O Caminho da Graça
O princípio da Graça só opera na fraqueza Caio Fábio
Vamos ler 2a. Coríntios 12:1-10...
Corinto era uma cidade portuária – e o é, como ruína, até os dias de hoje; fica entre os mares Egeu e Adriático, com seu canal conectando ambos os mares, lá no istmo do Peloponeso. De modo que desde a antiguidade era um lugar de grande movimento de navios e de comércio. Portanto, havia muita novidade, muita gente chegando com coisas diferentes, inclusive com versões do tipo “novos moveres do evangelho”, lá na igreja de Corinto. De vez em quando chegava alguém com uma estranheza. Antes mesmo que muitos se tornassem cristãos já existia neles essa cultura de novidades do mundo inteiro: “o que está acontecendo? Conta pra mim”. De forma que aquela igreja ou comunidade da fé carregava esse tipo de interesse novelesco por coisas que viessem do mundo inteiro; e no caso específico dos irmãos, por novidades – assim chamadas –, e que frequentemente eram desvios da fé, pois o evangelho não tem nenhuma novidade. O Evangelho é
uma boa nova eterna e que se renova, mas não existe nenhuma novidade nele; depois que Jesus disse “está consumado”, está consumado. O Evangelho é uma boa nova que se aplica, que se reaplica, que se renova, que se refaz, porque é palavra viva de Deus para a existência da gente, mas se alguém trouxer um evangelho que seja aquém desse, disse Paulo, seja anátema; tanto quanto se pretender trazer um evangelho que seja além desse, seja anátema. Porque o Evangelho não muda. Ele é tão vivo que se aplica todo dia à nossa vida, mas não como novidade, e, sim, como palavra renovada de Deus para o nosso coração e para o nosso entendimento, mas ancorado nas mesmas bases imutáveis. Isto dito, vamos ver, no capítulo 12 de 2 a. Coríntios, Paulo chegar a um momento em que está concluindo sua sequência de insensatez. Ele já havia falado, no texto antecedente, o que ele não queria dizer: de como ele tinha se esforçado mais do que a maioria, pregado mais do que a maioria, apanhado mais do que a maioria, sofrido mais do que a maioria, se dado mais do que a maioria. E sempre dizendo: Me desculpem a insensatez, mas já que parece que vocês só entendem a linguagem quando a gente fala como um tresloucado, deixa eu ser um tresloucado para ver se, loucura com loucura, vocês me entendem. E aí ele chega a esse assunto, que para ele era algo muito íntimo, acerca do qual ele não falava com ninguém. Ele não chegava na cidade e dava testemunho do que vamos ler em seguida, ele não fazia disso
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Esta passagem é Paulo expressando o que ele chamou de sua insensatez, diante da igreja de Corinto, que não reconhecia com naturalidade a sua autoridade como apóstolo, nem como fundador daquela igreja, nem como aquele que se esforçara mais do que ninguém para mantê-la sadia no Evangelho. E qualquer que passasse por Corinto com uma novidade, os irmãos acabavam deixando de lado o Evangelho do Senhor Jesus, ensinado por Paulo, e embarcavam nas novidades que vinham de além mar.
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Se é necessário que me glorie, ainda que não convém, passarei às visões e revelações do Senhor. Conheço um homem em Cristo que, há catorze anos, foi arrebatado até ao terceiro céu (se no corpo ou fora do corpo, não sei, Deus o sabe) e sei que o tal homem (se no corpo ou fora do corpo, não sei, Deus o sabe) foi arrebatado ao paraíso e ouviu palavras inefáveis, as quais não é lícito ao homem referir. De tal coisa me gloriarei; não, porém, de mim mesmo, salvo nas minhas fraquezas. Pois, se eu vier a gloriar-me, não serei néscio, porque direi a verdade; mas abstenho-me para que ninguém se preocupe comigo mais do que em mim vê ou de mim ouve. E, para que não me ensoberbecesse com a grandeza das revelações, foime posto um espinho na carne, mensageiro de Satanás, para me esbofetear, a fim de que não me exalte. Por causa disto, três vezes pedi ao Senhor que o afastasse de mim. Então, ele me disse: A minha graça te basta, porque o poder se aperfeiçoa na fraqueza. De boa vontade, pois, mais me gloriarei nas fraquezas, para que sobre mim repouse o poder de Cristo. Pelo que sinto prazer nas fraquezas, nas injúrias, nas necessidades, nas perseguições, nas angústias, por amor de Cristo. Porque, quando sou fraco, então, é que sou forte. Conheço um homem em Cristo que, há catorze anos, foi arrebatado até ao terceiro céu. Paulo levou catorze anos para tornar pública essa história.
