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ANO 10 - Nº 60 - JULHO / AGOSTO 2015
cutânea com invasão de articulação em equino • Uso de Fármacos Neurolíticos em equídeos de tração carroceiros: procedimento ilícito ou promoção de bem-estar animal? • Eficácia do uso de solução injetável arseniacal orgânica associada à sais de ferro em equinos atletas • Proposta de Protocolo para avaliação e monitoramento de feridas cutâneas em equinos
SUMÁRIO
ANO 10 - Nº 60 - JULHO / AGOSTO 2015
Uso de Fármacos Neurolíticos em equídeos de tração carroceiros: procedimento ilícito ou promoção de bem-estar animal? (Página 4) Pitiose cutânea com invasão de articulação em equino (Página 10) Eficácia do uso de solução injetável arseniacal orgânica associada à sais de ferro em equinos atletas (Página 16) FOTO CAPA: Arquivo pessoal dos autores FOTO DESTAQUE: Arquivo pessoal dos autores
Proposta de Protocolo para avaliação e monitoramento de feridas cutâneas em equinos (Página 22)
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Agronegócio: O mercado de medicamentos veterinários para equinos (Página 34) Você Sabia?: Conhecendo a Fíbula (Página 38)
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Por Dentro da Boca: Cáries infundibulares (Página 40)
www.passoapasso.org.br
Na Ponta dos Cascos: Balanceamento conformacional - Parte 1 (Página 46)
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NORMAS PARA PUBLICAÇÃO DE ARTIGOS NA REVISTA BRASILEIRA DE MEDICINA EQUINA 1. REVISTA BRASILEIRA DE MEDICINA EQUINA (ISSN 1809-2063) - publica artigos Científicos, Revisões Bibliográficas, Relatos de Casos e/ou Procedimentos e Comunicações Curtas, referentes à área de Equinocultura e Medicina de Equídeos, que deverão ser destinados com exclusividade. 2. Os artigos Científicos, Revisões, Relatos e Comunicações curtas devem ser encaminhados via eletrônica para o e-mail: (revista.equina@gmail.com) e editados em idioma Português. Todas as linhas deverão ser numeradas e paginadas no lado inferior direito. O trabalho deverá ser digitado em tamanho A4 (21,0 x 29,0 cm) com, no máximo, 25 linhas por página em espaço duplo, com margens superior, inferior, esquerda e direita em 2,5 cm, fonte Times New Roman, corpo 12. O máximo de páginas será 15 para artigo científico, 25 para revisão bibliográfica, 15 para relatos de caso e 10 para comunicações curtas, não incluindo tabelas, gráficos e figuras. Figuras, gráficos e tabelas devem ser disponibilizados ao final do texto, sendo que não poderão ultrapassar as margens e nem estar com apresentação paisagem. 3. O artigo Científico deverá conter os seguintes tópicos: Título, Resumo e Unitermos (em Português, Inglês e Espanhol); Introdução; Material e Métodos; Resultados e Discussão; Conclusão e Referências. Agradecimento e Apresentação; Fontes de Aquisição; Informe Verbal; Comitê de Ética e Biossegurança devem aparecer antes das Referências. Pesquisa envolvendo seres humanos e animais obrigatoriamente devem apresentar parecer de aprovação de um comitê de ética institucional já na submissão (Modelo .doc, .pdf). 4. A Revisão Bibliográfica deverá conter os seguintes tópicos: Título, Resumo e Unitermos (em Português, Inglês e Espanhol); Introdução; Desenvolvimento (pode ser dividido em sub-títulos conforme necessidade e avaliação editorial); Conclusão ou Considerações Finais; e Referências. Agradecimento e Apresentação; Fontes de Aquisição e Informe Verbal devem aparecer antes das Referências. 5. O Relato de Caso e/ou Procedimento deverá conter os seguintes tópicos: Título, Resumo e Unitermos (em Português, Inglês e Espanhol); Introdução; Relato de Caso ou Relato de Procedimento; Discussão (que pode ser unida a conclusão); Conclusão e Referências. Agradecimento e Apresentação; Fontes de Aquisição e Informe Verbal devem aparecer antes das Referências.
6. A comunicação curta deverá conter os seguintes tópicos: Título, Resumo e Unitermos (em Português, Inglês e Espanhol); Texto (sem subdivisão, porém com introdução; metodologia; resultados e discussão e conclusão; podendo conter tabelas ou figuras); Referências. Agradecimento e Apresentação; Fontes de Aquisição e Informe Verbal; Comitê de Ética e Biossegurança devem aparecer antes das referências. Pesquisa envolvendo seres humanos e animais obrigatoriamente devem apresentar parecer de aprovação de um comitê de ética institucional já na submissão. (Modelo .doc, .pdf). 7. As citações dos autores, no texto, deverão ser feitas no sistema numérico e sobrescritos, como descrito no item 6.2. da ABNR 10520, conforme exemplo: “As doenças da úvea são as enfermidades mais diagnosticadas nessa espécie, com prevalência de até 50%15”. “Segundo Reichmann et al.15 (2008), as doenças da úvea são as enfermidades mais diagnosticadas nessa espécie, com prevalência de até 50%”. No texto pode citar-se até 2 autores, se mais, utilizar “et al.” Exemplo: Thomassian e Alves (2010). Neste sistema, a indicação da fonte é feita por uma numeração única e consecutiva, em algarismos arábicos, remetendo à lista de referências ao final do artigo, na mesma ordem em que aparecem no texto. Não se inicia a numeração das citações a cada página. As citações de diversos documentos de um mesmo autor, publicados num mesmo ano, são distinguidas pelo acréscimo de letras minúsculas, em ordem alfabética, após a data e sem espacejamento, conforme a lista de Referências. Exemplo: De acordo com Silva11 (2011a). 8. As Referências deverão ser efetuadas no estilo ABNT (NBR 6023/ 2002) conforme normas próprias da revista. 8.1. Citação de livro: AUER, J.A.; STICK, J.A. Equine Surgery. Philadelphia: W.B. Saunders,1999, 2.ed., 937p. TOKARNIA, C.H. et al. (Mais de dois autores) Plantas tóxicas da Amazônia a bovinos e outros herbívoros. Manaus: INPA, 1979, 95p. 8.2. Capítulo de livro com autoria: GORBAMAN, A. A comparative pathology of thyroid. In: HAZARD, J.B.; SMITH, D.E. The thyroid. Baltimore: Williams & Wilkins, 1964, cap.2, p.32-48. 8.3. Capítulo de livro sem autoria: COCHRAN, W.C. The estimation of sample size. In: ______. Sampling techniques. 3.ed., New York: John Willey, 1977, cap.4, p.72-90. 8.4. Artigo completo: PHILLIPS, A.W.; COURTENAY, J.S.; RUSTON,
R.D.H. et al. Plasmapheresis of horses by extracorporal circulation of blood. Research Veterinary Science, v.16, n.1, p.35-39, 1974. 8.5. Resumos: FONSECA, F.A.; GODOY, R.F.; XIMENES, F.H.B. et al. Pleuropneumonia em equino por passagem de sonda nasogástrica por via errática. Anais XI Conf. Anual Abraveq, Revista Brasileira de Medicina Equina, Supl., v.29, p.243-44, 2010. 8.6. Tese, dissertação: ESCODRO, P.B. Avaliação da eficácia e segurança clínica de uma formulação neurolítica injetável para uso perineural em equinos. 2011. 147f. Tese (doutorado) - Instituto de Química e Biotecnologia. Universidade Federal de Alagoas. ALVES, A.L.G. Avaliação clínica, ultrassonográfica, macroscópica e histológica do ligamento acessório do músculo flexor digital profundo (ligamento carpiano inferior) pós-desmotomia experimental em equinos. 1994. 86 f. Dissertação (Mestrado) - Faculdade de Medicina Veterinária e Zootecnia. Universidade Estadual Paulista. 8.7. Boletim: ROGIK, F.A. Indústria da lactose. São Paulo: Departamento de Produção Animal, 1942. 20p. (Boletim Técnico, 20). 8.8. Informação verbal: Identificada no próprio texto logo após a informação, através da expressão entre parênteses. Exemplo: ...são achados descritos por Vieira (1991 - Informe verbal). Ao final do texto, antes das Referências Bibliográficas, citar o endereço completo do autor (incluir e-mail), e/ou local, evento, data e tipo de apresentação na qual foi emitida a informação. 8.9. Documentos eletrônicos: MATERA, J.M. Afecções cirúrgicas da coluna vertebral: análise sobre as possibilidades do tratamento cirúrgico. São Paulo: Departamento de Cirurgia, FMVZ-USP, 1997, 1 CD. GRIFON, D.M. Artroscopic diagnosis of elbow displasia. In: WORLD SMALL ANIMAL VETERINARY CONGRESS, 31., 2006, Prague, Czech Republic. Proceedings… Prague: WSAVA, 2006, p.630-636. Acessado em 12 fev. 2007. Online. Disponível em: http://www.ivis.org/ proceedings/wsava/2006/lecture22/Griffon1.pdf?LA=1. 9. Os conceitos e afirmações contidos nos artigos serão de inteira responsabilidade do(s) autor(es). 10. Os artigos serão publicados em ordem de aprovação. 11. Os artigos não aprovados serão arquivados havendo, no entanto, o encaminhamento de uma justificativa pelo indeferimento. 12. Em caso de dúvida, consultar os volumes já publicados antes de dirigir-se à Comissão Editorial.
