A mesa do Senhor é a Mesa da Verdade!

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O Caminho da Graça

A mesa do Senhor é a Mesa da Verdade! Caio Fábio

Vamos ler em Mateus 12. 22 – 32...

O contexto nos mostra Jesus expulsando um demônio de um homem que carregava, associadamente a sua possessão demoníaca, uma condição de fragilidade sensorial: aqui se diz que ele era cego e mudo. E uma coisa não tem sensorialmente nada a ver com outra. Às vezes nós ouvimos falar de pessoas surdas e mudas; é absolutamente comum que alguém, por ser surdo, não consiga desenvolver a capacidade de se expressar com clareza, a não ser que haja muito treinamento. Já cegueira com mudez são deficiências sensoriais em áreas não conectadas, e neste caso que lemos foram atribuídas a uma ação de natureza demoníaca no homem. Obviamente que a maioria esmagadora de todos os cegos do Planeta são cegos por questão de deficiência sensorial de naturezas diferentes, vinculadas ou ao globo ocular e ao seu aparato de lentes, ou aos condutores

óticos, ou a inibições de natureza interpretativa e neurológica no cérebro. Os surdos também por razões diversas, desde aquelas bem exteriores, ligadas a anomalias totais no aparelho auditivo, na complexidade do aparelho auditivo externo, ou por problemas de natureza condutiva para a interioridade. Hoje em dia, muitas dessas coisas são consertadas com equipamentos eletrônicos, a menos que o problema seja de natureza neural, neurológica, cerebral, para cuja necessidade e carência ainda não haja uma intervenção neurológica cabível e competível, coisa essa que está com seus dias contados, porque provavelmente até o final desta década nós já estaremos com essa realidade da dificuldade auditiva praticamente resolvida em qualquer que seja a instância da deficiência. Todavia, existem algumas manifestações de limitação sensorial, segundo o Novo

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“Então, lhe trouxeram um endemoninhado, cego e mudo; e ele o curou, passando o mudo a falar e a ver. E toda a multidão se admirava e dizia: É este, porventura, o Filho de Davi? Mas os fariseus, ouvindo isto, murmuravam: Este não expele demônios senão pelo poder de Belzebu, maioral dos demônios. Jesus, porém, conhecendo-lhes os pensamentos, disse: Todo reino dividido contra si mesmo ficará deserto, e toda cidade ou casa dividida contra si mesma não subsistirá. Se Satanás expele a Satanás, dividido está contra si mesmo; como, pois, subsistirá o seu reino? E, se eu expulso demônios por Belzebu, por quem os expulsam vossos filhos? Por isso, eles mesmos serão os vossos juízes. Se, porém, eu expulso demônios pelo Espírito de Deus, certamente é chegado o reino de Deus sobre vós. Ou como pode alguém entrar na casa do valente e roubar-lhe os bens sem primeiro amarrá-lo? E, então, lhe saqueará a casa. Quem não é por mim é contra mim; e quem comigo não ajunta espalha. Por isso, vos declaro: todo pecado e blasfêmia serão perdoados aos homens; mas a blasfêmia contra o Espírito não será perdoada. Se alguém proferir alguma palavra contra o Filho do Homem, ser-lhe-á isso perdoado; mas, se alguém falar contra o Espírito Santo, não lhe será isso perdoado, nem neste mundo nem no porvir. Ou fazei a árvore boa e o seu fruto bom ou a árvore má e o seu fruto mau; porque pelo fruto se conhece a árvore.”


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E ele diz: Se eu expulso os demônios pelo poder de Belzebu, significaria que Satanás

estava dividido contra Satanás, porque Belzebu é o maioral dos demônios; e se este homem era inequivocamente um possesso de um espírito maligno, significaria que Satanás estaria dando tiro nos próprios pés, o que é uma loucura que Satanás não pratica; Satanás não é judeu, não é religioso, não é evangélico, não é cristão, não é islâmico, ele não é como vocês que se dividem, se odeiam, se destroem. Satanás odeia a todos vocês, mas ele é tão diabo, que até o ódio que exista entre as castas é menor que o ódio que eles têm pelo adversário comum; eles têm uma unidade de ódio convergente na direção de inimigos comuns. Ou seja, é a lógica dos empresários que, às vezes, se odeiam entre si – como centenas que eu já conheci – e que dizem que o sócio é insuportável, mas que não é negócio brigar com ele porque o prejuízo que teriam seria enorme. E, portanto, o amor deles ao dinheiro os faz aguentarem o sócio a qualquer preço. No império de Satanás, no pior dos casos o que acontece é isso. Se existem castas com ódio umas das outras, o ódio comum delas por aqueles que sejam objeto de tal ódio é, para elas, infinitamente mais um negócio a ser defendido sem divisão alguma de energia, do que a gente consegue imaginar, ou, mesmo, do que o empresariado mais ambicioso consegue praticar. O outro argumento de Jesus é aquele que diz: E se eu expulso os demônios pelo poder de Belzebu, por quem, então, os filhos de vocês os expulsam? Pois é corrente entre todos vocês que existem pessoas, no meio de vocês, que em nome do Deus eterno, em nome do amor, da fé, da compaixão, da misericórdia, do socorro a ser prestado, expulsam demônios há