Talvez apenas as pessoas muito íntimas dele o soubessem, mas ele não teve nenhum espírito testemunheiro, pentecostalizado, para sair contando essa história. Muito pelo contrário, ficou calado, como tendo um segredo da alma, do espírito dele, na presença de Deus. E ele até que mantém a sobriedade, porque em vez de dizer: Olha, catorze anos atrás aconteceu isso comigo, ele ainda tem essa discrição, na insensatez, de dizer: “Conheço um homem em Cristo que, há catorze anos, foi arrebatado até ao terceiro céu”. Essa expressão “terceiro céu” é conforme a ideia de cosmologia espiritual prevalente na interpretação do povo judaico, a qual vinha desde o terceiro século antes de Cristo (que percebemos claramente pela leitura do livro de Enoque: o céu dividido em dez camadas de celestialidade, e na terceira camada, na terceira dimensão, ficava o paraíso). Paulo está se servindo dessa cosmologia que era corrente no meio de judeus tanto quanto de cristãos. Se no corpo ou fora do corpo, não sei, Deus o sabe. Se tinha sido um arrebatamento espaçotemporal não era importante, porque, na realidade, foi a percepção iniludível mais do que real, mais do que visão, mais do que sonho: uma projeção espiritual inequívoca e uma penetração interdimensional era o que tinha acontecido na experiência dele. De modo que a corporalidade da experiência não tinha significado, embora ele tivesse tido todas as expressões da sensorialidade, naquela invasão interdimensional. E sei que o tal homem (se no corpo ou fora do corpo, não sei, Deus o sabe) foi arrebatado ao paraíso e ouviu palavras inefáveis, as quais não é lícito ao homem referir. De tal coisa me gloriarei; não, porém, de mim mesmo, salvo nas minhas fraquezas. Ao lermos “de tal coisa me gloriarei” nós ficamos pensando
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propaganda e marketing, ele não anunciava isso como autoexaltação. Ele praticava a espiritualidade de Jesus: não saiba a tua direita as ações da tua esquerda, e vice-versa. De modo que ele chama de insensatez o que ele aqui vai declarar, porque a sabedoria mandaria que ele continuasse quieto e calado para sempre, eventualmente, no máximo tendo uma conversa com gente muito íntima, mas nunca uma declaração escrita, saída da sua própria boca, anunciando o que de tão sublime, divino e, para a interpretação de muitos, espetaculoso tinha acontecido com ele. Mas ele chega a esse nível, ao dizer:
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...mas abstenho-me para que ninguém se preocupe comigo mais do que em mim vê ou de mim ouve. Abstenhome de ficar falando disso, ou de me gloriar nisso, ou de contar essa história, para que ninguém se preocupe, ou pense, ou gere projeções hipertrofiadas a meu respeito. Ou seja: para que ninguém se preocupe comigo mais do que em mim vê ou de mim ouve, para que eu não seja totemizado, para que eu não seja engrandecido de maneira paganizada aos sentidos dos tolos. E, para que não me ensoberbecesse com a grandeza das revelações, foi-me posto um espinho na carne, mensageiro de Satanás, para me esbofetear, a fim de que não me exalte. E, para que eu, pessoalmente, não me ensoberbecesse com a grandeza das revelações que tive nessa travessia interdimensional, ouvindo palavras inefáveis, tendo discernimentos que estão para além dos códigos de explicação, vendo o que está para além do que seja imaginável ou visualizável, para que eu mesmo não me ensoberbecesse com a grandeza de tais coisas foi-me posto um espinho na carne – no corpo, no organismo, na alma, na mente, nas emoções, na dimensão da minha organicidade, tanto física quanto psíquica e mental. Algo que eu provo e experimento hoje, enquanto eu estou aqui diante de
vocês, e que me foi posto depois disso, como um espinho na carne, que não me dá conforto, que não me permite posições, que me faz andar com uma dor contínua; e que é um mensageiro de Satanás na minha existência, para me esbofetear, para me bater no rosto o tempo todo a fim de que não me exalte. E com isso ele diz que o risco que ele correria de se ensoberbecer – apesar de toda a consciência espiritual que ele adquirira – era indubitavelmente um grande risco, não fora esse espinho na carne, mensageiro de Satanás esbofeteando-o. Do contrário, Deus não permitiria tal coisa como terapia de saúde mental, espiritual e psicológica para a vida dele. Por causa disto, três vezes pedi ao Senhor que o afastasse de mim. Então, ele me disse: A minha graça te basta, porque o poder se aperfeiçoa na fraqueza. De boa vontade, pois, mais me gloriarei nas fraquezas, para que sobre mim repouse o poder de Cristo. Por causa desse espinho, desse mensageiro de Satanás, que me lembra quem eu sou, que me avisa da minha queda, que me esbofeteia para que eu me mantenha quebrantado, que me recorda com dor visceral a realidade da minha própria natureza de ser humano caído, pequeno, mesquinho, medíocre, que vive da graça de Deus; por causa disso três vezes pedi ao Senhor que afastasse da minha vida esse mensageiro do diabo, que tirasse da minha existência esse espinho permanentemente enfiado no meu ser, que me salvasse de estar sendo esbofeteado o tempo todo, que me livrasse desse desconforto doído. Sim, três vezes pedi ao Senhor que o afastasse de mim. Então, o Senhor me disse: Paulo, a minha graça te basta. Porque o poder genuíno de Deus vivido e experimentado na condição relativa de qualquer ser humano somente pode
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que ele vai se gloriar do fato de ter sido arrebatado ao paraíso. Mas ele diz: Não porém de mim mesmo nem dessa experiência que tive, mas nas minhas fraquezas. A minha glória em relação a isso reside nas fraquezas que me vieram por causa disso. Pois se eu vier a gloriar-me não serei néscio, porque aconteceu mesmo; estarei dizendo a verdade, não foi uma invenção, não foi um sonho forte, não foi a subjetividade de uma visão, foi alguma coisa muito mais forte do que andar acordado por aí.
