INSTUTO POLITÉCNICO DO PORTO ESCOLA SUPERIOR DE ESTUDOS INDUSTRIAIS E DE GESTÃO TRABALHO CRIADO NO ÂMBITO CURSO DE ESPECIALIZAÇÃO PÓS-GRADUAÇÃO EM GESTÃO DE BIBLIOTECAS ESCOLARES
NA BIBLIOTECA ESCOLAR
MODULO IX - COMUNICAÇÃO E PROMOÇÃO DA BIBLIOTECA ESCOLAR
Docente orientadora: Doutora Milena Carvalho
CURSO DE ESPECIALIZAÇÃO PÓS-GRADUAÇÃO EM GESTÃO DE BIBLIOTECAS ESCOLARES
Vila do Conde 2015
Alunas: Fernanda Maria Fernandes, n.º 19140009 Maria da Conceição Cunha, n.º 19140012 Isabel Rosas Dias, n.º 19140116 Cristina Rosas Dias,nº19140115 Mariana Luz Meireles, n.º19140013
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Conteúdo
Introdução Hoje todos reconhecemos que, os métodos de ensino tradicionais estão longe de seduzir crianças e jovens. O processo didático-pedagógico nas escolas da “era da informação”, tem de ser repensado e atualizado e todos sabemos que essa atualização passa pelas TIC que, reconhecidamente, são um instrumento de aproximação entre a biblioteca escolar e os seus utilizadores, sendo de extrema importância o papel do professor bibliotecário como orientador no acesso à informação por parte da comunidade escolar.
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A partir de 2005, com o surgimento da “web 2.0”, a forma como o aluno acede e produz informação, mudou drasticamente. As atividades escolares deixaram de dizer respeito apenas à sala de aula e passaram a poder realizar-se em qualquer lugar – na biblioteca, em casa… mas também no comboio, no carro, no café…e mais do que tudo isso, são realizadas em grupo, em partilha constante com o outro. A biblioteca escolar deve acompanhar esta evolução fornecendo, a par com os serviços tradicionais, novos e inovadores serviços e experiências multimédia. Este vanguardismo, este estar constantemente atualizado para as necessidades dos seus clientes, dita o êxito de qualquer instituição bem como o da biblioteca escolar. Por isso anuncia-se como de extrema importância criar e adequar produtos/serviços ao seu público alvo e que esse produto/serviço fique realmente ao alcance daquele que o necessita. É nesta vertente que entra a utilidade da aplicação das técnicas de marketing na biblioteca escolar. O marketing já foi visto/utilizado apenas com o objetivo de realizar vendas, mas hoje sabemos que pode ser um aliado na nossa missão de atender as necessidades do nosso público pois, o seu objetivo geral e simplificado é a realização de trocas que beneficiem as partes envolvidas no processo e o “lucro “ da biblioteca escolar diz respeito à quantidade de usuários que a frequentam e à qualidade dos seus serviços. Num país em que o investimento nas bibliotecas é muitas vezes questionado, é importante que estas se revelem como um importante serviço de apoio educativo com uma quantidade significativa de utilizadores satisfeitos com os seus serviços
Enquadramento Dada a já reconhecida importância das técnicas de marketing como aliadas da biblioteca escolar, neste trabalho relembramos a missão e objetivos da biblioteca escolar, abordamos conceitos de marketing sobretudo em contexto de biblioteca escolar. Falamos da necessidade de toda a biblioteca ter um plano de marketing e do que o mesmo deve contemplar. Falamos do Mix de marketing que utilizado em serviços (biblioteca escolar) é ampliado, além dos 4 Ps tradicionais. Inferimos que muitas ações
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de marketing se fazem já nas nossas bibliotecas. Por fim falamos da estratégia de comunicação para a biblioteca escolar.