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Testamento, segundo o evangelho, que são expressões raras, porém reais, de ações espirituais que impedem pessoas naquelas áreas sensoriais afetadas. São casos diferentes, a maioria deles vinculados à mudez e à surdez; algumas vezes até vinculados a uma opressão que gerava o impedimento da comunicação produzindo uma gagueira que era mais do que neural, uma gagueira fruto de uma opressão espiritual que gerava e conflagrava um processo nervoso no cérebro, impedindo o indivíduo de se comunicar. Todas as vezes que esses casos são identificados nos evangelhos as pessoas são levadas a Jesus e ele cura todas elas, indiscriminadamente, como aconteceu neste caso, em que o homem era cego e mudo, carregando consigo essa dificuldade de não falar e não enxergar. Só que quando Jesus cura o homem e as multidões entram em estado de estupefação, o que acontece é que os fariseus presentes ali começaram a ficar enciumados ao verem e perceberem o fato de que as multidões atribuíam glória a Jesus e ao poder que ele exercitava na realização daquelas curas. E, assim, blasfemaram e disseram que ele não operava milagres senão pelo poder de Belzebu, o maioral dos demônios. Então Jesus lhes fez uma advertência que começou com um argumento de natureza lógica, dizendo que eles eram absolutamente idiotizados, mas Satanás não é, pois ele não se divide contra ele mesmo, Satanás não permite guerra civil no seu império das trevas, ele não constrói casa sobre casa sem uma base de alicerce que segure as estruturas, ele não é suicida como alguns indivíduos são no cotidiano das suas decisões emburrecidas. Essa é a primeira coisa que Jesus diz.


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original os expulsam vossos filhos? Questão à qual eles não tiveram qualquer resposta a dar. Então Jesus prossegue, usando a lógica de um relacionamento, que é aquele ao qual nós, no Brasil, estamos mais do que acostumados: o assalto (o assalto doméstico, domiciliar, residencial). Ele diz: Se alguém vai assaltar a casa de um valente, de um homem pai de família que não seja um frouxo, tem de se preparar para um possível enfrentamento, de modo que primeiro verifica tudo; se o habitante da casa é um valente, o assaltante terá o cuidado de chegar e amarrar esse individuo, de fazer o possível para imobilizá-lo para que, depois, lhe saqueie os bens, esvazie a casa. No mundo espiritual – Jesus disse – é a mesma coisa: se a casa espiritual desse homem cego e mudo está habitada por demônios, como vocês mesmos reconhecem e admitem, e eu cheguei e os expulso, voltando o homem a ver e a falar, é necessário que eu tenha tomado as precauções naturais que deva tomar alguém que vai assaltar uma casa ocupada por um valente bem armado. Porque se em circunstâncias normais até o ladrão, o agressor, ou o que vem de fora querendo possuir e dominar se certifica de que não haverá nenhum susto, nenhum contra-ataque, nenhuma medição de forças que o deixe em desvantagem e gere um malogro na sua intenção de despojar aquele lugar, quanto mais do ponto de vista espiritual; porque quem estava neste homem, fazendo-o ser cego e mudo é um valente muito bem armado. E aqui Jesus está descrevendo Satanás como um ente capaz de partir para a guerra, capaz de enfrentamentos, que tem desejo de enfrentar o que quer que se lhe oponha. O nome Satanás significa o opositor, o enfrentador, de modo que na sua própria