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E aí Paulo diz: Por causa de tal grandeza de revelação eu fiquei tendo que apanhar na cara. Deus me enviou um mensageiro de Satanás para me lembrar a minha natureza, a minha condição, me acordando acerca de mim mesmo, e doendo de maneira
sistemática e visceral em mim, como um espinho cravado na minha mais profunda intimidade. E eu pedi ao Senhor três vezes que o tirasse de mim. Ele não pediu mil, nem duas mil, mas três vezes. Vejam a diferença entre uma pessoa imatura, que vive o tempo todo fazendo oração acerca da mesma coisa, e uma madura, que sabe que fala com Deus e Deus ouve. Ele disse que três vezes pediu ao Senhor. Pediu mesmo, até aos escaninhos da sua própria consciência ele levantou-se diante de Deus rogando que ficasse livre daquilo que o perturbava tanto. Até que o Senhor lhe disse: Paulo, a minha graça te basta. A minha graça te basta, porque o poder de Deus que está sobre ti existe na ambivalência da tua natureza e da tua situação e do teu estado. Porque se esse poder se derramasse sobre ti e tu não carregasses a experiência cotidiana da fraqueza e de seres lembrado da tua relatividade, tu surtarias e te endiabrarias. Porque na tua condição de ambivalência, Paulo, esse poder que tu provas, que tu experimentas só pode ser aperfeiçoado pela experiência lembrada, sentida e doída da tua própria fraqueza. De modo que aqui é Satanás como mensageiro de Deus, fazendo a obra de Deus, botando um espinho na carne de um homem de Deus; sem saber, salvando o homem de Deus da própria calamidade. Aí Paulo diz: De boa vontade eu aceito o espinho. Vejam como muda tudo: de boa vontade eu aceito o esbofeteamento. De boa vontade eu provo a minha condição de andar com esse espinho de incômodo o tempo todo, nesta compreensão que se manifesta com essa boa vontade que eu adquiri por esse discernimento (que, no fundo, é uma revelação mais profunda do que ter acesso interdimensional ao terceiro
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permanecer e se aperfeiçoar na condição da fraqueza. Não é possível provar a sublimidade do poder de Deus na condição da nossa relatividade humana, da nossa vaidade, da nossa tendência à soberba, à arrogância, ao autoengano, à autoexaltação, aos surtos de absolutização de áreas da nossa vida acerca da nossa própria compreensão, do nosso próprio entendimento, das nossas próprias revelações, daquilo que a gente ache que já alcançou e que não retroage mais. Mesmo em relação a virtudes e coisas positivas, mesmo naquilo que chamamos de virtude, o poder de Deus não pode se aperfeiçoar em nós, porque a nossa virtude vira desvirtude, a nossa revelação se desfigura, o nosso entendimento fica nublado, fica poluído, as nossas certezas se tornam arrogância, a nossa convicção se transforma em tirania, em despotismo, o nosso poder de realizar se transforma em imposição. De modo que até naquilo que nos seja favorável e bom, para que nós experimentemos permanentemente o poder de Deus na nossa vida nós temos de fazê-lo e prová-lo em fraqueza, por causa da natureza do nosso próprio ser absolutamente torto, que carrega na essencialidade o desvio, que não conhece a retidão em si mesmo – de forma que, como Paulo mesmo diz em Romanos 7, o querer o bem está em nós, e, frequentemente o não realizá-lo: quando a gente vê, às vezes na melhor das intenções já estamos nos tornando tortuosos, sem que sintamos, sem que percebamos, sem que nos enxerguemos.
