editorial REpartir por D ua r te G onç a lves mesá r io A importância dos livros e das revistas é que sobrevivem à prova dos tempos. É o que fica das memórias coletivas, onde se inserem as vitórias, conquistas, mas também as pandemias, catástrofes e guerras. A edição desta Revista tem como tema REPARTIR, pois as nossas vivências institucionais devem ser escritas, para ficarem perpetuadas no tempo e na nossa história. REPARTIR é uma palavra com um forte significado social, pois é sinónimo de distribuir, dividir, separar em partes, partilhar.
Analisando a palavra e associando-a ao contexto atual, esta assume um duplo significado: há aqueles que são obrigados a PARTIR, e aqueles que estendem os braços para REPARTIR. Há os que se encontram em busca de vida, em fuga da morte e que fogem da guerra, procurando paz e proteção. Paralelamente, no momento em que tantos procuram no nosso país um porto seguro, surge-nos a necessidade de REPARTIR para ajudar: dar pousada aos peregrinos, afeto, estender a mão de Misericórdia, pois não podemos estar dissociados da génese que nos inspira na nossa missão: as Obras de Misericórdia.
Não podemos ser indiferentes ao apelo dos que lutam pela sobrevivência, e a nossa humanidade não se traduz apenas em âmbitos de intervenção locais, quando o que está em causa é a crise humanitária, a dignidade na diversidade, enquanto instituição que somos em relação com os outros. Pretende-se com este tema refletir e sensibilizar sobre o que pode e está a ser feito, enquanto instituições de solidariedade social, mas também onde cada um, individualmente, poderá intervir e REPARTIR, de muitas formas e à medida do que estiver ao seu alcance. Sermos todos rostos de solidariedade.
SUMÁRIO /// ATUALIDADES / VIDAS INTERROMPIDAS - FAMÍLIA UCRANIANA É ACOLHIDA EM SANTO TIRSO P.04 / VIDAS INTERROMPIDAS - REPARTIR COM PROFISSIONALISMO E DIGNIDADE P.9 / QUANDO O ROSTO DO OUTRO, EM DOR, GRITA PELO ACOLHIMENTO P.12 / UNIÃO DAS MISERICÓRDIAS PORTUGUESAS FACE À INVASÃO DA UCRÂNIA P.16 / RELATÓRIO E CONTAS 2021 P.20 / REPARTIR EM IGUALDADE P.26 / REDE WI-FI PARA TODOS P.29 /// AÇÃO SOCIAL E COMUNIDADE / DIVIDIR E TORNAR A DISTRIBUIR… REPARTIR P.30 / OS DIAS DO FIM P.32 / AS VOZES DE “ENVELHECER ATIVAMENTE” - PRÉMIO BPI FUNDAÇÃO “LA CAIXA” P.35 / RAP CRIAR RESPOSTAS DE APOIO PSICOLÓGICO P.39 /// SAÚDE / DIFERENTES MAS IGUAIS P.42 / BÊNÇÃO DA UCC “COMENDADOR ALBERTO MACHADO FERREIRA” P.43 /// G. RECURSOS HUMANOS / SATISFAÇÃO DOS/AS COLABORADORES/AS - O CAMINHO PARA O SUCESSO INSTITUCIONAL P.44 / PRÉMIO HEALTHY WORKPLACES - LOCAL DE TRABALHO SAUDÁVEL 2022 P.45 / PACOTE M+ P.46 / PROGRAMA ERASMUS - REPARTIR CONHECIMENTO P.48 / REPARTIR MEMÓRIAS - O REENCONTRO P.49 / AO RECORDAR O PRIMEIRO DIA DE TRABALHO NA MISERICÓRDIA LEMBRO-ME DE... P.52 /// CULTURA / JOSÉ LUÍS DE ANDRADE - UMA EVOCAÇÃO P.56 / O CORAL DA MISERICÓRDIA - A PANDEMIA E O PÓS PANDEMIA P.60 / POEMA REPARTIR P.62 /// REVELAÇÕES AIDA SOARES P.64
2010/CEP.3635
PROPRIEDADE IRMANDADE DA SANTA CASA DA MISERICÓRDIA DE SANTO TIRSO // DIRETORA CARLA MEDEIROS // SECRETARIADO AVELINO RIBEIRO // COLABORADORES ANA ALVARENGA // ANA ROSA CARNEIRO // ASSUNÇÃO MEDEIROS // CARLA NOGUEIRA // DUARTE GONÇALVES // JAVIER FERNANDEZ // JOÃO LOUREIRO // JOSÉ ALVES // JOSÉ LUIS CRISTINO // JOSÉ PINTO // LILIANA SALGADO // LUISA FERNANDES // Mª HELENA GOMES // Mª JOÃO FERNANDES // Mª JOÃO OLIVEIRA // MARTA FERREIRA // MIGUEL DIAS // MIGUEL MOUTINHO // NUNO OLAIO // PAULO DUARTE // RAQUEL CARNEIRO // SARA A. SOUSA // SÍLVIA RIBEIRO // SOFIA MOITA // SORAIA PINHEIRO // SUSANA BRANCO // SUSANA MOURA // SUSANA FREITAS // TELMA FERREIRA // VERA TOMAZ // TIRAGEM 1000 EXEMPLARES // EDIÇÃO JUNHO 2022 // DEPÓSITO LEGAL 167587/01 PERIODICIDADE SEMESTRAL // IMPRESSÃO NORPRINT // DESIGN SUBZERODESIGN Obs: a Revista da Misericórdia obedece ao novo acordo ortográfico.
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VIDAS INTERROMPIDAS FAMÍLIA UCRANIANA É ACOLHIDA EM SANTO TIRSO
Mariana mantém o sorriso de uma bela e jovem mulher. A guerra, o medo, a insegurança e a incerteza no futuro não a fizeram perder a esperança de um dia regressar à Ucrânia e voltar à sua vida de sempre. É grata pelo acolhimento e generosidade dos portugueses e por ter conseguido encontrar abrigo perto da sua família que já vivia em Portugal há alguns anos. Uma feliz coincidência deu a oportunidade que Mariana e os seus filhos necessitavam para encontrarem um lugar seguro para viverem. A Misericórdia de Santo Tirso foi contactada pela União das Misericórdias Portuguesas para avaliar que tipo de apoio poderia dar às famílias ucranianas refugiadas da guerra. Havia a possibilidade de ser disponibilizada uma casa para uma família com 6 pessoas, a par disso poderia também serem garantidas as principais refeições. Quase na mesma altura, a Câmara Municipal de Santo Tirso, sabendo desta possibilidade e tendo uma família sinalizada com este perfil, entrou em contacto com a Misericórdia. Um dos irmãos de Mariana, o mais velho, que já vive em Portugal há 20 anos com mulher e filhos, fez todo o tipo de esforço para conseguir trazer a irmã e os sobrinhos para Portugal em segurança. Já o outro irmão, o mais novo, chegara em fevereiro a Portugal trazendo consigo a esposa e os quatro filhos, um deles, recém-nascido com apenas 15 dias, ficando a residir também em Santo Tirso em acolhimento articulado com a autarquia. E, assim, em poucos meses a família encontra-se praticamente toda reunida. Entretanto, a matriarca também
deixou a Ucrânia para se juntar aos filhos e netos. O irmão recorda o início da guerra como algo irreal e inesperado. Ninguém esperava que fosse mesmo acontecer. Mas na madrugada do dia 25 de fevereiro começaram a cair bombas. E a partir daí sabiam que sempre que soava o alarme tinham de ir para o abrigo para se proteger, só quando soava o alarme 3 vezes é que podiam sair. O seu filho mais novo nasceu nessa altura e a mulher vivenciou a fragilidade de muitas mães que tinham de se proteger nos abrigos por causa dos ataques. A realidade mudou completamente: várias pessoas deixaram de trabalhar, outras no entanto, e tendo em conta a sua atividade conseguiram manter os empregos e algumas rotinas. Ainda assim os bombardeamentos ditam os dias e a vida dos que ficaram no território ucraniano. O marido de Mariana trabalha no ramo alimentar como gerente numa rede distribuidora, a cunhada por sua vez tem uma função similar numa outra empresa no ramo das bebidas. Ela sente-se um pouco dividida entre o emprego que quer manter, o namorado que ficou e a família toda que está em Portugal. Todas as semanas pondera se fica ou vem para Portugal. A família compreende esta indecisão. Família incompleta Há uma tristeza sempre presente, pois o marido de Mariana decidiu ficar em Lviv, na Ucrânia, a trabalhar. Quer manter o emprego, enquanto for possível, porque acredita que será mais fácil para todos quando a guerra acabar e assim retomarem a vida que ficou para trás. “Ele é muito necessário no trabalho”
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diz com um suspiro. “Falamos todos os dias ao telemóvel, mas é muito complicado para mim e para os filhos”. Mariana tem 37 anos e quatro filhos, duas meninas com 14 e 11 anos, Natália e Olga e dois rapazes, Sergei de 9 e Dimytro com 18 meses. A lei marcial proclamada por Zelensky no início do conflito ucraniano-russo, proíbe que saiam do país homens com idades compreendidas entre os 18 e os 60 anos, para serem mobilizados para combater na guerra, mas existem algumas exceções: homens com mais de três filhos não são chamados para combater, é uma delas. Pelo facto do marido não estar na linha da frente dá-lhe algum conforto, mas não diminui a preocupação. O medo está sempre presente. Em Lviv, cidade onde vivia, tem havido muitos bombardeamentos e o perigo está sempre à espreita. Mariana tentou ficar na Ucrânia mas vivia apavorada com os ataques e durante quase um mês tentou viver numa cave, numa espécie de abrigo antiaéreo, mas o filho mais novo tinha muitas crises de asma. Então teve de tomar uma decisão muito difícil; vir para Portugal e deixar o marido para trás. Falam todos os dias e vai sabendo da realidade do seu país através dele, mas também vai lendo as notícias durante o dia na internet e vai rezando. A fé e a esperança tem sido o seu conforto, mas vive tensa e insegura, confidencia. Sempre foi muito devota de Maria, mas com a guerra está ainda mais crente. E partilha um sonho, ir a Fátima rezar, pedir pelo fim da guerra. Trouxe consigo uma bela imagem impressa da virgem Maria que está na sala. E vai
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VIDAS INTERROMPIDAS FAMÍLIA UCRANIANA É ACOLHIDA EM SANTO TIRSO
tocando nela com gestos carinhosos, em pensamentos de paz a acalmia. Mostra-nos com vaidade o seu amuleto e diz acreditar que a guerra vai acabar. Mas há momentos que desanima um pouco quando pensa no conflito e na dimensão da Rússia e na sua capacidade militar.
Generosidade que a emociona Mariana vive rodeada de muito apoio e é muito grata por tudo o que tem recebido, mas deseja voltar à Ucrânia e ao seu apartamento, que felizmente não foi afetado pela guerra. O discurso de Mariana não é muito fluido, há muita emoção que tenta retrair por causa dos filhos. A língua é limitadora, “Nunca pensei que isto fosse acontecer”, diz enquanto mas ela é também cautelosa nas palavras, não quer ceder à embala o filho mais novo, acariciando o cabelo do menino. tristeza. Por eles mantém o sorriso e a serenidade, tenta “Tenho muitas saudades da minha vida em Lviv”. focar-se no amor e nas boas coisas que tem. Mariana lamenta Mariana era secretária numa não falar português porque gostaria universidade, vivia num apartamento mesmo de agradecer às pessoas que os perto do centro da cidade com a tem ajudado, mas também desabafa que “Fico emocionada com os família. De um momento para outro nem há palavras para tanto. gestos e gostaria de poder tudo mudou. “Quero muito uma vida ”Fico emocionada com os gestos e agradecer tudo isto.” segura para mim e para os meus filhos”. gostaria de poder agradecer tudo isto”. E foi com essa esperança que decidiu deixar o país. Numa mochila acondicionou o essencial para si Ter rotinas é difícil e para os filhos e durante dois dias viajou de autocarro rumo a Mariana passa agora o tempo todo com os seus meninos e Portugal. “Foi uma viagem muito dura fisicamente”. O irmão apercebe-se da tristeza das crianças por estarem longe do pai, mais novo descreve tudo com mais pormenor. O cunhado dos amigos, da sua cidade e do país. Mas tenta reagir, levou-os próximo da fronteira, 10 km antes, porque a partir daí contrariando os pensamentos negativos e mantendo a família os carros não podiam circular e seguiram a pé. Junto à unida nas rotinas, trabalhando em equipa. Durante a semana fronteira ficaram à espera umas 4 horas porque havia uma cada um tem um dia atribuído para tratar das refeições. longa fila para entrar. Uma vez na Polónia, e até conseguirem Escolhem o menu e cozinham, mas no que diz respeito às viajar com destino a Portugal, somaram-se mais dois longos outras tarefas domésticas todos participam. “É bom para dias de espera. Uma viagem de autocarro que demorou quatro acalmar o “ambiente”, comenta sorrindo. longos dias, com algumas paragens à mistura, crianças muito Ocupar de forma criativa o tempo é uma tarefa difícil. Todos, chorosas, cansadas e impacientes. O irmão diz que está tudo menos o mais novo, têm aulas online, mas diz que ficam muito bem organizado com policiamento e muitos voluntários. aborrecidos facilmente. “É complicado diversificar, porque há pouca coisa a fazer”.
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VIDAS INTERROMPIDAS FAMÍLIA UCRANIANA É ACOLHIDA EM SANTO TIRSO
A língua continua a ser uma barreira e a vinda para Portugal ainda é muito recente. Os amigos estão espalhados pela Europa e isso desmotiva um pouco os mais velhos. A internet continua a ser um recurso para passarem o tempo vendo filmes, séries, comunicando com quem está longe. “As crianças estão tristes e têm muitas saudades do pai”. Há perguntas que são redundantes perante esta conjuntura. E muito facilmente qualquer um de nós faz o exercício de imaginar o antes e o depois da guerra. Decidimos não insistir muito Trouxe consigo neste tipo de questão.