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centenas de anos dos vossos filhos, geração após geração. E essas pessoas não andam comigo, não falam em meu nome, e, do ponto de vista histórico, não me conhecem, nem sabem de mim, não têm nenhum vínculo informativo–histórico em relação à minha pessoa. Ao dizer isso, Jesus também nos informava que ele não estava inaugurando a era da expulsão de demônios nem dos exorcismos. O que diferenciava o expulsar de demônios por Jesus, em relação a todos aqueles que antes dele ou contemporâneos dele fizessem isso com efetividade, diz o evangelho, é que os outros faziam um esforço extraordinário, tinham uma dedicação imensa, freqüentemente apelavam para ritos, dedicavam-se a prolongados jejuns, a um esforço de natureza mental, espiritual, a sacrifícios, a rituais, e a uma quantidade enorme de crenças simbolizadas que eles utilizavam; porque nenhum deles concebia a ideia de que um demônio pudesse deixar aqueles aos quais vitimasse meramente pelo exercício simples da palavra, conforme Jesus fazia: sem gritar, sem bater pé, sem mandinga, sem neopentecostalismo histérico, sem nada de natureza alguma, mas simplesmente dizendo: espírito imundo, sai deste homem, sai deste menino, sai deste individuo! E, instantaneamente, os demônios saiam, alguns gritando que Jesus era o Cristo, e Jesus ainda os proibia, dizendo: Psiu! Não mandei fazer propaganda de mim, saia! E era isso que deixava o povo aturdido e perguntando: Quem é esse que meramente pela palavra expulsa os demônios e eles o obedecem? De modo que Jesus lança aos os fariseus que contra ele blasfemaram, esta terceira questão: E se eu expulso os demônios pelo poder de Belzebu, por quem então, por qual poder, por qual fonte


natureza existe o espírito da afronta, do confronto, da ofensa, da resistência, do ataque e do contra-ataque; e Jesus o comparou a um valente muito bem armado e guarnecido. E disse: se eu cheguei e expulsei esses demônios do homem, olhem para mim, é porque chegou e aqui está um que é mais valente do que eles, muito mais valente; e para eu ter entrado, meramente com a palavra, e com um toque da minha mão, com um desejo expresso pela minha verbalização ter aberto os olhos do homem que era possessamente cego e mudamente endemoninhado, ficando ele completamente sarado, é porque chegou alguém com capacitações extraordinariamente superiores e o imobilizou todinho, o amarrou por inteiro e o destituiu de todos os seus poderes. De modo que o que vocês assistiram foi o saque de uma superioridade absoluta dominando aquele que é propriedade exclusiva de Deus e trazendo-o livre para as mãos daquele que é o Senhor da vida dele. Foi isso que vocês assistiram. Agora, tomem cuidado, porque quem não é por mim é contra mim, e quem comigo não ajunta espalha. Se alguém pecar e disser palavra frívola ou blasfema contra mim, contra o Filho do homem, isso lhe será perdoado; mas se alguém pecar contra o Espírito Santo, isso não lhe será perdoado, nem no presente nem no porvir. Portanto, segundo Jesus, pecado contra o Espírito Santo é ter consciência absoluta de que algo é de Deus, de que Deus está ali, de que Deus está presente, está em ação, está em curso, de que Deus está estendendo a mão, está socorrendo, de que a compaixão divina está se expressando, de que a misericórdia de Deus está se tornando absolutamente esmagadora e favorecedora de fracos,

oprimidos, quebrantados e desvalidos, e aquele que observa atribui aquilo ao diabo, embora não tenha nenhuma dúvida de que a ação que está sendo realizada e perpetrada graciosamente é uma ação divina de Deus e por Deus. Como os fariseus sabiam, como os fariseus não tinham dúvida, conforme bem expresso por Nicodemos, que era um dos maiorais dos fariseus – com a diferença que Nicodemos não era um homem mesquinho, antagônico, não era um homem endiabrado, não era um homem satanizado na religiosidade hostil, invejosa e totalmente adversária de Jesus como eram os fariseus, não porque não reconhecessem graça, divindade, misericórdia e amor divinos em Jesus, mas simplesmente por inveja e por julgarem que se aquele marginal que não fazia parte do status quo deles, que não se submetia ao establishment deles, que não aceitava ser objeto de nenhuma relação de barganha, que era livre como o vento e não era controlável por nenhum poder humano; que se aquele homem podia ser Deus entre eles, podia ser profeta divino, podia ser o Mestre dos mestres, a luz das luzes, como não se submetia a eles nem os reconhecia, eles o enfrentariam até as últimas conseqüências, para não perderem seus poderes, seus status, suas posições, suas cátedras, suas importâncias, seus significados históricos imediatos e tudo quanto lhes era voluptuosamente importante e sedutor, e do que eles não estavam dispostos a abrir mão sob hipótese alguma. Foi Nicodemos quem disse, representando a classe dos fariseus: Mestre, nós (referindo-se à categoria, ao Sinédrio, aos pensadores fariseus daqueles dias) sabemos que tu és mestre vindo da parte de Deus, porque ninguém pode fazer os sinais que tu fazes se Deus não estiver

