Junho de 2015 - Ano 1 - nº 4
TERCEIRIZAÇÃO Polêmico, o projeto de lei da Câmara pode transformar o mercado de trabalho. Veja o que muda para você, empresário e trabalhador, do Vale do Paraíba
O objetivo foi trazer parte d do orçamento que pode ser ccontrolado pelo Poder Executivo p para níveis próximos de 2013 e a acomodar nossas despesas Ministro Mi Minis inis Joaquim Levy, sobre ajustes fiscais
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PROFISSÃO BLOGUEIRO Como a arte de escrever texto para internet se tornou uma profissão que pode gerar (muito) dinheiro pág. 46
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Foto: Andre Tomino
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PHWU SROH PDJD]LQH Diretora Executiva Regina Laranjeira Baumann
EDITORIAL Editor-Chefe Fábio Figueira Edição e Revisão Kelma Jucá Diretora Comercial Fabiana Domingos
Influência na vida de empregado e empregador
Elaine Rodrigues João Pedro Teles Repórteres
Um empregado dirige-se ao empregador, pede para ser demitido e, diante da recusa, fica indignado porque, pensa, se fosse um mau empregado seria demitido e receberia 40% de multa do FGTS e seguro-desemprego, por seis meses. Em outra situação, um empregador, acreditando no incentivo financeiro como investimento no capital humano, oferece um bônus ao empregado e, como mesmo assim o negócio não prosperou, foi compelido a encerrar as atividades. O empregado exigiu pagamento de verbas rescisórias também sobre o bônus, o que lhe foi concedido pela justiça trabalhista. Esse pseudo favoritismo impede que milhares de trabalhadores recebam a benesse, pois o empresário tem certeza de que isto será futuramente usado contra ele. Distorções como estas causam um mau maior que a indignação do empregador ou o enriquecimento indevido do empregado. Causa revolta no setor, animosidade na relação, desestimula incentivos e o próprio empreendedorismo! Os ajustes na relação trabalhista devem manter incólumes os direitos conquistados depois de árdua luta operária, mas apenas poucos não reconhecem a necessidade de uma adequação à realidade de mercado, que impôs forte competitividade e exterminou o lucro fácil e abundante, para atrair novos negócios, beneficiando as duas partes dessa dupla imprescindível para o desenvolvimento econômico do país. Nesta edição, a Revista Metrópole Magazine incentiva o debate sob o olhar da RMVale para o que muda e o que pensam todos aqueles que vivenciam este conflito diariamente. Boa leitura.
Moisés Rosa Rodrigo Ribeiro Thiago Fadini
Diagramação e Arte Daniel Fernandes Colunista Elaine Santos
Ainara Manrique Carol Tomba Colaboradores Flávio Pereira Guilherme Cursino Marcelo Caltabiano
Arte Gabriel Gaia
Mídias Sociais Naiara Damásio
Departamento Maria José Souza Administrativo
Metrópole Magazine Avenida São João, 2.375 - Sala 2.010 Jardim das Colinas - São José dos Campos CEP 12242-000 PABX (12) 3204-3333 Email: metropolemagazine@meon.com.br
A revista Metrópole Magazine é um produto do Grupo Meon de Comunicação Tiragem: 15 mil exemplares Acesse: www.meon.com.br
Regina Laranjeira Baumann
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Acredito que consigamos antecipar este processo, que vai diminuir em muito os custos para os consumidores
Sumário
Rose Gaspar, sobre o fim do DDD pág. 14
Um novo mercado?
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Desde a primeira aprovação da PL 4330, muitos questionamentos surgiram em torno do tema “Terceirização”. A Metrópole Magazine foi atrás de especialistas no assunto para esmiuçar a você, leitor, todos os detalhes do polêmico projeto da Câmara
16 Novo diretor regional do Sebrae-SP, Rodrigo Matos do Carmo, faz uma análise do mercado e fala como enfrentar a crise econômica do momento
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Com novos adeptos a cada dia, videokês se tornam um lugar para relaxar, fazer novas amizades e até encontrar um amor
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Você sabia? Por mais de 40 anos, as planícies entre as serras e o mar de Caraguatatuba deram frutos ao rei George V da Inglaterra
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Espaço do Leitor Frases& Aconteceu& Cultura&
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Como a fusão nacional entre os partidos PSB e PPS está refletindo diretamente nos Legislativos da região, e como ela pode ser fundamental para as Eleições Municipais em 2016 Reciclagem ainda encontra obstáculos na Região Metropolitana e esbarra na falta de apoio tanto do poder público quanto da população que ainda não separa o lixo Medidas Provisórias aprovadas no Senado podem interferir diretamente no bolso do cidadão! Como será essa nova realidade? Rivalidade entre São José e Taubaté deixa o campo e vai para as quadras. Com elencos recheados de atletas da seleção de vôlei, embates em âmbitos estadual e nacional prometem fortes emoções
Blogueiros se profissionalizam cada dia mais e carreira vem crescendo, gerando bons salários. Mas o que é preciso para entrar neste seleto grupo?
Chef em Casa& Arquitetura& Social& Artigo&
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Espaço do Leitor EEdição 3 - Maio de 2015 SSÃO JOSÉ DOS CAMPOS
QR CODE Para dar mais dinamismo e interatividade entre Metrópole Magazine e Portal Meon, esta edição possui uma série de QR Code em que, por meio do celular, você, leitor, é direcionado para o Meon, seja para uma versão online ou o complemento das reportagens. O QR Code é um código de barras em 2D que é escaneado pela câmera fotográfica dos aparelhos celulares. Para que esse código possa ser lido é necessário que o usuário baixe um software de leitura.
Esses aplicativos podem ser baixados gratuitamente. No iPhone, basta acessar a App Store e buscar pelo aplicativo Qrafter. No sistema Android, o software QR Droid está disponível no Android Market. A leitura de um QR Code é rápida e simples. Depois de instalado o aplicativo, posicione a câmera digital sobre o código para que ele seja escaneado. A partir daí, o aplicativo irá redirecioná-lo imediatamente para o link que está no código.•
Um grande trabalho Sempre recebo as edições da Metrópole Magazine em casa e acompanho um crescimento a cada edição. Todas as reportagens trazem muito conteúdo e de uma maneira fácil de se entender, principalmente com temas políticos, ou como na reportagem “Uma luz para o lixo” que mostra que todos têm papel importante para um futuro melhor. Parabéns! Daniel Santini
Elogio Não me recordo a última vez que me surpreendi com uma revista. Fantástica! Sou um homem comum, 36 anos, casado, pai de um lindo filho de 2 anos e 4 meses, ex-militar e piloto de helicóptero. Parabéns a toda equipe pela colheita do trabalho realizado! Uma revista simples, porém, eficaz, clara e objetiva. Com essência, assuntos, reportagens atuais e construtivas, aliás, o que precisamos e muito para um mundo justo e melhor! Luís Roberto Moreira de Moraes
facebook.com/portalmeon
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metropolemagazine@meon.com.br
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Carta&
Desenvolvimento não é opção!
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rimeiramente, quero falar da satisfação que é morar em uma cidade como São José dos Campos. Local que quando apresentamos para outros municípios, falamos com muito orgulho. A questão de sediar um complexo, como o WTC, traz a possibilidade de transformar a nossa São José em um ponto destacado no mapa mundial. Em outras palavras, internacionaliza nossa cidade e, consequentemente, nossa região metropolitana do Vale do Paraíba. Esse impacto tem gerado uma certa polêmica sobre os efeitos colaterais deste projeto. Até o momento, não vislumbro argumentos suficientes para ser contra a sua instalação. O planejamento do projeto em especial visa manter uma qualidade de vida urbana, como densidade, mobilidade, e uma harmonia que, sem diminuir os dilemas de uma grande cidade, evidencia mudanças e transformações positivas em grande escala. Estamos vivendo um momento em que a indústria vem desacelerando sua participação na economia brasileira. Isso afeta diretamente nossa cidade, uma vez que somos um polo industrial de relevância. Ter neste momento um complexo desta magnitude, ofertando para a economia da nossa cidade um forte gerador de renda na área de serviços, é um contraponto necessário e fundamental para mantermos orgulho de nossos indicadores econômicos. Os empregos, até então ligados
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majoritariamente às funções industriais, já começam a ter uma importante migração para a área de serviços. Esta reorganização econômica não é apenas uma opção, de querer ou não. Trata-se de uma garantia para as futuras gerações, que apostam no desenvolvimento local. O que seria de São José dos Campos sem a Embraer, como fonte de inovação, além de ser uma das principais geradoras de receita para a cidade? Muitos no passado foram contra a sua criação, de forma que, por sorte, e pela coerência dos argumentos de quem à época estava à frente, conseguiu-se avançar e concretizar o projeto. Hoje, sabemos o quão importante foi esta persistência. Os World Trade Centers representam a maior rede mundial de negócios, em 330 cidades, em mais de 100 países. Será que nossa economia vai tão bem que podemos abrir mão deste projeto? Morar em uma cidade sustentável significa, entre outras questões, ter esperança, emprego, mobilidade etc., permitindo que por meio de sábias decisões possamos abraçar as oportunidades que batem a nossa porta, de forma a incentivar que outras iniciativas positivas venham também em nossa direção. A mensagem que deixo é simples: vamos juntos transformar nossa cidade em um polo de desenvolvimento, para que possamos fazer o que fizeram por nós no passado e que nos permitiu morar em uma cidade cheia de pontos positivos. Que venha o WTC!
Kiko Sawaya é administrador especialista em gestão pública. Foi um dos idealizadores e apoiadores do projeto São José 2030 e ocupou o cargo de secretário de Desenvolvimento Social em São José dos Campos
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Frases& Além de termos sido muito bem recebidos na China, pudemos conferir o potencial da Chery e de seus fornecedores e o interesse em investir ainda mais em Jacareí, o que pode ser avalizado o com a assinatura do acordo em Brasília. Hamilton Ribeiro Mota, prefeito de Jacareí, sobre o investimento de R$ 700 milhões do governo chinês para a construção de um polo tecnológico na cidade
A administração local é que está próxima do problema. Claro que é necessária a ajuda de todas as esferas, estadual e federal, mas o controle é muito mais fácil de ser feito pela administração local. O Estado e o governo federal estão longe do problema. A responsabilidade no controle é da prefeitura.
Acho importantíssimo dar uma identidade ao terror nacional e provar que o país é capaz de produzir ótimos filmes do gênero. Jeferson De, cineasta de Taubaté, sobre o lançamento de seu filme “O amuleto”, que traz no elenco Maria Fernanda Cândido e Bruna Linzmeyer
Hélio Nishimoto, deputado estadual, sobre a situação da dengue em Sã São José dos Campos
Durante os dias em que estive em Roma, não consegui me aproximar do papa. Não esperava chegar tão perto e até agora parece inacreditável. Pedi que ele nos abençoasse e se lembrasse de nossas vocacionadas. Irmã Lidiane Eufrásio, de São José dos Campos, durante encontro com o Papa Francisco em Roma
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Eles fizeram uma boa gestão técnica. Em termos de resultado, não temos o que reclamar. Mas eles pegaram uma conjuntura bem difícil em termos de patrocinadores. Acho que faltou um pouco de insistência por parte nossa e da própria OS nessa tentativa.
José Luís Nunes, secretário de Esportes de São José dos Campos sobre o fim da parceria entre a OS São José Desportivo com a equipe de basquete da cidade
A ferramenta nos dará informações sobre quais produtores temos e onde eles estão. Desta forma, podemos mapear a produção de cultura em São José. Esses dados são importantes para relatórios futuros e implantação de novas políticas públicas na cidade. Alcemir Palma, presidente da Fundação Cultural Cassiano Ricardo, sobre a plataforma digital ‘Lugares da Cultura’ que vai mapear ações culturais em São José
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Aconteceu&
TAM inicia a venda de passagens para os voos entre São José dos Campos e Brasília voos de segunda a sábado, com horário programado de saída para 6h22. De acordo com a assessoria de imprensa da TAM, o voo em São José está no plano da companhia de ampliar a conectividade e a rapidez nos deslocamentos dos passageiros. O aeroporto joseense estava sem operações de companhias aéreas desde 20 de dezembro, quando a empresa Azul anunciou a finalização das atividades na cidade. A Azul Linhas Aéreas, única companhia
Flavio Pereira/Arquivo/Meon
A TAM Linhas Aéreas iniciou, no dia 11 de maio, a venda de passagens para o voo entre São José dos Campos e Brasília. O primeiro voo está programado, segundo a companhia aérea, para 13 de julho com a utilização da aeronave Airbus A319. As passagens têm valor a partir de R$ 139. A ponte aérea entre o aeroporto joseense Professor Urbano Ernesto Stumpf e o de Brasília (Pres. Juscelino Kubitschek) terá
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que operava no aeroporto, encerrou suas atividades em São José alegando o baixo movimento apresentado no terminal, tornando as operações economicamente inviáveis. A Infraero investiu R$ 16,68 milhões na modernização do terminal do aeroporto de São José e a capacidade de atendimento passou de 200 mil para 500 mil passageiros ao ano, com a possibilidade de atender até três voos simultâneos.
TCE julga irregular contrato feito pela prefeitura em 2008 O TCE-SP (Tribunal de Contas do Estado de São Paulo) julgou irregular o contrato emergencial feito entre a Prefeitura de São José dos Campos e a SHA Comércio de Alimentos Ltda, em maio de 2008, no valor de R$ 7 milhões. Na decisão, o ex-prefeito de São José à época, Eduardo Cury (PSDB), e a ex-secretária de Educação, Maria América de Almeida Teixeira, foram condenados a pagar R$ 3.400 pela contratação. O presidente do PSDB em São José dos Campos, Anderson Farias Ferreira, disse que o contrato foi realizado de acordo com a Lei de Licitações, preservando o interesse público. A decisão cabe recurso.
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Freiras de São José vivem duplo desafio: cuidar e sobreviver na África
TJ barra condomínio de luxo do ministro Afif, em São Sebastião
O dia 16 de maio foi, literalmente, de congelar, principalmente em Campos do Jordão, que na data registrou a menor temperatura do ano no Brasil. De acordo com a estação meteorológica do Inmet (Instituto Nacional de Meteorologia), a temperatura registrada foi de 4,4ºC. O tempo mais frio ocorreu devido a chegada de uma frente fria de ares polares, na região sudeste do país. O frio aliado a grandes eventos, levou muita gente a
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Campos do Jordão na data. Segundo o Sinhores (Sindicato dos Hotéis, Restaurantes, Bares e Similares), não foi só o frio que bateu recordes na cidade, o movimento de visitantes nas ruas foi o maior do ano, até o momento, com 45 mil turistas. O outono gelado anima comerciantes e empresários do setor de turismo, gastronomia e hotelaria de Campos, que esperam uma grande temporada de inverno em 2015.
Latrocínios sobem e região continua a mais violenta do interior de São Paulo A Região Metropolitana do Vale do Paraíba e Litoral Norte continua como a mais violenta do interior do Estado de São Paulo. Os dados são da Secretaria de Segurança Pública do Estado. Os indicadores de violência e criminalidade como homicídio doloso -quando há intenção de matar- e latrocínio continuam altos. Nos primeiros quatro meses de 2015, foram 10 casos de latrocínios registrados na região, quatro a mais que o mesmo período de 2014. Em abril, por exemplo, a região registrou 39 homicídios, mas, em outras regiões do interior, os casos não chegam a 30, como Campinas que somou 26 homicídios e Ribeirão Preto que não ultrapassou 16 casos.
Flavio Pereira/Arquivo/Meon
Campos do Jordão registra menor temperatura do país em 2015
Divulgação/Polícia Militar
Divulgação/PMMI
Quatro mulheres e uma missão: ajudar um povo esquecido na África. Com esse objetivo, as Pequenas Missionárias de Maria Imaculada deixaram São José dos Campos há quatro anos rumo a Dombe, em Moçambique. Quando desembarcaram na savana, as irmãs da Congregação -fundada em São José- se uniram a outros missionários do Vale do Paraíba que já trabalham na cidade. As freiras prestam serviços humanitários e espirituais, e realizam cerca de 80 atendimentos por dia, entre consultas de enfermagem, curativos, medicação, acompanhamento de crianças desnutridas, partos, entre outros. Fora do ambulatório, elas catequizam as crianças.
Divulgação/Agência Brasil
O Tribunal de Justiça de São Paulo barrou a construção de um condomínio de luxo, em São Sebastião, que pertence ao ministro da Secretaria da Micro e Pequena Empresa, Guilherme Afif Domingos (PSD). O desembargador Dimas Rubens Fonseca, que havia pedido ‘vistas’ para analisar o processo, deu voto contrário para a construção do condomínio. O local é considerado um dos mais caros do Litoral Norte de São Paulo. Em 2013, as obras foram embargadas pela Justiça, o que obrigou, na época, o atual ministro a realizar a demolição das construções erguidas. Na área, o ministro pretende construir um condomínio de luxo, com 50 unidades, para serem comercializados a valores entre 5 e 6 milhões de reais. A defesa entrou com recurso.
