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Irmandade e Santa Casa da Misericórdia de Santo Tirso Rua da Misericórdia, 171, 4780-501 Santo Tirso t. + 252 808 260 | f. + 252 808 269 santacasa@misericordia-santotirso.org www.misericordia-santotirso.org www.facebook.com/MisericordiaSantoTirso
CLÍNICA DE MEDICINA FÍSICA DA MISERICÓRDIA E DE REABILITAÇÃO DE SANTO TIRSO Nascida da vontade de cruzar o Bem-Estar dos seus residentes com a recuperação de toda uma tradição já secular na área da saúde, a Clínica de Medicina Física e de Reabilitação da Santa Casa da Misericórdia de Santo Tirso, mais do que uma unidade de saúde ao serviço de toda a população, funciona como núcleo estruturante da retoma da vocação histórica desta Irmandade. A concepção da sua gestão, baseada na competência dos seus recursos, assegura-lhe um desempenho superior dentro da sua classe. Com magníficas instalações recentemente ampliadas e equipadas com a mais avançada tecnologia, conta diariamente com a presença de Médicos Fisiatras. A convenção estabelecida com o Serviço Nacional de Saúde, com os mais diversos sub-sistemas de saúde e também com as mais importantes seguradoras, comprovam e dão confiança à qualidade dos serviços prestados. ACORDOS COM A.R.S. | A.D.S.E. | A.D.M.G. | A.D.M.F.A. | G.N.R. | P.S.P. | PORTUGAL TELECOM | VÁRIAS SEGURADORAS | IASFA
A Clínica de Medicina Física e de Reabilitação da Santa Casa da Misericórdia de Santo Tirso dispõe de meios necessários à reabilitação de doentes com patologias do foro ortopédico, reumatológico, cárdio-respiratório, neurológico e também de uma unidade destinada ao tratamento de crianças.
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editorial
Inovação Social
por Francisco Faria mesário
Num mundo em constante e rápida mudança, a inovação é a chave para a sustentabilidade de qualquer organização no meio em que se insere. Da inovação depende a resposta dada a cada momento, e consiste na identificação e exploração das necessidades da comunidade e criação de ferramentas que permitam satisfazer essas necessidades. No nosso sector, e tendo em conta o estado de verdadeira emergência social que se verifica na população, é imprescindível que tomemos a inovação como motor da nossa actividade. Num contexto de grandes dificuldades económico-financeiras, que se traduzem em graves lacunas sociais e humanitárias, apenas inovando conseguiremos utilizar os recursos para ajudar mais pessoas. Apenas inovando é possível continuar a actuar junto da nossa comunidade, apoiando cada vez melhor os idosos, integrando mais os nossos utentes na sociedade, proporcionando oportunidades a quem não as tem, promovendo o desenvolvimento pessoal, eliminando a discriminação social. É também inovando que responderemos aos novos problemas sociais, a cada dia diferentes e em crescente número. É, assim, a INOVAÇÃO SOCIAL, a ferramenta que que proporciona condições à Irmandade e Santa Casa da Misericórdia de Santo Tirso para continuar a intervir de forma activa na comunidade, identificando os seus problemas, necessidades, criando oportunidades e encontrando novas respostas. Será a INOVAÇÃO SOCIAL que permitirá à Irmandade e Santa Casa da Misericórdia de Santo Tirso permanecer como alicerce da acção social da nossa comunidade. O autor escreve de acordo com a antiga ortografia
SUMÁRIO /// ATUALIDADES / ENTREVISTA A CARLOS AZEVEDO - PRESIDENTE DA DIREÇÃO DA ESLIDER P.04 / PALESTRA “DEMÊNCIAS: PARA ALÉM DA DOENÇA DE ALZHEIMER” P.11 / PLANO DE ATIVIDADES 2014 P.12 / SÉNIORES EM MOVIMENTO - SEMANA SÉNIOR II P.14 / DIA INTERNACIONAL PARA A ELIMINAÇÃO DA VIOLÊNCIA SOBRE AS MULHERES P.16 / A FAMÍLIA P.20 / PORQUÊ COMUNICAR NUMA IPSS/OSFL? P.22 /// AÇÃO SOCIAL E COMUNIDADE / TRADIÇÃO E INOVAÇÃO P.24 / PROJETO MIES P.26 / O VOLUNTARIADO E A INOVAÇÃO SOCIAL P.28 / DIA INTERNACIONAL DO VOLUNTARIADO P.32 / ESTÁGIO DE ANIMAÇÃO SOCIOCULTURAL P.33 / AINDA SOU DO TEMPO DO ARROZ DE QUINZE P.34 / BOCCIA SÉNIOR P.36 / POSITIVIDADE P.38 / PROJETO IRIS - UM OLHAR CONCRETO P.40 /// SAÚDE / DEMÊNCIA E NOVAS VISÕES - POR DEBAIXO DA PELE P.44 / TERAPIA OCUPACIONAL P.48 /// FORMAÇÃO / A IMPORTÂNCIA DUMA BOA POLÍTICA DE COMUNICAÇÃO NUM CONTEXTO DE INOVAÇÃO SOCIAL P.50 / CUIDADOS DE SAUDE EM FORMAÇÃO P.52 / ESPÍRITO RENOVADO PARA APRENDER NOVOS CONCEITOS P.53 /// CARTOON P.54 /// AÇÃO EDUCACIONAL / ATL - ATELIERS INFANTIS EM MOVIMENTO P.56 /// CULTURA / POEMAS P.58 /// NOTÍCIAS P.60 /// REVELAÇÕES P.62
PROPRIEDADE IRMANDADE E SANTA CASA DA MISERICÓRDIA DE SANTO TIRSO // DIRETORA CARLA MEDEIROS // SECRETARIADO MARIA TOMÁSIA SOUSA // AVELINO RIBEIRO // COLABORADORES AIDA FERNANDES // ANA ALVARENGA // ANA RITA GOMES // ANYTA // CÁTIA AZEVEDO // DIAMANTINO SANTOS // FRANCISCO FARIA // HUGO MARTINS // ILDA MEIRELES // JOÃO LOUREIRO // JORGE MONTEIRO // JOSÉ ALVES DE CARVALHO // JOSÉ DOS SANTOS PINTO // LILIANA SALGADO // MARIA FRANCISCA DIAS // MARIA JOÃO OLIVEIRA // MARTA FERREIRA // MIGUEL DIAS // MIGUEL MIRANDA // NELSON PEREIRA // NUNO SELEIRO // RAFAEL ARAÚJO // SARA ALMEIDA E SOUSA // SOFIA MOITA // SÓNIA FERNANDES // TIAGO CAMPOS // TIRAGEM 1200 EXEMPLARES // EDIÇÃO DEZEMBRO 2013 // DEPÓSITO LEGAL 167587/01 PERIODICIDADE SEMESTRAL // IMPRESSÃO NORPRINT // DESIGN SUBZERODESIGN
a revista da misericórdia obedece ao novo acordo ortográfico
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Atualidades
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ENTREVISTA A CARLOS AZEVEDO PRESIDENTE DA DIREÇÃO DA ESLIDER
Quando entrevistado para a Revista da Misericórdia de Santo Tirso, Carlos Azevedo era ainda o coordenadorgeral da União Distrital das Instituições Particulares de Solidariedade Social do Porto. Cumpriu oito anos e quatro meses à frente desta importante instituição que lhe possibilitou um profundo conhecimento da realidade do terceiro setor e à qual quis sempre acrescentar valor. E fê-lo muito novo. Agora, com apenas 32 anos, assume a direção da ESLIDER PORTUGAL – Rede Nacional de Líderes do Terceiro Sector, fundada em 2011 para dar resposta aos novos desafios que se colocam ao Terceiro Setor Português. Posso começar por perguntar-lhe a idade? Tenho 32 anos. Fiz-lhe a pergunta para agora tentar perceber como se chega, tão novo, a coordenador-geral de uma estrutura como a União Distrital das Instituições Particulares de Solidariedade Social do Porto (UDIPSS-PORTO), mais ainda porque relacionada com um setor ao qual estamos habituados a associar a pessoas mais com mais idade… …É de facto um setor mais conservador. Mas tentando recapitular o meu percurso profissional: em 2005 era investigador na Universidade Católica e tinha em mãos um projeto cujo objetivo era tentar perceber qual o peso económico das organizações sem fins lucrativos. Esse projeto terminou e, a determinada altura, houve um pedido ao departamento ao qual eu estava relacionado, para que se fizesse uma candidatura para a UDIPSS, no sentido de se
capacitar as organizações sociais. Projeto esse que consistia na criação de duas pós-graduações e um conjunto de formações. Fiz a candidatura (que foi aprovada) e convidaram-me para ficar a coordenar o projeto. Este foi crescendo e comecei a fazer outras candidaturas, outros projetos no sentido de reestruturar a casa. Basicamente a minha estratégia foi “bombardear” a direção com várias propostas a dois níveis: que acrescentassem valor à organização e que, no fundo cumprisse a sua missão, que era capacitar as organizações sociais. Pelo que percebi, foi mais além do que lhe era pedido. Teve, no fundo, e como agora se diz, uma atitude pró-ativa? Exatamente. Aliás, o presidente da UDIPSS-PORTO dizia que um bom colaborador é aquele que acrescenta valor para além dos seus direitos, porque pelos seus direitos é pago de acordo com o contrato que celebrou. Aquilo que eu procurei sempre – e acho que é isso que também caracteriza o meu percurso – foi acrescentar valor ao que a minha organização fazia, para que ganhasse com a minha presença. Até porque também tinha a certeza que se não ganhasse, também não iria manter o meu posto de trabalho e não me iria realizar profissionalmente. Mas o interesse pelo terceiro setor já era anterior, ou foi crescendo à medida que foi conhecendo a sua dinâmica pelo trabalho desenvolvido na UDIPSS-PORTO? Veio do projeto de investigação. Basicamente, eu não sabia o que era o terceiro setor. Quando tive a primeira entrevista para ficar como investigador na Universidade Católica, a coordenadora do projeto veio ter comigo e perguntou-me:
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“sabes o que é o terceiro setor?” Eu confundi o terceiro setor com o setor terciário, o dos serviços. Não sabia nada desta realidade, mas à medida que o projeto foi evoluindo comecei a apaixonar-me por esta nova área de atividade e fui percebendo também as suas lacunas e onde podia fazer diferente, daí as questões da Inovação Social. O seu trabalho como coordenador-geral da UDIPSS-PORTO vai então nesse sentido, o de ultrapassar as lacunas dessas organizações sociais? Também. Em 2007 deixei de ser técnico de projeto e passei a ser o coordenador-geral e uma das primeiras coisas que propus à direção foi a de reestruturar a organização. A UDIPSS-PORTO estava a crescer muito e tinha como que várias organizações dentro da mesma estrutura. Eu fiz uma proposta no sentido de ser criada uma única organização que acomodasse todos esses departamentos, com uma supervisão ou uma coordenação geral, que fizesse também a ponte com uma direção não executiva. Toda esta construção do novo modelo de governo demorou um ano. Nós fomos visitar - a união distrital tem 365 IPSS associadas - todos os concelhos do distrito, reunimos com quase todas as organizações associadas para termos um modelo que fosse aceite por todas. E foi aceite por unanimidade em Assembleia-Geral. Referiu que são 365 as IPSS associadas da União Distrital. Presumo que seja um número muito próximo do total de instituições existentes no distrito do Porto? Sim. No distrito teremos há volta de 450 - ainda que hajam muitas inativas - mas sim, nós federamos a maior parte delas.
E desse contacto com todas essas organizações sociais, que informação destaca, ou quais as principais lacunas detetadas? Do levantamento exaustivo que fizemos, percebemos várias coisas. Primeiro, a maior parte dos modelos de governo estava desajustado ou obsoleto. Tínhamos um de dois tipos de modelos de governo: ou a direção técnica assumia uma dupla função de execução e controlo, ou então tínhamos a direção estatutária a assumir também este tipo de funções o que gerava uma série de conflitos de interesses: não se pode estar a executar e a controlar ao mesmo tempo. A par disto, detetamos a necessidade de profissionalização da gestão; não consigo
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UDIPSS-PORTO fazia mal o seu trabalho de lobbying, porque perceber como é que há organizações com orçamentos de seis era muito reativa. O Estado aparecia com uma política para milhões de euros e têm uma direção executiva voluntária. Acho ser implementada e nós, depois, é que protestávamos, dizendo que isso é pouco eficiente e, felizmente, a crise tem forçado que não fazia sentido ou que estava desajustada à realidade. este ajustamento. Estas foram as primeiras áreas onde quisemos Por isso procuramos ser mais pró-ativos nesse domínio intervir. também. A segunda área – a da Inovação Social – resulta da Foi com base neste feedback que construímos vários projetos constatação de que a maior parte das organizações estava que foram ao encontro das necessidades das organizações colada ao Estado, o que desvirtua o seu modelo de negócio. sociais, com algum sucesso, mas claro que ainda não As organizações sociais são da sociedade civil, estão mais transformarmos paradigmas. próximas das pessoas, geram mais confiança do que o mercado e simultaneamente são capazes E as organizações sociais são de não excluir. É esta a sua matriz. Mas “Não consigo perceber como permeáveis, por exemplo, a novos verificamos que as organizações sociais é que há organizações com modelos de governo? estavam a aproximar-se das funções Eu diria que ainda são muito conservadoras. do Estado, desenvolvendo atividades orçamentos de seis milhões São ainda assuntos que têm dificuldade em exclusivamente no âmbito da ação social, de euros e têm uma direção discutir mas, apesar de tudo, são assuntos que é um dos ramos do nosso sistema de executiva voluntária. Acho que se discutem mais hoje que em 2005 ou proteção social. Mas o Estado está longe que isso é pouco eficiente...” em 2007. das pessoas, não consegue perceber quais são os problemas das franjas, ao A atual conjuntura económica tem ajudado na discussão passo que as organizações estão próximas dessas franjas e desses assuntos? deviam reconhecer-lhes as necessidades e supri-las. Fazer Acho que sim. As crises também têm coisas boas e das boas aquilo que o Estado está a fazer é subverter a sua própria coisas que tem é empurrar as organizações para recuperarem missão. Portanto, um dos eixos que definimos no âmbito destas a sua origem – e só essas é que vão sobreviver – e, por outro organizações é o de que têm de voltar às suas origens, serem lado, para se tornarem mais eficientes nos seus processos capazes de recuperar as suas origens, reaproximando-se internos. Isso implica profissionalizar a gestão, ter uma ligação da comunidade e dando respostas auto-sustentáveis, daí a mais forte à comunidade, ter uma relação mais estreita entre Inovação Social. os órgãos, serem mais transparentes nas relações com todas as Por outro lado, também percebemos que a construção de partes interessadas, o que não acontecia. Dantes pedia-se um políticas públicas era pouco participada e estruturas como a
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donativo a uma empresa e poucas organizações eram capazes de fazer a devida prestação de contas, ou seja, dizer como o dinheiro era gasto, em quê, qual o impacto… acho que isso está tudo a mudar. O reposicionamento das organizações sociais passa também, pelo que percebi, pela Inovação Social? Claro. As organizações para se reposicionarem têm de inovar, criar respostas mais adequadas às necessidades da população e isso, por si só, é inovação. É a capacidade de criarmos soluções mais eficientes que as anteriores na resolução de problemas sociais. Mas a Inovação Social, no âmbito das organizações sociais, pode-se traduzir em quê? A inovação é transversal a tudo. Vamos lá ver: mudar o modelo de governo, mudar o governo de gestão mudar o modelo de negócio, tudo isto é inovação. Transformar uma organização que era hierárquica, burocrática e que reproduzia aquilo que era a estrutura do Estado para uma organização mais flexível, mais democrática, mais transparente na relação entre as várias partes, é inovação no processo. Mudar o modelo de gestão, contratando um gestor que tenha competências para desenvolver determinada organização, para torná-la sustentável, é inovação. Assim como para criar negócios que respondam a necessidades, novas ou velhas, não interessa, que resolvam problemas sociais. Acho que a maior parte das organizações sociais já começa a pensar na questão dos negócios sociais, acho que é o futuro. Há já um conjunto de pessoas que têm criado coisas muito interessantes.