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EDITORIAL
É preciso valorar e valorizar os Equídeos Novos números do Complexo do Agronegócio do Cavalo têm sido divulgados, especialmente a revisão realizada a pedido da Câmara de Equideocultura do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento. O valor da movimentação financeira divulgada em 2006, R$ 7,5 bilhões, foi ultrapassado, e muito, pela nova estimativa do PIB do complexo, avaliado em mais de R$ 16 bilhões. Apesar da relevância econômica dos equídeos, ainda falta coordenação dos diversos agentes ligados ao Complexo para maior divulgação da realidade. Ainda prevalece a imagem de atividade restrita a poucos ricos que tem o cavalo como hobby. As pessoas, de modo geral, ainda desconhecem a importância do seguimento, sua força econômica e importância social, com centenas de milhares de empregos diretos e milhões de indiretos. E este desconhecimento gera distorções políticas nas mais diversas áreas. Tributos são cobrados em alíquotas superiores aos de bens e serviços ligados aos demais animais de produção. Crédito tem o acesso mais restrito. Isto quando se fala em equinos. Se a análise se estender a todos equídeos, observa-se que a desinformação é maior ainda quando ligada a muares e asininos. Por exemplo, o IBGE deixou de apurar o efetivo (número de animais) de muares e asininos no Brasil. No levantamento "Produção da Pecuária Municipal - 2013", do IBGE, consta a seguinte observação: "Cabe destacar que, a partir desta edição, a pesquisa passou a investigar, além do total de suínos, os efetivos de matrizes da espécie, e deixou de pesquisar os efetivos de asininos, coelhos e muares, em virtude, neste último caso, da reduzida importância econômica de tais rebanhos no conjunto da pecuária." (grifo nosso) Urge maior divulgação do trabalhos realizados, transparência e esclarecimentos para toda sociedade, sob risco de termos cada vez menos informações (como as estatísticas do IBGE) e apoio político e creditício. É hora de reafirmarmos a importância científica, econômica e social dos equídeos. Roberto Arruda de Souza Lima Professor da ESALQ/USP raslima@usp.br www.arruda.pro.br
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“Use of neurolytic drugs in traction wagon horses: illicit procedure or promotion of animal welfare?” “El uso de drogas neurolíticas en caballos de tracción carretilleros: procedimiento ilegal o promoción de bienestar animal?”
Uso de
ARQUIVO PESSOAL DO AUTOR
em equídeos de tração carroceiros: procedimento ilícito ou promoção de bem-estar animal? Figura 1: Poucos carroceiros cuidam dos cascos dos animais, o que predispõe às síndromes degenerativas crônicas .............................................
Pierre Barnabé Escodro* (pierre.escodro@vicosa.ufal.br) Prof. Adj. de Clínica Médica de Equídeos e Clínica Cirúrgica Veterinária - Univ. Federal de Alagoas (UFAL); Líder do Grupo de Pesquisa e Extensão em Equídeos-UFAL Thiago Jhonatha F. Silva Médico Veterinário e exbolsista PIBITI-CNPq-UFAL Tobyas Maia de A. Mariz Prof. Adj. Equinocultura do Curso de Zootecnia-Campus Arapiraca - UFAL Fillipe Rafael Tenório Gaia Farmacêutico TEC-ANIMAL Empresa pré-incubada UFAL Camilla de Almeida Toledo Aluna de Graduação em Medicina Veterinária, bolsista projeto de Extensão Carroceiro Vet Legal - UFAL Juliana de Oliveira Bernardo M.V., mestranda Depto. de Cirurgia e Anestesiologia Veterinária FMVZ-UNESP, ex-bolsista PIBITI-CNPq-UFAL * Autor para correspondência
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RESUMO: Nas grandes cidades, a utilização do equídeo na tração de carroças para recolhimento de lixo e entulhos tem aumentado, sendo os animais considerados como ferramentas de trabalho, cuja saúde e longevidade devem ser observadas. Essa realidade confronta com os princípios bioéticos, de bem-estar e direito animal, desrespeitando as cinco liberdades. O objetivo deste artigo é conscientizar o leitor sobre a importância das claudicações e a consequente interferência causada na esfera física e comportamental dos equídeos carroceiros, elucidando sobre as técnicas de neurólise química para as síndromes degenerativas crônicas desses animais, as discutindo com foco na bioética e bem-estar animal. Conclui-se que o uso criterioso de neurolíticos não é o procedimento ideal para os equídeos carroceiros com afecções degenerativas crônicas, que deveriam aposentar-se da atividade de tração, mas também não deve ser visto como procedimento ilícito, mas sim como forma imediata e indireta de promover bemestar animal para esses animais que sofrem muito com as claudicações e a dor crônica. Unitermos: equinos, neurólise química, bem-estar animal ABSTRACT: In big cities, the use of the animal traction in carts for recollection of garbage and debris has increased, and the animals considered as work tools, whose health and longevity must be observed. This reality is confronted with the bioethical principles, the animal welfare and animal law, disrespecting the five freedoms. The aim of this article is realize the reader about the importance of lameness and the consequent interference caused in physics and behavioral spheres of the cart equids, elucidating on the techniques of chemical neurolysis for degenerative syndromes chronicles of these animals, the discussing with a focus on ethics and animal welfare. It is concluded that the judicious use of neurolytic is not the ideal procedure to the cart equids with chronics degenerative affections, who should retire from the activity of traction, but also should not be seen as illegal procedure, but as immediate and indirect to promote animal welfare for those animals that are suffering a lot with the lameness and chronic pain. Keywords: equine, chemical neurolysis, animal welfare RESUMEN: En las grandes ciudades, el uso de la de caballos carretilleros para la recolección de basura y escombros se ha incrementado, y los animales que sirven como herramientas de trabajo, cuya salud y la longevidad se deben observar. Esta realidad se enfrenta a los principios bioéticos, bienestar o derechos de los animales, sin tener en cuenta las cinco libertades. El propósito de este artículo es el de educar al lector sobre la importancia de la cojera y la interferencia consecuente causado esfera física y conductual de los caballos, la aclaración de las técnicas neurolisis química para síndromes degenerativos crónicos, con el argumento se centra en la bioética y así bienestar animal. Llegamos a la conclusión de que el uso juicioso de neurolítico no es el procedimiento ideal para los caballos carretilleros con enfermedades crónico-degenerativas, que deben retirarse actividad empate, pero no debe ser visto como un procedimiento ilegal, pero a medida inmediata e indirectamente promover el bienestar animal para estos animales sufren mucho con cojera y dolor crónico. Palabras clave: equinos, neurólisis química, bienestar animal
o leitor sobre a importância das claudicações e a consequente interferência causada na esfera física e comportamental dos equídeos carroceiros, elucidando sobre as técnicas de neurólise química para as síndromes degenerativas crônicas desses animais, as discutindo com foco na bioética e bemestar animal. A importância da dor associada à claudicação em equídeos Considerando-se a casuística de claudicações em equinos em relação à localização torácica ou pélvica, independentemente do esporte ou atividade, vários autores concordam que a maioria delas (cerca de 80%) envolve os membros torácicos ou anteriores, sendo que mais da metade são distais ao carpo, nas quais as regiões relacionadas ao casco estão direta ou indiretamente envolvidas12,17. Vários fatores estão relacionados a esta realidade, entre eles: 60 a 65% do peso dos equinos estão nos membros torácicos, atividade de esforço repetitiva, casqueamento incorreto, treinamento inadequado, pouca aptidão física, fatores genéticos, entre outros17. Muitas afecções causadoras de dor que acometem o aparelho locomotor de equinos tornam-se crônicas, desenvolvendo síndromes degenerativas, que nesse momento, interferem diretamente, além de na esfera física, também na comportamental do bemestar animal. Essa realidade tem estimulado a pesquisa de terapias celulares, técnicas de analgesia e controle da dor na espécie, porém quase nada é feito em prol dos equídeos carroceiros. Muitas vezes, sequer