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NOTÍCIAS REGIÃO
O FIM DO DDD D A cobrança de tarifa interurbana nas ligações entre as cidades do Vale do Paraíba e Litoral Norte pode estar com os dias contados
Moisés Rosa SÃO JOSÉ DOS CAMPOS O uso do interurbano para as ligações entre as 39 cidades da Região Metropolitana do Vale do Paraíba e Litoral Norte pode estar com os dias contados. Com a criação da Região Metropolitana no Vale, a utilização do DDD para as ligações poderá ser aposentada e os moradores da região vão deixar de pagar a tarifa sobre as ligações. A promessa sobre o fim da tarifa vem sendo discutida desde a criação da região metropolitana em 2012. O Conselho de Desenvolvimento da Região Metropolitana, presidido pelo
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prefeito de Ilhabela Toninho Colucci (PPS), já se movimenta para cobrar do Governo Federal agilidade na revisão dos contratos de concessão sobre as localidades beneficiadas com o regulamento sobre as áreas locais. Na região, o morador que faz uma ligação é obrigado a colocar o DDD 12 para as chamadas. Por exemplo, um morador de São José paga R$ 0,20 por minuto na ligação para Taubaté. Com o fim do DDD, o morador pagará R$ 0,07.
sendo pleiteada por representantes da RMVale −, a Anatel (Agência Nacional de Telecomunicações) considera a área do município e o conjunto dos municípios baseada na resolução nº 560/2011, que leva em conta as regiões metropolitanas criadas até 21/12/2009. Com a aprovação da área, o custo da ligação passa a ser de chamadas telefônicas locais entre as cidades da mesma região metropolitana ou da região que tenha a continuidade geográfica e o mesmo código de área (DDD).
Áreas Em São Paulo, as regiões metropolitanas da Baixada Santista e de Campinas já foram incluídas na revisão. Para classificação e isenção − que está
Cobrança De acordo com Toninho Colucci, presidente do Conselho da região, a regulamentação e a revisão dos contratos
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cidades na região que se destacam pelo seu potencial, e com a facilidade nas ligações será ainda melhor para estimular o comércio”, afirma. Uma comissão formada por representantes das regiões metropolitanas do Vale do Paraíba, Sorocaba e Jundiaí deverá ampliar a ‘cobrança’ junto ao governo. “Representantes de diversas regiões devem compor a reunião para também cobrar da Anatel o fim da tarifa”, completa. Para a vereadora Rose Gaspar (PT), de Jacareí, que faz parte da Frente de Vereadores da região, a antecipação da isenção não enfrentará impedimentos no Ministério das Telecomunicações. “Um dos itens que acaba com a cobrança é a criação da Região Metropolitana e, agora, os conselheiros da Anatel precisam dar aval para a certificação do fim do DDD. Encaminhamos requerimento ao ministro Ricardo Berzoini para agilizar este processo e estamos esperando o agendamento de uma audiência com o ministro para debatermos sobre a cobrança. Acre-
Toninho Colucci já iniciou a cobrança da isenção do DDD junto à Anatel
Divulgação/CMJ
sobre as novas regiões deve ser realizada até o início de 2016. Para pressionar o governo federal, o Conselho protocolou pedido para isentar a região das tarifas interurbanas junto à Anatel. O pedido ainda deve ser analisado, mas Colucci deverá se encontrar com representantes da Agência para cobrar sobre o assunto. “Protocolamos o pedido na Anatel para que a nossa região seja isenta da cobrança o mais rápido. A isenção vai colaborar para o desenvolvimento do Vale do Paraíba e Litoral Norte, integrando as cidades e facilitando as formas de contato”, diz Toninho Colucci. O presidente do Conselho destaca que, em junho, estará em Brasília para verificar o andamento do processo de revisão. Com a isenção da tarifa, os 2,4 milhões de moradores do Vale do Paraíba e Litoral serão beneficiados. A expectativa é de que a Anatel abra consulta pública para a isenção nos próximos meses. Para ele, o ganho com a redução da cobrança será impactado diretamente no comércio. “Temos importantes
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Rose Gasgar acredita que a isenção não enfrentará impedimentos no Ministério das Telecomunicações
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dito que consigamos antecipar este processo, que vai diminuir em muito os custos para os consumidores”, diz Rose Gaspar.
O fim À Metrópole Magazine, a Anatel informou que a inclusão de novas regiões metropolitanas ocorrerá sempre com a revisão dos contratos de concessão. A Agência destaca que o atual contrato está em vigor desde janeiro de 2011 até dezembro de 2015 e que, a partir de janeiro de 2016, passam a vigorar novas regras que brevemente começarão a ser discutidas. A Agência ainda acrescenta que a avaliação do regulamento de áreas locais para a inclusão de novas regiões deverá ser realizada a partir deste momento da discussão. A Anatel não informou uma data de quando deverá começar a debater o assunto.•
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16 ENTREVISTA
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É HORA DE INOVAÇÃO Novo diretor regio regional do Sebrae-SP faz uma análise d do mercado para o micro e pequen pequeno empresário na RMVale e fala com como enfrentar a crise neste momento eeconômico no país
Rodrigo Matos do Carmo acredita no empreendorismo da região e diz: “Aqui, onde você dá uma enxadada sai minhoca”
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Elaine Rodrigues SÃO JOSÉ DOS CAMPOS
“A crise econômica que o Brasil atravessa ainda vai durar dois anos. É hora de apertar o cinto, queimar gorduras e inovar”. Este é o conselho de Rodrigo Matos do Carmo, o novo diretor da regional do Sebrae-SP. Gerente pelo Sebrae há 11 anos, Carmo traz a experiência de outras regionais, como Ribeirão Preto, São João da Boa Vista e Barretos. Ele assume a regional que coordena grande parte do Vale do Paraíba e Litoral Norte com um desafio: ajudar os pequenos empresários a atravessar a crise. Em entrevista à Metrópole Magazine, o executivo fala sobre o momento em que o Sebrae vive, sobre os novos projetos para profissionalizar e alavancar ainda mais o mercado e dá dicas para os empreendedores que terão um longo ‘inverno’ pela frente. Assumir São José é um desafio? São José dos Campos é considerada uma grande regional para o Sebrae. A gente classifica por identidade empresarial, então, está ao lado de Campinas, Ribeirão Preto e São José do Rio Preto, como uma das mais importantes do interior do estado. O destaque desta regional é a indústria e a tecnologia, mas também tem uma característica bem interessante, por atender ao Litoral Norte (turismo). Ao mesmo tempo, em algumas cidades, tem a questão da agricultura familiar, o comércio e os serviços, também fortes, por acompanhar a indústria em todo o Vale. O que muda no plano de ação do Sebrae na RMVale em sua gestão? Aqui temos um bom campo para trabalhar. A minha proposta é organizar projetos para os quatro setores daqui: tecnologia e indústria de transformação, serviços (turismo), comércio
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e agricultura e trazer o que o Sebrae tem de melhor na rede. Queremos ter um plano de ação de longo prazo, trazendo mais rodadas de negócios, colocando o pequeno empresário em contato com o grande, preparando este empresário na parte de gestão e tecnologia. O Sebrae não fazia esses projetos a longo prazo, não era o hábito, fazíamos apenas a orientação pontual. Dentro destes projetos há uma série de ações. Vamos começar a captar as empresas agora em junho, será uma imensa incubadora aberta. Poderia citar algumas ações? Agora com esses projetos, com os clusters, temos um trabalho com um horizonte de dois anos acompanhando o empresário. Para isso, o Sebrae contratou o Senai e está contratando o Senac para ensinar as técnicas necessárias aos empresários. Outro projeto é uma parceria com o CNPq, para a contratação de pesquisadores, que vão atuar nas empresas fazendo um diagnóstico completo para as empresas. Entre outros, também teremos a instalação de ponto de atendimento tecnológico, um novo espaço dentro do parque tecnológico em São José. Como enfrentar a crise e ainda melhorar os negócios? A saída é apostar em pesquisa e desenvolvimento. Onde se gera inovação, se gera negócio. Essa característica tecnológica de São José a torna um lugar promissor, e destaca a região dentro do estado. Aqui tem universidade, incubadoras, pesquisa. Agora temos que fortalecer o que já existe. Temos que chamá-los para perto e saber o que pode melhorar. É banco? É investimento? Vamos chamar e fazer o link. Precisa de mais atuação da universidade para melhorar a pesquisa de novos produtos? Então, vamos fazer. Isso beneficia todos. Temos que investir aqui, porque o Vale transpira
inovação. Aqui, onde você dá uma enxadada sai minhoca (risos). O que tem que mudar? A RMVale possui uma logística que favorece. Rodovia, portos, aeroportos, as cidades são perto uma das outras. Você chega muito rápido de uma à outra. Contudo, a região tem de começar a interagir mais, e agir no macro como região. Tem a RMVale instituída e agora com a criação da agência [Agemvale] é preciso pensar nas grandes linhas de atuação. Qual a projeção para os próximos meses, até onde a crise vai? A projeção é realmente de economia em retração, não só para esse ano, mas para os próximos dois anos. E essa informação a gente já tinha há um ano atrás. Não é surpresa. Acho que independente de situação política partidária, o mundo já estava passando por um processo de recessão e isso em algum momento ia chegar no Brasil, ou mais forte ou menos forte. Principalmente em alguns segmentos como alimentação fora do lar, turismo e hospedagem... O consumo vai diminuir, mas não vai acabar. Agora tem outro ponto: esse é um tempo em que o empresário realiza algumas escolhas e tem sua empresa nas ‘mãos’, nos controles. Não pode ter gorduras, como ociosidade na empresa. No caso da indústria, é um momento de você ter um plano financeiro bem claro, bem na sua mão. Saber quanto de lucro eu tenho ou quero ter e qual é o meu ponto de equilíbrio financeiro. Inovar é o caminho? Por que eu falo tanto em inovação? Porque quando você lança um produto novo que só você tem, você dita a regra do jogo no mercado. O consumidor está na sua mão e é nesse período que você ganha dinheiro, porque só você tem aquele produto, você não tem concorrente e navega num oceano azul. Por isso, a inovação é um bom negócio neste momento de crise.•
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NOTÍCIAS POLÍTICA
Fusão entre partidos:
PPS e PSB O surgimento de uma nova sigla partidária já provoca reflexos nos bastidores da política regional; entenda como está a movimentação para a próxima eleição municipal
Moisés Rosa SÃO JOSÉ DOS CAMPOS
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Para Walter Hayashi, a nova legenda irá fortalecer a política de São José dos Campos
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ovos cenários políticos devem ser formados nos próximos meses no Vale do Paraíba. O anúncio da fusão entre PPS (Partido Popular Socialista) e PSB (Partido Socialista Brasileiro) está movimentando os bastidores dos Legislativos. Em São José dos Campos e Taubaté, represen-
tantes das legendas divergem sobre a fusão dos partidos, que deve ser concretizada até o final deste ano. A intenção é formatar o novo partido para disputar as próximas eleições municipais de 2016. De acordo com a cúpula do novo partido, o pacto das legendas está sendo configurado para dar respostas à ansiedade da população, que cobra medidas mais efetivas e posturas mais firmes dos políticos. Entretanto, as atuais composições e apoios nas Câmaras estão deixando os parlamentares em ‘saia-justa’. A discussão sobre a união promete esquentar o cenário político na região.
São José No Legislativo joseense, por exemplo, o PPS apoia o governo municipal, sendo representado pelo vereador Robertinho da Padaria. Do lado oposto, está o vereador do PSB, Walter Hayashi. Robertinho afirma que é preciso analisar profundamente como será a mudança e se o partido não vai perder ‘identidade’. “Não tenho nada contra a formatação do
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Robertinho da Padaria deve repensar sobre sua permanência no partido
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novo partido, mas é preciso avaliar a identidade. O PPS possui uma história e não se pode perder toda essa trajetória conquistada, com muita luta e força de vontade”, diz. O apoio ao governo Carlinhos Almeida (PT), em São José, deve influenciar na decisão de Robertinho. “Fica uma situação meio chata. Estou apoiando o atual governo e, se for necessário, vamos pensar se continuamos no partido”, afirma. Na avaliação do vereador Walter Hayashi, a fusão será importante para a política da cidade. Ele diz que a legenda será fortalecida com as histórias e as experiências dos representantes das legendas. “Cada cidade tem a sua composição e a fusão será importante para a nova legenda, fortalecendo a política de São José”. Hayashi destaca que a futura composição será ‘costurada’ entre as lideranças. “Iremos colocar a nossa atual situação. Política é composição e vamos participar desta formação”, completa.
Já nos bastidores da Câmara de Taubaté, o consenso sobre a união ainda não teve acordo. A vereadora da base aliada do prefeito Ortiz Junior (PSDB), Maria das Graças (PSB), é contrária à criação da legenda. A possível candidatura da vereadora Pollyana Gama (PPS) para a prefeitura também gera desacordo. Para Maria das Graças, a aprovação ao novo partido na fusão entre PPS e PSB está descartada. O marido de Maria das Graças é o vice-prefeito Edson Aparecido de Oliveira, que apóia o atual governo tucano. “Eu não concordo com esta fusão. Estou totalmente em desacordo. Considerando que sou da base do prefeito e a futura candidatura de Pollyana, não vou apoiar essa nova legenda”, destaca. A parlamentar afirma ainda que
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Pollyana Gama pode ser candidata à prefeita pela nova legenda em Taubaté
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Taubaté
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pretende continuar a apoiar Ortiz Junior. “Eu sou da base aliada, meu marido também é da base aliada e iremos continuar o apoio a Ortiz Junior”, conclui. De outro lado, Pollyana Gama afirma que o PPS de Taubaté apresenta uma política independente e a fusão deve fortalecer ainda mais as legendas. “Devido ao histórico dos partidos, a união representa que o PPS e o PSB devem ficar ainda mais fortalecidos. Em nosso caso, o PSB é a base do governo e o PPS é independente. Vamos pensar para a sociedade”. Sobre a atual situação, Pollyana diz que pretende dialogar. “Somos independentes e favoráveis ao diálogo. Queremos construir um grupo com pessoas que possam colaborar para o desenvolvimento de Taubaté”, completa.
Regional O coordenador regional da nova legenda na região, o deputado estadual Davi Zaia (PPS), avalia que a formação do partido será uma nova alternativa na
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política brasileira. Entretanto, Zaia falou à Metrópole Magazine que as formatações regionais serão alinhadas somente após a homologação da legenda. “A junção das legendas é extremamente positiva para a política, é uma reposta aos brasileiros que cobravam mudanças. As tradições dos partidos serão mantidas e um novo estatuto será montado, abrindo novas opções para a política”, analisa Zaia. A previsão da cúpula do novo partido é de que o nome seja definido ainda neste primeiro semestre. “Em junho, iremos reunir as lideranças de ambos os partidos em uma convenção nacional e discutir sobre a criação da legenda. A possibilidade é que o partido se chame PSB 40, até por conta do último cenário nacional, que viabilizou o partido e destacou as suas tradições”, explica. A expectativa, segundo o coordenador, é projetar candidatos à prefeitura nas principais cidades da região. O objetivo da cúpula é montar as chapas em cidades que tenham mais de 200 mil habitantes.
A consultora política Gil Castilho, presidente da Associação Latino-Americana de Consultores Políticos, analisa o momento como atípico e chama atenção para a os ‘sustos’ que os políticos estão tomando após as pressões populares. “Os partidos estão tendo que se organizar para que tenham novas ideias. Os políticos tomaram sustos após a cobrança da população e agora estão pensando nas mudanças”, pondera. Na opinião da consultora, a atual política está em ‘xeque’. “Este é o momento em que a política é questionada e a aglutinação das legendas deverá ser ampliada nos próximos anos. Vejo como positiva a nova formação, pois os políticos terão que fortalecer os partidos com a participação popular”, diz a consultora. Os possíveis atritos entre os políticos também é explicado por Gil Castilho, que classifica a situação como ‘confusão ideológica’. “Este primeiro momento será de acomodação e sempre há o peso pessoal, onde os políticos poderão até migrar para outros partidos. Haverá uma confusão ideológica, o que já acontece a nível federal, estadual e municipal, com as composições políticas”, conclui.•
Davi Zaia é o coordenador regional do PSB 40
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Maria das Graças é contra a criação da nova legenda
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Análise
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PODE COMPARAR, NENHUMA OUTRA RÁDIO TOCA TANTA MÚSICA COMO A ANTENA 1.
