O Caminho da Graça
O DNA do Pai Celeste está em mim! Caio Fábio
Vamos ler o texto do evangelho de Mateus 5:43-48. que prevalece é essa que diz que filho de Deus é o crente. Quem não for crente, ou “crentino”, não é filho de Deus. Quem não for membro de igreja não é filho de Deus. Às vezes Deus faz um favor extraordinário (a graça de Deus “às vezes” é um favor; não é sempre): quando uma pessoa é como o Mahatma Gandhi mas não é cristão, fica uma espécie de constrangimento: “eu tenho a impressão de que esse cara deve estar no céu”. Você já ouviu essa história? “Eu tenho a impressão de que ele tem de estar no céu; não que devesse, mas eu acho que tem de estar, é quase que uma obrigatoriedade”. Mas quem não é batizado, quem não é de igreja, quem não dá o dízimo, quem não toma o lanchinho eucarístico da ceia, quem não frequenta as reuniões com regularidade, e quem não participa das atividades eclesiásticas, esse aí não é filho de Deus. É assim, com toda mediocridade que a gente não queira admitir que tal conceito carregue. Vejam aonde chega a tortura reducionista, desgraçada, diabólica, satânica da religião, de designar quem é filho de Deus e quem não é filho de Deus. Depois, eles leem a parábola do joio e do trigo e dizem que não estão separando o joio de trigo já de antemão, na História. Eles não estão, mesmo, separando o joio do trigo, porque se fosse o joio do trigo eles ainda estariam lidando com uma metáfora. Mas eles estão fazendo pior, eles estão dizendo: aquele é, este não é.
De qualquer forma, sejam católicos, sejam protestantes, sejam evangélicos, a heresia
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Todo mundo que está aqui crê que é filho de Deus, ou tem alguém com desconfiança a esse respeito? Não vou pedir para vocês levantarem a mão, porque seria patético, mas pergunto: Todo mundo que está aqui crê que é filho de Deus? Amém. Eu também creio. Eu não creio nessa diferenciação que o cristianismo fez. Não o Novo Testamento, mas o cristianismo foi que inventou que quem nasce fora do cristianismo é criatura de Deus, e que quem nasce dentro do cristianismo e é batizado – na igreja católica quando criança, ou em algumas igrejas protestantes também quando crianças – são filhos de Deus. Não pela mesma razão, mas com significados que beiram a semelhança. Na igreja católica é porque se a criança não for batizada ainda na infância, quando morrer ela morrer fica no limbo. Já imaginaram, uma criancinha no limbo?! Que coisa mais perversa! Quem inventou essa história era um tarado: uma criancinha morre e fica no limbo; não vai para o inferno, não vai para o céu, fica ali, aquela coisa... Pelo amor de Deus, que tarado foi que inventou isso? E no meio protestante existem alguns grupos que também têm uma certa suspeição a esse respeito; e, então, para não deixarem de fazer uma fezinha, “vamos batizar logo cedo, que pelo menos dá uma garantida”. É uma espécie de envio da primeira prestação, antecipada, a Deus, para registrar o nome. É um “registro em cartório celestial”.
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Mas eu dizia: Eu não creio nessa designação de criaturas de Deus e filhos de Deus. Para mim, Deus só tem filhos. Mas há filhos que não querem ser; há filhos que não aceitam a semelhança do Pai; há filhos que existem em profunda dessemelhança com o Pai; há filhos que fazem algum esforço para se parecerem com o Pai; há filhos que não têm nenhuma intimidade com o Pai; há filhos que por alguma razão ficaram com medo do Pai – não que isso tenha a ver com o Pai, mas tem a ver com traumas outros, dos filhos. Há filhos que à
semelhança de um ente esquizofrênico desenvolveram uma imagem distorcida do Pai, colhida de ambientes, de personagens, de montagens e de fragmentações outras, das quais eles fazem uma composição, projetam-na em Deus e ficam achando que Deus é daquele jeito, que o Pai é daquela forma, e por isso andam panicados em relação a Deus. E há filhos que conhecem o Pai, que têm amizade com o Pai, que amam o Pai, que têm prazer no Pai, que querem crescer em intimidade com o Pai, em amizade com o Pai, em alegria no Pai todos os dias das suas vidas. É extremamente semelhante com o que acontece com os nossos filhos, nas nossas casas. Eu pergunto: nas nossas casas é diferente? Hoje em dias as famílias têm muito poucos filhos, mas ainda há, aqui, filhos de famílias onde os pais foram pais de muitos filhos. Tem gente aqui que ainda pertenceu a casa com oito, nove, dez, doze irmãos, o que hoje em dia é quase inconcebível. Hoje a gente mal consegue ver um casal gerar um filho, isso já é um esforço enorme, acham que é uma responsabilidade sobrehumana. Dois filhos, já é uma loteria. Três, então, nem pensar. Quatro, já é uma aventura do tipo Indiana Jones e a Última Cruzada, de tão complicado que é. Quando eu digo por aí que Adriana e eu, somados, temos seis filhos somados, aqui, e um no céu, parece uma heresia: coitados de vocês. Parece aquele casal que vem da antiguidade, entes primitivos, que ainda têm prazer nessa aporrinhação de tantos filhos assim. E se você diz que quer ter muitos netos: Ah, coitado desse cara, é um doente; deve ser tão carente... Mas qualquer que tenha muitos filhos ou tenha vindo de uma casa de muitos irmãos sabe como nas nossas casas se desenvolvem as nossas relações com os
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E tem gente que chega a dizer: desculpa, mas eu não vou casar você porque você está se casando com uma criatura de Deus, não com um filho de Deus. Como há também religiosos que vão a determinados enterros e dizem barbaridades. Insultam o morto e os vivos: “que pena que morreu perdido, desviado”. E se o coitado for um suicida, meu Deus! Famílias de suicidas não sei para que convidam pastores, ou padres, ou qualquer um desse pessoal, para realizar esses atos religiosos. Porque o padre, esse fica num constrangimento enorme. Os pastores, tem aqueles que não são muito ofensivos, dizem apenas: não oramos por aquele que morreu! – claro, nem precisa – mas pelos que ficam, para que tu lhes dê consolo ante essa perda irreparável e eterna. E a família: “ai, meu Deus, o cara era tão legal, ele tinha um tumor no cérebro e nos últimos meses entrou numa depressão crônica...”. Ou: “pegou a mulher na cama com o melhor amigo, foi desprezado por todos, aí, pirou e se matou, mas era um homem tão bom...”. Mas está no inferno. Já imaginaram a situação? É simples assim definir quem é, quem não é; é uma economia de gestão de significados que só pode ter sido aprendida no inferno, com ensinamento de satanás, de tão perversa que é nas implicações que carregam.
