Ser recriado a partir do caos!

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O Caminho da Graça

Ser recriado a partir do caos! Caio Fábio

Vamos ler João 3:1-7 “Ora, havia entre os fariseus um homem chamado Nicodemos, um dos principais dos judeus. Este foi ter com Jesus, de noite, e disse-lhe: Rabi, sabemos que és Mestre, vindo de Deus; pois ninguém pode fazer estes sinais que tu fazes, se Deus não estiver com ele. Respondeu-lhe Jesus: Em verdade, em verdade te digo que se alguém não nascer de novo, não pode ver o reino de Deus. Perguntou-lhe Nicodemos: Como pode um homem nascer, sendo velho? Porventura pode tornar a entrar no ventre de sua mãe, e nascer? Jesus respondeu: Em verdade, em verdade te digo que se alguém não nascer da água e do Espírito, não pode entrar no reino de Deus. O que é nascido da carne é carne, e o que é nascido do Espírito é espírito. Não te admires de eu te haver dito: Necessário vos é nascer de novo.”

lugar. E Nicodemos, por ser membro daquela instituição, que era a mais importante do status quo do judaísmo daqueles dias, procurou Jesus à noite. E quando o procurou, disse: Mestre, nós sabemos, quem quer que sente, que sinta, que tenha algum bom senso sabe que tu és vindo da parte de Deus, porque ninguém pode fazer os sinais que tu fazes, com essa graça, com esse amor, com essa ternura, com essa pureza, com essa simplicidade, meramente pela palavra, com esta soberania humilde e mansa de coração, com este poder esmagador e sutil, ninguém pode fazer os sinais que tu fazes se Deus não estiver com ele. Ao que Jesus lhe respondeu: Nicodemos, em verdade, em verdade eu te digo que se alguém não nascer de novo não pode ver o reino de Deus.

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Jesus disse que quem não nascer de novo não pode ver e nem pode entrar no reino de Deus. E ele disse isso a um mestre em Israel, chamado Nicodemos, que chegando no lugar onde Jesus estava foi procurá-lo à noite. Por ser ele uma pessoa muito conhecida e por ser Jesus uma figura muito controversa, ele preferiu procurar Jesus durante a noite para que não incidissem interpretações que pudessem prejudicá-lo como uma figura pública, membro do sinédrio de Israel, que naqueles dias era equivalente ao Knesset de hoje, lá em Jerusalém, uma espécie de Câmara dos Deputados religiosa e política; tinha um papel que hoje o Knesset em Jerusalém não tem, por ser apenas político, mas naqueles dias o sinédrio era um Knesset político e religioso, o sumo sacerdote era quem o dirigia, e as figuras sacerdotais mais importantes e os principais mestres e teólogos de Israel tinham assento naquele


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Porque o que Nicodemos confessou é o que o bom senso afirma. Somente um ser obstinado por uma decisão perversa, por uma incredulidade deliberada, fabricada, autoproduzida, por razões absolutamente malignas – fazendo, dessa forma, também, implicitamente, com tal declaração, uma confissão de maldade pessoal – diria o contrário acerca de Jesus. Se você for à Índia, lá vão dizer que Jesus é um krishna extraordinário, e que é uma pena que o cristianismo o tenha enfeado tanto; se você for ter com budistas de qualquer lugar do mundo, eles vão dizer: Jesus foi um dos maiores iluminados; os muçulmanos dizem que ele é superior a Maomé, que ele é o profeta dos profetas que já veio a este mundo; os espiritualistas de qualquer matiz nos dizem que ele foi o maior espírito de luz que já andou pela Terra. Daí o que