Segundo o Alto Comissariado das Nações Unidas aproximadamente 5.2 milhões de ucranianos deixaram o seu país, sendo que 90% desse número são mulheres e crianças. Mas segundo a Organização Internacional para as Migrações 7.7 milhões ainda continuam no país. • POR CARLA NOGUEIRA (JORNALISTA)
uma bela imagem impressa da virgem Maria que está na sala. E vai tocando nela com gestos carinhosos (...)
A cidade onde moravam é agora uma espécie de zona de recolha de feridos que chegam das frentes de batalha em vários pontos da Ucrânia Oriental. Lviv é uma cidade muito próxima da fronteira da Polónia, património mundial da Unesco desde 1998. Uma bela cidade, com muitas universidades, igrejas e com uma vida cultural muito intensa de que são exemplo os vários museus e espaços culturais existentes.
Chegam várias notícias que dão conta que em galerias, museus e igrejas de Lviv está em curso uma grande operação para proteger o património cultural da cidade e muitos milhares de obras de arte e artefactos foram cuidadosamente removidos e levados para locais subterrâneos secretos, ou para porões que funcionam como depósitos.
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VIDAS INTERROMPIDAS REPARTIR COM PROFISSIONALISMO E DIGNIDADE
O aflitivo início da Guerra na Ucrânia em 24 de fevereiro de 2022, com a invasão militar em larga escala pela Rússia obrigou à população residente – mulheres, crianças, idosos/as a abandonar o país, as raízes, os pertences, a história, a família, uma VIDA… e a procurar abrigo noutros países, outras comunidades, outras entidades, outras culturas, outras pessoas. É neste contexto que todos os esforços, quer a nível nacional quer a nível local, são mobilizados para que de uma forma célere, desburocratizada e principalmente HUMANA, o bem-estar e os direitos sociais sejam acautelados, através do Trabalho Social e do Trabalho em Rede.
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Novos desafios se colocam na Missão da Misericórdia de Santo Tirso, num caminho construtivo e dinâmico. Assim, e de uma forma simplificada e célere, sem descuidar o trabalho técnico e fundamentado na área Social, só possível através da intervenção multidisciplinar e em Rede das Entidades Locais envolvidas, da comunidade e dos Organismos Centrais, foram mobilizados esforços no sentido de: •
Disponibilizar, equipar e tornar uma habitação afável para a família acolhida, bem como assegurar as necessidades básicas;
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Efetuar o registo na plataforma online criada pelo SEF para pedido de proteção temporária com emissão dos certificados de concessão de autorização de residência ao abrigo do regime de proteção temporária, com atribuição imediata do NISS, NIF e NUS;
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Deslocação ao SEF das crianças para validação da paternidade como salvaguarda e proteção das mesmas;
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Atendimento imediato dos Serviços de Saúde e de Emprego em articulação com a Segurança Social, acautelando os vários apoios sociais;
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Mobilizar condições logísticas e técnicas para que as crianças possam terminar o ano letivo com o Ensino Ucraniano através de aulas online, sem que, de forma abrupta, cortem com as raízes, as referências, os/as amigos/as;
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VIDAS INTERROMPIDAS REPARTIR COM PROFISSIONALISMO E DIGNIDADE
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Articulação com a Educação para frequência de Curso de Português, fundamental à integração e socialização na nossa comunidade;
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Apesar das grandes incertezas e a vontade de voltar para a Ucrânia estar sempre presente, dia a dia vão sendo (re)definidos caminhos, estratégias, intervenções, promovendo o direito aos cuidados, à justiça social, à igualdade de oportunidades e um tratamento com dignidade.
É um processo de aprendizagem, construção, crescimento de ambas as partes: da família acolhida e dos/as técnicos/as que as acompanham. Dia a dia vamos tecendo cumplicidades e forças, respeitando o tempo, o espaço, os desejos de cada pessoa, mantendo-se a ESPERANÇA de um dia voltar e (re)começar de novo. Repartimos a nossa gratidão a todos e a todas que a nível institucional, empresarial e individual se envolveram e contribuíram com generosidade na concretização desta missão. • POR SUSANA MOURA (COORDENADORA DO CENTRO COMUNITÁRIO DE GEÃO)
GIRASSÓIS FORA DA TERRA
Neste mundo fatigado de fome a ver mudanças hoje porque a culpa tem nome a ver todos fazerem à sua própria maneira também eu tenho culpa ela não morre solteira. E nasceram com o amor distorcido sem crer nem ter motivo p’ra odiar o amigo semearam girassóis fora da terra. E cresceram de orgulho ferido sem crer nem ter direito a terem decidido recolheram óleo, fruto da guerra. E quem manda nos estoiros que eu oiço? acabou-se a criança, acabou-se o baloiço, transformados os sonhos, assombros guitarra afinada numa pilha de escombros. Neste mundo que é campo, refúgio a ver mudanças, foge! viva o subterfúgio a ver todos fazerem a sua própria asneira também eu tenho culpa levo a minha bandeira.
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E aprenderam a sonhar no vazio sem crer nem ter motivo não é nada comigo semearam girassóis fora da terra. E venderam o que tinham consigo sem crer nem ter direito a guardarem vestígio recolheram óleo, fruto da guerra. E quem manda nos estoiros que eu oiço? acabou-se a criança, acabou-se o baloiço, transformados os sonhos, assombros guitarra afinada numa pilha de escombros. E esqueceram o que tinham ouvido sem crer nem ter motivo ou deixarem aviso semearam girassóis fora da terra. E morreram sem terem nascido sem crer nem ter direito se tivessem vivido? Recolheram óleo, fruto da guerra. E quem manda nos estoiros que eu oiço? acabou-se a criança, acabou-se o baloiço, transformados os sonhos, assombros guitarra afinada numa pilha de escombros.
Letra de Música Miguel Moutinho https://youtu.be/jg-0X6ucHAQ
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QUANDO O ROSTO DO OUTRO, EM DOR, GRITA PELO ACOLHIMENTO
Já passaram alguns anos desde que escrevi para esta revista com o tema dos refugiados. Estávamos a enfrentar uma vaga humana de gente a atravessar o Mediterrâneo a fugir de condições que nos envergonham enquanto humanidade. Depois de dois anos de pandemia, onde a pobreza e os cuidados de milhares de pessoas cresceram, deparamo-nos com o drama da guerra. Tenho a dizer: não queria reescrever sobre este tema. Não porque me engano em relação a ele, mas por desejos de que os milhões de pessoas, sobretudo mulheres e crianças, pudessem estar em segurança nas suas casas e não a fugir de bombas, tiros, massacres, tão injustos. Mas, é necessário, como grande obra de misericórdia, tomar consciência da realidade destes irmãos e irmãs nossos para ajudá-los a viver o melhor possível estando fora das suas casas. Quem são? Humanos em busca de vida, com nomes e histórias concretos, trazendo no coração muito sofrimento, sobretudo de luto. E tatuado na existência trazem um adjetivo: refugiados. Nos últimos anos tenho acompanhado muitas pessoas, na escuta dos dramas das suas vidas. Tento aliviar e orientar o melhor possível para a leveza do amor de Deus. No meu coração passeia a memória das pessoas refugiadas que acompanhei pelos mais diversos motivos, desde a perseguição política, passando pela religiosa, cultural ou sexual, culminando na social, onde a guerra arrasta milhares e milhares em fuga. Durante a minha formação como jesuíta, passei por Paris. Na comunidade onde estive,
integrada no projeto Welcome da JRS (serviço jesuíta aos refugiados), viviam connosco pessoas refugiadas. Com o crescer da confiança, partilhavam as suas histórias. Entre os porquês e os modos de fuga, ia sabendo de famílias, umas assassinadas e outras sem qualquer possibilidade de contactar pelo medo de represálias. Uma vez, ao jantar, falava com o M. sobre o dia. Contava-me como pouco a pouco ia aprendendo o francês: •
Às vezes custa, não é? Sobretudo a relação entre a fonética e a escrita.
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Sim, e os temas de estudo.
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Como assim?
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Temas como “a casa”, por exemplo. Faz pensar a família.
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Tens conseguido falar com alguém da tua família?
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Não sei nada deles há meses. É preferível que eu desapareça para que eles vivam, ou mantenham a vida possível.
Nas conversas, a emoção mostrava que os sentimentos atravessam toda a humanidade. Nas diferenças no modo de expressar, o coração revela que o amor, o desejo de viver, a vontade de abraçar quem nos é querido, brotam da essência do ser humano. A humanidade tem a poesia do sentir. Da poesia até se pode passar à oração. Foi o que me aconteceu depois de ter escutado todo o relato de onde pode ir o mais anti-poético, nesse negrume de maldade humana, tecida em gestos de tortura. Muitas vezes, depois de escutar relatos
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demasiado desumanos, recolhi-me em silêncio. Como escrevi um grande sorriso, depois de contar a novidade, disse: “Paulo, no outro texto, é recorrente agradecer na minha oração. chegou em tempo de Páscoa. Na minha pouca fé, aperceboDesde as coisas mais banais, como o deliciar-me com uma -me um bocadinho do que é a ressurreição.” Não consegui boa sobremesa, ao facto de estar vivo. Agradeci a fé e o dizer nada em resposta, para além do forte abraço que que ela faz comigo e de a vida me ajudar a ser alguém em partilhámos. quem confiar. Agradeci o poder saborear o silêncio sem ter Passado uns tempos comenta: “A minha mulher está quase a pesadelos. Agradeci o poder fazer uma crítica sem a chegar!” Os olhos brilhavam com uma ternura impressionante. ameaça da tortura e da morte. Agradeci o não ter medo, Havia o tremer de lábios e de palavras em dizê-lo, afinal são nem vergonha, de pedir abraços mais de três anos de separação quando deles preciso. Agradeci forçada. O Poder, em especial Quem são? Humanos em busca de não ter a casa estilhaçada ou político, insiste em fazer mal. “Já vida (...) trazendo no coração muito reduzida a cinzas depois de ter preparaste o reencontro?” levado com uma bomba. Respondeu-me: “Nem sei. Passa-me sofrimento, sobretudo de luto. E tanto pela cabeça e pelo coração. tatuado na existência trazem um Somos seres de relação e a própria Vou levar um ramo de flores, como adjetivo: refugiados. relação transforma-nos enquanto ela gosta. Depois, só queremos ficar pessoas. A empatia faz com que as abraçados.” Tempo depois, o S. histórias se entrelacem, alterando o pensamento. São rostos telefona-me e vai lá a casa. Deu-se encontro entre nós. Não que dialogam, modificando o modo de compreender a vinha sozinho. A mulher acompanhava-o. Depois de grande realidade, em que a dor e a paz são recebidas mutuamente, batalha burocrática, chegou há dois meses. Pouco-a-pouco como mãos que se apertam. Um dos refugiados com quem instalam-se nesse reencontro, ainda com medo com o que se costumava conversar veio contar-me uma boa novidade: após pode passar com os que lá ficam. Mesmo vivendo este mais de um ano a tentar ter cartão de cidadania temporária, fantasma, toda a conversa foi à volta da esperança e nada este finalmente chegou. A partir dali já podia tratar do forçada, pelo contrário, transparecia no rosto. Que abraço bom processo para que a mulher também pudesse vir. Não a vê demos todos. pessoalmente há mais de três anos. Foi obrigado a fugir do país pela guerra, por ser jornalista e ter denunciado casos de Torna-se claro que penso muito na humanidade. Talvez seja corrupção e abuso de poder. Outro que viveu a tortura de das palavras que me acompanham muito frequentemente em perto e de longe, ao se ver obrigado a fugir, deixando a léxico. Não a quero gastar com o uso, tornando-a quase banal. família, a terra, sem saber se poderá voltar. Emocionado e com Simplesmente quero enaltecer o profundo sentido do que é ser
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QUANDO O ROSTO DO OUTRO, EM DOR, GRITA PELO ACOLHIMENTO
humano, também concebido em cultura que cruza a humanidade condicionando o modo de pensar e de viver. É difícil, para não dizer impossível, alcançar a pura neutralidade. Questões de crenças tocam todos os âmbitos. Ser humano é ser crente. E não vale a pena fugir disto. Os tipos de crenças é que podem variar: do desportivo ao religioso, sem esquecer o político, elas pairam na vida de cada um. Somos cultura, somos crença e somos relação, que nos ajuda a perceber a riqueza da humanidade na sua diversidade. Pelo que já escrevi, marca-me muito a chegada de tanta gente, como cada um de nós, por caravanas humanitárias, atravessando a dor da existência. Apenas buscam viver. Nem é viver melhor, apenas viver. Ficar-se neutro é impossível, já não o é optar entre o medo ou a confiança na altura de falar no auxílio a todas estas pessoas. Apesar de todas estas agitações, de tanta desumanidade, ainda continuo a acreditar que, para além das crenças todas, possa crescer a de um mundo melhor. Para que tal aconteça, passa por acolher, mesmo que possamos perder algumas comodidades. E a vida, como se vê, reveste-se de poesia da dádiva, da partilha, do acolhimento. Tanto fala de amor, de beleza, como também grita pela justiça e misericórdia por aqueles de longe que estão aqui perto. “Vemos, ouvimos e lemos. Não podemos ignorar”, disse-nos Sophia de Mello Breyner. Os rostos deles são os nossos. • POR PAULO DUARTE (SJ)
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UNIÃO DAS MISERICÓRDIAS PORTUGUESAS FACE À INVASÃO DA UCRÂNIA
Logo no dia 24 de fevereiro, a UMP informava as Misericórdias que Portugal estava a montar uma operação de acolhimento de emergência aos cidadãos ucranianos e que nos havia sido perguntado, pela Sra. Ministra do MTSSS, se as Misericórdias estariam em condições de conseguir integrar cidadãos ucranianos para trabalhar nas nossas Instituições. A 04 de março, apenas 8 dias depois, a UMP informa e remete a listagem de disponibilidades das Misericórdias ao ISS, I.P. e ao ACM, contactando também a Secretaria de Estado para a Integração e Migrações, informando acerca da disponibilidade imediata das Misericórdias Portuguesas em apoiar estes cidadãos com alojamento, emprego e integração apoiada.
pré-registo para confirmar que pertenciam à lista inicial de pessoas a transportar. Posteriormente foi feito um check-up médico a todos. De seguida, foi feito um registo individual, onde foi perguntado se necessitavam de alojamento, habilitações literárias dos adultos e respetiva profissão, com o objetivo de se preparar o acolhimento em Portugal.