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com ele. Portanto, eles sabiam. E as razões da hostilidade, do enfrentamento, das inimizades eram essas descritas aqui. Era fato consumado neles que Jesus não era um endiabrado, que não havia demônio, nem Belzebu, nem treva nenhuma em Jesus. Era apenas horrorosamente constatável para eles o fato de que aquele que andava cheio do Espírito Santo não se submetia a capricho de homem algum, e nem do grupo deles e nem de seita nenhuma. E é por esta razão que eles resolvem enfrentá-lo, como o enfrentam até o final, veementemente, contumazmente, cronicamente, de maneira obcecada. Portanto, Jesus lhes diz: Cuidado, porque vocês falarem mal de mim, vocês dizerem que eu sou glutão, beberrão, comilão, amigo de publicanos e pecadores, companheiro de meretrizes, samaritano louco, um narcisista tresloucado, qualquer coisa que vocês tenham dito sobre mim até hoje (e foram muitas as ofensas), nada disso lhes está sendo imputado; eu entendo a profundidade da doença de vocês, e vocês estão perdoados. Eu entendo como é difícil ou mesmo impossível para vocês, sem uma revelação divina reconhecerem o Emanuel, o Deus convosco, reconhecerem Deus com um metro e setenta e poucos de altura, Deus moreno, Deus com nariz, Deus queimado, Deus barbado, Deus suado, Deus andantemente independente. Eu entendo a tentativa de vocês de me reduzirem – pela insegurança de vocês, pela fragilidade de vocês, pela mesquinharia de vocês, pela perversidade de vocês –, porque vocês me odeiam sem motivo. Eu entendo que assim fazendo vocês se associam a Satanás, se tornam filhos do diabo pelo espírito homicida que vocês praticam e pelas mentiras que deliberadamente criam e

inventam para verem se barram o meu caminho. Tudo isso é perdoável. Porém, agora vocês puseram os pés num lugar perigosíssimo: vocês disseram que o poder pelo qual eu expulso demônios não é o poder de Deus. Vocês poderiam até ter me recategorizar como o mais inferior de todos os profetas, poderiam me chamar de um sortudo da graça divina, poderiam me chamar do que vocês quisessem; mas quando vocês dizem: esse homem é habitado, fala e realiza obras por Belzebu, o maioral dos demônios, sendo que eu fui gerado pelo Espírito Santo, sendo que eu sou cheio do Espírito Santo, vocês estão pecando contra o Espírito Santo. Já que Satanás não se divide contra Satanás, já que o diabo não se divide contra si mesmo, vocês, até por uma questão de inteligência, não deveriam brincar de dizer que é pelo poder de Belzebu que eu expulso demônios. Se vocês admitem que eu expulso demônios, e Satanás não se divide contra Satanás, vocês estão blasfemando contra Deus. Porque se Satanás se dividisse contra Satanás poderia ser que Belzebu, num surto narcisista demoníaco, expulsasse uma casta mais baixa; mas como o diabo não expulsa o diabo e vocês admitem que eu expulso demônios, vocês estão pecando contra o Espírito Santo, pois ao dizerem que eu expulso demônios, implicitamente vocês estão dizendo que o reino de Deus é chegado até vós, que o poder que também está sobre os filhos de vocês quando expulsam demônios é chegado até vós. Mas deliberadamente e conscientemente vocês decidiram, no meu caso, atribuir tal poder não à chegada do reino de Deus entre vocês, mas a uma esquizofrenia satânica, acerca da qual nem vocês estão convencidos, é apenas uma implicância blasfema, que coloca vocês no pé de uma situação de profunda

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Mas não são essas coisas que eu quero dizer aqui, hoje. Isso é apenas uma introdução para vocês entenderem a coisa pequenininha que eu vim dizer, porque, senão, ela ficaria incompreensível. E essa coisa pequenininha é que, ao dizer isso, Jesus, ato contínuo, olha para eles todos e acrescenta: “Quem não é por mim é contra mim; e quem comigo não ajunta espalha. Por isso, vos declaro: todo pecado e blasfêmia serão perdoados aos homens; mas a blasfêmia contra o Espírito não será perdoada. Se alguém proferir alguma palavra contra o Filho do Homem, ser-lhe-á isso perdoado; mas, se alguém falar contra o Espírito Santo, não lhe será isso perdoado, nem neste mundo nem no porvir”. E aqui, nós, aparentemente, ficamos diante de um paroxismo. Qual seria esse paroxismo? O primeiro é esse que afirma que quem não é por ele é contra ele, e quem com ele não ajunta espalha. Isso é absolutamente absoluto. “Quem não é por mim é contra mim; e quem comigo não ajunta espalha”. Isso coloca a humanidade inteira numa situação que o tem como elemento de convergência e como o significado dos significados, em relação ao qual a gente se

