O ALFABETO EM CÓDIGO MORSE
editorial
Comunicar
p or José dos S a ntos P i nto provedor
A comunicação verbal depende da palavra escrita ou falada. A palavra é muito mais do que simples fonética ou semântica. O seu significado está copulado a uma experiência de vida emocional individual. Para a comunicação a maior barreira não é a falta de habilidade verbal, mas a falta de compreensão da experiência emocional com as palavras. A linguagem de duplo sentido torna a relação altamente confusa. Quando alguém diz que ama, mas não ama, que pode, mas não pode, que confia, mas não confia, que é, mas não é, as consequências podem ser sentidas nos desvios de personalidade, nos sintomas de doenças, nos distúrbios matrimoniais e em atritos no trabalho. Para uma comunicação eficaz, a palavra precisa de ter valor. E a palavra sem valor não passa de sons perdidos no vácuo. O valor da palavra está no ato de falar e de fazer. A ação valida a palavra. A palavra não validada é uma palavra desrespeitada. Por isso, é muito comum frases como: “Eu já disse várias vezes, mas não vale de nada”; “É uma perda de tempo falar”. A palavra só deve ser dita quando houver disposição para a acompanhar com a ação que ela expressa, com as consequências nela implícitas. Caso contrário é melhor não falar para não ser humilhado. Quem fala e não cumpre rebaixa-se aos olhos dos outros, perde autoestima e incapacita-se para resolver problemas e conflitos. Resumindo, a vida do ser humano depende da relação, a relação depende da comunicação, a comunicação depende da palavra, a palavra depende do valor e o valor depende da ação e do respeito. A comunicação faz-se em quatro tempos: expressar, ouvir, interpretar e devolver. Aprender a comunicar é aprender a revelar sentimentos e pensamentos com clareza. Deixar de expressar sentimentos com culpa, raiva, medo e mágoa, pode bloquear a comunicação. A comunicação eficaz nada mais é do que o exercício da boa vontade no ouvir e no falar, requer tempo e exige calma. Se falhamos na comunicação, não é por ignorância, incompetência ou falta de habilidade, mas porque não queremos comunicar, e não comunicamos porque estamos feridos. O sentimento é que sufoca a vontade. A comunicação funcional fundamenta-se na honestidade da mensagem que facilita a compreensão e alimenta a confiança. Ela conduz à entrega que alimenta a intimidade e facilita o crescimento rumo à solução dos problemas. Pela comunicação eficaz crescemos em comunhão, formamos uma comunidade e florescemos no amor. Na verdade, construímos a base para uma vida com menos conflitos.
SUMÁRIO /// ATUALIDADES / ENTREVISTA A CARLOS DANIEL - JORNALISTA RTP P.06 / 136º ANIVERSÁRIO DA INSTITUIÇÃO P.12 / UNIDADE DE LONGA DURAÇÃO E MANUTENÇÃO - 1º ANIVERSÁRIO P.14 / PLANO DE ATIVIDADES E ORÇAMENTO 2022 P.16 / ASSEMBLEIAS GERAIS - APROVAÇÃO DO RELATÓRIO E CONTAS 2020 E PLANO ATIVIDADES 2022 P.20 / COMUNICAR COM O CLIENTE P.21 / A COMUNICAÇÃO EXTERNA DE ORGANIZAÇÕES DE TERCEIRO SETOR - PONTO DE PARTIDA E PONTO DE CHEGADA P.22 / COMUNICAR COM TODOS E SOBRE TUDO P.24 / COMUNICAR É UMA ARTE A ARTE DA RELAÇÃO P.26 / ONDE TUDO COMEÇA E ACABA NA HUMANIZAÇÃO DAS NOSSAS ORGANIZAÇÕES P.31 /// AÇÃO SOCIAL E COMUNIDADE / ENVELHECER ATIVAMENTE - PRÉMIO BPI FUNDAÇÃO “LA CAIXA” P.33 / CENTRO DE EMERGÊNCIA IRIS - NÚMEROS QUE DIZEM O PROJETO P.36 / COMUNICAR ATRAVÉS DOS CUIDADORES INFORMAIS P.40 / COMUNICAR NA DEMÊNCIA P.42 / SHARING IS CARING P.45 / OS DESAFIOS DA COMUNICAÇÃO VIRTUAL P.46 /// AÇÃO EDUCACIONAL / O IMPACTO DA PANDEMIA NO DESENVOLVIMENTO DA COMUNICAÇÃO, LINGUAGEM E FALA DAS CRIANÇAS P.48 /// SAÚDE / ENFERMAGEM - ARTE DE ESCUTAR O UTENTE P.51 / COMUNICAR NA SAÚDE P.52 /// FORMAÇÃO/GRH / AVALIAÇÃO DA SATISFAÇÃO DOS/AS COLABORADORES/AS - CONSIDERAR QUEM NOS CONSIDERA P.54 / FLEXIBILIDADE E APRENDIZAGEM CONTÍNUA - CHAVES PARA O SUCESSO P.56 /// CULTURA / MOUSIKÉ - AQUELE MOMENTO P.58 / A FOTOGRAFIA E O PERCURSO ATÉ AO SEU SIGNIFICADO P.62 / POEMAS P.66 /// REVELAÇÕES JOSÉ SANTOS P.68
2010/CEP.3635
PROPRIEDADE IRMANDADE DA SANTA CASA DA MISERICÓRDIA DE SANTO TIRSO // DIRETORA CARLA MEDEIROS // SECRETARIADO AVELINO RIBEIRO // COLABORADORES ANDREIA MACEDO // ANA ALVARENGA // ÂNGELO VALENTE // CARLA CABRAL // CARLA NOGUEIRA // CÉU MACHADO // FÁTIMA FLORES // GILDA TORRÃO // JOANA ANDRADE // JOANA FREITAS // JOÃO LOUREIRO // JOSÉ PINTO // LILIANA SALGADO // MANUELA CARNEIRO // Mª ALICE RODRIGUES // Mª JOÃO FERNANDES // MARINE ANTUNES // MARTA PIAIRO // MIGUEL DIAS // MIGUEL MOUTINHO // SARA A. SOUSA // SOFIA MOITA // SOFIA NUNES // SOFIA PEREIRA // SUSANA MOURA // VANESSA SILVA // VERA TORRES // TIRAGEM 1000 EXEMPLARES // EDIÇÃO DEZEMBRO 2021 // DEPÓSITO LEGAL 167587/01 PERIODICIDADE SEMESTRAL // IMPRESSÃO NORPRINT // DESIGN SUBZERODESIGN Obs: a Revista da Misericórdia obedece ao novo acordo ortográfico.