Pode dar-nos alguns exemplos? Um dos projetos mais conhecidos, e que é paradigmático desta nova vaga, é o desenvolvido pelo Miguel Neiva, direcionado para a população daltónica. Sabe-se que 10% da população masculina é daltónica, mas nem o Estado nem o Governo estão preocupados com os daltónicos porque eles não influenciam os ciclos políticos. Ponto. Mas a sociedade civil, as pessoas que estão próximas, que sentem este problema, vão necessariamente ter de encontrar uma solução para os daltónicos. E o Miguel Neiva percebeu a dimensão deste problema, ou seja que existem pessoas que sofrem de
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bullying na escola, que são excluídas no posto de trabalho, que não conseguem escolher a linha de metro certa, que sofrem de ansiedade na triagem de Manchester, que, no fundo, são excluídos pela cor, pura e simplesmente. O que Miguel Neiva fez foi encontrar uma solução que integra os daltónicos, construindo um código que os ajuda a identificar todo o tipo de cores com base naquilo que para nós é um dado adquirido, que são as cores primárias mais o branco e o preto, atribuindo um símbolo a cada uma delas. No dia em que esta linguagem visual se tornar universal, vais ser indiferente ser ou não ser daltónico e o problema fica resolvido. E o que é que ele faz? Vende este código, licencia-o. Mas há outros projetos, nomeadamente de instituições a trabalhar os problemas de inclusão dos autistas ou com pessoas portadoras de trissomia 21, evidenciando-lhe as competências. Mas a ideia de negócio não fará, ainda, muita confusão às organizações sociais? Faz, mas quando soltarmos as organizações destas amarras, elas regressam às origens e começam a atrair e a reter os melhores - esta malta que cria soluções – e aí sim, nós começamos a resolver problemas sociais sem ter o peso tão grande do Estado, porque o Estado, por natureza é assistencialista, não capacita como empreendedor social. Muitas vezes falta às organizações sociais perceberem qual é a sua natureza, mas quando perceberem vão encontrar todas estas soluções e vão deixar de se lamentar que o “paizinho” não lhes dá mais dinheiro ao final do mês.
Até porque é pouco provável que lhe venha a dar mais? Ainda por cima. Mais uma vez a crise está a empurrar as organizações para assumirem as suas próprias funções. E até vou dizer uma coisa que se calhar não é pacífica: acho que neste momento o Estado está a financiar organizações onde o mercado está bem definido. Não é uma garantia de boa conduta? É isso, exatamente. Depois temos empresas que estão a concorrer com estas organizações pelas mesmas pessoas, só que com armas desiguais. E se há empresas a concorrer neste mercado é porque o mercado está bem definido. Então o que se deve perguntar é por que é que o Estado não paga em função das pessoas que lá vão e que precisam de apoio e paga em função do estatuto de determinada organização? Está-se a distorcer o mercado. As organizações sociais estão a posicionar-se mal, estão a posicionar-se onde o mercado existe. Não é esta a sua função, a função delas é prestar serviços que capacitem as pessoas. Mas pegando no exemplo de um instituição como a Misericórdia de Santo Tirso - uma IPSS que tem o seu peso e a sua importância na comunidade pelas respostas sociais que presta – que papel podem ter as questões da Inovação Social? No fundo, estou a descrever o mundo ideal, não digo que, de repente ‘se deite fora a criança e a água do banho’. Entendo que as misericórdias, as IPSS, têm um papel fundamental na coesão social, mas acho que o caminho deve ser feito no sentido de se autonomizarem ao máximo que puderem do
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probabilidade de conseguirem um emprego e, a médio-longo prazo, tem efeitos no sistema. A minha preocupação é por tudo aquilo que é ignorado pelo Estado, as causas dos problemas. As organizações estão a agir muito sobre as consequências dos problemas e não tanto sobre as causas. O Estado vai sempre ignorar as causas, sobretudo no que diz respeito às franjas, pois não se sente mandatado para tal.
Estado, criando negócios sociais - que do meu ponto de vista não são pecado – no sentido da auto-sustentabilidade das organizações e de maior impacto social. Dou-lhe o exemplo da associação Mundo a Sorrir, que trata de problemas da higiene oral, aos quais não se dá grande importância. É um problema de negligência até pelo próprio Estado… Com custos elevados à posteriori… Exatamente. O que a Mundo a Sorrir consegue provar através do seu projeto de saúde oral é que este tem efeitos diretos nas pessoas: aumenta a sua auto-estima (sobretudo nas pessoas que tem vários problemas de higiene oral), aumenta a
Mas voltando ainda à ideia de negócio. No âmbito de uma IPSS, que posicionamento fica reservado ao voluntariado? Quem o pratica não olhará com desconfiança estes negócios sociais? Nas organizações sociais falamos de vários tipos de voluntariado: naquele que é mais direto e naquele voluntariado de direção. São diferentes. Claramente na direção acho que esse voluntariado deve continuar existir, mas acho que a execução deve ser profissionalizada. Eu não acredito que uma pessoa que esteja todos dias numa organização, a gerir essa organização voluntariamente, consiga ser eficiente. Quanto ao outro voluntariado, podemos falar de modelos de negócios alternativos, onde o dinheiro não tenha de existir. Ou em soluções colaborativas. No Porto, por exemplo, existe o projecto Arrebita que, com base numa rede colaborativa voluntária, está a reabilitar um prédio na baixa da cidade. E o que é que os voluntários ganham? Eles chegam de vários países e fazem como que um Erasmus prático. Estão cá durante três meses para ajudar numa obra de reabilitação e pôr em prática os conhecimentos que adquiriram nos seus locais de formação.
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Mas isso leva-me a fazer a seguinte questão: entende que quem faz voluntariado espera sempre algo em troca? Não consigo acreditar muito em pessoas altruístas, não. E muitas vezes questiono-me sobre a motivação que está por trás do exercício de voluntariado. Para haver voluntariado tem de haver uma motivação e tem de ser suficientemente forte. Por exemplo, as pessoas mais velhas que fazem voluntariado numa instituição, fazem-no para se manter ocupadas. Eu não vejo mal nenhum nisso.
num grande hub de líderes de organizações sociais, uma plataforma por onde toda a gente passe e deixe ficar o seu lastro e democratize o acesso à informação.
Embora recente, como tem sido o percurso da ESLIDER? Temos tido boa aceitação. Nós somos já a maior rede europeia de líderes do terceiro setor com 70 membros. Isso significa que as pessoas estão a perceber o valor que nós estamos a acrescentar. Claro que, como tudo, o grande problema é o da participação, mas nós estamos a tentar resolver isso com a criação de “A Eslider é já a maior rede europeia de “As IPSS têm que se hubs locais, ou seja, a ideia é ter pólos líderes do terceiro setor”. autonomizar ao máximo que no Porto e em Lisboa que reativam Qual é, no fundo, a função desta rede de puderem do Estado, criando os líderes locais do terceiro setor. líderes do terceiro setor? Mas o reconhecimento por parte da A ESLIDER nasce da constatação de que a negócios sociais (que não presidência da república da ESLIDER maior parte dos líderes das organizações são pecado)” como sendo um interlocutor na área sociais demora, em média, um ano a construir do empreendedorismo social e o facto a sua própria rede, e nós queremos facilitarde termos escrito uma artigo para o The Guardian, constituem lhes a vida. Foi esse o primeiro objetivo. Depois, a necessidade já marcos históricos na vida da organização. Estamos a dar que constatamos de criar ambientes informais para que mais ainda os primeiros passos, mas passos muito seguros. • facilmente se partilhe informação e, por último, parte da constatação de que a maior parte dos líderes procura formação de topo lá fora, pois não existia em Portugal. A ESLIDER nasceu POR JOSÉ ALVES DE CARVALHO (JORNALISTA) para ajudar a resolver estes três problemas: garantir que as pessoas não demorem um ano a construir a sua própria rede, garantir que as pessoas partilhem mais em ambiente informais e construir uma formação de topo. Esta rede existe desde 2011? Sim, desde 2011. E queremos agora que a ESLIDER se torne
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PALESTRA “DEMÊNCIAS: PARA ALÉM DA DOENÇA DE ALZHEIMER”
Subordinada ao tema demências, e dando continuidade a uma série de diferentes iniciativas abertas à comunidade, a Misericórdia de Santo Tirso promoveu a Palestra “Demências: para além da doença de Alzheimer”. A iniciativa decorreu no passado dia 20 de setembro, pelas 18h00, no Auditório Centro Eng.º Eurico de Melo, tendo como moderador o Dr. José Jorge Monteiro (Neuropsicólogo na instituição) e como oradora a Prof. Doutora Yamisel Chong Espino (Coordenadora do Mestrado de Neuropsicologia Clínica no Ismai). Na presença do provedor da Santa Casa, Sr. José dos Santos Pinto, e perante uma plateia numerosa e interessada, a oradora deu início à sua intervenção. Com o objetivo de promover uma iniciativa esclarecedora à volta da diferenciação das características dos vários tipos de demência, a Prof. Doutora Yamisel Chong Espino procurou ainda sensibilizar todos os presentes para esta problemática, sempre com o intuito de ajudar familiares e cuidadores a entender e lidar melhor com esta realidade. Os sintomas mais comuns perante os
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diferentes tipos de patologia, bem como as terapias/estratégias mais adequadas a adotar perante um doente com demência foram, também, assuntos destacados. No final da sua intervenção houve ainda espaço para questões, que permitiu dissipar as dúvidas colocadas pela assistência, e as quais viemos a verificar relacionavam-se essencialmente com o tratamento da doença e com a melhor forma de lidar e comunicar com o doente. A Palestra “Demências: para além da doença de Alzheimer” revelou-se um importante momento de reflexão sobre uma temática tão presente na vida das famílias e na rotina da instituição, permitindo clarificar as melhores formas de atuação: a necessidade de acompanhar o doente com demência, de o acarinhar e minimizar a perda das suas faculdades são aspetos fundamentais para manter qualidade de vida do doente o mais agradável possível. • POR HUGO MARTINS (DEP. FORMAÇÃO, IMAGEM E RELAÇÕES EXTERIORES)
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PLANO DE ATIVIDADES 2014
No Plano de Atividades e Orçamento para 2014 encontram-se delineadas todas as atividades a desenvolver no próximo ano, sendo propósito da Mesa Administrativa prosseguir a política de construção, afirmando com muita serenidade, mas também com muita determinação, que está devidamente preparada para continuar a assumir um papel preponderante e interventivo de modo a que a Santa Casa seja um lugar melhor para usufruir, viver e recomendar. Pretende-se que dois mil e catorze seja um ano de estabilização e consolidação da intensa atividade ocorrida em dois mil e doze e dois mil e treze - os dois primeiros anos de mandato da atual Mesa Administrativa e que ficam marcados por um forte investimento na área patrimonial. Será dado início à adaptação da Casa de Repouso de Real. Não será descurada a aposta na modernização das estruturas existentes para que se possa continuar a dar uma boa resposta às exigências do mercado. Para tal, haverá particular atenção a possíveis projetos que ajudem a concretizar os objetivos imediatos, bem como para novos equipamentos direcionados aos mais carenciados do concelho. Manter-se-á a aposta que tem sido feita na manutenção e recuperação do Património da Misericórdia, bem como com as questões relacionadas com a Qualidade e H.A.C.C.P. Será canalizada especial atenção para a área do Voluntariado, nomeadamente através da implementação do “Clube do Voluntariado”, sendo este direcionado aos jovens em idade escolar. Manter-se-á a recetividade e abertura para tudo o que estiver relacionado com a Lei de Bases da Economia Social e Saúde,
razão pela qual a Misericórdia estará disponível para abraçar projetos ou desafios nesta área, pois não se pode alhear de que cada vez mais o Terceiro Setor e a Economia Social ganham notoriedade. A Cultura continuará a merecer a habitual atenção. O Grupo Coral continuará a elevar o nome da Instituição e do nosso concelho, dentro e fora do país. Continuará a dinamização de eventos através das estruturas existentes (Auditório, Sala Multiusos, etc.). Tudo isto será divulgado através do Site: www.misericordia-santotirso.org, da nossa página no Facebook e da Revista Semestral. Irá ser dado seguimento ao trabalho já iniciado com vista à criação de um Centro de Documentação Institucional onde poderá ter-se acesso à história e atualidade das Misericórdias em geral e da de Santo Tirso em particular. Tal como vem acontecendo nestes últimos anos, não se espera que dois mil e catorze seja um ano fácil, mas com engenho, arte, trabalho, esforço e dedicação será levado a bom porto a Missão Institucional e ultrapassadas as dificuldades que se possam atravessar no caminho.