conscientizações e capacitações sobre casqueamento e ferrageamento são oferecidas aos condutores, como os realizados pelo Projeto Carroceiro Vet Legal da Universidade Federal de Alagoas (Figura 2). As terapias analgésicas são amplamente utilizadas em equinos de esporte, principalmente com os objetivos de manter os animais na carreira esportiva ou função desempenhada, realização de exames ou procedimentos clínico-cirúrgicos, melhorar o prognóstico clínico e cirúrgico em relação à determinada afecção e proporcionar melhor qualidade de vida (bem-estar animal)4,5. Para o controle da dor, diversas terapias são indicadas, entre elas: corticosteroides, anti-inflamatórios não esteroidais (A.I.N.E), α-2 agonistas e opioides. Porém estes tratamentos normalmente são eficazes em dores agudas, ou seja, dores apresentadas como sinal clínico de uma doença (Esfera Física). Já nas dores crônicas, que se tornam propriamente a doença (Esfera Física e Comportamental, por vezes Mental), devido ao tempo prolongado de estímulo doloroso, faz-se restritivo o uso contínuo destas terapias, principalmente pelos efeitos adversos (como gastrites e falência renal) e dependência química. Nesses casos a dor crônica pode ser classificada em nociceptiva ou neuropática1,4. A principal causa conhecida de dor crônica em equinos é a resultante de processos degenerativos na extremidade dos membros (ligadas ao casco), especialmente nas falanges e articulações interfalângicas, constituindo um dos problemas mais comumente enfrentado pelos clínicos. Mais de um
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Introdução Desde a sua domesticação, o equídeo tem sido cada vez mais utilizado em diversos tipos de trabalho e modalidades esportivas. Assim a exigência à que eles ficam submetidos, muitas vezes, vão além das suas capacidades fisiológicas6. Nas grandes cidades, a utilização do equídeo na tração de carroças para recolhimento de lixo e entulhos tem aumentado, sendo os animais considerados como ferramentas de trabalho, cuja saúde e longevidade devem ser observadas13. Essa realidade confronta com os princípios bioéticos, de bem-estar e direito animal, desrespeitando as cinco liberdades: Liberdade de sede, fome e má nutrição (Liberdade Nutricional); Liberdade de dor, ferimentos e doença (Liberdade Sanitária); Liberdade de desconforto (Liberdade Ambiental); Liberdade para expressar comportamento natural (Liberdade Comportamental) e Liberdade de medo e estresse (Liberdade Psicológica)10,11,18,19. Assim há necessidade de ações nas linhas de legislação normativa e educação ambiental, além de assistência social aos agentes humanos envolvidos nessa atividade, a fim de diminuir os danos aos animais por mau uso e despreparo dos condutores16. Porém, enquanto nada é efetivamente feito, é marcante a presença dos equídeos carroceiros nos grandes centros urbanos brasileiros, sendo que o esforço exercido pelos animais resulta em lesões osteo-musculares e lombares crônicas, impossibilitadas de terapêutica conservativa, não só pela falta de condições financeiras dos proprietários, mas também pela evolução degenerativa dessas afecções. Bernardo et al.2 apresenta a incidência de afecções locomotoras e lombares em equídeos carroceiros atendidos pelo Projeto Carroceiro Vet Legal da Universidade Federal de Alagoas em 2009, sendo que 61,62% dos enfermos apresentavam algum grau de claudicação e dor associadas às afecções de aparelho locomotor e lombalgias. Essa realidade faz emergir um questionamento bioético de forte abrangência: visto que a abolição do trabalho do equídeo claudicando não é possível de imediato, por questões socioeconômicas, de subsistência e fiscalizadora (faltam fiscalizações e quando existem, as pessoas envolvidas não sabem interpretar manqueiras), é justo manter esses animais mancando e com dor, ou técnicas paliativas de abolição de dor são indicadas? O objetivo deste artigo é conscientizar
Figura 2: Curso de Conscientização sobre a importância do casco para o cavalo na Associação dos Carroceiros da Região Lagunar, em Maceió-AL (Projeto Carroceiro - UFAL-UNISOLSantander)
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O que é Neurólise? Neurólise é a destruição de um tecido nervoso para promover analgesia, podendo ser realizada cirúrgica ou quimicamente4. Segundo Rowe14, existem quatro métodos de neurólise: bloqueio químico perineural com neurolítico, crioanalgesia, radiofrequência ou cirurgicamente, através de 6•
neurectomia. Todos os nervos periféricos apresentam funções aferentes (sensitivas) e eferentes (mecânicos), assim a obstrução da condução nervosa (seja cirúrgica ou com uso de injeções), pode causar desde um déficit físico leve e transitório, até perda total da função sensitiva e/ou motora, sendo classificada em três categorias, em ordem crescente de acordo com a gravidade: neuropraxia, axoniotemese e neurotemese12,15. Assim o maior desafio do uso dos neurolíticos diz respeito à qualidade da lesão nervosa que será proporcionada a partir da cirurgia (neurectomia) ou fármaco neurolítico injetado. O ideal seria a neurotemese, por ser de efeito mais duradouro, porém sem causar reação inflamatória e dor após a infiltração, além de não causar déficit proprioceptivo com risco de quedas e acidentes com os animais. Os bloqueios nervosos com neurolíticos são muito menos onerosos que as neurectomias, sendo procedimentos muito utilizados na rotina esportiva equina, com intuito de interromper a transmissão nervosa por tempo prolongado ou definitivamente, sendo indicados para dor crônica recorrente que não respondeu ao tratamento clínico conservativo. O bloqueio com neurolíticos só pode ser feito, se houver alívio da dor com o bloqueio anestésico prévio, sem perda de função motora4,12. Diferentes substâncias químicas têm sido utilizadas para interromper intencio-
nalmente as vias nociceptivas, como álcool, fenol, glicerol, sais de amônio, clorocresol, nitrato de prata e solução salina hipertônica4.
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terço de todas as claudicações crônicas no cavalo são oriundos de lesões na metade palmar da extremidade do membro, que respondem positivamente, de forma temporária, ao bloqueio anestésico do nervo digital palmar. Dentre as enfermidades podais que compõe este grupo estão: a podosesamoidite ou enfermidade do navicular, fratura do navicular, ossificação das cartilagens colaterais da falange distal, fratura angular ou do processo palmar da falange distal, artrite interfalângica, lesão osteoproliferativa dorsal e osteíte podal3,8. Essa realidade condiz com os carroceiros, já que Bernardo et al.2 relata que mais de um terço das claudicações de equídeos carroceiros de Alagoas estavam ligadas ao casco, além de Maranhão et al.9 relatar que 96,6% dos equinos atendidos em Belo Horizonte apresentavam síndrome degenerativa na articulação társica (esparavão ósseo). As lombalgias constituem outra importante causa de dor crônica em equinos, cujo diagnóstico é complexo e que apresentam como principais afecções: o contato entre os processos espinhosos “kissing-spines”, desmites inter e supra-espinhosas e osteoartrite dos processos articulares1, com incidência de 21,92% em equinos carroceiros de Alagoas2. Nos casos de síndromes degenerativas crônicas na metade palmar do casco, responsivas ao bloqueio anestésico do Nervo Digital Palmar, a neurectomia digital palmar (retirada do nervo) ou a neurólise química, através de agentes neurolíticos, podem apresentar os melhores resultados terapêuticos4. O objetivo do uso das soluções neurolíticas é o bloqueio “irreversível” ou reversível prolongado da condução nervosa à região cronicamente afetada4,7,12. Analisando a realidade dos equídeos carroceiros, a grande maioria deles apresenta algum grau de claudicação, pois suas exigências são similares à dos atletas, porém os cuidados são quase inexistentes e quase sempre sem acesso às terapias analgésicas. Além disso, as afecções principalmente de casco e dorso são crônicas, sem resolução terapêutica curativa, com indicações de neurólise.