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Mas esquecendo a anomalia, vamos considerar o pai médio, razoável, que é aquele que Jesus definiu ao dizer que se o filho pedir um pão, ele não dá uma pedra, se pedir um ovo, ele não dá uma serpente; aquele pai que tem um sentido de pertinência, de propriedade, que não castiga o filho por castigar, que na melhor das hipóteses tenta discipliná-lo, tenta, pelo menos, recompensá-lo com justiça: mereceu o bem, recebe o bem, fez o mal, recebe a restrição, ou a punição, ou a disciplina, ou a coerção necessária para se forjar um caráter. Se, pois, o conceito for o dessa basicalidade de paternidade, é só lembrar das nossas próprias família e ver como, à semelhança do que acontece com o Pai eterno, perfeito, amoroso, e que é amor, verdade e justiça, nos ambientes relativos da nossa casa acontece o mesmo fenômeno: tem filho que não gosta do pai, mesmo de um bom pai. Eu conheço; tem muitos. O pai é bom demais, para ele; ele se identifica muito mais com um tio canalha, safadinho, pegador, que o chama para ver umas revistas pornôs; o pai é aquele sujeito limpo, legal, puro, santo, mas o menino nasceu meio torto, foi se identificando com a tortuosidade; o pai provoca nele tudo o
que ele não quer lembrar que ele gosta de adular em si mesmo. Então, até esse pai bom às vezes não é objeto de carinho. Outras vezes nós vemos aquele filho que tem medo de intimidade com o pai. O pai se esforça, se aproxima, dá todos os sinais: carinho, generosidade, bondade, acolhimento, ouvido, atenção, boa vontade, interesse; só falta carregar um outdoor. Faz todas as sinalizações, mas o filho (ou a filha) é fechado. Até ama o pai – se perguntarem ele diz: ah, meu pai é maravilhoso. Faz até propaganda: puxa, não tem pai como o meu. Mas não tem coragem de se abrir, de contar o que está no coração, de confiar, de falar; nem, também, de perguntar o que está acontecendo com o pai, se pode ajudar, se pode servir, se pode ser útil. Não se aproxima do pai simplesmente para estar com ele, por nada. Não tem aquela generosidade graciosa de telefonar ou de buscar, de se aproximar, de beijar e dizer: não é nada, eu só quero saber como você está; e ficar ali à toa, dando demonstração do à toa mais carregado de significado, que é o que um pai e uma mãe amam sobretudo: quando, por nada, os filhos simplesmente estão, são, querem, usufruem com prazer a existência, a presença deles. Existem também alguns filhos que, por causa de disputas com irmãos, ficam distantes dos pais. São aqueles que em razão de traumas com irmãos, porque eles não gostam de um irmão não admitem que o pai ame a todos igualmente. E assim, porque eles, os irmãos, se incompatibilizaram, brigaram, não se entendem, não se gostam, e o pai não compra essas brigas nem essas diferenciações, alguns filhos vão se incompatibilizando com o pai. Eles
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nossos pais. Ou, no caso específico aqui, com o nosso Pai. Apesar de que nas nossas famílias a gente tem todo tipo de pai e de mãe, inclusive aqueles que não merecem a qualificação nem de pai, nem de mãe, de tão inafetivos, de tão estúpidos, de tão primitivos, de tão egoístas, de tão descuidados, de tão gelados, de tão voltados para si mesmos, de tão distraídos dos filhos, de tão autocentrados, de tão brutais, de tão violentos, ou de tão incapazes de expressar até os instintos naturais que mamíferos não humanos expressam com grandeza, significado, insistência e propriedade.
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Jesus conta histórias de filhos desse tipo. Aquele que filho que sempre que o pai pede: você podia me ajudar? E ele diz: Não, não vou não, para com isso, tenho coisa pra fazer! Aí o pai chega para o outro filho e pede: filho, você podia me ajudar? E ele responde: claro, pai amado, pai de amor e de bondade! A que hora queres a minha presença? Aí o pai diz: às nove da manhã. E ele completa: Paizinho, querido, às cinco para as nove estarei lá! E aí, quando dá nove horas da manhã aparece aquele primeiro filho, que vive chutando pedra. Aparece reclamando: droga, tenho tanta coisa pra fazer num sábado, cheio de amigos! Cadê a enxada, cadê o ancinho? O que é pra carregar, é esse piano aqui? O que tem mais? E às cinco horas da tarde ele ainda está lá; sem contar que depois de meio dia ele já começou a ganhar prazer naquilo, dizendo: podia limpara aquilo ali, também. Mas o outro filho, o que diz: oh, amantíssimo Deus e Pai, não aparece nunca. Jesus contou essa história, que a gente vê todo dia, que é muito parecida com a casa da gente.