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Gastos
Notas: Rendimentos = € 6.223.551,80 Gastos = € 6.904.402,42 Resultado Liquido do Periodo= - € 680.850,62
GASTOS 2014
Outros Gastos Perdas 3 400,00
Amortizações 608 903,31
Custo Merc. Vend. Mat. Cons. 762 460,00
Cash Flow = - € 680.850,62 + € 608.903,31 = - € 71.947,31 Média Resultados Extraordinários 2006/2012 = € 552.512,47
Gastos Com Pessoal 4 086 592,19
Fornecimentos Serviços Externos 1 443 046,92
A Instituição terá em 2014 fluxos financeiros positivos. •
GASTOS 2014 EM % Amortizações 9% Outros Gastos Perdas 0%
Gastos Com Pessoal 59%
Pode-se concluir que; Sendo o Cash Flow Previsional de - € 71.947,31, A Média dos Resultados Extraordinários 2006/2012 de € 552.512,47, Apesar do Resultado Liquido Previsional ser de - € 680.850,62,
POR JOÃO LOUREIRO (DIRETOR GERAL) Custo Merc. Vend. Mat. Cons. 11%
Fornecimentos Serviços Externos 21%
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SÉNIORES EM MOVIMENTO SEMANA SÉNIOR II
Não obstante as adversidades climatéricas que se fizeram sentir em Santo tirso e por todo o país de 1 a 4 de outubro, a Semana Sénior promovida pela Misericórdia de Santo Tirso, pela segunda vez consecutiva, teve uma excelente recetividade por parte da comunidade Tirsense. Contou-se com a participação ativa de utentes de outras entidades, nomeadamente o Centro de Ação Social e Acolhimento para a 3ª idade de Roriz, a Associação de Solidariedade Humanitária de Monte Córdova, Centro Social e Paroquial de Santa Cristina do Couto e a Associação de Solidariedade de Areias. Aliado aos rastreios de hipertensão e diabetes, nutricional, visual e podologia, proporcionou-se um espaço de bem-estar,
de relaxamento, dinamizado pela Carla Ruas e Termas das Caldas da Saúde. Os Workshops de Estimulação Cognitiva foram muito apreciados pelos participantes, que se mostraram curiosos pelo treino da memória, envolvendo-se em jogos e dinâmicas de grupo. Restrita aos utentes da instituição registou-se um torneio de Boccia, atividade física que envolveu crianças do Jardim de Infância e Idosos de diferentes valências, numa interação geracional muito salutar e divertida. O encerramento da semana sénior II realizou-se no átrio do Centro Eng. Eurico de Melo, tal como outras atividades que não puderam realizar-se no exterior, com a atuação animada e apreciada do Grupo de Concertinas de Monte Córdova. Resta agradecer a todas as entidades que colaboraram voluntariamente para esta iniciativa, que acolheu os Séniores do concelho de Santo Tirso e aos próprios participantes, que não se intimidaram com a chuva e frio que se fez sentir, nessa semana. • POR LILIANA SALGADO (DIRETORA DE SERVIÇOS SOCIAIS E QUALIDADE)
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DIA INTERNACIONAL PARA A ELIMINAÇÃO DA VIOLÊNCIA SOBRE AS MULHERES
À semelhança de anos anteriores, a Misericórdia de Santo Tirso honrou-se em assinalar o dia 25 de Novembro, comemorado pelas Nações Unidas desde 1999, no combate à Violência sobre as Mulheres. Este ano foram vários os âmbitos de participação da ISCMST no mês em que se dá relevo à problemática por todo o país, com a promoção das Jornadas Nacionais contra a Violência Doméstica. A ISCMST prosseguirá no seu compromisso de “contra-relógio” que é o combate a este flagelo. Palestra “A Violência Doméstica é Crime” (19.novembro.2013) A Equipa Técnica do Projeto IRIS participou numa palestra sobre Violência Doméstica, a convite da PSP local (palestra promovida pelo Rotary Club de Santo Tirso). Este convite surgiu na sequência da parceria informal existente entre a PSP de Santo Tirso e este Projeto da ISCMST, que constitui um exemplo de boas práticas no trabalho multidisciplinar em rede com vítimas de violência doméstica. A par da sensibilização feita pela PSP, que também divulgou dados da sua área de jurisdição, esta iniciativa permitiu apresentar o Projeto IRIS e discutir a mais-valia que este constitui como resposta efetiva e concertada à comunidade no seu âmbito de atuação, com a apresentação de dados estatísticos e qualitativos referentes ao trabalho desenvolvido. Visita da Exma. Senhora Secretária de Estados dos Assuntos Parlamentares e da Igualdade (20.novembro.2013)
Devidamente recebida na ISCMST pelo Exmo. Senhor Provedor, José dos Santos Pinto, e a Exma. Senhora ViceProvedora, Mª Manuela C. G. Fernandes Machado, a Exma. Senhora Secretária de Estado dos Assuntos Parlamentares e Igualdade, Teresa Morais, visitou a Valência Casa Abrigo D. Mª Magalhães, da Irmandade e Santa Casa da Misericórdia de Santo Tirso, no âmbito das II Jornadas Nacionais Contra a Violência Doméstica. Desde Janeiro de 2013 que a ISCMST, com assinatura de Cartas de Compromisso com esta Secretaria, dispõe de vagas de emergência bem como de verbas para autonomização de vítimas de violência doméstica. A visita que se noticia, revestiu-se de um caráter de reunião de trabalho em que foi apresentado e analisado o que a equipa técnica tem vindo a desenvolver com estes apoios que se revestem de enorme importância no suporte e proteção às vítimas de violência doméstica. Teresa Morais conheceu ainda o trabalho desenvolvido no âmbito do Projeto IRIS, nomeadamente o Centro de Emergência e o Gabinete de Atendimento, respostas especializadas direcionadas à comunidade que, desde Janeiro 2013, já conferiram apoio direto e efetivo a 150 vítimas, nos âmbitos psicossocial (atendimento, acolhimento e/ou encaminhamento) e jurídico. Complementarmente, foram discutidas medidas em curso e propostas de medidas a implementar em 2014, com apoio das verbas dos Jogos Sociais, canalizadas por esta Secretaria de Estado no reforço das respostas à problemática da Violência Doméstica. Sublinha-se a relevância desta iniciativa na certeza de que,
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DIA INTERNACIONAL PARA A ELIMINAÇÃO DA VIOLÊNCIA SOBRE AS MULHERES
na partilha de conhecimentos, motivações e experiência prática, se desbloqueiam procedimentos e nascem medidas efetivamente adequadas às necessidades diagnosticadas na população. Iniciativa Aberta à Comunidade (25.novembro.2013) A ISCMST assinalou o Dia para a Eliminação de Todas as Formas de Violência Contra as Mulheres numa iniciativa aberta à comunidade contra a Violência Doméstica e a favor da Igualdade de Género, organizada no Centro Comunitário de Geão com a colaboração da Casa Abrigo D. Mª Magalhães. Quando cuida de si, o ser humano torna-se mais capaz de enfrentar adversidades e proporcionar momentos positivos. A “aula” de Ioga dinamizada facilitou o sentimento de paz interior, num ambiente tranquilo. No mesmo espaço, mas em momento distinto, decorreu também uma exposição de campanhas audiovisuais de sensibilização com apoio de mesas de esclarecimento técnico. O feedback final das participantes foi muito positivo.
Feira da Igualdade “Na Natureza, nada se cria, nada se perde, tudo se Transforma” (25.novembro.2013) A Coordenadora da Casa Abrigo D. Mª Magalhães participou como oradora convidada num Seminário realizado em Ermesinde, promovido pelo Gabinete de Apoio e Promoção de Políticas e Trilhos de Igualdade, no qual teve a oportunidade de partilhar a experiência de 9 anos de acolhimento e acompanhamento das vítimas de violência doméstica acolhidas na Casa Abrigo da ISCMST. De 24 de agosto de 2004 a 31 de outubro de 2013, passaram pelo acolhimento nesta resposta social 220 agregados, constituídos por mulheres vítimas acompanhadas, ou não, de filhos menores, num total de 482 utentes. Palestra “Violência Doméstica: fenomenologia e intervenção – dois lados da mesma moeda” (25.novembro.2013) A técnica do Projeto IRIS, Sofia Moita, participou como oradora convidada numa Palestra Seminário realizada em Barcelos, promovida pelo Grupo de Acção Social
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Cristã (Projeto A Teu Lado…), na qual teve a oportunidade apresentar os resultados preliminares do Projeto em curso na ISCMST. No âmbito do Centro de Emergência IRIS (com 8 vagas) e Gabinete de Atendimento IRIS, foi conferida proteção e apoio efetivos a cerca 155 vítimas de violência doméstica. Encontro da Exma. Senhora Secretária de Estado dos Assuntos Parlamentares e da Igualdade com Equipas Técnicas de Casas de Abrigo Três elementos da ISCMST deslocaram-se à sede da Presidência de Conselho de Ministros em Lisboa, em representação da Casa Abrigo D. Mª Magalhães, para participar de um encontro promovido pela Secretaria de Estado dos Assuntos Parlamentares e da Igualdade para discussão e avaliação dos apoios atribuídos para o ano em curso, no âmbito das Cartas de Compromisso assinadas entre aquela Secretaria e algumas Casas de Abrigo. Dos resultados do Encontro surgirão medidas que, oportunamente, serão anunciadas publicamente por daquele Órgão Governamental. • POR SARA ALMEIDA E SOUSA (COORDENADORA DA CASA ABRIGO D. Mª MAGALHÃES)
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A FAMÍLIA
O amor é o primeiro valor da família: dá, serve, ouve, A Irmandade e Santa Casa da Misericórdia de Santo Tirso perdoa, aplaude, automatiza, liberta. é uma instituição que pontifica a generosidade do amor A família é o espaço onde todos nós devemos valorizar o amar incondicional e gratuito, assim como a promoção e defesa dos e o ser amado. direitos da família. A responsabilidade social, o respeito pelo próximo, a Todos nós, conhecemos as fragilidades existentes, mas é nosso humildade, a lealdade, a convivência pacífica são valores que dever lutar para as vencer. os trabalhadores desta instituição têm com todos os nossos A sociedade atual exige, cada vez mais, rigor e um maior utentes. Esta será sempre a base e o orgulho de todo um empenhamento de todos para ultrapassar o momento trabalho de um vasto e corajoso grupo de pessoas que são o conturbado que estamos a viver. Entre as intransigências grande património desta instituição. de uns e a indiferença de outros, entre o poder de uns Assim, vamos continuar a lutar pela tantos e a sujeição de muitos, vive-se a promoção e defesa dos direitos da família. • incerteza e a preocupação sobre o que “A responsabilidade social, nos reserva o futuro próximo. o respeito pelo próximo, a A Misericórdia é uma instituição viva, POR JOSÉ DOS SANTOS PINTO (PROVEDOR) atuante e fortemente humanista, humildade, a lealdade, a aberta à comunidade e sempre com convivência pacífica são uma grande vontade de, dia a dia, se valores que os trabalhadores entregar a um qualificado serviço de desta instituição têm com apoio às famílias mais carenciadas e todos os nossos utentes.” mais desfavorecidas. A nossa sociedade reclama e espera, com impaciência, a aplicação de medidas integradas de uma política ativa e séria em prol da família. Há avanços, mas infelizmente também há muitos recuos. Sabemos que nenhuma mudança social é inócua e imune ao surgimento de reflexos (positivos e negativos). Apesar de todos os constrangimentos que têm evoluído, a família continua a ser o núcleo base da sociedade, o espaço da afetividade e da intimidade em que todos aprendem com todos, a escola onde os valores se transmitem sem preconceitos…
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PORQUÊ COMUNICAR NUMA IPSS/OSFL?