Figura 3: Ferraduras são de difícil aquisição pela maioria dos carroceiros, o que aumentam de forma considerável as claudicações associadas aos cascos
Indicação do uso de agentes Neurolíticos A principal indicação do uso de neurolíticos em equinos de tração carroceiros é a dessensibilização química de nervos das extremidades do membro, como o Nervo Digital Palmar (Plantar), com as mesmas indicações das neurectomias desses nervos, entre elas: síndromes dolorosas do navicular, fraturas de navicular, fraturas da falange distal (asas laterais e mediais), calcificação ou ossificação das cartilagens colaterais (alares) e Osteíte Podal, quando esta afeta as asas laterais da borda solar da falange distal4,15. A dúvida dos clínicos diz respeito em quando decidir pela dessensibilização química ou pela neurectomia digital palmar. Para a decisão deve-se ponderar o diagnóstico da afecção (inclusive a qualidade do mesmo), prognóstico, tempo necessário de analgesia e fatores sócio-financeiros. Assim, no caso dos carroceiros o uso de neurolíticos é mais viável e menos oneroso. Também é indicado o uso de neurolíticos nos casos de lombalgias, amplamente utilizados em bloqueios de pontos com sensibilidade local (pontos gatilho) ou “trigger points”, muitas vezes sem diagnóstico definitivo. Segundo Alves et al.1 pode ser indicado o uso de neurolíticos no tratamento de “kissing-spines”, desmites inter e supra-espinhosas responsivas aos bloqueios anestésicos prévios. A infiltração é realizada através da injeção com agulhas de 4 a 5 cm no músculo longuíssimo dorsal ou no espaço inter-espinhoso. Já no tratamento das osteoartrites o uso de neurolíticos é contraindicado, devido à proximidade dos ramos dos nervos espinhais. O reconhecimento da dor no cavalo é de laboriosa percepção, sendo que a exteriorização dos sinais clínicos característicos ilustra casos de difícil resolução, assim a prática histórica mostra pouca atenção e subtratamento da dor nesta espécie. Ainda a constatação da dor diz respeito, na maioria das vezes, a dor aguda, após a trandução, ou seja, o estímulo nocivo já executado (esfera física). A dor crônica ou neuropática produz alterações mais sutis no comportamento, com característica intermitente ou contínua leve, mas que compromete significativamente a atividade do animal4. As principais constatações dessas dores são expressão de dor na face (tristeza), ema-
O questionamento bioético do uso de soluções neurolíticas em equídeos carroceiros A legislação brasileira pouco tem realizado acerca da regulamentação do uso de neurolíticos em equinos, porém as Associações de Criadores e Organizações Protetoras de animais normalmente colocam-se contra, visto que a terapia é apenas paliativa e o ideal seria abolir o trabalho de animais com dores associadas às síndromes degenerativas. Também é relevante a preocupação com o déficit motor ou proprioceptivo em equinos neurectomizados ou sob a ação terapêutica perineural de neurolíticos, devido ao risco de ocorrer acidentes com o animal e cavaleiro. Assim a partir do ano de 2006, a Confederação Brasileira de Hipismo (CBH) proibiu o uso de animais neurectomizados em concursos hípicos, porém não apresenta normas específicas sobre o uso de soluções neurolíticas, que apresentam o mesmo efeito sensorial e motor que as neurectomias. Além disso, a detecção de um equino submetido à terapia neurolítica ou neurectomia é de extrema dificuldade. Portanto na realidade brasileira é amplo e rotineiro o uso de fármacos neurolíticos nas diversas modalidades esportivas equestres, principalmente naquelas em que a CBH não desempenha papel preponderante, como as modalidades western, polo, vaquejada, entre outras, com resultados satisfatórios em muitos casos e manutenção dos animais na atividade, porém sempre com questionamentos bioéticos no sentido de expor o animal ao risco e mascarar uma situação potencial.
Analisando esse contexto da medicina esportiva e trazendo para dentro da realidade dos equídeos carroceiros nas grandes cidades, levanta-se a possibilidade do uso de fármacos neurolíticos para bloqueios perineurais distais e terminações nervosas tóraco-lombares em animais com comprometimento crônico e afecções degenerativas, alicerçando a justificativa na promoção “indireta” de bem-estar animal, através da diminuição da dor crônica e interferência positiva direta nas esferas física, comportamental e mental do animal. O maior questionamento bioético diz respeito de como indicar um procedimento, de certa forma visto como ilícito, como promoção de bem-estar animal? Sem dúvida a abolição de animais no trabalho das cidades é o “vislumbrar de uma nova era”, que seria tratar a causa socioeconômica e cultural de uma comunidade pouco assistida, que usa o equídeo para subsistência nas cidades populosas, sem condições de manter os animais em condições mínimas de bem-estar. Porém, nos dias de hoje, tirar o equídeo claudicante, com síndrome crônica degenerativa, de um carroceiro acarreta risco maior desse cidadão ficar a mercê da marginalidade e criminalidade, assim a medida desencadeando mais prejuízos do que lucros em relação ao contexto do bem-estar ambiental. A proposta do uso de neurolíticos em equídeos carroceiros é tratar o “sintoma” e não a “causa”, mas antes um equídeo sem dor, com bem-estar físico e comportamen-
tal, do que uma possibilidade legislativa de retirada do animal do trabalho, que desencadeia outros problemas: onde colocar esse animal aposentado? Como suprir a subsistência do condutor? E o que ele fará após abandonar a condução da carroça? Além disso, não é bioético conviver com tantos animais de carroça claudicando, sem pelo menos promover, mesmo de forma indireta, um pouco de bem-estar físico e comportamental. Dessa forma o Grupo de Pesquisa e Extensão em Equídeos da Universidade Federal de Alagoas tem realizado de maneira criteriosa o uso de neurolíticos perineurais em equinos carroceiros do estado de Alagoas, melhorando parcialmente e de forma imediata a qualidade de vida desses animais (Figura 4). Conclusões A partir do artigo é possível concluir que o uso indiscriminado de neurolíticos não é o procedimento ideal para os equídeos carroceiros com afecções degenerativas crônicas, que deveriam aposentar-se da atividade de tração. Porém, a sua utilização com criteriosa seleção clínica visa mitigar o sofrimento e proporcionar melhor qualidade de vida para aqueles animais que são responsáveis pela subsistência humana e sem condições de substituição. Assim, a neurólise química não deve ser vista como procedimento ilícito, mas sim como forma imediata e indireta de promover bem-estar animal para esses animais que sofrem com as claudicações e a dor crônica. ®
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grecimento progressivo, taquipneia e descanso dos membros quando em repouso (os equinos ficam intermitentemente levantando os membros e alternado apoio), com comprometimento expressivo das esferas física, comportamental e mental do animal. Em relação ao local da infiltração deve-se conhecer a função do nervo a ser dessensibilizado, pois se a mesma for predominantemente motora gera graves acidentes de propriocepção e apoio. Portanto, é indicada a infiltração de neurolíticos em regiões mais distais. Também é necessário conhecer a anatomia da região a ser infiltrada, dominando-a para não realizar infiltrações equivocadas, com prejuízos nociceptivos ou proprioceptivos. No auxílio da aplicação perineural pode-se utilizar neuro-estimuladores (neurolocalizadores) ou fluoroscopia4.
Figura 4: Égua que apresentava síndrome do navicular, após utilização de solução neurolítica alcoólica perineural digital palmar, apresentou ganho de peso e cessou claudicação. Na foto, puxando desfile da escola municipal Rita de Lyra em Maceió, divulgando projeto de Biblioteca itinerante através das carroças.