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De boa vontade, pois, mais me gloriarei nas fraquezas, para que sobre mim repouse o poder de Cristo. Não é uma questão de atravessar dimensões, agora; é uma questão de se tornar um ninho da graça de Deus. Pelo que sinto prazer nas fraquezas, nas injúrias, nas necessidades, nas perseguições, nas angústias, por amor de Cristo. Pelo que sinto prazer – sem ser masoquista nem fetichista, dizendo: “Aleluia, meu espinho de estimação, vou preservá-lo com todo carinho, vou até estimulá-lo”. Sem nenhum estímulo a ele. Não precisava estimulá-lo, não precisava alimentá-lo, o espinho estava lá, cravado,
não necessitava de adulação nem precisava ser protegido. Ao contrário, tinha que se lutar contra ele, embora Paulo não conseguisse vencer aquela dor, que ele não descreve em momento algum qual seja, mas que estava instalada nele. E ele diz que agora se gloria mais nessa condição de fraqueza que faz a graça de Deus se tornar bastante nele e que cria um ninho e um cálice de carência todo dia, para que o poder de Deus se derrame sobre ele e o Espírito Santo repouse sobre ele. Gloriar-seá ele muito mais nisso do que em todas as revelações que tivesse tido, por ter entendido e por tal entendimento ter respondido com boa vontade à compreensão de que a nossa natureza caída não consegue lidar nem mesmo como o poder de Deus, nem com a sublimidade de Deus, nem com o melhor de Deus, nem com as revelações de Deus, nem com as viagens e os arrebatamentos, nem com as visões, nem com glória divina, sem surtar. De modo que para nos tornar sadios, aquele que nos arrebata é aquele que nos deixa ser esbofeteados. Aquele que nos leva ao terceiro céu é aquele que crava um espinho na nossa carne. Aquele que nos diz palavras inefáveis é aquele que envia um mensageiro de Satanás para nos lembrar a nossa própria condição. Do contrário, nós nos perdemos! Pelo que sinto prazer nas fraquezas – como eu disse, não é prazer para adulá-las nem para fetichizá-las, mas prazer na condição de um ser fraco lembrado da sua fraqueza. Quando lembrado da sua fraqueza ele manifestava boa vontade para com essa lembrança, por mais doída que fosse, porque era uma lembrança terapêutica, humanizadora, salvadora.
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céu e ouvir palavras inefáveis que não é lícito aos homens referir. Pois mais profundo do que isso é viver na terra as relatividades de carregar um espinho na carne, um mensageiro de Satanás esbofeteando-nos, lembrando-nos da nossa condição falível, e nós assumirmos isso em rendição a Deus, sabendo que isso faz parte da terapia de aprofundamento da graça de Deus em nós e de aperfeiçoamento do poder de Deus no tempo-espaço, na condição de criaturas falidas como nós). De boa vontade, pois, mais do que ter sido arrebatado ao terceiro céu, mais do que na viagem interdimensional, mais do que nas revelações incontáveis, indizíveis, indecifráveis, não decodificáveis, mais do que em tudo e de tudo, eu me gloriarei nas fraquezas; não no terceiro céu, mas na espinhela de Tambaqui enfiada na carne, na alma, que me faz lembrar que eu tombo, aqui. Mais me gloriarei em carregar essa condição, que me mantém humano carregando a sublimidade de Deus no meu peito, não permitindo que eu surte no sublime, lembrando-me, todos os dias, da minha própria relatividade e de como eu sou absolutamente passível de surtar.
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Pelo que sinto prazer nas necessidades; sinto prazer na impotência, de não poder ter tudo o que gostaria, de às vezes não ter nem tudo o que preciso, mas sinto prazer nos limites, nas fronteiras, nas barreiras, nos obstáculos; aprendi a ter boa vontade com aquilo que se diminui em relação a mim, e não interpretar isso como nada que me seja contrário, mas, em relação a minha própria natureza, como algo que me é positivo. Necessidade faz bem, cria ocasião, cria espaço para que o poder de Deus se aperfeiçoe na nossa fragilidade, na nossa carência, na nossa impotência. Pelo que sinto prazer nas perseguições, nos adversários; não os provoco, não os desejo, não quero imantá-los e chamá-los, mas se eles decorrem de que a minha vida anda naturalmente em piedade quebrantada em Cristo Jesus, e por alguma razão eles se façam adversários no meu caminho, se tornem satanazes da minha existência, sinto prazer em tais perseguições – perseguições que não sejam resultado da minha insensatez, da minha loucura, da minha provocação, da minha vaidade, da minha intromissão, do meu espaçamento enorme, mas, ao contrário, daquilo que venha por veneta, por loucura dos outros. Sinto prazer nas angústias. Não é assim: “Aleluia, estou tão deprimido, hoje, Senhor, aumenta a minha depressão, me dá uma
síndrome do pânico, me visita com a graça da bipolaridade emocional, afetiva”. Não. Esse homem aqui é estabilíssimo – para poder ter prazer nas angústias é preciso ser muito estável mentalmente. É a angústia natural de estar sendo perseguido, de não estar sendo entendido, de não estar sendo interpretado corretamente, de estar sendo, às vezes, maltratado. Mas em vez de ele se tornar um coitadinho, um autovitimado, ficar com pena de si mesmo, ele tem boa vontade para com isso tudo, porque ele entende que faz parte de uma terapia divina para curá-lo, para mantê-lo consciente de si mesmo, da sua própria humanidade; para tirar dele todo espírito de supernaturalidade e colocá-lo na condição de naturalidade, sabendo o que ocorre a um ser humano; lembrando a ele o tempo todo como a vida é, como a existência acontece e como dói existir. E faz bem nunca ficarmos livres da relatividade que nos lembra de tais coisas, sem que a tais relatividades nós nos entreguemos, dizendo: “ah, isso faz parte da condição humana, então deixa eu me entregar às desfigurações”. Não é isso que ele está falando; é uma luta, é uma luta, ele prossegue. E é bom viver sendo lembrado disso o tempo todo. E aí ele conclui: Porque, quando sou fraco, então, é que sou forte. Quando eu sou fraco. Quando eu sou fraco, então, é que sou forte. Nós temos três tipos de pessoas aqui entre nós e também entre os que nos assistem pela televisão, no mundo inteiro. O primeiro tipo não tem nada a ver com Paulo – tem a ver com o espinho, mas não tem nada a ver com terceiro céu, nem com revelação, nem com grandeza de percepção. Que tipo de pessoa é essa? São aquelas pessoas que precisam do espinho para serem salvas da sua percepção. Assim
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Pelo que sinto prazer nas injúrias – naquilo que vinha de fora, que o relativizava, que o interpretava mal, que solapava a sua reputação, que aos sentidos dos outros desfigurava quem ele era. Ele diz: Aprendi a me gloriar inclusive nas injúrias, naquilo que digam a meu respeito e que em relação a mim não tem equivalência; essa relatividade da minha reputação, da minha imagem faz parte da minha cura, do meu tratamento, do meu andar quebrantado.