Como também existem aqueles filhos que compreendem e discernem tanto o pai – aquele pai bom, aquele pai que é uma honra honrá-lo, que, se honrar significa melhorar o pai em nós, significa entender, pesar, avaliar e discernir o pai para melhorá-lo em nós, é para nós uma tarefa praticamente impossível melhorar em nós aquele ser humano, porque ele é absolutamente admirável, já é uma honra, honrá-lo; e, nesse caso, tudo o que o filho quer é a semelhança dele, é aprender com ele, é ser identificado pela natureza dele, pelo caráter dele, pelos atos dele. Parecer fisicamente com ele não é nem um pouco importante, o que importa é reproduzir o caráter, o amor, a qualidade existencial daquela pessoa. E o que eu estou pregando, ensinando e anunciando aqui a vocês foi uma coisa que Deus falou comigo nesta madrugada, num sonho. Eu sonhei que estava contando para vocês uma historinha de criança, sobre filhos e pais. E nesse sonho eu me via observando o meu pai, em relação ao pai dele. O meu avô teve treze filhos, fora os adotivos (que naquele tempo se chamavam filhos de criação, mas que eram filhos de verdade, em casa, para a vida inteira, não filhos de estação nem de época, mas até o fim da vida). E cada um deles desenvolveu a sua própria personalidade. Havia alguns que eram extremamente parecidos fisicamente com o meu avô. Meu pai guarda algumas semelhanças físicas, mas não é o mais parecido. Um dos mais velhos, por exemplo, era o clone facial do meu avô. E todos eles foram seres humanos maravilhosos, eu tenho grande alegria, diante de Deus, de ter tido os tios e as tias que Deus meu deu. Todos, seres humanos extraordinariamente bons, generosos, humanos e dignos de serem tomados por exemplo no que viviam e no que faziam.
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gostariam que o pai fosse pai só deles e não de todos, não amasse a todos, não tivesse seu próprio modo de tratar a todos, sem sucumbir ao capricho particular nem à veneta de um ou de dois. Esse é o caso da parábola do filho pródigo, por exemplo, onde um dos filhos, o irmão mais velho, que nunca tinha tido a coragem de usufruir a intimidade do mesmo pai (que era bom, generoso, misericordioso e compassivo), ficou distante. E depois com muita mais raiva ainda ele se postou, quando viu que o irmão que tinha ido embora retornou e foi acolhido, perdoado e restaurado à sua posição. Aí é que a distância dele em relação ao pai se abismou infinitamente. E esse pai não podia ser melhor.
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Numa casa, a gente gera os nossos filhos. Mas alguém que, em sendo uma pessoa que busque andar com Deus e desenvolver o seu caráter e a sua consciência, e busque que a sua melhor versão cresça em Deus, na semelhança de Cristo, já é uma raridade quando uma pessoa assim, tendo alguns filhos tem a ventura de que um deles se alegre tanto no discernimento de quem o pai é, que busque essa intimidade com o pai, busque essa semelhança, esse assemelhar-se às obras do pai, ao seu caráter, ao seu equilíbrio, aos seus interesses, ao seu olhar da vida; e que além
disso tenha a vontade de melhorar o pai, nele (o que é absolutamente possível no plano da família; só é totalmente impossível na perspectiva de melhorarmos Deus em nós, mas melhorar o pai da gente em nós é possível). Já é uma raridade quando no meio de alguns filhos a gente tem um assim. Na maioria das vezes o máximo de elogio que a gente ouve é: “pôxa, Fulano é a tua cara”. Mas não dá para passar daí. Você fica esperando: o que mais, hem...? Mas não sai muita coisa. Você criou, você investiu, você amou; tudo o que você deu para um deu para todos, o que você contou para um contou para todos, o que você tinha para um tinha para todos. E se no meio de todos tem um que além de se parecer um pouquinho mais com o seu rosto se parece um pouquinho mais com o seu caráter, você já se sente coroado de glória! Porque a maioria deles ou amam você (e você sabe que eles amam) mas você é demais para a cabeça deles; aí eles ficam falando bem de vocês para os amigo: “poxa, meu pai não existe, pelo amor de Deus, papai é inacreditável! Eu tenho um negócio pelo papai, me dá até vontade de chorar; meu pai é um negócio de doido, mas não dá pra a gente chegar lá”. Ou, então, são filhos que dizem: “pô, meu pai está vindo aí, vejam se vocês se comportam, porque eu não quero que ele veja o besteirol”; mesmo sabendo que você não esquenta a cabeça com nada, mas eles querem apresentar pelo menos o melhor presépio relacional, na sua presença. Ou, ainda, tem aqueles filho que amam muito você, mas são francos o suficiente para dizerem: “olha, pai, eu não tenho a vocação”. E a vocação não é para ser pastor, nem conselheiro, nada disso; mas eles pensam que é para isso. Não entenderam que a vocação não é para repetir o que você faz, não é para falar como você fala,
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Essa é uma graça de memória que eu carrego no meu coração. Portanto, sem demérito para nenhum deles, apesar dessa boas qualidades em todos eles, eu nunca vi ninguém que tivesse convivido com o meu avô e conhecido profundamente os meus tios, pelo tempo de convivência (porque é o tempo, o convívio que dá a oportunidade de se identificarem semelhanças de caráter, de qualidades, de atitude), em momento algum eu vi ninguém, referindo-se a qualquer dos meus tios, especialmente aos homens, dizer: mas que coisa impressionante, esse filho do Dr. João Fábio é exatamente o Dr. João Fábio; é a expressão do caráter, da generosidade, da hospitalidade, do altruísmo, da compassividade, do despojamento, da atitude de doação, da alegria em abrir as portas, da ponderação, da prudência, da sobriedade, da consciência, do autossacrifício com o qual se viu ele viver a vida inteira. Mas quantas vezes eu ouvi dizer: “o seu pai parece a reencarnação do seu avô! É uma coisa louca! E depois que ele se converteu, isso ficou até maior, porque agora tem mais essa coisa de Jesus, que dá uma aura poderosa! Se antes já era assim, agora ficou extravagantemente mais parecido com ele!”.
