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COMBOMIX UM DIÁLOGO COM A CIDADE URBANISMO | MOBILIDADE | SUSTENTABILIDADE
IDENTIDADE
POPULAR
MERCADO | COLECIONISMO | DECORAÇÃO
SIM!
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COMBOMIX
Diretor Executivo Márcio Sena (marciodesena@gmail.com)
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divulgação
Projeto de Juliano Dubeux traz novo conceito urbanístico para o Recife
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Coordenação Gráfica e Editorial Patrícia Marinho (patriciamarinho@globo.com) Felipe Mendonça (felipe.bezerra@globo.com)
REDAÇÃO / DESIGN / FOTOGRAFIA Patrícia Calife (patriciacalife.sim@gmail.com)
EXPRESSÃO DO POVO lucas oliveira
A arte popular enquanto coleção e também objeto de uso na arquitetura contemporânea
Erika Valença Edi Souza Germana Telles Diego Pires
PEDRO MOTTA
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Lucas Oliveira
divulgação
Arquiteto relembra projetos importantes na vasta carreira
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Arquiteto Colaborador Alexandre Mesquita (mesquitaita@gmail.com) Operações Comerciais Márcio Sena (marciodesena@gmail.com)
PAISAGISMO lucas oliveira
O inspirado jardim da 3A3 Arquitetura
PROJETO
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SIM! é uma publicação trimestral da TOTALLE EDIÇÕES LTDA
A casa da serra pensada por Taciana Feitosa
Redação | Comercial R. Rio Real, 49 - Ipsep - Recife - PE CEP 51.190-420 redacao@revistasim.com.br Fone / Fax: (81) 3039.2220
GREG
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Eliane Guerra (81) 9282-7979 | 9536-7969 (elianeguerra@revistasim.com.br)
projeto lucas oliveira
Jerônimo Cunha Lima integra casa e escritório em um mesmo espaço
GERAL
Novidades do mercado
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LIVROS
Dicas de leitura
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SIGA-ME
Acompanhe no Instagram
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JARDINS
Telhados verdes no recife
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JARDINEIRA
O encanto das hortênsias
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É TUDO!
Como organizar estantes
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ZOOM
Arte: Roberto Lúcio, Dani Acioli, Elisa Lobo
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NORTE DA MATA
O barro de Tracunhaém
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DELÍCIAS
As criações do chef Claudemir Barros
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Os textos e artigos assinados não refletem necessariamente a opinião da revista.
CAPA Detalhe de perspectiva do projeto Combomix (Juliano Dubeux Arquitetos Associados) e detalhe de peça de arte popular, encontrada no escritório Santos & Santos Arquitetura (foto de Lucas Oliveira)
#EUDIGOSIM À PERSONALIDADE Em um mundo globalizado ter personalidade faz toda a diferença. Respeitar e intensificar o que é próprio, o que nos distingue um dos outros, nos torna únicos. Essa é a sabedoria suprema do arquiteto, decorador, designer, artista: revelar a sua identidade e trazer à tona a do seu cliente, em meio a tanta oferta que o mercado apresenta. Também para nós, é um verdadeiro garimpo apresentar projetos cheios de alma, onde o cliente se sente parte, onde o profissional se realiza, onde o produto final não é apenas mais um, pois tem personalidade própria. Conhecer histórias, referências e desejos envolvidos no processo, nos permite um novo olhar à criação. E, assim, humanizamos o nosso ofício, compartilhando sonhos, ideias e realizações, conhecendo novas propostas e utilizações, trocando sentimentos e pensamentos... Nossa SIM! cada vez mais se reinventa, sempre criativa e cheia de personalidade.
ilustração: carlos varejão
Patrícia Marinho
Personalidade — Dicionário Aurélio s.f. Individualidade consciente. / Caráter pessoal e original. Pessoa conhecida em razão de suas funções, de sua influência etc.
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HÁ
ANOS DIZENDO
SIM!
PARA VOCÊ
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EDITORIAL
Uma ideia na cabeça e uma nova revista na mão — 15 anos!
Nomes como Juliano Dubeux, Wandenkolk Tinoco, Carlos Augusto Lira, Roberta Borsoi, Zezinho e Turíbio Santos, e tantos outros, nos trouxeram um novo olhar sobre o que está sendo desenvolvido pelos profissionais de nosso estado e um panorama de suas preocupações. Urbanismo, mobilidade, sustentabilidade, arte, cultura, convivência... Isso tem pulsado de forma cada vez mais visceral e levado a arquitetura local para um caminho mais condizente com nossas características naturais e culturais.
greg
Esta edição da SIM! significa um marco na história da revista. Além de abrir as comemorações para o ano 15, apresentamos um novo projeto gráfico e editorial. Também neste número, deparamo-nos com trabalhos impregnados de uma identidade pernambucana que há tempos não víamos nos projetos e nas construções.
JULIANO DUBEUX, GUILHERME CAVALCANTI, LUCIANO LACERDA E GABRIELA MATOS APRESENTAM O COMBOMIX
lucas oliveira
A tecnologia e a história, o verde e o ambiente cosmopolita, a globalização e as minúcias de nosso povo nunca encontraram tanta harmonia no interior dos ambientes residenciais e comerciais, nem tampouco no traçado das propostas das novas edificações. Agora é sair do filosófico e do papel para a realidade das ruas. E, como há 15 anos, estaremos aqui para ver, apurar e publicar. WANDENKOLK TINOCO RECEBEu A EQUIPE DA SIM! EM SUA CASA
Não perca tempo, leia SIM!
lucas oliveira
Patrícia Calife
na exposição de carlos augusto lira, as velas são acesas para representar um verdadeiro cruzeiro
ERRAMOS! O site atualizado do escritório Arquimais é: www.arquimais.com.br, e não o blogspot, conforme publicado na edição anterior.
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GERAL
SOB O NOVO OLHAR
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Criada pela recifense Renata Jatobá, a marca Wunderbar, cuja tradução para o português é “maravilhoso”, nasce com a filosofia de imprimir um novo olhar sobre tudo que já existe nos nossos lares. Mesas, poltronas e estantes antigas – muitas delas capazes de contar histórias de famílias – ganham uma nova roupagem e mais identidade. A ideia surgiu na época que Renata morou na Alemanha e se encantou com o hábito típico de lá de reinventar o que é antigo. “Em vez de jogarem fora mesas e sofás que já guardavam marcas do tempo, eles davam outras características àqueles objetos. Aqui, no Brasil, temos o costume de descartar tudo”, conta Renata.
Fotos: divulgação
A paixão por repaginar móveis e estofados antigos nasceu como um hobby. Ela ia às feiras de antiguidade e mercados para garimpar peças que pudesse reinventar, conferindo um ar contemporâneo. Com o tempo, começou a fazer mais e mais cursos de desenho, costura e pintura, profissionalizando o que era um hobby despretencioso. Na mesma época, passou a colecionar tecidos de vários lugares do mundo, comprados em países como Marrocos, Senegal, Japão, Espanha, entre outros. Vale ressaltar que, além de reinventar objetos por conta própria, a Wunderbar recebe encomendas para transformar móveis que os clientes já possuem em casa.
Wunderbar www.wunderbar.art.br www.facebook.com/Wunderbar-Recife Instagram: @wunderbar_recife
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DESIGN ESTILO
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1. A designer mineira de calçados Virgínia Barros se inspirou no traço arquitetônico de Oscar Niemeyer para criar a coleção verão 2015. A ideia é sentir nos pés a sensação das linhas do arquiteto. Algumas peças são mais conceituais, outras menos. Pastilhas, pisos, revestimentos, curvas e retas estão presentes em sandálias de salto, rasteiras, escarpins e peep toes. 2. A Prada, lançou uma edição especial e limitada de lenços 100% seda. O modelo colorido homenageia o Rio de Janeiro e está disponível nas cores peônia e turquesa. 3. É da amizade entre as amigas Claudia Arbex e Patricia Bonaldi que surge a coleção ‘’PatBo por Claudia Arbex’’, com cerca de 50 peças criadas para a marca de Patricia Bonaldi. Os acessórios exaltam a cultura africana. Entre os materiais usados estão cristais Swarovski, resinas e fios de couro. Os modelos também receberam banhos de ouro, prata e grafite. Colares, brincos, braceletes e anéis compõem a lista. 4. O verão 2015 de Melk Z-da é delicado. A plantação de Lisianthus, os canteiros, a estufa e as telas com orvalho dão forma às modelagens. A cartela de cores transcorre pelo violeta, lilás, rosado e azul água. As formas são ajustadas e femininas, com recortes geométricos e fendas. Os tecidos de base natural e seda passam por processos artesanais criando novas superfícies. 5. O colar Três Meias Luas acabou de entrar para o portfólio de grandes clássicos da Trocando em Miúdos. Versátil e em cores neutras, a peça tem ousadia e delicadeza. Do look esporte fino ao despojado shortinho com camiseta, sem preconceitos ou cerimônia. Contemporâneo, carrega traços conceituais da escola alemã de design Bauhaus.
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Virginia Barros www.virginiabarros.com.br (31) 3223.6968 Prada www.prada.com RioMar Recife: (81) 3878.7979 PatBo por Claudia Arbex www.claudiaarbex.com.br (21) 3252.2538
Paloma Amorim
Melk Z-da www.melkzda.com.br (81) 3037.6461 Trocando em Miúdos www.trocandoemmiudos.com (81) 3269.7766 | 3048.1908
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Fotos: divulgação
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6 7 Galeria Decoreba www.galeriadecoreba.com.br Matiz Tecidos Exclusivos www.matiztecidos.com.br (81) 3463-8909
1. O Banco Copacabana, da Galeria Decoreba, projetado pela arquiteta Cristina Castilho também funciona como mesa de centro. A referência das curvas à capital fluminense é evidente. 2. Os tecidos impermeáveis vão para dentro de casa: a Matiz apresenta sua nova coleção com estampas e cores ideais para serem usadas em sofás, poltronas, cadeiras e almofadas. 3. A linha C161 Arch II da Caderode traz a textura do revestimento em couro em conformidade com os metais cromados e o alumínio. 4. Com recortes assimétricos, verticalidade e design arrojado, a luminária Track, disponível na Daluz, alia eficiência energética do LED e garante uma leitura cosmopolita a áreas externas. Ela é ideal também para fazer a iluminação de caminhos. 5. O tapete Kilim, da Linha Diamond, da ACarneiro Home, tem composição 100% lã e possui maior durabilidade que os sintéticos. 6. Resultado de uma pesquisa sobre conforto, o sofá Ploum, da Ligne Roset, combina cobertura elástica e espuma ultra-macia. Ele aproveita todo o seu espaço macio, independente da posição do corpo. 7. Completamente artesanais, os Tapetes Casa Caiada fazem a diferença em qualquer ambiente. A linha Interlok utiliza pura lã bordada sobre tela de algodão e uma diversidade de mais de 5.000 pontos bordados em cada metro quadrado, em um universo de 190 cores. 12
Caderode www.caderode.com.br (81) 3031.5200 Daluz Iluminação www.daluziluminacao.com.br (81) 3465.9433 ACarneiro Home & Office www.acarneirohome.com.br (81) 3081.9192 Ligne Roset www.ligneroset.com.br (11) 3064-2529 Tapetes Casa Caiada www.casacaiada.com.br (81) 3325.4697
reprodução
GERAL
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lucas oliveira
Chega ao mercado de decoração a loja Trendd. A primeira unidade da marca foi inaugurada em Boa Viagem, sob o comando dos sócios Maria Eduarda e Ermano Barreto Filho. O lugar chega para movimentar o cenário local, ao reunir produtos assinados por grandes designers. Segundo os proprietários, a intenção é oferecer algo novo, valorizando o estilo brasileiro de maneira criativa. Razão para uma parceria indispensável com o arquiteto Diogo Viana que, no período de um ano, formatou a arquitetura da loja e atuou na consultoria de estilo de produtos. O designer paulista André Cruz desenhou algumas peças e selecionou as marcas expostas no showroom.
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Trendd abre no recife
Trendd www.trendd.ind.br (81) 3326.5614
O TOK DE JOANA LIRA
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A designer Joana Lira leva para a Tok&Stok todo talento e delicadeza do seu desenho. Para o desenvolvimento das novas linhas da loja que trazem sua assinatura, foram necessários cerca de sete meses, entre a criação de cada estampa, o acompanhamento e o ajuste dos protótipos. “Durante o processo criativo eu, toda a equipe da Tok&Stok e os fornecedores, buscamos entender a melhor maneira do desenho dialogar com a superfície de cada produto. O objetivo era atingir um bom peso gráfico sem esquecer da qualidade”, ressalta. O resultado desse trabalho é o lançamento de cinco linhas exclusivas: Fauna e Flores, Pollen, Casario, Voa Passarinho e Bico de Pena. É possível encontrar as estampas em uma infinidade de peças, dentre elas: roupas de cama, louças, copos, vasos, esculturas, incluindo papel de parede e cúpula para abajur.
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Fotos: divulgação
Tok&Stok www.tokstok.com.br 0800.70.10.161
PERFIL
UM MODelo de CASA A arquiteta Márcia D’Assunção Vieira garimpa peça por peça do mix da sua Casa Modelo
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fotos: lucas oliveira
Durante muitos anos, a empresária e arquiteta Márcia d’Assunção Vieira dedicou-se aos negócios da família. A paixão pela arquitetura sempre foi presente na sua vida e, mesmo a frente dos empreendimentos de atacado e varejo, montou seu escritório no primeiro andar do antigo casarão na Avenida Rui Barbosa onde funcionava a sua Livraria Modelo. “A arquitetura e a decoração sempre me fascinaram, tanto que aos poucos fui conseguindo inserir uma linha de presentes com o um toque de decór no mix da livraria. Assim, senti a absorção e demanda do mercado por esse tipo de peças e criei uma loja de produtos de decoração, com preço competitivo e estoque variado. Transferi então a Modelo para a loja de Boa Viagem e nasceu a Casa Modelo”, conta Márcia. Para a compor o mix da loja, ela se preocupa em escolher peça por peça que comercializa. Tudo feito através de uma minuciosa garimpagem feita em viagens por feiras em todo país. “A Casa Modelo é uma loja preocupada com aquilo que é complementar como vasos, porcelanas, cerâmica, quadros, porta-retratos e tantas outras peças que compõem uma ambientação e que fazem a diferença. Não pretendo trabalhar com móveis pesados como mesa, sofás, isso não é meu foco. Queremos atender o arquiteto de forma mais ampla para que ele possa usar nossos produtos em todos os ambientes em que ele estiver trabalhando”, revela.