Mas no dia 10 de março, a UMP é contactada por um movimento voluntário da sociedade civil, o “Missão Ucrânia”, que contava com a participação de dezenas de empresas e voluntários e que estava em articulação, também, com os ministérios e serviços do Estado para as migrações. O “Missão Ucrânia” queria a parceria da UMP no movimento com o único papel de associar as disponibilidades das Misericórdias ao nível de habitação temporária, emprego e apoio necessário para acolher parte famílias e cidadãos já que se preparavam para ir buscar, em caravana, cerca de 387 pessoas.
Foram 2 semanas de trabalho árduo, tivemos que fazer “match” de necessidades das pessoas e ofertas das Misericórdias, fizemos várias rondas de telefonemas e listagens, de dia e de noite e pedimos até a algumas Misericórdias, o trabalho inglório de ficarem de “prevenção” pois, na verdade, não se tinha a certeza absoluta da reação dos refugiados ucranianos à chegada. Criámos um “Plano B” para o caso de alguém testar positivo à COVID e puder fazer o confinamento em Lisboa e ser depois encaminhado para a respetiva Misericórdia. Criaram-se pastas por Misericórdias com informação e identificação dos Agregados Familiares e pessoas que iriam acolher.
Com o envolvimento direto de diversos organismos públicos e entre estes o ACM e o SEF, garantia-se que a missão humanitária decorria na certeza da legalidade e da segurança. No dia do check-in em Cracóvia, a 16 março, todos os refugiados passaram por um processo de triagem e fizeram o
Adicionalmente, cada pessoa assinou um termo de responsabilidade individual, a expressar que tinha conhecimento e de que era de sua livre vontade vir para Portugal com a missão. O protocolo seguido garantiu que todas as pessoas foram devidamente identificadas e que os seus direitos, liberdades e garantias não eram atropelados.
Ainda assim, primeiro em Vilar Formoso e mais tarde em Lisboa, alguns agregados e cidadãos informavam, através
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das tradutoras, que não queriam ir com as Misericórdias, afirmando que já não precisavam de acolhimento e que tinham recorrido a pessoas conhecidas da comunidade ucraniana em Portugal. Durante os dias imediatamente seguintes à chegada, Misericórdias relataram ter sido contactadas por cidadãos ucranianos a informar que iriam buscar algumas das pessoas acolhidas.
é a vontade de alguém que perdeu tudo, fugiu de uma invasão, chegou a uma fronteira e que espera apenas um refúgio que deseja ser muito temporário. A primeira vaga de refugiados que chegou a Portugal tinha posses, habilitações, muito urbana e tecnologicamente integrada, maioritariamente de Kiev e que esperava que este refúgio temporário fosse em Lisboa (cidade), Porto (cidade) e Algarve (zona que conheciam porque passavam lá férias e onde existe uma grande comunidade ucraniana).
Durante os dias que se seguiram a UMP também recebeu telefonemas de várias famílias portuguesas que acolheram Importava agora olhar com famílias vindas da Ucrânia, e atenção para uma A primeira vaga de refugiados que chegou a que nos pediam ajuda pois não característica da comunidade Portugal tinha posses, habilitações, muito tinham condições para alojar ucraniana em Portugal, nos urbana e tecnologicamente integrada (...) durante muitos dias os últimos anos, relacionada com refugiados que tinham acolhido. a sua atividade económica e Mas, afinal, o que se estava a passar? Urgia fazermos uma política. A comunidade tornou-se uma força que não reflexão e entender. apenas une os ucranianos, mas que também se manifesta Portugal é um país de gente extraordinária e as Misericórdias cada vez mais ativamente na vida da comunidade são constituídas por essas gentes de braços abertos. ucraniana em Portugal, defendendo os seus direitos e interesses, garantindo as necessidades socioculturais dos A última guerra na Europa foi há 80 anos. Nenhum de nós tem compatriotas e zelando pela preservação da identidade consciência exata dos movimentos migratórias em situação de nacional, sendo as ações por parte da comunidade ucraniana guerra na atualidade: nem o seu timing, nem a sua tipologia caracterizados por um alto nível de organização, bem como nas diferentes vagas de refugiados nem como as pessoas por uma clara orientação nacional e patriótica. reagem à chegada. Estes factos podem explicar a necessidade sentida em assegurar que os seus compatriotas ficavam aos seus cuidados Uma coisa é a admirável solidariedade do povo português, e não ao cuidado de outros o que é compreensível e devemos da sua sociedade civil, do seu setor social, outra, diferente, aceitar sem reservas.
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UNIÃO DAS MISERICÓRDIAS PORTUGUESAS FACE À INVASÃO DA UCRÂNIA
De forma empática, ao nos colocarmos no lugar do outro, julgamos que também nós preferíamos ir temporariamente para junto de alguém que também falasse a nossa língua e num meio o mais próximo possível daquele que perdemos. A iniciativa, organização e logística de tantos grupos de voluntários é de louvar e deve ser enaltecida, mas a aprendizagem e informação que todos recolhemos deste trajeto é de muito valor social, nomeadamente para as entidades do estado para preparação de acolhimentos futuros. Consideramos que os próximos acolhimentos só o podem ser desde que em articulação estreita com a comunidade ucraniana em Portugal e que urge criar um elemento coordenador de todo este fluxo, que aglomere as disponibilidades numa só Plataforma (existem várias neste momento) e que faça esta gestão porque a solidariedade das famílias portuguesas, de toda a sociedade civil e também das autarquias apenas resultará em integração plena ou refúgio temporário protegido se todos tivermos a trabalhar de forma articulada. A UMP sabe que muitas Misericórdias fariam tudo de novo e continuam a aguardar contacto para acolhimentos futuros, agora que se entende melhor o que é este fluxo e o que precisam estes refugiados europeus, aceitando, dentro da nossa missão, que o maior desejo de quem saiu é o de voltar o mais rapidamente possível. • POR SUSANA MARTINS BRANCO (GABINETE DE AÇÃO SOCIAL DA UMP)
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Atualidades
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RELATÓRIO E CONTAS 2021
Iniciámos o Plano de Atividades e Orçamento para o ano 2021 com a seguinte frase: “Perante a adversidade só há três atitudes possíveis: enfrentar, combater e vencer.”
Como já referimos, tentámos retomar uma normalidade na prestação de serviços, principalmente nas áreas da Saúde e Educação.
Consolidámos a atividade da nova Unidade de Esperávamos um ano de volta à normalidade. Na Cuidados Continuados de Longa Duração e realidade esforçamo-nos para que assim fosse e julgamos Manutenção “Comendador Alberto Machado Ferreira” ter feito jus à frase. inaugurada em Novembro de 2020, atingindo a eficácia Mantivemos a dinâmica institucional em todas as nossas e eficiência prevista na relação entre as duas unidades áreas. No que concerne ao existentes. Património, tínhamo-nos proposto A 31 de dezembro de 2021, esta dar continuidade à remodelação Aprofundámos a parceria com o Misericórdia contava com cerca de e reabilitação do Bairro da Centro Hospitalar do Médio Ave Misericórdia e em breve – CHMA nomeadamente no 420 colaboradores formais. esperamos colocar no mercado protocolo de camas de retaguarda de arrendamento mais 4 moradias e na nossa Clínica de de tipologia T2. Gastroenterologia – Unidade de Endoscopia para a realização de exames endoscópicos. Foram concluídas as obras de remodelação da Casa de Repouso de Real. Na Clínica de Fisiatria procedemos a um alargamento de horário em resposta ao crescente aumento da No Edifício do antigo Liceu, foi desenvolvido um estudo procura, atingindo o melhor valor de sempre em económico e de mercado que previa a construção de 32 termos de receitas, contribuindo para o melhor ano de apartamentos para colocação no mercado de sempre desta área. arrendamento. Contudo, após profunda análise e avaliada a possibilidade de devolução deste edifício à No Relatório e Contas de 2020 dizíamos que o facto de sua génese – 1º Hospital da Misericórdia e de Santo termos sido assolados na 1ª vaga da pandemia nos tinha Tirso, foi decidido avançar com uma proposta à proporcionado outra capacidade de reação, antecipação Administração Regional de Saúde – A.R.S. Norte para e superação da segunda e terceira vagas, e assim foi. Em a criação de 60 camas de cuidados continuados. todas as nossas áreas de intervenção encaráramos o ano
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Atualidades
em análise com a normalidade possível pondo em prática as atividades/iniciativas programadas. “Um dos pilares da estratégia institucional e do desenvolvimento deste setor são os colaboradores, estes assumem um papel basilar, são o principal capital institucional. É pois fundamental continuar a aprofundar a aposta da gestão de recursos humanos.” A 31 de dezembro de 2021, esta Misericórdia contava com cerca de 420 colaboradores formais. Relativamente à parte financeira, passamos a fazer um resumo:
Verifica-se um aumento dos Rendimentos em 26,97% (€2.145.410,26), devido ao seguinte: •
Aumento da rubrica Prestação de Serviços em 20,72% (€676.880,56), essencialmente pelo atingimento do quase “normal” funcionamento das unidades de saúde, principalmente da Clínica de Fisiatria e da Unidade de Cuidados Continuados de Longa Duração e Manutenção “Comendador Alberto Machado Ferreira”;
•
Aumento da rubrica Subs. à Exploração em 33,39% (€1.230.982,15), principalmente pelo motivo acima apontado, correspondente pagamento do Estado pelos serviços prestados e aqui registados, bem como pela atribuição do Donativo objeto de apreciação na Assembleia Geral Extraordinária de 30 de Novembro passado;
•
Aumento da rubrica Outros Rendimentos e Ganhos em 23,81% (€237.983,84), basicamente pela contabilização de espólio de utentes falecidos entre os anos 2016 e 2020.
Rendimentos 2020
2021
DIF.
DIF. %
PRESTAÇÃO DE SERVIÇOS
3 266 186,96
3 943 067,52
676 880,56
20,72%
SUBS. À EXPLORAÇÃO
3 686 721,07
4 917 703,22
1 230 982,15
33,39%
0,00
0,00
0,00
0,00%
OUT. REND. E GANHOS
999 545,67
1 237 529,51
237 983,84
23,81%
JUROS REND. OBT.
1 388,94
952,65
-436,29
-31,41%
7 953 842,64
10 099 252,90
2 145 410,26
26,97%
REVERSÕES
TOTAL
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RELATÓRIO E CONTAS 2021
€ 1 237 529,51 12%
Gastos
€ 952,65 0% € 3 943 067,52 39%
€ 0,00 0%
€ 4 917 703,22 49% Prestação de Serviços Subs. à Exploração Reversões Out. Rend. e Ganhos Juros Rend. Obt.
2020
2021
DIF.
DIF. %
793 636,09
831 562,81
37 926,72
4,78%
F.S.E.
1 461 721,06
1 477 834,99
16 113,93
1,10%
GASTOS C/ PESSOAL
5 068 767,65
5 858 195,35
789 427,70
15,57%
AMORTIZAÇÕES.
728 600,86
703 635,29
-24 965,57
-3,43%
PROVISÕES
459 176,09
1 796 470,57
1 337 294,48
291,24%
OUTROS GAST. PERDAS
111 724,45
60 984,20
-50 740,25
-45,42%
5 383,00
18 020,07
12 637,07
234,76%
8 629 009,20
10 746 703,28
2 117 694,08
24,54%
C.M.V.M.C.
JUROS E GASTOS SIM. TOTAL
Os Gastos apresentam um aumento de 24,54% (€2.117.694,08), devido essencialmente ao seguinte: •
Aumento da rubrica de Gastos c/ Pessoal em 15,57% (€789.427,70) devido às atualizações salariais globais em 2021, atualização do Salário Mínimo Nacional e respetivas repercussões nas restantes remunerações, em de cerca de 3,50%, bem como o reflexo do pleno funcionamento e reajuste das Unidades de Cuidados Continuados;
•
Aumento na rubrica de Provisões, tendo por objeto reconhecer as responsabilidades cuja natureza esteja claramente definida e que à data do balanço sejam de ocorrência provável ou certa, mas incertas quanto ao seu valor ou data de ocorrência. Neste caso em
5 000 000,00 3 750 000,00
2020 2021
2 500 000,00 1 250 000,00
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Atualidades
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Atualidades
concreto a instituição tem a responsabilidade de garantir as necessárias condições de acolhimento aos seus utentes mediante a sua esperança média de vida. Este valor tem vindo anualmente a ser ajustado à nossa realidade e ao número de utentes institucionalizados; •
Aumento da rubrica Juros e Gastos Similares Suportados (€12.637,07) devido ao pagamento de juros relativos ao empréstimo para a construção da Unidade de Cuidados Continuados de Longa Duração e Manutenção “Comendador Alberto Machado Ferreira”;
€ 60 984,20 1% € 1 796 470,57 17%
€ 831 562,81 8% € 1 477 834,99 14%
€ 703 635,29 6%
€ 5 858 195,35 54% C.M.V.M.C. F.S.E. Gastos c/ pessoal Amortizações Provisões Outros Gast. Perdas Juros e Gastos Sim.
Por fim, não podemos deixar de realçar os valores das rubricas C.M.V.M.C. e FSE’s que, atendendo ao pleno funcionamento das Unidades de Cuidados Continuados, ao aumento do índice de preços anual e à taxa de inflação, apresentam um ténue crescimento no Total dos Gastos, ou seja, cerca de 2,55%. 6 000 000,00 4 500 000,00
2020 2021
3 000 000,00 1 500 000,00
E. S. F.
a pe sto ss s c oa / l Am or tiz aç õe s Pr ov isõ es G O as ut t. ro Pe s rd as e Jur G os Si asto m s .
G
.M
.V
.M
.C
.