Nicodemos estava dizendo não ser nada além do que qualquer um pode saber; porque pela lógica mais básica, se o coração não for maligno, se o olhar não for perverso, se a obstinação não for satânica na mente humana, chega-se até esse pontinho aqui, de dizer: Tu és mestre (mestre, espírito de luz, tu és um avatar – é a mesma coisa) enviado da parte de Deus, tu és o guru dos gurus; nós sabemos. E Nicodemos estava certo, o mundo inteiro, até aqui, sabe sobre isto; até aqui, declara. Mas Jesus queria que Nicodemos fosse para além da lógica. Porque Jesus não é o Avatar dos avatares, nem o mestre dos mestres, nem o iluminado maior. Escandalosamente, loucamente, Jesus é Deus. É Deus. Daí, Nicodemos ter dado os passos lineares da lógica – causa e efeito: para ter este efeito a causa tem que ser divina: enviado da parte de Deus. Ponto. Lógico, elementar. Até aqui a gente vai. Mas o pescador da Galileia (Pedro), sem sinédrio, sem cultura, sem teologia, sem nada, foi muito para além; abandonou a estratosfera, viajou para fora do universo, para além de toda lógica. Ao ser indagado por Jesus: “Mas vós, quem dizeis que eu sou?” Pedro respondeu: “Tu és o Cristo, o Filho do Deus vivo”. E a ele Jesus disse: Bem-aventurado tu és, Simão, filho de Jonas, porque não foi carne, nem sangue, nem lógica, nem filosofia, nem linearidade de causa e efeito, de raciocínio, não foi o bom senso quem to revelou; foi algo que o bom senso não alcança, tu penetraste na lucidez da loucura humana, que mergulha no mistério infinito pela revelação do meu Pai que está nos céus. Feliz tu és, feliz todo aquele que contigo se deixar possuir por essa luz. A Nicodemos, que declara: “Mestre, nós sabemos...,” o que se diz, todavia, é: Nicodemos, eu não sou o

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Seria o sonho de consumo de qualquer um de nós que uma figura iminente se aproximasse, não necessariamente de Jesus, bastava que se aproximasse de nós, e nos confessasse isso acerca de Jesus. Se todo o Congresso viesse, um a um, em horas diferentes, e me dissesse: Caio, nós sabemos que Jesus é enviado da parte de Deus, porque ninguém pode fazer os sinais que ele fez e faz, se Deus não estiver com ele. Talvez eu chegasse aqui no domingo e dissesse a vocês: Gente boa de Deus, está acontecendo um derramamento do Espírito no Congresso Nacional. Mas Jesus ouve isso de uma das figuras mais iminentes da Nação e em vez de dizer: Tu tens razão, que bom, bem-aventurado és, Nicodemos, porque não foi carne nem sangue que te revelou essas coisas, mas o meu Pai que está nos céus; em vez de dizer isso, ele disse: Nicodemos, em verdade, em verdade eu te digo que se alguém não nascer de novo não pode ver o reino de Deus.


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Aí, Nicodemos diz: Mestre, como pode suceder isso?! Pode, porventura, um homem voltar ao ventre materno e nascer segunda vez?! Como pode isto acontecer? Ao que Jesus de novo lhe responde: Nicodemos, o que é nascido da carne, é carne; e o que é nascido do Espírito é espírito. Não te admires de eu dizer: importa-vos nascer de novo. Em verdade, em verdade, te digo que se alguém não nascer da água e do Espírito não pode ver nem entrar no reino de Deus. Nascido da carne – da cópula. Meu pai e minha mãe copularam, eu nasci; nasci da carne. Nascer da água e do Espírito: a interpretação teológica mais clássica sobre nascer da água e do Espírito é aquela que diz que nascer da água – pasmem! – tem a ver com um dia ter rompido a placenta da mãe; porque esse é o primeiro passo para se ter consciência: romper a placenta da mãe. Aí, a pessoa já está aqui no mundo. E vai crescendo aqui, até um dia que, quem sabe, se arrepende e, aí, nasce do Espírito – pela obra do Espírito Santo ela se converte. Outra clássica é aquela que diz que nascer da água é o batismo. E a igreja católica é a mãe do batismo como água benta, como água que no ato do batismo, regenera. Por isso as crianças na igreja católica precisam ser batizadas o quanto antes, porque se morrer sem o batismo ficam no limbo – coitadinhos, aqueles pintainhos no limbo. Aí, o padre tem que correr lá e jogar água no menino – a água é mágica, o batismo é mágico (não é como hoje, aqui: eu só