Avaliação da biblioteca escolar A biblioteca escolar é uma estrutura que está ao serviço de uma comunidade educativa e revela-se de todo conveniente avaliar esses serviços no sentido de, gradualmente e continuamente os poder melhorar. É nesta linha que a RBE lança o MABE – Modelo de Avaliação da Biblioteca Escolar: 2014-2017 . Esta avaliação visa determinar até que ponto a missão, as metas e os objetivos estabelecidos para as bibliotecas estão ou não a ser alcançados, identificando as práticas que têm sucesso e que deverão manter-se e os pontos fracos que importa melhorar. Esta avaliação impulsiona as bibliotecas a apostar continuamente na melhoria, refletindo esse esforço nos planos anuais de atividades. Posteriormente irão avaliar o seu trabalho e desempenho através da aplicação de um conjunto de quatro questionários dirigidos aos órgãos de administração e gestão, às estruturas de coordenação educativa e supervisão pedagógica, aos alunos e aos Enc. de Educação e da elaboração de um relatório global de avaliação. Estes questionários estão disponibilizados na Rede de Bibliotecas Escolares (RBE). O processo avaliativo requer a recolha de evidências necessárias, ao longo do ano, de tipo qualitativo e quantitativo, que sustentarão os resultados. Atendendo ao exposto, torna-se evidente, a necessidade de realização de um diagnóstico da situação presente e a recolha de propostas de intervenção adequadas às problemáticas vividas pela escola. Este trabalho de “diagnóstico” deve envolver os órgãos de administração e gestão, as estruturas de coordenação educativa e supervisão pedagógica, os alunos e a comunidade, em geral. É importante que estas estruturas se envolvam no processo, para que possam proporcionar às bibliotecas condições para ultrapassar as dificuldades e superar os patamares de desempenho em que se encontram, designadamente quando estes são mais baixos. O ciclo avaliativo proposto pelo MAB envolve quatro domínios ( currículo, literacias e aprendizagem, leitura e literacia, projetos e parcerias e gestão da biblioteca escolar ) e propõe Página 5 de 24
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uma sucessão alternada de implementação de estratégias de melhoria e avaliação de resultados, isto pressupõe a manutenção no processo, ao longo do próximo ciclo, das bibliotecas que o integrem.
Missão e objetivos da biblioteca escolar A missão da biblioteca escolar consubstancia-se em proporcionar ao seu público informação, conhecimento e ideias, estimulando a imaginação, por forma a desenvolver nos alunos competências para a aprendizagem ao longo da vida, competências essas, fundamentais para sermos bem-sucedidos na sociedade atual e tornarmo-nos cidadãos responsáveis. Disponibilizando livros e recursos em todos os suportes, o seu objetivo é ajudar todos os membros da comunidade escolar a apropriarem-se da informação tornando-se pensadores críticos. O acesso aos serviços da biblioteca e fundos documentais deve orientar-se pela Declaração Universal dos Direitos e Liberdades do Homem, aprovada pelas Nações Unidas, isto é, deve disponibilizar os seus serviços de igual modo a todos os membros da comunidade escolar, independentemente da idade, raça, sexo, religião, nacionalidade, língua e estatuto profissional ou social. Aos utilizadores que, por qualquer razão, não possam utilizar os serviços e materiais comuns da biblioteca, a biblioteca deve agilizar no sentido de serem disponibilizados serviços e materiais específicos. A biblioteca escolar é parte integrante do processo educativo e os recursos complementam e enriquecem os manuais escolares e os materiais e metodologias de ensino. Deste modo a biblioteca apoia os professores na divulgação de conteúdos e nessa missão última de desenvolver competências para a aprendizagem ao longo da vida, tornando cada indivíduo num pensador crítico, pois quando os bibliotecários e professores trabalham em equipa, os níveis de literacia, de aprendizagem, de resolução de problemas e competências dos alunos são mais elevados.