0,00
C
Efetivamente há uma rigorosa política de gestão, onde diariamente é desafiado o profissionalismo, empenho, transparência e capacidade de sacrifício de todos os colaboradores da instituição.
€ 18 020,07 0%
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RELATÓRIO E CONTAS 2021
Resultados
NOTAS: 2021
Provisões
1 796 470,57
Amortizações
703 635,29
Resultado Líquido
-647 450,38
Meios Libertos
1 852 655,48
MEIOS LIBERTOS DE €1.852.655,48 • • •
O RESULTADO LÍQUIDO DO PERÍODO é de - €647.450,38 AMORTIZAÇÕES de €703.635,29 PROVISÕES de €1.796.470,57
800 000,00 600 000,00
-6 71 1 -6 72, 51 30 38 2, 96 -6 75 1 -6 66,5 47 6 45 0, 38
400 000,00 200 000,00
0, 86 63 5, 29 3
60
70
72 8
42
73
-400 000,00
8, 35 25 2, 33
0,00 -200 000,00
57
Atualidades
-600 000,00 -800 000,00
Result. antes Amortizações Deprec. (Amortizações)
Resultado Operacional 2020 2021
Resultado Líq. Periodo
REAL VS ORÇADO Confirma-se a apologia feita ao rigor orçamental aquando da apresentação do Plano de Atividades e Orçamento para 2021, efetivamente projetamos com prudência as receitas e “pessimismo” as despesas, exceção feita à rubrica de provisões. INVESTIMENTO O valor do investimento no ano em análise foi de €350.654,96, com destaque para as obras de remodelação do Lar Dra. Leonor Beleza a que foram afetos cerca de 32% deste valor. Não podemos deixar de relembrar que as obras do Bairro da Misericórdia e da Casa de Repouso de Real, bem como a disseminação do sistema WIFI por todas as valências da Misericórdia de Santo Tirso, encontram-se contabilizadas como em investimento em curso. Nos últimos 5 anos foram investidos cerca de €5.516.000,00.
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Atualidades
PROVISÕES Reitera-se que tendo estas por objeto reconhecer as responsabilidades cuja natureza esteja claramente definida e que à data do balanço sejam de ocorrência provável ou certa, mas incertas quanto ao seu valor ou data de ocorrência, a instituição tem a responsabilidade de garantir as necessárias condições de acolhimento aos seus utentes mediante a sua esperança média de vida. DONATIVO No ano em análise encontra-se contabilizado o valor de €771.000,00 na devida rubrica de Subsídios, Doações e legados à Exploração, objeto de apreciação na Assembleia Geral Extraordinária de 30 de Novembro passado. • POR JOÃO LOUREIRO (DIRETOR GERAL)
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Atualidades
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REPARTIR EM IGUALDADE
No âmbito do Protocolo de Cooperação para a Igualdade e a Não Discriminação, assinado em junho de 2019, entre a Comissão para a Cidadania e a Igualdade de Género e o Município de Santo Tirso, com o objetivo de desenvolver medidas para a territorialização da Estratégia Nacional para a Igualdade e Não Discriminação (2018-2030) foi criada a Equipa para a Igualdade na Vida Local, a qual integro como Conselheira Externa para a Igualdade entre outros elementos do concelho de Santo Tirso com preponderância nos assuntos em debate.
1. Saúde Psicológica no Trabalho •
Dinamização do Grupo de Trabalho “Recursos Humanos e Inclusão”;
•
Criação de um novo Grupo de Trabalho “Saúde Psicológica Ativa”.
2. Comunicação Inclusiva •
Formação em linguagem inclusiva;
•
Alteração progressiva dos documentos produzidos com linguagem inclusiva;
A nomeação para Conselheira Externa para Igualdade surge no decorrer do percurso profissional de intervenção na área da Violência Doméstica, da Igualdade e Não Discriminação, desde a intervenção com a comunidade cigana até inúmeros projetos que envolvem estas temáticas.
•
Utilização generalizada da linguagem IND por todos os serviços da organização na comunicação interna e externa;
•
Recolha e análise de dados desagregados em relatórios produzidos.
Como tal, cumpre-me mobilizar, desde já a instituição para o assunto e programar ações e medidas que espelhem a proatividade organizacional nestas matérias. Contudo, sendo a instituição recetiva à inovação e ao respeito por valores e princípios universais, com maior facilidade se estrutura o Plano interno e as medidas a integrar no mesmo e mais amplamente no Plano Municipal para a Igualdade e Não Discriminação.
O desenvolvimento deste último item pode ser espelhado na iniciativa comunicacional “Misericórdia em Números”, que pretende reforçar a comunicação externa com clientes, fornecedores e outros parceiros, apresentando dados estatísticos das valências/ serviços, espelhando a dinâmica institucional.
A proposta institucional do Plano centra-se em 2 Domínios:
Neste esquema visual apresentamos o número de utentes admidos/as por serviço/valência, nesta primeira apresentação pelo período de 4 meses (janeiro a abril 2022).
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Atualidades
MISERICÓRDIA DE SANTO TIRSO EM NÚMEROS janeiro a abril 2022
Nº DE ADMISSÕES EM VALÊNCIAS RESIDENCIAIS (JLA, LB, CR)
Nº DE ADMISSÕES EM VALÊNCIAS COMPLEMENTARES
15 em 236 utentes 12
(SAD, CD)
3
21 em 112 utentes 13
Nº DE INDIVÍDUOS EM ACOMPANHAMENTO SOCIAL (RSI, CPCJ, CANTINA, PROG. ALIMENTAR)
206
236
8
Nº DE VÍTIMAS DE VIOLÊNCIA DOMÉSTICA ACOLHIDAS (CA E C. EMERGÊNCIA)
38 em 33 vítimas 28
10
CLÍNICAS DA MISERICÓRDIA Unidade Fisiatria: 700 utentes/dia 10% Atendimentos diários são dos 0 aos 15 anos. Acima dos 55 anos a taxa de atendimentos é de 60%
Unidade Endoscopia: 200 utentes/mês Gabinete M. Dentária: 20 utentes/mês
REDE NACIONAL CUIDADOS CONTINUADOS Capacidade instalada: 68 utentes Taxa de Ocupação: 98% Idade: entre 36 e 93 anos
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Atualidades
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REPARTIR EM IGUALDADE
Sempre que for possível iremos apresentar os dados desagregados, por sexo ou idade, na vertente que possa ser mais interessante a sua análise.
distribuiu nestes 4 meses de 2022 refeições a 111 homens e 22 mulheres – é sem dúvida uma diferença gritante – que se explica pelo isolamento social e situação de sem-abrigo mais comum no sexo masculino.
Assim sendo, poderemos concluir que nas valências residenciais foram admitidas mais mulheres, facto este que confirma a predominância feminina em Esta leitura dos dados desagregados serve o pressuposto residência, embora não se verifique a mesma de aferir um Plano de Atividades e Investimentos da tendência nas valências residenciais da área da saúde instituição de acordo com as necessidades manifestadas (UCCs). Verificamos, que na comunidade local. mesmo no Serviço de Apoio REPARTIR os dados pode REPARTIR os dados pode ajudar a Domiciliário e no Centro de Dia, ajudar a planear melhor as se confirma a tendência da ações a desenvolver, tentando planear melhor as ações a desenvolver, maioria feminina, no fundo a criar IGUALDADE de tentando criar IGUALDADE de expressão da representação oportunidades, através do oportunidades (...) demográfica do país. investimento social nas camadas sociais mais fragilizadas. • No caso da área da Violência Doméstica, confirma-se a POR LILIANA SALGADO (DIRETORA DE SERVIÇOS SOCIAIS E QUALIDADE) maioria de vítimas mulheres, sendo que apenas 10 em 38 vítimas acolhidas são crianças do sexo masculino, que acompanham as mães para fugir da situação de violência que viviam nas suas casas. Na intervenção comunitária (no Centro Comunitário de Geão), constatamos uma realidade diferente, atendendo que do número total (442) de pessoas em acompanhamento social pelos vários serviços, o número de homens (236) é ligeiramente superior ao das mulheres (206). Para este facto inscreve-se essencialmente o serviço da Cantina Social, que
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REDE WI-FI PARA TODOS
O mais recente projeto desenvolvido pelo Departamento de Informática é transformador e reinventa formas de trabalho dos colaboradores e de vivência dos nossos utentes. É um projeto para os colaboradores na medida em que podem usufruir de uma rede WI-FI que cobre todas as valências da Misericórdia. Podem aceder à sua rede de trabalho em qualquer local, fazer reuniões via TEAMS, aceder e partilhar documentos, utilizar o e-mail e todo o tipo de trabalho que hoje realizam, mas com a liberdade de o poderem fazer em qualquer local e com qualquer dispositivo, seja portátil, tablet ou smartphone. É também um projeto para os nossos utentes, bem sabemos o quanto é difícil para eles o distanciamento que sentem todos os dias dos seus familiares, e que foi severamente agudizado pela Pandemia. Também aqui o WI-FI será um pilar na construção de soluções criativas de aproximação dos utentes aos seus familiares e amigos, utilizando Tablets, Smartphones.Temos também os utentes pontuais que utilizam as Clínicas da Misericórdia onde podem aguardar calmamente a sua vez navegando na Internet e tendo desta forma uma melhor experiência dos serviços que a Misericórdia presta.
Atualidades
O projeto global encontra-se em fase de finalização, havendo já cobertura WI-FI na Casa de Repouso de Real, Clínica da Misericórdia, Unidade Cuidados Continuados de Longa Duração, Jardim de Infância e Lar José Luiz d´Andrade. • POR EQUIPA DO DEP. INFORMÁTICA
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Ação Social e Comunidade
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DIVIDIR E TORNAR A DISTRIBUIR… REPARTIR
Sozinhos, só partirmos, mas acompanhados podemos partilhar e REPARTIR … dias, horas, alegrias, tristezas, angústias, segredos, histórias, afetos, emoções, experiências, derrotas, conhecimentos, sucessos, olhares, objetos … uma infinidade de coisas! Nos dias de hoje e após o período de dois anos de uma vivência marcada pela pandemia, as partilhas ficaram comprometidas das mais variadas formas. Indiscutivelmente que o domínio das emoções e das relações sociais e familiares são aquelas que ficarão marcadas para todo o sempre. Verificamos que os convívios familiares são menos presentes e mais espaçados no tempo. Os contactos através das redes sociais aumentaram substancialmente. As crianças tornaram-se mais sedentas de brincadeiras ao ar livre com os seus pares. Os idosos sentiram a solidão, a ansiedade pelo desconhecido e o pavor do abandono. Desenvolveram medos que jamais pensaríamos ter! E no meio de tudo isto, deixamos de REPARTIR da mesma forma o afeto, o toque, o calor humano de um simples abraço! Atualmente, apesar de tudo parecer mais normalizado, a verdade é que o nosso quotidiano sofreu alterações que já estão totalmente integradas nas nossas dinâmicas diárias, ainda que inconscientemente. O cumprimento social ainda não é concretizado por todos da mesma forma. Uns ainda utilizam máscara na via pública, outros não. Há quem frequente naturalmente espaços de diversão noturna. Há quem tenha desenvolvido alguma fobia social.
Enfim… há de tudo um pouco, mas cada um saberá o que melhor lhe cabe. Neste momento em que nos encontramos, precisamos de sentir que, no caminho que percorremos, há esperança. Todos carecemos de olhar o futuro de outro prisma, de uma forma otimista e de esperança. A chave pode ser REPARTIR: •
O que a experiência nos permitiu adquirir;
•
Aquilo que os outros nos dão e retribuir;
•
O reconhecimento do menos bom e corrigir;
•
O saber ouvir e refletir;
•
O respeito mútuo e reproduzir;
•
O apoio aos nossos familiares, amigos, colegas e utentes para difundir;
•
O conhecimento que adquirirmos ao longo das nossas vivências e que facilitam outros a se instruir;
•
Os novos caminhos que estão por descobrir;
•
Segundo Sócrates “O grande segredo para a plenitude é muito simples: compartilhar!”
Basta estarmos disponíveis e querermos porque já dizia Mahatma Gandhi “A força não provém da capacidade física. Provém de uma vontade indomável”.• POR MARIA JOÃO OLIVEIRA (ASSISTENTE SOCIAL NA UCC)
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Ação Social e Comunidade
OS DIAS DO FIM
Partir! Nunca voltarei, Nunca voltarei porque nunca se volta. O lugar a que se volta é sempre outro, A gare a que se volta é outra. Já não está a mesma gente, nem a mesma luz, nem a mesma filosofia. Álvaro de Campos
Em tempos de guerra temos sido assolados com imagens de um inferno na Europa e das suas vítimas. Diariamente assistimos impotentes àqueles que se precipitam numa viagem pela sobrevivência, devastados pela guerra e pelo mundo que da noite para o dia ruiu. Sem imagens, e longe do mediatismo, outras guerras se travam dentro de portas. E a mesma urgência de (sobre)viver a ditar outras fugas. Na Casa Abrigo acolhemos todos os anos mais de uma centena de vítimas de violência doméstica. Mulheres e crianças que abandonam as suas casas e cidades. Deixam para traz familiares e amigos, o emprego/ a escola, sonhos e projetos e a vida que conheciam. São histórias de partidas e chegadas - duas faces da mesma viagem - e o testemunho de quem não quis (nem pôde) ficar. Relatos sobre os dias do fim, que são também dias de novos começos. Apesar do meu acolhimento em Casa Abrigo ter sido um percurso fundamental à reorganização da minha vida longe da violência e de, durante esse acolhimento, ser
mais livre do que antes fora, partir da instituição significou, sempre, liberdade, ter escolha, ter paz numa casa só minha. Mas partir também me trouxe desassossego, receio de não conseguir construir e gerir a minha vida, sendo eu estrangeira, numa cidade nova e com dois filhos…A passagem pela Casa Abrigo preparou-me para a partida que eu queria, deu-me uma segunda vida, trouxe-me confiança nas minhas capacidades, permitiu-me acreditar em mim. Ansiei muito pelo dia da partida. E partir foi viver de novo. H. A palavra “partida”, por si só, já é algo que nos remete a um misto de sensações pois pode ser por maus motivos ou por bons; pode ter como consequência a tristeza por haver afastamento de alguém que nos é importante mas também felicidade por irmos em busca de um futuro melhor. No meu caso, a minha partida foi tudo isto. Saí de casa por maus motivos, mas ao mesmo tempo pelo melhor motivo possível pois sabia que ia em busca de segurança, bem-estar físico e mental e acima de tudo em busca da minha felicidade e da felicidade dos meus filhos. Contudo, o sentimento de tristeza apoderava-se de mim por não poder estar perto da minha avó, do meu pai e de todas as pessoas que fizeram de mim quem eu sou hoje. Tive de me afastar deles, abandonar as minhas coisas de casa, animais, amigos, etc, para recomeçar tudo do zero. Ainda assim posso afirmar que apesar de não ter vindo para o paraíso, encontrei as pessoas certas que poderiam criar um.