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AGRADECIMENTOS: À UFAL, em especial a PROPEP e PROEX, pelo apoio incondicional ao trabalho árduo em prol dos equídeos e comunidade dos carroceiros alagoanos. Ao CNPq pelo apoio com as bolsas de iniciação científica e inovação tecnológica (PIBITI) para alunos do GRUPEQUI-UFAL. A Cooperativa Agrária, pelo apoio na causa dos cavalos “irmãos mais pobres”, os quais muitas vezes ajudam a nutrir e viver.
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cutânea com invasão de articulação em equino “Skin pythiosis associated with articular invasion in a horse” “Pitiosis cutánea con invasión articular en un equino”
Luan Gavião Prado* (luangprado@gmail.com) Professor do Curso de Medicina Veterinária do Centro Universitário de Itajubá - FEPI Alexandre Roberto M. Guedes, (alexandre_rmg1@hotmail.com) João Gabriel Werneck, (gabriel_werneck2@hotmail.com) Caíque Augusto Ribeiro Gomes, (caique3f@hotmail.com) Flávia Adelaide Santos, (flavinhadadadi@yahoo.com.br) Estudantes de Graduação do Curso de Medicina Veterinária do Centro Universitário de Itajubá - FEPI Thiago Pires Anacleto, (tpanacleto@gmail.com) Angela Akamatsu, (angela.akamatsu@gmail.com) Leonardo José Rennó Siqueira, (leonardojoselj@yahoo.com.br) Rodolfo Malagó (rmalago@hotmail.com) Professores do Curso de Medicina Veterinária do Centro Universitário de Itajubá - FEPI *Autor para correspondência
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RESUMO: A pitiose é uma doença crônica que acomete equinos, cães e os seres humanos. A afecção é causada pelo oomiceto Pythium insidiosum e é também conhecida como ferida de moda, granuloma ficomicótico ou hifomicose. A forma cutânea, mais comum em equinos, é caracterizada por lesões granulomatosas, com secreção serossanguinolenta a mucopurulenta, bordas irregulares e por concreções amareladas chamadas kunkers, é extremamente pruriginosa levando o animal a automutilação. Este trabalho teve como objetivo relatar o caso de uma égua com pitiose cutânea com acometimento intra-articular da articulação rádio-cárpica-metacárpica. O diagnóstico definitivo foi dado através de observação direta e cultivo do agente. Devido à extensão da lesão e do acometimento articular o animal foi submetido à eutanásia. Unitermos: Pythium insidiosum, pitiose, equino, Itajubá ABSTRACT: Pythiosis is a chronic disease that causes lesions in horser, dogs and human been. The disease is caused by an oomycete called Pythium insidiosum and is also known as moda wound, ficomycosis granuloma or hifomycosis. The skin condition is characterized by granulomatous lesions serosanguineous to mucopurulent secretion, irregular edges and kunkers, the lesion can be so itchy that the animal can bite itself. The aim of this paper was to report a case of skin pythiosis with invasion of the radio-carpal-metacarpal joint. The definitive diagnostic was made by visualization of the agent and by microbiological culture. Since the skin lesion was too big and because of the joint invasion, the animal was euthanized. Keywords: Pythitium insidiosum, pythiosis, equine, Itajubá RESUMEN: La pitiosis es una enfermedad crônica que acomete equinos, perros y los seres humanos. La afección es causada por el oomiceto Pythium insidiosum y se conoce también por herida de moda, granuloma ficomicótico o hifomicosis. La forma cutánea es caracterizada por lesiones granulomatosas, com secreción serosa a sangrienta o mucosa a purulenta, con orillas iregulares y concreciones de color amarillo llamadas de kunkers, es extremamente picantes que puede llevar al animal a automutilación. Este trabajo tuve como objetivo hacer un estudio de caso de um yégua con pitiosis cutánea y invasión de la articulación radio-carpica-metacarpica. El diagnóstico fue a traves de la obsevación directa del agente y cultivo microbiológico. Devido a la grande extensión de la lesión e del acometimento de la articulación el animal fue sumetido a eutanásia. Palabras claves: Pythium insidiosum, pitiosis, equino, Itajubá
Relato de Caso No dia 17/03/2015 foi atendida no Hospital Escola de Medicina Veterinária do Centro Universitário de Itajubá - FEPI uma égua de oito anos, pesando aproximadamente 280 quilos com uma ferida na região do carpo do membro esquerdo. Segundo o proprietário a lesão fora observada três meses antes do encaminhamento do animal para o Hospital Escola de Medicina Veterinária. Ao exame clínico o animal estava magro, com parâmetros vitais dentro dos valores de referência para a espécie e apresentava claudicação moderada.
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A ferida era ulcerativa, com exsudato serossanguinolento a mucopurulento, apresentava tratos fistulosos por onde drenavam concreções amareladas e firmes, características dos kunker ou cancros (Figura 1A e 1B). A paciente recebeu dexametasona intravenosa na dose de 0,5 mg (5 ml) durante todo o período em que foi mantida internada com intuito de aliviar o prurido intenso causado pela doença e que levava à automutilação (Figura 2). A ferida foi mantida limpa, sendo aplicado spray repelente com sulfadiazina de prata até o recebimento dos resultados dos exames complementares. As amostras da lesão e dos cancros foram encaminhadas para a o laboratório de microbiologia do Centro Universitário de Itajubá - FEPI para identificação direta do agente por microscopia óptica. Os cancros foram clarificados com hidróxido de potássio a 10% overnight e então corados com tinta nanquim. À microscopia foram observadas hifas com septações esparsas e brotamentos de 90º, característicos do Pythium insidiosum (Figura 3). As biópsias da ferida foram mantidas em solução fisiológica estéril com ampicilina até o momento da avaliação. No laboratório de microbiologia Figura 1: (A) - Ferida na região do carpo do membro esquerdo de aproximadamente 20 centímetros de diâmetro. (B) - Ferida apresentando secreção serossanguinolenta a mucopurulenta e tratos fistulosos
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de suas características de cultivo, morfológicas e reprodutivas4,14,18. O tratamento na maioria dos casos é cirúrgico associado a tratamentos sistêmicos, tópicos ou à perfusão regional de agentes antifúngicos, como a anfotericina B. Novos tratamentos vêm sendo propostos e a utilização de imunoterápicos parece ser uma boa alternativa para o tratamento das lesões pequenas ou em associação com o tratamento cirúrgico2,6,8,13,17.