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NOTÍCIAS REGIÃO
Garimpos Urbanos A reciclagem encontra obstáculos na Região Metropolitana do Vale do Paraíba, desafios que esbarram em cavas de areia, extração de madeira, no preço do petróleo, na boa vontade política e na má vontade de muita gente que ainda não separa o lixo Elaine Rodrigues SÃO JOSÉ DOS CAMPOS
R$ 15,8 milhões. É o que o joseense joga anualmente no lixo. Materiais que nas mãos de cooperativas ou da urbanizadora municipal poderiam ser reciclados e gerar emprego e renda, reduzir o custo da coleta e tratamento de lixo e desonerar até mesmo impostos como o IPTU (Imposto Predial Territorial Urbano). Se multiplicado pelos 2,4 milhões de moradores da RMVale (Região Metropolitana do Vale do Paraíba e Litoral Norte), esse valor é ainda maior: cerca de R$ 138 milhões por ano em materiais recicláveis que são deixados para apodrecer no lixo. Este é um número aproximado, que surge de uma equação simples que multiplica a quantidade de recicláveis lançados nos aterros da região pelo valor médio da tonelada destes mesmos materiais comercializados pelas cooperativas de catadores (R$ 444/tonelada). Se de um lado, o morador do Vale joga milhões no lixo; de outro, existem pessoas ganhando bilhões com a reciclagem aqui mesmo na região. A produção com a matéria-prima reciclada não é apenas um ganho ambiental, ela rende e muito para a indústria. “A reciclagem no Brasil caminha a passos lentos ainda apenas por questões políticas e econômicas. A latinha, por exemplo, todo mundo recicla. Pois existe um mercado por trás dela, uma
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produção altamente rentável para todo mundo, que gerou emprego, além dos benefícios ambientais. Os outros itens têm que viver esse processo econômico para que a reciclagem seja uma realidade consolidada”, explica Paulo Fortes Neto, doutor em solos pela USP e professor e pesquisador do Departamento de Ciências Agrárias da Unitau (Universidade de Taubaté). Exemplo de sucesso na reciclagem, citado por Fortes, é a Novelis, indústria de produção de alumínio instalada em Pindamonhangaba que reciclou 70% das latas de alumínio coletadas no Brasil nos últimos 12 anos, cerca de 13,9 bilhões de unidades. A empresa negocia no país, mensalmente, a compra de 4 mil toneladas de latinhas para serem recicladas aqui no Vale do Paraíba.
O novo ouro No garimpo da selva urbana, o alumínio é como uma pepita gigante de ouro,
R$ 138 MILHÕES é o valor que se perde anualmente com o lixo que não é reciclado na Região Metropolitana do Vale do Paraíba e Litoral Norte
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Instalada em Pinda, a Novelis reciclou 70% das latas de alumínio no país, na última década
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brilhando e reluzindo nas mãos dos catadores. Diferente de todos os outros recicláveis, dificilmente uma latinha fica caída na rua por mais de dez minutos ou vai para a coleta de lixo comum. “Todo mundo guarda latinha, já vi empresário separando latinha em casa para vender. Ela tem um alto valor para a indústria e um bom preço para o mercado de reciclagem”, destaca Simone dos Santos Vicente, presidente da Catavale (União das Cooperativas do Vale do Paraíba e Litoral Norte). Para se ter uma ideia, as cooperativas da RMVale negociam a lata de alumínio por R$ 3,20 o quilo, enquanto outros produtos como o vidro não são vendidos por mais de R$ 0,12/kg. Diversos outros itens fazem do alumínio o lixo mais valorizado do mundo: ele pode ser reciclado infinitas vezes; o processo de produção com matéria-prima reciclada economiza 95% de energia elétrica e emite 95% menos poluentes e reduz a extração de bauxita (minério de onde se extrai o alumínio), reduzindo o impacto ambiental. Cada quilo de alumínio reciclado evita a extração de 5 kg de bauxita. O Brasil é o maior reciclador de alumínio do planeta e a presença da Novelis em Pindamonhangaba transformou a cidade na capital Latino Americana da Reciclagem de Alumínio. Só a fábrica de Pinda, onde trabalham 1.200 pessoas, tem a capacidade de reciclar 390 mil toneladas de alumínio por ano. “Em quatro anos, foram investidos aproximadamente US$ 500 milhões para ampliar nossa rede de reciclagem e
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Para Simone Vicente, da Catavale, a reciclagem ĂŠ um negĂłcio sustentĂĄvel
elevar o Ăndice global de conteĂşdo reciclado em nossos produtos de 33% para 49%. A meta ĂŠ atingir 80%â€?, explicou Luide Reis, gerente de NegĂłcios de Reciclagem da Novelis na AmĂŠrica do Sul. A receita lĂquida da Novelis AmĂŠrica do Sul no Ăşltimo ano fiscal, finalizado em março, foi de US$ 1,85 bilhĂŁo. Trata-se de um negĂłcio, que sĂł na parte de reciclagem, gera renda para mais de 250 mil pessoas e envolve 2 mil estabelecimentos industriais e comerciais na coleta, comercialização, produção de equipamentos e processamento da sucata das latas. “A articulação completa da cadeia em prol da reciclagem da lata se atribui ao fato de todas as fases serem remuneradas, desde o grupo de condĂ´minos que junta as latas do prĂŠdio e vende para um pequeno comprador de sucata, atĂŠ integrantes de uma cooperativa de catadores de materiais reciclĂĄveis ou empresa recicladora. Isso possibilita esse resultado de sucesso para o paĂsâ€?, afirma Reis. Reciclar, ao invĂŠs de produzir alumĂnio a partir da bauxita, economiza R$ 3 mil por tonelada, levando em consideração o preço da matĂŠria-prima e os benefĂcios ambientais, calculados pela
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O plåstico tem uma lógica comercial interessante, pois quando o preço do barril de petróleo sobe, as indústrias disparam a comprar o plåstico das cooperativas e associaçþes para reciclar Paulo Fortes Neto ESPECIALISTA
Pesquisa sobre Pagamentos por Serviços Ambientais Urbanos para GestĂŁo de ResĂduos SĂłlidos do Governo Federal.
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Custo verde Quem olha para o ciclo do alumĂnio e toda a riqueza que sua reciclagem gera para o paĂs, pode se perguntar: e o restante dos produtos? NĂŁo vale a pena reciclar? O custo de uma produção mais sustentĂĄvel nĂŁo compensa? Assim como o alumĂnio, o vidro pode ser reciclado infinitamente e ainda possui a vantagem de poder ser reutilizado por atĂŠ 30 vezes sem perder a qualidade. Mas nos Ăşltimos dez anos, apesar de sua vantagem ambiental, o vidro perdeu espaço nas prateleiras dos mercados para as embalagens plĂĄsticas, de papel ou alumĂnio, por serem mais leves, prĂĄticas e nĂŁo quebrarem, o que pode gerar acidentes domĂŠsticos. Para o professor Fortes, alĂŠm do
conforto para o consumidor, um fator econĂ´mico agrava o ciclo do vidro e desmotiva a indĂşstria a reciclĂĄ-lo, ĂŠ o fĂĄcil acesso Ă areia no Brasil, extraĂda nas cavas Ă s margens dos rios. “Sabemos o impacto ambiental causado pelas cavas de areia. Mesmo assim, o custo de produção com a matĂŠria-prima ainda fica menor que com o produto reciclĂĄvel e com isso a indĂşstria nĂŁo investe na reciclagem. Mas estĂĄ acontecendo um novo zoneamento mineral, que vai restringir mais esta extração e subir o valor do vidro
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A maioria das garrafas Pets são vendidas para empresa do Sul, onde vão se transformar em tecidos
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é a redução de tributos e impostos sobre os produtos feitos a partir de matéria-prima reciclável. Rubens Negrini Pastorelli Jr, Diretor de Gestão Ambiental da Secretaria de Meio Ambiente de São José dos Campos, ressalta que a logística reversa funciona porque todos os setores estão envolvidos, da indústria ao consumidor. “Um grande avanço da PNRS foi ter estabelecido a responsabilidade compartilhada na destinação de resíduos, com todos os setores da cadeia produtiva de um bem, inclusive seus consumidores. Neste contexto, o poder público adquire um papel de articulação, implementando equipamentos que atendam à população, como a coleta seletiva”, destaca.
Os Garimpeiros
descartado”, detalha o especialista. O plástico é outra fonte de riqueza para as cooperativas. “A cultura da reciclagem do PET e seus diversos usos puxaram a reciclagem dos demais plásticos, porque as pessoas começaram a separar mais. Mas fico triste de ver tantas sacolinhas indo parar no aterro, essas sacolinhas são um tesouro para gente”, revela Simone da Catavale. O plástico possui diversas categorias, como os tipos PP, PAD e o PET e são comprados pela indústria em média por R$ 2 o quilo. A maioria das garrafas PETs são vendidas para empresas do sul do País, onde vão se transformar em tecidos. “O plástico tem uma lógica comercial interessante, pois quando o preço do barril de petróleo sobe, as indústrias disparam a comprar o plástico das cooperativas e associações para reciclar. O petróleo fica mais barato, as cooperativas ficam cheias de plástico novamente e o preço do quilo despenca”, explica Fortes. Apesar do crescimento da recicla-
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gem no país, de tudo o que pode ser reciclado, ainda é apenas o que gera mais lucro dentro da cadeia produtiva que ganha impulso e cresce. É o famoso: ‘vale quanto ou é por quilo?’.
Logística Reversa Com tantos interesses em jogo, o Governo Federal decidiu quantificar o impacto ambiental em dinheiro e o PNRS (Plano Nacional de Resíduos Sólidos), em plena fase de implantação no país, criou a obrigação de a indústria pensar no caminho de volta para tudo o que produz: o lixo agora é problema de todo mundo. Esse caminho de volta, chamado de logística reversa é a segunda estratégia de uma lista de 22 iniciativas a serem tomadas para incentivar a reciclagem e reduzir a quantidade de lixo produzida e enviada aos aterros. A primeira é implantar a coleta seletiva e a grande meta é simples: não aterrar o que pode ser reutilizado ou reciclado. Outras estratégias prevista no PNRS
Das 39 cidades que formam a RMVale, apenas 14 possuem cooperativas de catadores e coleta seletiva. São 16 entidades que empregam milhares de pessoas. Em São José dos Campos, 3,6 mil pessoas tiram seu sustento do lixo, verdadeiros garimpeiros urbanos de alumínio, plástico, papel, papelão, aço e até ouro − usado para banhar alguns componentes de placas eletrônicas. Desse total, cerca de 1.800 são catadores avulsos, que juntam o lixo em casa e vendem para atravessadores. Apenas nas cooperativas da cidade, esse mercado de lixo movimenta cerca de R$ 1,6 milhão ao ano. De acordo com Simone, a reciclagem é um mercado lucrativo e sustentável tanto do ponto de vista ambiental, quanto social e econômico. “Só na cooperativa Futura, são negociadas 250 toneladas de recicláveis por mês, o que garante o salário de 100 funcionários diretos e outras centenas de empregos indiretos. Negociamos cerca de 45 itens e podemos aumentar ainda muito nossa capacidade”, destaca. Em outra cooperativa, na região leste, Antônio Jorge da Silva, 61 anos, comemora 15 anos de serviço nes-
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se verdadeiro garimpo urbano. Ele passa o dia desmontando eletrônicos que foram descartados e literalmente minerando metais como cobre, aço, alumínio e ouro. Jorge, como é chamado pelos colegas da Cooperativa São Vicente, aprendeu a importância de olhar diferente
para o lixo e mudou sua postura dentro e fora de casa. “A reciclagem muda a vida de muita gente, protege o planeta, preserva a natureza e é um problema de todos. Agora nós separamos todo o lixo em casa, nada é desperdiçado. Do lixo, com dinheiro que ganhei aqui, comprei um carro e cuido da minha
família”, comemora. Os catadores da São Vicente também recolhem óleo usado de cozinha, que é revendido para a produção de biocombustível. A cooperativa é uma das mais antigas da cidade, idealizada por um padre da Diocese de São José, nasceu para ajudar a comunidade carente, gerar
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Antônio José da Silva, 61 anos, garimpa metais, como o ouro, em meio ao lixo eletrônico
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Horizonte Luide Reis, gerente da Novelis, tem uma visão otimista para a reciclagem no Brasil. “A sociedade vive uma transformação constante de valores, comportamentos e da forma como seus membros se relacionam. Uma mudança de consciência em direção a melhores hábitos de consumo e descarte de resíduos, felizmente, também está em curso. O movimento é favorável à reciclagem, que cresce em importância. Os ganhos sociais, ambientais e econômicos resultantes tornam a atividade fundamental para a sustentabilidade da vida no nosso planeta”, pontua. Fortes, professor da Unitau, também acredita que com o Plano Nacional de Resíduos Sólidos e as constantes mudanças na legislação, o cenário mude e a reciclagem seja uma realidade. “Acredito, sim, que vai dar certo porque estamos todos inseridos. Está nas mãos das prefeituras, do gerador, e de todos nós. A lei diz que o catador tem que estar inserido e o Ministério Público vai acompanhar a implantação e o processo para atingir as metas de reciclagem. Como a justiça agora vai ter que acompanhar, tenho certeza de que vão fazer”, conclui.•
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SAIBA
MAIS
A revolução da PET
Uma história a parte pode mostrar bem como as estratégias da indústria influenciam no consumo e, por sua vez, no uso de embalagens. Na década de 1990, a Coca-Cola teve uma sacada incrível. Eles pensaram: transportar o refrigerante em vidro aumenta o consumo de combustível nos caminhões, as garrafas quebram, entre outros problemas. Vamos transportar em garrafas plásticas, mais leves e baratas e, assim, nasceu a garrafa PET. Quando a Coca-Cola fez isso, real-
mente diminuiu o valor do refrigerante, mas também revolucionou o mercado de embalagens. As classes D e E, as pessoas mais pobres, tiveram acesso a este produto e começaram a consumi-lo. Daí, empresas que antes não conseguiam concorrer com a Coca aderiram à garrafa PET e ganharam o mercado. Hoje, a Dolly, um produto relativamente novo, em alguns lugares vende mais que outros refrigerantes, inclusive a Coca. Isso tudo por que mudar a embalagem barateou o produto. Agora, com a PNRS, a logística reversa e outras políticas ambientais, as grandes marcas voltaram ao vidro. Pois, ele pode ser reutilizado, e porque agrega valor ambiental − é legal comprar produtos ambientalmente corretos. Compramos não apenas pelo preço, mas optamos por um produto que pode ser reciclado. Essa é a dinâmica do consumo. Fonte: Professor Paulo Fortes, doutor em solos e pesquisador da Unitau
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emprego e renda e combater a poluição. “A reciclagem é o sustento de muitas famílias, não só aqui mas em todo lugar. Se as pessoas separassem melhor o lixo, se tivessem mais consciência, muitos outros empregos seriam gerados”, destaca Andrea Aristóteles, gestora de projetos da Cooperativa São Vicente. Andrea tem razão. Segundo a Catavale, para cada tonelada a mais de lixo reciclável separada por dia, cinco novos empregos poderiam ser criados. Só em São José dos Campos, são lançados diariamente mais de 140 toneladas de resíduos recicláveis no aterro sanitário, e com elas a oportunidade de emprego para mais de 1.200 pessoas.
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Apenas 14 cidades da RMVale possuem cooperativas de catadores
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NOTÍCIAS REGIÃO
Terceirização!
Polêmico, o projeto de lei versa sobre as regras para terceirização no mercado de trabalho, mas quem ganha e quem perde? O que muda na vida do empresário e do trabalhador do Vale do Paraíba?
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Rodrigo Ribeiro SÃO JOSÉ DOS CAMPOS
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o dia 8 de abril deste ano, a Câmara dos Deputados aprovou o Projeto de Lei 4330/2004, de autoria do deputado federal Sandro Mabel (PMDB/GO), que trata de regras para a terceirização no mercado de trabalho brasileiro. A proposta tem
gerado uma série de discussões pelo fato de possibilitar a contratação de serviço terceirizado para qualquer atividade. As regras valem para empresas privadas, públicas, de economia mista, produtores rurais e profissionais liberais, e não se aplica à administração pública direta, autarquias e fundações. O projeto tramita há dez anos na Câmara e, desde sua aprovação, vem sendo discutido por políticos, sociedade civil, representantes dos sindicatos e da
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nas, é contra a terceirização. “Para o trabalhador, a terceirização é a descentralização do trabalho, você trabalha no local, mas não pertence ao local. Para o empresário, é a transferência de risco e responsabilidade, o que fere o artigo 2° da CLT (Consolidação das Leis do Trabalho). A terceirização é não pagar tributos e ter a prestação de um serviço”, explica. O artigo 2º da CLT diz: “considera-se empregador a empresa, individual ou coletiva, que, assumindo os riscos da atividade econômica, admite, assalaria e dirige a prestação pessoal de serviço”. “Tem um caso em São José dos Campos, por exemplo, de contrato temporário de trabalho por 90 dias. A pessoa estava há cinco anos fazendo trabalho temporário. Ou seja, por cinco anos, mudando de empresa a cada 90 dias.
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Ex-presidente do TRT, Desembargador Flávio Cooper, é contra a terceirização
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O novo projeto permite expressamente essa situação”, fala Cooper. O desembargador cita, inclusive, um fato que acontece dentro do TRT. “Outro exemplo: temos uma empregada do setor de limpeza que está há uns nove anos no TRT e todo ano troca a empresa terceirizada. Ou seja, faz nove anos que ela não tem férias. Esse projeto não adianta você discutir no papel, tem que olhar a vida das pessoas e temos muitas histórias”, conta. Para Cooper, os principais problemas do projeto são a diferença de salário de um terceirizado para um funcionário direto da empresa e a perda de representação sindical. “Um motorista terceirizado do TRT ganha R$ 1.800 e o do quadro do tribunal R$ 6.000. Os dois fazem exatamente o mesmo serWill Dias/Meon
indústria, e até pelo judiciário. A polêmica está na liberação das terceirizações para as atividades-fim − principal atividade da empresa −, já que, atualmente, só é permitida a terceirização para atividades-meio, quando o serviço não é o principal negócio de uma empresa, como, por exemplo, limpeza e vigilância. Quem é contra a proposta aponta que com a aprovação do projeto, haverá, principalmente, a precarização das relações trabalhistas e a perda da representação sindical. Já o empresariado defende que a lei irá proteger os trabalhadores terceirizados e criar mais postos de trabalho. O desembargador Flávio Cooper, ex-presidente do TRT (Tribunal Regional do Trabalho) da 15ª Região de Campi-
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viço. Esse projeto coloca o trabalhador numa situação perversa e acaba com o sindicalismo”, acredita.