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Ação Social e Comunidade
OS DIAS DO FIM
São como mães, avós, madrinhas; são como uma família. De momento estou a caminho de uma re-partida e mais uma vez há um misto de emoções. Mas posso afirmar que esta partida é a mais difícil que tive na minha vida. Acabo por sentir um vazio dentro de mim pois não vou ter mais as funcionárias, as doutoras e uma colega que, entre todas, é a única amiga que levo. Na minha casa não vou ter uma porta onde bater só para dizer “bom dia” ou até mesmo só para dizer que cheguei. Não vou ter as funcionárias para assustar. Apesar de estar a viver um momento difícil, aqui senti o miminho de toda a equipa técnica e ainda sem ter saído, já sinto saudades. Ao mesmo tempo, sinto algo muito bom pois vou voltar a ter um espaço só meu e dos meus filhos. Sem horas para entrar ou sair. É uma sensação de liberdade inexplicável. Saber que vou trabalhar, pagar as minhas contas e que vou ser independente outra vez acaba por amenizar a dor da partida. No fundo, o significado de partida, na minha opinião, é esta descoberta de novas sensações, já que em momento algum na nossa vida sabemos o nosso futuro. E, a qualquer momento, na nossa vida, podemos ter que partir e voltar a partir. A. Foi tudo muito rápido. Tínhamos acabado de sair do Tribunal e tivemos indicações de que teríamos que sair de imediato de nossa casa. Não houve tempo para nada. Nem para nos despedirmos de ninguém. Nesse dia não almoçamos. Tivemos que ficar na PSP grande parte do dia, à espera de transporte. Deram uma hora à minha
mãe para reunir alguns pertences. A minha mãe estava em pânico e o meu irmão também estava muito assustado. Deixamos para trás o nosso cãozinho na esperança de o recuperar mais tarde. Chegamos à Casa Abrigo de madrugada e estava muito escuro. Senti que era tudo assustador. Tínhamos receio sobre o tipo de pessoas que iriamos encontrar cá e nesse dia adormecemos exaustos. Os primeiros dias na Casa Abrigo foram ainda mais difíceis porque tínhamos que estar em isolamento por causa do COVID-19. Pensávamos que ia ser um processo rápido, mas entretanto já passou mais de um ano. Estava aliviada por a minha mãe ter decidido sair daquela relação, mas custou-me muito deixar para trás todos os meus amigos e tinha muito medo de não voltar a casa. M. Em palavras não sei descrever realmente o que senti. Foi um misto de sentimentos, algo surreal, inacreditável. Apenas queria ir embora. Para onde? Eu não sabia. Apenas queria partir, sem olhar para trás. Ter o meu recomeço. Temia ficar sem as minhas filhas, pensava que iríamos correr perigo e que algo de mal nos poderia acontecer. Mas era o dia de abandonarmos tudo e ir... Sem saber o destino, era chegada a hora de um novo rumo. Lágrimas, ansiedade, incertezas mas, bem no fundo do coração, ESPERANÇA. K. • POR MARIA JOÃO FERNANDES (COORDENADORA CASA ABRIGO D. MARIA MAGALHÃES)
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AS VOZES DE “ENVELHECER ATIVAMENTE” PRÉMIO BPI FUNDAÇÃO “LA CAIXA”
A Misericórdia de Santo Tirso foi este ano uma das instituições premidas pela 9ª edição do Prémio BPI Seniores 2021, financiado pelo Banco BPI e a Fundação “la Caixa”. O projeto Envelhecer Ativamente, apoiado pelo Prémio BPI Seniores 2021, tem sido desenvolvido com os/as utentes do Lar José Luiz d’ Andrade, com o objetivo de mitigar os efeitos da pandemia nos/as idosos/as institucionalizados/as, através de ações que promovam o envelhecimento ativo saudável. Nestes seis meses de projeto a terapeuta ocupacional em colaboração estreita com a animadora sociocultural, implementou a prática continuada de exercício físico; rotinas de atividade e reabilitação com material especializado e rentabilização do jardim geriátrico na reabilitação de competências. Este projeto possibilitou ainda treinos e jogos de boccia frequentes, uma das atividades que os/as utentes mais desejavam retomar após o(s) isolamento(s) que a pandemia obrigou. Nesta fase de crescimento do projeto damos a conhecer o sentem e vivem todos/as os/as envolvidos/ as neste projeto: “Quanto às nossas atividades acho que são boas, uma maravilha! Tudo o que seja desporto é bom porque
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AS VOZES DE “ENVELHECER ATIVAMENTE” PRÉMIO BPI FUNDAÇÃO “LA CAIXA”
beneficiamos a nossa saúde, da minha parte devemos continuar! José Araújo, Utente JLA
“Estou a gostar muito, a Telma é muito simpática, isto só nos faz bem!” Joaquim Gonçalves, Utente JLA
“Estas atividades ajudam as pessoas idosas, nós não podemos fazer atividades muito esforçadas, elas são adequadas à nossa idade!” Assunção Oliveira, Utente JLA
“Todos os exercícios físicos são muito úteis para nós, faz-nos muito bem!” António Rodrigues, Utente JLA
“Isto dá-nos vida! É muito positivo! Para as nossas idades o exercício é muito importante! É sempre bem-vindo tudo o que nos faça mexer para viver melhor!” Artur Ribeiro, Utente JLA “Eu acho que as atividades são bem dadas, com muita arte e alegria! A mim particularmente tem-me feito muito bem, porque acho que não é só dar as atividades por si só, elas são escolhidas e adaptadas à nossa idade e aos nossos interesses! Foi uma altura excelente contratarem esta técnica que tem muito jeito, nasceu para isto! E todos nós lucramos bastante!” Paraíso Machado, Utente JLA “Para mim fez-me muito bem! Agradeço muito à menina, é muito agradável e devemos continuar, criamos mais amizade e convívio uns com os outros.” Américo Moreira, Utente JLA
“Acho que devemos continuar, faz-nos bem, os exercícios são adequados, ajuda-nos a mover-nos melhor, e a menina Telma deve continuar!” Edite Gonçalves, Utente JLA “É muito útil para as nossas idades, estamos com os movimentos menos presos e isto ajuda-nos a libertar-nos mais e a interagir uns com os outros.” Rogério Pinto, Utente JLA “ Eu sempre gostei de atividades físicas, não faz bem nas nossas idades estar sempre sentada, participo em tudo e gosto muito. Com bolas, bastões… e estou sempre disponível para participar em mais coisas que me disserem.” Madalena Miranda, Utente JLA “É um bom passatempo! Para além de fazer bem à saúde divirto-me!” Emília Cabo, Utente JLA
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“Eu gosto muito pois a menina põe-nos a fazer coisas giras, e apesar de eu estar numa cadeira de rodas e não me mexer muito, consigo fazer tudo e divirto-me muito!” Virgínia Dias, Utente JLA “Após 2 anos de pandemia e encerramento de muitas atividades, este projeto foi sem dúvida uma lufada de ar fresco no JLA! Olho os utentes antes e depois do projeto e é óbvio que as diferenças estão à vista, com desafios constantes estão mais ocupados, mais animados e mais felizes! A parceria entre Terapeuta Ocupacional e Animadora é sem dúvida, na minha opinião, a melhor forma de trabalhar nas ERPI: os/as Terapeutas Ocupacionais têm o conhecimento necessário para avaliarem os/as utentes
criando grupos de trabalho diferenciados, conforme as suas potencialidades, o/a Animador/a tem a criatividade e a motivação para que tudo funcione bem! Sinto-me uma privilegiada por ter este desafio, tem sido uma constante aprendizagem e partilha de ideias enriquecendo o trabalho de animação!” Marta Ferreira – Animadora Sociocultural JLA “À medida que envelhecemos vamos perdendo algumas competências e, consequentemente, vão surgindo dificuldades nas atividades que desempenhamos no nosso dia-a-dia. Contudo, é possível que essas dificuldades surjam mais tardiamente, com a adoção de hábitos de vida saudáveis, como é o caso da prática de atividade física. É esse o mote do projeto, Ativamente
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AS VOZES DE “ENVELHECER ATIVAMENTE” PRÉMIO BPI FUNDAÇÃO “LA CAIXA”
Saudável, e é muto gratificamente compreender que, através da prática orientada de atividade física, esta iniciativa já produziu efeitos não só ao nível da saúde física dos nossos idosos, como também na sua participação social e bem-estar emocional. Sou muito grata por integrar o projeto que tanto contribui para preservar a autonomia e qualidade de vida dos/as nossos/as iodosos/as.” Telma Ferreira – Terapeuta Ocupacional A disseminação e promoção de estilos de vida saudáveis nas restantes valências seniores da Misericórdia é um dos objetivos do “Envelhecer ativamente”, garantindo assim a sua sustentabilidade e escalabilidade. Este será o objetivo para o segundo semestre do projeto.• POR SOFIA MOITA (COORDENADORA JLA)
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RAP CRIAR RESPOSTAS DE APOIO PSICOLÓGICO
Atendendo à evidente necessidade de dar respostas efetivas e atendendo às dificuldades apresentadas pelas crianças em situação de violência doméstica, a Comissão para a Cidadania e Igualdade de Género (CIG) desenvolveu e é a entidade responsável pela gestão desta ação de acompanhamento e apoio especializado, as RAP (Respostas de Apoio Psicológico) para crianças e jovens vítimas de violência doméstica. A RAP Criar, é da responsabilidade da Associação Projecto Criar que, desde Outubro de 2021 está em funcionamento e dá resposta a quatro concelhos do Distrito do Porto, incluindo Santo Tirso. Nesta área os atendimentos decorrem nas instalações afetas à Santa Casa da Misericórdia de Santo Tirso, mais concretamente no Centro Comunitário de Geão. Esta parceria foi estabelecida através do protocolo de colaboração assinado a 09/12/2021 com término previsto em Dezembro de 2022. Tendo em consideração os dados do RASI (2021), ao longo destes últimos tempos o distrito do Porto continua a ser um dos distritos com maior criminalidade, destacando-se entre as categorias, os crimes contra as pessoas (segunda categoria mais frequente), mais precisamente, os crimes de violência doméstica, fazendo deste crime o mais participado. De 2020 a 2021 existiu um aumento (+8,1%) de ocorrências de violência doméstica contra crianças e jovens, sendo as crianças/ /jovens com menos de 16 anos, a 2ª faixa etária com
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maior número de vítimas (16,2%). Dados da Segurança Social referentes a 2020, explicam que as situações de perigo (n = 15.403) mais frequentes, que motivaram ao afastamento temporário das crianças da sua família no âmbito de processos de promoção e proteção, estão relacionados com: negligência (n = 10.884), outras situações (e.g., abandono, comportamentos de risco) (n = 1.966), maltrato psicológico (n = 1.531), maltrato físico (n = 628) e violência sexual (n = 394). Sendo que, à semelhança de 2019, as situações de maltrato psicológico, correspondem, em grande número, à exposição a situações de violência doméstica. O distrito do Porto é um dos distritos com maior número de crianças acolhidas, de acordo com os dados da Segurança Social. Relativamente, às crianças e jovens que beneficiaram de intervenção pelas CPCJ no ano de 2020, no âmbito de processos de promoção e proteção, a categoria de perigo mais representativa foi a de violência doméstica (exposição e a violência física em contexto de violência doméstica), representando aproximadamente 97% do total de situações comunicadas nesta categoria. Estas situações de perigo referem-se a crianças/jovens nas faixas etárias dos 6 aos 17 anos de idade. Para além dos dados acima referidos acerca deste problema real da nossa sociedade, a violência doméstica, acresce a densidade populacional na área metropolitana do Porto, que torna indiscutível a necessidade de uma resposta integrada que abranja toda a área, especialmente nas zonas onde existem menos respostas neste âmbito.