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Introdução A pitiose é uma doença crônica, cosmopolita, de áreas temperadas, tropicais e subtropicais, pantanosas ou sujeitas a inundações periódicas12;16;19 causada por um oomiceto denominado Pythium insidiosum1. A doença pode acometer várias espécies, sendo os equinos os mais acometidos5, seguidos dos caninos15;20. A infecção em humanos é rara, sendo caracterizada por lesões subcutâneas e arterite19 e normalmente está associada a casos de α e β talassemias9,10. A doença é conhecida, no pantanal matogrossense e sul mato-grossense como ferida de moda e também é denominada de swamp cancer, zigomicose, granuloma ficomicótico, dermatite granular, Florida leeches e hifomicose11,12,19. As formas cutânea e subcutânea são as mais comuns em equinos e se caracterizam por lesões granulomatosas ulcerativas que formam grandes massas teciduais, com bordas irregulares e hifas recobertas por células necróticas que formam massas brancoamareladas chamadas de kunkers. As massas variam de dois a 10mm de diâmetro, apresentando formas irregulares, ramificadas, com aspecto arenoso e penetram no tecido granular. O tamanho das lesões depende do local e do tempo de infecção, podendo apresentar secreções serossanguinolentas, mucossanguinolentas, hemorrágicas ou mucopurulentas. Uma característica marcante da doença é o prurido intenso, podendo levar o animal à automutilação4,7,11,12. Em um estudo retrospectivo realizado por Assis-Brasil et al. (2015) foram estudadas as principais afecções de pele no sul do estado do Rio Grande do Sul, durante os anos de 1978 a 2013, utilizando 710 registros de atendimentos de equinos. A pitiose foi a terceira doença mais prevalente no estudo correspondendo a 9,4% (67/710) dos casos. Watanabe et al. (2015), trabalhando com 28 animais recebidos no Serviço de Clínica Cirúrgica de Grandes Animais da Faculdade de Medicina Veterinária e Zootecnia UNESP, citam o membro distal como o principal local de ocorrência das lesões de pitiose. Dos 28 animais avaliados 13 apresentavam lesão na região distal do membro. A região abdominal foi a segunda mais prevalente (7/28). Tradicionalmente, o diagnóstico da pitiose é realizado pela avaliação clínica dos animais, sorologia, histopatologia, isolamento e identificação do agente por meio
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Figura 4: Colônia de Pythium insidiosum em Agar Saboraud após 48 horas de incubação a 37°C. Notar aspecto algodonoso e invasivo da colônia
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Figura 5: Demonstra imagem radiográfica nas projeções craniocaudal (A) e lateromedial (B) da articulação rádio-carpo-metacárpica esquerda evidenciando massa radiopaca periarticular e intra-articular associada à reação periosteal elevada e irregular na cabeça e colo do metacarpo IV (setas brancas) e face caudal do acessório do carpo (seta vermelha)
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Figura 3: Hifa de Phytium insidiosum apresentando brotamento em 90°. Coloração com tinta nanquim. Aumento 1000x
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Figura 2: Animal apresentando prurido da região da ferida. Notar a condição corporal ruim (Escore de condição corporal 2) do animal devido à doença
as amostras foram maceradas e semeadas em Agar Saboraud. As placas foram mantidas em estufa microbiológica a 37ºC durante 48 horas, sendo observadas colônias brancas, de aspecto algodonoso e invasivas, características do agente (Figura 4). No hemograma foi observada anemia normocítica normocrômica arregenerativa (hemácias: 4,36x106 células/mm3; hematócrito: 20,3%; hemoglobina: 7,4 g/dL; VGM: 46,6 fL; HGM: 17 pg). A paciente foi encaminhada para a avaliação radiológica. No exame radiológico foi evidenciado o acometimento da articulação do carpo esquerdo, caracterizado pelas reações periosteais presentes nos ossos acessório do carpo, cárpico IV e na cabeça do osso metacarpo IV (Figura 5 A e B), sugerindo que a articulação havia sido afetada pela afecção. Após avaliação dos resultados dos exames complementares foi indicada a eutanásia da paciente devido à extensão da lesão de pele e do acometimento da articulação do carpo. Discussão e Conclusão O presente relato se justifica pela gravidade da lesão causada pela pitiose na paciente em questão. Doria (2009) utilizou em seu experimento animais com lesões de pitiose na região distal de membros. A autora ressalta que em sua grande maioria este é o local de predileção para a ocorrência da doença, fato também relatado por Watanabe et al. (2014) que atenderam, dentre 28, 13 animais com lesão causada pelo Pythium insidiosum em membros. Além disso, os animais avaliados nos estudos apresentavam-se magros ou muito magros, o que mostra que a pitiose podem levar a quadros debilitantes. O animal deste relato apresentava condições semelhantes às descritas, com o agravante do acometimento articular. Não foi encontrado, até onde foi possível pesquisar na literatura científica atual, nenhum relato de acometimento articular pela pitiose. Vários autores têm proposto tratamentos para a afecção, sejam eles únicos ou em associação a outros métodos, ressecção cirúrgica unicamente ou associada a tratamento medicamentoso, imunoterapia, perfusão regional de antifúngicos, dentre outros. Uma conclusão quase que unanime nos trabalhos é que a pitiose tende a ter recidivas, mesmo após tratamento cirúrgico e medicamentoso. Tal fato corroborou para a decisão de se realizar a eutanásia do animal em questão.
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Conclui-se que a pitiose é uma doença de pele extremamente agressiva, que pode acometer outros tecidos e órgãos como, por exemplo, as articulações, tornando o prognóstico desfavorável para o paciente, sendo necessária, em alguns casos, a indicação da eutanásia. ® Referências 1 - ALEXOPOULOS, C.J. et al. Phylum Oomycota. In: Introductory Mycology, 4.ed., p.683-737, 1996.
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EFICÁCIA DO USO DE SOLUÇÃO INJETÁVEL ARSENIACAL ORGÂNICA ASSOCIADA À SAIS DE FERRO EM EQUINOS ATLETAS “Efficacy of injectable arsenical solution associated to iron salts in athlete horses” “Eficacia de la solución inyectable arsenical orgánica asociada a las sales de hierro en equinos atletas” Gisele Maria de Andrade* (gisele@ucbvet.com.br) M.V., Depto. de PD&I Técnico, UCBVet Saúde Animal Moacir Marchiori Filho (Moacir@ucbvet.com) M.V., Depto.de PD&I, UCBVet Saúde Animal Carlos Roberto da Silva (carlosroberto@gaiasaudeanimal.com.br) M.V., Gaia Pesquisa e Desenvolvimento em Saúde Animal Ltda. Francisco de Sales Resende Carvalho (chicao@gaiasaudeanimal.com.br) M.V., Gaia Pesquisa e Desenvolvimento em Saúde Animal Ltda. Raquel Amador Ré (Raquel@ucbvet.com.br) Química, Depto. de PD&I Analítico, UCBVet Saúde Animal. Armando Leonelo Neto (armando.leonelo@ucbvet.com.br) Farmacêutico, Depto. de PD&I Farmacoténico, UCBVet Saúde Animal Carlos Damião Neto (carlos.neto@ucbvet.com.br) Farmacêutico, Depto. de PD&I Farmacoténico, UCBVet *Autora para correspondência
RESUMO: O objetivo deste estudo foi avaliar a eficácia do produto PHENODRAL® administrado em equinos atletas submetidos à prova de Team Penning e a influência do produto sobre o perfil hematológico e bioquímico sérico. Vinte equinos, machos e fêmeas, com idade entre 3 a 8 anos foram distribuídos em dois grupos experimentais de 10 animais: Controle (GI), recebeu a administração de 15 ml de solução fisiológica 0,9%, via I.V. e o Tratado (GII) recebeu três doses de 15 ml do produto PHENODRAL®, a cada seis dias (D0, D+6, D+12), via I.V. Os resultados mostraram diferença estatística em D+7 (dia da prova Team Penning) para os valores temperatura, frequência cardíaca, frequência respiratória intragrupo em GI e GII, e diferença significativas nos valores de hemácias dentro dos grupos GI e GII em relação aos demais momentos. Não existiram diferenças significativas para os valores do volume corpuscular médio (VCM), hemoglobina corpuscular média (HCM), concentração de hemoglobina corpuscular média (CHCM) entre GI e GII. Os valores de hemoglobina se elevaram após exercício físico em GI e GII. A maioria dos valores dos parâmetros hematológicos não varia, ao contrário do número de leucócitos que aumentaram significativamente em GI após exercício. Além disso, os valores da gama glutamil transferase (GGT) não variaram, ao passo que os valores da aspartato amino transferase (AST) e creatinina kinase (CK) variaram significativamente em GI no momento D+7. Já a concentração da glicose elevou-se em ambos os grupos após exercício, com aumento estatisticamente significativo em D+7 para o GI assim como os