Mito 2: É preciso ter uma pessoa ou equipa dedicada à 4 mitos da comunicação: 4 Dicas em 4 minutos para comunicação cumprir 4 objetivos Ajuda, mas ter pessoas apaixonadas tem mais valor. Uma Perdoe o leitor pelas próximas palavras. Elas são dirigidas fotografia de um sorriso verdadeiro de um colaborador, irmão, às IPSS e Organizações Sem Fins lucrativos (OSFL) mas são utente, o que não vale? válidas para todas as organizações no humilde ponto de vista de quem as escreve e que respeita em primeiro lugar o seu Mito 3: Todos os canais são caros: inserção em jornais, papel na nossa sociedade, que se emociona com a coragem cartazes, internet, folhetos, eventos... diária das pessoas que dedicam o seu tempo aos outros, e que Falso. Produzir 2.000 folhetos ou enviar lamenta que se pense que comunicar é um 1.000 SMS personalizadas custa perto de luxo. 50 €. Ainda acha muito para promover Comunicar é estabelecer uma ligação, “Mito 4: As IPSS que um evento, ou enviar uma felicitação de ainda por cima nos dias de hoje onde não comunicam são ricas, ou aniversário? há emissor e receptor mas simplesmente não é necessário comunicar comunicadores. porque é mal visto em Mito 4: As IPSS que comunicam são O que a maioria das IPSS/OSFL faz é de ricas, ou não é necessário comunicar louvar e comunicar o que fazem é muito tempos de crise...” porque é mal visto em tempos de importante. Mas uma comunicação positiva, crise... afirmativa, viva, com cor, forma e movimento. Falso. Comunicar é uma questão de mostrar aos outros o bem Que nos impulsione a todos, que nos dê energia. que a sua instituição faz. E envolver a comunidade. A sua O percurso deste cidadão sempre foi no mercado instituição pode fazer a melhor ação do mundo mas se não concorrencial privado, em empresas grandes e pequenas. E disser a ninguém, é como se não existisse. comunicar começou no primeiro choro do nascimento. Ficam aqui as suas impressões: Sim, mas então como comunicar de forma eficaz? Dica 1 – as primeiras pessoas que comunicam são os seus Mito 1: comunicar bem é para as empresas grandes, com colaboradores no contacto com a comunidade. Procure saber meios monetários, com televisão, uma imagem apelativa, a sua opinião e valorize-os. redes sociais, campanhas agressivas... Dica 2 – Uma imagem vale mais que 1.000 palavras. Use as Não, comunicar bem é ter uma mensagem apelativa, um redes sociais ou o email, é gratuito. Envie os parabéns por produto ou serviço que as pessoas apreciem, e tocar nas suas SMS personalizadas. É barato e eficaz. Faça folhetos com emoções. E a sua instituição não tem isso?
mensagens positivas e instrutivas e mantenha a comunidade a par do que fez e vai fazer. Dica 3 - Defina a periodicidade, uma vez por semana ou uma vez por mês. Crie o hábito de comunicar e defina metas, como x leitores do email por exemplo. Dica 4 – Crie bases de dados de colaboradores, utilizadores, irmãos, parceiros com email, nome e telemóvel, pelo menos. A informação é poder e poder usar a informação é a diferença entre ser bem-sucedido e não ser sucedido de todo. E já agora dentro da sua rede de contactos há pessoas com competências para comunicar. Procure-as. E para quê comunicar numa IPSS/OSFL? Objetivo 1 – Quer ter mais mecenas, donativos e apoios? Quer ser valorizado pelo seu trabalho? Quer envolver a comunidade? Como fazê-lo estando “calado”? Objetivo 2 – A sua instituição é uma marca, que quer ser lembrada, respeitada e valorizada. E quem não aparece, deixa de ser lembrado não é? Objetivo 3 – Comunicar permite que toda a organização saiba o que está a acontecer, o que gera consistência no discurso Objetivo 4 – Colaboradores, utentes, e parceiros, todos gostarão mais de trabalhar convosco. E não é isso que uma organização ambiciona? Comunicar é conhecer, partilhar, festejar, informar, vibrar, emocionar. E muito mais. Ainda acha que comunicar é para os outros? • POR NUNO SELEIRO (MARKETING ASSERBIZ; nuno.rodrigues@asserbiz.com)
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TRADIÇÃO E INOVAÇÃO
O contexto de crise global impele-nos para a procura de soluções alternativas, criativas, que sempre esteve associado ao espírito português – “a lei do desenrasca”. Os portugueses, meritórios navegadores, aventureiros, polivalentes e sempre prontos para novos desafios, adotam facilmente novas regras e modas. Explica-se assim, que o espírito inovador é algo intrínseco ao nosso ADN, ao nosso “fado”. Por vezes impelidos pelo perigo, pela fome, pela desgraça, procuramos novos caminhos, novas ideias (nem sempre as mais “ortodoxas”), contornando as normas e os requisitos legais com a maior artimanha… As organizações sociais portuguesas inserem-se neste contexto. Os seus dirigentes serão, na sua maioria, conduzidos por um espírito voluntarioso e guerreiro, quando outros interesses materiais e pessoais não falam mais alto. Muitos são originários do setor industrial, com vasta experiência profissional de gestão orientada para o sucesso e para o lucro. Estes dirigentes aliam-se a uma equipa profissional de gestores da organização, que pretendem pôr em prática as suas estratégias académicas e empíricas de gestão em prol da missão da organização. A inter-relação potencia sinergias que são vantajosas para as instituições sociais. A visão empresarial pode rentabilizar recursos e apontar novos caminhos para a sustentabilidade do terceiro setor. O lucro não é um fim, mas a estabilidade financeira é imprescindível para que se possa concretizar a missão social. E como diz o ditado: “a necessidade obriga!” - procuram-se medidas alternativas de financiamento, ensaiam-se estratégias de redução de custos, reforça-se a identidade institucional.
A Misericórdia de Santo Tirso insere-se neste contexto. A sua considerável dimensão replica as dificuldades financeiras, a necessidade de ideias criativas e inovadoras que respondam à sua missão social, que é: “promoção de respostas e iniciativas adequadas à prossecução dos seus fins e às necessidades diagnosticadas na comunidade, contribuindo para o desenvolvimento local e proteção de grupos sociais mais vulneráveis”. E tudo indica que os sinais de inovação da Misericórdia de Santo Tirso remontam aos tempos da sua constituição, numa visão altruísta de intervenção social, de partilhar com os desfavorecidos e de proteger os mais fragilizados. Nos dias que correm, apontamos um passado recente, na década de 80, a pioneira Unidade de Grandes Dependentes – Lar Dra. Leonor Beleza, que hoje se equipara ao funcionamento de uma Unidade de Cuidados Continuados. Na década seguinte, experimentaram-se metodologias de trabalho comunitário inovadoras, no Projeto de Luta contra a Pobreza, entre outros. Estreitaram-se as relações com a comunidade cigana local e novos projetos surgiram, na área da formação, integração profissional entre outros domínios. No início deste século, a Misericórdia voltou-se para uma nova problemática: a violência doméstica. Desenvolveu projetos comunitários e nacionais, criou resposta de acolhimento temporário – a Casa de Abrigo. Efetivamente a inovação encontra-se na conjugação da forma e do conteúdo da intervenção social, na inter-relação das respostas sociais, na tolerância e na promoção da igualdade de oportunidades que sempre norteou esta instituição.
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Por isso, a Misericórdia de Santo Tirso, instituição secular, abraça sempre novos desafios e supera obstáculos da gestão quotidiana de serviços dirigidos à comunidade, às pessoas, que só tem sido possível com a participação e envolvimento de todos – utentes, colaboradores, parceiros. Nós Portugueses, nós Misericórdia, acreditamos que a inovação social se encontra no potencial humano. • POR LILIANA SALGADO (DIRETORA DE SERVIÇOS SOCIAIS E QUALIDADE)
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PROJETO MIES
O IES nasce para ser uma referência do empreendedorismo social para o mundo lusófono, promovendo a inovação, o conhecimento, a aprendizagem e o impato social, de modo a inspirar e capacitar para um mundo melhor, através do Empreendedorismo Social. Tem assim como objetivo o estímulo à inovação, à eficiência e ao crescimento do impacto de projetos transformadores que quebram ciclos de problemas na nossa sociedade. Trabalhamos para identificar, apoiar, formar, promover e relacionar iniciativas de alto potencial de empreendedorismo social, com organizações e indivíduos excecionais e comprometidos para mudar o mundo de forma mais eficiente e inovadora. Em 2012 surge o “Mapa de Inovação e Empreendedorismo Social em Portugal”, um projeto de pesquisa, que visa descobrir e mapear as iniciativas inovadoras procurando a criação de conhecimento, usando uma metodologia de proximidade com as comunidades locais. O foco desta metodologia está na análise de competitividade dos modelos de negócio inovadores identificados, e na divulgação e disseminação, nacional e internacional, de casos de sucesso e boas práticas nacionais através do
mapeamento de iniciativas inovadoras e de criação de conhecimento, usando uma metodologia de proximidade com as comunidades locais. Nesse domínio, o presente projeto dará particular atenção à comunicação e partilha do conhecimento gerado, através da criação de uma ferramenta online que incluirá um mapa interativo com os projetos escolhidos, a produção de vídeos, a edição de um livro e a organização de eventos nacionais e internacionais. O objetivo é muito claro: contribuir para o crescimento e competitividade de um novo mercado de inovação e empreendedorismo social nacional, promovendo Portugal como país pioneiro na União Europeia no reconhecimento, estudo, divulgação e disseminação de modelos de negócio inovadores, sustentáveis, replicáveis e de forte impacto social, económico e ambiental. É no cruzamento dos vários setores da sociedade (público, privado e sociedade civil) que se encontram muitas das soluções inovadoras e sustentáveis que contribuem para o crescimento e desenvolvimento económico e social e, por isto, apostamos na criação de indicadores de competitividade, avaliação e retorno do investimento no setor, para que as principais mais-valias possam ser alavancadas pelas principais competências do setor privado.
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Assim, o projeto MIES abrange todas as iniciativas que se enquadram na definição de inovação e empreendedorismo social, isto é, iniciativas que resolvem problemas sociais/ ambientais negligenciados com elevado potencial de transformação positiva na sociedade, desafiando a visão tradicional e utilizando modelos de negócio inovadores com potencial de crescerem e/ou se replicarem noutro local geográfico. Foi no âmbito do processo de mapeamento, que no passado mês, a equipa MIES Norte visitou a Santa Casa da Misericórdia de Santo Tirso, onde ficou a conhecer o projeto IRIS, um projeto que dá resposta a vítimas de violência doméstica através de um processo inovador no atendimento a estas pessoas, seguido de acompanhamento específico e acolhimento de emergência. • POR NELSON PEREIRA (INVESTIGADOR NO PROJETO MIES, PELO IES)
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O VOLUNTARIADO E A INOVAÇÃO SOCIAL
Desde sempre existiu o trabalho voluntário nas comunidades humanas. Em outros tempos teve diferentes designações, mas era basilarmente a mesma coisa: ajudar quem (pessoas ou animais) ou o que (ambiente e património) se encontra em situação de vulnerabilidade, sem motivação imediata de ganho económico e realizada de livre vontade. O mundo em que vivemos sofreu muitas alterações ao longo dos tempos. E na atualidade ocorreram tantas num tão curto espaço de tempo, que nos sentimos confusos. Daí decorre que os modos como nos organizamos para diminuir o sofrimento humano e do planeta deve ser adequada a essas realidades emergentes. Por isso novas palavras surgiram para impelir-nos a agir de outras maneiras para que possamos dar novas soluções aos novos problemas. Não significa que esses neologismos falem de comportamentos humanos novos, mas a sua invenção introduz em nós a urgência da mudança. É o caso da palavra voluntariado, que antigamente se deu o nome de caridade. É igualmente o caso da expressão inovação social. Mas, claro, quando se trata de mudança é difícil levar toda uma sociedade a viver essa aventura desde o início. Grande parte de nós resiste ao que é novo. E no voluntariado essa mudança é ainda mais difícil de se dar. Desde 2001 com o ano internacional do voluntariado e mais recentemente com o ano europeu do voluntariado e cidadania ativa, muitas mentalidades se abriram. No entanto, ainda permanece muito conservadorismo e relutância em inovar. Transportamos um pesado manto histórico que nos impede a liberdade de movimentos no que concerne o trabalho de voluntariado. Esse manto tem séculos. Por isso pesa tanto!