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ENTREVISTA A CARLOS DANIEL JORNALISTA RTP
TUDO É TRABALHO, O SUCESSO VEM DEPOIS Carlos Daniel é um rosto conhecido do Jornalismo. Tem um percurso profissional com mais de 30 anos, um bonito sorriso, uma voz marcante que nos traz notícias, informação, mas também música. Com a Tertúlia dos 40, um espetáculo de entretenimento que com os seus amigos de longa data, Filipe Fonseca e João Ricardo Pateiro, partilha histórias e belíssimas recordações dos grandes êxitos dos anos 80/90. É apaixonado por futebol, é comentador e publicou um livro sobre o tema. É um homem de família, rodeado das suas mulheres, que no fundo, são os seus grandes amores e com quem partilha tudo. Comunicar é um dom ou um ofício? Seguramente que é mais um ofício, porque é aquilo que quero acreditar que faço bem. Se tenho algum talento particular para isso, penso que ao fim destes anos todos a carreira não me correu mal. Depois de construir este caminho com mais de 30 anos, essencialmente tudo é trabalho, o sucesso só vem depois disso. Acredito que há sempre algo que nos favorece no ofício que tem a ver com as nossas características e o nosso empenho. Mas é um prazer trabalhar? Se eu gosto tanto do que faço, e às vezes me custa, imagino quem não gosta do que faz. Acordo normalmente feliz por vir trabalhar, motiva-me fazer coisas diferentes, responder a desafios novos, eu gosto muito da pressão do direto, do improviso; sempre que há coisas diferentes para fazer, isso
inspira-me muito. E ter a oportunidade de fazer temas diversos, em várias áreas – entrevistas, diretos, frente a frente, jornal – faz com que me sinta desafiado profissionalmente e nada acomodado. No dia-a-dia acha que gere bem o tempo? Costumo dizer que sou desorganizadamente organizado, pois gosto de fazer muitas coisas ao mesmo tempo. Tenho dificuldade, ainda hoje, em dizer não a algumas solicitações profissionais ou até na vida pessoal. Acabo por encontrar o método onde me organizo, que é responder por prioridades, e a cada momento definir o que tenho de fazer, o que é mais relevante. O meu horário já foi mais ordenado a nível de tempo quando apresentava o Jornal da Tarde com mais regularidade, pois acordava sempre à mesma hora, passava cá as manhãs a preparar tudo. Agora depende dos dias, mas trabalho sempre muitas horas, tenho muitas deslocações Porto/Lisboa quer por causa do programa “É Ou Não É” ou devido ao meu lugar na Direção que acaba por acarretar mais reuniões. A verdade é que gosto de ter o tempo ocupado. É um homem de família, rodeado de mulheres. É o “rei da casa”? É precisamente ao contrário, sou eu que decido menos porque sou democrata e os democratas acreditam na força das maiorias e eu lá em casa estou em minoria (risos). Claro que estou a ironizar. Eu e a minha mulher sempre conseguimos que a nossa vida não tivesse a ver com o facto de ser uma figura pública e em casa sou tão importante como ela e as minhas filhas; às vezes até acho que elas não me valorizam
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ENTREVISTA A CARLOS DANIEL JORNALISTA RTP
devidamente (risos). Nos momentos de família, a quatro, damos mais importância ao que estamos a fazer. Somos como todas as famílias, há momentos em estamos mais felizes do que outros. Tenho imenso orgulho nas minhas filhas e na minha mulher.
leque de conhecimentos mais amplo. Não acho que seja uma lacuna pois a técnica jornalística aprende-se muito rápido. Quem for atento, empenhado, consegue captar rápido. É saber como escrever uma notícia, como fazer um direto. O que aconselho sempre a toda a malta mais nova que começa nisto O futebol, o jornalismo e a música são amores ou paixões? é que a melhor escola é olhar em volta e perceber que está ali São todos interesses importantes da minha vida. Claro que é alguém que faz melhor que eu isto, como é que se faz, e aí mais fácil estar apaixonado pela música e pelo futebol do que vamos encontrar o nosso caminho. E depois a base do pela política, mas eu gosto imenso da área. São relações que jornalismo é o conhecimento e esse tem de ser amplo; o se estabelecem; são mais racionais aquelas que desenvolvemos jornalista é um generalista e acho que a Sociologia me deu com a realidade política e oportunidade de voltar a estudar económica. Eu passei a racionalizar Inglês, História, Estatística. Depois Acho que a informação chega a toda a mais o futebol a partir do momento de fazer o curso na Faculdade de hora a mais gente. Mas não temos gente que comecei a fazer mais análise e Letras, dois ou três anos depois, não tanto apenas notícia ou fui convidado para ser professor informada em tanta profundidade (...) entrevista; com a política racionalizo na Universidade do Minho e já sempre mas é importante que a tinha os meus trabalhos na área valorizemos. Já a música é mais fruição, prazer. São as músicas da sociologia direcionados na vertente do jornalismo. A minha antigas que me emocionam; eu não choro com muita tese de fim de curso já foi sobre os telejornais e os facilidade, mas sou capaz de ter as lágrimas nos olhos com alinhamentos das notícias. Frequentei o mestrado na uma canção, às vezes é uma memória que não sabemos bem Universidade de Coimbra, fiz a parte curricular, falta-me a qual é, mas está ali escondida atrás daquela melodia, daquela tese, foi no ano que fui para Lisboa, para a SIC, e acabei por letra. desistir. Depois fui fazer doutoramento na Universidade do Minho, já com mais anos de carreira, com outro trajeto, conclui Licenciou-se em Sociologia na Faculdade de Letras da a parte curricular mas chegou a parte da tese e coincidiu com Universidade do Porto, mas acabou por não fazer formação o período em que fui convidado para a então RTPN, voltei a superior em Jornalismo, nunca viu isso como uma lacuna? adiar. Não há hipótese de ter uma carreira tão absorvente, ter No ano em que fui para a Rádio Comercial, foi o ano em que uma vida, eu gosto de viver para além da televisão, de estar entrei para a faculdade. Acabei por optar por fazer um curso com a família, com os amigos, gosto de cantar, de ir ao futebol no Porto e procurei um que acreditei me pudesse dar um e assim é impossível fazer uma tese com “pés e cabeça”.