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Segundo o “Manifesto da biblioteca Escolar”, publicado pelo Ministério da Educação de Portugal Gabinete da Rede de Bibliotecas Escolares e que foi preparado pela Federação Internacional das Associações de Bibliotecários e de Bibliotecas e aprovado pela UNESCO na sua Conferência Geral em Novembro de 1999, apontam-se como sendo “essenciais ao desenvolvimento da literacia, das competências de informação, do ensino-aprendizagem e da cultura e correspondem a serviços básicos da biblioteca escolar: •
apoiar e promover os objetivos educativos definidos de acordo com as finalidades e currículo da escola;
•
criar e manter nas crianças o hábito e o prazer da leitura, da aprendizagem e da utilização das bibliotecas ao longo da vida;
•
proporcionar oportunidades de utilização e produção de informação que possibilitem a aquisição de conhecimentos, a compreensão, o desenvolvimento da imaginação e o lazer;
•
apoiar os alunos na aprendizagem e na prática de competências de avaliação e utilização da informação, independentemente da natureza e do suporte, tendo em conta as formas de comunicação no seio da comunidade;
•
providenciar acesso aos recursos locais, regionais, nacionais e globais e às oportunidades que confrontem os alunos com ideias, experiências e opiniões diversificadas;
•
organizar atividades que favoreçam a consciência e a sensibilização para as questões de ordem cultural e social;
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•
trabalhar com alunos, professores, órgãos de gestão e pais de modo a cumprir a missão da escola;
•
defender a ideia de que a liberdade intelectual e o acesso à informação são essenciais à construção de uma cidadania efetiva e responsável e à participação na democracia;
•
promover a leitura, os recursos e serviços da biblioteca escolar junto da comunidade escolar e fora dela.
A biblioteca escolar cumpre estas funções desenvolvendo políticas e serviços, selecionando e adquirindo recursos, proporcionando acesso material e intelectual a fontes de informação apropriadas, disponibilizando equipamentos e dispondo de pessoal qualificado”.
Marketing Esclarecendo o conceito de marketing, Ceneco (1996) indica que a palavra é de origem amaricana “que surgiu nos anos 30: comercialização, de market- mercado e ing- ação. O marketing é uma atitude ativa, um estado de espirito, que consiste em antecipar e compreender as expectativas do mercado, e oferecer soluções adaptáveis e rendíveis.”(1996, p.189). Alves (2001) diz que “marketing é um processo que passa pelo reconhecimento e antecipação das necessidades dos clientes e definição de ações que visem debelar essas mesmas necessidades”.
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Pese embora a existência de muitas definições de marketing, todas elas são focadas na orientação e satisfação das necessidades do cliente, isto é, faz do cliente, e da satisfação de suas necessidades, o ponto foco de todas as atividades empresariais. Poderemos então dizer que, marketing é uma atividade planificada, cujo principal objetivo é satisfazer as necessidades, desejos e exigências dos consumidores/clientes. Verificamos que ao marketing está pois subjacente, uma filosofia de gestão virada para a satisfação dos clientes/utilizadores implicando assim que necessidades futuras devam ser identificadas e antecipadas. Qualquer instituição deve ter em atenção as necessidades dos seus clientes/utilizadores, mas também as necessidades dos seus possíveis clientes num futuro próximo. Estas práticas contribuem para que as decisões a tomar melhorem serviços prestados e colmatem lacunas que os clientes possam ver na instituição. O marketing não está apenas ligado à publicidade ou a compras e vendas, a sua abrangência é muito maior. Atualmente organizações do setor público e organizações que não visam lucro adotam o conceito de marketing para melhorar os seus serviços, reconhecendo a influência do marketing sobre a sociedade.