Custa aceitar, mas quando tudo muda, nós também mudamos. É inevitável. Porque será, então, que continuamos tão relutantes em alterar a nossa forma de encarar a ajuda ao próximo no âmbito do exercício do voluntariado? É, eventualmente, porque o manto, apesar de pesado, dá-nos algum calor e conforto. Porque sem ele sentir-nos-emos nus, desprotegidos. Sair dessa zona de conforto é difícil, ainda que por vezes seja um fardo. Permita-me desabafar consigo a minha profunda indignação por continuar a verificar que se associa ao voluntariado uma série de equívocos e que demonstram um desconhecimento enorme da complexidade e importância deste tipo de trabalho no mundo atual. É que atribuir ao voluntariado uma conotação de amadorismo, de ocupação de tempos livres, de ausência ou desleixo de responsabilidade e compromisso, de contexto terapêutico, (…) é assumir que as pessoas que servimos não merecem as mesmas premissas de dignidade humana de outros tipos de trabalho. É encarar o voluntariado como uma atividade de baixa categoria e consequentemente desrespeitar os mais basilares direitos humanos dos seus beneficiários. Porque quando servimos os mais vulneráveis sem preparação, sem compromisso, sem assiduidade e pontualidade, sem competências é somar vulnerabilidade à vulnerabilidade existente. Daí que, ao voluntariado há que passar a associar os atributos dos demais trabalhos como o rigor, a qualidade, a eficiência e eficácia, o planeamento. Perante novos desafios, devemos ser criativos e criar outras formas de os ultrapassar. A
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O VOLUNTARIADO E A INOVAÇÃO SOCIAL
económicas. Fazem-no porque oferecem o seu tempo e os inovação também beneficia o trabalho de voluntariado! seus afetos àquelas pessoas naquele período temporal, que Para começar precisamos oferecer aos voluntários os meios apesar de poder ser curto, tem um valor inestimável para os para realizarem o seu trabalho da melhor forma possível. Isso beneficiários. Apesar de os profissionais que eventualmente efetiva-se de várias maneiras. Algumas delas são dar formação/ lá vão para fazer a sua higiene pessoal ou levar alimentos preparação aos voluntários; ter pessoas que orientam as suas poderem ser as pessoas mais simpáticas e amorosas do tarefas, oferecer um bom ambiente organizacional; reconhecer mundo, as tarefas principais que desenvolvem são outras e o seu esforço e empenho demonstrando como contribuíram não dispõem do tempo para simplesmente para a missão da organização, entre estar com elas. E, mesmo as pessoas outras. Para isso há que atribuir, ainda que recebem um salário em troca de um que possa ser pequeno, um orçamento “Inovar começa por mudar trabalho como o de dama de companhia, ao programa de voluntariado. Dizer que velhos pensamentos e o valor que tem receber companhia de não há dinheiro para gerir os voluntários transformá-los em respostas alguém cuja motivação não é salarial é porque estamos em crise não é desculpa. adequadas ao momento completamente diferente. Esse valor é Os voluntários quando bem orientados incalculável, porque é afetivo. A felicidade contribuem imenso para a riqueza atual.” que gera tanto no beneficiário como no afetiva e financeira da organização. Dou voluntário é distinta. alguns exemplos. Obviamente não sou apologista da utilização dos Já geri centenas de voluntários em inúmeras funções: desde voluntários como substituição de mão-de-obra assalariada. o trabalho de rua a dar apoio a pessoas sem-abrigo, a tarefas Porém, e por outro lado, muito do trabalho realizado por administrativas e de gestão no escritório, ao trabalho online a voluntários equivale a dinheiro que a organização não partir de casa a realizar trabalhos como a tradução ou o design despende. Por isso, a segunda dimensão é a económica. gráfico. Destacaria duas dimensões específicas da natureza do Costumo dar o exemplo dos voluntários designers, que trabalho voluntário, para explicar o meu argumento da dupla gratuitamente contribuem com as suas competências na riqueza que os voluntários trazem às organizações (económica criação do logotipo da organização, ou concebem o grafismo e afetiva). do website. Este apoio, que é pontual e deve ser (de outro A primeira é a insubstituibilidade do apoio psicoafectivo do modo pode colocar em causa a sobrevivência do voluntário voluntário. Exemplifico. As pessoas idosas recebem por todo o que também precisa de trabalhar em troca de dinheiro) país voluntários nas suas casas que contribuem para diminuir significa que a organização poupou no seu orçamento algumas o seu sentimento de solidão. A grande riqueza desse apoio centenas de euros, o que é muito significativo. é que as motivações por que os voluntários o fazem não são
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Se os voluntários contribuem para uma riqueza humana sem ser possível atribuir-lhe valor económico, existem outros contributos que são muito facilmente mensuráveis economicamente e que até existe o manual para medir o trabalho voluntário (de Organização Internacional do Trabalho).Assim, como ousamos assumir que não podemos investir mais tempo e dinheiro na coordenação dos voluntários? Aos “Velhos do Restelo” não peço que fiquem nus, mas ouso pedir que experimentem outra veste em vez do pesado manta, nem que seja por momentos. Que experimentem a leveza de outros tecidos e outros cortes de costura e experimentem caminhar com eles. Inovar começa por mudar velhos pensamentos e transformá-los em respostas adequadas ao momento atual. • POR SÓNIA FERNANDES (FUNDADORA DA PISTA MÁGICA – ESCOLA DE VOLUNTARIADO)
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DIA INTERNACIONAL DO VOLUNTARIADO
O Dia Internacional do Voluntariado é celebrado todos os anos no dia 5 de dezembro. A data tem como principal objetivo valorizar e incentivar a prática do voluntariado em todo o mundo. Apesar do serviço voluntário estar a aumentar em Portugal, ainda assim os nossos números são mais reduzidos face à média europeia. A Misericórdia de Santo Tirso assinalou esta data organizando, pelo terceiro ano consecutivo, uma simbólica sessão de homenagem a todos os voluntários da instituição. Foi um simples gesto, mas de profundo reconhecimento por todos os voluntários que dedicam o seu tempo a colaborar em diversas atividades, apoiar idosos e crianças nas diferentes valências (alguns marcam a sua presença diariamente) em benefício desta instituição. A iniciativa decorreu na Sala Multiusos, onde o Provedor, Sr. José dos Santos Pinto, e a Vice-provedora, Sra. D. Manuela Gonçalves Machado, receberam voluntários de diferentes gerações e valências e dedicaram-lhes sentidas palavras de carinho e apreço. Num discurso emotivo, proferido por responsáveis que experienciaram ao longo da vida a prática do voluntariado, ouviram-se os maiores elogios para com aqueles “que de forma
livre, desinteressada, responsável e dedicada, oferecem, em prol dos outros, o bem mais precioso que todos nós temos: o tempo”. Seguiram-se momentos de confraternização e partilha entre as diferentes gerações de voluntários, em que se ouviram diferentes histórias e se soltaram sorrisos. Houve lugar para a apresentação do vídeo institucional, dando a conhecer aos presentes o percurso da Misericórdia desde 1885 até à atualidade. No final houve espaço para entrega de umas pequenas lembranças elaboradas por crianças do Jardim de Infância e também por idosos da instituição. Foi mais um grande obrigado por parte da instituição a todas estas pessoas que dão muito de si, num ato de cidadania, onde contribuem ativamente para reduzir as disparidades sociais, muitas vezes em troca de um simples sorriso.• POR CARLA MEDEIROS (COORDENADORA DO VOLUNTARIADO)
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ANIMAÇÃO SOCIOCULTURAL EM ESTÁGIO
Com o aumento constante do número de idosos, torna-se urgente repensarmos no seu bem-estar e qualidade de vida. Não podemos pensar apenas em termos de saúde, alimentação, é necessário tornar os seus dias mais ativos, mais ricos, fazer com que cada dia valha a pena, e não apenas viver por viver! Torna-se fundamental dar formação aos mais jovens para estarem preparados para enfrentarem este desafio da animação em geriatria. O papel dos Animadores é de extrema importância no sentido de motivar o utente a participar em iniciativas adequadas às suas necessidades e limitações. É neste sentido que valorizamos este papel e por isso acolhemos duas jovens Vera Silva e Vera Torres, do Curso de Animação Social da Escola profissional CIOR de V. N. de Famalicão nas nossas valências de geriatria e dependência – JLA, LLB e UCC, no sentido de implementarem iniciativas de Animação. Aqui deixamos o seu testemunho: “Somos estagiárias da Escola Profissional CIOR– Famalicão e estamos a realizar o nosso estágio na Irmandade e Santa Casa da Misericórdia de Santo Tirso em três valências (Lar Dra. Leonor Beleza, Unidade de Cuidados Continuados e Lar José Luiz D´Andrade) durante 1 mês e meio. Com o nosso estágio pretendemos atingir a maior parte destes objetivos: realizar atividades de expressão plástica, desenvolver a criatividade, apelar ao espirito de grupo, e desenvolver a motricidade fina. Até ao momento realizamos atividades de expressão plástica relacionadas com as datas festivas. Construímos castanhas para decorar todas as instituições inclusive uma pequenina castanha para cada cama para alegrar os quartos.
Ação Social e Comunidade
Atualmente estamos a iniciar atividades relacionadas com o Natal tal como um pequeno Pai-Natal para os quartos e uma decoração mais alargada para todas as valências. Por vezes quando o tempo o permite, optamos para dar uns passeios com os utentes ao ar livre e noutros dias realizar alguns jogos lúdicos. Esperemos que o nosso estágio continue a correr bem, pois estamos a adorar trabalhar nestas três valências inclusive com todos estes utentes. Tem-nos recebido de forma calorosa e colaborado neste nosso desafio! Agradecemos à Misericórdia que nos recebeu e esperemos voltar!” Vera Torres e Vera Silva (Estagiárias) • POR MARTA FERREIRA (ANIMADORA; SOCIOCULTURAL)
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Ação Social e Comunidade
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AINDA SOU DO TEMPO DO ARROZ DE QUINZE…
Quem nunca ouviu esta expressão! Da minha geração acho que quase todos devem conhecer, no entanto confesso que já não sei se eram quinze escudos ou quinze tostões! Só sei que agora ronda um euro...grande evolução! Será que eu estou assim velha e vivi mesmo no tempo do arroz de quinze tostões? Como não gosto de ficar na dúvida parti em busca da verdade, acabei por fazer uma reportagem… Ao vivo e a preto e branco! Já todos sabem que tenho a facilidade de poder confrontar estes temas com pessoas entendidas na matéria, desta vez pareceu-me de boa ética escolher a pessoa mais jovem que conheço neste momento! Tem a bonita idade de 100 anos acabados de completar a 30 de Outubro! Muito lúcida e disposta a tirar todas as minhas dúvidas demos por início à nossa conversa. Começamos então por abordar o assunto, mas de imediato surge um comentário:- “Agora dão-lhe para saber de coisas antigas!... é só feiras antigas…cortejos antigos…na televisão está sempre a dar isso! Já agora sabe dizer-me porquê?” Ora nem mais. Vira-se o feitiço contra o feiticeiro e lá tive que explicar que afinal as coisas antigas sempre têm algum valor! Na verdade nos últimos anos cada vez se fazem mais feiras medievais, porque será! Sem dúvida que é uma boa forma de poder retratar a nossa história baseada em
imagens e experiências! Acho que os próprios jovens começam a valorizar cada vez mais este tipo de eventos. Conversa puxa conversa até chegarmos à altura do tempo do arroz de quinze, que afinal não era nem de quinze tostões nem de quinze escudos mas sim de 15 reis, o que eles chamam de 15 melreis! Achei muito bonito este recuo no valor da nossa moeda, foi como que uma saudade dos tostões e dos escudos, que sempre rendiam bem mais que os euros! Continuamos a nossa conversa, situadas noutro século, foi-me contando como se vivia naquele tempo, como com tão pouco dinheiro se mantinham tantos filhos, como era difícil a vida, mas ao mesmo tempo como tudo superavam. Dizia-me: “Sabe menina, eu ainda sou do tempo dos reis, daí os” milreis e melreis”, sou portanto do tempo do arroz de quinze sim,…sou do tempo de ir para as filas para arranjar pão, sou do tempo do trabalho árduo, eu tinha que ir ao mato num carro de bois e vir em cima do mato, comecei a trabalhar ainda em criança e por isso não fui à escola, nunca aprendi a ler e escrever o que me deixa uma grande pena …sou do tempo de haver troca de mercadorias para sobreviver,… sou do tempo de ir lavar ao rio e de tantas outras coisas que hoje não se fazem mais. O meu pai batia-me por
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tudo e por nada, por isso logo que pude casei, a gente casava para fugir a este tipo de vida, mas acabava por se meter na mesma alhada, os maridos eram violentos e bêbados (pelo menos a maior parte) e eu não escapei a esta realidade e submissão.” Fomos prosseguindo a conversa e sem que eu lhe fizesse a pergunta ela apressou-se a dizer: “Eu sei o que a menina me vai perguntar a seguir!” Fiquei parada e atenta ao que me ia dizer: “Vai querer saber se éramos felizes assim ou se agora são mais felizes, não é?” Mais uma vez surpreendeu-me pela facilidade que tinha em perceber onde eu queria chegar. Mas acima de tudo saber o que sente quando olha para trás e vê tanta evolução, tanta liberdade, tanta fartura, tanto mimo, mas ao mesmo tempo tanta insatisfação! Muito fácil, diz ela: “Olho para trás com saudades porque esta foi a minha história. O que eu vivi com os meus pais, com o meu marido e com os meus filhos, saudades de uma família que agora não tenho porque foram partindo e eu ficando, saudades de um tempo em que não havendo liberdade havia respeito, respeito e medo, mas que fizeram de nós pessoas trabalhadoras e honestas. Na verdade, hoje existe tudo para as pessoas serem felizes mas acho que não são, há muito dinheiro, muita fartura de tudo, muita tecnologia, mas ninguém tem tempo para nada, passam a vida a correr, já nem tempo há para a família...” Num tom de brincadeira acrescenta: “Não entendo nada! Está tudo muito mudado sim, mas eu se viver mais algum tempo acho que ainda vou ver muita miséria e fome. O dinheiro não vale nada agora, começa a não chegar e de uma forma diferente a história vai-se repetindo, vai
chegar o tempo em que vocês vão dizer - ainda sou do tempo do arroz de um euro!...que saudades! Ainda penso viver alguns anos, sinto-me ainda com muita vida, ainda apetece arranjar-me, pois sempre fui e ainda sou muito vaidosa, passear e ver coisas que ainda não vi, e ainda não quero morrer sem aprender a escrever o meu nome, nem que seja só Maria, com a ajuda de umas meninas estagiárias penso que vou conseguir!” Seja qual for o século nós vamos sentir saudades do nosso tempo, saudade não é sinónimo de melhor ou pior, mas sim algo que vivenciamos e recordamos. Recordar o tempo do arroz de 15 melreis em pleno século XXI com plenas faculdades é acima de tudo um testemunho real …vivo… bem presente, que merece ser partilhado! E foi um prazer enorme partilhar esta história e conviver com esta senhora a D. Maria Gonçalves utente do Lar José Luiz d´Andrade – valência de Centro de Dia e presenciar toda esta jovialidade e tantos sonhos que ainda possui. É mesmo uma raridade e motivo de orgulho para a Misericórdia, por isso o dia não podia ser passado de outra forma, se não com uma grande homenagem à altura da idade, numa tarde de convívio entre utentes, funcionários e familiares, onde a Mesa Administrativa também se fez representar e foram de facto momentos muito emotivos entre todos, principalmente pela lucidez da D. Maria. Talvez seja, segundo a própria, o segredo da longevidade: pensamentos positivos, boa disposição e sempre sonhos por concretizar! • POR MARTA FERREIRA E AIDA FERNANDES (COLABORADORAS DO LAR JOSÉ LUIZ D’ANDRADE)
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BOCCIA SÉNIOR
O prolongamento da vida é a ambição de qualquer sociedade, contudo só pode ser considerada como uma autêntica conquista quando se verifica uma melhoria na qualidade dos anos adicionais de vida. O envelhecimento é caracterizado por várias alterações e modificações nos diferentes sistemas do organismo, que em parte são efeitos resultantes da falta de atividade física. Sendo assim, a atividade física pode e deve assumir um papel preponderante para um envelhecimento bem-sucedido e com qualidade, sendo largamente conhecidos os seus benefícios, quando praticada de forma regular e adequada. Neste sentido, uma das atividades que tem vindo a apresentar um aumento considerável de praticantes é o Boccia. Esta modalidade exige habilidade, inteligência e agilidade, características fundamentais para o desenvolvimento das jogadas, e para a promoção de um espetáculo de alternância de vantagem, de acordo com a aplicação de técnicas e táticas adequadas a cada circunstância. O Boccia é uma modalidade Indoor, que exige elevados níveis de precisão, podendo ser praticado tanto de forma individual, como em pares ou equipas. É uma modalidade com características muito próprias, podendo ser jogado em qualquer recinto desportivo, desde que possua um piso liso, macio e plano, isento de irregularidades e com marcações específicas do terreno de jogo. Para a prática do Boccia são necessárias 13 bolas, 6 vermelhas, 6 azuis e uma bola alvo (branca). Desenvolve-se numa superfície lisa com as seguintes dimensões (12,5m x 6m). São realizados 4 parciais quando jogado de forma individual ou pares e 6 parciais quando praticado em equipas. No final de
cada parcial são contadas as bolas de determinada cor mais próxima da bola alvo, até ser encontrada a primeira bola de cor da equipa adversária. Para a contagem, a cada bola corresponde a um 1 ponto. É uma modalidade de cariz universal, não havendo limite de idade para a sua prática, podendo ser jogado por pessoas com ou sem dificuldades físicas, motoras ou psicológicas.