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Em 30 anos de experiência que diferença encontra nos media. As pessoas estão mais informadas, mais atualizadas? Eu tenho dificuldade em ter uma resposta. As pessoas têm muito mais informação disponível e tenho a sensação que recebem muito menos informação do que a que tinham. Recebem os alertas através dos telemóveis, quase todos têm um smartphone, mesmo os mais humildes, com menos recursos, é um dos utensílios que ninguém dispensa. Acho que a informação chega a toda a hora a mais gente. Mas não temos gente informada em tanta profundidade porque se atomizou e fragmentou muito a forma como a informação chega, quer na televisão, nos jornais, mas também nas redes sociais, no Instagram, no Twitter, ou no Facebook. Há aquelas pessoas que só vêem determinados canais, outras nenhuns, umas que só procuram entretenimento, outras apenas informação. Hoje em dia somos diretores de programas de nós próprios. Uma das maiores diferenças do ponto de vista do consumo é esta, a responsabilização cada vez maior do recetor. Temos mais informação disponível, selecionamos nós aquela informação que queremos ver, ao passo que quando comecei no jornalismo, os media tinham uma obrigação exclusiva de seleção, de darmos às pessoas os alinhamentos das notícias que considerávamos mais importantes. Acha que as Misericórdias deveriam comunicar mais e melhor a sua missão? A sua imagem continua, quase exclusivamente, associada à terceira idade? Acho as duas coisas, a sua imagem pública é muito associada aos lares e à terceira idade, e devia comunicar mais, até para
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ENTREVISTA A CARLOS DANIEL JORNALISTA RTP
fugir daquelas circunstâncias que são o momento crítico à volta das residências de idosos, das doenças ou dos surtos. Vivemos um período particular que é difícil conseguir, isso porque objetivamente as coisas são notícias pela atualidade em si. Acho que existem outros espaços em que se pode chegar às pessoas sem ser o jornalismo. Estou a pensar em programas em que pessoas que com o seu conhecimento são um contributo para um público que não é tanto o que consome os noticiários, mas que precisa dessa informação. E a verdade é que a informação não chega apenas através dos jornalistas.
Há pessoas que o inspiraram? Inspiram-me 2 tipos de pessoas, as que querem que este seja um mundo melhor e as pessoas inteligentes que me motivam, nem que seja numa boa conversa num café. Podem ser o Aristides Sousa Mendes, o Papa Francisco ou o Nelson Mandela, mas também pode ser um amigo que encontro e que me fala de livros, música, futebol ou de filmes. Nunca tive um herói de infância, sem ser jogadores de futebol, ou cantores. Agora os heróis de carne e osso são o meu pai, a minha mãe, de quem me orgulho muito.
“Só me arrependo do que não fiz” é Acha que é uma pessoa inspiradora? Acho que existem outros espaços uma velha máxima sua. Há alguma É engraçado que com a idade surgem coisa que lamenta não ter feito? O mais pessoas na vida, nomeadamente em que se pode chegar às pessoas que ficou por concretizar? na minha área, no jornalismo, que me sem ser o jornalismo. Há coisas que eu gostava de ter feito, dizem “eu quis ser jornalista por causa como ter escrito um livro de ficção, mas do Carlos Daniel”. E eu respondo a tenho um certo pudor, porque há brincar “eh pah, não me ponham essa demasiada gente a escrever e sobretudo há pessoas que o responsabilidade”, mas assumo que é uma sensação muito fazem extraordinariamente bem, decerto com mais talento que simpática. • eu para isso. Também me falaram muitas vezes numa carreira de treinador de futebol, mas isso ou teria acontecido muito POR CARLA NOGUEIRA (JORNALISTA) mais cedo, e poderia ter acontecido se outros fossem os tempos, ou forçaria uma mudança de carreira que obviamente não faz sentido aos meus olhos e com esta idade. A vida podia ter-me levado, em algum momento, para outro caminho mas não surgiu essa opção. Não tenho, no entanto, nenhum arrependimento, são simplesmente coisas que poderiam ter acontecido e não aconteceram, como a toda a gente.