Marketing de serviços “Além dos bens tangíveis, podemos considerar como produtos os serviços – atividades ou benefícios oferecidos para venda, os quais são essencialmente intangíveis e não resultam na posse de nada” ( Kotler e Amstrong (2006, p.5). Os serviços são, portanto, atividades ou benefícios oferecidos em beneficio de alguém. Kotler e Keller (2006, p.397) definem serviço como “qualquer ato ou desempenho, essencialmente intangível, que uma parte pode oferecer a outra e que não resulta na propriedade de nada”. Pelo exposto concluímos que, devido às suas caraterísticas básicas, o marketing das bibliotecas se insere no marketing de serviços, pois as bibliotecas são entidades prestadoras de serviços informacionais e culturais. Página 9 de 24
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Marketing de serviços é “o conjunto de atividades que objetivam a análise, o planeamento, a implementação e o controle de programas destinados a obter e servir a demanda por produtos e serviços, de forma adequada, atendendo desejos e necessidades dos consumidores e/ou usuários com satisfação, qualidade e lucratividade”. O marketing de serviços pensa na estratégia para alcançar os resultados desejados, que aumentam a rentabilidade da empresa/instituição e engrandecimento da marca. Planeamento, estudo de caso, criação das peças/serviços que se comunicam com o público alvo garantem o sucesso das ações. Kotler (2007) afirma que “as organizações atingem a liderança no mercado quando percebem as necessidades dos consumidores e quando encontram as soluções que satisfazem o consumidor”. O marketing de serviços investiga a oportunidade de mercado para planear, organizar e oferecer serviços de qualidade a preços acessíveis, que possibilitem a satisfação do cliente e remuneração adequada aos profissionais. Toda a oferta de serviços deve partir do estudo da procura e sua compatibilidade com os recursos do profissional que vai prestar os mesmos, visando indicar como atingir o mercado e esquematizar a oferta de serviços.
O Marketing e a biblioteca escolar De facto, as estratégias de marketing surgiram no âmbito das empresas, que visam o lucro, mas entretanto, organizações do setor público e que não visam o lucro adotam o conceito a fim de melhorar os seus serviços. O marketing é um processo que visa a satisfação das necessidades e os bibliotecários trabalham com pessoas com as mais variadas necessidades informacionais, daí ter-se já concluído que, as estratégias de marketing podem acrescentar uma mais-valia no campo das bibliotecas escolares, ajudando na criação de serviços mais ajustados às necessidades dos seus utilizadores. Assim, “a bibblioteca escolar deve dispor de uma politica escrita de marketing e de promoção, especificando objetivos e estratégias”, assim indicam as Diretrizes da
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IFLA/UNESCO (2002, p. 21) no seu ponto 5.2. quando se refere à promoção da biblioteca e à aprendizagem. Neste sentido necessitamos do marketing na biblioteca escolar para: Provocar uma reação desejada no “cliente/utilizador” Validar/disseminar de serviços Fidelizar um determinado público Garantir um valor acrescido para o utilizador Abrir-se a novos clientes/utilizadores Descobrir novos espaços e estratégias Otimizar os recursos e os desempenhos organizacionais Cumprir os objetivos/missão da organização
A “empresa” biblioteca escolar “necessita de técnicas de abordagem aos frequentadores e possíveis frequentadores dos seus serviços” e o marketing ensina-nos que devemos partir da análise das necessidades e dos motivos que os fazem procurar a nossa “empresa” para criar serviços/respostas mais adequadas aos nossos clientes. Segundo Orava (1997, p. 55), “são os nossos clientes que ditam se sobrevivemos ou não. Não temos direito ao dinheiro deles, precisamos de o ganhar…”. Esta ideia também se aplica à biblioteca escolar, pois embora os utilizadores não paguem esses serviços, eles são uma aplicação de dinheiros públicos e esse investimento feito pelo Ministério da Educação, tem de ser justificado, demonstrando que os dinheiros públicos foram bem aplicados e garantindo o nosso sucesso como instituição, caso contrário não se justifica a continuidade desses serviços. Levando em conta o que foi dito concluímos que, a biblioteca escolar deve dispor de uma política escrita de marketing e de promoção, especificando objetivos e estratégias. Segundo diretrizes da IFLA – Unesco - o documento de política deve incluir:
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•
objetivos e estratégias
•
plano de atividades assegurando que se os objetivos são atingidos
•
métodos de avaliação
• O mesmo documento sugere também algumas atividades, que variarão conforme as metas e as circunstâncias locais: •
iniciar e gerir os websites da biblioteca escolar que promovam serviços e tenham
•
ligações para e de websites e portais afins
•
organizar mostras e exposições
•
escrever publicações que contenham informação sobre as horas de abertura, os
•
serviços e as coleções
•
preparar e distribuir listagens de recursos e brochuras relacionados com o curriculum, e também para tópicos que transformação
•
dar informação sobre a biblioteca e os encontros para novos alunos e os seus pais
•
organizar grupos de “Amigos da Biblioteca” para pais e outros
•
organizar feiras do livro e campanhas de leitura e de literacia
•
produzir sinalização eficaz no interior e no exterior
•
iniciar contactos e ligações com outras organizações da área (por ex. bibliotecas
•
públicas, serviços de museus e associações de História Local)
Por fim diz-nos que “o plano de atividades deve ser avaliado, alterado e revisto anualmente e todo o documento de política deve ser discutido integralmente pelo menos uma vez em cada dois anos”.