valores de ureia e creatinina foram significativos em D+7 para o GI. No momento D+7 evidenciou-se que os valores de cortisol em GI ultrapassaram os valores de referência, com diferença significativa entre os grupos em D+7, D+12 e D+13, porém para os animais do GII esse aumento não foi significativo. Os resultados obtidos permitem concluir que a aplicação do produto PHENODRAL® foi benéfica no desempenho dos equinos atletas. Unitermos: equinos, eficácia, Team penning ABSTRACT: The objective of the present study was to evaluate the efficacy of PHENODRAL® product administered in athlete horses subjected to Team Penning competitions and the product influence on blood and serum chemistry profiles. Twenty horses, male and female, aged 3-8 years were distributed into two groups of 10 animals: Control (GI) received the administration of 15 ml of 0.9% saline solution via IV and the Treatment (GII) received three doses of 15 ml PHENODRAL® product every six days (D0, D+6, D+12) via IV. The results showed statistical difference in D+7 (the day of Team Penning competition) for temperature values, heart and respiratory rates intragroup in GI and GII, and significant statistical difference in red blood cells values within the GI and GII in relation to other times. There were no significant differences in the values of mean corpuscular volume (MCV), mean corpuscular hemoglobin (MCH), mean corpuscular hemoglobin concentration (MCHC) between GI and GII. Hemoglobin levels increased in GI and GIIafter exercise. Most values of hematological parameters did not change, but the number of leukocytes increased significantly in GI after exercise. Furthermore, the values of gamma-glutamyltransferase (GGT) did not change, while the values of aspartate aminotransferase (AST) and creatininekinase (CK) changed significantly in GI at D+7. The concentration of glucose increased in both groups after exercise, with a statistically significant increase in D+7 for the GI and the values of urea and creatinine were significant in D+7 for the GI. At the time D+7 showed that cortisol values in GI exceeded the reference values, with significant differences between the groups in D+7, D+12 to D+13, but for animals of GII this increase was not significant. The results showed that the application of PHENODRAL® product was beneficial in the performance of athlete horses. Keywords: horses, efficacy, Team penning, RESUMEN: El objetivo de este estudio fue evaluar la eficacia del producto PHENODRAL® administrado en equinos atletas sometidos a la prueba de Team Penning y la influencia del producto sobre el perfil hematológico y bioquímico sérico. Veinte equinos, machos y hembras, con edad entre 3 y 8 años fueron distribuidos en dos grupos experimentales de 10 animales: Control (GI), recibió la administración de 15 ml de solución fisiológica 0,9%, vía intravenosa (I.V.) y el Tratado (GII) recibió tres dosis de 15 ml del producto PHENODRAL®, a cada seis días (D0, D+6, D+12), vía I.V. Los resultados mostraron diferencia estadística en D+7 (día de la prueba Team Penning) para los valores temperatura, frecuencia cardíaca, frecuencia respiratoria intragrupo en GI y GII, y diferencias significativas en los valores de hematocrito dentro de los grupos GI y GII en relación a los demás momentos. No hubo diferencia significativa para los valores del volumen corpuscular medio (VCM), hemoglobina corpuscular media (HCM), concentración de hemoglobina corpuscular media (CHCM) entre GI y GII. Los valores de hemoglobina aumentaron después del ejercicio físico en GI y GII. La mayoría de los valores de los parámetros hematológicos no variaron, al contrario del número de leucocitos que aumentaron significativamente en GI después del ejercicio. Además, los valores de la gama glutamiltransferase (GGT) no variaron, al paso que los valores de la aspartato amino transferase (AST) y creatinina kinasa (CK) variaron significativamente en GI en el momento D+7. Ya la concentración de la glucosa aumento en ambos grupos después del ejercicio, con aumento estadísticamente significativo en D+7 para el GI así como los valores de urea y creatinina fueron significativos en D+7 para el GI. En el momento D+7 se observó que los valores de cortisol en GI ultrapasaron los valores de referencia, con diferencia significativa entre los grupos en D+7, D+12 e D+13, sin embargo para los animales del GII ese aumento no fue significativo. Los resultados obtenidos permiten concluir que la aplicación del producto PHENODRAL® fue benéfica en el rendimiento de los equinos atletas. Palabras clave: equinos, eficacia, Team penning
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INTRODUÇÃO Os equinos atletas, que participam de competições, são submetidos a várias situações de sobrecarga de esforço físico. Sabese que o exercício físico realizado durante o treinamento ou em competições gera variações em diversos parâmetros fisiológicos tanto em humanos como em animais11. O exercício é reconhecido como um fator estressante, pois submete o organismo a desafios temporários na sua homeostasia que pode influenciar o sistema imune e interferir na susceptibilidade a doenças3. Essa interação com o sistema imune é complexa e seus efeitos dependem do tipo, duração e intensidade do exercício, além de características individuais17. O exercício intenso pode ativar os sistemas nervosos periférico e central, principalmente o sistema autônomo simpático pelo eixo hipotálamo-hipófise-adrenal aumentando o nível de cortisol, hormônio glicocorticoide indicativo de nível de estresse e responsável por alterar as funções metabólicas do animal8,26. Segundo Wilmore & Costill29 (1994) este processo altera o metabolismo energético, inibindo a gliconeogenese, de forma a preservar o suporte energético, através de uma glicemia constante para o sistema nervoso central (SNC) evitando a fadiga deste órgão. Dentre os exercícios, com cada vez mais adeptos, destaca-se a prova de Team Penning, que se caracteriza por ser praticada por um trio de cavaleiros que buscam colocar três bezerros, identificados e sorteados entre vários, dentro de um curral instalado na arena, no menor tempo possível, variando entre 60 e 90 segundos (dependendo da categoria). Este exercício é de curta duração, mas, de velocidade e esforço intensos, que provocam o esgotamento de até 50% do depósito de ATPs, e leva ao acúmulo de lactato e presença de amônia nos músculos24. Estes componentes contribuem com a fadiga, além da influência dos distúrbios eletrolíticos, como a diminuição intracelular de potássio e aumento de sódio e lactato24. Também é observado aumento transitório das catecolaminas, do hormônio adrenocorticotrófico (ACTH) e do cortisol em resposta ao eixo hipotálamo-hipófise-suprarrenal. Outra alteração identificada é na contagem de leucócitos, que pode aumentar entre 10 a 30% dependendo da intensidade e duração do exercício24. As análises rotineiras laboratoriais dos parâmetros hematológicos e bioquímicos durante o esforço físico tornaram-se fundamentais na avaliação de equino em competição, transformando-se em ferramentas
decisivas para o acompanhamento do animal atleta2, além de ser um mecanismo eficaz para a identificação de anormalidades que possam provocar baixo desempenho e alterações na saúde dos equinos, pode avaliar lesões teciduais, transtornos no funcionamento de órgãos, adaptação do animal diante de desafios nutricionais, fisiológicos e desequilíbrios metabólicos específicos10,15. No presente estudo objetivou-se avaliar a eficácia do produto PHENODRAL® administrado para equinos submetidos à prova de Team Penning e a influência deste produto no perfil hematológico e bioquímico sérico. O PHENODRAL® é um produto fabricado pela UCBVet (Uzinas Chimicas Brasileiras S.A.) com 58 anos de mercado. Possui em sua composição a associação do metilarsinato de sódio, o citrato de ferro amoniacal e a adrenalina estimulantes das funções vitais, principalmente nos casos onde se objetiva aumento do apetite. É indicado para tratamento nas convalescenças de animais desnutridos, anêmicos e bastante utilizado em equinos submetidos à exercícios exaustivos. MATERIAIS E MÉTODOS O protocolo experimental do presente estudo foi aprovado pela Comissão de Ética no Uso de Animais da Empresa Gaia – Pesquisa e Desenvolvimento em Saúde Animal. • Instalações, animais e tratamento O estudo foi realizado, utilizando-se 20 equinos, machos e fêmeas, com idade entre 3 a 8 anos, que foram alojados no Haras Santíssima Trindade, no município de Uberlândia, Minas Gerais, no período de novembro 2012 a janeiro de 2013. Os animais selecionados para o estudo estavam clinicamente saudáveis sem indícios de qualquer patologia, avaliados 14 dias (D-14) e sete dias antes (D-7), para avaliação da ambientalização, antes do tratamento. No dia do primeiro tratamento (D0) os animais que não receberam qualquer outro tipo de tratamento nos últimos 45 dias, foram pesados e divididos aleatoriamente em dois grupos experimentais de 10 animais cada: Grupo I (GI - Controle que receberam 15 ml de solução fisiológica estéril a 0,9%, via intravenosa (IV); Grupo II (GIITratado) que receberam três doses de 15 ml do produto PHENODRAL®, a cada seis dias (D0, D+6, D+12), por via IV, aplicadas lentamente, de acordo com a bula do produto. No dia experimental D+7, os animais de