Representação sindical Inicialmente, o texto do projeto dizia que os trabalhadores terceirizados seriam regidos pelas convenções ou acordos trabalhistas feitos entre a contratada e o sindicato dos terceirizados, excluindo-os das negociações entre a empresa contratante e seus empregados. Essa representatividade não agradou as centrais sindicais. Na prática, um terceirizado que trabalha em uma montadora, por exemplo, não seria representado pelo Sindicato dos Metalúrgicos e, consequentemente, não seria beneficiado com os acordos feitos pela categoria. Com a resistência das centrais sindicais, foi incluído no projeto uma emenda que estabeleceu que o funcionário terceirizado será representado pelo sindicato dos empregados da contratante quando a terceirização for entre empresas com a mesma atividade econômica, o que vai possibilitar ao terceirizado receber as correções salariais da categoria. Mesmo com a modificação, as duas principais centrais sindicais do país divergem sobre o projeto. A CUT (Central Única dos Trabalhadores), com representatividade de 31,7% dos sindicalizados, é contra a proposta, já a Força Sindical, que representa 10,82%, e que também não concordava com o texto original, agora, é a favor. “Ampliar a terceirização significa acabar com a carteira assinada e com todos os direitos trabalhistas, porque o empregador só vai assinar a carteira se quiser. É mais que um retrocesso, é um crime contra a classe trabalhadora”, afirma Vagner Freitas, presidente nacional da CUT. Já Miguel Torres, presidente da Força Sindical, aponta que o projeto determina que a empresa contratada terá de ser especializada, o que vai impedir a proliferação de intermediários de mão
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de obra. “Se a empresa terceirizada não pagar os direitos trabalhistas e previdenciários, a contratante vai arcar com os custos. Além disso, os terceirizados que exercerem atividades-fim serão representados pelos mesmos sindicatos dessas categorias, e não pelas entidades sindicais dos funcionários terceirizados”, diz. “A terceirização é uma realidade irreversível na Ásia, Europa, Estados Unidos, América Latina e Brasil. Não dá para imaginar qualquer setor ou área de trabalho, de empresas ou órgãos públicos que consiga existir sem utilizar algum tipo de serviço especializado, terceirizado. Por isso, não dá para imaginar, que, apenas aqui a terceirização é uma atividade marginal, que só traz pontos negativos para o mercado de trabalho”, afirma Genival Beserra Leite, presidente do Sindeepres (Sindicato dos Empregados
em Empresas de Prestação de Serviços a Terceiros). Para Genival, sem a aprovação do projeto, “o Brasil fica atrasado”, perde postos de trabalho, deixa de gerar renda e criar novos setores e especialidades, “pois não consegue aprovar uma lei que regule, que puna e que estabeleça o que pode e o que não pode na terceirização”, explica.
Precarização Para o juiz trabalhista Guilherme Guimarães Feliciano, a PL 4330 cria condições para o aumento da exploração. “Se a empresa que contrata a mão de obra terceirizada está lucrando e a empresa terceirizada também está lucrando, de onde está saindo esse lucro? Só pode ser do bolso do trabalhador, não há outra resposta”, disse Feliciano, que é vice-presidente da Anamatra (Associa-
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Antonio Cruz/ Agência Brasil
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Ministro do Trabalho, Manoel Dias, pede legislação sólida e benéfica para todos
dores, partido de Dilma Rousseff, que é a responsável pela nomeação de Dias, possui uma ligação com a CUT. “Na medida em que não há garantias que possam impedir a generalização, acaba precarizando o trabalho. Por isso, nós do MTE, somos contra [à terceirização da atividade-fim]”, afirmou o ministro ao pontuar que a fiscalização do MTE já conta com números que mostram, por exemplo, a maior incidência de trabalho escravo em postos terceirizados. Para Dias, o aprofundamento do debate é fundamental para a construção de uma legislação sólida, coerente e benéfica para todos. “Tudo deve ser direcionado para o entendimento, com a criação de mecanismos para regulação. Junto com o corpo técnico do Ministério, considero que, nos moldes que está posta essa Lei, temos de buscar medidas para evitar a precarização. A solução deve ser boa para os trabalhadores e empregadores, pois é importante para todos, incluindo, ainda, a economia nacional”, ressaltou o ministro.
Empresariado ção Nacional dos Magistrados da Justiça do Trabalho), durante uma palestra em São José dos Campos. “Dizem que o PL vai gerar emprego. Isso é falácia. O PL vai transformar empregos diretos em empregos terceirizados, vai precarizar empregos. Será a Shangri-la do capitalismo: posso ter empresa sem trabalhadores”, diz Feliciano, que faz coro às palavras do desembargador Cooper. Segundo o juiz, estatísticas demonstram que o terceirizado recebe, em média, um terço a menos que o trabalhador direto. “Há vínculos evidentes entre a terceirização e a redução às condições análogas a de trabalho escravo. Não podemos aceitar isso”, afirma o juiz. O ministro do Trabalho e Emprego, Manoel Dias, também é contra a terceirização atividade-fim, como era de se esperar já que o Partido dos Trabalha-
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O presidente do Fiesp (Federação das Indústrias do Estado de São Paulo) e Ciesp (Centro das Indústrias do Estado de São Paulo), Paulo Skaf, discorda dos magistrados e acredita que o projeto irá regulamentar o trabalho de milhões de empregados terceirizados que já existem no país. “A PL 4330 busca regulamentar o trabalho dessas pessoas. A terceirização já existe há 30 anos no Brasil e, em 2013, eram 12 milhões de terceirizados e um milhão de empresas no país. Temos uma CLT, se você trabalhar no Ciesp, por exemplo, ou em qualquer outra empresa, você é celetista, igual ao não terceirizado”, diz Skaf. Já com relação a alguns benefícios internos de empresas, Skaf afirma que os direitos não são iguais e que, por isso, é necessário a aprovação da PL 4330. “O que existe hoje, por exemplo, é que a pessoa é terceirizada, trabalha em
Os terceirizados que exercerem atividades-fim serão representados pelos mesmos sindicatos dessas categorias Miguel Torres PRES. DA FORÇA SINDICAL
determinada empresa e não tem direito a refeitório, saúde, transporte. Isso está errado e é isso que traz a PL 4330, dá o mesmo direito e segurança”, conta. De acordo com Skaf, desses 12 milhões de trabalhadores terceirizados, 30% são de atividade-meio e 70%, atividade-fim. “85% da Volkswagen é terceirizada. Eles ganham bem, o que ficou definido em convenção coletiva, e estão ligados ao sindicato. O que acontece é que estão expostos sem a regulamentação. Essa história de que a regulamentação tira direitos é mentira. Estão enganando as pessoas”, afirma. O presidente da Fiesp também critica uma pesquisa divulgada pela CUT. “A CUT divulgou um balanço, mas a forma como foi feito está errada. Eles pegaram o bolo de terceirizados contra 35 milhões de diretos. Mas tem que tirar os 30% da atividade-meio para fazer essa comparação. A carga horária [do terceirizado e direto] é igual. Na indústria da transformação, é maior a do terceirizado, mas nos outros setores é igual”, diz. Recentemente, a CUT divulgou o levantamento “Terceirização e desenvolvimento, uma conta que não fecha”, elaborado em parceria com o
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Dieese (Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos). O estudo utilizou os dados do Rais (Relação Anual de Informações Sociais) 2013 e apontou que os trabalhadores terceirizados recebem 25% menos em salários, trabalham 7,5% a mais que outros empregados e ainda ficam menos de metade de tempo no emprego. De acordo com o Rais, que faz parte do PDET (Programa de Disseminação das Estatísticas do Trabalho), do MTE, o número de trabalhadores formais no Brasil, em 2013, era de 47.448.967, sendo 12.700.546 terceirizados, o que representa 26,8% do total. Paulo Skaf também aponta o crescimento no número de terceirizados na Petrobras durante o comando do PT à frente do governo federal. “O PT é contra o projeto, mas em 2002 quando o Lula assumiu a presidência, existiam 120 mil terceirizados na Petrobras e, hoje, são 360 mil, o que representa 80% do total de
empregados. Eles falam que precariza, então, eles quiseram precarizar”, diz. Os números apresentados por Skaf, ‘casam’ com o indicador do corpo funcional de 2013 divulgado pela Petrobras no fim do ano passado. De acordo com a estatal, naquele ano, o número de empregados era de 446.228, sendo 360.180 terceirizados e 86.108 diretos. Já em 2014, o número de trabalhadores terceiros e contratados diretamente pela estatal caiu para 291.074 e 80.908, respectivamente, o que representou a diminuição no índice de terceirizados na Petrobras para 78,2%. “Terceirização é a realidade do Brasil e do mundo. Isso já existe e não só na limpeza e vigilância. Se a Petrobras precisa de um grupo de mergulhadores, vão contratar uma empresa especializada, por exemplo. O presidente do TST (Tribunal Superior do Trabalho) sugeriu limitar a 30% os terceirizados. O TST agora faz lei?”, indaga Paulo Skaf.
Durante uma audiência no Senado em maio deste ano, o presidente do TST, José de Barros Levenhagen, defendeu o estabelecimento de um porcentual máximo de 30% para a contratação de terceirizados e mecanismos para garantir a isonomia entre empregados efetivos e prestadores de serviços. “Terceirização é eficiência, especialização e qualidade. Não tenho receio de defender a terceirização e estou na defesa do projeto porque entendo que é bom para o Brasil”, conclui Skaf. Em meio a críticas e elogios ao projeto, a PL 4330/2004 foi aprovada pela Câmara dos Deputados em 8 de maio deste ano e seguiu para o Senado como PLC 30 (Projeto de Lei na Câmara) sem acatar as sugestões de organizações como a CUT, por exemplo. O Senado já iniciou uma série de audiências com representantes dos setores interessados para discutir o projeto. Segundo o presidente da Casa, Renan Calheiros (PMDB), as mudanças
SAIBA
MAIS
PRINCIPAIS PONTOS DA PL 4330
A prestadora de serviços contrata e remunera o trabalho realizado por seus empregados, ou subcontrata outra empresa para realização desses serviços. Não se configura vínculo empregatício entre a empresa contratante e os trabalhadores ou sócios das empresas prestadoras de serviços, qualquer que seja o seu ramo. É vedada à contratante a utilização dos trabalhadores em atividades distintas daquelas que foram objeto do contrato com a empresa prestadora de serviços. São permitidas sucessivas contratações do trabalhador por diferentes empresas prestadoras de serviços a terceiros, que prestem serviços à mesma contratante de forma consecutiva.
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Os serviços contratados podem ser executados no estabelecimento da empresa contratante ou em outro local, de comum acordo entre as partes.
É responsabilidade da contratante garantir as condições de segurança e saúde dos trabalhadores, enquanto estes estiverem a seu serviço e em suas dependências, ou em local por ela designado. Quando o empregado for encarregado de serviço para o qual seja necessário treinamento específico, a contratante deverá exigir da empresa prestadora de serviços certificado de capacitação do trabalhador para a execução do serviço ou fornecer o treinamento adequado, somente após o qual poderá ser o trabalhador colocado em serviço.
A contratante pode estender ao terceirizado benefícios oferecidos aos seus empregados, tais como atendimento médico, ambulatorial e de refeição, existentes nas dependências da contratante ou local por ela designado.
A contratante é subsidiariamente responsável pelas obrigações trabalhistas referentes ao período em que ocorrer a prestação de serviços, ficando-lhe ressalvada ação regressiva contra a devedora.
A prestadora de serviços, que subcontratar outra empresa para a execução do serviço, é solidariamente responsável pelas obrigações trabalhistas assumidas pela empresa subcontratada.
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Paulo Skaf acredita que a terceirização trará eficiência, especialização e qualidade
O contrato de prestação de serviços também deve conter a especificação do serviço a ser prestado; o prazo para realização do serviço, quando for o caso; a obrigatoriedade de apresentação periódica, pela empresa prestadora de serviços a terceiros, dos comprovantes de cumprimento das obrigações trabalhistas pelas quais a contratante é subsidiariamente responsável. O recolhimento da contribuição sindical prevista deve ser feito ao sindicato representante da categoria profissional correspondente à atividade exercida pelo trabalhador na empresa contratante. A administração pública pode contratar terceirizados, desde que não seja para executar atividades exclusivas de Estado, como regulamentação e fiscalização. Excluem-se do projeto a administração pública direta, autarquias e fundações.
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A contribuição sindical devida pelo terceirizado é proporcional ao período em que foi colocado à disposição da empresa contratante e consiste na importância correspondente a um doze avos da remuneração de um dia de trabalho por mês de serviço ou fração superior a quatorze dias.
nas leis devem ser feitas com segurança e ampla discussão. “Os temas que tratamos estão cada vez mais complexos. A sociedade precisa contar com debates como esses, visando a uma decisão mais acertada possível”, explicou. “Existe a cobrança por mudanças para ampliar a competitividade, mas os relatos de opressão de trabalhadores nos fazem receosos. Precisamos regular a terceirização, com a existência de um limite”, completou Renan, ao relatar a importância da preservação dos direitos existentes. De acordo com as regras do Congresso Nacional, um projeto de iniciativa de uma das Casas, e aprovado com modificações na outra, deve ser submetido à nova análise pelos parlamentares de origem. Se a proposta da terceirização for aprovada pelo Senado com qualquer alteração, terá de retornar à Câmara para que os deputados decidam se aceitam ou não a mudança.•
Não é devida a contribuição pelo trabalhador se este já houver pago, no mesmo ano, a título de contribuição sindical, importância correspondente à remuneração de um dia de trabalho. O texto da PL 4330 não se aplica à prestação de serviços de natureza doméstica, assim entendida aquela fornecida à pessoa física ou à família no âmbito residencial destas; às empresas de vigilância e transporte de valores, permanecendo as respectivas relações de trabalho reguladas por legislação especial. O descumprimento do disposto no projeto j sujeita a empresa infratora ao pagamento de multa administrativa de R$ 500,00 por trabalhador prejudicado, salvo se já houver previsão legal de multa específica para a infração verificada.
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NOTÍCIAS ECONOMIA
Ajuste Fiscal Além da ‘terceirização’, duas Medidas Provisórias aprovadas no Senado interferem diretamente na vida do cidadão, mas qual passa a ser a nova realidade do trabalhador?
Rodrigo Ribeiro SÃO JOSÉ DOS CAMPOS
Divulgação/Pedro França/Agência Senado
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Ministro da Fazenda, Joaquim Levy, é um dos principais responsáveis pelo pacote de Ajustes Fiscais
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aralelo à discussão sobre terceirização, duas MP’s (Medida Provisória), que também interferem diretamente na vida do empregado formal e na Previdência Social, foram aprovadas pelo Senado em maio último. Ambas fazem parte de uma série de medidas que formam o chamado Ajuste Fiscal, adotado pelo governo federal para cortar despesas. No dia 26 de maio, os senadores aprovaram a MP 665/2014, que endurece as regras para a concessão do seguro-desemprego e do abono salarial. No dia seguinte, aprovaram a MP 664/2014, que altera as regras para o recebimento da pensão por morte, impondo carências e tempo de recebimento conforme a faixa de idade do beneficiário. As medidas foram alvo de críticas por parte da oposição ao governo e centrais sindicais, que alegam que as propostas prejudicam o trabalhador. “Não podemos ajustar contas do governo em cima dos direitos dos trabalhadores. A posição da CUT é clara: somos contra as Medidas Provisórias 664 e 665”, disse Vagner Freitas, presidente da CUT (Central Única dos Trabalhadores). O fato é que as MP’s foram aprovadas e dependem de sanção da
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Divulgação/CUT
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presidente Dilma Rousseff (PT). O texto da 665 foi aprovado na íntegra, já o da 664 recebeu três emendas: alternativa ao fator previdenciário; regulamentação da pensão por morte para pessoas com deficiência; e exclusão do prazo de pagamento sobre o auxílio-doença.