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Então, aqui nesta assembleia, à semelhança das nossas famílias, nosso Senhor tem todo tipo de filhos. E tem cada filho...! Tem aqueles que dizem: “eu sou filho de Deus porque Deus, em Cristo, me adotou sendo eu ainda pecador; e eu confesso que continuo sem nenhuma vontade de melhorar em relação a ser pecador, mas aceito a possibilidade de ser salvo, quem sabe, pelo fogo, passar raspando; eu vou correr esse risco, porque Deus é amor, é amor, é amor; não é possível que esse amor não cubra as minhas bagaças, tem que cobrir! Deus estava em Cristo reconciliando consigo o mundo inteiro, o Caio diz lá a toda hora que o mundo está reconciliado com Deus só que tem muita gente que não sabe ainda; eu já sei que estou, então, eu aceito a unilateralidade dessa reconciliação de Deus comigo; eu não resisto, não vou brigar, eu não nego, eu digo: eu creio. Eu creio, viu? Mas me dá um tempo só pra eu viver os meu caprichos, e não me leva sem ter um pouco de consciência antes da hora. Eu acho que consegui essa paz, eu acho que desenvolvi esse acordo. Não me peça para explicar, mas eu acho que rolou... Eu acho”. E vai ficando assim. Tem também aqueles que impõem certas condições: “eu não nego que o Senhor é
meu Pai, eu sou seu filho. Mas eu tenho que dizer o seguinte: não me peça para amar aquele outro filho do Senhor, aquele meu irmão, porque a minha relação é só contigo! Com essa família eu não quero nada! E com aquele irmão ali, eu não admito vínculo nenhum, porque ele é a negação do Senhor. Então, até por respeito ao teu caráter, eu abomino aquele cara”. Tem gente aqui assim, também. Como também existem aqui entre nós aqueles que dizem: “eu sei que Deus é Deus, mas se a condição para que eu seja de Deu é que eu perdoe alguém, eu peço a Deus que faça o esforço divino de me salvar no inferno, mas eu não tenho condição de perdoar essa pessoa; esse cara eu vou odiar até a morte”. O apóstolo João nos disse que Jesus veio ao mundo para os que eram seus, e os seus não o receberam; mas a todos quantos o receberam, deu-lhes o poder de serem feitos filhos de Deus, a saber, aos que creem no seu nome. E é nisto que se agarram os crentes, porque o conceito de receber Jesus, dos crentes, é aquele de levantar a mão: “você já recebeu a Jesus como seu Senhor e Salvador?”. Aí tem gente que diz: “já! Porque eu levantei a mão, já fui lá na frente; até já dei um passo a mais, já fui batizado”. Então, o conceito é esse, é essa coisa coreografada: já recebi a Jesus como meu Senhor e Salvador!. É patética assim, a coisa: eu sou filho de Deus porque levantei a mão. Imaginem só, o indivíduo é filho de Deus porque ele levantou a mão!. Que coisa mais extraordinária isso! “Eu sou um filho de Deus porque já aceitei Jesus; e se me perguntarem se Jesus é o Filho de Deus eu digo pra todo mundo que é. Jesus é o Filho de Deus, não nego isso, não. E não desisto, vou à igreja, dou o dízimo, fico lá. Com
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não é para fazer da vida deles um projeto de imitação da sua vida. A vocação é para mergulhar profundamente na intimidade com aquele que é o seu e o meu Pai, e que também é Pai deles. Mas os álibis das coisas que você faz ficam sendo a justificativa para eles não mergulharem na relação mais profunda, que é aquilo que em você ganha a expressão dessas coisas, mas não necessariamente teria que ter as mesmas expressões na vida deles, nem na vida de outros. Cada um é cada um, mas o chamado é para a intimidade com o Pai.