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Eu já carreguei em mim a condição abençoada dos espinhos para salvação da minha vida; de todos os desconfortos horrorosos desses espinhos. Agora eu fico imaginando se eu continuasse vivendo do
jeito como vivia sem os desconfortos horrorosos que foram me acometendo e os espinhos que foram me atingindo – meu Deus, eu teria me tornado um Satanás de mim mesmo. Porque a bênção humana é o desconforto no pecado, a bênção humana é a culpa na transgressão, a bênção humana é a angústia na contradição, a bênção humana é a insônia diante daquilo que se torna contraditório na nossa existência. A bênção humana é o pesadelo, e não o sonho, quando a vida da gente vai pesadelizando a existência de outras pessoas. A bênção humana é provar desconfortos, quando a pessoa acha que pode ser a provedora dos seus próprios confortos, acha que pode ser o Deus de si mesma. A bênção humana é o espinho na hora em que a pessoa acha que vai ter um orgasmo de prazer. Do contrário, vai se tornar alguém tão voltado sobre si mesmo, tão cultuador de si mesmo, tão narcisista e confortavelmente narcisista na sua própria morte, que não há meios de salvação para a sua vida – nem para a minha, nem para a de ninguém. Agora olhe para você mesmo e responda: quem foi, aqui, que, se já encontrou a Cristo, se já encontrou o amor de Deus, se já encontrou o Evangelho, se já encontrou a graça, se já encontrou de verdade a experiência de Deus na própria vida, isso aconteceu porque estava como que no Caribe, se sentindo a rainha da praia, ou o tanquinho do pedaço, gostoso, sem dor nenhuma, com o bolso cheio de dinheiro, com aquela sensação de poderoso no peito, andando e olhando em volta, se gloriando em si mesmo, se achando mais do que Eros, mais do que Apolo, mais do que todo o panteão grego e, pronto, se converteu? Vocês já ouviram essa história por aí? Eu não vejo essa história desde o início da humanidade. Eu vejo é o indivíduo
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como o espinho nos salva da soberba da revelação, o espinho também nos acorda do nosso estado de perdição. Espinho é uma bênção. É por isso que lá no jardim do Éden, depois que Adão e Eva comeram do fruto da árvore do conhecimento do bem e do mal, uma das primeiras coisas que Deus trouxe como provisão para sobrevivência deles no planeta foi o surgimento de espinhos, de cardos e de abrolhos. Porque um homem caído, uma mulher caída, surtados, luciferianizados, com mania de conhecerem o bem e o mal, com surto de compreensão, de discernimento, e endiabradamente cegos pela sua própria soberba, vaidade que não permitia que eles se enxergassem enquanto eles mesmos carregavam culpas já inexplicáveis dentro de si mesmos, precisavam trabalhar, arar a terra, suar, dar à luz filhos que se geram com gozo, com prazer e com orgasmo mas são paridos com dor. E é preciso, enquanto se comem frutos, se ferir em espinhos e abrolhos, senão nós nos satanizamos para sempre, senão os confortos nos matam. São esses desconfortos, bem simbolizados no livro de Gênesis por espinhos, cardos e abrolhos, os elementos que nos salvam, no nosso cotidiano, daqueles estados de entorpecimento, de morte, de confortos mórbidos, de espírito de satisfação adormecida, de plenitudes falsas, de consciências que se não forem feridas morrem na sua própria insensibilidade. De modo que no caso de Paulo esse espinho o salvou da revelação, mas tem muita gente aqui que está sofrendo a bênção do espinho para salvação. Do contrário, meu irmão, você estaria liquidado.