MP 664 Pensão por morte Agora, a pensão por morte será concedida ao cônjuge que comprove, no mínimo, dois anos de casamento ou união estável. A intenção é evitar fraudes e casamentos armados com pessoas que estão prestes a morrer. Atualmente, não há exigência de período mínimo de relacionamento. A MP mantém a exigência de 18 contribuições mensais ao INSS e/ou ao regime próprio de servidor para o cônjuge poder receber a pensão por um tempo maior. Se não forem cumpridos esses requisitos, ele poderá receber a pensão por quatro meses. Com a intenção de acabar com a vitaliciedade para os viúvos considerados jovens, somente o cônjuge com mais de 44 anos terá direito à pensão vitalícia. Para quem tiver menos idade, o período de recebimento da pensão varia de três a 20 anos. Para o cônjuge com menos de 21 anos, a pensão será paga por três anos; na faixa de 21 a 26 anos, por seis anos; entre 27 e 29, por dez anos; entre 30 e 40 anos, por 15 anos; na idade de 41 a 43, por 20 anos. No caso do cônjuge considerado inválido para o trabalho ou com deficiência, o recebimento da pensão será permitido enquanto durar essa condição. No entanto, deverão ser observados os períodos de cada faixa etária, assim como os quatro meses mínimos de pensão caso as carências de casamento ou contribuição não sejam cumpridas. Para o segurado que morrer por acidente de trabalho ou doença
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Vagner Freitas, presidente da CUT, acredita que MP’s vão prejudicar os trabalhadores
profissional de qualquer natureza, mesmo sem as 18 contribuições e os dois anos de casamento ou união estável, o cônjuge poderá receber a pensão por mais de quatro meses, segundo as faixas de idade, ou por invalidez ou por ter deficiência. As mesmas regras para a concessão e revogação da pensão por morte serão aplicadas no caso do auxílio-reclusão, um benefício pago à família do trabalhador ou servidor preso. A MP não afeta as pensões militares.
Auxílio-doença A regra atual para o pagamento do auxílio-doença não foi alterada. As empresas pagam os primeiros 15 dias de afastamento do trabalhador e o governo federal, o período restante. O texto original da MP determinava que a responsabilidade pelo pagamento dos primeiros 30 dias do benefício fosse do empregador.
Perícia médica A perícia médica para a concessão dos benefícios da Previdência não será mais exclusiva dos médicos do INSS (Instituto Nacional do Seguro Social). Nos locais onde não houver perícia do INSS ou se o órgão não for capaz de dar um atendimento adequado aos usuários, a perícia poderá ser realizada em órgãos e entidades públicos que integrem o SUS (Sistema Único de Saúde) ou por entidades privadas vinculadas ao sistema sindical e outras de “comprovada idoneidade financeira e técnica”, diz o texto. Os peritos médicos da Previdência Social farão a supervisão da perícia feita por meio desses convênios de cooperação.
Fator Previdenciário A alternativa ao fator previdenciário foi incorporada ao texto original da MP e estabelece que o trabalhador receberá seus rendimentos integrais pela regra
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do 85/95. No cálculo da aposentadoria, a soma da idade com o tempo de contribuição deve resultar em 85 para a mulher e 95 para o homem. Pela regra do fator, o tempo mínimo de contribuição para aposentadoria é de 35 anos para homens e 30 anos para mulheres. O valor do benefício é reduzido para os homens que se aposentam antes de atingir os 65 anos de idade, ou, no caso das mulheres, aos 60 anos.
MP 665 Seguro-desemprego O trabalhador terá direito ao seguro-desemprego se tiver trabalhado por pelo menos 12 meses nos últimos dois anos. Antes, o empregado precisava de seis meses para receber o benefício.
(O objetivo) foi trazer parte do orçamento que pode ser controlado pelo Poder Executivo para níveis próximos de 2013 e, com isso, acomodar nossas despesas às projeções de receita de hoje Joaquim Levy
Abono salarial O abono salarial equivale a um salário mínimo vigente e é pago anualmente aos trabalhadores que recebem remuneração mensal de até dois salários mínimos. Atualmente, o dinheiro é pago a quem tenha exercido atividade remunerada por, no mínimo, 30 dias consecutivos ou não, no ano. Agora, o trabalhador que recebe até dois salários mínimos deverá ter trabalhado por três meses para ter direito ao benefício. O texto aprovado mantém o pagamento do abono ao empregado que comprovar vínculo formal de no mínimo 90 dias no ano anterior ao do pagamento.
MINISTRO DA FAZENDA
substancialmente inferiores àquelas constantes do orçamento”, disse. Tema polêmico e recorrente no debate nacional, Mercadante destaca a importância de rever a questão previdenciária. “Isso não é um problema desse governo, é um problema de futuro do Brasil, de Estado e de responsabilidade com as futuras gerações. Se quisermos garantir a Previdência para nossos filhos e netos precisamos fazer essas alterações”, completa. Além das MP´s 664 e 665, o governo também criou outras medidas, entre elas, um corte de R$ 69,9 bilhões nas despesas do Orçamento de 2015, e que atinge todos os ministérios. A decisão foi divulgada no último dia 22 de maio, antes da votação das MP’s 664 e 665 no Senado. De acordo com Levy, as medidas de ajuste fiscal tomadas pelo governo têm o objetivo de cumprir a meta de superávit primário de 1,2% do PIB em 2015.• Divulgação/Agência Brasil
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Governo Os ministros da Fazenda e da Casa Civil, Joaquim Levy e Aloizio Mercadante, respectivamente, têm liderado o grupo do governo responsável pelo Ajuste Fiscal. Para Levy, uma das ações realizadas “foi trazer parte do orçamento que pode ser controlado pelo Poder Executivo para níveis próximos de 2013 e, com isso, acomodar nossas despesas às projeções de receita que temos hoje e que são
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Para o ministro Aloizio Mercadante é hora de rever a questão previdenciária
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São José dos Campos é feita das histórias de sua gente. A cidade se desenvolve pela força de um povo trabalhador que ajuda a construir, com orgulho e dedicação, um lugar melhor para se viver.
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Divulgação/Tuddo Comunicação
NOTÍCIAS ESPORTES
Da esquerda para direita: Ricardo Navajas, Cézar Douglas, Lipe e Rapha, após parceria com o São Paulo
Do campo à quadra: São José e Taubaté rivais no vôlei Após explodir em 2014, equipe taubateana vê “renascimento” do vizinho, que beirou o rebaixamento da elite nacional na modalidade Thiago Fadini SÃO JOSÉ DOS CAMPOS E TAUBATÉ
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ão José dos Campos e Taubaté colecionam um histórico de rivalidade em diversas modalidades esportivas. Um duelo que começou há mais de 50 anos com o futebol.
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Hoje, com as equipes tentando se reerguer dentro de campo, outros representantes das duas maiores cidades da Região Metropolitana do Vale do Paraíba têm se destacado e conquistado o apreço dos torcedores. E eles se encontram nas quadras de voleibol. O crescimento da modalidade na região se deve, e muito, à ascensão
dos elencos masculinos de Taubaté/ São Paulo FC (antigo Vôlei Taubaté) e São José Vôlei no cenário estadual e nacional. Com duas temporadas de Superliga no currículo, a equipe taubateana sofreu com uma campanha irregular em seu ano de debutante e quase caiu para a Superliga B. No ano seguinte, o renascimento veio com uma
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reformulação completa do elenco e a chegada de atletas de renome, como o ponteiro Lipe, o levantador Rapha, o central Sidão e o líbero Felipe. O time chegou às semifinais do campeonato nacional e faturou os títulos da Copa do Brasil e do Campeonato Paulista, além de ter disputado o Sul-Americano de Clubes. “O que melhorou foi a estrutura. Taubaté estruturou bem a equipe, estruturou bem a modalidade e o esporte profissional. Infelizmente, o esporte hoje tem que ser profissionalizante, com uma visão estadual, com uma visão nacional e não com uma visão de Jogos Regionais e Jogos Abertos. São duas competições que se você for ver, são competições ridículas. São duas competições que não são parâmetros, não são nem profissionais”, disse o supervisor taubateano, Ricardo Navajas. Do outro lado, os joseenses acumulam um histórico de evolução ao longo da década, subindo da Liga Nacional para a Superliga B e para a elite do vôlei nacional. Em contrapartida, no primeiro ano de Superliga, o São José amargou a penúltima colocação e terá que disputar a repescagem para conti-
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nuar na primeira divisão. “Acho que foi um amadurecimento. Tudo isso foi feito por etapas. Os maus resultados do ano passado fizeram parte desse processo também. Uma equipe nova, um padrão de jogo de Superliga B”, comentou Fernando Basílio, supervisor joseense. No entanto, a diretoria promoveu uma mudança radical em toda a estrutura administrativa e técnica, buscando patrocinadores além do poder público, contratando um novo técnico e reformulando o elenco. Apenas o central Everton teve o contrato renovado para 2015/2016. Nomes como o líbero Mario Jr, o oposto Lorena e o ponteiro Dante (os últimos dois defenderam o Taubaté em 2014/2015) chegam com a promessa de alavancar o time. “Essa estruturação vem de dois anos. Desde quando mudamos o foco para o adulto e a prefeitura já vinha sinalizando com redução de recursos e viemos mudando tudo: organização, administração e a parte de assessoria. O segundo passo foi conseguir mais uma captadora de recursos. No ano passado, sabíamos que o desafio seria grande, era um time jovem, e não conseguimos o retorno que a gente
queria. O desafio para essa temporada seria maior ainda, então, optamos por fazer uma mudança radical”, explica Fernando Basílio.
Rivais? Com São José dos Campos e Taubaté sendo bem representadas no voleibol, a rivalidade vista por cinco décadas nos campos deve se repetir nas quadras? Na opinião dos dirigentes, é algo que deve ser deixado para as arquibancadas. “Essa rivalidade não existe, não temos rivalidade nenhuma com o São José. São José é visto como qualquer outra equipe, respeitada como qualquer outra equipe. Esse tipo de rivalidade foi criada no futebol”, disse Ricardo Navajas, gestor taubateano. “A rivalidade é coisa para a torcida, a gente não leva isso adiante. Dentro de quadra todo mundo é profissional. Todo mundo faz o melhor para o seu time. De repente, em um ambiente de jogo, pode ficar acirrado em alguns momentos, mas não levamos isso a grosso modo como no futebol”, diz Fernando Basílio, supervisor joseense. Para quem trabalha diretamente Divulgação/São José Vôlei
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Da esquerda para direita: Alberto, Rodriguinho, Lorena e Everton Kandango prometem levar o São José a disputa de títulos
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Jonas Barbetta/Tuddo Comunicação
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mos competir com esses jogadores. Taubaté é mais um adversário e não ‘o’ adversário e isso de rivalidade nós temos que deixar para a torcida”, opinou Leonardo Carvalho, comandante do São José. Os discursos são de imparcialidade e só serão comprovados com o decorrer do ano. O duelo entre as duas equipes já está certo de acontecer no Campeonato Paulista e nos Jogos Regionais e Abertos. O confronto pode ser reeditado ainda na Superliga e na Copa do Brasil, caso a equipe da Capital do Vale permaneça na elite brasileira do vôlei.
Respeito
Dante com a taça conquistada pelo Taubaté no Campeonato Paulista
com o desempenho dentro de quadra a rivalidade natural existe, mas de forma saudável. “Isso [rivalidade] já existia, antes de eu chegar a Taubaté, faz parte da história do esporte na região. No ano passado, em um jogo classificatório dos Jogos Regionais, que foi um 3 a 2 que ganhamos, as equipes já mostraram todo o entusiasmo, dos torcedores, dos dirigentes, da comissão técnica e dos jogadores. Mas acredito que foi uma rivalidade bem saudável. Ficou apenas dentro da quadra, sempre houve um respeito”, comentou o técnico do Taubaté, Cézar Douglas. “As rivalidades são boas para o esporte. O importante é que ela esteja somente dentro de quadra. Então, sei que ela existe. São duas cidades de uma mesma região, mas é importante que tenhamos noção do que Taubaté está fazendo. Vem fazendo um investimento especificamente nessa equipe muito grande. Diria que nosso papel hoje é tentar-
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Dentro do que os treinadores e dirigentes prometem, o que se pode esperar é um duelo de cordialidades, já que os adversários profissionais se conhecem bem. Um dos atrativos dos jogos será o reencontro de Dante, Lorena e Alberto com a antiga equipe, algo que Cézar Douglas vê como positivo. “Os jogadores que estiveram aqui − no caso do Lorena, do Dante e do Alberto também − são profissionais e do mesmo jeito que defenderam o Taubaté vão defender o São José. [O reencontro] é saudável, de respeito, porque não temos nada de divergências. Saímos como bons amigos, bons profissionais. Só tenho a enaltecer e a agradecer”, fala. Com os times ainda planejando a pré-temporada, a ansiedade e as análises tomam conta da cabeça das comissões técnicas. A única certeza que se tem é a de que os maiores beneficiados com a revolução do vôlei regional serão os fãs de esporte. “Taubaté hoje tem um elenco muito forte, mas isso não garante nada a eles. Acho que serão bons confrontos e que, principalmente, os públicos das duas cidades vão ganhar muito em termos de poder ver um espetáculo técnico e um voleibol mais bem jogado”, argumenta Leonardo Carvalho. O treinador do Taubaté foi a fundo e
acredita que o surgimento de mais uma boa equipe no Brasil é sinônimo de investimento. “Acho que isso desperta muito o interesse da mídia e isso é bom para os patrocinadores, desperta talvez até o interesse de outras cidades em procurar em investir mais no voleibol. É muito importante para o cenário nacional aparecer mais uma equipe competitiva. Isso fortalece mais o nosso voleibol”, fala Cézar Douglas. O gestor do time do Taubaté/São Paulo FC, Ricardo Navajas, enxerga a evolução joseense como motivadora para o próprio clube. “Acho que é um benefício para a região, você ter jogadores como atração, como o Lorena e o Mario Jr., jogadores de expressão. Acho que isso é importante tanto para o vôlei de São José, quanto para o de Taubaté e do Brasil. A gente encara isso como uma coisa boa”. E no pingue-pongue de elogios, Fernando Basílio não ficou atrás e afirmou que espera ver os rivais regionais brigando por títulos. “Acho que eles fizeram boas contratações. É um elenco mais forte ainda do que o do ano passado, então, acredito que vão fazer uma temporada muito boa”. Tanto São José Vôlei quanto Taubaté/São Paulo FC aguardam o fim da Liga Mundial para iniciar a pré-temporada. As apresentações oficiais devem ocorrer no fim de junho e as competições iniciam já no início de julho com os Jogos Regionais de Taubaté. Mas com toda a reestruturação, quais seriam a partir de agora os reais objetivos do aspirante à potência no voleibol? As mesmas de um time que acaba de nascer, ou melhor, de renascer. “Temos basicamente as mesmas ambições. É muito cedo ainda para querer metas ambiciosas. Acho que as metas para Paulista e Superliga são iguais as do ano passado. Fazer uma semifinal de Paulista e fazer a tão sonhada classificação entre os oito da Superliga. Temos bastante confiança nesse novo trabalho”, conclui Fernando Basílio.•
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Artigo&
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e dormimos e acordamos com nossos smartphones é por que, além de utilizarmos para nos comunicarmos com outras pessoas, encontramos nesse grande amigo eletrônico uma ajuda para o dia dia. Ajuda que muitas vezes não nos damos conta, mas já substituímos diversos aparatos pelo smart. Não utilizamos mais máquinas fotográficas como antigamente, por conta da boa resolução das fotos oferecidas nos aparelhos mobiles, além da conectividade possibilitada. O relógio, hoje um produto mais utilizado pela estética, status e outras funcionalidades que não são para ver a hora. A calculadora, o despertador, a agenda e o bloco de anotações também são itens facilmente substituídos por funcionalidades
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encontradas em um smart. Interessante lembrar que existem aparelhos mais novos que também perderam espaço, como por exemplo os mp3 players. Hoje as pessoas mais conectadas tiram proveito e utilizam aplicativos do gênero Spotify, Rdio ou rádios online para curtir suas músicas, criando playlist e ouvindo música online. Já não se carrega mais aquele peso enorme em bytes de centenas de músicas. Segundo relatório anual da Flurry (empresa do Yahoo), o uso de apps móveis teve aumento de 76% em relação a 2013. As categorias de aplicativos mais procuradas pelos usuários foram as de compras, utilidades, produtividade e mensagens. O destaque é para categoria games, ainda que, com crescimento menor do que nos anos anteriores. As informações são do TechCrunch (techcrunch.com). A maior adesão aos aplicativos de utilidade e produtividade pode ser interpretada como um reflexo do aumento de usuários que trabalham mais a partir de seus dispositivos móveis. Neste relatório é considerado “uso de aplicativo” o ato de o usuário abrir um aplicativo e, em seguida, fazer o login em uma sessão no app. Isso significa que o usuário realmente engajou-se e interagiu com o aplicativo por algum período de tempo. Durante 2014, a Flurry Analytics rastreou mais de 2 trilhões de sessões de aplicativos, com um recorde de sessão diária registrado no dia 31 de dezembro, com 8,5 bilhões de sessões, com as
pessoas usando apps para celebrar a passagem de ano. É muita gente. Já possui o aplicativo do seu banco? Nesta fase dos aplicativos (onde quase tudo funciona super bem) não há mais tantos motivos para ir a um caixa eletrônico ou a sua agência, que não seja adquirir dinheiro em espécie. Vale o teste para descobrir o tempo ganho em pagamentos, transferências, consultas e outras transações bancárias. Os aplicativos de revistas e jornais sempre são uma grande aposta para os leitores, uma vez que a informação é transmitida cada vez mais rápida e faz o usuário ter contato com conteúdos antes não tão acessíveis, como, por exemplo, assinar o jornal americano The New York Times. Basta baixar o app do jornal. Seja você um louco por novos aplicativos, ou então aquela pessoa que usa somente os apps que já vêm no seu aparelho, uma coisa é fato. Os aplicativos vieram para nos ajudar. Por isso que, quando estou perdido, eu paro num posto de combustível e acesso o meu Waze.• Apps para o mês dos namorados: Tinder, Bumble, Stitch e Nowme Para conhecer mais e mais: http://exame.abril.com.br/topicos/apps-da-semana
Fernando Griskonis Formado em Publicidade e Propaganda e pós-graduado em Marketing Político, Griskonis atua profissionalmente há mais de 11 anos no mercado do Vale do Paraíba, Campinas e região. Em 2009, ao lado dos sócios Eduardo Spinelli e Fabiano César, fundou a Molotov Propaganda.