significa para o bem ou se significa para o mal. “Quem não é por mim é contra mim; e quem comigo não ajunta espalha”. Ele faz dele mesmo o absoluto-absoluto de todas as coisas. De outro lado, ele diz: Pecar contra mim é perdoável, mas pecar contra o Espírito Santo é imperdoável. E aí está a contradição, aí está o paradoxo. Porque quem diz “quem não é por mim é contra mim, e quem comigo não ajunta espalha” deveria também dizer: o pecado contra mim é imperdoável, e também o é o pecado contra o Espírito Santo. Quem quer que faça de si um absoluto-absoluto tão esmagador e implacavelmente absoluto como Jesus fez de si mesmo com a afirmação “quem não é por mim é contra mim, e quem comigo não ajunta espalha” não poderia dizer: todo e qualquer pecado dito contra mim, o Filho do homem, terá perdão. Ele teria que ter dito: não terá perdão o pecado contra mim nem contra o Espírito Santo; é a mesma coisa. E que bendita contradição! Que extraordinário paroxismo! Esse que diz “quem não é por mim é contra mim, e quem comigo não ajunta espalha” é o mesmo que diz: quem pecar contra mim tem perdão; só quem pecar contra o Espírito Santo não terá perdão, nem na presente ordem de coisas nem no porvir. O que será que Jesus está querendo dizer quando nos apresenta um paradoxo desses? O que ele está dizendo é que Deus entende a limitação humana de não conseguir discerni-lo em Cristo. Ele entende. Paulo disse que era loucura para o raciocínio grego, para a filosofia grega, e era escândalo para os judeus, pensar que o Criador de todos os cosmos, de todos os universos, de todos os multiversos, de todas as galáxias, de todos os mundos, de todos os poderes, de todas as entidades, de todas as inteligências, de todas as

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irreversibilidade espiritual, uma vez que não é a declaração dos loucos, dos incautos e dos ignorantes, antes é a declaração consciente de quem sabe quem é aquele que está diante de vocês, enviado de quem ele é, em cujo poder ele atua, cuja palavra ele carrega, sob cujos comandos de obediência ele vive, cuja glória ele está buscando. E mesmo sabendo disso, o espírito invejoso, perverso, maligno cresce de tal maneira em vocês que vocês preferem atribuir ao diabo uma obra divina a relativizarem-se e simplesmente crerem que o reino de Deus chegou até vocês.


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produzir, nem antes, nem depois; nem a soma de todos os seres criativos juntos conseguiriam produzir uma criatividade que inventasse um Jesus de Nazaré. (Como disse Thomas Carlyle: Se Jesus não foi histórico e é apenas mítico, uma invenção humana, nem assim fugiríamos da divindade, pois teríamos agora que cultuar as mentes que o conceberam). Mas Jesus disse: Pode falar mal de mim, pode dizer que eu tive relações sexuais com Maria Madalena, ou com essas mulheres que me servem. Não tem problema. Podem até achar esquisito João botar a cabeça no meu peito e dizer: Mestre, amado, quem é o traidor? Está tudo perdoado, vocês não têm mesmo como compreender, somente os bem-aventurados recebem essa revelação, eu mesmo digo publicamente: Graças te dou, ó Pai, porque ocultaste essas coisas aos sábios e entendidos e as revelaste aos pequeninos; sim, ó Pai, porque assim foi do teu agrado. Eu mesmo disse a Pedro, quando afirmou que eu era o Cristo, o Filho do Deus vivo: Bem-aventurado tu és, Simão Barjonas, porque não foi carne nem sangue – não foi reflexão, nem filosofia, nem intelectualidade, nem qualquer produção de cerebração tua – que chegou a essa conclusão, mas foi revelação do meu Pai que está nos céus, do contrário tu não terias enxergado nunca, jamais, e ninguém teria. É absurdo demais para ser admissível, eu compreendo. Que coisa maravilhosa essa bondade de Deus, que compreende a nossa incompreensão diante do espetáculo absurdo da encarnação! No entanto, Jesus está também dizendo: o que eu não aceito é que vocês, achando que Deus esteja presente no processo, ainda assim, por razões de capricho, de mesquinharia, de inveja, de amor e apego ao poder, resolvam pintar Deus com cara de Belzebu