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Plano de marketing para a biblioteca escolar Todas as instituições, se querem ser bem-sucedidas, devem promover os seus serviços, o mesmo acontecendo com a biblioteca escolar. Poderíamos dizer que a dica será “Promover para crescer”, isto significa que, tal como outra empresa, devemos conhecer e aplicar práticas de marketing para promover e difundir ao serviços da biblioteca escolar. Neste contexto podemos reconhecer, para além da necessidade de uma coordenação entre oferta e procura, a importância do valor da imagem que uma biblioteca tem perante o seu público, daí a necessidade de promoção do trabalho da BE através de marcadores, folhetos, desdobráveis, cartazes, comunicação social, redes sociais, jornadas, encontros… bem como uma gestão de qualidade com plano de ação e inquéritos de satisfação (MABE). Nesta sequencialidade apontamos algumas medidas úteis na gestão de uma biblioteca escolar: Atrair novos utilizadores e fidelizar os atuais, Promover a biblioteca e os seus benefícios junto do público/comunidade, Envolver entidades públicas (locais, regionais ou nacionais) que tutelem, ou
possam vir a tutelar, a biblioteca.
Tudo isto e parafraseando a Drª Helena Paula Correia Rodrigues Duque Nogueira - IV encontro de serviços de apoio às bibliotecas escolares –V. N. de Famalicão, novembro de 2011, para tornar a BE num polo de dinamização da vida cultural, colocando… F A biblioteca no coração da comunidade F A biblioteca no coração do currículo F A biblioteca no coração dos alunos
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Mix na biblioteca escolar A designação de “marketing mix” refere-se a uma variável de elementos que contempla a planificação do produto, preço, canais de distribuição, publicidade, promoção, embalagem, serviço e análise: um mixer de aspetos que coordenados, contribuem para o sucesso da organização. Pensando a BE como um negócio, como um produto que se quer promover e implementar, como algo a interessar aos clientes reais e potenciais, então a utilização das estratégias do “marketing mix” surge como uma mais valia para a prossecução dos nossos objetivos, pois o conjunto de variáveis envolve, influenciam o modo como os consumidores respondem ao mercado. O conceito de “marketing mix” é constituído por 4 elementos conhecidos como os “4 Ps”:
1- Produto 2- Preço 3- Place (lugar) 4- Promoção
1- Produto
O nosso produto inclui todo o tipo de recursos disponíveis e que possam contribuir
para
o
processo
ensino/aprendizagem
bem
como
para
o
desenvolvimento cultural e educativo dos alunos. O acervo constitui-se assim o produto da biblioteca mas também todos os serviços por ela disponibilizados. Torna-se assim evidente a necessidade que a oferta seja abrangente ao maior número de utilizadores. Página 14 de 24
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A RBE indica que 75% do material deve ser impresso e o material “não livro” deve prefazer 25%. Diz também que o fundo impresso se deve direcionar para apoio ao curriculo, devendo constar como materiais lúdicos jogos de computador, DVD, filmes, músicas, revistas e jornais. A IFLA/UNESCO referencia também que os documentos devem ser “relevantes e atualizados para permitir uma coleção alargada e equilibrada para todas as idades, níveis de competência e precursos pessoais” (2002, p.10), prevendo 10 títulos por alunos e um mínimo de 2500 livros nas escolas de menor dimensão. O interesse e utilização destes serviços, pelos utilizadores, passa pois pela variedade e atualização dos recursos disponibilizados. Esta necessidade constante de atualização não diz respeito apenas a fundo documental mas também a nível de tecnologias que, ávidas de atingir novos públicos e novos mercados, estão em constante mudança.
