas também foram confirmadas dentro do processo de seleção aberto a grupos de todo o país: Concreto, Deadliness, Hatefulmurder e Maverick. Segundo Bruno Maia, organizador do evento, a seleção levou em conta aspectos logísticos e conceituais para escolha dos grupos. “Acredito que as cinco bandas escolhidas refletem muito bem a proposta de diversidade do Roça ‘n’ Roll. Mas infelizmente, não podemos escolher muitas bandas. E aproveito para agradecer imensamente aos grupos que enviaram seus trabalhos”, disse. Além das bandas selecio-

Divulgação

Grupo de Mogi Guaçu comemora seleção para festival conceituado em Minas

nadas, o Roça n’ Rol 2016 também já confirmou shows de Torture Squad, JackDevil, Mythological Cold Towers, O Satânico Dr. Mao e os Espiões Secretos, Tuatha de Danann, Impurity e Cracker Blues, Noturnal e a finlandesa Amorphis. O evento acontece na Fazenda Estrela, a partir das 13h00. Outras informações, ingressos e detalhes sobre as bandas e shows pelo site www. rocainroll.com.


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