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DESAFIO
EM POUCAS PALAVRAS
ESCOLHA UMA MÚSICA PARA DESCREVER Estes quase 2 anos de pandemia “Let it Be” dos Beatles
Um livro Ernest Hemingway – “Por Quem os Sinos Dobram”
Situação económica e política do país “Amanhã é Sempre Longe Demais”, dos Rádio Macau
Uma viagem Argentina e Chile
Este Natal “Driving Home for Christmas” de Chris Rea
Um lugar A minha casa
Desejos para o próximo ano “Saudades do Futuro”, do Camané
Um prato Rojões à moda do Minho Uma aventura Ver as baleias nos Açores Um desejo Ser feliz com os meus, o mais tempo possível
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136º ANIVERSÁRIO DA INSTITUIÇÃO
Sinalizou-se uma vez mais a comemoração do aniversário desta instituição. Apesar das restrições, é sempre importante lembrar este dia e saber agradecer: aos presentes e aos ausentes, que deixaram um legado e uma missão conduzida, na atualidade, por esta grande família que inclui órgãos sociais, colaboradores, utentes e seus familiares, irmãos e voluntários. Houve lugar à homenagem ao nosso instituidor, Conde S. Bento, bem como a uma Eucaristia celebrada na Capela da Misericórdia. Ali o passado fez-se presente através da junção da 1ª bandeira com uma árvore colocada sobre si representando, simbolicamente, os colaboradores, utentes e valências. Nomes que são rostos e que também são vidas. Porque, conforme referiu o Pe. Luis Mateus “não somos um lugar qualquer, não lidamos com pessoas quaisquer e temos que ir fazendo a diferença.” Esta celebração estendeu-se à comunidade e às diferentes estruturas residenciais através da transmissão direta pelo Facebook, onde decorreram festejos, mais uma vez simbólicos, a parabenizar os 136 anos de vida. Cada equipa na respetiva valência, mas unida na mesma raiz da árvore: a Misericórdia de Santo Tirso. • POR CARLA MEDEIROS (DEP. COMUNICAÇÃO E IMAGEM)
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UNIDADE DE LONGA DURAÇÃO E MANUTENÇÃO 1º ANIVERSÁRIO
No dia 10 de novembro de 2021 assinalou-se o primeiro aniversário da Unidade de Longa Duração e Manutenção “Comendador Alberto Machado Ferreira”. A celebração desta data teve um significado especial, pois foi uma obra projetada para 12 meses, conseguindo cumprir-se com o prazo de execução que decorreu durante todo o complexo período de pandemia de 2020. As palavras de agradecimento a toda a equipa “pela dedicação que faz a diferença” foram dadas pelo Provedor da instituição, José Pinto, bem como pela Coordenadora da Unidade, Marta Ribeiro. Para além da equipa da ULDM, a celebrar este momento marcaram igualmente presença Diretores, Coordenadoras de diferentes valências, entre outros Colaboradores da Misericórdia, que parabenizaram e brindaram à continuidade do sucesso desta unidade de saúde. • POR CARLA MEDEIROS (DEP. COMUNICAÇÃO E IMAGEM)
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PLANO DE ATIVIDADES E ORÇAMENTO 2022
“Não é a força ou a sorte, mas o empenho, a determinação e a persistência que nos conduzem ao sucesso.” (Autor desconhecido) Em 2021, dissemos que cada novo ano é um desafio, mas que tem contornos incaracterísticos. Em 2022, esperamos poder voltar à plena normalidade, retomando as rotinas numa perspetiva mais renovada. É com empenho, determinação e persistência que vamos encarar mais um novo ano, prosseguindo na promoção de respostas e iniciativas adequadas à prossecução dos nossos fins e às necessidades diagnosticadas na comunidade. Vamos contribuir para o desenvolvimento local e a proteção de grupos sociais mais vulneráveis, sempre direcionados para a melhoria da qualidade dos serviços prestados à comunidade, atualizando o modelo de gestão organizacional e potenciando a melhoria contínua junto dos nossos colaboradores, parceiros e entidades envolvidas na nossa ação. Pretendemos, deste modo, manter o reconhecimento como entidade preponderante nas áreas em que intervimos, sem descurar o respeito pela dignidade humana, a ética, a responsabilidade e a competência profissional. Este espírito tem-nos conduzido a uma dinâmica que se reflete no crescimento institucional e, consequentemente, numa maior necessidade de recursos. É, pois, fundamental apostar em atividades geradoras de fundos que possam vir a ser canalizados para o setor social.
Neste contexto, daremos continuidade à remodelação e reabilitação do Bairro da Misericórdia, concluindo 6 moradias de Tipologia T2 e encetaremos diligências com vista ao possível início de trabalhos nas restantes 6. Dado o ano conturbado de 2021, não estiveram abertas candidaturas ao Fundo Rainha D. Leonor. Em 2022, esperamos avançar com o projeto para obras de remodelação e recuperação da nossa Capela. Na senda encetada pela Mesa Administrativa em 2014, iremos, mais uma vez, durante o ano de 2022, alertar o Estado Português e o poder autárquico tirsense para a existência do “TERMO DE TRANSAÇÃO” celebrado entre a nossa Misericórdia e o Estado Português, datado de 13 de fevereiro de 2004, no qual ficou acordado que as Quintas do Mosteiro, propriedade desta Santa Casa, arrendadas ao Estado com duração efetiva limitada para nelas funcionar a Escola Profissional Agrícola Conde S. Bento, terão de ser entregues à Misericórdia, livres de pessoas e coisas, a 31 de dezembro de 2025. Assim sendo, é tempo de haver, por parte destas entidades, uma clarificação do seu posicionamento sobre o assunto. Mais, relembrar que nesse documento assinado pelas partes no Tribunal Judicial de Santo Tirso (2.º Juízo Civil), na data acima referida, ficou acordado que todas as obras de que os prédios careçam, quer de conservação ordinária, quer extraordinária, ficarão a cargo do Estado, sem que este, findo o contrato, possa reclamar benfeitorias que ficarão a pertencer aos prédios.
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Por último, frisar que o “Mosteiro de Santo Tirso”, onde aos prédios das referidas quintas se integram, é desde 1910 Monumento Nacional.
Na área Social, continuaremos a investir na modernização das valências, quer em termos físicos, quer em termos tecnológicos. A disponibilização de rede wi-fi em todas as nossos espaços é, para nós, uma prioridade. Trabalharemos para remodelar e equipar os espaços exteriores com mobiliário adequado, a fim de podermos dinamizar atividades no exterior, favorecendo o contacto com a natureza e o convívio saudável, despertando nos utentes todos os sentidos.