Lista de Casamento A loja também trabalha utensílios de cozinha (panelas gourmet, louças, faqueiros) e com um sistema diferenciado de lista de casamento. No processo, a noiva além de ser presenteada com peças selecionadas, acumula pontos que podem ser trocados por objetos da sua escolha na loja.
Casa Modelo www.acasamodelo.com (81) 3087.3366
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Queremos atender o arquiteto de forma mais ampla para que ele possa usar nossos produtos em todos os ambientes em que ele estiver trabalhando
Marylia Nogueira Arquiteta
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“Na ART&LAR sinto-me bastante confortável sempre que preciso indicá-la aos meus clientes. Nela encontro total segurança quanto à qualidade do produto, preço, e flexibilidade nos prazos.’’
Fotos: Andreia costa
R. Des. Martins Pereira, 59 - Aflitos Recife - PE, 52050-220 Fone: (81) 3243-5550
VAMOS LER!
fotos: divulgação
Dicas da SIM! para uma ótima leitura
Pó de Lua Autor: Clarice Freire Editora: Intrínseca Em 2011, a publicitária pernambucana Clarice Freire criou no Facebook uma página discreta para reunir seus escritos e desenhos. Batizou-a como Pó de Lua, sua receita infalível “para tirar a gravidade das coisas”. Desde então, conquista de fãs que se encantaram com a delicadeza de seus pensamentos, seu humor sutil e o traço despretensioso, que combina desenho e até fragmentos de palavras.
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1. Arte, Arquitetura e o Aço Autor: Edo Rocha Editora: JJ Carol O arquiteto Edo Rocha lança o livro “Arte, Arquitetura e o Aço”. Na obra, o autor explica, a partir de sua experiência enquanto artista plástico e arquiteto, como o uso do ferro, do aço e do inox influenciaram seus projetos e também os de sua área e profissões afins.
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Da internet para as páginas de um livro, foi mais um salto na sua carreira. Pó de lua, o livro, tem o formato de um dos moleskines em que Clarice exercita sua criatividade. Inspirada pelas quatro fases da lua – minguante, nova, crescente e cheia –, ela trata, em frases concisas e certeiras, de sentimentos como a saudade, o medo, a paixão e a alegria – sempre em sua caligrafia característica, ilustrados com muitos desenhos.
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2. Nova Fase da Lua – Escultores Populares de Pernambuco Autores: Flávia Martins, Rogerio Luz e Pedro Belch
Fruto de registros de uma viagem em manifestações artístico-culturais, o livro mostra o processo de pesquisa e o registro fotográfico de 85 escultores de 13 municípios, de suas obras e das condições em que vivem e trabalham. A obra é uma uma revisitação do antológico “O Reinado da Lua – Escultores Populares do Nordeste” (com mais de 30 anos de publicado), de Silvia Rodrigues Coimbra, Flávia Martins e Maria Letícia Duarte.
3. Flores Artificiais Autor: Luiz Ruffato Editora: Companhia das Letras O livro Flores Artificiais traz um mosaico de paisagens do mundo contemporâneo, num relato, ao mesmo tempo lírico e áspero, sobre encontros que têm a capacidade de definir quem somos. Na trama, o escritor recebe em sua casa um manuscrito com uma compilação de memórias, através das quais o autor irá embaralhar as fronteiras entre ficção e realidade.
4. Fotografia além dos olhos Editora: Atitude Terra A obra Fotografia Além dos Olhos é fruto do trabalho de um grupo de amigos apaixonados pela arte de retratar. O título teve curadoria do professor e fotógrafo Fernando Siqueira e consiste em 140 imagens em preto e branco que mostram a pluralidade do cotidiano nas cidades sob a visão de 14 fotógrafos.
SIGA-ME! Reunimos seis endereços de Instagram para quem está sempre conectado ao mundo virtual. As opções voltadas para arquitetura, arte e design ilustram a página, que atenderá o leitor cada vez mais online.
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1. A geladeira com outros olhares. É assim que o @instageladeira apresenta sua página, que transforma fotos em ímãs, sob encomenda. 2. O @encomendedesign reúne vários produtos personalizados. A ideia do cliente pode virar caderno, agenda, scrapbook e outros.
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3. O @instabrennand traz novidades do artista Francisco Brennand e a programação do seu espaço cultural. 4. O grafite do mundo inteiro se mostra no @instagrafite. O perfil funciona como uma galeria de arte colaborativa, reunindo o trabalho dos profissionais mais talentosos da área.
Fotos: reprodução
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6 5. A arquitetura de Barcelona, nas suas formas mais surpreendentes, está no registro fotográfico de @nicanorgarcia. São construções em variados ângulos e estilos. 6. O biólogo Sérgio Oyama Junior, conduz o @orquideasnoape. O endereço é para quem tem curiosidade sobre a planta e quer cultivá-la dentro de casa.
SHOWROOM RECIFE: Domingos Ferreira, 2800 – Recife – PE | Brasil | CEP: 05073-010 Tel/Fax: +55 81 3466.4000 Celular: +55 81 8814.1257 | luciana@pamesa.com.br (vendas) | emanuella@pamesa.com.br (administração)
SHOWROOM SÃO PAULO: Rua Barão de Jundiaí, 459, Lapa – São Paulo – SP | Brasil | CEP: 05073-010 Tel: +55 11 3611.0732 Fax: +55 11 3232.1509 | projeto.arquitetura@pamesa.com.br
FÁBRICA: Tronco Dist. Rod. Norte 1414, Km 45 – Complexo Industrial de Suape – Cabo Sto. Agostinho – PE | Brasil | CEP: 54590-000 Tel: +55 81 3521.7070 Fax: +55 81 3521.7070 | pamesa@pamesa.com.br
Decoração e arte se unem
Grandes artistas assinam
BRITTO
by
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JARDINS
Marcelo Kozmhinsky é engenheiro agrônomo, paisagista e educador (81) 9146.7721 | 9146.4563 www.raiplantas.com
Telhados verdes: beleza e funcionalidade Ecotelhados criam ilhas de biodiversidade e podem virar lei no Recife
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A ideia não é nova. No século 19 eram comuns as cabanas feitas com teto coberto de gramíneas nos Estados Unidos. Na década de 1960, a Europa também adotou a moda. No entanto, somente há poucos anos ela começou a se espalhar e ganhar terreno nos grandes centros urbanos, ficando conhecida como “telhados verdes”, maior tendência da arquitetura contemporânea. A discussão cresce no Recife, através do projeto de lei proposto pelo vereador Eurico Freire (PV). Segundo ele, o objetivo é atender à busca da população por uma resposta do poder público ao déficit causado pela emissão do gás carbônico no meio ambiente. “Através da Secretaria Municipal do Meio Ambiente chegamos a Eveline Labanca (do Instituto Pelópidas Silveira), onde tivemos todo o apoio necessário para a pesquisa. Nossa intenção é ajudar na diminuição das ilhas de calor e, também, na preservação de reservatórios de acúmulo ou retardo de água potável”, explica Eurico. Eveline diz que a implantação dos telhados verdes já contribui para retenção e reuso
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da água das chuvas, baseada na legislação municipal que trata do “Enfrentamento das Mudanças Climáticas”. “Nos entusiasmamos com a ideia, que vem ao encontro de estudos feitos pela prefeitura. Se aprovado, o projeto fará com que os novos prédios já tenham as adequações às novas exigências. É pertinente repensarmos o aumento do calor, já que nossas pesquisas identificaram em algumas áreas uma elevação de até 13 graus na temperatura”, ressalta. Para Eveline, a iniciativa proporciona redução das ilhas de calor, menor acúmulo de água nas ruas (no período das chuvas), isolamento acústico, economia de energia e ar menos poluído. A tendência se fortalece em todo o mundo. Na Alemanha, a cidade de Stutgard investe desde os anos 80 em cobertura vegetal, tornou-se referência internacional e conta com 60% de tetos verdes nas construções. No Brasil, Porto Alegre (RS) saiu na frente. Em 2013, aprovou projeto de lei, do vereador Marcelo Sgarbossa (PT), que altera o Código de Edificações da cidade, permitindo o uso de telhado verde sobre lajes e demais coberturas do último pavimento dos prédios.
De acordo com a proposta do vereador Eurico Freire, os projetos de edificações habitacionais multifamiliares com mais de quatro pavimentos e não-habitacionais com mais de 400m² de área de coberta deverão prever a implantação do “Ecotelhado” para sua aprovação. Ele defende que a ideia é melhorar o aspecto paisagístico da cidade, mas também diminuir as ilhas de calor. “Uma pesquisa da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE) apontou, em março de 2013, o registro de até seis graus acima da temperatura média esperada para o mês. O que produz esse calor característico é, principalmente, a retirada da vegetação, além da impermeabilização do solo — resultado da construção de edifícios e da colocação do asfalto”, reforça. Os tetos verdes são canteiros produzidos nas coberturas de residências e edifícios, através da impermeabilização e drenagem. Tradicionalmente, é feito em camadas. Próximo à base fica a membrana impermeável, para evitar que a água das chuvas penetre no telhado e provoque infiltrações ou vazamentos. Logo acima, a camada que vai armazenar parte
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VANTAGENS DO ECOTELHADO
Retenção da água das chuvas, minimizando enchentes
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Diminuição do efeito “ilha de calor”, e das temperaturas urbanas Absorção da poluição sonora Filtragem das partículas suspensas no ar, como a fuligem de combustíveis fósseis Criação de espaços verdes para o convívio da comunidade local
foto superior: telhado verde do softex recife. abaixo: EVELINE LABANCA E o vereador EURICO FREIRE, que são a favor da implantação dos telhados verdes no recife
Reciclagem dos gases tóxicos do ar através da fotossíntese
dessa água, que será usada pelas próprias plantas. Em cima vem a camada de terra. Por último, a camada de plantas. A manutenção é feita como a de um jardim convencional. Será preciso podar a grama, irrigar e adubar. É importante lembrar que não basta juntar um monte de terra e umas sementes e jogar no telhado. O primeiro passo é contratar um engenheiro que avalie a estrutura da obra, para saber se ela comporta o peso que será acrescentado lá em cima. Na implantação, um paisagista é ótimo aliado para imprimir beleza e funcionalidade. A inserção de telhados verdes ainda não virou lei, mas vale ressaltar a importância de iniciativas já implantadas, como o Colégio Fazer Crescer, O Bar Central e O SOFTEX. Bem como o Empresarial Charles Darwin, da Construtora Rio Ave, onde será colocado um gramado sobre o edifíco garagem, com cerca de 2,5 mil m², ainda em fase de projeto. Todos essas iniciativas podem e devem ser repetidas. A cidade e sua população agradecem.
Novas áreas para o cultivo de alimentos orgânicos, através de hortas e pomares
Nossa intenção é ajudar na diminuição das ilhas de calor e, também, na preservação de reservatórios de acúmulo ou retardo de água potável Eurico Freire
Umidificação do ar nos meses secos, facilitando a respiração Abrigo da avifauna nativa, que ajuda também no controle de pragas urbanas como baratas e cupins Possibilidade de reutilizar a água da chuva ou irrigação, economizando recursos Aumento da durabilidade da impermeabilização com a estabilidade térmica da cobertura Economia na energia gasta para o ar-condicionado no último andar
Eurico Freire eurico.gab@hotmail.com Eveline Labanca elabanca@recife.pe.gov.br
Possibilidade de aumentar as áreas com vegetação nativa regional e a biodiversidade
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PROJetos implantados NO recife
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1. Empresarial Charles Darwin – Rio Ave Este será o primeiro empreendimento da construtora a receber ecotelhado, aplicado na cobertura do edifício-garagem e nas marquises. Ao todo, o gramado tem cerca de 2,5 mil m², um dos maiores do Brasil, e conseguirá armazenar cerca de 75 mil litros de água, além de sequestrar 11 toneladas de CO² ao ano. O projeto é do paisagista Christoph Jung. 2. Fazer Crescer – EcoGreen A guarita da Escola Fazer Crescer ganhou uma estrutura verde sobre a laje de 12 m². A iniciativa visa quatro aspectos: suavizar a vista da sala de computação, que fica bem em frente ao telhado; oferecer aspecto mais natural e aconchegante; diminuir as ilhas de calor, graças ao uso adequado da vegetação naquele trecho; e trabalhar a sustentabilidade como temática dentro da sala de aula.
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3. Bar Central – Rai Plantas Este telhado verde tem uma área de 50m² e recebeu suporte para grama e caixas para transportar frutas e hortaliças (ambos de polietileno), bem como de vasos de cerâmica de Tracunhaém. Além de contribuir com as questões ambientais, parte do que é produzido sai direto do telhado para a cozinha do restaurante. Por lá, são cultivados ervas e temperos, como sálvia, manjericão, orégano, alho-poró e pimentas, além de limão, laranja kikan e, brevemente, maracujá, que cercará toda a área superior da edificação.
