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A paternidade e a pandemia

Cada vez mais o conceito de paternidade vem sendo repensado e redefinido. Em tempos de pandemia, os pais estão se mostrando presentes e enfrentaram grandes desafios

Por Yêda Nunes e Larissa Faria

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A pandemia do novo coronavírus impôs a muitas famílias uma convivência de 24 horas que antes não existia. Com a quarentena, mães e pais tiveram a oportunidade de dividir responsabilidades de forma igualitária e participar ativamente da rotina de seus filhos. A mudança do cotidiano e hábitos diários foi difícil para todos os membros da família, mas essa mudança se torna muito mais fácil quando compartilhada. Confira alguns relatos de pais participativos na pandemia:

Otávio Leal @paivemca

Otávio mora em Salvador, é pai de Maria Flor e autor do projeto Pai, Vem Cá. @paivemca, é advogado e escritor.

“Gostaria de destacar a relação de Flor com a escola. 2020 foi um ano difícil, mas que gerou muito aprendizado e concluímos com um saldo positivo. Os professores merecem nossos aplausos. Eles buscaram meios de ensinar, e minha filha conseguiu ser alfabetizada com excelência pelas aulas remotas. Outro grande desafio foi trabalhar em casa, e mesmo com o trabalho reduzido eu tive que dar conta do home office e dos cuidados com Flor. Criamos Flor em guarda compartilhada e na semana em que ela estava comigo quase eu não conseguia trabalhar, pois queria dar total atenção para ela. Inventamos várias brincadeiras, o repertório ia esgotando e acabávamos repetindo as atividades. Mas essa agonia de inventar coisas para distrair as crianças é mais uma agonia nossa, dos adultos, do que das próprias crianças. Posso finalizar dizendo que o diálogo foi um grande aliado nesse momento conturbado. Eu e minha filha conversamos, tivemos momentos lúdicos e também choramos juntos. A pandemia trouxe grandes aprendizados e tenho certeza de que sairemos desse caos vitoriosos e com novas ideias sobre o amor e fraternidade.”

Site: paivemca.com.br

Esdras Messias @paipresente.oficial

Esdras mora em Brasília, é pai de Isaque e padrinho da Ana Júlia, é jornalista e pós-graduado em terapia familiar

“A pandemia do novo coronavírus fez muitas famílias se reinventarem, se redescobrirem e, por que não se conhecerem mais? Aqui em casa senti que exigiu de mim mais esforço mesmo acreditando estar presente no cotidiano, mas na rotina percebi que precisava me doar ainda mais. As atividades escolares, a ausência dos colegas de turma e a compreensão dos sentimentos foi tudo mais intenso aliado ao TDAH. Tivemos um grande apoio da escola e o tempo todo conversamos com o professor e a coordenação para que o ensino não ficasse muito prejudicado. Deu certo no final. Chegou um momento em que precisei dar uma pausa nas redes sociais para concentrar uma maior atenção na relação familiar, e isso foi ótimo. Às vezes essa pausa é fundamental para buscar o equilíbrio e não sobrecarregar ninguém. Estamos sobrevivendo e saindo mais fortes do que entramos.”

João Paulo Simplício @borapai

Mora em Camaçari, na Bahia, é pai de João Vicente e autor do canal no YouTube canalborapaioficial

“Nunca imaginávamos que duas semanas se transformariam em meses. Foram muitos desafios. Eu e Mile com o nosso home office e João Vicente com as aulas virtuais. Mesmo com a parceria que tínhamos em casa tivemos que lidar com tantas demandas. Costumo dizer que as crianças foram as principais prejudicadas com a pandemia mesmo com a presença dos pais em casa. E para organizar a nossa rotina fizemos uma tabela com horários das atividades do João, estabelecemos nossos momentos de qualidade com ele, criamos um cantinho de estudos ao lado da nossa ‘estação de trabalho’ e fui em busca de diversas atividades e brincadeiras que poderíamos fazer juntos. Criamos uma cápsula do tempo; construímos uma maquete da cidade que nomeamos como Donislândia; fizemos cama de gato no corredor; infinitos papéis de desenho, pintura e origami; dancinhas explorando o famoso aplicativo Tiktok; construímos nossa própria espada de sabre de luz Star Wars com espaguete de piscina; inventamos o aniversário de 2 anos do Tomas, nosso cachorrinho; e muito mais. Devo dizer que, aos poucos, fomos procurando o equilíbrio necessário para dar conta de tanta coisa e tivemos de fazer algumas adaptações e até algumas concessões, sempre com o objetivo de cuidar da saúde mental de cada um aqui em casa.’”

Diego Fraguas @sejogapapai

Diego mora no Rio de Janeiro, é pai de Vicente e autor do projeto Se Joga, Papai!

“Enfrentar os últimos meses foi difícil. Precisei continuar frequentando a empresa onde trabalho, lidando com o turbilhão de sentimentos e o medo de estar exposto em meio a uma pandemia. Durante todo esse tempo a minha principal angústia era ser a porta de entrada para o contágio da minha esposa e do meu filho que estavam resguardados em casa. No entanto, tentei não transmitir isso a eles, que já estavam tão afetados pela situação. Na tentativa de aliviar as sobrecargas, busquei fazer o máximo que pude as tarefas domésticas. Afinal, minha esposa, além de cuidar de um bebê de dois 2 anos, ainda tinha que dar conta do seu trabalho home office. Quanto ao meu filho, procurei junto dele fazer do nosso pequeno apartamento um grande parque de diversões. A garrafa de água com arroz virou um chocalho, a caixa de ovo pintada de várias cores, os cotonetes se transformaram em um acerte as cores e as músicas ganharam coreografias engraçadas, entre outros. Acredito que 2020 ficará marcado na história de cada pessoa que verdadeiramente entendeu a dimensão dos fatos. Tive que aprender a olhar mais para mim mesmo e também enxergar de forma mais profunda as pessoas ao meu redor.”

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