Na área da Saúde, concluída a Unidade de Cuidados Continuados de Longa Duração “Comendador Alberto Machado Ferreira”, esperamos poder dar início a uma nova tipologia da Rede Nacional de Cuidados Continuados Integrados, mais concretamente uma unidade piloto de autonomia e promoção da saúde, com capacidade para 30 utentes. Estas unidades estão contempladas É com empenho, determinação e no Plano de Recuperação e Resiliência – PRR – Investimento persistência que vamos encarar RE-C01-i02 – Rede Nacional de mais um novo ano (...) Cuidados Continuados. Após um estudo de viabilidade económico-financeira e de mercado para um possível investimento na área imobiliária que contemplava a construção de 32 apartamentos no edifício do Antigo Liceu/1º Hospital de Santo Tirso, foi estrategicamente decidido direcionar este espaço para uma atividade enquadrada nos fins que prosseguimos, devolvendo-o à sua génese. Assim sendo, propomo-nos apresentar candidatura no âmbito do PRR a, no mínimo, três módulos de 20 camas (60 camas), divididas entre as tipologias de Média Duração e Reabilitação e Longa Duração e Manutenção.
A nossa responsabilidade social também passará pela parte ambiental e ecológica, tendo já sido apresentada candidatura para financiamento à aquisição de duas viaturas elétricas para o nosso Serviço de Apoio Domiciliário.
Ao abrigo do Programa de Celebração ou Alargamento de Acordos de Cooperação para o Desenvolvimento de Respostas Sociais (PROCOOP), persistiremos na renegociação com a Segurança Social da comparticipação financeira para o funcionamento das respostas sociais. Estaremos sempre disponíveis para apoiar o Estado na implementação das suas políticas sociais e de saúde, respondendo com determinação, inovação e empreendedorismo a qualquer projeto ou desafio nas nossas áreas de intervenção, desenvolvido por nós ou em
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PLANO DE ATIVIDADES E ORÇAMENTO 2022
parceria, como IPSS ou mediante outra entidade legalmente constituída para o efeito. Tal como consta no nosso Compromisso, a Misericórdia pode prosseguir, de modo secundário ou instrumental, outras atividades, a título gratuito ou geradoras de fundos, para garantir a sua sustentabilidade económico-financeira, por si ou em parceria, que possa trazer um retorno financeiro para ser investido no setor social. Os/as colaboradores/as são a essência das organizações e a forma como que se olha para o nosso maior ativo tem uma influência direta nos objetivos a que nos propomos, nomeadamente na resposta plena às necessidades da comunidade que servimos. É fundamental continuarmos a aposta na gestão de recursos humanos, quer pela via da formação pessoal e profissional, quer pelo aprofundamento dos benefícios sociais e financeiros. A cultura também integra uma das nossas áreas de intervenção, enquanto proprietários do maior espaço cultural do concelho – o Auditório “Centro Eng.º Eurico de Melo”, com capacidade para 267 lugares sentados. Temos a responsabilidade de o disponibilizar à comunidade, como tal pretendemos concluir a sua remodelação e renovação com o devido envolvimento das entidades competentes. É também em colaboração com estas entidades, nomeadamente por meio do estabelecimento de
protocolos, ou através do mecenato, que pretendemos dar continuidade ao trabalho desenvolvido pelo nosso Grupo Coral e Grupo de Pequenos Cantores, mais concretamente na divulgação do nome da nossa instituição e do concelho de Santo Tirso, dentro e fora do país. Como sempre, estaremos disponíveis para dinamizar atividades e eventos nas nossas estruturas (Auditório, Sala Multiusos, Facebook, Instagram, Revista, etc.). O empenho, a determinação e a persistência, aliados ao permanente profissionalismo e espírito de sacrifício de todos/as os/as colaboradores/as da nossa Santa Casa, permitem que os nossos sonhos corram sempre o sério risco de serem concretizados.
RENDIMENTOS 2022
OUTROS REND. GANHOS € 839 800,00
SUBSIDIOS À EXPLORAÇÃO € 3 928 000,00
JUROS E REND. SIMILARES € 320,00 PREST. SERVIÇOS € 3 967 700,00
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RENDIMENTOS 2022 EM %
JUROS E REND. SIMILARES 0%
OUTROS REND. GANHOS 10%
PREST. SERVIÇOS 45%
GASTOS 2022 EM %
JUROS E GASTOS SIMILARES GASTOS DE 0,18% DEPRECIAÇÃO E AMORTIZAÇÃO GASTOS E PERDAS DE 8,17% FINANCIAMENTO 0,09%
CUSTO MERC. VEND. MAT. CONS. 9,34% FORNECIMENTOS SERVIÇOS EXTERNOS 16,52%
SUBSIDIOS À EXPLORAÇÃO 45% GASTOS C/ PESSOAL 65,71%
GASTOS 2022
JUROS E GASTOS SIMILARES GASTOS DE € 17 000,00 DEPRECIAÇÃO E AMORTIZAÇÃO GASTOS E PERDAS DE € 773 000,00 FINANCIAMENTO € 8 400,00
CUSTO MERC. VEND. MAT. CONS. € 884 000,00 FORNECIMENTOS SERVIÇOS EXTERNOS € 1 563 700,00
Notas: Rendimentos = € 8 735 820,00 Gastos = € 9 467 100,00 Resultado Líquido do Período= - € 731 280,00 Gastos de Depreciação e Amortização = € 773 000,00 Meios Libertos Previsionais = € 41 720,00 • POR JOÃO LOUREIRO (DIRETOR GERAL)
GASTOS C/ PESSOAL € 6 221 000,00
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ASSEMBLEIAS GERAIS APROVAÇÃO DO RELATÓRIO E CONTAS 2020 E PLANO ATIVIDADES 2022
“COmVIDa foi a principal preocupação do primeiro semestre do ano. Depois de 2 meses de normalidade, fomos apanhados pela pandemia e por uma crise sanitária que levou todo o nosso foco nos quatro meses seguintes.” in Relatório e Contas 2020 É inequívoco que não temos vivido tempos fáceis, realidade devidamente espelhada nos relatórios submetidos à aprovação da Assembleia Geral de Irmãos. Assim, ao abrigo dos estatutos e durante o ano 2021, a Assembleia Geral Ordinária da Irmandade da Santa da Misericórdia de Santo Tirso reuniu duas vezes no Auditório, designadamente: • No dia 22 de junho, pelas 17h30, para apreciação e votação do Relatório e Contas do Exercício de 2020, tendo o mesmo sido aprovado por unanimidade; • No dia 30 de novembro, pelas 17h30, para apreciação e votação do Plano de Atividades e Orçamento para 2022, igualmente aprovado pela Assembleia de Irmãos ali presente. Nas mesmas datas das Assembleias Gerais, decorreram ainda duas Assembleias Gerais Extraordinárias para, respetivamente, apresentarem proposta de proclamação de duas Irmãs, Senhora D. Rosalina F. Freitas e Senhora D. Odete Monteiro, a Irmãs Beneméritas. Pela nobreza dos seus gestos solidários, ambas as propostas foram aclamadas e aprovadas pelos presentes. Conforme habitual, tanto o Plano de Atividades e Orçamento 2022 como o Relatório e Contas do Exercício 2020 encontram-se para consulta em www.iscmst.pt • POR CARLA MEDEIROS (DEP. COMUNICAÇÃO E IMAGEM)