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4. Softex Recife – Rai Plantas O prédio que abriga o Centro de Excelência em Tecnologia de Software do Recife abriga um telhado verde implantado em harmonia com a paisagem do centro da cidade. A vegetação apropriada à maresia e ao sol faz a combinação perfeita com o mobiliário de madeira distribuído numa área de 400m². A intenção é levar bem-estar à hora de lazer dos usuários, que podem contemplar a vista e o trabalho de paisagismo. EcoGreen (81) 3423.3182 www.ecogreen.com.br Rai Plantas – Marcelo Kozmhinsky www.raiplantas.com (81) 9146.7721 Cristoph Jung projeto@jungpaisagismo.com (81) 3048.0900
JARDINEIRA
Ana Patrícia de Paula (Tita de Paula) Jornalista, designer floral, paisagista e jardineira Dona Jardineira: (81) 3036.6314 / 9152.1237 Instagram e Facebook: dona jardineira contato@donajardineira.com.br
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imagens: Anna-Mari West, IZO, tr3gin, Loredana Cirstea/shutterstock.com
Setembro, conhecido no nosso hemisfério (sul) como o mês da primavera (que no calendário tem início no dia 23 de setembro e termina em 21 de dezembro), é a época mais colorida do ano. De repente, tudo fica mais lindo, mais leve, mais poético, mais feliz, o que me deixa bastante entusiasmada (acho que um monte de gente também!).
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Vem a união das boas fases do solo, do clima e da temperatura, que dão um “empurrãozinho” à natureza. Ela se aguça, espalha seus caprichos, em combinações perfeitas de cores, formas, tamanhos e várias espécies de plantas florescem. Bom, apesar de pensarmos nas flores, claro, por sua beleza, muitas vezes, estonteante, a existência delas está diretamente ligada a um objetivo: o reprodutivo, o de contribuir com a produção de sementes do vegetal, garantindo o surgimento de novas plantas. E não são poucas, viu? O Brasil, por exemplo, possui uma flora abundante e diversificada, com mais de 55 mil espécies, desde as mais simples até as mais raras. E eu estou com a difícil missão de escolher um único exemplar, justo no mês em que elas estão, praticamente, jogando todo o seu charme. Então, vamos lá: a escolhida foi a imponente hortênsia, que tem mais de 600 variedades pelo mundo. Mas vamos falar das mais comuns no Brasil, a Hydrangea Macrophylla, um arbusto semilenhoso, também conhecido como Hidrângea e Rosa-do-japão, e a Hydrangea Paniculata, um arbusto herbáceo que, apesar de também florir durante o verão, fica super deslumbrante na primavera.
Proveniente da China e do Japão, e comum em regiões de clima frio, esta planta tem uma super curiosidade: suas pétalas coloridas, na verdade, são folhas modificadas. A flor de verdade é minúscula e fica bem no centro. No início da formação do botão, as flores ainda são verdes e só depois adquirem a cor final. Outra singularidade é que ela define as cores dependendo do PH do solo em que forem plantadas. Por exemplo, solos mais ácidos produzem flores mais azuis, enquanto que os mais alcalinos resultam em flores mais róseas, podendo, inclusive, dar origem a flores brancas. A hortênsia pode ser cultivada em sol pleno, mas em climas quentes e secos é recomendável luz solar indireta. Ela gosta de terra fértil, rica em matéria orgânica, permeável e úmida (as regas devem ser frequentes). Costuma-se podá-la drasticamente no inverno para que floresça ainda mais exuberante na próxima primavera e verão. Multiplica-se por estacas e as mudas podem ser feitas a partir dos galhos cortados durante a poda. Pode ser utilizada em vasos, bordaduras, maciços e ficam simplesmente belas compondo cercas vivas.
Esta planta tem uma super curiosidade: suas pétalas coloridas, na verdade, são folhas modificadas. A flor de verdade é minúscula e fica bem no centro
CURIOSIDADES O nome científico Hydrangea Macrophylla significa “bebedoura de água”. Já Hortênsia foi uma homenagem a uma dama francesa do século XVIII, Hortense Lepante, que era mulher de um amigo do naturalista Philibert Commerson, responsável pela introdução da planta na Europa. A flor se torna venenosa por conta de princípios ativos como o glicosídeo cianogénico hidrangina. O seu veneno pode causar convulsões, dores de barriga, vômitos, e, em casos mais graves, coma. Ou seja, essa planta não é a mais indicada para criar em lugares em que animais e crianças pequenas tenham acesso a ela.
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INTEGRADO AO PAISAGISMO Área verde complementa projeto de residência, humanizando o espaço Fotos: LUCAS OLIVEIRA Texto: EDI SOUZA
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Quando deixaram o apartamento para morar numa casa, os clientes da 3A3 Arquitetura idealizaram uma grande área verde, ocupada por espécies que não poderiam ser cultivadas em pequenos espaços. A nova moradia, erguida em terreno generoso, proporcionava essa execução em paralelo ao projeto arquitetônico do lugar, já marcado pelo estilo moderno e sofisticado. “Nosso objetivo foi valorizar a arquitetura existente, através de um paisagismo que transmitisse uma relação de igual importância. A partir daí, o diferencial foi usar elementos que trouxessem alegria e prazer à rotina da família”, adianta a arquiteta Schirlley Loureiro, sinalizando como exemplo o piso impermeável da Solarium, distribuído com algumas placas invertidas, logo na entrada da casa. “Trata-se de uma garagem onde a prioridade, mesmo com a função de guar-
Nosso objetivo foi valorizar a arquitetura existente, através de um paisagismo que transmitisse uma relação de igual importância
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dar os carros, continua sendo a natureza”, completa. Razão para um poste antigo, revestido de bronze, ter espaço garantido ao lado de um banco típico de praça. A grama é vista por todos os lados e abriga espécies como as palmeiras Ravenala (também conhecida como árvore do viajante) e Laca, sem falar em tipos menores como Moreia Branca e Alpina Variegata. Tudo fornecido pela Villa Garden. Para valorizar o verde, foi indispensável a iluminação em LED, da Benetti, que não aquece ou danifica a planta. “Dessa forma temos um bom custo-benefício no projeto e acrescentamos uma atmosfera elegante por meio de focos dourados pontuados”, acrescenta Schirlley.
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No corredor estreito, que dá acesso ao fundo da casa, chama atenção o jardim vertical com quase 60 m2 e tijolos cerâmicos da Ecogreen pintados de preto – a fim de que a vegetação se sobressaia. Ele é composto por espécies como Crotons, Rendinha, Alfinete e outras. A irrigação acontece por meio de canos embutidos, que facilitam a manutenção dessa estrutura. “Essa instalação suavizou a vista de dentro da casa onde agora é possível contemplar melhor o jardim”, explica a arquiteta.
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O caminho revela a área da piscina, onde o morador tem um canto reservado para cozinhar. Ambiente ideal para uma pequena horta com pimenta, alecrim e manjericão, úteis aos preparos gastronômicos. “Essa foi a última parte do projeto, em que encontramos este lugarzinho que pôde ser agregado à funcionalidade de uma área de serviço”, explica.
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3A3 Arquitetura (81) 9967.9326 3a3arquitetura@gmail.com
Fique por dentro das atividades do Novo Núcleo, no segmento da arquitetura e decoração www.novonucleo.com.br
divulgação
O que É NOVO!
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TOSCANA 2014
Os arquitetos do Novo Núcleo passearam pela Itália, mais precisamente na região da Toscana. O roteiro incluiu degustação de vinhos, almoço de confraternização no Castelo de Vicchio Maggio, visitas à Catedral de Siena, de Santa Maria del Fiore, e à comuna de San Gimigniano. Nomes de peso da arquitetura pernambucana embarcaram na viagem que já deixa boas recordações.
Concurso
ÁFRICA DO SUL
Já a próxima viagem de premiação da entidade, que acontecerá entre 9 e 22 de outubro, terá como destino a África. Por lá, os arquitetos, designers e lojistas viverão momentos de muita aventura, percorrendo tradicionais safáris, e terão a oportunidade de conhecer de perto a arquitetura contemporânea das cidades de Joanesburgo e Capetown. Vale lembrar que a viagem é somente para os premiados.
Vai até o dia 31 de outubro o prazo para inscrição da 7ª Edição do Concurso Cultural de Projetos de Arquitetura do Novo Núcleo. Desta vez, os vencedores das categorias profissionais Projeto Arquitetônico Residencial; Projeto Arquitetônico Comercial; Projeto de Interior Residencial e Projeto de Interior Comercial terão o passaporte carimbado para a Grécia e Milão, onde vão poder explorar as novidades da Expo Milano. Os vencedores terão, ainda, seus trabalhos publicados no Anuário de Ouro da Arquitetura e Decoração de Pernambuco 4. Vale lembrar que há também a categoria Projeto de Graduação, cujo vencedor receberá um laptop de última geração além da publicação no Anuário.
O NOVO Núcleo de Profissionais, Arquitetos e Designers é um grupo com importantes lojas de materiais para arquitetura e decoração. A marca é composta por profissionais do segmento, que fazem a diferença no mercado e, ao mesmo tempo, participam das nossas atividades.
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Avenida Domingos Ferreira, 1486, sala 11 Boa Viagem, Recife-PE (81) 3091.5451 contato@novonucleo.com.br /novonucleo
É TUDO!
Alexandre Mesquita Arquiteto, especialista em design de interiores e professor universitário Alexandre Mesquita e Neto Belém – Design de interior: (81) 3039.3031 www.alexandremesquita.com.br alexandre@alexandremesquita.com.br
ESTANTE BRANCA Estilo clean Bianco Quiaro
fotos: lucas oliveira
ABUSE DA ESTANTE
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Todo mundo quer ter um cantinho na casa pra chamar de seu. Então, por que não contar um pouco da sua história e mostrar o seu estilo numa estante organizada? Nas conversas com os clientes, meus olhos brilham ao encontrar aquela peça dos tempos da vovó esquecida em uma caixa ou escondida numa prateleira, como se fossem bugigangas. Na verdade, ela pode (e deve), finalmente, ganhar posição de destaque em algum cômodo, trazendo ainda mais fluídos à rotina do morador. O que vem mudando com o tempo é o formato da estante, que chegou a ser uma mobília enorme e imponente na sala, mas que agora pode ser vista em todos os tamanhos e combinações de espaços. A arrumação não tem regra, depende mesmo da personalidade e dos materiais que se têm à disposição. Nessa hora, vale muito apresentar as aquisições de viagem, as coleções muitas vezes inusitadas ou os presentinhos mais queridos. As opções são infinitas e, por isso, fizemos três produções show para se colocar tudo à vista.
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Quem quer uma composição feliz e nada tumultuada, pode misturar objetos práticos que se têm em casa por algum motivo e não estão à mostra. É permitido unir itens naturais, como um vaso de planta, em meio a peças de decoração de diferentes estilos e tamanhos. Elas se sobressaem graças ao neutro da estante, por isso a bossa é não abusar na quantidade de itens e ser bastante pontual. Aqui o que vale mesmo é o charme e a praticidade para uma boa limpeza.
www.biancoquiaro.com.br (81) 3048.4820
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ESTANTE DE DESIGN
Estilo moderno
Desenho Design
Existe uma turma descolada muito atenta às novidades de design. E, claro, o mercado oferece uns modelos super criativos, que servem até como verdadeiras esculturas. Nesse caso, nem precisa de tanto objeto, o melhor é ter uma base com seleções modernas e de contraste. Já que temos o preto em destaque, separe itens prateados numa linha mais tecnológica. Também são bem-vindos toys arts e livros. Essa arrumação encaixa-se perfeitamente no quarto de um jovem solteiro.
www.desenhodesign.com.br (81) 3048.4820
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ESTANTE DE vidro Estilo tradicional Particolare
As pessoas têm o hábito de usar vidro com vidro. E não é bem assim! Podemos ousar mais e brincar com a leveza desse material de suporte, colocando sobre ele objetos mais rústicos. No caso dessa estante, ela é bem indicada para quem coleciona pequenos objetos de barro ou qualquer outra produção artesanal. Isso já sinaliza um traço de personalidade, porque estamos colocando o acervo do morador em evidência, que ainda pode incluir alguns dos seus livros preferidos. Essa proposta fica bárbara numa sala de escritório, porque humaniza de maneira bem elegante.
www.particolare.com.br (81) 3032.3296
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CONFORTO NA SERRA Arquiteta Taciana Feitosa assina projeto de residência que une sofisticação e ambientação clean no aconchego de Gravatá Fotos: GREG Texto: WESLLEY LEAL
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Quando se fala em casa na serra, quase sempre, a primeira imagem que vem à cabeça é de uma ambientação composta por mobiliário rústico e cores sóbrias, com direito a lareira e outros elementos que propiciam aconchego. Foi aliando esse conforto à utilização de materiais como acrílico, vidro e metal, que proporcionam uma composição mais clean, que a arquiteta Taciana Feitosa, da TMF Arquitetura, criou projeto de residência em condomínio no agreste pernambucano. Na entrada, já é possível perceber o emprego de materiais que compõem uma fachada convidativa e integrada à vegetação do local. Com cerca de doze ambientes, entre os quais varanda, cinco suítes, sala de estar, sala de jantar, cozinha, piscina, home office e lavabo, a casa foi erguida numa ampla área de 400 m².
O objetivo é desmistificar a ideia de que esse tipo de residência tem que ter elementos rústicos, como móveis ou piso em madeira
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PROJETO Nas sala de estar, o mobiliário do acervo pessoal divide as atenções com as aquisições especiais, como os modulados da Florense e os estofados em tecido e couro da Sierra. Na sala de jantar, a mesa, já de propriedade dos moradores, foi harmonizada com o lustre em acrílico e a escultura de André Nobrega, que faz referência à natureza. A vegetação do terreno tem visibilidade a partir desse ambiente interno, por meio de uma parede de vidro que se estende pela estrutura de pé direito duplo, proporcionando também uma maior iluminação solar. “Quisemos desmistificar a ideia de que esse tipo de residência tem que ter elementos rústicos, como móveis ou piso em madeira. Mostramos que é possível criar uma ambientação aconchegante e, ao mesmo tempo, sofisticada, utilizando uma composição mais limpa”, defende Taciana. A parte luminotécnica, praticamente toda dimerizada, segue esse mesmo conceito. Ela promove um clima mais intimista em alguns momentos do dia e traz como ponto forte uma peça embutida, com nada menos que dois metros, da marca Zero.