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Cultura&
Festival de Food Trucks será atração no inverno de Campos do Jordão
Da Redação CAMPOS DO JORDÃO
Febre na capital paulista, os food trucks serão destaque nesta temporada de inverno em Campos do Jordão. Os restaurantes sob quatro rodas já invadiram a área mais charmosa da cidade. Desde 29 de maio, o “Capivari Food Trucks” tem levado milhares de pessoas ao espaço. Ao todo, participam oito trucks, cada um representando um segmento diferen-
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te. Completa o festival um bar para atender os visitantes. O evento está montado em um espaço de 640 metros quadrados, com capacidade para 300 pessoas. No menu, os valores variam entre R$ 25 e R$ 35. A entrada é gratuita e o festival fica aberto entre as 11h e as 22h nas terças, quartas e quintas. Sextas, sábados e feriados, o horário é das 11h às 24h. Já aos domingos, das 11h às 20h. O festival fecha as portas apenas às segundas-feiras. O primeiro festival do gênero na cidade segue até o dia 2 de agosto.•
Flavio Pereira/Arquivo/Meon
Campos do Jordão terá festival de Food Trucks até começo de agosto
Capivari Food Trucks Programação De 29/05 até 02/08 Quando: terças, quartas e quintas, das 11h às 22h; sextas, sábados e feriados, das 11h às 24h; domingos, das 11h, às 20h Onde: Praça do Capivari, Campos do Jordão Valor: entrada gratuita
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DVD&
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Cinquenta Tons de Cinza Preços: DVD: R$ 39,90 Blu-ray: R$ 99,90
Sucesso de bilheteria nos cinemas brasileiros, o longa baseado no best seller homônimo conta a história de Anastasia Steele (Dakota Johnson), uma estudante de literatura de 21 anos, recatada
CINEMA&
e virgem. Uma dia ela, deve entrevistar para o jornal da faculdade o poderoso magnata Christian Grey (Jamie Dornan). Nasce uma complexa relação entre ambos: com a descoberta amorosa e sexual.
LITERATURA&
Jurassic World - O Mundo dos Dinossauros
After 3 - Depois do Desencontro Anna Todd
Preço: R$ 39,90
Depois de 23 anos do sucesso de ‘Jurassic Park: O Parque dos Dinossauros’, e outras duas continuações, chega às telonas o quarto filme da franquia. ‘O Jurassic World - O Mundo dos Dinossauros’, localizado na mesma ilha Nublar, enfim está de volta e aberto ao público. Os visitantes podem conferir shows acrobáticos com dinossauros e até mesmo fazer passeios bem perto deles, já que agora estão domesticados. Mas, depois de atingir a marca de 10 milhões de visitantes, o local começa a perder público. Então os cientistas do parque,
chefiados pela doutora Claire (Bryce Dallas Howard), decidem criar uma nova atração, buscando atrair maior público. Mas as coisas dão errado e uma das ‘novas atrações’, logo adquire inteligência bem mais superior que os demais. Depois de um tempo em contenção, o novo dinossauro consegue escapar de seu cercado, e essa fuga em meio a milhares de visitantes força a equipe do parque a tomar medidas extremas para evitar um desastre de proporções catastróficas, já que o dinossauro se torna uma grande ameaça para a existência humana.
Tessa passa pelo momento mais difícil de sua vida. Enquanto luta para crescer na carreira com a qual sempre sonhou, seu mundo é virado de ponta-cabeça: a inesperada aparição de seu pai e uma traição imperdoável a deixam mais fragilizada do que nunca. Hardin seria o único capaz de fazê-la esquecer das dificuldades, mas até ele se vira contra Tessa quando descobre o segredo que ela vem guardando. Se este casal intenso e apaixonado já vivia por um fio antes, agora os obstáculos são maiores do que nunca. Depois do desencontro, essa história de amor sobreviverá?
SOM&
Muse Drones (Limited Deluxe Edition CD+DVD) (Warner)
Preço: R$ 49,90
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Com três shows marcados no Brasil para outubro, a banda britânica de rock, Muse, lança agora em junho o disco Drones, o sétimo álbum de estúdio dos ingleses. O disco foi produzido por Mutt Lange, responsável pela produção de discos de AC/DC, Maroon 5 ou Bryan Adams. Dead Inside, é a primeira música de trabalho de Drones. O álbum ainda vem com um DVD bônus que traz quatro canções ao vivo, além de cenas da gravação do disco.
Tame Impala Currents (Fiction)
Preço: R$ 39,90
Escrito, composto, gravado, poduzido e misturado por Kevin Park, Currents marca o regresso do Tame Impala, uma das principais bandas de rock nos últimos tempos. A produção do hip hop contemporâneo, com funk dos 70’s, e uma pitada dos anos 80, vem filtrada no moderno e psicodélico. Destaque para Let It Happen, apontada como uma das candidatas a música do ano.
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NOTÍCIAS VARIEDADES
Admirável mundo DOS BLOGUEIROS Marcelo Caltabiano/Meon
Para quem gosta de compartilhar experiências e dividir, com propriedade, opinião sobre os mais variados assuntos, a internet ainda é um universo a ser explorado − e para ganhar (muito) dinheiro
Armindo Ferreira é um dos principais blogueiros da região com 9 mil acessos mensais
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Reprodução/Internet
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João Pedro Teles SÃO JOSÉ DOS CAMPOS
S
er presença requisitada em badalados eventos, receber mimos de suas marcas preferidas, dar um até nunca mais para o chefe e, como se não fosse o suficiente, ainda ganhar muito bem para falar só do que gosta. A profissão blogueiro – instagramer, youtuber ou seja lá qual for a plataforma escolhida – é o novo emprego dos sonhos. A rotina de celebridade virtual demanda, entretanto, uma palavrinha mágica: popularidade. Atingir um público segmentado é a chave para alcançar gordos rendimentos mensais que, só no Vale do Paraíba, chegam a ultrapassar os R$ 15 mil em alguns casos. Atualmente, os blogs ultrapassaram a barreira da descrença para se estabelecerem como publicações de referência no mais variados assuntos. Moda, culinária, vida fitness, pets, arquitetura e até indústria náutica. Seja
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qual for o tema, lá está uma publicação virtual para trazer as novidades. A nova fase da blogsfera é dominada por profissionais que se destacam tanto por transitar com propriedade pelo assunto a que se propõem abordar, quanto pela forma criativa que encontram de contar as histórias. Junto com a linguagem mais despojada e aproximada dos leitores, outra característica dos blogs mais bem sucedidos é a segmentação do tema. Aliás, a segmentação da segmentação em muitos dos casos. “O blogueiro precisa se especializar para não ser mais um na multidão. O mais bacana dessa nova fase das plataformas é a segmentação que vem acontecendo hoje. Minhas alunas, às vezes, me perguntam: ‘Poxa. Mas vou fazer mais um blog de moda?’. A resposta está na segmentação. Você tem blog de moda masculina, blog de moda feminina, blog de moda praia feminina, blog de moda praia especializado em maiôs, blog de moda praia especializado em maiôs de estilo retrô”,
Ferreir professor explica Armindo Ferreira, universitário, especialista em mídia digital e criador do Blog do Armindo (blogdoarmindo.com.br), com média de 9 mil acessos por mês. E foi com este espírito que a blogueira e produtora de moda Bruna Tau, de São José dos Campos inaugurou, em 2014, o blog Navy Blue, cujo único tema é o universo marítimo. A incursão a um universo tão segmentado inclui textos com dicas para escolha de lanchas, quais as âncoras mais apropriadas para cada tipo de embarcação, além de posts sobre gastronomia, destinos de viagens no litoral e até mesmo tatuagens inspiradas no mote. Filha de um navegador e pescador inveterado, Bruna aproveitou o bom relacionamento no meio para emplacar uma publicação que, em menos de um ano, já vem conquistando seu espaço. O blog é destaque na revista Mariner, uma das principais publicações do gênero no país, pelo trabalho desenvolvido no segmento. “Aproveitei a facilidade que já tinha para entrar nessa área e, soma-
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Gerald Blake Lee/Reprodução/Instagram
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do com a minha experiência como blogueira, encontrei aí uma oportunidade para desenvolver um ramo que é pouco explorado no meio digital”, explica a blogueira.
Oportunidade A carreira como blogueira passou a ser realidade na vida de Bruna há cerca de 4 anos. Depois de um período difícil, em que precisou ficar internada por dois meses e amargar mais três “de molho” em casa, foi que a dificuldade se transformou em oportunidade. Já que não podia sair para trabalhar, a produtora criou, junto com a amiga Karen Magalhães, o Cereja n’ Pimenta (cerejanpimenta.com.br). Reunindo seus assuntos preferidos – moda, tattoos, vegetarianismo e comportamento –, a moça começou a desbravar o universo digital. Em pouco tempo, os temas começaram a chamar atenção do público e a popularidade do blog começou a subir. “Foi aí que decidimos que era hora de profissionalizar a empreitada. Busquei especialização em moda e procuramos um web designer para criar uma identidade ao nosso blog. Mudamos também de plataforma, com mais recursos gráficos. Então, o endereço se transformou realmente em uma pequena empresa, que estamos tocando desde então”, explica.
Celebridade A vida de webcelebridade ainda assusta a escritora Lola Benvenutti. Há cerca de quatro anos, a ex-garota de programa (ela costuma usar o termo ‘puta aposentada’, mas optou pelo recato à nossa reportagem) criou um blog (www.lolabenvenuttioficial.com. br) que tinha como exclusiva atribuição ser uma ferramenta profissional. Porém, a veia literária da moça, devoradora de livros desde criança e formada em Letras pela Federal de São Carlos, transformou o espaço num sucesso de público. Dona de estilo certei-
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A partir do blog, Lola lançou um livro que está prestes a virar filme ro e com facilidade para transitar com espontaneidade pelos tabus sexuais mais espinhosos, os textos despudorados (elegantemente despudorados) caíram no gosto do público. Alcançar o panteão das celebridades na internet rendeu. Lola concedeu entrevistas a Jô Soares e à Marília Gabriela, além de garantir espaço em outros programas de destaque. A cada participação, mais o blog “bombava” na audiência. “Quando rolava participação nesses programas, a audiência passava da casa do milhão por mês. Mas ainda fico surpresa quando as pessoas me param pedindo autógrafo. A impressão é que o trabalho atinge muito menos pessoas do que atinge na verdade”, afirma. Em 2014, Lola escreveu “O Prazer é Todo Nosso”. A publicação está prestes a virar filme, com argumento escrito pela própria blogueira. Além das atividades do filme, Lola também está cursando mestrado em Educação Sexual. “O blog foi o grande impulso para que tudo isso acontecesse. Foi a partir dele que as pessoas se interessaram e as oportunidades começaram a surgir”, afirma.
Como faturar? Profissionalismo, ok. Relevância dos posts, ok. Popularidade na rede, ok. Pronto, agora é hora de ir ao que interessa. Como ganhar uma grana com os milhares de seguidores mensais. Há muitas formas do blogueiro garantir o seu vintém no fim do mês. No Blog do Armindo, por exemplo, são seis. Uma publicação editorial sobre determinada marca custa R$ 500. Já a veiculação do tradicional banner 250x250 sai por R$ 350 por mês. Cada foto no Instagram custa R$ 100. Agora, para ter o blogueiro como presença VIP no evento da marca, mais uma cobertura com fotos in loco para o Facebook e Instagram, mais a cobertura posterior do evento (com direito a, pelo menos, seis fotos) não sai por menos de R$ 1.000 o pacote. “Nesse lance de publicidade, o importante é tomar bastante cuidado com o que se aceita por aí. O blogueiro precisa se lembrar que sua relação com o público é pautada pela confiança. E o pessoal que lê blog não perdoa. Qualquer anúncio que caia fora da proposta, que pareça coisa forçada demais,
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vai repercutir negativamente�, explica.
Postei Para potencializar as possibilidades comerciais de blogueiros tanto do Vale quanto de outras regiĂľes do paĂs, hĂĄ pouco mais de um ano, nasceu a rede Postei, de SĂŁo JosĂŠ dos Campos. Uma startup que funciona como uma espĂŠcie de incubadora para os projetos virtuais, oferecendo qualificação e troca de experiĂŞncias para turbinar a carreira dos bloggers agenciados. A rede centraliza as negociaçþes de espaços comerciais e tambĂŠm promove a ponte entre marcas interessadas em estar nas mĂdias digitais e nos blogs que falam a lĂngua desse pĂşblico. “Ao invĂŠs de negociarem sozinhos com os anunciantes, a rede negocia em bloco, trazendo mais visibilidade comercial para os blogs. AlĂŠm disso, tambĂŠm sugerimos açþes de marketing diferentes para cada produto, assim aumentamos a lucratividade dos veĂculosâ€?, explica Armindo Ferreira, criador da rede.
Alavancada na carreira Para o jornalista CaĂque Toledo, de TaubatĂŠ, a incursĂŁo ao universo digital acabou representando a realização de um sonho. SĂŁo Paulino doente, o entĂŁo estudante universitĂĄrio resolveu criar, no fim de 2011, uma pĂĄgina no Facebook, a SPFC da DepressĂŁo, como vĂĄlvula de escape para extravasar – em alta e estritente “cornetaâ€? de arquibancada — seus arroubos eufĂłricos com as pelejas do tricolor do Morumbi.
A ideia cresceu. E os seguidores foram avolumando-se. Identificando-se com os textos pouco ortodoxos do jornalista. Da pĂĄgina do Facebook, que jĂĄ soma 14.300 curtidas, o taubateano foi parar no site da ESPN Brasil, onde atua como blogueiro setorista do SĂŁo Paulo (http://espnfc.espn.uol.com.br/ sao-paulo/spfc-da-depressao). “Na metade de 2013, eu recebi o convite do Rodrigo Borges, um dos jornalistas que admiro no jornalismo esportivo. O site estava lançando um canal com blogs de torcedores para torcedores. Por meio da pĂĄgina, eles chegaram ao meu nome. Pra mim, foi uma porta de entrada para a empresa jornalĂstica que eu sempre sonhei em trabalharâ€?, explica. “A internet estĂĄ aĂ para isso, para te dar oportunidade de mostrar seu trabalho. NinguĂŠm vai vir bater na porta te oferecendo empregoâ€?, conclui.
Hora de abandonar Mesmo com o sucesso do seu blog de moda (Blog da Manna, criado em 2011), a editora de moda Daniela Manna resolveu, no ano passado, que era hora de transformar o projeto em um site mais abrangente. A partir do blog, a produtora de conteúdo passou para o Balaio de Estilo, endereço criado em 2014. Com 4 mil visualizaçþes por dia, o endereço se transformou em uma das referências no setor e fez da editora uma empresåria da comunicação. Atualmente, Daniela trabalha com
COMO FATURAR? Blogueiros com milhares de seguidores conseguem viver exclusivamente da profissĂŁo. A presença VIP ‘deles’ em um evento de marca, muitas vezes, nĂŁo sai por menos de R$ 1.000,00
mais duas funcionĂĄrias, que ajudam a alimentar as redes sociais do “Balaioâ€? (Facebook e Instagram). De seu escritĂłrio, a ex-blogueira tambĂŠm produz conteĂşdo para sua agĂŞncia, de onde envia notĂcias de moda que abastecem sites e veĂculos especializados. A mudança de plataforma foi, para ela, uma maneira de dar um ar ainda mais profissional para seus negĂłcios. “Mudei de blog para site por duas questĂľes. A primeira ĂŠ a aceitação do mercado, mais aberto para um site do que para o formato de blog. O segundo ĂŠ a profissionalização mesmo. Nunca escrevi em primeira pessoa e, no fim das contas, nĂŁo tinha uma linguagem de blogueira. Foi a forma que encontrei de ir um pouco mais longeâ€?, finaliza.•
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NOTÍCIAS COMPORTAMENTO
Videokês ganham a cada dia mais adeptos em São José dos Campos
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É pra cantar! Amantes da vida noturna joseense encontram nos videokês um lugar para relaxar, fazer novas amizades e até encontrar um amor João Pedro Teles SÃO JOSÉ DOS CAMPOS
E
raiar durante os finais de semana. “Tem dias que a gente só consegue fechar às 7h”, comenta o proprietário, Renato Nunes. Ex-gerente industrial, Nunes abriu a casa há pouco mais de quatro anos. À época, a avenida já era − e continua sendo − o point de quem é chegado em um palco. São três videokês e ainda mais um, o Tocata, que fica nos arredores. A concorrência fez com que o proprietário fosse buscar na capital um modelo diferente do que já era oferecido em São José. “Fui atrás de alguns modelos de São Paulo porque queria dar mais protagonismo para quem fosse cantar. É preciso todo um aparato de casa de show mesmo para que Marcelo Caltabiano/Meon
lvis Presleys, Michael Jacksons, Beyoncés, Lennons e McCartneys. Pode-se ser quem quiser em cima do palco de um videokê. Microfone empunhado, a canção expurga, à plateia atenta, todo o sufoco cotidiano. Despidos da carranca social, sob o foco das luzes, os cantores de ocasião se deixam envolver por uma espécie de confraria que tudo permite. Um ambiente em que o verbo desafinar conjuga-se no tom, onde a dissonância ressoa como harmonia. E tudo termina em empolgados aplausos de cumplicidade.