batizei os que já estavam batizados, simbolizando para eles e para nós, e cumprindo um mandamento que já estava cumprido pela Palavra, no coração deles). Então, quem nascer da água – quem for batizado – e receber o Espírito Santo no ato desse batismo com água (na hora em que a água está caindo na cabeça, o Espírito Santo está penetrando no coração. Porque se a água não cair antes, o Espírito não vem – o Espírito está condicionado à água, e por seu turno, ao padre, e por seu turno, à igreja, e por seu turno, ao sacerdote ou seja lá quem for o dono de tal privilégio) esse pode ver o reino de Deus. Assim ensina a religião. É óbvio que existe uma relação entre nascer da água e do Espírito em relação ao fato de que João Batista veio, chamando todos os que o ouviam, preparando o caminho do Senhor, do Cordeiro de Deus que tira o pecado do mundo, que viria depois dele; chamando-os para o arrependimento que selava a metanoia, a mudança de mente, ocorrida pela simbolização do batismo com água (ou em água, como queiram). E João ao ver Jesus afirmou: Eu, na verdade, vos batizo com água, mas aquele que vem depois de mim vos batizará com o Espírito Santo e com fogo. Portanto, é óbvio que assim como na História João batizou com água chamando ao arrependimento e Jesus batizou com o Espírito Santo, e o próprio Jesus, ao pregar, dizia: “Arrependei-vos porque o reino de Deus está à mão”, nascer de novo implica passar por um processo de conversão total da mente, de zeramento absoluto dos nossos conceitos, decisões, pensamentos; de um sepultamento de toda nossa arrogância, de um entregarmo-nos a um dilúvio que nos mate sob as águas da graça, para que a gente saia e emirja de toda essa situação como aquele que é

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salvador do que vocês sabem, eu sou aquele que foi enviado para o que vocês não podem nem imaginar, eu sou a graça da loucura divina, e para que alguém entre, passe e atravesse, veja e penetre essa dimensão do reino absoluto de Deus, tem que nascer de novo.


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arrancado pela via do arrependimento, da mudança de mente, para uma nova vida, para um recomeço absoluto e que só pode acontecer como obra do Espírito Santo em nós.

e assim produziu; e apareçam sobre a Terra seres viventes – e o mundo foi se enchendo. Até que ao sexto dia ele diz: Façamos o homem à nossa imagem e semelhança.

Mas para mim me é impossível ouvir Jesus dizer que quem não nascer da água e do Espírito não pode entrar nem ver o reino de Deus, e não associar isso à criação de todas as coisas. Como diz o livro de Gênesis, fazendo alusão ao fato de que já houvera uma criação anterior que tinha se deteriorado, se catastrofizado e ficado sem forma e vazia: No princípio tirou do nada, Deus, os céus e a Terra – o universo, o cosmos. Aí, a Terra ficou catastrófica, abalada, vazia, esvaziada, desvivificada, morta por uma catástrofe que nós não sabemos qual seja, mas que está registrada no início da Escritura. Então, o que se tem no livro de Gênesis é uma recriação: Disse Deus: Haja luz; e houve luz. E o sol, as luzes do universo, que estavam apagadas para esta ordem planetária pelo catastrofismo que tinha involucrado o Planeta numa situação absolutamente densa de escuridade, essas luzes começaram a penetrar. E se diz que nesse caos o Espírito de Deus pairava sobre as águas.

Tudo isso brotando em um processo de graça, no tempo, no espaço, envolvendo o mundo natural com a sutileza de todos os milagres sobrenaturais encadeados nas cadeias da natureza, com o Espírito de Deus vibrando sobre as águas; tudo isso, mais do que qualquer outra coisa, ilustra o fato de que nascer de novo, primeiro: decorre da admissão da catastrofização da nossa existência anterior. Eu posso ser um Nicodemos – um mestre – mas eu preciso abandonar qualquer que seja a presunção da minha cátedra e assumir a certeza da minha catástrofe – trocar a cátedra pela catástrofe.