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No home office, as portas corrediças de vidros duplos, com reforço acústico, evitam a reverberação do som. O espaço conta ainda com revestimento em PVC, que remete ao movimento de ondas, da Refinare, e teto com pontos de luz em fibra óptica, que simulam estrelas num céu aberto. “Prezamos pelo conforto, tanto para o proprietário, que adora assistir filmes e ouvir música, quanto para o restante da família, que pode desfrutar da casa sem ser incomodada por qualquer barulho”, conta a arquiteta. Nos quartos dos filhos, sobressai a varanda que interliga os cômodos. A estrutura ampla também está no quarto do casal, dando vista para a vegetação local e a área externa do imóvel. O piso, em porcelanato tratado, reforça a ideia de sofisticação, ao passo que a luminária pendente, em formato de globo, faz referência ao gosto do proprietário por música. Ainda nesse espaço, vale destacar o revestimento com motivos florais aplicado no banheiro do casal (que assim como piso foi fornecido pela Refinare) , bem como os móveis do closet, projetados pelo escritório da arquiteta.
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PROJETO No lavabo e na cozinha também reinam absolutos os revestimentos da Refinare. No primeiro, as peças em madeira em harmonia com a iluminação mais intimista, transmitem a sensação de aconchego. Enquanto na cozinha foram empregadas pastilhas em metal que, junto com o balcão em granito, constrói um ambiente moderno e convidativo. Já a área externa conta com piscinas circulares Jacuzzi, que foram instaladas sobre uma estrutura anteriormente de pedra, sendo necessária a implosão do piso no lugar. “Os donos da casa geralmente vêm aqui com amigos. Por isso, priorizaram o local, que é onde preferem estar”, conta Taciana. Em tempo, a área ainda apresenta uma churrasqueira interna, com estrutura de nicho de tijolos refratários e granito – para manter melhor o calor –, e uma chaminé que se estende até o telhado da casa, com partes em telhas de concreto impermeabilizado, na cor pérola, da Tegonort.
TMF Arquitetura www.tacianafeitosa.com.br (81) 3442.9861
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TRABALHo em casa Projeto de Jerônimo Cunha Lima agrega funções e privilegia a vista para o mar de Olinda Fotos: lucas oliveira Texto: germana telles
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Olhar para si mesmo, buscar qualidade de vida, usar as possibilidades que a natureza oferece, tendo plena visão de que a arquitetura pode resolver tudo. A partir de então, o projeto flui, com resultados incríveis. Essa é a base do trabalho de Jerônimo Cunha Lima, claramente exposta no traçado invejável da residência do arquiteto, debruçando-se bem à vontade à beira-mar de Olinda, em completa harmonia com o ambiente externo. A casa, de 350m², comprada em 1976, seduziu Jerônimo desde o primeiro instante. Simples, com apenas um piso, entre o mar e a rua, cercada de verde, pedia um pouco mais, instigava a criação. A oferta de compra e venda surgiu logo depois. E então, o novo lar começou a ganhar forma. O sobrado foi surgindo, tendo como principal característica a total integração dos espaços internos e externos, abrindo-se ao visual, à luminosidade e à ventilação. A principal preocupação, segundo Jerônimo, foi priorizar a vista, o conforto e proteger o lugar das particularidades do clima. “As soluções da arquitetura têm tudo a ver com a história de que cada caso é um caso. Temos que nos basear na realidade de cada proposta”, diz. No entanto, para ele, é fundamental que a casa permita a vivência dos moradores com o mundo que lhes cerca. “Muitos de nós vivemos em lugares completamente fechados, esquecendo do que podemos usufruir lá fora. Ficamos cercados de móveis bonitos num buraco negro”, diz.
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A entrada, no térreo, traz cadeiras reclinadas em madeira negra, com encostos vermelhos que contrastam com o cinza dos paralelepípedos. À esquerda, uma escada leva ao segundo pavimento, onde estão as estações de trabalho. Ainda no primeiro ambiente, o que se destaca é um imenso painel de Pragana, sobreposto à parede de tijolos aparentes. Como acontece em tudo que está na casa, pode ser removido e dar lugar a algo novo, mostrando a versatilidade e a flexibilidade do projeto. “Uma das primeiras mudanças feitas, depois que vim morar aqui, foi abolir paredes, deixando os ambientes integrados. Inseri piso de madeira e o segundo pavimento veio com um mezanino, onde instalei os escritórios, separados por portas em vidro, emoldurado por madeira”, conta o arquiteto.
Uma das primeiras mudanças feitas (...) foi abolir paredes, deixando os ambientes integrados 55
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Vidro, aliás, presente em todos os espaços, trazendo intencionalmente o mar para dentro de casa, tornando o ambiente fértil, para unir tecnologia e arte – já que o encantamento foi tamanho, ao ponto de Jerônimo levar a empresa para dentro do local, antes pensado apenas para abrigar o lar. A madeira também deixa a sua marca, tanto no piso como nas molduras das portas, no teto e nos móveis. Essa aparente “crueza”, na matéria-prima da construção e nos elementos de decoração, revelam extremo bom gosto, praticidade e sofisticação.
Jerônimo Cunha Lima Arquitetos www.jclarquitetos.com.br (81) 3429-3478
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Inquieto e sempre em busca de novos desafios, Roberto Lúcio se reinventa, no conceito mais literal da palavra, em alguns momentos entregue a pincéis e telas em outros portando uma máquina fotográfica, tudo, com riqueza de imaginação, embasamento teórico e capacidade de transcender o comum. A fotografia, verdadeiramente como suporte de trabalho, aportou à imaginação do artista num carnaval, ao observar a noite dos tambores silenciosos da varanda do seu ateliê em Olinda. Na ocasião, arriscou alguns clicks e, ao observar através do obturador da câmera, a riqueza de cores, personagens e movimentos que captava, iniciou o uso da ferramenta como uma a mais, diante das tantas outras que utiliza.
Na série ‘Teu corpo é o meu diário’, o artista cria uma atmosfera de envolvência, mistério e erotismo. Diante da imagem, o observador é, naturalmente, levado a fixar o olhar em detalhes, e assim interpretar a obra. “Acredito que pelo fato de eu não ter conhecimento de técnicas fotográficas, não fico preso a nada. Muitas ideias surgem e preciso canalizar, botar pra fora. Nesse trabalho, o erotismo é forte e a escrita, o diário em si, muitas vezes é feito diretamente no corpo e, a medida em que escrevo, que acompanho o ritimo do corpo da modelo, já mudo ali o que imaginava inicialmente escrever. É algo que sou levado, que vai além do corpo, da imagem e incita a escrita”, finaliza.
Paraibano de João Pessoa, cursou desenho, pintura e artes gráficas na Escola de Belas Artes da UFPE. Foi professor de pintura na Universidade Federal da Paraíba e fez curso de estilismo ministrado por Marie Rucki, do Instituto Berçot, em Paris. Em sua trajetória, já fez exposições no País e no exterior, com destaque para a Alemanha, (Berlim, Munique), os EUA (Nova York) e a França (Paris). No Brasil, passou pelo Museu de Arte Moderna (MAM/SP) e pelo Centro de Arte Hélio Oiticica (RJ). Possui obras nos seguintes acervos: Fundação do Patrimônio Artístico e Cultural de Pernambuco, Museu de Arte Contemporânea de Olinda, Museu de Arte Moderna Aloísio Magalhães, Krannert Arte Museum e Urban Illionois (ambos nos EUA) e Europaisches Patent Office, na Alemanha.
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www.revistasim.com.br
+ Mais sobre as fotografias no site:
MARCO PIMENTEL
Roberto Lúcio www.robertolucio.com.br (81) 9978.5059
Nesse trabalho, o erotismo é forte (...) É algo que sou levado, que vai além do corpo, da imagem e incita a escrita
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“No desenho encontro a paciência e a tranquilidade perdidas. Sou uma pessoa impaciente e impulsiva”, revela. As canetas naquim variando de 0.2 a 0.8 são as mais usadas por Dani para dar vida às suas mulheres. “Para mim é um exercício. Um trabalho. Faço tudo a mão livre, então dá para perceber através do traço no papel o meu nervoso, enxergar o cansaço ou uma certa excitação”, aponta. Ela conta que às vezes há um abandono no processo. Seus trabalhos costumam tomar toda a área do papel, sem deixar muitas áreas de respiro. “Cada desenho é uma paixão e preciso estar instigada para isso. Então eu mergulho até esgotar”, pontua. “As minhas mulheres surgem sempre de alguma situação e eu não consigo dominá-las nem editá-las”, conta. D’oxum é um nanquim sobre papel amarelo. Nesta obra, Dani usa pontilhismo em alguns momentos e mais de um tipo de caneta para criar várias possibilidades de traço.
Dani Acioli facebook.com/mulheresdedaniacioli (81) 9999.1358
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Cada desenho é uma paixão e preciso estar instigada para isso. Então eu mergulho até esgotar
+ Mais sobre “as mulheres “ de Dani: www.revistasim.com.br
lucas oliveira
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O estojo de tinta de restauro que ia do preto ao branco dado pela mãe foi um dos primeiros estímulos da desenhadora. É assim que se autodenomina Dani Acioli. “Desde criança eu gosto de desenhar e não costumo usar escala de cor”, conta. A formação do olhar se deu ainda pela coleção de catálogos de arte e por frequentar exposições de grandes mestres pernambucanos. Também passou pela Escolinha de Arte do Recife e fez curso com Ana Vaz para aprender a técnica. Apesar da afinidade com artes visuais, cursou jornalismo, profissão em que atua há mais de 15 anos. Agora, aposta em um espaço para desenvolver seus trabalhos com desenho e pintura, embora nunca tenha deixado essas atividades de lado.
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Há oito anos morando no interior mineiro, Elisa desenvolve com as mulheres da região uma técnica bastante particular. É através de tecidos, linhas e bordados que elas fazem releituras de obras clássicas. Paineis e almofadas ganham cores e traços tais quais as pinceladas de Pablo Picasso, Van Gogh, Klimt, Matisse, Escher e Andy Warhol. Ela ressalta que os rostos dos personagens são sempre desenhados por ela, que já chegou a refazê-los mais de 15 vezes em uma mesma obra, “A ideia é promover um diálogo com a história da arte e trazer para contemporaneidade. Elas criam as peças e eu faço algumas intervenções após o trabalho pronto. Tudo é costurado à mão e fazemos usos de muitos retalhos, além da mistura de várias linhas diferentes para chegar nas cores que queremos”, conta. Entre os paineis já produzidos, a artista ressalta uma releitura de Guernica, trabalho assinado por Pablo Picasso. “Acho que essa é uma obra perene e a nossa nós batizamos de ‘Ainda Guernica’. Adicionei algumas imagens muito fortes retiradas dos jornais com intuito de dar voz a essas pessoas que ainda sofrem com a violência e as guerras”, explica.
Elisa Lobo elisa.lobo@hotmail.com (11) 98636.8615
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A ideia é promover um diálogo com a história da arte e trazer para contemporaneidade
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FOTOs: lucas oliveira
FORMAÇÃO
Paulista de Presidente Prudente, Elisa Lobo possui formação em artes plásticas, porém dedicou mais de 35 anos à moda. O atelier de costura localizado na rua Oscar Freire (SP) foi o espaço em que mostrou seu trabalho com os tecidos, envolvendo-se também com produções nos bastidores do São Paulo Fashion Week e indumentárias para festas. Mas, foi no interior de Minas Gerais que a artista voltou ao seu ofício de origem. Há mais de 11 anos, usa os conhecimentos do bordado e o domínio da máquina de costura, das linhas e agulhas para fazer arte. “Fazemos um lindo trabalho com mulheres do Sul de Minas. Fico orgulhosa de dizer que colhedoras de café e varredoras de rua agora desenvolvem peças de qualidade”, conta.
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REPENSAR A CIDADE Projeto discute o modelo de construção ideal que dialoga com o meio urbano Fotos: Divulgação | REPRODUçÃO Texto: edi souza | patricia calife
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Foi a partir de um projeto encomendado pelo Centro de Estudos e Sistemas Avançados do Recife (C.E.S.A.R), que o escritório de Juliano Dubeux abriu caminho para discutir um novo modelo de construção, batizado de Combomix. Este é um complexo modular expansivo onde se pode estudar, morar, circular e realizar atividades de lazer, de olho na qualidade de vida em meio ao crescimento urbano. Muito além de uma estrutura que traz referências bem-sucedidas do passado, “surge uma proposta de articulação com a cidade, no momento em que se discute um novo Pernambuco”, adianta Juliano. Nessa etapa já não existe mais o projeto do C.E.S.A.R, que recebeu um formato de edificação apropriado às suas necessidades, ainda em 2012. Hoje, os envolvidos defendem um pensamento ímpar, que traz à tona questões urbanísticas da
atualidade, através de um conjunto arquitetônico de identidade pernambucana. Ousado e exequível, o Combomix abrange os princípios construtivos alicerçados em sustentabilidade e flexibilidade. Por isso, tem uma montagem inteligente, feita de maneira modulada, tanto no sentido vertical quanto horizontal, que pode acontecer durante o uso dos edifícios. Há, ainda, o aproveitamento do verde, o reuso da água e a utilização das energias solar e eólica. A inspiração veio da década de 1970, com o pensamento do arquiteto Wandenkolk Tinoco de levar o quintal para dentro dos apartamentos, numa época em que o boom imobiliário trazia a imponência do concreto na verticalização. “Esse meu espírito apegado ao Nordeste, me fez
transportar os nossos costumes para os edifícios. Moldamos as ideias até surgir a fachada com jardineiras largas”, relembra Wandenkolk tomando como exemplo o projeto precursor do Villa Mariana, no bairro do Parnamirim. Algo que, para Juliano, hoje é uma reflexão carinhosamente chamada “de volta para o futuro”. No contexto atual, surge como referência o arquiteto Malaio, mundialmente conhecido, Ken Yeang. Ele trata, dentro da arquitetura contemporânea, o impacto do design inserido na preservação do meio ambiente. Sua produção, além de grandes construções, inclui planos diretores completos de assinatura verde e associados aos recursos tecnológicos das edificações, provando que é possível, sim, colocar na prática o projeto inédito no Brasil. 65
OS PENSADORES
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Para que o plano saísse do cerne filosófico e se tornasse viável, o arquiteto Juliano Dubeux procurou pessoas de referência nas áreas afins a serem consultadas para desenhar o projeto. Dessa forma, passaram a integrar a equipe do Combomix, a arquiteta Gabriela Matos, também de seu escritório, o designer Ney Dantas, os paisagistas Cristoph Jung e Luciano Lacerda, o primeiro na parte de projeto e o segundo na parte executiva e de fornecimento dos materiais, o inspirador e também arquiteto Wandenkolk Tinoco, além do antigo cliente que agora tornou-se entusiasta da proposta, Guilherme Cavalcanti.