2- Preço
Este é o elemento do marketing mix, mais difícil de se considerar no âmbito da biblioteca, uma vez que é uma instituição sem fins lucrativos. Os seus serviços estão abertos a toda a comunidade educativa, sem qualquer tipo de discriminação ou custo financeiro. O número de utilizadores será a referência que ditará o valor que os utilizadores atribuem a esta organização, isto é, a rentabilidade será traduzida pelo grau de procura dos serviços disponibilizados, justificando as verbas investidas nos recursos materiais e humanos aí presentes.
3-
Place - Lugar
É o local de interceção entre o cliente e o produto. Podendo ser as instalações da biblioteca, os meios eletrónicos, o contacto pessoal… Página 15 de 24
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A importância do aspeto visual da biblioteca escolar. No relatório síntese da RBE diz-se que “cada biblioteca deverá tornar-se um núcleo de vida da escola, atraente, acolhedor e estimulante”, o que significa que a biblioteca escolar deverá ser um espaço físico visível e atrativo ao público estudantil tornando-se o centro da vida da instituição e interagindo com a população docente e discente de forma ativa, tornando-se centro de interesse e de curiosidade, cativando o público, promovendo práticas de diálogo e de partilha de informação/conhecimentos, tornandose um espaço “flexível e articulado” onde, utilizando os recursos disponíveis, se lê, se produzem trabalhos, se faz animação pedagógica… Diferentes áreas para diferentes interesses e funções permitem uma otimização do espaço, maior rentabilidade e melhor qualidade do serviço. Assim as diretrizes da IFLA/UNESCO, são claras na orientação da organização do espaço “biblioteca” em “zonas de estudo, áreas de leitura, postos de trabalho com computadores, áreas informais”, com o objetivo de a tornar funcional e apelativa, tendo sempre na mira o objetivo de tornar a biblioteca um espaço onde apeteça estar, onde apeteça ir passar os tempos livres, como apetece ir ao jardim ou ao cinema. Na era da tecnologias e das redes sociais a biblioteca pode e deve extrapolar as quatro paredes, agarrar outras oportunidades de promoção e consequente acesso ao conhecimento, e encontrar-se à distancia de um clic onde quer que estejamos: em casa, no café, no comboio…
4-
Promoção
Este é o elemento do “marketing mix” com maior destaque uma vez que “promoção” é uma operação comercial que consiste em valorizar o produto de modo a atrair a atenção do consumidor.
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Então, como captar a atenção do leitor e o levar a procurar os produtos/serviços que oferecemos? Como fidelizar os já nossos clientes e atrair outros novos? Shimp (2002) afirma que “marketing nos anos 90 é comunicação e comunicação é marketing. Ambos são inseparáveis”. Então a promoção e a comunicação apresentam-se como fatores determinantes do sucesso da empresa. Isto é, uma biblioteca por muito funcional e operativa que seja, necessita da campanhas de promoção para ser reconhecida e valorizada, precisa de se dar a conhecer e de mostrar as suas potencialidades. As estratégias utilizadas para divulgar estes serviços/atividades, contemplam um largo leque de ações que atrás já tivemos oportunidade de referir e que podem ir desde a simples divulgação “boca a boca”, passando por outras bem mais audaciosas como cartazes, programações especiais, notícias na rádio ou nos jornais, divulgação nas redes sociais, encontros, fóruns… Sendo a nossa população escolar amplamente dominada pelo culto do audiovisual usar, nestes meios, estratégias apelativas assentes em técnicas de publicidade tem-se revelado fortemente eficaz no aliciamento dos utilizadores. Outras ações como o correio direto (E-mail, sms), a exibição de um vídeo relativo a uma obra literária existente, expor um novo livro de que todos falam… são outras formas de divulgação. Gerir uma biblioteca deve ter uma clara orientação para o cliente, para as suas necessidades. Deve possibilitar a concretização dos objetivos sociais, culturais e de apoio ao desenvolvimento da(s) comunidade(s), pessoas e organizações. Poderíamos introduzir ainda um quinto “P”. 5-