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COMUNICAR COM O CLIENTE
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A Comunicação em qualquer clima organizacional constitui A escuta ativa pode ajudar a melhorar os resultados uma ferramenta de gestão incontornável, que se for bem atingidos pela organização, desde que se adeque a forma trabalhada, poderá trazer resultados muito positivos para a de trabalhar à opinião dos outros. Estar atento ao feedback instituição, mas se a descurarmos, poderá acarretar muitos do cliente e alterar os procedimentos em função dessa problemas. perceção será a chave do sucesso organizacional, muito mais Para a Direção da Qualidade, a comunicação constitui um quando se trata de um domínio de cuidados pessoais. Os barómetro do Sistema de Gestão da Qualidade, dado que questionários de avaliação da satisfação deverão ser utilizados afere como está a ser recebido/interpretado/avaliado o serviço como instrumentos de gestão para a alteração de prestado pela instituição. procedimentos e definição de pistas estratégicas da instituição. Pelos vários meios de comunicação com o cliente percebemos Um claro exemplo do respeito que a Misericórdia tem com qual é a sua recetividade perante o nosso desempenho. Desde os clientes, pode ser espelhado na fase crítica da pandemia as reclamações, aos elogios, de em que mantivemos sempre uma modo mais formal, até aos sorrisos, comunicação escrita sobre a A Misericórdia trabalha com pessoas piscar de olhos e palmadinhas nas situação interna para os e para as pessoas, e como tal, terá costas, por quem retribui o que lhe familiares, mesmo em tempos que adequar a linguagem aos seus apraz demonstrar sobre o que todo o esforço institucional descontentamento ou a satisfação estava voltado para a proteção e clientes, numa postura assertiva, clara pelos serviços. segurança dos utentes.
e positiva, inspirando confiança (...)
É importante a perceção dos prestadores de serviços à linguagem não verbal, que será o primeiro nível de feedback do cliente, e adaptar a forma de comunicar a esses sinais (positivos ou negativos) fazendo os devidos ajustes à comunicação e intervenção. A Misericórdia trabalha com pessoas e para as pessoas, e como tal, terá que adequar a linguagem aos seus clientes, numa postura assertiva, clara e positiva, inspirando confiança àqueles que deixam os seus familiares a nosso cargo ou mesmo aos clientes diretos, que dependem dos nossos cuidados.
A pandemia obrigou-nos a explorar novas formas de comunicação e de interação com as famílias, de modo a prevenir consequências graves na saúde mental dos nossos utentes. A comunicação eficaz parte da escuta ativa dos problemas dos outros para conseguirmos superá-los em conjunto. • POR LILIANA SALGADO (DIRETORA DE SERVIÇOS SOCIAIS E QUALIDADE)
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A COMUNICAÇÃO EXTERNA DE ORGANIZAÇÕES DE TERCEIRO SETOR PONTO DE PARTIDA E PONTO DE CHEGADA
As estratégias de comunicação a apresentar e a seguir pelas predatória concordante com o desejo de aumento de lucro, mais diferentes organizações - com qualquer enquadramento também é certo que os desafios de sustentabilidade económica jurídico e prosseguindo os mais diversos objetivos e fins - são motivam uma estratégia de comunicação que permita alcançar uma das prioridades atuais, bem como uma das mais os efeitos abordados acima. Contudo, aqui pede-se (ainda relevantes preocupações com que as instituições se deparam. mais) por uma comunicação consciente, respeitosa e Esta preocupação transversal deve-se à importância de criar verdadeira. Para além da questão financeira, devemos, ainda, uma imagem reconhecível e credível para o/a consumidor/a, relevar o que tem a ver com parcerias. Sendo este um setor utente, doador/a ou simpatizante. Tal imagem é, numa marcado pela criação de sinergias entre organizações, atualidade tão marcada pelo cooperação e projetos acesso a uma elevada estratégicos em diferentes quantidade e diversidade de territórios, torna-se imprescindível Numa realidade marcada por redes sociais informação, da mais extrema que a comunicação externa seja e contactos virtuais, a comunicação importância para a apelativa a tais parceiros, mas, sustentabilidade e sobretudo, que a comunicação institucional clama por um sentimento de reconhecimento do trabalho entre eles seja eficaz e produtiva. proximidade e de pertença (...) desenvolvido por dada organização. Em paralelo, é Acerca do primeiro caso, necessário divulgar, de modo relevamos as estratégias de consistente e claro, aquele trabalho - o que é, também, um marketing público e social. Estas estratégias permitem que as desafio. Por último, assistimos a um reforço da necessidade de organizações possuam uma presença diferenciadora, por aproximar as organizações às pessoas, não apenas as que exemplo, em redes sociais - e assim deve ser. Os objetivos, os usufruem dos serviços e produtos, mas a população em geral. propósitos e - acima de tudo - a atuação das OTS são Numa realidade marcada por redes sociais e contactos virtuais, diferenciadores face aos setores privado e público, não apenas a comunicação institucional clama por um sentimento de pela não-prossecução de lucro e proximidade às comunidades, proximidade (e de pertença) que abarque várias necessidades. mas também na visão e intenção que colocam nos seus empreendimentos. É necessário que, mesmo sem perder a Se tal é verdade para a generalidade dos atores económicos, é atratividade da comunicação, seja claro para a população que ainda mais premente para as Organizações de Terceiro Setor estas organizações apresentam mais-valias e fatores únicos a (OTS), isto é, sem fins lucrativos. Se é verdade que estas aportar aos territórios onde atuam. A apresentação de instituições não necessitam de ceder a uma comunicação testemunhos, casos de sucesso, materiais informativos,