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dimensões estava encarnado em Jesus de Nazaré; que aquele que criou todas as coisas e em quem todas as coisas subsistem tinha se reduzido ao nível da relacionalidade humana. Isso é algo absurdo para os que pensam com categorias cósmicas e cosmológicas e cosmogênicas e filosóficas, tanto quanto era um absurdo para os judeus, que diziam: Deus, o Criador, é aquele cujo nome é impronunciável, ele é o irreferível, ele é o outro absolutamente outro, ele é a singularidade absoluta, misteriosa e impenetrável. Como poderiam eles admitirem que esse que fosse quem ele é, o Eu Sou, estivesse agora ali, do tamanho de um homem, com todas as marcas da humanidade, relacionando-se com eles nessa profundidade? Deus entende que sem uma revelação do Espírito Santo ninguém compreende Deus em Cristo. Isso é que é um Deus misericordioso! A pessoa fala besteira, como: Ah, Jesus era só um mestre legal; ou: ele era um espírito de luz; ou: era um megalomaníaco do bem, com esse negócio de: “eu sou o caminho, a verdade e a vida, ninguém vem ao Pai se não for por mim” – ele era um megalomaníaco, mas do bem, nunca fez mal a ninguém; essa coisa de dizer: “eu sou a porta”, “quem crer em mim tem a vida eterna”, é coisa de um surtadão, mas do bem; ou: é o narcisismo mais lindo que já passou pelo Planeta, acompanhado de uma miraculosidade carismática e de uma paranormalidade que transcende até o que possa ser paranormal, que faz até o paranormal ficar absurdo, mas ele era do bem. E também há os que digam: Não, Jesus não era nada disso, ele foi uma construção histórica, foi uma invenção da mente alucinada dos homens mais fantasticamente criativos do que a criatividade jamais tinha conseguido


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Portanto, aqui esse paradoxo se explica. Porque se não for assim, Jesus teria entrado em contradição quando ele disse, de um lado, que é compreensível o que de mau seja dito contra o Filho do homem, contra o Cristo histórico, contra o Jesus histórico, contra aquele que, sendo Deus, é inconcebível para a mente humana que seja Deus, pois a mente não alcança isso a menos que receba uma revelação; e, de outro lado, ele disse que saber que alguém é objeto da ação de Deus para o bem e realiza o bem, e mesmo sabendo que Deus está em alguém realizando o bem – não importando que essa pessoa seja Deus realizando o bem, mas sendo alguém de Deus realizando o bem pelo poder do Espírito Santo – e atribuir tal poder a uma obra satânica, isso já é de uma deliberação luciferiana. O que Jesus está afirmando é: Contra mim historicamente, contra o Cristo encarnado, eu entendo as limitações de vocês. Mas quem não é por mim como Deus, é contra mim nas ações da vida.

Quem comigo não ajunta no sentido do fluxo da vida, está espalhando. Em relação ao meu eu histórico eu compreendo a impossibilidade de vocês de dizerem: Deus está em Jesus. Mas é inadmissível vocês dizerem: Jesus não está cheio de Deus, e as obras que ele faz não são obras do Pai. Porque até a lógica de vocês, anunciada por Nicodemos, já dizia isso: nós, os fariseus, sabemos que tu és mestre vindo da parte de Deus, porque ninguém pode fazer os sinais que tu fazes se Deus não estiver com ele. Não precisa dizer que eu sou Deus, mas dizer que eu sou o diabo é blasfemar contra o Espírito Santo. Eu aceito a não compreensão sobre o meu significado histórico. Dizer que eu sou Deus encarnado é, sem uma revelação, uma impossibilidade para a compreensão de vocês. Mas, ainda assim, eu lhes digo que eu sou o pomo da questão e o elemento de todas as convergências, porque o Pai determinou que eu seja o polo de todas as convergências daquilo que signifique decisão humana para a vida ou para a morte – sabendo vocês, ou não, do meu nome; conhecendo, vocês, historicamente a minha história, ou ignorantes dela. Existe um eu em mim, e existe um estar em meu favor na vida que transcende saber de mim e dizer que eu sou Deus. Por isso, quem não é por mim é contra mim, e quem comigo não ajunta espalha. E em que perspectiva? Eu tenho conhecido muitas pessoas, no curso de toda a minha vida pregando o evangelho, que nunca tiveram a revelação, nem a percepção, nem o discernimento de que Jesus é Deus. Mas elas são por Jesus. Elas são por Jesus porque não são contra Jesus. Elas são por Jesus porque trabalham na direção do fluxo da vida. Elas são por Jesus porque são em favor do amor, do perdão, da graça, da misericórdia, da reconciliação, do