Público-alvo - pessoas
Os seus clientes são “a totalidade dos seus possíveis utilizadores e não somente os que já a utilizam” (Giappiconi, 1999:116) As pessoas caracterizam-se por serem todos os intervenientes no processo de criação do serviço. Em alguns casos, o utilizador é fundamental na criação do valor inerente ao serviço. Esta interacção é necessária, pois através dela o utilizador tem noção da Página 17 de 24
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qualidade do serviço. A constituição de uma equipa bem estruturada é igualmente essencial para o fornecimento da criação de valor e da vantagem competitiva (Pinto 2006). Numa biblioteca isto é ainda mais visível, pois o utilizador entra em contacto directo com as pessoas que estão “atrás do balcão”, seja para a procura de uma informação, ou auxílio na localização de um livro. Este contacto terá de reflectir a imagem que a biblioteca pretende transmitir aos seus utilizadores, chegando mesmo a influenciar o comportamento que estes têm na biblioteca, a compreensão dos seus objectivos, valores e o seu posicionamento. O público-alvo da biblioteca escolar é um público especial, com características e necessidades específicas. O nosso público pode ser crianças, jovens, adultos, professores… A biblioteca deve estar organizada por forma a existir uma grande interacção entre leitor (usuário) e a instituição. A maioria dos nossos leitores, principalmente as crianças, têm os seus primeiros contactos com livros na biblioteca escolar, por isso é importante que este contacto seja positivo. A nossa relação com este público não deve ser uma relação de imposições, de restrições, indisponibilidade ou inacessibilidade, o nosso leitor fica com uma impressão negativa sobre a mesma. Por tudo isto é importante que o bibliotecário conheça o seu público e as suas necessidades. É sabido que o que leva alguém a tornar-se um bom leitor não é o reconhecimento da importância da leitura, mas sim interesses e motivações pessoais de acordo com a sua idade, personalidade, desenvolvimento intelectual….
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Estratégias de Comunicação para a Biblioteca Escolar O mediatismo que envolve as ações realizadas pela publicidade, conferem-lhe uma grande aceitação e visibilidade fazendo com que frequentemente se confunda o conceito de comunicação em marketing com o de marketing em si mesmo. A comunicação no Marketing diz respeito a todo o processo comunicativo entre a Biblioteca Escolar e o seu público-alvo. Assim, há que estabelecer um processo de comunicação eficaz, escolhendo adequadamente a mensagem, o suporte e o canal em função do recetor, do segmento de público, que pretendemos atingir, neste caso, os alunos, professores, educadores. Quem é o nosso alvo? •Alunos, professores, educadores, funcionários e Comunidade Educativa.
O que precisamos de comunicar? •informação útil ao público-alvo sobre os eventos (atividade, local, data, ...) utilizando a identidade visual da organização
Como vamos comunicar? •depois de saber qual a informação a comunicar, identificar os suportes mais eficazes ( Cartaz, newsletter, desdobráveis, avisos internos,recomendações dos Amigos da BE, comunicações para a imprensa...)
Onde vamos comunicar? •Blogue da BE; Jornal da Escola; Página da escola; Mail; Placares informativos da escola(sala de professores, pavilhões de aulas e portaria) e da BE; imprensa local;Agenda cultural da Câmara Municipal...