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RAP CRIAR RESPOSTAS DE APOIO PSICOLÓGICO
Mas, que relação existe entre as crianças e a violência doméstica? Atendendo ao impacto, significativo, causado por estas vivências, desde 16 de agosto de 2021 que todas as “crianças ou os jovens até aos 18 anos que sofreram maus-tratos relacionados com exposição a contextos de violência” passam a ser consideradas vítimas ao abrigo da Lei. Esta alteração reconhece que, não só os atos dirigidos diretamente à criança ou jovem, sejam físicos, psicológicos, de negligência ou qualquer outro tipo, mas também a exposição a contextos de violência, têm um impacto na vida destas crianças e jovens, e nesse sentido, devem estas, à luz daquilo que a Lei implica, ser protegidas e apoiadas. Apesar da crescente consciencialização para aquilo que são os Direitos das Crianças, não raras vezes, estas são desconsideradas ou descredibilizadas. Quantas vezes não ouvimos já “eu sou a mãe/pai, eu é que sei o que é melhor para o/a meu/minha filho/a” ou até mesmo “uma palmada nunca fez mal a ninguém”? Acontece que, ainda que em desconstrução, estes discursos vão sendo perpetrados na nossa sociedade, legitimando e banalizando aquilo que é a violência contra as crianças e a violação dos seus Direitos. Ademais, não raras vezes, as crianças concordam com mitos como “uma criança não tem quereres, tem que obedecer aos pais”, “se a mãe ou o pai batem é porque fiz algo de errado, por isso têm o direito de bater,”, isto porque, ao longo deste tempo todo as crianças foram habituadas a estes discursos e interiorizaram-nos, levando à aceitação e acatamento de
ordens sem questionamento, simplesmente porque alguém que, assumem estar em posição de superioridade, exerce um controlo, por vezes, desmedido e irresponsável sobre o que é a educação das crianças. Urge a necessidade de reconhecimento dos Direitos das Crianças, seja pela necessidade de reduzir o impacto da exposição a situações de violência no seio familiar, seja pela necessidade de produzir comportamentos responsivos e, verdadeiramente, educativos. Assistimos hoje, àquilo que parece ser, uma crescente banalização da violência em diferentes contextos, sem reconhecer que as crianças têm necessidades a nível da gestão emocional que, por vezes são desconsideradas e descredibilizadas sob pretexto de “mimo”, assim como
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uma inconstante impaciência em desmistificar e explorar as emoções e sentimentos das crianças, não reconhecendo que diversos comportamentos que as crianças têm são frutos desta desatenção e impaciência. Não é verdade que com isto se deva encarar os/as pais/ mães como um problema, a verdade é que, dentro daquilo que são os seus recursos, os/as pais/mães tentam fazer o melhor que podem com aquilo que têm à sua disposição. Contudo, talvez esteja na hora de parar e pensar que as práticas educativas carecem de constante avaliação, monitorização e reaprendizagem por parte de quem as pratica. Ademais, não podemos considerar que o(s) problema(s) entre um casal, não afeta toda a dinâmica familiar, incluindo as crianças ou jovens, que por muito que possam ser ou que as tentem proteger, são filtros muito permeáveis a estas dinâmicas. E que, por si só, se pode revelar como um fator ameaçador ao seu natural desenvolvimento e propiciador do desenvolvimento de sentimentos de instabilidade e/ou insegurança. Assim, tendo em conta o seu desenvolvimento, o potencial impacto da violência doméstica, vai sendo manifestado de diferentes formas e apresentando diferentes consequências. Importa focar numa lógica de ação, o que podemos fazer para apoiar estas crianças e jovens? Com a RAP procuramos, promover os seus direitos, diminuir as consequências e o impacto decorrente das situações de violência, bem como diminuir o risco (em que se
encontra ou futuros), restabelecer o funcionamento, promover o seu desenvolvimento pessoal e desmistificar crenças e conceitos errados de um ambiente familiar destruturado/disfuncional. Ou seja, procuramos, sobretudo, restabelecer o bem-estar psicológico e emocional da criança. Por vezes, as crianças vão dando sinais (e.g., ansiedade, falta de concentração, dificuldade em dormir, pesadelos, perda de interesse em atividades de lazer ou escolares), se denotar alguma alteração, a RAP Criar está disponível para ajudar e temos em execução duas modalidades de acompanhamento: acompanhamento psicológico individual e acompanhamento psicológico em grupo. Se conhece, ou sabe de alguma criança e/ ou jovem que poderia beneficiar desta resposta, pode contactar-nos diretamente ou contactar as entidades locais, que têm desenvolvido um papel fundamental, para o funcionamento desta resposta. RAP Criar 964 899 958 || rapcriar@gmail.com Centro Comunitário de Geão 252 809 410 || Rua Clichy, 4780-735 Santo Tirso CPCJ de Santo Tirso 925 653 692 || cpcj.santotirso@cnpdpcj.pt • POR SORAIA PINHEIRO & VERA TOMAZ (PSICÓLOGAS DA RAP CRIAR)
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Saúde
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DIFERENTES MAS IGUAIS
Há um grupo muito heterogéneo dos chamados deficientes físicos e/ou mentais. Apesar de terem nascido diferentes, são seres humanos iguais aos demais, na dignidade, nos direitos (aqui ainda possuidores de mais), no respeito que merecem e no seu destino final. Os deficientes nasceram numa sociedade que não está preparada para os receber, são muitas vezes apenas tolerados e objeto de simples processos de intenções. Muitos deles poderiam mesmo ser credores de uma muito melhor integração social, se a sociedade atual não fosse tão egoísta e se preocupasse mais com aquilo que as pessoas são.
Pais, que sois atingidos no fundo do vosso coração por uma tal adversidade, sabei que o vosso filho vale tanto como os outros. Não há uma diferença moral entre uma perna partida e alguns nervos paralisados. O valor íntimo do ser humano não depende da sua integridade física ou psicológica. Se viveis o drama de ter um filho assim, procurai assegurar-lhe o melhor, deixai a natureza seguir o seu caminho e procurai ser felizes, apesar de tudo. • POR JOSÉ DOS SANTOS PINTO (PROVEDOR)
Os deficientes nasceram numa sociedade que não está preparada para os receber (...)
Está por criar uma cultura de tolerância que saiba aproveitar de cada um o que pode dar para o bem-estar e processo de todos, mesmo que seja pouco. Porém, há outro grupo de deficientes, que são aqueles que se tornam deficientes durante a vida por doenças incapacitantes, por acidentes laborais, de viação, entre outros ou até mesmo por comportamentos de risco que possam levar à incapacidade. Procuremos ser solidários com aqueles que vivem as limitações de uma qualquer deficiência. Procuremos, por outro lado ter uma vida pessoal equilibrada, em todos os aspetos e aberta às necessidades daqueles que não têm a mesma sorte que nós.
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BÊNÇÃO DA UCC “COMENDADOR ALBERTO MACHADO FERREIRA”
O dia de 27 de janeiro de 2022 ficou marcado pela presença do Bispo do Porto, D. Manuel Linda, na bênção da nova Unidade de Cuidados Continuados de Longa Duração e Reabilitação desta Misericórdia. Após um breve discurso de agradecimento, proferido pelo Provedor da instituição, houve lugar ao descerramento da placa que perpetuará este evento no tempo, momento também partilhado pelo Presidente da Câmara Municipal de Santo Tirso, Dr. Alberto Costa. Mesmo sendo uma cerimónia pautada pela discrição, não faltaram sorrisos, um pouco de música e importantes palavras de incentivo de D. Manuel Linda, pela extrema importância que estas unidades de saúde representam, enquanto serviço ao próximo, na nossa comunidade. • POR CARLA MEDEIROS (DEP. COMUNICAÇÃO E IMAGEM)
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Saúde
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G. Recursos Humanos
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SATISFAÇÃO DOS/AS COLABORADORES/AS O CAMINHO PARA O SUCESSO INSTITUCIONAL
A auscultação periódica dos níveis de satisfação dos/as colaboradores/as com a Instituição e da sua motivação relativamente às funções que desempenham, é uma máxima institucional: Colaboradores/as satisfeitos/as => Utentes/Clientes satisfeitos/as => Sucesso.
Os resultados foram avaliados tendo em conta a sua dimensão – Grande Empresa – apresentando-se aqui o panorama global (por grandes áreas).
Ciente de que a satisfação individual é o melhor potenciador do sucesso Institucional, em 2021, a Misericórdia de Santo Tirso participou novamente no estudo nacional de clima organizacional e desenvolvimento do Capital Humano desenvolvido pela Neves de Almeida HR Consulting em parceria com a Human Resources Portugal e o INDEG-ISCTE. Tratou-se da 6ª edição do “Índice da Excelência” que permite a oportunidade de identificar áreas fortes e de melhoria na gestão do ativo humano e validar o nosso processo interno de avaliação da satisfação dos colaboradores. Não sendo tradicional encontrar ONG ou IPSS neste tipo de estudos/análises, a Misericórdia de Santo Tirso persiste como a única entidade do setor neste estudo. Esta participação possibilita a validação externa dos resultados da avaliação interna periódica, disponibilizando uma análise crítica especializada, com garantia de isenção e imparcialidade.
POR SARA ALMEIDA E SOUSA (RESPONSÁVEL DE RECURSOS HUMANOS)
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PRÉMIO HEALTHY WORKPLACES LOCAL DE TRABALHO SAUDÁVEL 2022
A Misericórdia de Santo Tirso participou na 4ª edição dos prémios Healthy Workplaces, promovido pela Ordem dos Psicólogos Portugueses em parceria com a ACT (Autoridade para as Condições do Trabalho) e a EU-OSHA (Agência Europeia para a Segurança e Saúde no Trabalho). Esta iniciativa tem como objetivo de reconhecer as organizações portuguesas com práticas de gestão promotoras de segurança, bem-estar e saúde no local de trabalho. À Misericórdia de Santo Tirso foi atribuído um “Selo Nível 2”, sinal da preocupação e do interesse contínuos em transformar a Instituição num Local de Trabalho Saudável. A atribuição deste prémio reveste-se de um efeito potenciador (da ação e do compromisso, coletivos e individuais) e multiplicador (exemplo a seguir). Este é um passo num caminho importante, destacado pelo Bastonário da Ordem dos Psicólogos Portugueses, Francisco Miranda Rodrigues, como “um prémio à humildade e à coragem dos líderes e organizações que estão dispostos a continuar a aprender e melhorar.” Para conhecer todos os vencedores e saber mais sobre como promover locais de trabalho saudáveis visite o site maisprodutividade.org. • POR SARA ALMEIDA E SOUSA (RESPONSÁVEL DE RECURSOS HUMANOS)
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G. Recursos Humanos
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G. Recursos Humanos
PACOTE M+
A Misericórdia de Santo Tirso preocupa-se com a saúde, o bem-estar e satisfação dos/as seus/suas Colaboradores/as!! É com este objetivo que disponibiliza um Pacote Exclusivo de Benefícios e Regalias, atualizado periodicamente. • POR SARA ALMEIDA E SOUSA (RESPONSÁVEL DE RECURSOS HUMANOS)
Prioridade admissão e desconto de 20% nas mensalidades relativas a filhos/as que frequentem a valência do Jardim de Infância e prioridade na admissão dos mesmos.
Até 3 dias extra de férias/ano (em função assiduidade e pontualidade)
Prioridade na admissão de colaboradores/as e ascendentes nas valências de 3ª idade.
Dia de Aniversário (colaboradores/as com avaliação de desempenho ≥ Bom)
Prioridade no acesso a serviços de saúde prestados pela instituição, extensível a descendentes e ascendentes (Medicina Dentária, Medicina Física e Reabilitação/Fisioterapia, Terapia Ocupacional, Terapia da Fala, Análises Clínicas e Meios Complementares de Diagnóstico).
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G. Recursos Humanos
50% de desconto no pagamento de taxas moderadoras nos serviços prestados na área da Saúde.
4 sessões/ano de Massagem Terapêutica na Unidade de Fisiatria
10% de desconto no pagamento de anestesia, nos exames a particular, na Unidade de Endoscopia.
Outras Parcerias/Protocolos com entidades externas (Mais Optica, Minisom, Clitirso)
Aula semanal de Pilates na Unidade de Fisiatria.