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e de diabo e de demônio, atribuindo as obras do Espírito Santo ao poder demoníaco. Essa deliberação consciente é que coloca vocês no plano da irredimibilidade, pois é equivalente ao pecado de Satanás, é equivalente a estar diante do trono de Deus, a enxergar a face daquele que é Santo, Santo, Santo, a habitar e passear pela glória e ao mesmo tempo dizer: eu subirei, eu me tornarei acima do Altíssimo. É uma rebelião de natureza tão consciente que ela ganha perfis de natureza luciferiana irredimível. E quando eu digo que quem não é por mim é contra mim e quem comigo não ajunta espalha, estou fazendo uma diferença entre eu como ente histórico, visível, enxergável, mensurável, detectável na História, e eu oculto na vida, oculto na História.


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Podem ser mãos cristãs, podem ser mãos agnósticas, que não sabem de nada, podem ser mãos totalmente ignorantes do ponto de vista da “concepção doutrinária” que a gente faz do que seja ser de fato um cristão, podem ser mãos completamente religiosas ou irreligiosas; mas se estiverem ajuntando no movimento do amor, da construção de pontes, se estiverem

ajuntando na direção da graça, do perdão, se estiverem ajuntando na direção da promoção da vida, se estiverem levantando os caídos, se estiverem deitando seus próprios corpos como pontes para que outros atravessem de uma margem a outra do abismo, se estiverem agindo no fluxo do que Deus chama vida, Jesus diz: Esse ajunta comigo. Vai levar um susto quando, naquele dia, souber que viveu a vida inteira sem saber de Jesus mas ajuntando em favor de Jesus, e que Jesus reconheceu que tudo o que foi feito em amor foi ajuntado em nome dele e para ele. Porque Deus não é mesquinho, meus irmãos. Quem pode dizer: o pecado cometido contra mim é perdoado, é o mesmo que pode dizer: quem ajunta em meu favor sem saber, esse é contabilizado. Mas ele também diz: Quem comigo não ajunta espalha. Se trabalhar na direção do ódio, das separações, das intrigas, das divisões, das malquerenças, da adubação dos sentimentos malignos no coração, da mentira que quer falsificar a vida e o mundo; se trabalhar na direção da dominação de um homem sobre outro homem, se trabalhar na direção do controle perverso, escravagista, seja do marido sobre a mulher, seja da mulher sobre o marido, seja sobre os filhos, seja sobre o próximo, seja sobre uma multidão de homens, seja sobre uma nação, seja na megalomania de controlar o mundo, seja no desejo de hegemonia e controle de todas as coisas que se possa controlar, se houver esse desejo de não repartir, de não doar, de não multiplicar, de não socializar as oportunidades, de não criar expressões de participação; se houver o desejo de absolutização e impedimento de que outros também comam, de que outros também bebam, de que outros também tenham sombra, de que outros também

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entendimento, da boa vontade, do acolhimento, da solidariedade, da inclusividade. Existe o eu histórico de Jesus que é tão compreensivo, que diz: eu entendo quando vocês não conseguem perceber que eu sou Deus. E existe a dimensão do Cristo Eterno tão açambarcantemente misericordiosa que consegue perceber a limitação de quem não consegue enxergar que ele é Deus mas que consegue agir na direção dele, agir na direção em que ele age, agir na direção que ele propõe, agir na direção da vida segundo ele, agir na direção daquilo que ele qualifica como sendo vida em amor; e por isso não é contra ele, é em favor dele – ainda que não diga o nome dele, ainda que não saiba dele. E o mesmo que compreende a burrice dos que, pelas limitações psicológicas, pelos traumas históricos, pelas pobrezas mentais não conseguem perceber Deus em Cristo, Cristo como Deus, mas, ainda assim, sabem que tem algo divino e bondoso nele; o mesmo que compreende isso diz: eu entendo a limitação de vocês, tanto quanto compreendo e não cobro direito autoral quando vejo qualquer ser humano agindo na minha direção, na direção em que minhas mãos ajuntam, mesmo que não saiba de mim, mesmo que não saiba sequer que eu existi na História. Toda vez que eu vejo uma mão ajuntando na direção em que as minhas mãos ajuntam, eu digo: eis aí alguém que comigo ajunta.