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entre outros (sem perder o sentido ético) são excelentes que a intervenção irá atingir. Uma comunicação clara, com formas de estabelecer um contacto significativo com os/as caminhos de fala estabelecidos mas flexíveis, aberta e seguidores/as, por exemplo. A atuação em comunicação disponível em diferentes meios, bem como a clarificação deve, também, criar um ambiente de confiança ao redor da do papel de cada organização na parceria e a adoção de organização, demonstrando a sua pertinência, proximidade metodologias participativas de trabalho são exemplos de e confiança. Pensando em estratégias de comunicação que como alcançar uma proveitosa parceria. visam a angariação de novos/as membros e de fundos, esta questão torna-se ainda mais fulcral. Para tal, a prestação de Apesar de estes serem aspetos deveras importantes, e contas e a prova de transparência relevantes para reflexão, um da organização são aspetos que não elemento fulcral na comunicação é a devem ser esquecidos e que ligação e conexão concreta ao (...) um elemento fulcral na permitem à população perceber o território, às pessoas, às suas comunicação é a ligação e conexão que é realizado pela organização, necessidades e pontos fortes. atingido pela mesma e a forma Qualquer comunicação deve ser concreta ao território, às pessoas, às como, por exemplo, doações são baseada num trabalho concreto e suas necessidades e pontos fortes. alocadas às diferentes atividades mensurável - assim abrimos as desenvolvidas e o impacto que organizações à comunidade! • advém de um contributo monetário. POR SOFIA PEREIRA (TÉCNICA DE INTERVENÇÃO SOCIAL - AGÊNCIA PIAGET PARA O
Sobre o segundo caso, a maioria dos projetos desenvolvidos por OTS são implementados em parceria (formal ou informal). Assim, é compreensível a importância de chegar até aos parceiros certos - sendo uma organização com reconhecido valor em determinada área de atuação - mas também de saber como manter e potenciar as boas relações institucionais, que permitam não apenas implementar os projetos com qualidade e dentro dos prazos previstos, mas também a continuidade da parceria. Trata-se, aqui, da constituição e reforço de relações de trabalho de confiança e duradouras, o que, a par da qualidade técnica das propostas, muito influencia o impacto
DESENVOLVIMENTO (APDES))
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COMUNICAR COM TODOS E SOBRE TUDO
A Misericórdia de Pernes entende como basilar comunicar. Comunicar para o exterior. Comunicar para o interior. Comunicar entre equipas. Comunicar entre os vários níveis hierárquicos. Comunicar em todos os sentidos, onde a sua presença se faça sentir, com todos e quase sobre tudo. Comunicar hoje, de forma assertiva, transparente, verdadeira, envolvente, colaborante e constante, é o desafio! Não existe outra forma de fazer um trabalho de proximidade e confiança, que não passe por estas premissas.
séculos, necessita de se reinventar nessa comunicação, que, imperiosamente, tem de ser de aprendizagem constante e proativa. Caso contrário, ficará parada no tempo e não poderá acompanhar o ritmo acelerado que a sua atividade exige, em todos os quadrantes, dando-se como exemplo, digitais, ambientais e de políticas, sejam elas sociais, sanitárias, económicas ou outras que visem acompanhar a cadência do mundo em transformação que vivemos.
Neste sentido, a Misericórdia de Pernes tem apostado em Os meios de comunicação digitais Comunicar, num contexto de várias formas de comunicar são também instrumentos poderosos, Misericórdia, é fazer pontes, para ir ao encontro do seu rápidos, abrangentes, globais e vitais pontes que assentem na sua plano de comunicação, que para a sobrevivência das Instituições. missão, com aqueles que mais tem como objetivo o já referido. precisam de nós e com aqueles Assim, destacamos os de quem nós também mais encontros entre Misericórdias, precisamos. “Mais que um Encontro, uma Partilha”, sobre várias Esta pandemia fez com que a Misericórdia se temáticas, que se fazem de uma forma regular, e que aproximasse de pessoas, instituições, entidades, através visam, como o seu nome indica, aproximar da necessidade que tivemos de comunicar e que nos Misericórdias, perceber como é que elas atuam, numa mostrou que não somos nada uns sem os outros, perspetiva de melhorar o que for preciso, ao nível das dependemos uns dos outros e, para tal, convergir e ceder práticas, e também dar a conhecer as que entendemos são condição para a comunicação. E esta comunicação que poderão ser consideradas de referência. A título de de tolerância é a linguagem a que todos fomos chamados exemplo, podemos falar de algumas das temáticas, em a utilizar. gerontologia, comunicação, património, entre outras. Entendemos esta atividade como uma forma de Para além disso, as Misericórdias, e a de Pernes não é comunicar! exceção, para se manter atualizada ao longo dos
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Os livros que publicamos servem também para comunicar e fazer história, que, no nosso caso, versam sobre a atualidade da Instituição e preservam a memória das pessoas que por ela passam. Não menos importante é a nossa publicação do Jornal A Voz, que, semestralmente, e há mais de vinte anos, retrata os factos mais relevantes que acontecem na Instituição. Os nossos planos de atividades e orçamento ou relatórios e contas, documentos estratégicos, aos quais dedicamos particular importância, também se revelam como instrumentos de comunicação essenciais na vida da Instituição. Os nossos produtos, os nossos projetos, por se terem tornado consistentes ao longo dos anos, já se traduzem numa marca que nos torna conhecidos, valorizados e ímpares.
demonstrar-se úteis, viáveis e possíveis nos mais diversos contextos. Não podemos deixar de dar nota de uma mensagem que o Papa Francisco, no âmbito do 50.º Dia Mundial das Comunicações Sociais, a 08 de maio de 2016, há já cinco anos, mas que se mantém atual, onde reflete sobre comunicação e misericórdia, entendendo esta conjugação como um encontro fecundo. Para ele, a comunicação, boa ou má, depende do coração do homem e da sua capacidade de fazer bom uso dos meios de comunicação que existem ao dispor. Partilhamos desta visão e percebemos que a melhor forma de comunicar, pela nossa experiência, é aquela que vai de boca em boca, através das pessoas de quem cuidamos, das suas famílias, que nos levam a outros, que reconhecem em nós um valor humano, justo, positivo e de oportunidades.