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Mas o que o que significa “receber a Jesus”? É receber uma informação e dizer: “concordo! Bota meu nome aí, me inclui nessa, tá?”. Isso é receber Jesus? Ou será, também, que receber Jesus é: “não dá para negar que ele é quem ele era, então não me tome nunca como um discordante: estou de acordo, Gabriel, Miguel, nuvem de testemunhas, quem puder me ouvir, ouça: estou dentro, recebi, não nego! E não tem confusão, não, nem com Maomé, nem com Buda, nem com Confúcio, nem com Zoroastro, muito menos com exu caveira, pomba gira e outros bichos. O único nome é o dele, hem? Recebi!”. E assim, vamos andando. As pessoas têm uma relação de monólogo confessional, de uma palavra só, composta de duas sílabas: Je-sus. É tudo o que significa esse “receber Jesus”. Mas eu quero lhes dizer uma coisa: é que a misericórdia de Deus é infinita, é eterna, então, ele abraça. Se nós, que somos pais horríveis, mas que temos no nosso coração um mínimo de humanidade, de bondade, acolhemos filhos de toda natureza, Deus acolhe com qualificações infinitas os filhos dele. Mas eu sofro quando vou vendo a vida passar e digo: meu Deus, poucos dos meus filhos me percebem, me discernem; eles
me admiram, mas poucos me penetram, poucos enxergam o tamanho do tesouro que está aqui; provavelmente eu vou precisar morrer e eles vão precisar envelhecer para descobrirem a grandeza do tesouro que tu puseste em mim. Da mesma forma, um pai sofre quando vê um filho que não cresce nunca, que tem uma cabecinha sempre pequena. Às vezes parece até que ele diminui, que ele se encolhe, que ele fica mais medíocre, que ele aprende mais com a mesquinhez de outros convívios do que com a grandeza e com o dilatamento daquilo que seu pai propõe a vida inteira. É uma dor enorme para um pai; que nunca vai negar seu filho, vai morrer por qualquer filho, de qualquer qualidade. Não o negará jamais e não será infiel à sua paternidade para com ele, jamais, mas sofre de ver aquele filho não usufruir a luz, a grandeza, o tesouro, de não amar os que o pai ama, de se inimizar com outros até por causa do amor do pai por outros, de ficar tão doente, que acha que o pai tem de provar seu amor para com ele não sendo capaz de amar mais ninguém, somente àquele filho. E o pai sofre. Agora, imagina o Pai eterno! Ele acolhe a todos. Pois se para mim, que sou uma porcaria, que sou um verme, não tem filho meu que não seja filho até a morte – para vida, para morte, para qualquer conjuntura ou circunstância; se dentro de mim não existe o poder de rejeitar um filho, de não reconhecê-lo, de não amá-lo até o fim, imagine o Pai que está nos céus! Deus é amor. E o amor de Deus sofre, sofre, sofre. Sofre os filhos que tem. Porque – me desculpem o eufemismo e a metáfora tão empobrecida – mas o sonho de Deus como Pai é que cada um dos seus filhos deseje se satisfazer completamente com a sua semelhança. Que cada um dos seus filhos
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raiva dos pais, dos amigos, de todo mundo que me deixou. Zangado! Mas se eu levantei a mão, eu levantei a mão! E nunca neguei nem vou negar. Infiel, até que eu sou, mas está escrito na bíblia que quando a gente é infiel ele permanece fiel porque não pode negar-se a si mesmo. E é nessa que eu me seguro. Eu aceitei Jesus”. A tantos quantos o receberam, Deus deu-lhes o poder de serem feitos filhos de Deus. Aí, noventa e oito por cento dos cristãos estão nessa. Vamos ser honestos, se não é nessa que a gente está.
pare de ficar dizendo: eu sei que sou filho de Deus porque o Pai é tão bom que não apagaria o meu nome do livro da vida, o Pai é tão bom que ele vai até o fim, porque ele já provou que é bom o suficiente até para morrer por nós, então, deixa eu ir vivendo como estou vivendo. O desejo do Pai é que cada filho se transforme pelo menos em uma miniatura do amor dele, em graça e em plenitude. O desejo do Pai é que tornarmo-nos filhos de Deus signifique tornarmo-nos filhos de Deus, gente que carregue o DNA de Deus, o gene de Deus. E o DNA de Deus e o gene de Deus não é carne e não é sangue; é espírito. O gene de Deus é alma. O gene de Deus é pensamento. O DNA de Deus em nós é caráter. O gene de Deus em nós é amor, é bondade, é misericórdia, é compassividade, é longanimidade, é fidelidade, é mansidão, é domínio próprio. O gene de Deus em nós é renúncia, é sacrifício, é inclusão, é altruísmo. O gene de Deus em nós é paciência, é prudência. O gene de Deus em nós é essa capacidade de estender a limites incomensuráveis e impensáveis aquilo que a impulsividade realizaria como brutalidade e não realiza porque é a bondade de Deus que nos conduz ao arrependimento. Esse é o gene de Deus naqueles que são seus filhos. Foi por isso que Jesus disse o que disse em Mateus 5:43-48. Antes um pouco, ele vinha falando de nos tornarmos humildes de espírito, ensináveis – assim como ele é manso e humilde de coração, que nos tornemos semelhantes a ele, humildes de espírito, ensináveis, para que sejamos filhos do Reino. Ele vinha nos recomendando que fôssemos capazes de chorar, de sermos afetivos, solidários, para que provássemos a consolação que decorre do contentamento de não perder a humanidade nem a