É nessa atmosfera de sentimentalidades e companheirismo que centenas de joseenses escolhem passar suas noites, sejam de semana ou do fim de semana. Juízes, policiais militares, gays, gente sozinha ou em turmas. É tudo junto e misturado nos bares onde a música é o self-service em São José dos Campos. Com público cativo, que vara madrugadas até mesmo nos dias de semana, os estabelecimentos do gênero têm investido em novidades para garantir que a cantoria não pare. É o caso do Acústico, bar com capacidade para cerca de 400 pessoas e repertório de 9.600 músicas. O bar fica na avenida Andrômeda, zona sul da cidade. O local ferve até o sol
OAntonio empresário Renato Fagundes e Nuneso trouxe novidades da filho Bruno durante capital para incrementar passagem por São Joséa noite com a peçajoseense ‘Tribos’
da ão os
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as pessoas se sintam em um palco poderoso. Fizemos cinco reformas no espaço e trocamos todas as caixas de som, investindo mais de R$ 8 mil para contar com caixas profissionais”, explica orgulhoso. No bar, que abre de terça a sábado, o proprietário já sabe: basta levantar as portas que lá estão os clientes comparecendo para a abertura dos trabalhos sonoros. E, de acordo com Nunes, eles vêm em blocos diferentes. Desde os que praticamente abrem o bar, até aqueles que se estendem à balada. “Tem a primeira, a segunda e a terceira leva de clientes. A primeira abre e a terceira fecha o bar”, brinca. “É um espaço bem acolhedor, onde todo mundo tem espaço. A gente atende um grupo e depois descobre que são PMs, advogados. Já apareceram alguns juízes também. Outro pessoal que ‘bate cartão’ é o público gay. Todo mundo convive, nunca tivemos uma briga”, diz.
Deu namoro Há 12 anos, uma noite de videokê no Tocata, em São José, colocou o engenheiro Francisco Monteiro na mesma afinação da professora de dança Simone Vaz. Atualmente morando juntos, os dois demoraram para combinar o ritmo até acertarem o compasso. “A gente sempre frequentava, gostava de cantar, mas nunca calhou de nos encontrarmos. Eu tinha acabado de sair de uma relação e quem me falou sobre o Francisco foi a antiga proprietária. Mas, quando eu ia, ele nunca estava. Pois, um dia, em que inclusive a dona do bar não estava, encontrei um homem muito gentil e bonito que me chamou a atenção. Só depois de termos começado a conversar é que soube que ele era o rapaz de quem minha amiga havia comentado. Foi um início de namoro muito especial”, explica. O namoro começou, de fato, depois de alguns meses de parceria nos microfones. “É um ambiente cordial,
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Arquivo Pessoal
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Francisco Monteiro e Simone Vaz na época em que se conheceram no videokê; casal está junto há 12 anos descontraído. A gente passou a se encontrar lá toda a semana. Fomos conhecendo nossas preferências musicais ao mesmo tempo em que também nos conhecíamos melhor. Depois de uns meses em que só nos víamos no videokê é que começamos a sair para outros lugares e o namoro foi engatando”, afirma Simone, que escolheu “Chão de Giz”, de Zé Ramalho, como a música oficial do casal.
Bons tempos Quando não estava bancando o cupido, Glória Métene, a dona do bar que apresentou o casal Francisco e Simone, tratava de cuidar para que o bar se estabelecesse como um local arejado, claro e que garantisse o encontro entre pessoas interessadas na música. Panorama que, de acordo com ela, vem mudando nos últimos anos. Fundadora do Tocata no início dos anos 2000, Glória lamenta que o ambiente tenha mudado bastante desde que deixou a administração do seu estabelecimento. “Lá, o pessoal não ia para fazer zo-
eira. Era um encontro de pessoas que gostam de música, em ambiente com som e comida de primeira. Os clientes viravam nossos amigos e eu chegava a promover festas para eles no dia em que o bar estava fechado. Uma confraria de amigos mesmo. Mas não vejo muito disso hoje em dia”, lamenta.
Quintas A casa Ponto Nove, na avenida Nove de Julho, aderiu recentemente à atração. Todas as quintas-feiras, o estabelecimento conta com a Quintaokê, que utiliza os recursos de som e iluminação da balada a serviço dos cantores amadores. De acordo com o proprietário, Eduardo Pandeló, é justamente na estrutura que está o grande diferencial do projeto. “Não é um bar que oferece karaokê, mas, o contrário, um karaokê que oferece serviços de bar. Estamos apostando nesse público e, em breve, teremos mais novidades para quem gosta de cantar”, explica.•
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Sabor & Por Elaine Santos elaine.santos@meon.com.br
Chef em casa Escolha de vida: ser saudável até na cozinha
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uita gente faz planos de previdência privada para se assegurar de uma ‘melhor idade’ sem sustos. Para o advogado Michel Monteiro, essa segurança virá, mas, com saúde em dobro. Aos 34 anos, ele conta que ao entrar na casa dos 30 mudou radicalmente os hábitos alimentares e resolveu ir pra cozinha refinar o paladar e, principalmente, cuidar da saúde de forma prazerosa. “No começo, não tinha referências e até ‘brincava’ com uma certa alquimia na mistura de ingredientes e sabores. Com o tempo, fui me aprimorando, pesquisando e, hoje, o que mais faço é buscar referências em bons restaurantes e depois reproduzir em casa”, diz Monteiro. Mas, claro, que o advogado tem uma base forte de boas referências na cozinha. Na adolescência, acompanhou alguns momentos com a mãe à frente da cozinha do Frescco, um restaurante já extinto que contava com boa freguesia no coração da Vila Ema, na década de 80. “Eu ajudava minha mãe nos preparativos e isso me deu gosto pela cozinha”. Além de preparar a própria comida, evitar comer na rua e manter uma rotina de exercícios físicos, Monteiro conta que não segue um ritual sistemático com a alimentação, mas sempre que pode evita consumir produtos industrializados. “O sabor dos
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síndico do condomínio e até hoje gosto de cuidar e vejo que todos os moradores também apreciam e cuidam. O sabor e o aroma que essas ervas acrescentam às receitas são inconfundíveis. Vale muito a pena “, diz Monteiro apresentando um azeite temperado com alecrim e orégano, frescos, tirados da horta. Para a coluna Chef em Casa, Monteiro preparou um Tartar de Filé Mignon. Confira a receita!
Receita do Chef 200 gramas de filé mignon 1/2 cebola 1 colher de sopa de alcaparras 1 colher de sopa de azeite extra virgem 1 colher de sopa de mostarda Dijon 1 colher de sopa de molho inglês 1 colher de sopa de conhaque 1 gema de ovo
Fotos: Carol Tomba/Meon
alimentos in natura é diferente. Tudo o que passa pela industrialização sofre alteração no sabor. Por isso, evito ao máximo. Até o sal, por exemplo, prefiro usar o sal grosso a o refinado”, diz o advogado. No quintal de casa, ou melhor, do condomínio, a horta comunitária faz as honras do sabor in natura de forma delicada. Alecrim, manjericão, orégano, tudo na palma da mão. “Criei essa horta quando fui eleito
Modo de preparo • Pique todos os ingredientes separadamente. • Em seguida junte todos os ingredientes à carne, • Mexa e acrescente a gema do ovo • Sirva em seguida Sugestão para harmonização: vinho tinto Dolcetto D’alba.
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NOTÍCIAS CULTURA
Retrato de uma cidade: a fazenda inglesa que ‘fez’ a vez de Caraguá POR MAIS DE 40 ANOS, AS PLANÍCIES ENTRE AS SERRAS E O MAR DERAM FRUTOS AO REI GEORGE V
Fotos: Arquivo/Arino Sant’Ana de Barros
DA INGLATERRA. HOJE, QUEM COLHE É O MAIOR MUNICÍPIO DO LITORAL NORTE
Pier de escoamento da produção da fazenda dos Ingleses no rio Juqueriquerê
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Thiago Fadini CARAGUATATUBA
Fotos: Arquivo/Arino Sant Ana de Barros
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ssim que os portugueses iniciaram a colonização de toda a costa brasileira e as capitanias hereditárias foram criadas em 1534, os primeiros rastros de sociedade organizada brotaram na região de São Sebastião. No entanto, a porção terrestre ao lado ainda era um “patinho feio”. Caraguatatuba é uma extensa planície que se entrepõe entre a Serra do Mar e o Oceano Atlântico. Um vasto espaço que, com o passar dos séculos, foi chamando a atenção pela vocação ao desenvolvimento e à ocupação. Mais de cem anos depois, já sob a concessão de Sesmarias (instituto jurídico português que normatizava a distribuição de terras destinadas à produção), uma das versões da história oficial aponta que o capitão-mor Gaspar Conqueiro doou a Miguel Gonçalves Borba e a Domingos Jorge a porção localizada na bacia do rio Juqueriquerê. Ali se iniciou o povoamento da extensa planície. Há notícias ainda de que o capitão João Blau foi o responsável por “dar vida” ao local. Outro lado da história aponta o capitão-mor Manuel de Faria Dória como arquiteto inicial. O fato é que Caraguatatuba celebra seu aniversário sempre aos vinte dias de abril para se recordar de 1857, ano de sua emancipação política. Com o passar das décadas, o município foi ganhando corpo econômico sendo rota de contrabando de ouro e prata, vindos de Minas Gerais ao final do século 17. Foi destaque nas plantações de cana-de-açúcar nos séculos 18 e 19, além de ter recebido uma pequena injeção da febre do café. No entanto, as atribuições mudariam com a entrada do século 20 e uma boa parte daquela extensa planície que se colocava entre as cordilheiras marítimas e o mar abrigaria a fazenda mais importante na história do desenvolvimento de Caraguá.
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Pier de escoamento da produção da fazenda dos Ingleses no rio Juqueriquerê
Fazenda São Sebastião, usada pelos ingleses para produzir frutas de exportação para o Reino Unido
De acordo com as pesquisas feitas pela filósofa Glória Kok e publicadas no livro “Uma Fazenda Inglesa no Universo Caiçara”, a Primeira Guerra Mundial marcou o início de uma corrida externa dos países europeus por madeira para a construção de estradas de ferro, já que todo o continente sofria com o conflito. Foi aí que entrou em cena o Brasil, com seu território riquíssimo na matéria-prima. Os italianos perceberam o atrativo no mundo tupiniquim e enxergaram na área de 4.020 mil alqueires de Caraguatatuba - que englobava, além do Juqueriquerê, os rios Claro, Pirassununga e Camboriú - uma oportunidade de faturarem longe do Velho Mundo. A Empresa de Madeira J. Charvolin adquiriu a porção de terra e buscou a exploração de madeira de lei sob a
supervisão do comendador Lollini. Ainda segundo a obra de Glória Kok, cerca de 300 cidadãos portugueses moradores de São José dos Campos, no Vale do Paraíba, foram os primeiros empregados da empresa. A ideia era exportar dormentes para a própria Itália, porém, algum tempo depois de iniciada a exploração, a empresa percebeu a fragilidade da matéria encontrada na Mata Atlântica brasileira para fins de construção pesada. Com o fim do contrato de fornecimento de madeira ao governo italiano, teve início o comércio de madeira serrada para Santos e São Paulo, mas não demorou muito para que os italianos, enfim, desistissem do negócio devido à falta de mercado externo. A fazenda, então, passou de mãos pela primeira vez: a Societé Française pour I’Explora-
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Um dos prédios da antiga Fazenda dos Ingleses, hoje fazenda Serramar
tion ET Le Commerce de Bois Exotiques, pertencente ao Banque Française pour Le Brésil, tomou posse da propriedade. No entanto, o administrador do local, Albert Charles Ernest Hanciau, que veio da França para Caraguatatuba em 1920, viu que a madeira de lei disponível não seria suficiente. Por isso, foram concentrados esforços na plantação de cana-de-açúcar para a fabricação de aguardente. O negócio durou até a falência do Banque Française na metade da década de 1920. A partir daí, a firma The Lancashire General Investment Company se tornou a proprietária da área de mais de 4 mil alqueires. O terreno foi arrendado à subsidiária Companhia Brasileira de Frutas, em 28 de abril de 1927. Posteriormente, devido a modificações na legislação brasileira, as terras foram vendidas à Sociedade Anônima Frigorífico Anglo, também de propriedade da Lancashire. Ali, enfim, surgia a Fazenda São Sebastião, popularmente conhecida como Fazenda dos Ingleses, que permaneceu em funcionamento por mais de 40 anos. “A Fazenda dos Ingleses se insere na arqueologia industrial. As outras três cidades do Litoral Norte têm uma
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ocupação muito antiga. Caraguá teve uma ocupação mais recente por que os navios não conseguiam aportar. No século 20, a situação mudou e como Caraguá tinha uma área muito mais extensa para a agricultura, os ingleses acabaram se instalando e a cidade teve um desenvolvimento muito grande”, explica o arqueólogo Clayton Galdino, que ao lado de Wagner Gomes Bornal, foi um dos responsáveis pelo cadastro da área junto ao IPHAN (Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional) como sítio arqueológico em 2010.
Frutas para Sua Majestade Na primeira metade do século 20, uma lenda conta que o rei George V, da Inglaterra, foi um profundo apreciador das frutas produzidas no local. A ideia da Lancashire era plantar principalmente a banana e o grapefruit (também chamado de toranja) - cruzamento do pomelo com a laranja. Inicialmente, a banana nanica foi a escolhida para ser produzida nas planícies litorâneas, que mais tarde foi substituída pela gros michel. Dentro dos cítricos, além do grapefruit, estavam incluídas outras frutas, como a laranja valência, a pera e os pomelos. Os fun-
cionários, em grande parte brasileiros com exceção dos gerentes ingleses, se alimentavam de diversas espécies de bananas: prata, ouro, maçã, São Tomé e da Terra. Em 30 alqueires, era produzida ainda aguardente de cana. Durante dez anos, entre 1929 e1939, a Fazenda dos Ingleses produziu toneladas de frutas que semanalmente abarrotavam cargueiros da companhia inglesa de navegação Blue Star Line. Do porto de Liverpool, eram distribuídos os cachos de bananas e os cítricos, cuidadosamente embalados em papel azul, para a população da ilha britânica. Por décadas, Sua Majestade e seus súditos puderam contar com as frutas da mais alta qualidade provindas do Litoral Norte Paulista.
Organização britânica A Fazenda dos Ingleses tinha uma complexa estrutura administrativa dividida em 13 departamentos, sendo os mais importantes os da bananicultura e da citricultura. A Companhia Brasileira de Frutas investiu pesado, limpando o rio Juqueriquerê e o tornando navegável, o que facilitou o deslocamento dentro da propriedade. A empresa criou uma malha ferroviária interna que somava 120 quilômetros de extensão com 40 ramais, construídas sob a administração do engenheiro britânico Frank Robotton. No auge da colheita, a composição ferroviária utilizava 10 a 12 máquinas movidas a óleo e à gasolina, além de 200 vagões para o transporte de mercadorias destinadas aos armazéns da fazenda. O transporte interno de operários, de suas famílias e do pessoal da administração era feito por oito carrinhos de inspeção. Toda a produção era escoada para um cais particular no bairro Porto Novo, onde se fazia o transporte até o canal de São Sebastião, em frente à Ilhabela. Os produtos eram levados por uma frota de sete lanchas e rebocadores que conduziam 20 chatões (tipo de embarcação) com capacidade de 55 toneladas cada um, todos de propriedade
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da companhia de Fomento Mercantil. O núcleo agrário trouxe à cidade de Caraguá novo alento. Segundo um estudo publicado na “Enciclopédia dos Municípios – Volume VI”, editada pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística, de 1920 a 1940, a população do município subiu de 2.917 para 5.730 pessoas. “A população caiçara não tinha acesso à carne de vaca, por exemplo, então a fazenda trouxe novos produtos, como ferramentas e vestuário. Isso acabou fomentando o comércio”, conta Clayton Galdino, que também é morador do bairro Porto Novo (o nome faz referência ao píer do rio Juqueriquerê que servia para escoar a produção de banana, grapefruit e pinga). Até a Segunda Guerra Mundial, de 800 a 2.800 operários viveram na Fazenda São Sebastião ao lado das famílias. De acordo com a obra “Fazenda dos Ingleses”, de Marino Garrido, ex-funcionário da propriedade na década de 1930, estima-se que o número total de habitantes, até 1945, foi de 4 a 6 mil pessoas. Todos tinham assistência médica, farmacêutica, hospitalar e odontológica. As necessidades médicas eram frequentes devido às epidemias que poderiam surgir, como, por exemplo, a malária. “A malária aqui dava até na paina das árvores. Eu fui castigado aqui, toda minha família foi castigada aqui, de malária, pernilongo e bicho do pé. Eu cheguei a escamar os pés do meu filho por duas vezes porque era só bicho. Tirei toda a pele do pé dele, ficou em carne viva. Curei com ervas que nós chamamos de erva de Santa Maria, para que o bicho não penetrasse e sarasse aquela cicatriz por onde saía o bicho”, contou Benedito Batista Nobre, ex-morador do Porto Novo, já falecido, a José Maria Gonçalves Romeiro, membro do Centro Cultural do Litoral Norte em 1981. A entrevista está registrada no Arquivo Municipal de Caraguatatuba Arino Sant’ana de Barros. Até times de futebol (herança inglesa) começaram a se formar a partir de 1929 e campeonatos passaram a ser realizados
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entre os setores. À exceção da segregação que transparecia com as divisões hierárquicas, a vida para os funcionários da Fazenda dos Ingleses era promissora. Mas como todo e qualquer negócio, a produção agrária estava sujeita a intempéries silenciosas e estrondosas.
