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PSIQUIATRIA NUTRICIONAL: o seu c\u00E9rebro e a comida

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OBESIDADE

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Este artigo é uma tradução da publicação original do Harvard Health Blog, pela Dra Eva Selhub, médica, palestrante e consultora internacionalmente reconhecida nas áreas de estresse, resiliência, medicina mente-corpo e trabalho com o ambiente natural para alcançar o máximo de saúde e bem-estar. O campo da psiquiatria nutricional é relativamente novo, no entanto, existem dados observacionais entre países, culturas e grupos etários sobre a associação da qualidade da dieta e a saúde mental - depressão em particular.

Pense nisso. Seu cérebro está sempre “ligado”. Ele cuida de seus pensamentos e movimentos, sua respiração e batimentos cardíacos, seus sentidos - trabalha duro 24 horas por dia, mesmo quando você está dormindo. Isso significa que seu cérebro requer um suprimento constante de combustível.

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Esse "combustível" vem dos alimentos que você come - e o que está nesse combustível faz toda a diferença. Simplificando, o que você come afeta diretamente a estrutura e função do cérebro e, em última análise, o seu humor.

Como um carro caro, seu cérebro funciona melhor quando recebe apenas combustível premium.

Comer alimentos de alta qualidade que contêm muitas vitaminas, minerais e antioxidantes nutre o cérebro e o protege do estresse oxidativo - o “resíduo” (radicais livres) produzido quando o corpo usa oxigênio, o que pode danificar as células.

Infelizmente, assim como um carro caro, seu cérebro pode ser danificado se você ingerir algo que não seja combustível premium.

Se substâncias de combustível “baixo-prêmio” (como o que você obtém de alimentos processados ou refinados) chegam ao cérebro, ele terá pouca habilidade para se livrar delas.

Dietas ricas em açúcares refinados, por exemplo, são prejudiciais ao cérebro. Além de piorar a regulação da insulina pelo seu corpo, eles também promovem a inflamação e o estresse oxidativo.

Múltiplos estudos descobriram uma correlação entre uma dieta rica em açúcar refinado e função cerebral prejudicada - e até um agravamento dos sintomas de transtornos do humor, como a depressão.

Faz sentido. Se seu cérebro é privado de uma nutrição de boa qualidade, ou se radicais livres ou células inflamatórias prejudiciais estão circulando dentro do espaço fechado do cérebro, contribuindo ainda mais para a lesão do tecido cerebral, conseqüências são esperadas.

O interessante é que, por muitos anos, a área médica não reconheceu totalmente a conexão entre humor e comida.

Hoje, felizmente, o florescente campo da psiquiatria nutricional está descobrindo que existem muitas consequências e correlações entre o que você come, como se sente, como se comporta e os tipos de bactérias que vivem em seu intestino.

Como os alimentos que você come afetam como você se sente?

A serotonina é um neurotransmissor que ajuda a regular o sono e o apetite, mediando o humor e inibindo a dor.

Como cerca de 95% de sua serotonina é produzida no trato gastrointestinal, e ele é revestido com cem milhões de células nervosas, ou neurônios, faz sentido que o funcionamento interno de seu sistema digestivo não apenas o ajude a digerir alimentos, mas também guie suas emoções.

Além disso, a função desses neurônios - e a produção de neurotransmissores como a serotonina - é altamente influenciada pelos bilhões de bactérias “boas” que compõem seu microbioma intestinal.

Estas bactérias desempenham um papel essencial na sua saúde. Elas protegem o revestimento de seus intestinos e garantem que eles forneçam forte barreira contra toxinas e bactérias “ruins”, limitam a inflamação, melhoram o quão bem você absorve nutrientes da comida e ativam vias neurais que viajam diretamente entre o intestino e o cérebro.

Estudos têm mostrado que quando as pessoas tomam suplementos probióticos, seus níveis de ansiedade, percepção de estresse e visão mental melhoram, em comparação com pessoas que não tomam.

Outros estudos comparam dietas “tradicionais”, como a dieta mediterrânea e a tradicional dieta japonesa, a uma típica dieta “ocidental”, mostrando que o risco de depressão é 25% a 35% mais baixo naqueles que comem uma dieta tradicional.

Os cientistas trazem à luz essa diferença.

As dietas tradicionais tendem a ser ricas em vegetais, frutas, grãos não-processados, peixes e frutos do mar, e contêm apenas quantidades modestas de carnes magras e laticínios. Elas também estão isentas de alimentos e açúcares processados e refinados, que são básicos do padrão alimentar “ocidental”.

Muitos desses alimentos não processados são fermentados e, portanto, agem como probióticos naturais.

A fermentação usa bactérias e leveduras para converter açúcar em alimentos, em dióxido de carbono, álcool e ácido lático. É usada para proteger os alimentos de estragar e pode adicionar um sabor agradável e textura.

Isso pode soar implausível para você, mas a noção de que boas bactérias não apenas influenciam o que seu intestino digere e absorve, mas também afetam o grau de inflamação em todo o corpo, bem como seu humor e nível de energia, está ganhando força entre os pesquisadores.

Os resultados até agora foram bastante surpreendentes.

O que isso significa para você?

Comece a prestar atenção em como comer diferentes alimentos faz com que você se sinta, não apenas no momento, mas no dia seguinte.

Tente comer uma dieta “limpa” por duas a três semanas - isso significa cortar todos os alimentos processados e açúcar.

Você também pode tentar ficar sem leite. E algumas pessoas até se sentem melhor quando suas dietas são livres de grãos.

Perceba como você se sente. E depois, reintroduza lentamente esses alimentos à sua dieta, um por um, e observe-se.

Quando meus pacientes “ficam limpos”, eles se sentem melhor fisica e emocionalmente, e quando reintroduzem os alimentos que são conhecidos por ativar a inflamação, sente-se piores.

Abra-se para o novo. Se dê uma chance.

Links sugeridos:

http://ajcn.nutrition.org/content/99/1/181.long http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/23720230 http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pmc/articles/PMC4167107

V I V A B E M . C E N T E R

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