relacionalidade com os objetos do amor de Deus no mundo. Ele vinha nos recomendando a sermos mansos, para que nos tornássemos filhos, ou seja, herdeiros; a termos fome e sede de justiça para que, como filhos, provássemos a fartura de tudo; a sermos misericordiosos para que, como filhos, fôssemos sempre alcançados por toda misericórdia; a sermos limpos de coração para que nada se interpusesse jamais entre nós e o nosso Pai celeste; a sermos pacificadores porque Deus é pacificador, é reconciliador, e, assim, sermos chamados, por outros, filhos de Deus. E quando perseguidos, não nos ressentirmos; assim como Deus, quando blasfemado, não se ressente e não mata, não esmaga; quando injuriado, não castiga (senão não haveria ninguém vivo). Ele vinha nos chamando a termos o gosto, o paladar de Deus no mundo, a sermos como uma luz divina na Terra, a termos no coração a disposição de nos livrarmos de todo sentimento homicida que nos torna filhos do diabo, e não filhos de Deus; que nos faz enteados do inferno, e não filhos de Deus (como ele disse em João 8). E ele vinha nos recomendando, ainda, a mantermos o coração limpo e puro, a termos uma palavra que seja sim, sim, não, não, por sabermos que estamos diante do Deus que vê, do Pai que vê, diante de quem não há barganhas a fazer. Vinha nos recomendando a não nos vingarmos jamais a nós mesmos, nem resistirmos à perversidade; ao contrário, termos uma atitude divina em nós, a darmos a quem nos pede: dá a quem te pede, não voltes as costas a quem deseja que tu emprestes, porque se tu és filho do Deus da graça, sê gracioso. Graça é favor imerecido. E, aí, no verso 43 ele diz: “Ouvistes que foi dito: Amarás o teu próximo e odiarás o teu inimigo”. Isso era o que tinha sido
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Jesus está ensinando que temos de converter nossas mentes de toda desgraça deste mundo, sabendo que quem quiser ser filho de Deus tem de se desintoxicar de tudo o que aprendeu até aqui, tem de se converter, de fato, ao significado do que seja receber Jesus. Receber Jesus é isso: amai os vossos inimigos; assim como ele, Jesus, nos amou sendo nós inimigos declarados, hostis, contrários a toda a sua vontade, alienados, desprezíveis, abomináveis, inafetivos, egoístas, dessemelhantes dele. Ninguém olhando para nós iria dizer que Deus é amor. Se alguém dissesse: “reconheça Deus pelo mundo e pelos filhos que ele criou”, jamais se diria que Deus é amor. Dir-se-ia como Baudelaire: se há um Deus, é o diabo, porque os filhos dele são um inferno. Mas Deus nos amou sendo nós o próprio inferno. E quem quiser ser seu filho ouça o que significa carregar o seu DNA, carregar seu gene no caráter: Amai os vossos inimigos. Você tem inimigos? Eu não me refiro àqueles que não gostam de você; inimigos são aqueles de quem a gente não gosta. Gente que não gosta de mim tem aí aos milhões, mas eu amo a todos eles, em
nome de Jesus; nenhum deles tem o poder de me fazer não gostar deles. Eu, às vezes, não gosto e abomino o que eles fazem, mas peço a Deus, todo dia, que os acolha e os converta ao bem, à vida e ao amor. E eu serei o homem mais feliz da Terra quando isso acontecer, porque tudo o que eu quero é que eles amem o Pai e repitam a bondade do Pai no mundo. “Amai os vossos inimigos e orai pelos que vos perseguem”. Não pedindo a Deus para pesar a mão sobre eles, para abrir uma sepultura para que caiam nela: Senhor, eu os amo, e peço que tu lhes discipline e os faças falir, para que eles se arrebentem por inteiro, Jesus querido, e, assim, venham, na pobreza, conhecer o teu amor, e nesse dia eu terei grande prazer, até de ajudá-los financeiramente. Esse tipo de amor nasceu no inferno. “Amai os vossos inimigos e orai pelos que vos perseguem”. Senhor, transforma o coração do meu perseguidor num coração bom, generoso, misericordioso; tira dele essas forças da perversidade que nem ele entende, cura-o dessa doença. Senhor Jesus, dá-me a graça de encontrar-me com ele em amor, em paz, em reconciliação; eu peço todo teu bem sobre a casa dele, sobre os filhos dele, sobre a família dele; que a tua bondade repouse sobre ele, que ele seja constrangido pela graça do teu amor, que a graça e a verdade se beijem no coração dele, e que ele brote um ser humano maravilhoso; poupa-o de toda desgraça que a vida dele possa semear, que ele não colha o que está semeando, mas que colha a tua misericórdia, é o que eu te peço. Isso é orar pelo inimigo e orar pelos que nos perseguem. E para quê? Para que a gente chega nesse ponto? Por que é que Deus nos deixa conviver com gente que não gosta da
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sintetizado da lei de Moisés equivocadamente, mas que se tornou axioma e dogma na mente de todo mundo: para os amigos, tudo, para os inimigos, nada. Ou seja: a gente ama os amigos e odeia os inimigos, isso é o natural; quem ama o inimigo é otário, é idiota, é Poliana Moça. Qualquer um sente assim, qualquer sociedade sente assim, qualquer um dá razão àquele que diz: aos amigos eu amo, desde que não me perturbem, e aos inimigos eu odeio. Mas Jesus disse: “Eu, porém, vos digo: amai os vossos inimigos e orai pelos que vos perseguem”.