Guilherme Cavalcanti
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Gabriela Matos Formada em Arquitetura e Urbanismo pela UFPE em 2010, cursou parte da graduação na Universidade de Sevilla, na Espanha, focando em arquitetura sustentável. Participou de projetos de diversas escalas, como o modelo do Prometrópole, o desenvolvimento de bairros planejados como o Novoásis, em Caruaru, e de intervenção em sítios históricos do Recife adaptando as edificações para clientes como o C.E.S.A.R e o Porto Digital. Compõe a equipe do Escritório de Juliano Dubeux desde 2007, quando ingressou como estagiária e atualmente ocupa a coordenação dos projetos.
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Mestre em arquitetura paisagística pela Technischen Universität Berlin. Possui ampla experiência no escritório berlinense Sinai – Freiraumplanung und Projektsteuerung com participação em várias competições e execuções de obras. No Brasil, atua como paisagista, sócio na Atelier 105 Arquitetura e Paisagismo. Dentre seus prêmios estão: primeiro lugar no Concurso Nacional da LAGA Aschasleben, com revitalização dos parques da cidade – Alemanha 2005; primeiro lugar no Concurso Nacional Natur iin Kitzingen, com exposição de jardins – Alemanha 2005; e primeiro lugar no Concurso Nacional do Parque Municipal da Tamarineira (Recife/PE) – Brasil 2012.
Formado pela Universidade Católica de Pernambuco, com passagem pelo Venture Capital Institute, Instituto Brasileiro de Governança Corporativa e Fundação Getúlio Vargas. Foi gerente geral do Centro Internacional de Negócios de Pernambuco, presidente da Agência de Desenvolvimento Econômico de Pernambuco, diretor regional do Instituto Mercadológico das Américas, e, mais recentemente, CEO do CESAR PAR (holding do CESAR responsável por seus investimentos) e um dos fundadores do Impact Hub Recife. Atualmente, sua principal atividade é à frente da Agência Recife de Inovação e Estratégia (Aries), uma parceria entre a sociedade civil organizada e da Prefeitura do Recife focada em pensar e planejar a cidade no horizonte de 25 e 50 anos.
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Juliano Dubeux Formado em arquitetura e urbanismo pela UFPE em 1991, fundou seu escritório já em 1994. No ano de 2000 passou a focar na área construtiva. Na escala urbanística, trabalhou na alça da ponte Paulo Guerra (Via Mangue), na repaginação dos quiosques do calçadão de Boa Viagem e na elaboração dos estudos de requalificação da orla de Brasíllia Teimosa. Para o Governo do Estado de Pernambuco, realizou o anteprojeto para a região de ligação entre Recife e Olinda, com equipamentos como o Museu do Futuro Imaginário e está em andamento o projeto de um Compaz – que tem como objetivo levar arquitetura de qualidade para comunidades carentes. Expandiu sua atuação em intervenção do patrimônio histórico através de clientes como o C.E.S.A.R, tendo nesses projetos a oportunidade de expor ousadia aliada aos sistemas tecnológicos e o respeito ao patrimônio restaurado.
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Wandenkolk Tinoco Formado pela Faculdade de Belas-Artes do Recife, em 1958, foi aluno de Delfim Amorim e Acácio Gil Borsoi, dois mestres da arquitetura moderna pernambucana. Posteriormente, tornou-se assistente de ambos na mesma escola. A sólida carreira de Wandenkolk o tornou um dos principais representantes da arquitetura local, influenciando as gerações tanto na prática da profissão quanto no ensino. Na década de 1970, passou a projetar com a intensa busca de agregar os valores da casa ao apartamento, com forte influência da cultura pernambucana. O quintal foi o principal elemento trabalhado em seus projetos, a exemplo dos edifícios Villas, que inclui o Villa Mariana, hoje tombado pela prefeitura do Recife.
Luciano Lacerda
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Formado na Escola Paulista de Paisagismo, é especialista em jardins verticais e sócio-proprietário da Villa Garden. Sua área de atuação é abrangente, realizando projetos tanto para interiores, quanto para áreas externas e grandes obras. Luciano trabalha em parceria com os mais renomados arquitetos, somando experiências. Apaixonado por vegetação e por ambientes que reflitam as pessoas que neles vivem, tem no estudo dedicado às espécies de plantas e nas memórias afetivas dos clientes as suas grandes inspirações criativas.
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LUCAS
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Doutor pela Architectural Association School Of Architecture (1997), professor do departamento de arquitetura da UFPE, onde também é pesquisador da pós-graduação de design. Em sua expertise está o estudo de soluções para problemas causados por eventos climáticos extremos, redução e reaproveitamento de resíduos, diversificação da matriz energética, possibilitando a criação de novos materiais e ferramentas para melhoria da qualidade de vida nas cidades.
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Antes de explicar a complexidade do Combomix, Juliano Dubeux utiliza como ilustração uma fruta de casca seca que revela por dentro o seu conjunto de cristais, bem como uma romã. A metáfora abrange a combinação de seis prédios formando um hexágono, que remetem ao conceito de cooperação e organização do espaço. Construção dinâmica, idealizada para um terreno de 2,2 hectares no bairro de Santo Amaro, mas executável em qualquer outra localidade dentro ou fora da capital, segundo o arquiteto. “A ideia é dialogar com a rua e gerar nas pessoas o debate sobre arquitetura e urbanismo bem longe daquela imagem de segregação, causada por grandes obras no mundo afora”, adianta Juliano. Nessa missão, os edifícios do projeto funcionam como moradia, big business, formação, incubadora, pesquisa e start ups, complementadas por outras funções menores como estacionamento, segurança, academia, bicicletário, mini shopping e serviços. Essa composição gera massa de clientes, colaboradores e visitantes em geral viabilizando uma espécie de microcosmo para uma população com cerca de três mil pessoas. “Discuti muito essa proposta com o engenheiro Bruno Teixeira, que validou algumas ideias que foram tocadas desde então”, comenta.
Desenhados com alturas diferentes, seguem a lógica da expansibilidade em que o prédio tem a chance de receber compartimentação e usos distintos. “Os vãos podem se tornar apartamentos ou mesmo salas de aula ou escritório. Isso por conta de um sistema em que você iça vigas e pilares pré-fabricados, moldando os ambientes conforme a demanda”, explica o arquiteto chamando atenção para a flexibilidade da obra. “É um complexo aberto, que não para de funcionar, mesmo que haja a expansão daquele modelo já erguido”, arremata.
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A ideia é dialogar com a rua e gerar nas pessoas o debate sobre arquitetura e urbanismo bem longe daquela imagem de segregação, causada por grandes obras no mundo afora Juliano Dubeux
Juliano Dubeux
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PLANTA BAIXA
Big business 8.804,94 m2 Área para instalação de grandes empresas em 24 escritórios com 265 m2 12 pavimentos: tipo + 1 coberta + pé direito duplo
Formação 6.288,61 m2 Unidade com 90 salas de aula de 40 m2 9 pavimentos: tipo + 1 coberta + pé direito duplo
Flats
Incubadora
13.841,46 m2 Moradia com 410 apartamentos tipo studio, com 23,5 m2 15 pavimentos: tipo + 1 coberta + pé direito duplo
4.565,63 m Espaço para abrigar jovens empresas 6 pavimentos: tipo + 1 coberta + pé direito duplo 6 plantas livres de 530 m2 2
Start ups Pesquisa
8.308,94 m2 Empresas jovens, que vieram das incubadoras, reunidas em 120 salas, com 40,0 m2 12 pavimentos: tipo + 1 coberta + pé direito duplo
6.288,61 m Parque de pesquisa, com 90 salas de 40 m2 12 pavimentos: tipo + 1 coberta + pé direito duplo 2
COMBOPLATZ Nas perspectivas apresentadas pelo escritório, é fácil perceber que os equipamentos convergem para o centro, encontrando-se na Praça ComboPlatz. Eis o ponto crucial do trabalho, sob a ótica de Wandenkolk Tinoco. “Isso me reporta aos costumes do Nordeste com as pessoas se reunindo nas praças que em via de regra tinham coretos. Então, digo que houve uma ousadia brejeira, resgatando nossa identidade e se caracterizando até mesmo como armorial, porque usa uma solução clássica nordestina dentro de conceitos modernos”, define. Das referências estrangeiras, o paisagista alemão, Christoph Jung, lembra um eficiente resultado erguido no centro de Berlim. “Por lá há uma construção privada, conectada a uma praça aberta e acessível ao público, que se torna um grande ponto de encontro”, diz em comparação ao ComboPlatz – e seus jardins com bancos e quiosques destinados ao comércio, sobretudo de alimentação. “Acho inovador trazer essa ideia pra cá, porque você não dá as costas para a população, sendo aberto e ventilado por todos os lados”, completa. Acima: Perspectiva aérea das praças suspensas e da ComboPlatz; abaixo, a Postdamer Platz, em Berlim, que serviu de referência e inspiração para a ComboPlatz
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P谩s Helicoidais capturam e armazenam energia e贸lica
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O desenho da fachada, intercalando sistema de brises em jardins verticais, foi inspirado em circuitos de computador
SUSTENTABILIDADE A inspiração em Wandenkolk, nos anos 1970, e no malaio Ken Yeang, nos dias atuais, resultou numa proposta que reinterpreta a cultura. “Era um formato que sugeria poesia, mas foi extinto dentro da crise dos anos 1980 e 1990. Aquela época foi o boom dos condomínios fechados, como forma de o mercado imobiliário continuar produzindo. Assim, surgiu uma espécie de manual da construção civil, que se estendeu por anos”, conta Juliano Dubeux. Motivo para resgatar o uso das fachadas verdes e voltar a fazer uma arquitetura leve, com expressão e personalidade. Neste caso, ao observar suas nunces, surge desenhada com placas ou circuitos de computador, revelando uma beleza verde em meio a significados. Segundo o pesquisador em design e professor do departamento de arquitetura da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE), Ney Dantas, a vegetação utilizada de maneira vertical vai além do apelo estético. “Ela protege da insolação direta e mantêm o prédio frio por muito mais tempo. Isso, sem falar na diminuição das ilhas de calor provocadas por construções deste porte”, afirma. Para se ter uma ideia, ele lembra que há uma diferença real de 6°C entre as avenidas Domingos Ferreira e Boa Viagem, gerada pela concentração de edifício e concreto.
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Para garantir sombra, o escritório de arquitetura também idealizou o sistema de brises, uma espécie de canelado na horizontal que equilibra a incidência de luz. O material é composto por calhas e tem leve declividade para fazer com que a água da chuva escorra por ele e seja armazenado em reservatórios. “Essas brises geram um estoque que será gotejado nas próprias plantas. Isso, sem o risco de infiltrar o prédio, porque a água não entra em contato direto com a laje, já que é depositada sobre uma viseira metálica totalmente impermeável”, garante Juliano. Ainda de acordo com o arquiteto, este pode ser o case mais inusitado do projeto, que não visa composições mirabolantes. O apoiador e professor Ney Dantas concorda, “trata-se de um edifício em que os processos são práticos. Essa é a nossa perspectiva em design sustentável, apoiando cases para estimular a adesão das construtoras”. A jardineira não é concretada, mas composta por um jarro leve e facilmente encontrado no mercado, sob medida de 1,20 x 40 cm. Quando a planta sofrer algum dano, ela poderá ser retirada sem dificuldades rumo à área de quarentena. “Teríamos uma massa vegetal enorme que treparia por uma malha metálica. Ainda estamos estudando quais seriam, mas acredito numa variação de oito tipos, incluindo opções como chuchu e tomate”, adianta o paisagista e fornecedor Luciano Lacerda. Para ele, não se trata de um paisagismo meramente visual. “A proposta é usar o verde como amenizador de impactos, humanizando a região e sendo funcional”, completa, lembrando se tratar de um trabalho de vanguarda e, mesmo com referências fora do Brasil, adaptado às condições climáticas do Nordeste.
Corte geral do módulo Residencial: uso do verde é uma constante e jardins comuns a mais de uma unidade servem como quintais, promovendo interação
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Falando em verde, ele está presente também no interior dos edifícios, em áreas pontuais, a exemplo das varandas do flat: serão pequenos ‘quintais’ que servirão de espaço comum a algumas unidades, proporcionando a sensação de casa, num diálogo entre a natureza e a tecnologia. Já nas extremidades internas, serão criadas praças montadas em estruturas metálicas, deixando muita área livre, interligadas por escadas suspensas. “Em cima dos auditórios de cada edifício estão as praças de convívio, como se fossem áreas de descompressão, que acontecem, assim como nos prédios, também em alturas diferentes. Elas interagem através de escadas articuladas, dando a possibilidade de ver gente circular”, pontua Juliano.