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Se não fosse assim, meu irmão, você não andaria na direção da graça de Deus sob hipótese alguma, porque tudo em você milita contra o amor de Deus, contra a graça de Deus. É por isso que Satanás sem saber é servo, porque ele sai atropelando e
fazendo o mal, e está, toda hora, empurrando os indivíduos para o colo do amor de Deus. Porque sem tais desconfortos e entregues à nossa sensação de bem estar, todos nós seríamos conduzidos à perdição, como diz o Salmo. É isso que a palavra de Deus diz: a sua sensação de bem estar o conduz à perdição. Aí precisa vir a espinhada para que o indivíduo comece a se converter, comece a mudar, comece a se quebrantar, comece a se relativizar, comece a entender a si mesmo e a ser misericordioso com os outros, comece a depender de Deus, comece a depender dos outros, comece a ter certeza de que nada nele é constante, que ele precisa estar em estado eternamente mutante e dependente de Deus, o tempo todo. O segundo tipo de pessoas que temos aqui são aqueles que atingiram níveis de estabilidade, já não estão mais lá na bagaça, pelo espinho foram salvos da perdição e agora estão naquele estado de alegria com o que alcançaram, do tipo: “estou muito alegre com quem eu sou, com o que já aprendi, com o discernimento que tenho, com a minha compreensão da verdade, com como eu sei distinguir o precioso do vil, como Deus está me dando revelação dos meus enganos e dos meus autoenganos, como Deus me permite vislumbrar o coração do próximo; e também com o fato de que fiz umas viagens para dentro de mim mesmo e descobri sutilezas dentro de mim e as submeti a Deus – Aleluia, estou tão feliz com isso!”. É essa mediocridade contente, que nós chamamos de estabilidade espiritual e que é cheia de certezas, cheia de verdades, cheia de contentamentos burros; cheia de compreensões pela metade, que para nossa mediocridade parecem ser em plenitude; cheia de amores
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arranhando o poço: “me tira daqui...!”. Eu vejo é o cara dizendo: “Eu sou o rei da noite!” e, quando ele pensa que não, vem uma espada do lado de lá, que o atinge. Eu vejo é o sujeito cheio de dinheiro no bolso e, de repente, falindo; ou quando não vai à falência financeira, está cheio de dinheiro no bolso e a mulher o trai, diz adeus; ou, então, ele se sentindo o cara mais poderoso da Terra e, chegando em casa, encontra os filhos em estado de uma relatividade apodrecida que ele não suporta enxergar, e ele entra em pânico, começa a buscar ajuda. Ou, então, ele está se sentindo um vendedor de saúde e, aí, de repente, vai fazer um exame de rotina e descobre que existe nele um negócio alarmante. E multipliquem as relatividades. É só lembrar das próprias vidas de vocês, que eu não precisarei descrever o óbvio. Mas eu quero dizer o seguinte, para muita gente aqui: não fique zangado com o espinho que trouxe você até aqui. Da mesma forma tem gente me vendo na televisão a quem eu digo: não fique zangado com o espinho que fez você, enfim, parar para ouvir o Evangelho. Porque neste nível da existência, por sermos caídos, se nós somos salvos do surto da revelação pelo espinho, somos salvos da dormência da nossa perdição pelo espinho na carne. O indivíduo vai de espinhada em espinhada, de bofetada em bofetada, está lá Satanás dizendo: vou jantar esse cara vivo – atropelando você, dando joelhada na sua cara e cotovelada na barriga. E você corre, corre, corre e, quando vê, você está ali: ao pé da cruz.