ambos os grupos foram submetidos à prova de Team Penning. • Exames realizados Os exames clínicos consistiram de avaliação da temperatura retal, da frequência cardíaca, da frequência respiratória e das mucosas, além da palpação dos linfonodos. Eles foram realizados nos períodos antecedentes ao experimento D-14 e D-7, e nos dias experimentais D0, D+1, D+6, D+7 (imediatamente após a prova), D+12, D+13 e D+19. Exames laboratoriais complementares como hemograma, contagem de leucócitos, volume globular, volume corpuscular médio (VCM), hemoglobina corpuscular média (HCM), concentração de hemoglobina corpuscular média (CHCM), contagem diferencial de células brancas e plaquetas, avaliação bioquímica (ureia, creatinina, aspartato amino transferase (AST), gama glutamil transferase (GGT) e creatinina kinase (CK) e doseamento de cortisol e de glicose sérica, foram realizados nos dias D-7, D0, D+1, D+6, D+7 (20 minutos após a prova), D+12, D+13 e D+19. Amostras de sangue (10 ml) foram colhidas através da venopunção da veia jugular, utilizando-se tubos tipo vacuntainer. Após a coleta, cada amostra de sangue foi alicotada cuidadosamente em volumes iguais em dois tubos plásticos identificados. Um tubo contendo anticoagulante (EDTA) para a realização do hemograma e o outro tubo sem anticoagulante para a realização da bioquímica sérica. As alíquotas foram acondicionados e transportadas em caixas térmicas contendo gelo à temperatura de 0 a 4ºC e processados posteriormente no Laboratório da empresa Gaia Pesquisa e Desenvolvimento Ltda. e o cortisol sérico no Laboratório Hermes Pardini, de Belo Horizonte, Minas Gerais. • Análise estatística Os resultados obtidos nas avaliações clínicas e laboratoriais durante todo o estudo e submetidos à analise de variância e posteriormente ao teste de Tukey ao nível de 5% através do software INSTAT9 (1998). RESULTADOS E DISCUSSÃO Os valores médios dos parâmetros temperatura, frequência cardíaca e frequência respiratória, observados durante o período experimental, mantiveram-se dentro dos valores considerados normais para a espécie equina, exceto no D+7, onde foram observadas diferenças estatísticas significativas intragrupo em GI e GII. Aumento esse • 17
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Tabela 1: Valores médios e desvios padrão da hemoglobina (g/dL) dos grupos experimentais GI e GII dos equinos antes e após o exercício físico GRUPOS
D-7
D0
D+1
D+6
Controle GI
13,60 ± 1,07 Aa
13,89 ± 1,55 Aa
13,78 ± 1,46 Aa
12,53 ± 1,04 Aac
Tratado GII
14,39 ± 1,74 Aa
14,07 ± 1,46 Aa
15,04 ± 1,30 Aa
15,02 ± 1,21 Ba
D+7
D+12
D+13
D+19
Controle GI
16,60 ± 1,13 Ab
14,72 ± 1,12 Aa
13,53 ± 1,34 Aac
14,19 ± 1,31 Aac
Tratado GII
16,01 ± 1,17 Aa
15,24 ± 1,17 Aa
14,29 ± 1,35 Aa
15,20 ±1,41 Aa
Letras maiúsculas iguais na mesma coluna não diferem entre si e letras minúsculas na linha não diferem entre si através do teste de Tukey (p 0,05). Letra maiúscula difere entre grupos e letra minúscula entre momentos
ao exercício, fato também relatado por Ferraz et al,7 (2009). Comparando-se os valores dos parâmetros hematológicos de todos os animais do grupo controle e tratado, com os valores de referência citados por Jain13 (1993), observou-se que a maioria permaneceu dentro dos limites citados pelo autor. Ressalta-se que, mesmo havendo uma pequena leucocitose no momento D+7 para ambos os grupos GI e GII, no grupo tratado, esse aumento não foi estatisticamente significativo, ao passo que no grupo controle foi observado um aumento significativo dos valores médios de leucócitos totais no momento D+7 em relação aos demais momentos avaliados (Figura 1). Esse aumento dos valores médios dos leucócitos observados após exercício, neste estudo, são similares aos resultados encontrados por Korhonen et al.14 (2000), os quais demonstraram o aumento da atividade peroxidativa dos leucócitos, após sessão de exercícios. A contagem total do número de leucócitos pode aumentar 10 a 30% após o exercício máximo de curta duração, e está associada com a intervenção do eixo adreno-simpatico resultante da contração esplênica em casos de medo, excitação ou exercícios de alta intensidade e secundário a liberação de catecolaminas e do hormônio
adrenocortical, o cortisol14. Os níveis desses hormônios promovem a mobilização dos eritrócitos esplênicos e a liberação a partir do pool marginal de linfócitos para os tecidos e órgãos resultando em leucocitose neutrofílica e aumento nessa proporção Neutrófilo : Leucócitos4,20. Os valores médios da GGT encontrados para ambos os grupos GI e GII, se encontram dentro dos valores considerados normais para a espécie equina12 (4,3 a 13,4 UL), não havendo diferença estatística entre os grupos em nenhum dos momentos avaliados. No presente estudo, os resultados obtidos para enzima AST nos animais do grupo GI diferiram estatisticamente no momento D+7 em relação aos momentos D+6, D+13, D+19 antes e após exercício, ao passo que para o grupo GII não foram observadas essas diferenças (Figura 2). Já para os resultados obtidos para a enzima CK, o momento D+7 do grupo GI diferenciou-se estatisticamente dos demais momentos avaliados, porém, o mesmo não foi observado nos animais do grupo GII (Figura 3). O aumento das enzimas aspartato amino transferase (AST) e creatina quinase (CK) está relacionado com a intensidade e continuidade do exercício21. Estas enzimas são usadas para detectar
Figura 1: Médias dos leucócitos dos equinos experimentais antes e após a prova de Team Penning
Médias dos Leucócitos ( L)
explicado em função dos animais terem sido submetidos ao exercício físico (prova do Team Penning). Durante o esforço físico, o organismo é submetido a uma situação de estresse fisiológico, causado pela liberação de diversas substâncias como a adrenalina e cortisol, e as mudanças fisiológicas levam a resposta do organismo com aumento do débito cardíaco, aumento da captação de oxigênio, vasodilatação cardíaca e muscular, e ativação de mecanismos termorregulatórios1. Neste estudo, observou-se diferença estatística para os valores das hemácias intragrupo (GI) no momento D+7, em relação aos momentos D-7, D0, D+1, D+6, e D+19, e não foram observadas diferenças estatísticas nem intragrupo e nem intergrupos para os animais do grupo GII em tais momentos, permanecendo os valores encontrados dentro da faixa de normalidade para este parâmetro - 6,8 a 12,9 x 106/µL13. O aumento da quantidade de hemácias pode ser atribuído à contração esplênica, muito frequente nos equinos submetidos ao exercício23. Não houve diferença estatística entre os valores médios do volume globular intergrupos, mas foi observada diferença estatística intragrupos em GI, nos momentos D0 e D+6 em relação ao D+7. Os valores encontrados estavam dentro dos valores de referência para a espécie equina - 32 a 53%13. Segundo Angeli1 (2010) o volume globular é bastante utilizado na prática da medicina esportiva equina sendo índice de avaliação da performance atlética, por ser o maior determinante da capacidade de transporte de oxigênio nestes animais. Para os valores de concentração sérica de VCM, HCM e CHCM entre os grupos GI e GII não foram observadas diferenças estatísticas significativas. Estes mesmos valores mantiveram-se dentro dos valores considerados normais, para a espécie equina13. Os valores de hemoglobina se elevaram após o exercício em ambos os grupos GI e GII, mas não foram observadas diferenças estatísticas para o grupo tratado, ao passo que foram observadas diferenças estatísticas no grupo controle nos momentos D+7 em relação aos demais momentos e no D+6 em relação aos momentos D+7 e D+12 (Tabela 1). As concentrações da hemoglobina são influenciadas tanto pela intensidade do exercício quanto pela excitação individual ocasionado pelo ambiente de prova28, e o aumento da concentração de hemoglobina observado ocorreu possivelmente, com o intuito de aumentar a capacidade de oxigenação do sangue como resposta fisiológica
12.000,00 11.000,00
Controle
10.000,00 9.000,00
Tratado Phenodral
8.000,00 7.000,00 6.000,00
D–7
D0
D+1
D+6
D+7
D+12
Momentos de avaliação
D+13
D+19