Toda a fachada do prédio tem abertura para a manutenção dos jardins
Uso comercial, prevendo a implantação de um supermercado A vegetação surge do chão, subindo pela parede para dar a ideia de jardim
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CORTES
Vão de distanciamento da fachada dotado de jardim permite o resfriamento, que oferece conforto térmico
Planta modulada permite várias possibilidades de montagem
Acima: Cortes gerais da Incubadora e da Faculdade; ao lado, corte geral dos Escritórios
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Placas fotovoltaicas capturam a energia solar
Espaço comercial para atrair o público externo aos usos dos prédios
Escada escultura e aberta para permitir que as pessoas se vejam
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A permeabilidade do complexo surge entre o empreendimento e o local onde está inserido e entre os usuários de suas estruturas. Para isso, os prédios foram projetados com vãos livres entre eles e em toda parte inferior. Isso facilita a comunicação visual de quem passa de carro e o acesso de quem está nas ruas às áreas comerciais e de convivência no térreo, numa preocupação urbanística sempre presente no projeto. “O conjunto projeta muita sombra, formando um corredor de extrema utilidade para quem trabalha naquela área, que terá uma passarela sombreada deixando o caminho mais agradável. Esse fluxo possibilita desfrutar do ‘pátio’ interno, dos serviços ali oferecidos e, ainda, do contato com o verde e as pessoas”, destaca Juliano Dubeux. Para o ex-diretor do C.E.S.A.R, Guilherme Cavalcanti, “assim é possível livrar a cidade dos obstáculos e ter um lugar com fluidez. Ali você embarca e tem a possibilidade de interagir com o entorno e entre todos os usos do local”.
Ao lado de Juliano Dubeux está a arquiteta Gabriela Matos. Ela ressalta que a manutenção dos equipamentos ganha o auxilio indispensável da tecnologia, com instalações no teto para gerar abastecimento energético. “São áreas das placas fotovoltaicas que garantem a criação de corrente elétrica por meio da incidência solar. Além disso, aproveitaríamos o recurso eólico, utilizando modelos menores e mais urbanos, próprios para cobertas”, explica.
Placas fotovoltaicas para captura de energia solar
Sistema de captação de energia eólica
Espaço destinado ao lazer, onde podem ser montadas quadras poliesportivas ou quaisquer outros equipamentos
O abastecimento é para toda a estrutura, que inclui um edifício anexo com oito pavimentos onde estão o estacionamento, que considera bicicletas e veículos motorizados com 720 vagas para cada. “No topo do mesmo prédio, pode haver um academia de ginástica com cerca de dois mil m², além de um centro esportivo com piscina. Esse é mais um indicativo de flexibilidade da obra, que se alimenta de seus próprios recursos”, conclui Gabriela. Bicicletário com a mesma quantidade de vagas para carros
Christoph Jung projeto@jungpaisagismo.com (81) 3048.0900
Ney Dantas ney.dantas@gmail.com (81) 9297.7366
Guilherme Cavalcanti guilherme.cavalcanti@impacthub.net (81) 3048-3685
Wandenkolk Tinoco wandenkolktinoco.blogspot.com (81) 9254.2323
Juliano Dubeux Arquitetos Associados julianodubeux@julianodubeux.com (81) 3424.3796 Luciano Lacerda paisagismo@vgarden.com.br (81) 3031.9999 76
Edifício garagem
PORTFÓLIO
Fotos: DIVULGAçÃO Texto: ERIKA VALENçA
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Velejador desde criança e amante do mar e da natureza, sempre foi visível em seus traços de arquiteto o prazer e a identificação em lidar com projetos em áreas litorâneas, envolvendo residências, condomínios e hotéis de lazer. “Meus estudos e projetos possuem a tônica de compatibilização e adequação ao meio ambiente, aos aspectos naturais e aos conceitos de arquitetura bioclimática”, conta Motta.
PEDRO MOTTA
Seu espírito aventureiro e sua paixão pela arquitetura litorânea, leva o arquiteto a navegar por muitos mares, sempre pesquisando tipologias, materiais e métodos construtivos tradicionais e modernos, a fim de criar uma atmosfera de interação total. “Faço desses meus trabalhos um convite ao ‘dolce farniente’, a ficar com os pés descalços e relaxar com a brisa do mar. Não apenas interagir com a natureza, mas se deixar fazer parte dela”. Com estilo inconfundível e marca registrada de unir rusticidade e sofisticação, Pedro Motta também desenha edificações urbanas e de campo, primando pelo uso da madeira de reflorestamento e por uma vegetação nativa que proporcione sombreamento e conforto ambiental. Em seu portifólio, o arquiteto destaca o Nannai Resort Hotel na Praia de Muro Alto (PE), entre dezenas de outros projetos em locais paradisíacos como Ilhabela em São Paulo, Paraty e Angra dos Reis (RJ), Trancoso e Cabrália (BA), Serrambi e Fernando de Noronha (PE) e Pipa (RN). Ele também assina os exclusivos clubes que compõem os condomínios Alphaville Francisco Brennand (PE), Caruaru (PE), Camaçari (BA) e Campina Grande (PB), da grife da Alphaville Urbanismo. Apresentamos um pouco do seu trabalho, com projetos que são verdadeiros convites à contemplação do talento e dedicação desse arquiteto.
Faço desses meus trabalhos um convite ao ‘dolce far niente’, a ficar com os pés descalços e relaxar com a brisa do mar. Não apenas interagir com a natureza, mas se deixar fazer parte dela
RAIO X Formação: Tecnologia de Construções Civis e Arquittura e Urbanismo Anos dedicados à arquitetura: 38 Projetos executados: Mais de 600 Premiações de destaque: Prêmio Tégula – Lafarge de Arquitetura de Telhados, com projeto de casa na praia de Serrambi/PE (2004) Prêmio “O Melhor da arquitetura”, promovido pela revista Arquitetura e Construção, com o projeto de três casas na praia de Toquinho/PE (2013) Finalista do concurso promovido pela revista Casa Cláudia, com projeto de paisagismo para residência em Maria Farinha/PE (2013)
Suas referências na arquitetura: Casa da Cascata, do arquiteto Frank Lloyd Wright (EUA)
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Casa Farnsworth, do arquiteto Mies Van Der Rohe (EUA)
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Pedro Motta www.pedromotta.com (81) 3326.0540
Casa Sheats, do arquiteto John Lautner (EUA)
1 Alphaville (Pernambuco) O Alphaville Francisco Brennand Clube é resultado de um projeto feito sob medida com o objetivo de unir conforto, diversão e reverência à natureza. A edificação é composta por salão social, extensas varandas, área de fitness totalmente equipada, banheiros, vestiários, cozinha de apoio e área de lazer com piscina, quadras de esporte e grandes extensões de área verde. Localizado no alto de uma colina, de frente para uma vegetação exuberante, o arquiteto optou pelas madeiras reflorestadas (eucalipto) o que confere uma característica nobre. O uso de grandes janelas, ampla varanda e beirais sombreados assumem um papel de antecâmara entre a circulação de ar interna e externa, mantendo um micro-clima que permite a troca de temperatura mais amena. A piscina possui duas escadas que levam a ambientes de estar molhado. Os espelhos d’água aproveitam a insolação do local, aquecendo a temperatura da água. A iluminação é feita por luzes indiretas que fazem um jogo de sombras, proporcionando aconchego e conforto visual. O telhado, estruturado em telhas Tégula, tem uma cor que absorve o excesso de luminosidade.
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2 Casa em Trancoso (Bahia) Erguida em um lote de 4750m², sendo 38m de frente e 125m de fundo, a casa contempla uma suíte master com dois banheiros para o casal, seis suítes para os filhos, sala de ginástica, espaços sociais e áreas de lazer, além de dependências de serviço e apoio. Na implantação, foram levadas em consideração as restrições definidas para a chamada “Costa do Descobrimento do Brasil”, com a adoção de distância mínima de 50m das construções para a praia e gabarito limitado a 7,50m de altura. Considerou-se, também, a preservação e a valorização do coqueiral e das árvores de médio porte existentes no terreno. A edificação com 1.158m² é formada por um octógono e um conjunto de retângulos dispostos diagonalmente, interligados por passarelas cobertas e suspensas sobre palafitas que dão acesso aos ambientes. Esses espaços, por sua vez, se distribuem no terreno de modo criativo, conduzindo a ventilação do quadrante leste e proporcionando a vista para o mar praticamente de todos os ambientes de permanência e de circulação.
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PORTFÓLIO
3 Casa em Toquinho (Pernambuco) Num terreno à beira-mar com 32,90m de frente e 179m de fundo, com área de 5.872m², o programa previa inicialmente a implantação de três casas de uma mesma família, além de dependências comuns de serviço. Como a dimensão de frente do terreno não permitia a implantação, a solução adotada foi dispor a casa dos pais na parte central e as duas casas dos filhos nas laterais rebatidas e com volumetria escalonada, o que preservou a vista para o mar e a difusão dos ventos predominantes vindos do oceano. Foram concebidos também jardins, espelhos d’água e piscinas como fatores de amenização do clima e integração paisagística e arquitetônica. Com esses condicionantes funcionais e de conforto ambiental, o conjunto projetado, além de agradável resultado plástico, tem um simbolismo ao representar os pais ao centro e os filhos nos seus “braços”, como uma foto de álbum de família.
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TERRENO (escala 1/500) PLANTA DE SITUAÇÃO (escala 1/2500)
PLANTA DE LOCAÇÃO
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4 Nannai Resort (Pernambuco) O Nannai Resort visou manter valores ambientais, climáticos e culturais da região. Situado a 54km de Recife, o complexo hoteleiro tem foco na preservação dos ângulos de visão do mar; na orientação em relação aos ventos e trajetória solar com brisa constante e na valorização do coqueiral presente na paisagem. O hotel, na sua primeira fase, dispõe de 133 acomodações, sendo 84 apartamentos e 49 bangalôs. Os edifícios de apartamentos foram projetados como casas altas, adequando-se ao coqueiral nativo, além de servir de pano de fundo para os bangalôs e o conjunto de piscinas. Existem dois tipos de apartamentos de 45 e 55m² e três tipos de bangalôs de 64 e 120m². Conta ainda com um conjunto de 6.000m² de piscinas e espelhos d’água, quadras de tênis, vôlei e futebol de areia, sala de jogos, kids club, fitness center, spa, mini golf, sauna, esportes aquáticos e heliponto. A existência de dois desníveis no terreno foram os principais aspectos que condicionaram a adoção de solução arquitetônica horizontal, com edificações livres e isoladas, abertas para as ventilações constantes, vindas do quadrante leste, e protegidas do sol poente, no quadrante oeste.
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5 Casa em Mogi Guaçu (São Paulo) Na colina mais alta da fazenda existia uma única árvore, um Jacarandá Branco que, isolado, balizava o local com 360º de belas vistas. Todo projeto arquitetônico surgiu a partir daí, com o intuído de usar a árvore como parte integrante da obra, envolvendo-a com a edificação e protegendo-a no contexto de um pátio interno com espelhos d’água onde ela fosse a protagonista. Na altura média de sua copa, concebeu-se a edificação elevada sobre uma plataforma sustentada por estruturas de madeira em forma de árvores secas, com caules centrais ramificando-se em “galhos”. Distribuiu-se os ambientes sociais em quatro alas compatíveis com a orientação magnética, a trajetória solar, os ventos predominantes e os ângulos visuais da paisagem. Os ambientes de apoio e de serviços ficaram no nível do terreno natural, usufruindo também da ventilação constante que sopra sobre a colina. Contou-se com intervenção paisagística de Isabel Duprat que emoldurou a edificação com 80 Jabuticabeiras transplantadas e dispostas em patamares curvos escalonados. 86
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ARTE POPULAR
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ARTE QUE VEM DO POVO
foto: lucas oliveira
Conhecer a arte popular é entender melhor a história de uma sociedade, suas raízes, nuances e costumes contadas pela imaginação de quem escolheu o caminho da estética. Motivo para a Revista SIM! mergulhar num universo fascinante que começa na mão do artesão, emociona seus admiradores e, finalmente, ganha lugar de destaque nos projetos
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ARTE POPULAR | MERCADO
ARTE OU ARTESANATO? O mercado que abriga a arte popular é o mesmo que às vezes lhe rotula como peça de artesanato. Entenda a diferença e o papel de ambos Fotos: LUCAS OLIVEIRA Texto: EDI SOUZA
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Das mãos inquietas de homens e mulheres do povo surgem produções que podem ser chamadas de “arte popular”. Essas pessoas, muitas vezes isoladas dos grandes centros urbanos e que nunca frequentaram renomadas escolas de arte, criam peças com o devido valor estético ao retratar seu cotidiano ou mesmo seu imaginário. É a alma sensível de um artista por natureza se fazendo presente na forma de barro, madeira, tecido ou outro material ao alcance da sua realidade. São criações que ganharam espaço em diferentes mercados, inclusive fora do País, que aos olhos do apreciador comum pode vir a ser confundida como peça de artesanato. Segundo a galerista e incentivadora da arte popular no Estado há quase três décadas, Lurdinha Vasconcelos, tratam-se de produções bem distintas. “Não há como comparar uma confecção em série, feita em cópia e com finalidade de compra e venda, com algo que representa o sentimento e a história legítima de quem o faz – este, eu costumo chamar não apenas de artesão, mas de um verdadeiro artista”, defende.
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Lurdinha, que há 26 anos mantém a Galeria Sobrado 7, em Olinda, já manteve um acervo pessoal composto por trabalhos de todo o Brasil. Com o tempo, foi se desapegando da coleção, pensando que ela poderia ganhar a casa das pessoas e perpetuar-se cada vez mais. Isso, sem deixar de lado a paixão pelo assunto e a proximidade com os autores dessas obras. “Costumo dizer que arte popular é a alma do povo. Se ela não existe, é como um corpo sem alma. As peças que Manoel Eudócio fez pra mim, por exemplo, traduzem dedicação, afeto e carinho visto do auge dos seus 84 anos”, completa. Fora de Pernambuco há leilões que comprovam o gosto apurado dos compradores, a ter como exemplo os lances pelos quais são arrematados. “No eixo Rio-São Paulo isso é mais comum. No Escritório de Arte Soraia Cals, do Rio de Janeiro, Vitalino já teve grandes peças disputadas com lance mínimo de R$ 2 mil, finalizado com R$ 20 mil. Para se ter uma ideia, Artur Pereira, escultor de Minas Gerais, teve lance mínimo de R$ 47 mil. Então, existe um público consumidor ainda mais forte lá fora”, argumenta.