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E esse é um estado desgraçado, minha gente. E nós somos salvos desse estado pelos espinhos na carne. Esse estado de conforto, conforme nós lemos acerca do rei Uzias, em 2a. Crônicas 26:15 e 16, onde se diz que ele entrou num estado de estabilidade, e nesse estado de estabilidade onde tudo estava dando certo para ele, ele fabricou em Jerusalém máquinas de invenção de homens peritos, destinadas para as torres e cantos das muralhas, para atirarem flechas e grandes pedras; e que se divulgou a sua fama até muito longe, porque foi maravilhosamente
ajudado, até que se tornou forte. Olha só: “até que se tornou forte, mas...”. Olha como se tornar forte é uma miséria para a nossa condição caída: “...Mas havendo-se já fortificado, exaltou-se o seu coração para a sua própria ruína, e cometeu transgressões contra o Senhor, seu Deus, porque entrou no templo do Senhor para queimar incenso no altar”. Ou seja, Uzias disse: Bom, eu não preciso mais nem dos sacerdotes do templo; eu estou tão abençoado que eu abençoo os sacerdotes, logo, eu sou o cara. E se danou. Esse é um estado desgraçado, horroroso. E eu diria que noventa por cento do pessoal aqui está nesse estado. Talvez eu esteja exagerando um pouco; quem me dera que noventa por cento estivesse nesse estado, para levar uma boa espinhela, mas pelo menos já teria saído daquele estado degradado – estaria nessa degradação da mediocridade, mas pelo menos é um nível acima. Mas ao menos setenta por cento aqui estão nesse estado: “estou lá no Caminho da Graça, me libertei da religião; Aleluia, que coisa boa não ser proibido de beber um copo de cerveja com os irmãos, já não faço mais parte dessa idiotice, já compreendi tanta coisa, discerni tantas neuroses em mim, tantas sensações culposas que eram mandamentos de homem, não tinham nada a ver com Deus; que maravilha, aquele site do Caio tem me ajudado tanto a me perceber!”. E eu só fico olhando, pensando: Meu Deus, quanto engano, quanto engano. Eu escrevo o site e não tenho essa pretensão; estou todo dia em um processo de autovasculhamento que não tem fim, dando razão a muito mais gente do que vocês pensam; dando razão a Deus e a outras consciências que não são a minha, para poder me manter minimamente num estado de relatividade saudável; tratando com boa vontade o que
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parciais, que nós pensamos que são plenos; cheia de piedades que camuflam e escondem vaidades tão profundas que nós sequer lá penetramos, jamais – são as humildades da soberba, são as confianças filhas da arrogância, são as nossas militâncias patrocinadas pela nossa vontade de afirmação, e não de entrega, não de doação, são as nossas missões propulsionadas pela nossa vontade de reconhecimento ou até de ocupação, mas que nós chamamos de vocação divina e damos glória a Deus por isso e não nos enxergamos. É a nossa capacidade de ter passado um ano, dois anos, três anos sem fazer nada muito errado, e aí a pessoa já se sente um santo: “faz três anos que eu não pulo a cerca, Aleluia!” – diz um homem. A mulher diz: “Ah, graças a Deus já faz cinco anos que eu consegui dominar a minha sogra, que ela me molesta e eu não respondo; entrei num estado de santidade!”. O que ela não sabe é a quantidade enorme de outras pessoas a quem ela molesta, sem perceber, para descarregar essa energia que ela gasta de autorrepressão em relação à sogra; mas não se enxerga, porque a sogra era o problema, e o resto é a solução – os outros são o resto.
O Caminho da Graça
Então, entendam que quando esse estado se estabelece dentro de nós só o que pode nos salvar é o espinho. Se a pessoa começa a achar que está sabendo, vai ter que ser sarada na espinhela. Vai ter que ter mensageiro de Satanás batendo na sua cara, vai ter que ter fraqueza na sua experiência do cotidiano, para se quebrantar. E se a admoestação da palavra do Espírito e dos irmãos não fizer bem a você, saiba: virão mensageiros de Satanás. Se você é amado de Deus, eles virão. Se você é um bastardo, então vai ficar por conta própria (mas não é o seu caso, pela graça de Deus).
Eu sei que tem gente aqui sentada em muito espinho, para todo lado está um desconforto. Tenha boa vontade com essa hora, com esse tempo. Enxergue-se com boa vontade, é tempo de se perceber, é tempo de se enxergar. A pior condição que pode nos acometer é aquela da impressão de saúde, porque os sãos não precisam de médico, e, sim, os doentes. É nesse estado de consciência de incompletude que nós vamos sendo completados; de consciência de inacababilidade que nós vamos sendo acabados. Cuidado com as confianças arrogantes. Cuidado com a fé que remove montes, porque às vezes ela remove montes, mas sem amor nada aproveitará. Cuidado com essa disposição de dizer: “eu estou tão entregue a Deus que estou até entregando meu corpo para ser queimado” – numa arrogância danada, sem amor, sem ternura, se entregando ao sacrifício por vaidade. São as santidades corrompidas, que precisam ser salvas pelo espinho, pela fraqueza, pela injúria, pela necessidade, pela consciência abençoada da nossa fragilidade, pela recuperação cotidiana da nossa humanidade, da nossa certeza diária de aperfeiçoamento, de necessidade de que Deus nos tanja, nos toque. E nós temos de ter boa vontade para com condições que nos lembrem a nossa relatividade, porque elas são a nossa salvação. E há o terceiro nível (no qual muito pouca gente aqui está). Não é preciso nem ter sido arrebatado ao terceiro céu, mas é o indivíduo ter tido algumas revelações especiais da graça de Deus e todo mundo começar a dizer: “meu Deus, de onde vem essa sabedoria, de onde vem essa revelação, de onde vem tanto entendimento, de onde vem tanto conhecimento, tanta ciência, de onde vem tanto poder, tanta persuasão?” que o indivíduo vai precisar de um mensageiro
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eu percebo de fragilidade, fraqueza, ambiguidade e ambivalência em mim, que são as coisas que me humanizam, que me fazem chorar, que me fazem depender, que me fazem necessitar; agradecendo a Deus quando não tem ou quase não tem, ou quando não dá, ou quando podia ser mas não é possível realizar. Porque são essas coisas que nos fazem não enlouquecer, que nos fazem não achar que apertamos botões e os céus se derramam na nossa presença, o que é malévolo para a nossa vida. Como diz o salmo 106: Deus “concedeu-lhes o que pediram, mas fez definhar-lhes a alma”. É quando nós ficamos pedindo, pedindo, pedindo, recebemos o que pedimos e não sabemos que o que pedimos é aquilo que nos mata. Então, não insista. Paulo diz que pediu três vezes e o Senhor lhe disse: “A minha graça te basta”. Ele não pediu nem a quarta nem a quinta vez. Ficou feliz: vou ter boa vontade com a terapia divina para a minha vida; no dia em que Deus quiser suspender isso ele suspende, eu vou andar na boa vontade da minha consciência, com o melhor de mim em Deus.