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De acordo com Neves (2006) a competição de Boccia na idade sénior tem obtido um crescimento acelerado, principalmente nos grupos populacionais mais sedentários. Com base no que foi anteriormente referido, conclui-se rapidamente que o Boccia Sénior desperta o interesse e orienta este grupo populacional para a prática desta modalidade. Adicionalmente, do ponto de vista cognitivo, esta modalidade é exigente ao nível da concentração/atenção e da capacidade de memorização, propiciando assim, um constante estado de exercitação mental, estimulando todos os processos cognitivos associados ao envelhecimento.
Posso afirmar que no Contexto Regional, particularmente nas aulas lecionadas nas valências da Santa Casa da Misericórdia de Santo Tirso, esta modalidade tem obtido um enorme sucesso, pois apresenta-se de fácil compreensão e promotora de sucesso, uma vez que é fácil de praticar, tornando o Boccia Sénior motivador, fator que leva a uma prática sistemática, e daí resultarem benefícios tanto a nível físico e psicológico, como sociais, uma vez que promove o convívio, as interações e as novas amizades. Analisando tudo o que foi anteriormente mencionado, posso referir que a modalidade de Boccia reúne todos os requisitos necessários para se tornar numa modalidade de eleição para os idosos, apresentando-se como um ótimo meio de promoção de exercício físico para esta população específica, contemplando todos os aspetos fundamentais para que ocorra uma prática de atividade física regular e motivadora. • POR RAFAEL ARAÚJO (MONITOR DE BOCCIA)
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#26
PSICOLOGIA POSITIVA PROGRAMA POSITIVIDADE
A Psicologia Positiva vem cimentando a sua importância, quer na Psicologia, quer na Educação. Tem como principal objetivo auxiliar o desenvolvimento humano do ponto de vista de uma vida com qualidade e mais saudável. Ballesteros, salienta que permanecemos mais ativos que as gerações passadas. Tal se deve ao progresso da medicina e outras ciências, ao desenvolvimento educacional e sócioeconômico, da melhoria das condições de vida, e da melhoria nos estilos de vida saudáveis, ou seja, mudanças diretamente no próprio comportamento humano. Nos anos 90 houve um crescimento da denominada Psicologia Positiva e o envelhecimento tornou-se tema multidimensional, o que alterou o próprio conceito de envelhecimento. Assim, deixou de ser observado na ótica de um processo biológico e passou a ser abordado enquanto processo interativo, determinado por um conjunto de fatores biológicos, sociais, psicológicos e ecológicos. Desta forma, as condições pessoais e ambientais tornaram-se importantes para a satisfação, o bem-estar subjetivo e, especialmente, a autorrealização, a autoimagem, e a autoestima do indivíduo. O envelhecimento ativo, ou positivo, está intimamente ligado ao bem-estar ou à satisfação com a vida, à perceção de qualidade de vida, ter competência e saúde para sentir-se bem, dentro de um determinado ambiente. Portanto, podemos considerar o que as emoções positivas tornam o envelhecimento positivo e nos predispõem a um maior e eficaz autocontrolo e uma melhor gestão do nosso próprio estresse. Sabemos, há muito tempo, que é necessário interagir com os outros, de forma a poder descobrir e apreciar as nossas qualidades e competências. Tal, leva-nos a entender que a
construção da realidade, durante toda a vida, é um longo processo psico-educativo de grande valor e de necessidade vital. Assim sendo, para um envelhecimento saudável necessitamos desenvolver uma educação que saiba discriminar as tarefas positivas da vida em contraposição à imagem negativa de nós mesmos e dos outros. Em Novembro deste ano iniciou-se um programa de intervenção em grupos denominada Workshop de
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positividade. O seu principal objetivo é desenvolver interações sociais positivas com o intuito de melhorar os processos de comunicação e autoestima dos participantes, assim como, desenvolver estratégias para fomentar o envelhecimento com qualidade de vida. O programa tem por base os paradigmas da Psicologia positiva e anteriores programas, já aplicados, com resultados extremamente animadores. Terá um total de 10 sessões, semanais, com a duração de uma hora. Cada sessão está estruturada com uma mesma sequência (1º partilha, 2º humor, 3º reflexão, 4º tema, 5º desafio e 6º síntese), com o intuito de facilitar quer a implementação quer a perceção de estrutura por parte dos participantes. Numa visão global, o programa desenvolverá três espaços psicológicos do decurso da vida: o passado, através da regressão às fases da vida onde cada utente se sentiu no seu melhor e da consciencialização do mapa das suas forças pessoais; o presente, através das vivências positivas no dia-a-dia e do desenvolvimento de novas estratégias para obter maior satisfação nas interações; do futuro, enquanto perspetiva de desenvolvimento de novos objetivos e novos investimentos pessoais com a finalidade de aumentar perceção de qualidade de vida. Atualmente o programa está em execução e decorrerá até final de janeiro. Foram criados 6 grupos de 6 elementos, sendo 4 grupos do Lar José Luiz de Andrade e 2 grupos do Lar Dra. Leonor Beleza. Foi realizada uma avaliação psicológica inicial anterior ao iníco das sessões, durante o programa existirá uma monitorização do estado de humor e, no final das sessões será realizada nova avaliação psicológica para aferirmos os
resultados e o impacto do programa em variáveis como a autoestima, comunicação, capacidades cognitivas e memória. A recetividade e colaboração dos participantes tem sido muito positiva, de ressalvar o facto das partilhas sobre as histórias de vida e considerações sobre o estado emocional atual evidenciarem um crescendo em termos qualidade e quantidade, no decorrer das sessões. Certo dia, um professor universitário disse: se alguém com 75 anos já pensa na finitude, com um sentimento de impotência e de que já nada na vida vale a pena, se, essa mesma pessoa, viver até aos 95 vai passar 20 anos da sua vida na solidão, sem perceber que todas as fases da vida tem a sua beleza. Assim, é dever das instituições proporcionar melhores condições físicas e emocionais aos utentes, no entanto é também dever dos utentes aproveitar a velhice para saborear o que de bom a vida ainda lhes reserva. • POR JORGE MONTEIRO (NEUROPSICÓLOGO)
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#26
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PROJETO IRIS UM OLHAR CONCRETO
Decorrido quase um ano de implementação do Projeto IRIS, resposta integrada na área da violência doméstica no concelho de Santo Tirso e áreas limítrofes, promovido por esta Misericórdia, é tempo de apresentar alguns dados referentes à sua intervenção até Novembro de 2013. No âmbito do Centro de Emergência (com 8 vagas) e Gabinete de Atendimento, foi conferida proteção e apoio efetivos a cerca 155 vítimas de violência doméstica. Centro de Emergência Dados referentes a Janeiro até Novembro 2013 N.º Mulheres acolhidas
27
N.º filhos/as de mulheres acolhidas
38
N.º total de utentes acolhidas/os
65
N.º Atendimentos/diligências realizados
190
Gabinete de Atendimento Dados referentes a Janeiro até Novembro 2013 N.º de Processos 90 N.º de Atendimentos:
340
N.º Total de utentes atendidas/os por sexo 88 mulheres 2 homens
As/os utentes são encaminhadas/os para o Centro de Emergência através da Linha Nacional de Emergência, Centros de Atendimento a Vítimas de Violência Doméstica, Núcleos de Atendimento, e pelas técnicas do projeto no âmbito da sua intervenção no Gabinete de Atendimento. A intervenção do Gabinete de Atendimento tem possibilitado uma resposta especializada e articulada com as diferentes entidades e instituições intervenientes, promovendo sinergias de forma a melhorar o apoio e proteção das vítimas de violência doméstica. Nesse sentido, desde o início da sua atividade 63 situações foram encaminhadas pelas seguintes entidades: • ASAS-Gabinete de Ação Social • Associação de Moradores do Complexo Habitacional de Ringe • Centros de Saúde Locais • Comissão Proteção de Crianças de Jovens em Risco de Santo Tirso • Cruz Vermelha Portuguesa – Delegação Santo Tirso • Guarda Nacional Republicana • Instituto da Segurança Social, IP-CD Porto – Serviço Local de Santo Tirso • Irmandade e Santa Casa da Misericórdia de Santo Tirso (Casa Abrigo; Centro Comunitário) • Polícia de Segurança Pública
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Ação Social e Comunidade
O apoio e acompanhamento no âmbito do Gabinete tem dado resposta a várias situações de violência doméstica no concelho, numa lógica de proximidade:
PROVENIÊNCIAS DAS/OS UTENTES Outros Concelhos Vilarinho Vila das Aves Santo Tirso S. Tomé de Negrelos S. Mamede de Negrelos S. Cristina do Couto Roriz Rebordões Palmeira Monte Córdova Lama Burgães Água Longa Agrela Desconhecido 0
5
10
15
20
25
30
35
O pedido de ajuda identificado no âmbito da intervenção em Gabinete relaciona-se, essencialmente, com: • suporte emocional em situações de crise; • apoio e acompanhamento psicológico no âmbito da vivência de uma relação atual ou passada de violência; • apoio social ao nível da sua (re)integração social, profissional e comunitária; • informação acerca dos seus direitos e procedimentos legais decorrentes da situação de violência doméstica; • acompanhamento psicológico, social e jurídico pósautonomização (reorganização das suas vidas, após período de acolhimento em casa abrigo); • informação a familiares/amigos de vítimas; • dinamização de ações de sensibilização e prevenção da violência no namoro.
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#26
Ação Social e Comunidade
PROJETO IRIS UM OLHAR CONCRETO
Quanto à caracterização das/os utentes que recorrem ao Projeto IRIS, destacam-se os seguintes elementos: Centro de Emergência
Gabinete de Atendimento
Faixas etárias 16-20
1
5
21-30
6
15
31-40
7
34
41-50
8
21
51-60
3
7
61-70
2
5
mais de 70
0
3
Situação Face ao Emprego Desempregada/o
21
47
Empregada/o
5
25
Formação
0
2
Reformado/a
1
8
Desconhecido
0
8
11
44
Estado Civil Casada/o Divorciada/o
4
16
Solteira/o
11
20
Viúva/o
1
2
Desconhecido
0
8
Centro de Emergência
Gabinete de Atendimento
Relação com o agressor Cônjuge
10
44
Ex-Cônjuge
0
12
Companheiro
16
13
Ex-Companheiro Outra relação familiar Desconhecido
0
7
1
6
0
8
O Centro de Emergência, criado no âmbito deste projeto. veio colmatar necessidades a nível nacional no âmbito da proteção e assistência a vítimas de violência doméstica, permitindo assim diminuir a vitimização potenciada por espaços de emergência anteriormente utilizados, que se revelavam claramente inadequados à problemática em causa. O acolhimento com intervenção de uma equipa técnica multidisciplinar e especializada permite a elaboração de uma avaliação diagnóstica nos primeiros 3 dias, no sentido de (re)definir a resposta mais adequada em função de cada caso concreto, num período ideal de 11 dias úteis. A experiência do projeto IRIS, neste domínio, revela que o tempo médio de permanência em acolhimento é de 13 dias úteis, sendo diversos os motivos da sua cessação.