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Quando é que as comunicações vão ocorrer? • depois de aprovado o plano anual de atividades da escola (1º período)
Conclusão No mundo contemporâneo, em que os fatores tecnológico se tornam cada vez mais preponderantes, as informações de que os alunos necessitam assim como os conhecimentos que que devem dominar, não são adquiridos pela relação tradicional e unívoca tendo como fonte professores e manuais. Informações que antes eram transmitidas pelos pais e professores são hoje ampliadas e chegam aos alunos através dos mais diversos meios: livros, jornais, televisão e net, constituindo importantes veículos didáticos que devem ser integrados na aprendizagem formal. As novas conceções pedagógicas exigem da BE uma importante função como auxiliar de referência na implementação de estratégias de ensino aprendizagem, devendo integrar nas suas práticas os diferentes canais de acesso à informação. A biblioteca congrega todas as condições para que as aprendizagens sejam mais potencializadas, sobretudo porque nela encontramos todos os canais informacionais, proporcionando uma variedade de atividades e vivências. A reciprocidade deve estar na base de tudo o que se fizer e conseguir na Biblioteca escolar. Se queremos que os potenciais e reais utilizadores gostem da Biblioteca Escolar, queiram a BE, procurem e desejem a BE nas suas vidas, temos de dar-lhes algo que lhes faça falta, que melhore as suas vidas e os faça felizes. Para isso, temos os recursos e serviços da BE, únicos no espaço escolar, a promover e divulgar. A escritora Lídia Jorge (2002) sugere que “Em cada povoação a biblioteca deveria estar rodeada de árvores, mas perto do centro. Perto das lojas, dos bares, dos talhos, dos sítios de recreio, para que as pessoas entrassem nelas como em casas materna, onde se está, Página 20 de 24
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pratica e convive”. Assim, Lídia Jorge antevê uma espacialidade que confere à biblioteca um local fulcral de convívio, prática social dinamizadora de diálogos, partilha de interessses e construção de saberes. A BE deve constituir-se ainda um importante centro de recursos, onde os alunos podem manusear diversas fontes, experimentar leituras diversas e onde se pode pesquisar livremente (só, a pares ou em grupo). As bibliotecas escolares fazem parte de uma rede – a Rede de Bibliotecas Escolares. No entanto, pertence a outras redes mais alargadas: rede de aprendizagens, rede de informação, rede de conhecimentos, rede de todas as bibliotecas que trabalham em prol das literacias. Atuando desta forma, com um plano de marketing efetivo, conseguimos promover junto da comunidade escolar as suas atividades, serviços e recursos que desenvolve, completando o ciclo necessário à sua missão fundamental – Descobrir informação.
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Bibliografia Federação Internacional das Associações de Bibliotecários e de Bibliotecas- “Manifesto da biblioteca Escolar - A biblioteca escolar no contexto do ensino-aprendizagem para todos”, Publicado pelo Ministério da Educação de Portugal Gabinete da Rede de Bibliotecas Escolares, consultado a 03-06-2015 http://www.espa.edu.pt/ExtraJoomla/RBE/Manifesto_Biblioteca_Escolar.pdf Pinto, Carlos A. Marques. 2006. Fundamentos de gestão. Lisboa: Editorial Presença. Pinto, Maria Leonor Cardoso Sérgio. 2007. O marketing nas bibliotecas públicas portuguesas. Lisboa: Edições Colibri. Pinto, Paixão dos Santos. 2009. Marketing e relações públicas nas bibliotecas escolares, Universidade Aberta, Lisboa. KORAL, Carolina S., O marketing dando visibilidade à biblioteca escolar: um estudo de casos, Universidade federal do Rio Grande do Sul, Porto Alegre 2012, consultado a 0306-2015 https://www.lume.ufrgs.br/bitstream/handle/10183/54277/000855791.pdf?sequence=1 SOARES, Maria Alice Mendes, Biblioteca escolar: estratégias, recursos e visibilidade interna, Universidade Fernando Pessoa, Porto, 2011, consultado a 05-06-2015 http://bdigital.ufp.pt/bitstream/10284/2578/3/DM_22614.pdf VITORINO, Maria José, Directrizes da IFLA/UNESCO para Bibliotecas Escolares, 2002, versão em português (Portugal), 2006, trad., consultado a 03-06-2015 Página 22 de 24
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http://www.ifla.org/files/assets/school-libraries-resource-centers/publications/schoollibrary-guidelines/school-library-guidelines-pt.pdf
ANEXOS
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