E disse Deus: Produzam as águas seres viventes, enxames aos milhões – e assim produziram; e produza a Terra erva verde –

Terceiro: Implica que eu mesmo não direi mais que sei, nem que sou; eu direi que não sei e que quero ser. Quarto: Implica que eu retorne não ao ventre da minha mãe, mas que eu me abandone a Deus, na confissão da minha catástrofe; e que eu esqueça a presunção do meu ser e do meu saber, e me entregue à vibração do Espírito Santo no oceano das minhas trevas e do meu interior para que a luz divina me ilumine e para que a palavra de Deus suscite a ordem de uma nova criação no meu ser, até que surja um novo homem que apareça segundo Deus, produzido segundo os frutos da justiça, criado e arrancado da sua própria catástrofe, nascido da água e do Espírito, produzido nesse oceano interior do inconsciente do coração, trabalhado, como

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E é desse Espírito de Deus que paira sobre as águas, e dessa luz que vem e incide sob a ação do Espírito de Deus tremulando sobre as águas de um oceano escuro, que uma atmosfera vai se abrindo; onde, era após era, nos tempos daquele acontecimento, sol, lua, estrelas vão penetrando, com as suas incidências, esse ambiente planetário. E o Espírito de Deus vibrando sobre as águas, e a luz incidindo sobre as águas.

Segundo: Implica que eu admita que a minha existência precisa ser reiniciada, totalmente recriada, totalmente refeita.


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Nascer de novo implica admitir um voltarme completamente, sem forma e vazio, para as mãos de Deus, para que ele me refaça, me recrie. E a consequência disso é que eu abandono as minhas opiniões, abandono os meus preconceitos, abandono as minhas precompreensões, abandono todas as minhas filosofias, abandono todos os meus processos religiosos; eu abandono todas as minhas ideias culturais sobre Jesus, sobre Deus, abandono a religião, abandono a política, abandono o mundo; e eu me entrego a Jesus para ser refeito do nada, do oceano da coisa disforme, para nascer da água e do Espírito, para que a palavra de Deus vá me trazendo aos sentidos que vão, ao final, modelar um homem, criado segundo Deus, conforme a justiça e a retidão procedentes da verdade. Este pode abrir os olhos e ver o reino de Deus; e este pode entrar no reino de Deus. E se alguém não viver esse processo jamais verá e jamais entrará no reino de Deus. Pode ser Nicodemos, pode ser filho do melhor estofo religioso, pode concordar com a sabedoria universal e dizer “nós sabemos”, mas a esse Jesus dirá: Em verdade, em verdade te digo que se

alguém não nascer de novo jamais entrará e tampouco verá o reino de Deus. A maioria de nós vive vidas “nicodemianas”. Fomos educados nessa cultura do cristianismo e nos satisfizemos com essas logiquinhas tolas de causa e efeito. E Jesus está nos chamando para uma desconstrução absoluta que dê lugar a um ser que nasça, que exploda, que apareça, que seja uma nova criação; que seja arrancado do caos do oceano, da escuridão, da indevassabilidade do próprio coração, onde somente o Espírito de Deus penetra e tremula, para ser feito um novo homem, segundo Deus, segundo a imagem de Jesus. Hoje, o que eu quero pedir a você, de todo o coração, é que você não se engane mais. Jesus, em muitos casos é o avatar dos cristãos, é o Deus maior, mas a grande maioria não nasceu de novo. Não nasceu de novo, continua vendo a vida com os mesmos olhos, interpretando tudo com os mesmos conceitos preconceitualizados, sofrendo das mesmas doenças de natureza mais mesquinha, preferindo a água do batismo a admitirem que o Espírito de Deus tremule no oceano impenetrável do seu inconsciente, da sua interioridade, e que de dentro para fora vá lhe criando, lhe tecendo até que vire gente segundo Deus, segundo o Evangelho. Se não for assim, nada terá sido verdadeiro. Em verdade, em verdade eu vos digo, em nome de Jesus, que se alguém não nascer da água e do Espírito jamais verá e jamais entrará no reino dos céus.

Mensagem ministrada em 06/11/2011 Estação do Caminho - DF

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no Gênesis, no ambiente mais catastrófico, que é o meu inconsciente vazado de tudo quanto me descria se eu ficar entregue a mim mesmo. Eu preciso que essa obra do Espírito Santo tenha o seu génesis nesse ambiente mais interior – tão interior quanto exteriormente distante de nós seria o imaginarmos a Terra nesse momento de catástrofe anterior a essa recriação na qual ela se tornou.


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