O Caminho da Graça

Por isso, ele concluiu dizendo: Em verdade eu vos digo que naquele dia muitos, estranhos e desconhecidos, virão do Oriente, do Ocidente, do Norte e do Sul, e tomarão lugar à mesa no reino de Deus com Abraão, Isaque e Jacó, e partirão o pão e beberão do cálice. Muitos que não souberam de nada, muitos que não tiveram nenhuma informação histórica, mas, nos limites do que tinham, emulados pelo amor, pela misericórdia, pela compaixão, pelo perdão, pela boa vontade, pela solidariedade, com a luz que receberam, deram-se do melhor modo possível; mesmo não sabendo tudo o que poderiam saber e não souberam por terem vivido fora das circunstâncias de tal possibilidade, fizeram o melhor uso do que tiveram, com todo amor e com toda graça; esse virão de todos os cantos impensáveis do mundo e se assentarão à mesa comigo. Enquanto que os filhos do reino, esses que são cheios de doutrina, de teologia, esses que dizem onde Deus está e onde Deus não está, que dizem com quem Deus pode estar e com

quem Deus não pode estar, bem como aqueles que blasfemam contra o Espírito Santo porque têm interesses religiosos, sociais e econômicos às vezes tão maiores do que qualquer que seja o reconhecimento de Deus na vida, que eles preferem descartar o significado de Deus e optar pelas loucuras dos seus próprios caprichos, esses que se autoindicam como filhos do reino ficarão do lado de fora, batendo sem poderem entrar. Porque eu entendo quem peca contra mim por ignorância, mas quanto ao que sabe da ação de Deus em curso e prefere cuidar do seu interesse amesquinhado, ou da defesa do seu nome, ou prefere dizer: se os outros pensarem que isso aí também é de Deus eu vou ficar relativizado, pois agora seriam dois de Deus, e aqui só pode haver um de Deus; e, assim, diz que aquele outro é maligno, esse está pecando contra o Espírito de Deus, lúcida e conscientemente. Contra mim não tem problema, eu compreendo a fraqueza e a pequenez de vocês. Mas fiquem sabendo: eu também entendo o que vocês não entendem, eu vejo onde vocês não veem; eu vejo uma multidão de gente que nem sabe de mim, ajuntando em meu favor; e eu vejo uma multidão de gente que sabe de mim espalhando contra mim, trabalhando contra mim. De modo que a maioria dos que ajuntam e levarão sustos são os que ajuntaram sem saber, mas ajuntaram varrendo na direção da graça e do amor, coletando na misericórdia e na bondade. E a maioria dos que espalham são aqueles que carregam o nome de Jesus na boca mas mantêm o coração distante dele, são aqueles que confessam com a boca o seu nome no dia a dia e espalham contra o fluxo da vida. E Jesus diz: assim como eu entendo a ignorância que peca contra mim, eu

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sejam aconchegados, de que outros também recebam, de que outros também possuam, de que outros também sejam, de que outros tenham seu lugar ao sol, seu espaço, de que outros sejam felizes, de que outros tenham toda condição de viver sem serem oprimidos, se se puserem contra esse fluxo estarão em curso de colisão contra mim. Ainda que digam que eu sou o Senhor, ainda que levantem as mãos nos templos, cantando: “Glória pra sempre ao Cordeiro de Deus, à raiz de Davi, ao Leão de Judá...”, ainda que digam: “não há Deus tão grande como tu” são contra mim. Ainda que tomem da Ceia, que comam do pão, que bebam do vinho, são contra mim; não discernem o meu corpo, não discernem a minha pessoa, não discernem o meu Espírito.


O Caminho da Graça

também vejo a estupidez dos que sabem de mim e trabalham contra mim, achando que porque não blasfemam explicitamente do meu nome na História podem fazer a vida andar no contrafluxo do meu amor e do sentido da boa nova e da minha graça. Como eu também entendo todos aqueles que não sabem de mim, não têm nenhuma informação histórica de mim mas trabalham pela misericórdia de Deus, obedecendo o único dogma que eu tenho, que é amor. Esses, mesmo sem terem

sabido de mim ajuntam comigo; até o dia em que eu lhes mostrarei as montanhas dos feixes que eles comigo ajuntaram, para tristeza daqueles a quem eu indicarei a quantidade enorme do que eles espalharam enquanto com a boca diziam que criam em mim, que confessavam em mim, mas com as mãos espalhavam todo sentido da vida para longe de si mesmos, no contrafluxo do Evangelho.

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Mensagem ministrada em 06/05/2012 Estação do Caminho - DF

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