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No curso da minha vida, depois que eu conheci o Senhor, eu dou graças a Deus por todos os espinhos na minha carne, por todos os mensageiros de Satanás na minha vida. Alguns passaram, e vieram outros. Houve fases em que eles tiveram certa fisionomia, eram espinhos de certo tamanho, enfiados em certas localidades. Depois eles mudam de localização: às vezes saem da nossa cabeça e precisam entrar noutro lugar, às vezes precisam entrar no coração; às vezes saem do coração e precisam atravessar a sua genitália, às vezes saem da genitália e precisam atravessar suas emoções; às vezes saem das suas emoções e precisam ser uma coisa devastadora que arrebente a sua história inteira. Como é bom perder a reputação, quando se é por isso salvo do engano que poderia fazer com o que os outros vissem em nós além do que nós somos e de fato podemos apresentar! Hoje eu estava me lembrando dos espinhos mais marcantes na carne, que eu tive nos últimos trinta e oito anos de vida com Deus, e de como todos eles têm sido fundamentais para me consertarem no
caminho, para me acordarem. E quando você pensa que está livre de coisas, você fica livre de coisas somente para se lembrar que vai se encontrar com outras, e que vai precisar outra vez da fraqueza, da injúria, da necessidade, da carência, da relatividade, para que você se perceba, se enxergue, seja salvo; e para que o poder de Deus se aperfeiçoe na sua fraqueza, e para que você ande dizendo: A tua graça me basta, a tua graça me basta, a tua graça me basta, a tua graça me basta. Porque o poder de Deus se aperfeiçoa na fraqueza. De boa vontade me gloriarei nas minhas fraquezas, nas injúrias, nas perseguições, nas necessidades. Porque quando eu sou fraco, então é que sou forte. Então, se você hoje está aqui – ou me vendo na TV – provando o espinho que chegou como despertamento seu da acomodação à sua própria perdição e para salvar você daqueles confortos da perdição; e você entrou em depressão, você panicou, você faliu, você foi traído, você foi abandonado, abandonada, você experimentou a condição de um ser em estado de agonia, dê graças a Deus. Porque é por esse caminho que, na relatividade desse mundo caído, nós somos trazidos até aquele que tira o nosso espinho, porque ele mesmo levou sobre si a coroa dos espinhos de todos nós para que pelas suas pisaduras nós sejamos sarados hoje. Se você está aqui como aquele que achou que tinha alcançado um estado de equilíbrio, de tranquilidade, de compreensão e, de repente, começa a ver as coisas mudarem, não se apavore. Dê graças a Deus, tenha boa vontade. Porque em todo estado contínuo de pseudoentendimento, equilíbrio, estabilidade que nós possamos ter, se instalam em nós arrogâncias tão sutis que
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de Satanás, que bate nele e ele não sabe explicar por que razão. Então aprende: a vida bate sem sentido, pega essa, toma essa, é absurdo, mesmo. E ele diz: Meu Deus, isso é um absurdo! Como o absurdo é bom para salvar o sábio, que tem conhecimento, que discerne! Levar uma traída – aquele cara que discerne, discerne, discerne, de vez em quando precisa levar uma traída para, no susto, ele saber que não é aquele querubim que tem olhos para dentro, para fora, que vê todas as coisas, nem é aquele que tem olhos como chamas de fogo, mas que ele tem muitos pontos cegos e que precisa levar uma traída para ser salvo dessa presunção.
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parecem ser dadivosidades, vaidades tão imperceptíveis que parecem ser virtudes, sentimentos tão sutis que se disfarçam de missionaridade e são necessidade de afirmação. E aí os espinhos diversos, diferentes, que nos relativizam precisam aparecer, para o nosso próprio bem. E bem aventurado é aquele que os recebe com boa vontade e se enxerga. E se porventura você fez mergulhos em níveis profundos, não creia que você terá qualquer sobrenatural revelação que não
se faça acompanhar da mais natural condição de relatividade de um espinho na carne. Do contrário, seja Paulo, seja eu, seja você, todos nós surtamos. E bendito seja o Deus eterno, que nos mantém andando nesse estado de relatividade quebrantada, que é a nossa única possibilidade de saúde, com a nossa natureza caída, neste mundo caído; é aprendermos a viver contentes na graça de Deus.
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Mensagem ministrada em 25/03/2012 Estação do Caminho - DF
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