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Ação Social e Comunidade
MOTIVO CESSAÇÃO ACOLHIMENTO EMERGÊNCIA
4% 20%
20%
4%
8% 44%
Acolhimento na rede alargada de apoio Acolhimento em Casa Abrigo Regresso a Casa. Agressor Detido Integração em Família de Acolhimento Regresso a Casa Acolhimento Comunidade Juvenil
Face aos dados apresentados, decorrentes de um ano de trabalho, o Projeto IRIS mostra-se uma resposta solidificada no concelho de Santo Tirso no âmbito da intervenção com vítimas de violência doméstica. Em novembro, mês dedicado à eliminação de todas as formas de violência contra as mulheres, em que se procura relembrar e denunciar a violência praticada contra as mulheres, que coloca a humanidade perante um dos problemas mais elementares direitos humanos, este projeto demonstra o caminho que percorreu nesse sentido e a vontade de manter o desafio. • POR ANA ALVARENGA, CÁTIA AZEVEDO, MARIA JOÃO OLIVEIRA, SOFIA MOITA (EQUIPA TÉCNICA DO PROJETO IRIS)
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Saúde
#26
DEMÊNCIA E NOVAS VISÕES POR DEBAIXO DA PELE
Numa visão quotidiana, envelhecer, significa simplesmente ficar com mais idade. No entanto, entre a infância e início da idade adulta não associamos a envelhecimento, pois, num sentido biológico há um crescimento em idade, vigor físico e psíquico (Vaz Serra, 2006). Assim, será importante compreender que o envelhecimento não é um estado, mas sim um processo de degradação gradual e diferencial (Fontaine, 2000). O processo de envelhecimento normal traz consigo, progressivamente, o enfraquecimento muscular e a deterioração das funções corporais e psíquicas. Todavia, torna-se importante ressalvar que as funções biológicas e psíquicas não têm um declínio padrão. A perda de capacidades difere de pessoa para pessoa, podemos manter boas condições físicas e perder capacidades mentais ou vice-versa, assim, duas pessoas diferentes não envelhecem rigorosamente da mesma forma (Vaz Serra,2006). Relativamente ao domínio cognitivo, na generalidade, no idoso mantêm-se ou observa-se um ligeiro declínio na eficiência verbal e na inteligência cristalizada, assim como um significativo decréscimo das atividades percetivas visuais e espaciais com consequente menor velocidade de realização (Oliveira, 2005). No entanto, quando o funcionamento cognitivo limita progressivamente as atividades sócio-familiares e profissionais com o desenvolvimento de sintomas psicocomportamentais e neurológicos e a perda de autonomia, estamos perante um indicador de possível quadro de demência em evolução. A demência é uma síndrome que se caracteriza pela perda progressiva das capacidades intelectuais. Afeta a memória e outras funções cognitivas como o pensamento, a orientação, a
compreensão e a linguagem. Também podem surgir alterações de comportamento e da comunicação e problemas motores que, em conjunto, podem diminuir a capacidade de realizar as atividades de vida diária (Cruz, Barbosa, Figueiredo, Marques e Sousa, 2011). Há várias causas de demência, cujo diagnóstico depende do conhecimento das diferentes manifestações clínicas na fase inicial, com uma sequência específica, assim como, o apoio de exames complementares imagiológicos ou exame neuropsicológico. Numa fase severa, torna-se difícil distinguir o tipo de demência pois, todas as funções estão completamente afetadas. As quatro causas mais frequentes de demência são a Doença de Alzheimer, Demência com Corpos de Lewy, a Demência Frontotemporal e a Demência Vascular. A Doença de Alzheimer, demência com maior número de casos registados, é uma doença cerebral degenerativa caracterizada, inicialmente, por perda progressiva da memória e processos atencionais. Posteriormente, por outras funções cognitivas superiores, que prejudicam o paciente nas suas atividades de vida diária, podendo ocorrer, também, distúrbios de comportamento e sintomas neuropsiquiátricos (Machado, 2006; Nitrini et al., 2005). A Demência com Corpos de Lewy abrange cerca de 20% dos pacientes com demência. O diagnóstico clínico é feito quando o declínio cognitivo é flutuante, acompanhado por alucinações visuais e sintomas parkinsónicos. O quadro demencial apresenta-se com rápido início e declínio progressivo, com défices proeminentes nas funções executivas, resolução de problemas e fluência verbal.
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Saúde
#26
DEMÊNCIA E NOVAS VISÕES POR DEBAIXO DA PELE
A Demência Frontotemporal corresponde a 10% a 15% dos casos de demência degenerativa, ocorrendo principalmente após os 40 anos de idade, com igual incidência em homens e mulheres. As características clínicas estão relacionadas com a degeneração dos lobos frontal e temporal. Observam-se inicialmente mudanças de comportamento, incluindo desinibição, impulsividade, condutas sociais inapropriadas e apatia. As mudanças comportamentais, a manutenção da capacidade para tarefas de construção e cálculos são os principais fatores para diferenciar da doença de Alzheimer. A Demência Vascular constitui a segunda maior causa de demência. É clinicamente reconhecida em pacientes com história prévia de Acidentes Vasculares Cerebrais (AVC) isquémicos ou hemorrágicos. Os défices cognitivos associados dependem da localização e do tamanho da lesão. Pacientes com Demência Vascular mostraram taxas mais elevadas de depressão e comprometimento funcional, além de menor comprometimento cognitivo quando comparados a pacientes com Doença de Alzheimer. Em 2009, existiam 36 milhões de pessoas com demência em todo o mundo. Os números da prevalência da demência na Europa também são significativos, estimando-se a existência de mais de 7,3 milhões de pessoas com esta síndrome, das quais 153 mil eram portuguesas e dessas, 90 mil eram portadoras de doença de Alzheimer. Prevê-se a sua duplicação nos próximos 30 anos. Isto significa que, em 2040, existirão 14 milhões de europeus com demência. (Alzheimer’s Disease International, 2011). A literatura tem preconizado a filosofia de cuidados centrados
na pessoa com demência como sinónimo de qualidade na prestação de cuidados. Todavia, os estudos acerca das atitudes sobre a demência são ainda escassos, sobretudo aqueles que perspetivam as atitudes dos profissionais de saúde. Para além disso, existem poucos instrumentos válidos e fidedignos que permitam medir as atitudes em relação à demência, em amostras diversificadas (Edvardsson, Fetherstonhaugh e Nay, 2010). A individualidade da pessoa com demência é ameaçada quando se ignoram os seus direitos e necessidades, se desvalorizam as suas emoções e sentimentos negativos e se priva a pessoa do contacto e relacionamento com os outros (Brooker, 2007). Kitwood (1997) observou esta “despersonalização” em vários contextos de cuidados a pessoas com demência, designando este tipo de atitudes por “Psicologia Social Maligna”. A “Psicologia Social Maligna” designa um conjunto de episódios ou situações em que a pessoa com demência é intimidada, ultrapassada, ignorada, infantilizada, rotulada, menosprezada, culpada, manipulada, invalidada, incapacitada, estigmatizada, ridicularizada. O conceito de Cuidados Centrados na Pessoa assume um valor significativo enquanto corrente humanista e pode servir de base para a criação de uma estratégia de prestação de cuidados em contexto de lar. Não há evidências de que esta abordagem possa ser prejudicial, sendo por isso passível de incorporação nas práticas de cuidados uma vez que mostram respeito, humanidade, valores éticos e poucos riscos (Edvardsson, Winblad e Sandman, 2008). Carl Rogers (1977) através da sua perspetiva (Abordagem Centrada na Pessoa)
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Saúde
defendeu a necessidade desenvolver uma postura de empatia, aceitação e autenticidade para que a pessoa consiga perceber a sua dinâmica (relação consigo mesma) e que perceba esta dinâmica no mundo (relação com os outros). Num outro sentido, a Teoria da Vinculação tem sido usada para compreender a experiência emocional de indivíduos com demência. Miesen (1993) e seus seguidores mais atuais, abandonaram o reducionismo das abordagens médica e neurobiológica, que consideravam a fixação aos pais como manifestação de confabulação, ilusão ou alucinação e, procurou compreendê-la à luz da perspetiva da vinculação. Conceptualizada deste modo, a fixação aos pais, enquanto crença de que os progenitores estão vivos, quando, na verdade, já morreram, consiste numa expressão da necessidade de se sentir protegido e seguro. De facto, ler a experiência de pessoas com demência à luz da Teoria da Vinculação permite compreender, de forma mais abrangente e centrada na pessoa, a variabilidade comportamental que estas demonstram. Isto tem implicações relevantes para a intervenção, pois tem uma abordagem em dimensões até agora pouco consideradas. Especificamente, o reconhecimento da importância da presença da figura de vinculação para a segurança e bemestar de indivíduo, permite traçar estratégias de intervenção que compensem a ausência da mesma. O estilo de vinculação é preditor de ambas as dimensões da sobrecarga, no sentido em que cuidadores seguros têm menores dificuldades associadas ao cuidar e menores níveis de sintomatologia psicológica do que os inseguros.
Cuidar de indivíduos com demência constitui uma realidade que abrange cada vez mais adultos de meia-idade. Neste sentido, a investigação que se debruça sobre estas questões, lendo-as à luz da Abordagem Centrada na Pessoa e da Teoria da Vinculação, dá um contributo inovador e relevante para a compreensão da experiência, quer do cuidador, quer do indivíduo com demência. • POR JORGE MONTEIRO (NEUROPSICÓLOGO)
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Saúde
#26
A INOVAÇÃO SOCIAL E A TERAPIA OCUPACIONAL
O papel do Terapeuta Ocupacional passa pela avaliação, desenvolvimento e manutenção das capacidades e competências de indivíduos com disfunção física, mental, de desenvolvimento, social e outras, de forma a atingir o desempenho com satisfação para o mesmo e para os familiares, das tarefas e papéis essenciais para a vida diária, para a vida produtiva, no desempenho da profissão ou das atividades educativas e para as atividades recreativas e de lazer. Deste modo, o objetivo do Terapeuta Ocupacional é ajudar as pessoas a alcançar o máximo de independência e autonomia nas ocupações do dia-a-dia e nas suas atividades significativas. Para tal, é necessário, prevenir a incapacidade, desenvolver competências, desenvolver e treinar adaptações necessárias, como adaptações de contextos e produtos de apoio e neste sentido possibilitar a melhoria da qualidade e dignidade de vida. Para tal, o Terapeuta Ocupacional precisa estudar o desempenho ocupacional da pessoa em questão e todos os fatores que influenciam esse mesmo desempenho, as competências de desempenho, os padrões de desempenho, os contextos, os requisitos para a atividade e os fatores inerentes ao utente. Como é que os fatores sociais e económicos influenciam a ocupação humana, a saúde e a doença? Porque é que precisamos de levá-los em consideração enquanto Terapeutas Ocupacionais e como? Essencialmente, falamos sobre a importância de reconhecer que existem suportes e restrições sobre as opções disponíveis para cada indivíduo, afetando
deste modo o desempenho ocupacional de cada um. Os tipos de escolhas e as possibilidades com que cada pessoa se depara na sua educação, trabalho, lazer, cuidados pessoais e bem-estar são significativamente afetados por fatores socioeconómicos. Neste sentido, o Terapeuta Ocupacional tem um papel vital no desenvolvimento de adaptações e tecnologia necessária, pelo facto de conhecer as necessidades dos utentes e o que é necessário para colmatar essas mesmas necessidades, vendo sempre o utente de forma holística, como um todo e em todos os seus contextos de vida. Os Terapeutas Ocupacionais precisam de desenvolver a sua criatividade e empreendorismo, de forma a proporcionar o melhor serviço e acompanhamento necessário e específico para cada pessoa, respeitando a sua individualidade, valores,
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Saúde
Atividades desenvolvidas com adultos
interesses e expectativas. Pelo impulsionamento da criatividade e empreendorismo dos Terapeutas Ocupacionais como de outros profissionais de saúde, profissionais do ramo eletrónico e mecânico, verificou-se um desenvolvimento da tecnologia, das adaptações e da inovação social, o que permite melhores serviços e um acompanhamento mais individualizado e eficaz, que corresponde às expectativas dos utentes. A inovação social gera e cria mudança social, sendo uma resposta nova e socialmente reconhecida, permitiu a inclusão social e a capacitação das organizações e populações. A possibilidade de aproveitar oportunidades, de responder a desafios e de superar obstáculos, desempenha um incentivo para o desenvolvimento da inovação social. As alterações na sociedade são contínuas transformando desta forma a nossa vida, expectativas, oportunidades e assim sendo o desempenho ocupacional de cada indivíduo. Deste modo, a Terapia Ocupacional promove a inovação social, pelo seu papel no desenvolvimento de competências, no desenvolvimento da capacidade de desempenho, o que permite por um lado aumentar a motivação do utente na realização dos seus diferentes papéis e ocupações, culminando com um aumento da participação social. • POR ANA RITA GOMES, MARIA FRANCISCA DIAS (TERAPEUTAS OCUPACIONAIS DA CLÍNICA DE FISIATRIA DA MISERICÓRDIA DE SANTO TIRSO)
Atividades desenvolvidas com crianças
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Formação
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A IMPORTÂNCIA DE UMA BOA POLÍTICA DE COMUNICAÇÃO NUM CONTEXTO DE INOVAÇÃO SOCIAL
A comunicação tem ganho uma enorme preponderância nas estratégias das organizações sem fins lucrativos, sendo um factor-chave para o sucesso das suas acções e para que consigam mobilizar os seus públicos-alvo a aderirem às suas causas sociais. A comunicação necessita de ocupar um lugar de destaque na estratégia global destas organizações e esse processo deve resultar dum esforço conjunto de todas as áreas constituintes destas organizações. Isso só será possível se inserirem na sua organização estruturas profissionalizadas e competentes para a execução dessa função. As organizações sem fins lucrativos, nomeadamente as Instituições Particulares de Solidariedade Social (IPSS), muitas vezes não têm recursos e mais importante do que isso, não possuem consciência da importância que a comunicação pode ter na ajuda à captação de recursos, quer das instituições ligadas ao Estado, quer da Sociedade Civil. É fundamental que estas instituições se consciencializem de que o futuro passa pela vinculação e um maior envolvimento da Sociedade Civil nas causas que estas instituições defendem. A comunicação “deve estar voltada para a participação dos atores sociais, bem como para o estabelecimento dos fatores de identificação da entidade e a difusão de informações qualificadas de caráter pedagógico acerca da causa defendida, das atividades empreendidas e dos projectos propostos.” (Correia, 2011, p.28). Atualmente, os profissionais de comunicação das IPSS estão a experienciar um novo paradigma: a obrigação de adotarem cada vez mais uma comunicação com um benefício único, devendo contribuir para o bem da sociedade e
responsabilizar-se por uma mudança social positiva. O seu grande desafio é o de dominar as novas tecnologias, organizar as suas ideias e transmiti-las eficazmente nessas plataformas, devendo estar em contacto regular com os seus públicos, seja através da publicidade ou das novas tecnologias, cada vez mais importantes para o sucesso das suas ações e na divulgação das atividades desenvolvidas. O profissional de comunicação deixou de ter apenas a responsabilidade de informar, a sua grande responsabilidade é comunicar e para isso precisa de reunir determinadas competências que não lhe eram requeridas e exigidas antigamente. No setor não lucrativo, a comunicação pode atrair e conquistar potenciais doadores e voluntários, acabando por transformar a vida de muitas das instituições. Para a maior parte das organizações, “a questão não é a comunicação em si mas para quem se comunica, como se comunica e a quantidade de vezes que se comunica.“ (Correia, 2011,p.26). A comunicação é fulcral na inovação relativamente às formas de captação de recursos, sendo igualmente um dos seus maiores desafios. Contudo, apesar de ser importante captar recursos, pois “afinal nenhuma instituição se sustenta sem renda”(Adulis apud Silva&Santos, p.19), esse não deve representar o objectivo único das IPSS, uma vez que essas precisam de se afirmar perante a sociedade como responsáveis por uma mudança social. Sem a captação desses recursos, dificilmente estas instituições sem fins lucrativos poderão continuar a desenvolver o seu meritório trabalho, pois todas as organizações, tanto do Setor Privado como do Terceiro Sector, precisam de visibilidade para se
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Formação
legitimar perante a sociedade. Para as IPSS, o principal desafio passa por articular os seus valores de forma clara para que as pessoas os possam relacionar imediamente com a sua missão, estabelecendo uma ligação com os valores que a organização defende, contribuindo para que a Sociedade Civil assuma o compromisso de apoiar a organização no aspecto social, cultural e sobretudo, no aspecto económico. Relativamente ao estudo realizado na minha investigação sobre a Misericórdia de Santo Tirso, concluo que se trata duma IPSS com uma estrutura de comunicação sólida e bem estruturada onde a comunicação ocupa um papel central em toda a sua estratégia institucional. É digno de registo realçar que a Misericórdia pretende crescer de forma sustentada e demonstra uma preocupação constante em melhorar a sua política de comunicação. Tratando-se duma instituição de uma dimensão já considerável, conseguimos constatar que todas as actividades desenvolvidas e iniciativas promovidas resultam dum esforço conjunto desse departamento com os órgãos de Direcção, os quais atribuem uma grande importância aos vários suportes de comunicação utilizados, nomeadamente à revista institucional e a presença nas redes sociais, neste caso no Facebook, que representa a grande aposta da Misericórdia.
adotar estratégias de comunicação adequadas aos diversos momentos, estabelecer uma diferença e demarcar-se das outras IPSS mas sempre tendo em conta os recursos disponíveis e utilizando-os criteriosamente. A Misericórdia é uma instituição que se soube reorganizar, não perdeu a sua identidade nem os seus valores e vai-se adaptando às constantes mudanças por que tem passado o Terceiro Setor. Está cada vez mais preparada a responder às novas e constantes exigências da comunidade envolvente. Tem adoptado continuamente uma postura de modernidade e uma comunicação que está centrada no conceito de inovação social, cada vez mais importante no contexto das organizações sem fins lucrativos.