Mailing periódico com comunicação no âmbito da saúde e do bem-estar (divulgação de fatores protetores face aos riscos)
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G. Recursos Humanos
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PROGRAMA ERASMUS REPARTIR CONHECIMENTO
A Escola Profissional de Serviços Cidenai em parceria com o Centro de Estudios Almi de Bilbao, trouxe até nós o Asel e o Javi para estágio no âmbito do programa Erasmus, entre Março e Junho na área de Serviços de Microinformática e Redes. Se por um lado foi um desafio o acompanhamento dos dois jovens, dado ser a primeira vez que recebemos estagiários nesta área, por outro lado, o momento que a Instituição atravessa de crescimento e reinvenção na área tecnológica, permitiu que contribuíssem e participassem ativamente nesse domínio. A destacar nesta experiência a partilha de hábitos e costumes socioprofissionais dos 2 países, à medida do empenho e dedicação de cada um no desempenho de cada tarefa. Sem dúvida uma experiência enriquecedora para ambas as partes!. “Ha sido una gran experiencia el poder hacer las prácticas aqui. He podido poner en práctica mis conocimientos, y la parte más importante, he conocido a unos compañeros muy buenos y amables, con los cuales he pasado buenos momentos, durante los 3 meses de estancia que he estado en Portugal. Además, he podido conocer la acción social de la institución, las residencias de ancianos, la unidad de cuidados continuados, la casa abrigo para las mujeres víctimas de violencia de género y sus hijos, las unidades de fisioterapia.” Javier Fernandez (Estagiário de Informática) • POR SUSANA FREITAS (DEP. CONTABILIDADE E INFORMÁTICA)
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REPARTIR MEMÓRIAS O REENCONTRO
G. Recursos Humanos
“A vida é a arte de um encontro, embora haja tanto desencontro pela vida” Vinicius de Moraes Começo o texto com uma frase que expressa a importância das pessoas com quem cruzamos na vida, as influências e marcas que nos deixam e a arte de mantê-las no nosso mundo interior apesar da distância física e geográfica. O meu encontro com a Santa Casa da Misericordia de Santo Tirso foi no dia 17 de outubro do ano de 1983. O primeiro dia permanece na minha memória ainda hoje, chuvoso e cinzento. Apresentada pelo Mesário responsável ao coletivo de trabalho no antigo “Asilo” um espaço deprimente, frio e amplo onde um grupo de funcionárias nos esperavam com um olhar de curiosidade e expectativa em relação a uma jovem de 24 anos inexperiente. Após a apresentação como Diretora Técnica faltaram-me as palavras para discursar. Pensei em desistir por entender não ser capaz de abraçar tamanha tarefa, mas o desafio foi mais forte, em levar a cabo esta missão, só possível com o apoio de toda a equipa de funcionários, da amizade e empatia imediata da Assunção Medeiros, o respeito do Sr. Jorge Santos e o carinho dos idosos. A mudança do “Asilo” para o novo Lar José Luiz D’Andrade concretizou-se com o esforço de todos e sempre com um sorriso nos lábios por vermos a felicidade dos nossos idosos nas novas instalações, que viriam a ser uma referência a nível nacional. Não posso esquecer todos os que faziam parte da Mesa Administrativa na época, um grupo de pessoas jovens
dinâmicas com um projeto inovador no país e que contribuíram para o crescimento da Misericordia e o meu como profissional que ainda sou. Este texto só foi possível, porque reencontrei-me com a minha amiga Assunção Medeiros no passado dia 14 de Maio 2022, 33 anos após a minha saída da Misericordia e a sensação foi a de que os anos não passaram, e os sorrisos eram os mesmos. “O valor das coisas não está no tempo que elas duram, mas na intensidade com que aconteceram. Por isso existem momentos inesquecíveis e pessoas incomparáveis” Fernando Pessoa Maria Helena Brioso Gomes (Diretora Técnica da ISCMST, 1983-1988)
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REPARTIR MEMÓRIAS O REENCONTRO
Circunstâncias da vida levaram-nos por outros caminhos. Reencontramo-nos decorridos 33 anos. E abraçamo-nos como se não houvesse amanhã. Recordamos tudo o que pudemos em 4 horas. Definitivamente muito pouco para quem tem tanto a dizer. Resolvemos, portanto, pôr a conversa em dia ao longo de muitos encontros que acontecerão. Recuamos, entretanto, ao Asilo (atual Lar «José Luiz d’Andrade»). Corria o ano de 1983 quando nos conhecemos. Éramos cerca de uma dúzia de funcionários, de entre os quais se destacava o “Chefe”, Senhor Jorge Santos. Alto, inteligente, introvertido, íntegro e apurado sentido de humor, com quem partilhamos sentimentos, emoções, aprendizagem, e a quem agradecemos por TUDO e por TANTO. Nunca tinha andado de táxi. O edifício de Lar «José Luiz d’Andrade» encontrava-se em conclusão e era imprescindível que alguém, em determinado dia, se deslocasse à Empresa Soares da Costa, na cidade do Porto. Fui eu a eleita. Chamaram um táxi que rapidamente se apresentou no Asilo. Despachada e carregada de pastas, ia-me sentar ao lado do motorista. Fui logo corrigida: “Assunção, uma senhora senta-se no banco de trás!”. Tudo isto perante o barulhento e descarado riso da minha amiga Maria Helena, Diretora Técnica de então. Até hoje, utilizei este meio de transporte em mais duas ocasiões. Sempre como uma senhora. Naquele tempo éramos uma família muito pequena, mas unidos pelo lema “alegria no trabalho”. Debaixo de um inverno rigoroso, aquelas decrépitas
instalações deixavam entrar a chuva e o frio. Havia uma sala na cave destinada à ocupação de tempos livres dos nossos utentes – 20 homens e 20 mulheres distribuídos por 2 pavilhões. Lá, fomos confidentes das suas histórias de vida, dos seus amores e desamores, sussurrados por entre lágrimas de quem esperava que o fim da vida acontecesse. O Sr. Correia, o Sr. Cardoso, o Sr. Bacêlo, a D. Guilhermina, a D. Adelina, A D. Maria da Trofa, a D. Aurora, a Irmã Lima… Todos transitaram, no fim desse ano, para as novas instalações. Tudo era novo e a felicidade andava no ar! Eis senão quando, certa manhã – pasme-se -! as maçãs da taça do refeitório, assim da noite para o dia, apareceram todas mordidas e viradas ao contrário! Por mais que tentássemos
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levar a sério tal delito, não conseguíamos segurar o riso perante tamanha malandrice e criatividade. Um mistério que nunca foi desvendado. Hoje, eu e a Maria Helena reencontramo-nos, repartimos memórias dos que já partiram para lá do horizonte e rimos como se aqueles 33 anos nunca tivessem existido. • POR ASSUNÇÃO MEDEIROS (DIRETORA DE SERVIÇOS ADMINISTRATIVOS)
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AO RECORDAR O PRIMEIRO DIA DE TRABALHO NA MISERICÓRDIA LEMBRO-ME DE...
A primeira imagem que me ocorre é ser recebida pela Dra. Zélia Reis e de toda a ansiedade que me invadiu naquela manhã de inverno de 1997. Era recémlicenciada e muito consciente que teria de percorrer um longo caminho de aprendizagem. Estava atenta aos movimentos de todos, para perceber como interagiam, fazendo valer o ditado “em Roma sê romano”. Recordo com eterno carinho o momento em que fui recebida no saudoso “Projeto Santo Tirso” e de todos aqueles simpáticos rostos que ainda hoje fazem parte do meu alicerce profissional. Obrigada Elisabete, Ilda, Carla e Liliana pelo tanto que sorri e aprendi convosco! • POR CARLA MEDEIROS (DEP. COMUNICAÇÃO E IMAGEM, CEEM)
Ao recordar o primeiro dia de trabalho na Misericórdia, lembro-me sempre de entrar no Centro Eng. Eurico de Melo e de partilhar uma secretária no átrio ao cimo das escadas com a “minha colega de sempre”, Elisabete Neto, a 08/10/1995. Fui recebida com simpatia pela Dra. Zélia Reis e restantes pessoas que se cruzavam comigo no edifício. Recordo-me ainda da postura altiva do Senhor Jorge Santos, que mantinha mais distanciamento do que o próprio Provedor, Senhor Manuel Calém. Aliás, recordo-me bem das gargalhadas e postura afável do Senhor Provedor, que muitas das vezes desligava o aparelho auditivo para “não se incomodar” com os assuntos... Já lá vão 26 anos… grata pelas boas memórias, que partilho e construo, nesta Casa. • POR LILIANA SALGADO (DIRETORA DE SERVIÇOS SOCIAIS E QUALIDADE, CEEM)
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Foram dois “primeiros dias”: um inicial em 2004 Departamento de Formação e outro posteriormente em 2009 - Serviços Administrativos! Em 2004, recordo a visita do Sr. Vasco Ferreira ao gabinete em que estava (Estudos e Projetos) e as suas boas-vindas! Referiu que apesar de ser muito bem-vinda, só estaria cá até ao final do contrato, não devendo alimentar grandes expectativas no futuro. Foi, sobretudo, uma integração extremamente fácil, sem qualquer angústia ou constrangimento associado, uma vez que conhecia minimamente as funções que iria desempenhar. Recordo, também, com muita saudade, a boa disposição, a alegria e o acolhimento caloroso do grupo de formandos e da Carla Medeiros! • POR SÍLVIA RIBEIRO (TÉCNICA DE APOIO À GESTÃO, CEEM)
O relógio de parede, antiquíssimo, bateu 12 badaladas. 30 minutos depois saíram todos em silêncio. E eu sentada na cadeira (era 1.5.1979 e a secretaria partilhada com os funcionários do hospital). Um deles, dando pela minha falta, voltou atrás e disse: “Assunção, é hora de almoço”. Aí descobri que o meu horário era das 9.00 às 12.30 e das 14.00 às 17.30 horas.• POR ASSUNÇÃO MEDEIROS (DIRETORA DE SERVIÇOS ADMINISTRATIVOS, CEEM)
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AO RECORDAR O PRIMEIRO DIA DE TRABALHO NA MISERICÓRDIA LEMBRO-ME DE...
Quando recordo o meu primeiro dia de trabalho na Misericórdia, as minhas memórias reportam-se ao carinho da receção e à satisfação de me integrar numa família com quem vinha convivendo há 20 anos e de que passei a fazer parte de pleno direito. •
POR JOSÉ LUÍS CRISTINO (ENG.º CIVIL / CONSULTOR)
Ao recordar o primeiro dia de trabalho na Misericórdia, lembro-me da forma como fui recebida pelas colegas de trabalho, enquanto estagiária, nos lares Dra. Leonor Beleza e José Luiz d’Andrade. Era uma equipa fantástica, com um grande brio profissional. Era assim que se acolhia e foi assim que apendi para acolher a seguir. • POR ANA ROSA CARNEIRO (AJUDANTE DE LAR CASA ABRIGO)
Ao recordar o primeiro dia de trabalho na Misericórdia, lembro-me sempre de como estava ansiosa por começar, e de como queria absorver tudo à minha volta, de conhecer tudo. Fui recebida pela colaboradora Raquel Gonçalves que até hoje não esqueço a alegria contagiante. • POR RAQUEL CARNEIRO (AJUDANTE DE LAR CASA ABRIGO)
Ao recordar o primeiro dia de trabalho na Misericórdia, lembro-me sempre de uma nova etapa na minha vida a nível profissional, que iniciou com uma batalha invisível, uma luta incansável contra o novo vírus o qual tomou todo o nosso tempo como profissionais de saúde. •
POR LUÍSA FERNANDES (AUXILIAR AÇÃO MÉDICA UCC)
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G. Recursos Humanos
O meu primeiro dia de trabalho recordo-o como se fosse hoje! No dia 10 de Novembro de 1998, era eu uma jovem de 21 anos, muito tímida, cheia de expectativas, sonhos e muitos medos. Estava na portaria do JLA um senhor de casaco de cabedal castanho e um penteado fazendo lembrar o “estilo Marco Paulo” com os seus caracóis. Recebeu-me com muita simpatia e descontração. Mais tarde, disseram-me que era o porteiro “Ferreirinha”, assim o tratamos! Que estranho que aquilo me pareceu! Sempre pensei que nas portarias estivessem pessoas fardadas, muito sérias e de “poucas falas”! Lá fui conhecer a Instituição, acompanhada pela Dra. Zélia Reis e Dra. Fernanda Laranjeira, técnicas que já cá não trabalham. Conheci uma imensidão de utentes e colaboradores com as suas fardas muito bonitas, verdes no JLA, e rosa no LLB. Neste lar em concreto há uma imagem que não vou esquecer, o utente João Caldas (que já não está entre nós), um jovem muito bonito, moreno e de olhos claros. Apesar de estar numa cadeira de rodas deu para perceber que era alto. Estava com o Ajudante de Lar, Jorge, a segurar no seu café e cigarro, de forma descontraída e com sentido de humor (que lhe era característico), pois de outra forma ele não o conseguia fazer sozinho.
Toda aquela vulnerabilidade do utente, o humanismo e profissionalismo do colaborador, até aquele dia era uma realidade para mim desconhecida. Ali percebi exatamente o desafio que teria pela frente e o significado da palavra misericórdia! • POR MARTA FERREIRA (ANIMADORA SOCIOCULTURAL, JLA)
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Cultura
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JOSÉ LUÍS DE ANDRADE UMA EVOCAÇÃO
«Poucas serão as pessoas do Noroeste português que não tenham um antepassado mais ou menos próximo com ligações ao Brasil, quer estas se tenham traduzido ou não em sucesso económico. A intensidade migratória foi tal que, rebuscando nas arcas genealógicas, sempre aparece alguém já esquecido». Jorge Alves, Os brasileiros. Emigração e retorno no Porto oitocentista (1)
A intensidade das ligações afetivas, familiares, sociais e inclusive económicas, entre Portugal e Brasil no século XIX estão bem patentes na sociedade tirsense do último quartel do séc. XIX e bem dentro ainda do séc. XX, apesar das convulsões políticas e económicas do novo século (com a implantação da República e mais tarde, do Estado Novo) e seus efeitos nesta relação atlântica. A imprensa local encarregava-se de divulgar as chegadas e partidas da sociedade tirsense (2), os convidados, alguns ilustres e as ocupações de quem chegava ou partia. Ao longo de mais de cinquenta anos podemos assistir a uma história comum feita de nascimentos, afetos e interesses em ambos os lados do atlântico, com ligações mais evidentes com o Rio de Janeiro, mas que não deixa incólume muitas outras regiões brasileiras, como o Pará, região de destino do mais famoso brasileiro tirsense, figura tutelar da vila, do concelho e de muitas instituições de beneficência do noroeste português: Manuel José Ribeiro, o Conde de S. Bento. Este teve um papel duradouro na história de Santo Tirso e das suas instituições, mas sendo o mais conhecido, não foi o único em prestígio e alcance dos seus atos. Muitos outros dobraram este cabo, como José Luís de Andrade, seu sobrinho e tema do presente artigo e ainda Albino de Sousa Cruz, importante mecenas tirsense cuja ação igualmente se repercutiu em Santo Tirso por muitas décadas.
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José Luís de Andrade é um nome perene na história de Santo Tirso e na memória local, associado à cidade de Santo Tirso, à sua toponímia, à Irmandade e Santa Casa da Misericórdia de Santo Tirso e, a vários locais da sua freguesia natal S. Tomé de Negrelos, designadamente quando se fala da sua escola primária e sempre, quando falamos dos brasileiros de torna-viagem e o seu papel no desenvolvimento de Santo Tirso. Há ainda um aspeto relevante na forma como exerceu o seu comportamento de mecenas, prodigalizando em vida, mais do que na morte, esse papel adutor de uma comunidade carecida do apoio do Estado para o cumprimento de necessidades sociais, educativas e de natureza caritativa.
jovens que nesse período tentavam a sua sorte do outro lado do atlântico. Terá partido jovem e provavelmente não demorou a reencontrar o tio em Belém do Pará, no entanto há referência que começou a trabalhar como caixeiro para outros negociantes de origem portuguesa: Francisco Joaquim Pereira e Fulgêncio José Pereira, com cuja família manteve laços de amizade. Sabemos que José Luís de Andrade já estaria a trabalhar com o seu tio na década de sessenta, tendo em 1872 a posição de sócio na casa comercial e estando bem integrado na sociedade de Belém do Pará. O escritor Alberto Pimentel refere que por essa altura, em 1874, Manuel José Ribeiro regressaria para Portugal, deixando o governo dos seus negócios no Brasil com o sobrinho (4).
Na sua biografia, traçada pelo Pe. Luís Gonzaga Martins Pinheiro (3), fixa-se a genealogia do seu carácter e percurso migrante. José Luís de Andrade nasceu na quinta de Vilaverde em S. Tomé de Negrelos a 25 de setembro de 1832, em plena guerra civil, escassos meses após o desembarque de D. Pedro IV no Mindelo. Era filho dos caseiros José Luís de Andrade e Maria Rosa Martins de Andrade. A sua mãe, oriunda de Poldrães em S. Miguel das Aves, era irmã de Manuel José Ribeiro, o futuro Conde de S. Bento. José Luís de Andrade teve uma extensa família, que se manteve maioritariamente em S. Tomé de Negrelos, constando na sua memória e testamento.