Costumo dizer que arte popular é a alma do povo. Se ela não existe, é como um corpo sem alma Lurdinha Vasconcelos
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ARTE POPULAR | MERCADO Esse mercado alimenta o gosto por estilos, cores e materiais distintos, muitas vezes representando o lado humorado e autêntico da cultura onde está inserido. Caminho certo para um mundo que requer olhar sensível e muitas vezes comovido do seu admirador. Nuance defendida pela museóloga Sylvia Athayde, que há mais de duas décadas atua como diretora do Museu de Arte da Bahia, sempre atenta a diferentes produções artísticas.
Sérgio Benutti
“Gosto daquilo que me toca. Acho, inclusive, que os termos ‘arte popular’ e ‘arte erudita’ são classificações para se introduzir o assunto, porém não são fronteiras rígidas. Ambas têm seu mérito e podem dialogar entre si, porque um não é melhor do que o outro”, conceitua Sylvia ao defender a ausência de certos conceitos. “Se o artista faz um objeto com a cabeça grande e um corpo pequeno, diriam se tratar de artes menores (utilitários), enquanto as maiores seriam representadas pelas pinturas. Na verdade, é a sensibilidade e a emoção colocada naquele objeto que o colocará no patamar de uma obra de arte”, finaliza.
É a sensibilidade e a emoção colocada naquele objeto que o colocará no patamar de uma obra de arte Sylvia Athayde
Galeria Sobrado 7 www.sobrado7.com (81) 3429.1009 Museu de Arte da Bahia sylviaathayde@hotmail.com (71) 3117.6902
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ARTE POPULAR | COLECIONISMO
COLEçÃO DE HISTÓRIAS
Hoje, encontramos esses objetos em projetos de arquitetos que você nem imaginaria. O que significa que em sua trajetória ele já olhou, repensou e reviu o significado, a importância e a beleza Roberta Borsoi
Fotos: LUCAS OLIVEIRA Texto: GERMANA TELLES
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“Minhas Barbies comiam em panelinhas e pratinhos de barro”, conta, entre sorrisos, a arquiteta Roberta Borsoi, mostrando a dicotomia vivida na infância, entre os brinquedos industrializados e as peças de artesanato – desde sempre presentes na casa dos seus pais, Acácio Borsoi e Janete Costa. A coleção, que se espalha por todos os cantos do casarão em Olinda, deixado pelo casal e onde Roberta vive atualmente, mostra os traços marcantes da cultura regional. Reflexo do caminho aberto por Janete Costa entre a arte popular, a arquitetura contemporânea e os próprios artistas, que nem sabiam que o produto do seu trabalho poderia ser reconhecido como arte. Roberta confessa não saber quantas obras fazem parte do acervo, já que muita coisa que está no local foi deixada pelos pais e também pertence aos irmãos. Basta um rápido olhar para perceber as peças de Dona Irinéia, Benício, Aberaldo de Alagoas e ex-votos de Geraldo Caboeta. “Fico muito feliz ao sentir que tem a mão da minha mãe empurrando essa porta. Ela enfrentou muito estranhamento, as pessoas enxergavam a arte popular como ‘coisa de pobre’. Hoje, encontramos esses objetos em projetos de arquitetos que você nem imaginaria. O que significa que em sua trajetória ele já olhou, repensou e reviu o significado, a importância e a beleza”, encerra.
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Outro entusiasta no assunto é o arquiteto Turíbio Santos. Ele conta que as lembranças do interior do Maranhão, onde cresceu, são a sua principal fonte de consulta, que trazem sempre novidades à coleção que mantêm ao longo dos anos. “Aprendi a respeitar e ter cuidado, porque na casa dos meus pais as peças faziam parte natural do cenário familiar. Não tinha ainda o entendimento da arte, mas achava bonito. Essa visão me acompanha até hoje”, conta.
ligado às nossas raízes. Mas aprecio coisas bonitas, que me façam sorrir. Se você gosta, use, mas há peças que sozinhas não têm a força total. Quando você junta e compõe, elas se agigantam. Assim, a coleção foi surgindo naturalmente”, diz. Juntos reuniram centenas de peças, tanto onde moram quanto no escritório. Entre os artistas presentes, Nuca, Galdino, Vitalino e Ana das Carrancas, unem-se a artistas populares anônimos do mundo inteiro, garimpados nas viagens.
Zezinho Santos compartilha a mesma opinião. “Tem esse gostar maior ainda por estar
“O brasileiro normalmente acha que o que vem de fora é melhor, mas temos artistas
extremamente representativos, que ganham cada vez mais força e reconhecimento. Devemos isso a Janete Costa, que começou a usar em seus trabalhos, agregando valor ao que é feito em Tracunhaém, em Caruaru, em Minas, no Amazonas, em Goiás, no interior do país. Esse olhar contribui até hoje com a descoberta de novos talentos. Ela endossou que aquilo era bom, e o que é bonito é bonito sempre”, afirma Turíbio.
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ARTE POPULAR | COLECIONISMO
A LÍRICA DE CARLOS AUGUSTO LIRA Arquiteto abre a sua coleção e revela a riqueza da arte popular brasileira Fotos: LUCAS OLIVEIRA Texto: GERMANA TELLES
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Um país inteiro em cinco mil peças. Um amor descoberto entre os brinquedos de menino e alimentado ao longo de 40 anos, ganhando proporções gigantescas. Essa é a história do arquiteto Carlos Augusto Lira e a sua paixão pela arte popular, que lhe rendeu uma coleção invejável de objetos produzidos por artistas de todos os cantos. De tão grande o acervo, Carlos viu-se diante da impossibilidade de guardá-lo em casa, alugando um galpão no Recife, onde obras de nomes como Nuca, Galdino, Mestre Vitalino, Ana das Carrancas, Véio e Luzia Dantas dividem espaço, preservando a memória e a cultura popular brasileira. “Mas guardar apenas não me deixava feliz. Do que adianta se não se convive com a arte? Não quis apenas juntar essas coisas para manter trancadas. Quero que as pessoas também tenham acesso, conheçam esses artistas, o que eles fazem e entendam como a nossa arte popular é imensamente rica”, diz.
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Não quis apenas juntar essas coisas para manter trancadas. Quero que as pessoas também tenham acesso, conheçam esses artistas (...) e entendam como a nossa arte popular é imensamente rica
ARTE POPULAR | COLECIONISMO Assim, surgiu a ideia de catalogar tudo e escolher o que melhor representasse a expressividade nordestina para montar uma exposição. “A Lírica de Carlos Augusto Lira” uniu três mil peças de mestres da região no Museu do Estado de Pernambuco: os jardins foram tomados por esculturas gigantes; o hall foi dedicado à arte sacra e profana, com uma parede tomada de ex-votos, oratórios, uma coleção de imagens de São Sebastião e um imenso cruzeiro do século 19, reproduzindo o início da história da coleção, quando ele recolhia os ex-votos deixados por fieis, na avenida Frei Serafim, no centro de Teresina (PI). “Eu recém-formado, trabalhava com Janete Costa e Acácio Borsoi, quando fui levado para fiscalizar obras no Piauí. Foi um desafio profissional e uma experiência de vida, que me abriu o mundo dos grandes artistas do Piauí, como os mestres Dezinho, Expedito e Cornélio. Esse mundo e a convivência com Janete foram abrindo portas, aumentando a curiosidade e a vontade de juntar. Eu não dizia que colecionava, eu dizia que juntava coisas”, relembra. A Lírica resume onde a paixão pelo colecionismo o levou. Os onze anos ao lado de Janete, a identificação e o carinho recíproco foram fundamentais no início da carreira, ampliando sua visão da arte e a bagagem cultural, segundo Carlos. Hoje, ele continua a produção do livro da coleção, já aprovado pela Lei Rouanet. Há, ainda, a vontade de transformar a reserva técnica em um lugar aberto para visitantes.
+ Confira o vídeo sobre a exposição no site www.revistasim.com.br
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IDENTIDADE POPULAR
lucas oliveira
Se a residência é uma extensão das pessoas que moram nela, nada mais justo que uma decoração com elementos que tragam personalidade ao ambiente. Razão para os arquitetos tirarem as peças de arte popular do armário e inseri-las à rotina merecida das áreas de convivência, de acordo com o perfil dos clientes. Com esse olhar, você confere nas páginas a seguir a composição trabalhada pelos escritórios de Carlos Augusto Lira e Zezinho e Turíbio Santos
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ARTE POPULAR | PROJETO
RÚSTICO E VERSÁTIL
Duas composições que abrem as portas para a arte popular Fotos: paula villocq | rogério maranhão Texto: EDI SOUZA
A obra pode ser de um grande mestre ou de um artesão anônimo. Não importa! Quando a peça transmite o sentimento e o cuidado estético de um determinado autor, ela pode ganhar inúmeras composições dentro de um projeto. Prova disso, são os dois trabalhos apontados pelo escritório Carlos Augusto Lira Arquitetos para clientes e espaços distintos, que comprovam essa versatilidade tão útil (e cada vez mais presente) no dia a dia das pessoas.
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“É um projeto muito interessante porque revela bem o perfil dos clientes. Ou seja, há uma história viva da família naquele espaço. A dona da casa, por exemplo, tem uma relação muito próxima com a vó, por isso peças do acervo dela compõem a decoração. É algo muito curtido pelo casal e seus filhos, num espaço bastante generoso”, explica o arquiteto. Logo na entrada, essa preferência por trabalhos de arte popular fica evidente com o caminho de madeira decorado com jarros de cerâmica produzidos em Tracunhaém/PE. 102
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O clima ameno da Serra do Maroto, localizanda em Gravatá/PE, compõe a atmosfera perfeita para uma decoração composta por móveis rústicos e, claro, muita arte popular. Os elementos, separados a dedo pelos moradores em parceria com o escritório Carlos Augusto Lira, traduzem o charme acolhedor da estrutura que se integra à paisagem, ao revelar o gosto pelas diferentes coleções dos proprietários.
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É um projeto muito interessante porque revela bem o perfil dos clientes. Ou seja, há uma história viva da família naquele espaço
O percurso abre caminho para o terraço, onde a rusticidade do piso de tijolo combina perfeitamente com o marrom do telhado e destaca os objetos. De modo imponente, chama atenção a peça de madeira talhada por Mestre Vieira, do interior de Alagoas, inspirado num homem com uma cobra na cabeça.
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Segundo o escritório de arquitetura, o contraste é encontrado na sala de jogos e no estar. Neste último, o trabalho contemporâneo do artista Pragana convive com uma decoração composta pelo arcás do século 19, sobre piso de madeira de demolição – vindo de Minas Gerais – e sofás adquiridos na Artefacto.
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Mas curioso é mesmo a sala para jogos, onde aparece o trabalho do artista Guilherme Nanes, de Garanhuns/PE, ao lado de uma coleção de frascos de vidro utilizados em farmácias. Tudo isso, ambientado com um quadro de Zé Cláudio e uma mesa revestida com couro sola, da Artefacto.
2. olhar contemporâneo
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Em seu apartamento na Av. Boa viagem, uma jornalista com duas filhas quis demonstrar sua paixão pela arte popular, colocando à vista objetos adquiridos em diferentes ocasiões, sem deixar de lado a atmosfera contemporânea da moradia de 350 m². Para isso, foi essencial a mescla de itens de design com outros de trabalho estritamente artístico e manual.
Essa cliente é muito engajada no que faz e no que gosta, então quisemos trazer isso para dentro da casa
“Essa cliente é muito engajada no que faz e no que gosta, então quisemos trazer isso para dentro da casa. É algo tão específico dela que, para se ter uma ideia, fizemos outras decorações neste mesmo prédio, com leituras completamente diferentes”, comenta Carlos Augusto Lira. Essa identidade, com a história e com a arte popular, está presente na área do home theater, com o grafite de Derlon como contraponto entre os diferentes trabalhos artísticos. Por isso, uma estante de vidro, desenhada pelo escritório de arquitetura, abriga as cabeças de madeira de Mestre Fida e Luíz Benício, além dos trabalhos da Mestre Neguinha, de Belo Jardim. Essa estrutura também se hamoniza à poltrona Moli, de Sérgio Rodrigues. Já o agrupamento das cabeças de madeira, produzidos por Luíz Benício, do Vale do Catimbau, decora o centro de vidro presente na sala com móveis e outros objetos do acervo pessoal da cliente.
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ARTE POPULAR | PROJETO Bem ao lado, dando um toque mais rústico, está um antigo móvel de apoio reaproveitado como peça-bar. O ambiente ainda explora a combinação perfeita de cadeiras brancas com uma mesa que tem base encomendada e montada pelo artesão Abiás, de Igarassu/PE. Ele esculpiu em troncos bem fininhos, dando funcionalidade e aspecto natural à peça. O gosto pela arte ainda é revelado pelo quadro do edifício Holliday, assinado por Ploeg.
Carlos Augusto Lira Arquitetos www.carlosaugustolira.com.br (81) 3268.1360
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PAIXÃO SOBERANA Amor pela arte popular ditou regras e traçado da casa do senador Jarbas Vasconcelos Fotos: gustavo sóter Texto: GERMANA TELLES
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Uma “casa-galeria”, onde a arte popular reina absoluta, mas onde também moram e circulam muitas pessoas a todo instante. Esse foi o primeiro pensamento dos arquitetos Zezinho e Turíbio Santos diante do projeto para o lar do senador Jarbas Vasconcelos.