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não serei vencido pelo mal em mim. Não mudarei quem sou. Mas tratar o outro bem nas relações naturais? Se Fulano me trata bem eu trato bem o Fulano? O que é que há de mais nisso? Qual é a graça dessa história? Jesus disse que até os animais são assim, que até os pagãos fazem assim, que até os seres mais alienados da Terra, sem nenhuma consciência de Deus, sendo bem tratados, em geral respondem a esse bom tratamento – se não forem doentes de alma, complexados, cheios de venetas. Mas ele disse: Eu não chamei vocês para esse tipo de reciprocidade de coisas positivas. Para que vocês se tornem meus filhos vocês terão de ser capazes de amar os inimigos de vocês e de orarem pelos que perseguem vocês. Senão, vocês nunca se tornarão meus filhos. Serão meus filhos porque eu serei Pai de vocês, mas vocês nunca se tornarão filhos dos quais alguém possa dizer: “eis aí alguém que carrega o gene eterno, eis aí alguém que carrega o DNA do amor, eis aí alguém que carrega o caráter do Pai, eis aí alguém que é uma miniaturazinha do Eterno, entre nós”. Pois uma coisa é o Pai não ter vergonha de me chamar de seu filho, apesar de mim. Outra coisa é eu me tornar, dia a dia, parecido com o meu Pai que está nos céus. A gente pode decidir simplesmente continuar assim, empurrando com a barriga, e as pessoas levando até susto quando a gente diz que crê em Jesus. Como acontece muitas vezes. Tem gente que quando ouve alguém dizer que crê em Jesus, exclama: “você?! Não me diga, que surpresa, nunca imaginei!”. Ou: “você crê, mas não é aquela coisa, não tem aquele negócio, mesmo, sabe como é? Você é um filhinho assim... pela metade, né? Eu te entendo”. Mas o nosso chamado é para nos
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gente, que odeia a gente, que antipatiza com a gente, que desconfia da gente, alguns que até nem querem nos ver vivos? Tem muita gente neste país que se lhes desse hoje a notícia: “o Caio estava pregando no Caminho da Graça e caiu estatelado, e ainda bateu a cabeça na quina do gazofilácio”, muitos iriam dizer: “foi de quina no gazofilácio de tanto falar mal das igrejas que ficam tentando tomar o dízimo e roubar do povo; o Senhor pesou a mão, Aleluia!”. Eu não estou exagerando, tem maluquinho por aí que vocês nem imaginam, para quem eu sou mais do que uma pedra no sapato, eu sou uma lâmina incandescente, quente, dentro do sapato deles, que eles não conseguem tirar, que corta o dia inteiro; eles estão loucos para me verem partir desta para uma melhor. Mas por que é que Deus permite que a gente lide com o contraditório, na vida? Porque se nós amássemos apenas os que nos amam, os que nos tratam bem, que virtude haveria nisso? O estranho é a gente tratar bem o outro e o outro nos perseguir; é sinal de que ele é um encapetado. A gente dá tudo, ajuda em tudo, facilita tudo, mostra todo carinho, toda consideração, mas o humor, a veneta, a loucura do indivíduo fazem ele surtar em relação a nós, o tempo todo. E a gente persevera, não desiste. Ele vai ter que decidir morrer mauzinho, porque ele não vai mudar o meu caráter. Eu não vou ficar mau porque o outro é mau. Eu vou continuar sendo bom, apesar de ele querer que a minha resposta seja ruim para ele se justificar na minha maldade. Mas ele não terá essa vitória em mim. E não é porque eu esteja numa competição de virtude com ele; é porque a minha natureza é essa. Eu não vou me deixar vencer do mal. Em nome de Jesus eu vou vencer o mal com o bem. E ainda que eu não vença o mal com o bem, nele, eu
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E existe abundância de oportunidade todo dia, para a gente praticar a experiência de tornarmo-nos filhos de Deus neste mundo. Porque nós estamos cercados de contraditórios: de ódios, de inimizades, de provocações, de perseguições, de antipatias, de perturbações, de malquerências, de implicâncias. Essas situações são oportunidades que nós temos – as melhores de todas – de nos tornarmos filhos do nosso Pai celeste; de, à semelhança dele, fazermos nascer o sol sobre maus e bons e vir chuva sobre justos e injustos; de praticarmos esse amor indiscriminado em todas as direções. Não apenas quando nós somos amados por quem nos ama, bem tratados por quem nos trate bem, mas, sobretudo, a graça de Deus opera em nós dando-nos a chance de que nos tornemos, de que nos façamos, de que cresçamos e nos desenvolvamos na paternidade de Deus, na semelhança dele, na apresentação do gene divino em nós e do DNA divino no nosso caráter, na constituição da nossa essência, do nosso amor, da nossa semelhança a ele; não de palavras nem de logorreias, mas de fato e de verdade e de ações. As chances, ele nos dá nas contradições as mais diversas. E se eu insisto em ser filho do meu Pai, e se sou filho do meu Pai, eu vou amar quem não me ama, vou orar por quem me
persegue, vou perdoar a quem me ofende, vou ser generoso com quem é mesquinho comigo, vou esquecer aquele que tenta lembrar e inventar o que eu não fiz. Vou fazer o dia amanhecer novo para cada pessoa que não deixa nada se tornar novo em relação a mim, que parece que inventa loucuras do dia para a noite contra a minha vida, mas na minha vida eu serei como o meu Pai que está nos céus, que faz cada dia nascer novo para todo mundo porque as misericórdias dele são as causas de não sermos consumidos; ele renova a sua misericórdia de manhã em manhã. E no meu coração, eu, toda manhã, renovarei o meu amor, a minha misericórdia, a minha decisão na direção de todos. Eu vou apagar tudo, vou começar tudo de novo em relação a todos. Eu quero ser filho do meu Pai, repetir o meu Pai. E eu não vou brincar com a palavra do meu Pai nem com as oportunidades que ele me dá de ser seu filho. E eu quero ser filho por inteiro. Ele está me dando a chance, todo dia, de me tornar seu filho, de me converter em um filho, de abraçar o seu caráter. E quanto mais eu abraçar o seu caráter, mais vou gozar da sua intimidade. E não há justificativas: eu não vou evocar nada, eu não vou arranjar álibis, eu sou filho de Deus para, na minha relatividade, repetir o amor de Deus até onde eu possa repetir; para repetir a graça de Deus, a bondade de Deus, o perdão de Deus, o caráter de Deus, a justiça de Deus, a misericórdia de Deus. Com um situação: eu não vejo o coração dos homens; por isso eu não julgarei ninguém, para que eu não seja julgado. “Porque, se amardes os que vos amam, que recompensa tendes? Não fazem os publicanos também o mesmo? E, se saudardes somente os vossos irmãos, que fazeis de mais? Não fazem os gentios também o mesmo? Portanto, sede vós perfeitos como perfeito é o vosso Pai
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tornarmos miniaturas do Pai eterno no planeta Terra. Nada mais, nada menos: “amai os vossos inimigos e orai pelos que vos perseguem; para que vos torneis filhos do vosso Pai celeste, porque ele faz nascer o seu sol sobre maus e bons e vir chuvas sobre justos e injustos”. E esse é um trabalho cotidiano. Essa palavra “tornar” tem a ver com algo que demanda a minha participação, tem a ver com uma decisão minha de buscar essa semelhança de caráter, todo dia, toda hora.