BIBLIOGRAFIA CORREIA, Maria João (2011): O Empreendorismo Social e as Estratégias de Comunicação do Terceiro Sector - Estudo de Caso APPACDM Coimbra; Dissertação de Mestrado, Universidade de Coimbra. SILVA. M& SANTOS. A (2012) - Comunicação Organizacional e Terceiro Setor: um Olhar Sobre a Comunicação Externa do Centro de Convivência dos Idosos do Tocantins. Universidade Federal do Tocantins. Consultado em www.bocc.ubi.pt/pag/silva-santos-comunicacao-organizacional-e-terceiro-sector.pdf
• POR TIAGO CAMPOS (MESTRANDO DE COMUNICAÇÃO ESTRATÉGICA NA UNIVERSIDADE DA BEIRA INTERIOR)
A Misericórdia de Santo Tirso possui uma política de comunicação forte e sabe utilizar devidamente os suportes destinados à circulação de informação, quer interna, quer externa. Apesar de já se diferenciarem das demais instituições do mesmo sector, esta IPSS pretende continuar a evoluir e a
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Formação
#26
CUIDADOS DE SAÚDE EM FORMAÇÃO
O espaço de formação apresenta-se como um meio privilegiado para dar forma a projetos de transformação. Uma instituição que desvaloriza os seus saberes, não se preocupando com a necessidade de evoluir no seu campo de ação, poderá comprometer a sua credibilidade. Numa
época em que vivemos em constante mutação, o contexto de formação possibilita novas aprendizagens, tornando o formando um agente de mudança. Assente nesse propósito, a Misericórdia de Santo Tirso continua a aposta na formação contínua dos seus colaboradores. Decorrem até dezembro duas iniciativas em simultâneo, voltadas para a área da saúde: “Prevenção e Controlo da Infeção: princípios básicos a considerar na prestação de cuidados de saúde” e “Saúde da Pessoa Idosa – prevenção de problemas”. Tratam-se de duas unidades de formação de curta duração, com um plano de formação de 50 horas, onde a comparticipação financeira é da responsabilidade da União das Misericórdias Portuguesas. Os dois grupos de formação são constituídos, cada um, por 15 formandos pertencentes às seguintes categorias profissionais: Ajudantes de Lar, Auxiliares de Ação Médica, Ajudantes Familiares e Ajudantes Técnicos de Fisioterapia. O interesse que os colaboradores manifestam nas temáticas abordadas comprovam a sua recetividade em adquirirem/ aprofundarem conhecimentos, tendo como resultado final a identificação dos problemas de saúde mais comuns na terceira idade, o reconhecimento da importância dos fatores que contribuem para a promoção da saúde e identificação de situações de risco potenciadoras da infeção, associadas aos diferentes contextos de prestação de cuidados. • POR CARLA MEDEIROS (COORDENADORA DE FORMAÇÃO)
#26
ESPÍRITO RENOVADO PARA APRENDER NOVOS CONCEITOS
corretor ortográfico do Word a grandes trabalhos. De qualquer Sou monitor de Informática e acompanho um grupo de idosos modo, com o passar do tempo todos irão atingir os objetivos nessa atividade. Antes de escrever este texto questionei-me se pré-definidos com maior ou menor dificuldade. Haja saúde realmente o meu trabalho envolvia uma inovação social. Para para que as tardes de quarta-feira sejam passadas com isso precavi-me e fui consultar a Infopédia: definem inovação um desejo de tranquilidade e de sensação de uma grande como a “introdução de qualquer novidade (…) no modo de mudança: “consegui fazer algo que nunca fazer algo; mudança; renovação”. Bem, fiquei pensei conseguir fazer sozinho(a)”. • convencido. Na Misericórdia de Santo Tirso “Na Misericórdia de contacto semanalmente com inovadores. São de facto pessoas que renovam o seu espírito com POR MIGUEL MIRANDA (MONITOR/FORMADOR DE Santo Tirso contacto a vontade de aprender novos conceitos que, INFORMÁTICA) semanalmente com aparentemente, não lhe estavam destinados. inovadores.” Admiro e aproveito para divulgar a vontade de mudança de um grupo de utentes que, semana após semana, contraria a apatia e, com o passar do tempo, vai utilizando o computador de uma forma mais autónoma. O equipamento tecnológico disponível foi, recentemente, alterado. Os computadores estavam já obsoletos e, neste momento, a sala tem portáteis (em vez de computadores fixos de secretária) com uma grande novidade: o Windows 8. A interface deste sistema operativo é muito diferente, o que trouxe claras dificuldades de utilização. Às minhas missões acrescentei uma nova: convencer o grupo a aceitar a mudança. Afinal, é só mais uma e para melhor. Progressivamente vão encontrando o que pretendem. Em relação aos conteúdos práticos, é gratificante verificar que alguns documentos são terminados com poucas correções a fazer. Ora, é precisamente este resultado que quero ver. Todos os intervenientes são diferentes – há os que sofrem por antecipação, os metódicos, os trapalhões e os que se inscreveram mais tarde na atividade e ainda obrigam o
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Formação
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Ação Educacional
#26
ATL / ATELIERS INFANTIS EM MOVIMENTO
Enquadrado numa valência de intervenção comunitária, o Centro Comunitário de Geão elege como alvo prioritário a família e a comunidade, promovendo respostas integradas com base nas necessidades globais do indivíduo/família. Entre outros públicos, acolhemos crianças do ensino préescolar, primeiro e segundo ciclo, quer em regime de Centro de Atividades de Tempos Livres (CATL) quer em regime de Ateliers Infantis – Férias Escolares. Nesse âmbito, o ATL/ Ateliers Infantis, como já vem sendo habitual, esteve em pleno funcionamento ao longo das férias de verão, incluindo todo o mês de agosto. Para além das atividades lúdico pedagógicas que se desenvolvem com carácter regular, foram realizadas algumas visitas, até porque as saídas ao exterior são sempre motivo de grande interesse pelos mais pequenos. O mês de julho ficou marcado pela colónia de praia: junto ao mar, as crianças tiveram oportunidade de assistir a uma sessão de esclarecimento da “Brigada de Proteção Solar” dinamizada por monitores da Cruz Vermelha Portuguesa – Núcleo de Santo Tirso. Esta atividade teve como objetivo, através de jogos lúdicos e pedagógicos, alertar as crianças para os riscos associados a uma exposição solar excessiva, bem como sensibilizar para um comportamento ambiental adequado. Para além da colónia de praia foram desenvolvidas atividades bem diferentes do habitual, das quais destacamos a Visita ao Canil da PSP (onde assistiram a um treino com os cães polícia tendo ainda oportunidade de experimentar exercícios com os referidos animais), Parque Aquático de Guimarães e Parque da Cidade do Porto. Durante o mês de agosto tiveram oportunidade de visitar a Nau
Quinhentista em Vila do Conde e aí viajar até outros tempos de conquistas e derrotas. De salientar também o interesse nas atividades dinamizadas na Quinta da Gruta (Maia) “Agricultor por um dia” e “Biodiversidade na Quinta”. As crianças ficaram a conhecer o mundo da agricultura biológica e posteriormente transformaram-se em cientistas no laboratório de pesquisa, ainda que pouco tempo, tal como referiram. Com o início do ano letivo iniciamos uma nova etapa e por isso um novo tema de trabalho: “Valores” foi o tema escolhido para o Projeto Pedagógico 2013/2014. Com este tema pretendemos reforçar comportamentos positivos e solidários, promover relações intergeracionais, sensibilizar, refletir e identificar valores e atitudes positivas. Ou seja, saber ser e saber estar na relação com os outros, é sem dúvida o objetivo a atingir. • POR ILDA MEIRELES (ANIMADORA SOCIOCULTURAL)
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Ação Educacional
#26
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Cultura
POEMAS
INOVAR É PRECISO
NÃO TE ENVAIDEÇAS
Saber inovar a vida Exige sabedoria Por bem, nos maus momentos Deixar para trás lamentos Amanhã, é novo dia
Não te envaideças Do que sabes, Mas repara sempre No que fazes.
Inovar sempre foi criar E quando velha paixão Na arte fazer sonhar Na feitura deslumbrar Um deleite prá visão Aproveitar nas ciências A saúde a seu favor O mais idoso agradece A vida a mais, floresce Numa busca do melhor Oferecer socialmente Um criativo poema Pode ser inovador Em vez de falar de dor Ter só amor como lema Anyta
Como acharás, Na velhice Aquilo que não encontraste Na juventude? A consciência É um livro de moral, e O que menos Se consulta. Diamantino Santos JLA, 2013
NA IMPRENSA
MISESRICÃ&#x201C;RDIA
ONLINE
MISESRICÃ&#x201C;RDIA
Que local do concelho de Santo Tirso escolheria para fazer uma declaração de amor? Penso que para fazer uma declaração de amor não temos que estar necessariamente num local específico, basta que a pessoa certa esteja connosco. Qualquer lugar é adequado, mas se tivesse mesmo que escolher, talvez escolhesse a tranquilidade do Parque da Rabada, há dias que é bastante tranquilo e harmonioso para esse efeito. Já leu algum livro de José Saramago, o único escritor português a receber o prémio Nobel da Literatura? Não. Com alguma pena minha, mas a falta de tempo, não me deixa lugar para que possa usufruir da leitura. Tenho uma vida profissional e pessoal bastante preenchida. O que mais o entristece no concelho de Santo Tirso? Entristece-me principalmente a falta de emprego, o que origina que cada vez mais tenhamos conhecimento de pessoas, e principalmente crianças, que vivem em contacto direto e profundo com a pobreza. …E o que o deixa cheio de orgulho? Além da beleza própria da cidade, assistir a todo o seu desenvolvimento. Tenho orgulho em pertencer a uma instituição que muito faz, também pelas pessoas desta cidade, desde os mais novos aos mais idosos. Qual o filme que o levou ao cinema mais do que uma vez? Apesar da pouca disponibilidade, o filme que mais me marcou e levou ao cinema mais que uma vez foi o Titanic, tanto pela história como pelos efeitos especiais, acho-o um excelente filme. Qual destes três objetos - um Galo de Barcelos, um disco da Amália ou uma garrafa de Vinho do Porto - é absolutamente indispensável numa casa portuguesa? Penso que um trabalho da nossa Amália é quase indispensável numa casa portuguesa. Para além de ter uma voz inigualável é um marco reconhecido mundialmente da nossa cultura e que descreve como ninguém a alma dos portugueses. Consegue escolher o músico/cantor ou grupo musical da sua vida? Sem dúvida os The Doors, pois marcaram de uma forma muito especial a minha juventude e os quais ainda hoje gosto muito de ouvir.
RE VE LA ÇÕES... Qual a sua viagem de sonho? Adorava conhecer a Holanda pois a cultura e as paisagens do país agradam-me imenso! Se tivesse de recomendar um livro a um amigo, qual seria? Talvez os “Anjos não têm Asas” do Ruy de Carvalho, relata uma história de vida muito interessante de um grande senhor português. Se fosse provedor por um dia, que medidas tomava? Não alterava nada, deixava tudo como está. Apesar das dificuldades que nos vão aparecendo, temos uma administração muito fiável e que tem sabido com todo o rigor ultrapassar esses obstáculos e conseguido fazer da ISCMST a grande instituição que é e que sem dúvida alguma continuará a ser. NOME JOSÉ ANTÓNIO AMORIM GOMES CATEGORIA PROFISSIONAL MOTORISTA ANTIGUIDADE NA INSTITUIÇÃO 27 ANOS
CORRETOR COM MAIS DE 70 ANOS DE EXPERIร NCIA NO MERCADO SEGURADOR Praรงa Gomes Teixeira, 38 - 4050-290 PORTO Tel: 222005024 ; Fax: 222002297 email: cisseguros@sapo.pt
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A Clínica de Medicina Física e de Reabilitação da Santa Casa da Misericórdia de Santo Tirso dispõe de meios necessários à reabilitação de doentes com patologias do foro ortopédico, reumatológico, cárdio-respiratório, neurológico e também de uma unidade destinada ao tratamento de crianças.
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