Nos vinte anos seguintes José Luís de Andrade trilhará o caminho do brasileiro de torna-viagem, olhando pelos negócios, mas não descurando a terra natal, que visita regularmente e onde adquire propriedades, adaptando a Quinta da Renda em S. Tomé de Negrelos para habitação, patrocinando ainda a construção de um palacete em Santo Tirso, entre a rua homónima José Luís de Andrade e a Rua Sousa Trêpa. Com o falecimento de seu tio a 26 de março de 1893, José Luís de Andrade coube-lhe desempenhar um papel fundamental nas intenções e destino da fortuna do Conde de S. Bento, o que fez como particular intenção e denodo, como afirmaria Alberto Pimentel: «O dinheiro do conde de S. Bento, passando por herança para as mãos de seu sobrinho e antigo socio, José Luiz de Andrade, não se tornou menos productivo, nem menos útil à causa do bem geral» (5). Neste sentido promoveu um contrato com a Santa Casa da Misericórdia, a
Ainda muito desconhecemos da sua partida para o Brasil, a qual teria revestido a tradicional forma de uma carta de chamada ou rogo, circunstância idêntica a tantos milhares de
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JOSÉ LUÍS DE ANDRADE UMA EVOCAÇÃO
qual tinha sido a grande impulsionadora da homenagem realizada a Manuel José Ribeiro em 1892, com a ereção de uma estátua na vila de Santo Tirso. A 21 de fevereiro de 1894 José Luís de Andrade e o provedor da Santa Casa da Misericórdia, o Dr. Eduardo da Costa Macedo, lavraram um contrato que permitiu estabelecer a base para várias obras que foram fundamentais para a vila e o concelho de Santo Tirso, designadamente: a)
b)
O levantamento de uma fábrica que pudesse dar serviço diário a 50 pessoas da freguesia – a futura Fábrica de Fiação e Tecidos de Santo Tirso, cuja sociedade foi criada a 7 de julho de 1896; A criação de um Asilo Agrícola para acolhimento de pessoas de idade de ambos os sexos e pessoas mais novas, desprotegidas, fornecendo-lhes educação – o asilo seria inaugurado a 1 de janeiro de 1897;
c)
Mosteiro de Santo Tirso – o restauro do claustro realizado em 1899 e através da ação do seu testamenteiro e herdeiro Bernardino da Costa e Sá em 1902;
d)
Apoio social: através da associação mutualista Montepio Tirsense que recebeu um importante donativo;
e)
Urbanismo – a cedência de vários terrenos para a urbanização de Santo Tirso e de outras freguesias;
f)
Apoio à educação – verbas para a construção de uma escola em S. Tomé de Negrelos e o apoio pecuniário a professores do ensino primário.
Nos anos que mediaram a celebração do contrato e o falecimento de José Luís de Andrade concretizou-se grande parte dos desejos testamentários do seu tio através deste acordo com a Santa Casa da Misericórdia de Santo Tirso. Curiosamente em junho de 1899 presenciou-se uma polémica na imprensa local, onde um dos semanários tirsenses acusa o outro de esquecer o papel capital de José Luís de Andrade na criação da Fábrica de Fiação e Tecidos de Santo Tirso (6). Após ser acometido por uma doença no início desse ano o seu estado de saúde debilitou-se rapidamente, escrevendo o seu testamento a 14 de julho e falecendo seis dias depois, a 20 de julho de 1899. Instituiu como único herdeiro e primeiro testamenteiro o comendador Bernardino da Costa e Sá. No Brasil foi seu principal testamenteiro o afilhado, Dr. Augusto Eduardo Pinto, da família do seu antigo patrão. José Luís de Andrade no seu testamento institui legados pios (em seu nome e do seu tio), mas fez mais, orientando
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o seu olhar, mais caritativo que piedoso, para a sociedade civil e apoiando múltiplas obras, para além de não se esquecer da família, dos amigos e de todos os que o serviram nas suas casas e propriedades. Ao procurar a melhoria das condições de vida dos outros, a dignificação e valorização pela educação seguiu o exemplo de outros brasileiros de torna-viagem como o tio, em adotar uma filantropia ativa em vida e não, após a sua morte.
(1) Jorge Fernandes Alves, Os brasileiros. Emigração e retorno no Porto
Como recorda Jorge Alves: «Podemos afirmar que grande parte do equipamento de solidariedade social do século passado no Norte de Portugal foi activado, incentivado ou mesmo sustentado pelos ex-emigrantes, que, enquanto vivos e na hora da morte, mostravam uma atenção ao seu semelhante pouco compatível com a imagem de avareza que normalmente envolve o capitalista» (7). O efeito dos seus atos ainda hoje está presente na sociedade tirsense através das instituições que apoiou diretamente e principalmente no contrato que celebrou com a Santa Casa da Misericórdia, que manteve vivo os propósitos deste grande mecenas tirsense.
(4) Alberto Pimentel, Santo Thyrso de Riba D`Ave, 1902, p. 83
A sua mundividência cristã é ao mesmo tempo uma visão caritativa e de profundo humanismo forjada na experiência de uma vida migrante e nos paradigmas da sua época. Em Santo Tirso, a ação de José Luís de Andrade teve um impacto que excedeu largamente o seu século. Um belo exemplo da relevância das migrações no crescimento e fortalecimento das comunidades.
oitocentista, 1994, p. 336. O autor traça-nos o percurso, as aspirações e os desfechos múltiplos do brasileiro de torna-viagem. Retrato histórico aprofundado e uma importante reflexão sobre as condições de emigração. (2) A literatura deixou-nos alguns relatos destas ligações familiares como o relato de Roberto Macedo, Uma ilustre dama brasileira em Santo Tirso, Vila Nova de Famalicão, 1969. (3) Luís Gonzaga Martins Pinheiro, José Luís de Andrade, Ave. Cadernos de Cultura n. 9, Câmara Municipal de Santo Tirso, 1999.
(5) Alberto Pimentel, op.cit., p. 100. (6) Debate entre o Jornal de Santo Thyrso,«Como se escreve a história», nº 4, ano 18, 01.06.1899 e a Semana Tirsense, «Como se escreve a história!» ano 1, nº 23, 04.06.1899 (7) Jorge Fernandes Alves, op.cit., p. 315. • POR NUNO OLAIO (HISTORIADOR NA CÂMARA MUNICIPAL DE SANTO TIRSO)
O autor escreve segundo as regras do antigo acordo ortográfico.
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O CORAL DA MISERICÓRDIA A PANDEMIA E O PÓS PANDEMIA
Doloroso confinamento a que todos fomos submetidos e que durante dois longos anos nos privou da prática presencial da música coral e do convívio social que ela nos proporciona. Apesar das condicionantes provocadas por tal medida, o Coral da Misericórdia nunca se deixou abater e assumiu continuar a lutar pelo projeto musical que tem vindo a desenvolver ao longo destes 24 anos de existência. Restava-nos uma única solução, usar os meios eletrónicos e retomar os ensaios às segundas-feiras à hora habitual, independentemente das dificuldades que esta medida nos acarretaria. Desafio arrojado, porque, a maioria de nós não fazia a mínima ideia de como este processo poderia vir a ser desenvolvido. Foi uma experiência com muitos altos baixos, mas muito enriquecedora para todos nós, graças à paciência e profissionalismo do nosso maestro, o Prof. José Manuel Pinheiro que, mesmo à distância, sempre procurou encontrar as soluções adequadas para nos manter online sem esmorecer. O tempo foi passando e as segundas-feiras eram sempre aguardadas com grande ansiedade. Necessitávamos muito daquele tempo para cantar e para socializar, mantendo a chama da Esperança sempre acesa, acreditando que tudo voltaria ao normal muito em breve. Assim foi, passado o período conturbado, o Coral da Misericórdia voltou aos ensaios presenciais no mês de setembro, e poucos dias depois recebe um honroso convite do
Coral Polifónico do Carvalliño – Ourense/Espanha, para participarmos na 38.ª Edição do Festival Galaico Português, de Polifonia e Canto Coral, que se realizaria no dia 16 de outubro no Casino do Carballiño. Foi uma prestação muito positiva do nosso Coro. Apesar das máscaras, deixou-se, uma vez mais por terras de Espanha, uma imagem muito positiva e marcante da Irmandade e Santa Casa da Misericórdia de Santo Tirso, a Instituição que nos patrocina e que honradamente representamos. Fomos também convidados pela Câmara Municipal de Santo Tirso para participar no concerto protocolar de abertura da Exposição de Presépios Natal 2021, promovido pela Confraria do Caco através do seu mentor Delfim Manuel.
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Nesta altura, encontramo-nos numa fase de grande produtividade, com vista aos próximos concertos que se avizinham até férias; aos concertos que estamos preparando para a época Natalícia e ao casamento que nos solicitaram. Para consulta publicamos a agenda da época 2021/2022 24 e 25 JUNHO Deslocação a CUBA-Alentejo para participar num Festival de Música Popular, a convite do Coro dos Ceifeiros de Cuba, em cumprimento do intercâmbio que o Coral da Misericórdia iniciou em maio de 2018, com um concerto que se realizou no Auditório “Centro Eng.º Eurico de Melo”, em “ Tributo ao Zeca Afonso “;
03 JULHO às 16H30 Concerto do 137.º Aniversário da Irmandade e Santa Casa da Misericórdia de Santo Tirso; DEZEMBRO e JANEIRO 2023 Época Natalícia com algumas surpresas. • POR JOSÉ ALVES (COORDENADOR DO CORAL DA MISERICÓRDIA)
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POEMA REPARTIR
repartir é como que viajar com o que se dá até à terra que clama chegando para apertar a mão da outra parte do abraço que é a alma reparte-se ao ponto de chegar ao ponto do dom e o que é repartir senão dar um pouco da própria vida?! quem reparte compadece-se reconhecendo-se no caminho como companheiro da viagem que é a fração do pão e os sonhos multiplicam-se as ofertas elevam-se os anjos agradecem e agraciadas as crianças sorriem
tal como partir nunca será uma ré partir não é o mesmo que fugir não é o mesmo que sair não é o mesmo que abandonar partir é diferente partir é passível do possível parte-se sem mexer o corpo vai-se em direção ao absoluto e quem parte é aquele que chega ao mesmo tempo é aquele que se encontra que descobre ao que é chamado quem parte é aquele que fica e por isso partir será sempre desapossar um corpo para algo maior mesmo que partir seja não saber ao certo para onde se vai mude-se o ditado: quem parte e reparte e fica com a pior parte ou é santo ou… vive em Marte! ilógica invariável de ser neste planeta a ver tantos seres partidos em cacos tidos como francos patetas à espera que alguém os sarte
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eu vou partir e vou voltar a dar no jogo repartido que é a vida pois que o jogo é tanto mais rico quanto mais eu fico com o meu par dá! dá-te! dá-se-te! dá-se-te-me! ama-te! dá-me! repartir, no fundo, é dar o máximo ainda que dando o mínimo para restituir ao mundo o que foi perdido por direito divino!! • POR MIGUEL MOUTINHO (TEÓLOGO E MÚSICO)
Quais são os 3 locais favoritos em Portugal? Santo Tirso em primeiro lugar, por razões óbvias, é o meu “porto de abrigo”. Braga, pela cidade que é, e principalmente, porque lá fui muito feliz. Lisboa, adorável movida diurna e noturna: agitação, luz, cor e clima… O que a deixa cheio de orgulho no concelho de Santo Tirso? A segurança que nos proporciona para se viver de modo tranquilo. E na Misericórdia? Sem dúvida a EVOLUÇÃO como Instituição, até aos dias de hoje. Palavra que eu muito gosto em todos os “tempos”: passado, presente e futuro. Sejamos sempre EVOLUTIVOS em prol da nossa Instituição. Quais as duas músicas que tem ouvido recentemente? Não tenho ouvido nenhuma música em especial, se me predisponho a ouvir o estado de espírito dita no momento qual a melhor música… Como banda destaco Scorpions, e a música do Paulo Gonzo “Sei-te de Cor”. E o filme que marcou a sua vida? Oficial e Cavalheiro. Este filme retrata um pouco da minha vida. Sou romântica, e porque vivenciei uma história de amor com um homem de farda, militar, o “meu” Capitão. Um livro para ler antes de dormir? Não tenho por hábito ler antes de dormir, mas gosto de romances e poesia. Destaco os livros “Sei lá” e “Não há Coincidências” de Margarida Rebelo Pinto. É uma escrita direcionada para o romance, amores e desamores, de leitura cativante pela forma como aborda assuntos tão empolgantes da vida. Prefere praia ou cidade? Praia é a minha “praia”, com chuva ou sol de preferência. Se pudesse escolher a vista de sua casa, como seria? Acordar com o musical das ondas, usufruir da brisa salgada, inalar o aroma da maresia e apreciar o despontar do Rei Sol é a forma mais gratificante de começar o dia. E caminhar na areia, a sentir a sua massagem…
RE VE LA ÇÕES... O que valoriza no ser humano? Autenticidade, Integridade e a Resiliência perante as adversidades que a VIDA nos coloca no caminho. O que recorda do primeiro dia de trabalho na Misericórdia? O primeiro dia de trabalho foi muito expectante, determinada a pôr em prática o meu EU, dotado para os outros. Realço o acolhimento que me foi feito, que me deu mais alento para o desempenho da “missão” que “Alguém” me tinha traçado. Encorajada e determinada, iniciei com uma saudação a todos que me de mim precisavam, uma palavra de conforto e esperança e um sorriso nos lábios para cada um. Seguidamente, dei início ao desempenho das funções como observadora e aprendiz. Bem orientada e esclarecida pus mão à obra e “nasceu” quem conheceis, o pior a puxar sempre para o melhor de mim, em prol de todos. Utentes sempre a prioridade… sempre. NOME AIDA MARIA ARAÚJO SOARES CATEGORIA PROFISSIONAL CHEFE DE DEPARTAMENTO ANTIGUIDADE NA INSTITUIÇÃO 39 ANOS
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