Corrosão da riqueza inglesa Entre 1930 e 1940, a Fazenda São Sebastião começou a sofrer com inimigos que até hoje assombram plantações de todos os portes: as pragas. E não foram poucas as que surgiram: mosaico, broca, verrugose, gomose, leprose, fumagina e tristeza. No final da década de 1930, o governo de Getúlio Vargas chegou a enviar cinzas de café queimado para ajudar as propriedades do litoral com a falta de potássio na terra. O produto era efetivo também no combate à broca. Mesmo com os esforços para acabar com as pragas, a “tristeza” praticamente dizimou a produção de cítricos da fazenda. Uma década depois, a situação piorou com o “mal de Sigatoka” que queimou uma a uma as folhas das bananeiras. Tudo foi pulverizado. As duas principais frutas que faziam parte do café da manhã da Família Real Britânica já não podiam se desenvolver em terras caiçaras. A Segunda Guerra Mundial marcou o princípio do fim da Fazenda dos Ingleses, que ficou impossibilitada de enviar sua produção agrícola para a
Inglaterra, estagnando todo o trabalho agrário até 1945. Alternativas foram procuradas: arroz, juta, menta, goiaba, abacaxi, seringueira, vetiver e cinamomo. Tudo o que se podia plantar de acordo com a necessidade inglesa foi tentado. Em 1954, o então governador de São Paulo Jânio Quadros, por meio de lei aprovada pela Assembleia Legislativa, desapropriou 1.300 alqueires da Fazenda São Sebastião para a criação do Parque Estadual da Serra do Mar, tendo uns dos núcleos em Caraguatatuba. A Fazenda São Sebastião resistiu a pragas, a uma Guerra Mundial e à desapropriação, mas não, à força do já conhecido verão brasileiro no Litoral Norte Paulista. Em 1967, as chuvas começaram a aparecer. No dia 16 de março, a água não deu trégua e fez barreiras inteiras caírem sobre a Rodovia São José dos Campos-Caraguatatuba, que mais tarde viria a ser a SP-099, a Rodovia dos Tamoios. O temporal seguiu por mais dois dias. As encostas da serra possuem tendência natural à instabilidade, estando sujeitas à ocorrência de fenômenos de movimentação de massa devido à declividade superior a 40%. O resultado foi uma das maiores catástrofes da curta história do município. No mesmo ano, em 18 de março, a Serra do Mar não suportou e uma avalanche de terra encharcada - com árvores, pedras e outros detritos -
Ex-presidente do TRT, Desembargador Flávio Cooper, é contra a terceirização
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Antiga Fazenda dos Ingleses em Caraguaratuba
Antiga Fazenda dos Ingleses em Caraguaratuba
avançou pelos morros do Cruzeiro, do Jaraguá e do Jaraguazinho até chegar a cidade soterrando tudo o que encontrava pela frente. O rio Santo Antônio transbordou, destruiu a ponte que ligava os lados leste e oeste de Caraguá e destruiu a Santa Casa. Muitos pacientes não puderam ser removidos do local a tempo. Registros constam que seriam mais de 400 mortes. O município recebeu ajuda estadual e federal para se reconstruir, mas a Fazenda São Sebastião precisaria de muito mais do que isso. De acordo com o superintende inglês H. B. Brown, citado na obra de Marino Garrido, a lama atingiu cerca de 50% da área. Ainda segundo o relatório, cerca de 500 mil libras esterlinas seriam necessárias para recuperar a fazenda, que não poderia produzir nada dentro de dois anos. Não
Fiz um inventário de pelo menos 25 casas dali que poderiam ser reaproveitadas como casa de interesse social, restaurando as casas Clayton Galdino ARQUEÓLOGO
havia como continuar. Para evitar o desemprego de quase mil famílias, a desativação ocorreu gradativamente. Todos os trabalhadores que prestavam serviços em terra foram indenizados e se estabeleceram nos bairros do Tinga, Poiares e Porto Novo. “[A empresa] Indenizou a todo mundo e aproveitou também a ocasião em que o prefeito decretou calamidade pública. Então eles indenizaram o pessoal da
Fazenda com cinqüenta por cento. Agora ‘nós’ como era parte marítima, nada tinha a ver com a Fazenda...”, lembrou o ex-funcionário e marinheiro da The Lancashire Manoel Pimenta, em entrevista à historiadora Denise Lemes, do Arquivo Público de Caraguá, em 2011. Cerca de 10 mil pessoas permaneceram em Caraguatatuba, mais ou menos dois terços da população na época. “Depois, foram mais dois anos contratando pra tirar toda essa mercadoria pra fora que foi vendida pra Santos, para o Rio [de Janeiro]. Foi vendido rebocador no Rio, foram vendidos outros pra Santos. A Companhia tinha aí oitenta quilômetros de estrada de ferro. Todos aqueles trilhos foram tirados e vendidos para fora. Nós puxamos tudo pra Santos e de lá venderam tudo”, contou Manoel Pimenta. As atividades da Fazenda dos Ingleses
Pier de escoamento da produção da fazenda dos Ingleses no rio Juqueriquerê
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A antiga Fazenda dos Ingleses tinha mais de 4 mil alqueires
foram interrompidas de vez em 1968. Posteriormente, a área foi vendida para a empresa Serveng Civilsan e a fazenda adotou o nome de Serramar. Hoje, a atividade se concentra na pecuária.
Memórias vivas Em 2005, o vereador Wilson Agnaldo Gobetti entrou com requerimento solicitando à Prefeitura de Caraguatatuba o tombamento de parte da área da Fazenda Serramar. O material pesquisado por Clayton Galdino e Wagner Bornal foi usado para compor o documento do processo, concluído em 2011. Além da preservação documental, propostas de uso social do espaço arqueológico já foram apresentadas à Fundacc (Fundação Educacional e Cultural de Caraguatatuba), que cuida das edificações que restaram do século 20, segundo Clayton. “Fiz um inventário de pelo menos 25 casas dali que poderiam ser reaproveitadas como casa de interesse social,
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restaurando as casas. As pessoas que comprassem essas casas teriam que manter as características relevantes preservadas. Alguns galpões seriam utilizados como unidades educacionais”, afirmou. Mesmo sob domínio particular, nenhuma das construções que ainda se encontram no bairro Porto Novo e na área da atual Fazenda Serramar podem sofrer alteração sem aprovação da Fundacc. Documentos da época podem ser conferidos no Arquivo Municipal da cidade. Enquanto as antigas construções não têm rumo definido, o que se preserva, de fato, na Fazenda dos Ingleses é, mais do que simplesmente um patrimônio material, mas as marcas de uma identidade no genótipo de Caraguatatuba a exemplo dos bairros Porto Novo e Tinga e do rio Juqueriquerê. A Fazenda São Sebastião, hoje Serramar, está no DNA de cada canto do município e na memória de quem viveu, se fez nela e de quem a fez.•
HOSPITAL
É muito mais viver.
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Arquitetura& Por Elaine Santos elaine.santos@meon.com.br
Fotos: Carol Tomba
BELEZA...NEM SEMPRE VISTA A OLHOS NUS O mundo corporativo em linhas exclusivamente pensadas para o conforto
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etalhes nem sempre vistos a olhos nus, mas, de precisão única que determina o bem-estar do dia a dia no corporativo. Esta é a base do conceito de trabalho da engenheira Eneida Nascimento. A joseense assina projetos em espaços corporativos tidos como ‘mitos’ no conceito nacional de importância e complexidade. Inpe, Embraer, Petrobras, Johnson & Johnson são alguns dos grandes polos empresarias onde constam a assinatura da profissional. “Para criar projetos corporativos, é necessário primeiro levar em conta a atividade que será desenvolvida no ambiente, o espaço disponível, a segurança, o investimento e os requisitos técnicos das instalações. É imprescindível que o profissional entenda como funciona a interface entre as instalações e a arquitetura, bem como seja capaz de gerenciar toda a logística da obra sem causar transtornos para o funcionamento da empresa, pois normalmente estes projetos são realizados com os locais em plena atividade. Outros fatores muito importantes no projeto são a iluminação, o conforto térmico e acústico, as saídas de emergência, a acessibilidade, a ergonomia, a sustentabilidade e o bem-estar dos funcionários”, diz Eneida.
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Uma das salas de coordenação do Inpe em São José dos Campos
Aqui, acompanhamos o projeto do prédio de material de pesquisa do Inpe (Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais). Na foto acima, o linear do corredor amplamente iluminado destaca o uso em todo o prédio do piso de porcelanato e do forro acústico, que oferecem facilidade de manutenção, conforto e ótima estética aos ambientes. O corredor único facilita o acesso e a comunicação entre as diversas áreas como coordenação, pesquisa, treinamento, elevadores, sanitários, segurança dos funcionários e visitantes, além de cumprir as normas de saída de emergência exigida pelo Corpo de Bombeiros. “Todas estas considerações são um diferencial para criação de espaços corporativos. Diferentemente dos projetos residenciais, nestes, a estética vem depois do layout funcional aprovado. Os produtos especificados na obra devem, obrigatoriamente, cumprir requisitos técnicos para sustentabilidade como economia de energia, de água, certificações de produtos, aproveitamento dos espaços, etc. Já no âmbito prático, as decisões de projeto são coletivas na empresa e o gerenciamento das atividades de obras é bem complexo.” Mesmo seguindo um padrão comum, aqui os móveis, por exemplo, seguem uma linha baseada no conforto e na ergonomia. As cores também foram estrategicamente pensadas numa linha sóbria, para que os usuários tenham bem-estar durante as horas trabalhadas. “Nas salas de coordenação, por exem-
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plo, o mobiliário foi pensado de modo que o coordenador tivesse seu posto de trabalho privativo e uma mesa de reuniões para receber os alunos de pesquisa e professores do departamento. As linhas curvas e as tonalidades de madeira deram elegância, aconchego e sofisticação aos ambientes”, diz. De acordo com a engenheira, um projeto corporativo de sucesso leva em conta a identidade e a vocação do espaço para a decoração. “No caso do Laboratório Pré-Biomédicas do Instituto Juarez Vanderley da Embraer (foto acima), estávamos projetando ambientes de escola para adolescentes. Então, além de atender vários requisitos técnicos de instalações e um detalhado projeto de armários, priorizamos o uso da iluminação natural e de cores alegres nas paredes e cadeiras, dando um toque divertido aos espaços. Outro destaque do projeto foi o uso de piso industrial tipo granilite e do corian branco para todas as bancadas, materiais usualmente aplicados nos ambientes hospitalares de alta tecnologia”, explica Eneida.
Dica da engenheira Uma dica direta para o empresário que está pensando em construir ou reformar uma fábrica, comércio ou escritório é estar atento à contratação de um projeto completo, de todas as disciplinas e do seu gerenciamento por um profissional especializado. Outra importante consideração é da qualidade do prédio para os funcionários. Ao conciliarmos produtividade e qualidade de vida das pessoas, os ambientes corporativos devem considerar os espaços de descompressão e serviços, arquitetura atemporal, valorização da decoração e da comunicação visual. Isso faz com que o produto ou serviço sejam diferenciados. O ótimo projeto corporativo é aquele que transmite os valores da empresa aos seus funcionários e clientes, o seu DNA, o porquê da sua existência!•
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Social& Por Elaine Santos elaine.santos@meon.com.br
Ousadia e arte A produtora de moda e blogueira, Bruna Tau, causa fortes impressões ao posar nua para o olhar bucólico da fotógrafa Denise Hellena. O trabalho é para um blog masculino e deve ser publicado até o próximo mês, mas antes, claro, já está na coluna da Metrópole Magazine.
Modelo e fotógrafa são de São José dos Campos e têm em comum a irreverência e ousadia na arte. “Nunca tive problema com nudez e esse convite foi interessante, principalmente por se tratar de uma amiga talentosa como a Denise. Com seu olhar delicado e feminino, a nudez vira arte!”, diz Bruna.
A ‘nova’ economia brasileira chega ao glamour de Campos do Jordão! décad com o shopping sazonal Depois de duas décadas te Market Plaza abrindo a temporada de inverno de D Campos do Jordão, João Dória Jr. resolveu inaugurar, feri como de costume, no feriado de Corpus Christi, mas ncion não permanecerá funcionando nos próximos finais de Marke Plaza volta à ativa só em semana do mês. O Market assesso esse é o resultado de julho. Segundo a assessoria,
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uma pesquisa de mercado que apontou não ‘valer a pena’ investir nos finais de semana de junho. Outro grande diferencial deste ano no investimento do Grupo Dória é a presença de uma rede de loja de departamento popular. A Riachuelo estará presente neste ano, em uma versão boutique, mas, ainda assim, popular. Reflexos da ‘nova’ economia brasileira.
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O colorido de Eras conquistando Tio Sam Toda a irreverência e o colorido de Gislaine Eras estão de malas prontas para os EUA. Depois de ter conquistado o público europeu, com mais de 20 telas espalhadas pela França, Gislaine agora invade as galerias de Miami. “Embarco já na primeira quinzena de julho e fixo residência na Carolina do Norte, mas é em Miami que minhas obras serão expostas em galerias. Tenho grandes e boas expectativas para as telas e principalmente para as caveiras em material sintético que conquistaram o público europeu”, diz. Vale lembrar que a artista plástica irá manter parte do acervo em galerias de artes de São José dos Campos e Campos do Jordão.
O clássico aliado ao fitness A bailarina Déborah Valério ganha destaque nacional com a nova técnica Ballet Barre, desenvolvida por ela e profissionais convidados, como: fisioterapeutas e instrutores de pilates − todos joseenses. A técnica foi aprimorada após estudos em Nova York. A bailarina uniu a dança ao fitness e o resultado tem conquistado cada vez mais adeptos à modalidade. “Os métodos de aulas em barra utilizam movimentos curtos, controlados e isométricos. Ou seja, não é uma modalidade exclusiva de bailarinos! Os resultados são visí-
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veis em tempo recorde e de fácil manutenção”. De acordo com a bailarina, a modalidade pode ser feita por qualquer pessoa, até mesmo por quem nunca praticou ballet. O próximo passo agora é licenciar novos instrutores em todo o país para dissipar a modalidade. “Por ser uma modalidade fitness, não exige a dança como pré-requisito. Os próximos passos do Ballet Barre, agora registrado, são, a partir de agosto, licenciar novas instrutoras pelo país afora!”, comemora Déborah Valério.
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Crônicas & Poesia SAUDADES Por Casimiro de Abreu
Nas horas mortas da noite Como é doce o meditar Quando as estrelas cintilam Nas ondas quietas do mar; Quando a lua majestosa Surgindo linda e formosa, Como donzela vaidosa Nas águas se vai mirar! Nessas horas de silêncio, De tristezas e de amor, Eu gosto de ouvir ao longe, Cheio de mágoa e de dor, O sino do campanário Que fala tão solitário Com esse som mortuário Que nos enche de pavor. Então - proscrito e sozinho Eu solto os ecos da serra Suspiros dessa saudade Que no meu peito se encerra Esses prantos de amargores São prantos cheios de dores: - Saudades - dos meus amores, - Saudades da minha terra
Extraído do livro “As Primaveras”, São Paulo: Livraria Editora Martins S/A co-edição Instituto Nacional do Livro, 1972.
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PRA SABER O QUE ACONTECE EM SÃO JOSÉ, VÁ ATÉ A CÂMARA. OU TRAGA A CÂMARA ATÉ VOCÊ. Acompanhe as sessões da Câmara Municipal, toda terça e quinta, a partir das 17h30, na Rua Desembargador Francisco Murilo Pinto, 33 – Vila Santa Luzia. Você também pode saber tudo o que acontece, ao vivo, sintonizando a TV Câmara nos canais 7 digital ou 29 analógico da NET. Ou do seu computador, tablet ou smartphone, acessando o site da Câmara: www.camarasjc.sp.gov.br .
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