Para que tudo coubesse e se completasse dentro da harmonia pensada para os 450m², foram selecionadas aproximadamente três mil peças, de artistas diversos.
lucas oliveira
“O ponto de partida para a concepção do projeto foi a neutralidade dos espaços que iriam acomodar, de maneira funcional e atraente, o acervo do nosso cliente — levando em consideração o modo de vida que ele tem, os seus hábitos e preferências. É importante lembrar que a coleção de arte popular de Jarbas Vasconcelos traz um dos mais completos e importantes acervos particulares do Brasil”, lembra Turíbio.
É importante lembrar que a coleção de arte popular de Jarbas Vasconcelos traz um dos mais completos e importantes acervos particulares do Brasil Turíbio Santos
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De acordo com Turíbio, alguns objetos e móveis foram criados especialmente para compor o projeto. Entre eles, as vitrines, o lustre e a mesa da sala de jantar, as mesas de centro e os aparadores. Tudo bem pensado para servir de apoio, favorecendo o convívio com tantos objetos de arte popular importantes para o dono da casa, tantos estilos e tamanha força cenográfica.
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Segundo Zezinho, todas as peças foram catalogadas e separadas por materiais, artistas e temas. Em seguida, foram milimetricamente dispostas, a maioria em vitrines, para a apreciação do proprietário. “Também nos preocupamos com a intensidade da luz natural que seria refletida permanentemente em determinadas peças e de que forma poderíamos destacá-las sem comprometê-las ou desgastá-las”, conta. “Foi um dos projetos mais gratificantes e trabalhosos, porque é difícil organizar para tornar viável o viver e a proteção do dia a dia. Uma coisa é organizar, expor, e outra é tornar o local habitável, cercado de preciosidades por todos os lados. Após a minuciosa seleção e catalogação, fomos criando. Cada coleção já se desenhava para um ambiente e Jarbas nos ajudou bastante apontando alguns caminhos e preferências para cada lugar”, relembra o arquiteto.
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Zezinho ressalta a força da identidade brasileira impressa no projeto. “Vários artistas comungam no mesmo ambiente onde a regionalidade impera, dividindo espaço com cores, texturas, materiais e traços de várias culturas — histórias retratadas de homens e mulheres do nosso cotidiano. Temos Manoel Eudócio, Vitalino, Zé Rodrigues, Zé Caboclo, Galdino, Ana das Carrancas, Francisco Brennand, Siron Franco, assim como artistas do Pará, de Minas Gerais, de Portugal, da Argentina, da Venezuela, do México e do Peru”, cita. Para Turíbio, o mais importante, o eixo, foi como os ambientes se acomodaram em torno das peças. “O nosso foco, junto com a nossa colaboradora Marta Dowsley, foi criar espaços confortáveis e práticos ao redor da coleção, e não apenas inseri-la em um ambiente”, finaliza.
Santos & Santos Arquitetura contato@santosesantosarquitetura.com.br (81) 3081.5900
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O nosso foco (...) foi criar espaços confortáveis e práticos ao redor da coleção, e não apenas inseri-la em um ambiente Turíbio Santos
ARTE POPULAR | ROTEIRO
PARA GARIMPAR
greg
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Saiba onde encontrar o melhor da produção popular no Estado
RECIFE | OLINDA
INTERIOR
Casa da Cultura A Casa da Cultura traz uma variedade imensa do artesanato que vem de mais de 149 municípios. A construção já foi um presídio, onde suas antigas celas foram transformadas em 150 lojas.
Caruaru – 135 km do Recife www.altodomoura.com
Centro do Artesanato de Pernambuco (Unidade Recife) Com uma área de 2.511m², o local tem foco na arte popular e no artesanato tradicional e já comercializadas mais de 106 mil peças artesanais de todas as regiões de Pernambuco.
Mercado da Ribeira Na construção do século XVII, estão boxes de artesãos locais que podem ser vistos finalizando suas belas peças. Lá, também estão expostos exemplares dos bonecos gigantes típicos do Carnaval de Olinda.
Avenida Alfredo Lisboa, s/n Bairro do Recife – Recife/PE www.artesanatodepernambuco.pe.gov.br
Rua Bernardo Vieira de Melo, s/n Sítio Histórico – Olinda/PE mercadodaribeira.wordpress.com
Mercado de São José Com arquitetura de ferro e neoclássica, típica do início do século XIX, o mercado oferece mais do que um belo edifício: artesanatos, comidas típicas, uma verdadeira coleção de representantes da cultura local. Praça Don Vital, s/n São José – Recife/PE www.mercadosaojose.com.br 118
lucas oliveira
Rua Floriano Peixoto, s/n Santo Antônio – Recife/PE www.casadaculturape.com.br
Alto do Moura Considerado o maior centro de artes figurativas das Américas, iniciado como tal pelo famoso Mestre Vitalino, o local reúne vários ateliês de ceramistas e museus. Por lá, cerca de mil artesãos retratam na modelagem da argila o cotidiano do homem nordestino.
Sobrado 7 De propriedade de Lourdinha Vasconcelos, uma das maiores referências no quesito arte popular em Pernambuco, a galeria oferece, entre outras coisas, objetos em cerâmica, madeira e telas dos mais renomados artistas populares. Rua Prudente de Morais, n° 262 Carmo – Olinda/PE www.sobrado7.com
Centro de Artesanato de Pernambuco (Unidade Bezerros) Importante ponto cultural para os turistas e moradores da região, o local conserva um museu da produção artesanal mais representativa do Estado e uma loja com peças de diversos municípios. Rodovia BR 232, Km 107 São Sebastião – Bezerros/PE www.artesanatodepernambuco. pe.gov.br
Tracunhaém A Cidade, conhecida em todo país e no exterior pelo seu rico artesanato, tem o maior ateliê ao ar livre do Brasil. As esculturas em barro são a sua verdadeira marca registrada. 72 km do Recife – acesso pela BR 408 www.facebook.com/Tracunhaem
NORTE DA MATA
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O BARRO DE TRACUNHAÉM O religioso e o profano ganham forma nas mãos dos artesãos da terra Fotos: DANILO GALVÃO Texto: ANDRÉ SOARES
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Alguns antigos contam que é pecado queimar o barro. Justificam que, segundo a Bíblia, foi a matéria que Deus utilizou para moldar o homem à sua imagem e semelhança e, com o sopro de suas narinas, deu aos humanos o fôlego da vida para então tornar-se um ser vivente.
Palavras ditas por Zé Inácio (88) que, no fim da década de 40, saía de sua cidade natal, Pombos, para aprender o ofício de oleiro. Sua produção abrangia, mais especificamente, a modelagem de utilitários, como jarros, alambiques e filtros. Alguns anos depois, ele veio estabelecer residência na TRACUNHAÉM
Média de 13.000 habitantes DISTANTE Aproximadamente 58 km do Recife Próximo dos municípios de Nazaré da Mata, Paudalho, Itaquitinga, Araçoiaba E Carpina DESTACA-SE PELA ARTE DECORATIVA DO BARRO
Betinho e zé inácio vivem e trabalham a partir do barro
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NORTE DA MATA cidade de Tracunhaém, Zona da Mata Norte do estado de Pernambuco. O município tem aproximadamente 13 mil habitantes, segundo dados do IBGE. Na cultura, destaca-se pela arte decorativa do barro, que trabalha sobretudo baseada na arte sacra dos costumes da fé local. Betinho (55), desde sempre morador de Tracunhaém, aprendeu ainda jovem a trabalhar com argila. Nas formas dos galhos das árvores, observava as semelhanças com o formato do corpo humano. Da fusão da ocupação profissional com o barro, desenvolveu um senso estético que explora esculturas eróticas. No final dos anos 70, ainda em processo inicial de formação artística, Betinho passou por diversas dificuldades, principalmente no embate filosófico das igrejas do município, onde em alguns momentos, foi exigido que suas obras fossem retiradas e não participassem de atividades públicas. Criação – Apesar de trabalharem em diferentes ramificações, a matéria-prima e a tradição da cidade os une. Se, numa determinada época, Betinho era visto pelos moradores e visitantes de Tracunhaém como uma espécie de “patinho feio” entre os artesãos do barro, sendo acusado de herege pelos praticantes da fé cristã local, Zé Inácio explora e brinca, de forma bem humorada e leve acidez, com as atitudes e acusações da problemática imaginativa com relações bíblicas do barro.
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NORTE DA MATA
“Eu acredito no criador. O sol é o verdadeiro criador. Então, a história da Bíblia diz que o espírito de Deus planava sobre as águas. Se Já tinha água, já tinha natureza. Quem veio primeiro?”, declarou Zé Inácio. Os dois são criadores e criam diariamente através do barro. Do amaciado, com seus próprios pés e modelagem à mão, é no forno que chega a mil graus que o sopro quente dá “vida” aos objetos e esculturas.
Eu acredito no criador. O sol é o verdadeiro criador. Então, a história da Bíblia diz que o espírito de Deus planava sobre as águas. Se Já tinha água, já tinha natureza Zé Inácio
Danilo Galvão danilolinsgalvao@gmail.com André Soares andre.jorna@gmail.com 124
DELÍCIAS
SABOR AUTÊNTICO E ARQUITETURA O chef Claudemir Barros cria pratos com a filosofia do resgate de ingredientes e técnicas Fotos: lucas oliveira Texto: erika valença
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Aos olhos do chef Claudemir Barros, a gastronomia vai muito além do que o simples ato de alimentar. É uma cadência de processos que se inicia do lado de fora da cozinha, em plena natureza. “Antigamente, tirávamos tudo o que consumíamos de dentro das matas, desde uma simples fruta, às caças e temperos. A mim, como profissional de cozinha, e adepto da filosofia de resgate de sabores, cabe a tarefa reapresentar essas iguarias de maneira diferenciada, usando a estética como atrativo”, explica. Para esta edição de Delícias, o chef usou como alicerce essa relação do homem com o meio. Sendo assim, o primeiro prato é o carré de cordeiro com purê de fruta pão e cogumelos desitratados. “Meu ponto de partida foi a completude do ecossistema em sua essência, começando com o semear, o colher e o caçar. Na montagem do prato, procurei valorizar a volumetria alternando o purê e a carne, seguido pelos cogumelos e culminando no verde com o uso da salsa, aliviando o tom rústico encontrado na sua base composta por especiarias secas e caroços de jaca”, explica Claudemir.
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O segundo prato reproduz parte de uma mata seca e a chegada do verde. “Quando os colonizadores aportaram em terras brasileiras, depararam-se com índios caçando aves para alimentar a tribo. Por isso, fiz essa analogia ao servir um peito de pato defumado e empanado com jenipapo, erguido em formato de tronco e um broto verde nascendo, mas já com as pontas queimadas pelo sol”, conta Claudemir que ainda utilizou na apresentação, areia de pato desidratado, castanha, café e canela, tudo acompanhado com uma mousseline de mandioquinha.
A mim, como profissional de cozinha, (...) cabe a tarefa de reapresentar aos comensais (...) iguarias de maneira diferenciada, usando a estética como atrativo
Tronco de Pato por Claudemir Barros Ingredientes:
Modo de preparo:
Montagem:
• 360 g de peito de pato defumado • 120 g de jenipapo sem pele e sem semente • 300 ml de vinagre • 150 g de açúcar • 5 g de cravo • 3 dentes de alho • 80 g de shitake • 90 g de shimeji
Para o tronco de pato: Disponha o jenipapo, o vinagre, o açúcar, os cravos e as cabeças de alho em uma panela pequena e leve para cozinhar até obter uma textura de chutney. Corte o peito de pato em bastões pequenos. Sele ambos os lados em uma sauté aquecida com azeite. Envolva com o chutney de jenipapo para ficar todo coberto.
Coloque o purê no centro do prato, depois alterne com o carré de cordeiro, o purê e novamente a carne. Finalize com os cogumelos e um pouco de salsa. No osso da carne, enrole os ramos de alecrim e salsa. Polvilhe o entorno do prato com a terra, um pouco de salsa e os caroços de jaca.
Para a terra: • 100 g de castanha • 15 g de café • 5 g de açúcar • 20 g de canela em pó • 60 g de pão triturado (brioche) • Sal e pimenta Para a musseline de mandioquinha: • 150 g de mandioquinha cozida • 200 ml de creme de leite fresco • 20 g de manteiga sem sal • Sal e pimenta a gosto
Coloque os cogumelos para desidratar no forno por aproximadamente 10 minutos a 150°C. Triture e empane o peito com a farinha obtida. Levar ao forno por 5 minutos a 150°C. Para a terra: Triture todos os ingredientes juntos e tempere com sal e pimenta. Para a terra de pato: Pegue as aparas do pato e leve ao forno pra secar (desidratar). Triture e use na decoração do prato. Para musseline de mandioquinha: Aqueça uma panela pequena com o creme de leite e a manteiga. Após fervura, adicione a mandioquinha e triture até obter um creme consistente.
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COZINHA! Função e estilo nos objetos do dia a dia
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1. A Consul lança linha de formas bem pensadas. Os utensílios da linha de Formas de Borda Rígida são fáceis de desenformar por serem mais consistentes. A Forma de silicone Canelada para Torta deixa a iguaria ainda mais crocantes. 2. A panela elétrica da Oster, além de ser multiuso, conta com sistema de cozimento a vapor e conservação do calor. Na cor vermelha, acompanha tampa de vidro, que permite acompanhar o preparo das receitas, além de ser um ótimo item de decoração para a cozinha. 3. O design dos utensílios da Linha Siliboo, da Tok&Stok, é perfeito para equipar espaços gourmet descontraídos. Com alta durabilidade, os itens são de silicone (resistente a baixas e altas temperaturas) e bambu (naturalmente antibactericida). 4. A Caçarola quadrada com alça ocre da Mimo Style, disponível na Casa Modelo, une o moderno ao funcional. De cor vibrande e design diferenciado, é refratária e pode ser levada diretamente do congelador ao forno. 130
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fotos: divulgação