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“Portanto, sede perfeitos, como perfeito é o vosso Pai que está nos céus”. Esse é o Evangelho. Ninguém tente diminuí-lo.
doenças deste mundo para me assemelhar ao meu Pai celeste. Quero que o reino dele, a vontade dele, a consciência dele, o caráter dele se implantem na minha vida. Eu quero fazer a vontade dele. A vontade dele é amor, é perdão, é misericórdia, é generosidade, é graça, é justiça, é verdade em amor, é fidelidade. Eu quero fazer essa vontade dele, com alegria. Eu quero me alimentar dessa vontade. E eu quero que ela seja feita aqui na Terra com a alegria com a qual os seres glorificados já a fazem nos céus. Eu quero que o pão nosso, que não é só meu, é de todos nós – pão comum, pão para todos, para mim também –, que o pão nosso de cada dia nos seja dado hoje. Hoje, porque eu não quero guardar pão para daqui a dez anos. Eu preciso de pão para hoje, o que passar disso eu quero ter coração para compartilhar com quem não tem, para que eu me torne filho do meu Pai celeste. Porque o Pai não economiza. Ele faz chover, ele faz vir sol, ele dá garantia de que ele não vai mudar: ele vai fazer de novo, de novo e de novo, e sobre todos, maus e bons, justos e injustos.
Ao orar a oração chamada de “O Pai Nosso”, pense na oração que você vai orar. Pense em como ela começa. Pense que o Pai é nosso, não é meu. Coisa ridícula é se ter ciúme de Deus, tanto quanto é patético ter ciúme do amor do pai por um irmão, por outro. Ou ter ciúme de alguém a quem o pai ame. É patético, é doentio. O que importa é que ele me ama. E eu sou feliz que ele me ama e ama a todos. O Pai é nosso.
E que ele não me deixe cair em tentação, assim como, também, eu não seja uma tentação para os outros: eu não queira provocar os outros, testar os outros, seduzir os outros, pressionar os outros, ver até onde eles aguentam.
Santificado seja o nome dele na minha vida, significando dizer que eu quero me parecer com ele, eu quero me separar das
Pois dele é o poder – e não meu –, e a glória, e a honra – e não meus –, para todo o sempre.
Que o Senhor me salve das tentações e me salve de ser uma tentação para os outros. Que ele me livre do mal e que ele me livre de me tornar um mal para os outros.
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celeste”. Se vocês amarem os que amam vocês, que recompensa têm? Não fazem, os piores entre vocês, o mesmo? E se vocês saudarem, falarem com efusão somente com aqueles que são efusivos com vocês, que fazem de mais? Até aqui vocês não estão passando de pagãos. Não fazem os pagãos também o mesmo? Ora, meus irmãos – disse Jesus – se alguém busca perfeição, ela não tem nada a ver com perfeccionismo. A perfeição tem a ver, sobretudo, com a capacidade de não se deixar vencer do mal, mas vencer o mal com o bem. Perfeição não é se tornar impecável, perfeição é perdoar todo pecado. Perfeição não é a capacidade de não cometer equívocos, é a capacidade de admitir todos eles e de perdoar os de todos os outros. Perfeição não é perfeccionismo, é viver sob a graça de Deus todo dia, sabendo-se um ser acolhido por esse amor infinito de Deus; e que, por isso, retribui esse amor na horizontalidade, em todos os sentidos.
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A todos quantos o receberam, Deus deulhes o poder de serem feitos filhos de Deus. E os que o receberam recebem uns aos outros. Os que o receberam recebem até os que não nos recebem, abençoam os inimigos e oram pelos que os perseguem.
Busque se tornar filho do Pai celeste, carregar o caráter de Deus, o DNA de Deus, o gene de Deus. Aquele que ama provém de Deus, é nascido de Deus e conhece a Deus, porque Deus é amor.
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Mensagem ministrada em 08/04/2012 Estação do Caminho - DF
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