A nossa identidade, a forma como nos apresentamos aos outros, seja pelo fardamento, seja pelo nosso caderno de trabalho, seja pela viatura que usamos, seja pela postura profissional, tudo comunica, por nós, aquilo que somos e que representamos.
Queremos continuar a comunicar desta forma, nos próximos anos deste e de outros séculos! •
Os meios de comunicação digitais são também instrumentos poderosos, rápidos, abrangentes, globais e vitais para a sobrevivência das Instituições. Já ninguém consegue viver sem eles, que incluem não só as páginas de Facebook, websites, mas também os webinar’s, os contactos de emails, as videochamadas, as comunicações via Skype, entre outras, que vieram, com a pandemia,
POR MARIA ALICE RODRIGUES E VERA TORRES (DIREÇÃO TÉCNICA - SANTA CASA DA MISERICÓRDIA DE PERNES)
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COMUNICAR É UMA ARTE A ARTE DA RELAÇÃO
Na ASAS encaramos a Comunicação como uma arte. Entendemo-la como a arte da relação. Porque a comunicação, seja pessoal ou através de outros meios (emails, carta, com recurso às redes sociais) é a forma que encontramos para dar a conhecer, partilhando, este nosso mundo apaixonante de DAR ASAS À VIDA. Comunicando, informamos a comunidade (interna e externa) de que a nossa causa - proteção dos grupos da população desprotegidos, principalmente crianças e jovens em perigo - infelizmente é necessária e existe, de como no nosso dia a dia transformamos essas vidas, tornando-as mais felizes e de como qualquer pessoa pode fazer parte dela. De que na ASAS vivemos um turbilhão de emoções, onde cada elemento da equipa se apaixona ainda mais sempre que se alcança o nosso propósito e que se vê a ASAS reconhecida pelo seu contributo para uma sociedade mais justa e mais inclusora. A ASAS é uma instituição particular de solidariedade social sem fins lucrativos, reconhecida como de utilidade pública. Somos uma entidade da economia social, do terceiro setor. Para muitos a designação de setor da economia social é ainda desconhecida. De uma forma simplificada, podemos afirmar que a organização social, política e económica de um país poder-se-á considerar como resultado da atividade de três setores: o setor público, o setor privado empresarial e o terceiro setor, o setor da economia social, onde se inserem as organizações sem fins lucrativos (OSFL), incluindo as
Instituições particulares de solidariedade social (IPSS) como é o caso da ASAS. As organizações sem fins lucrativos são organizações privadas, não distribuidoras de lucros, auto-governadas e de caráter voluntário. Estão muito próximas das pessoas e são agentes privilegiados no diagnóstico e na resposta aos desafios sociais. As organizações sem fins lucrativos são diferentes das empresas e das instituições públicas. Quer porque não têm como primeiro fim o lucro, quer porque a missão destas organizações é, de facto, um fator distintivo face aos outros setores, porque será uma causa social, ambiental, filantrópica, de defesa de direitos, entre outras. São organizações orientadas para a sociedade e suas necessidades. Que servem e satisfazem necessidades humanas. Para além disso, muitas OSFL dependem da boa vontade das pessoas que se voluntariam e da boa vontade das pessoas e instituições que doam. Ainda, as OSFL são normalmente prestadoras de serviços, com os desafios associados à gestão de serviços, acrescidas das complexidades das problemáticas com que muitas vezes estas se deparam. No nosso País existem 71.885 entidades da economia social, que asseguram 6,1% do Emprego Remunerado, 3% do Valor Acrescentado Bruto e 5,3% das Remunerações e que regista 268.139 pessoas ao serviço (Fonte: Contas Satélite da Economia SocialEdições 2013, 2016 e 2019, INE/CASES)
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Um dos desafios que a economia social enfrenta é principalmente utilizadores, colaboradores e doadores. A aumentar a consciência da sociedade sobre a sua multiplicidade de intervenientes das OSFL é outra existência enquanto setor. Esta quase ausência de característica, senão a maior, que mais as distingue das consciência de “setor” limita a capacidade do próprio empresas com fins lucrativos. setor em dar a conhecer as suas intervenções e a sua relevância, em atrair apoios da comunidade e em Nas organizações da economia social existem assegurar políticas favoráveis ao seu futuro preocupações com garantia da sustentabilidade (do desenvolvimento. serviço, da equipa e financeira) e a procura de uma Assim, coloca-se às entidades da economia social o melhoria contínua dos serviços prestados aos utilizadores. desafio de enveredarem por um Acreditamos que a comunicação caminho de maior e melhor e as tecnologias apoiam as capacidade organizacional, organizações no alcance destas Um dos desafios que a economia melhorar a sua aptidão em prioridades. social enfrenta é aumentar a satisfazer ou influenciar os seus Comunicar, atualmente, não se consciência da sociedade sobre a sua diferentes stakeholders, que são pode dissociar do imenso mundo existência enquanto setor. os diferentes indivíduos ou que as tecnologias de grupos que podem afetar ou ser informação e conhecimento afetados pela intervenção da proporcionam. Deixando, organização, tais como utilizadores/beneficiários, contudo, aqui uma nota da importância da continuidade associados, colaboradores e voluntários, doadores da relação pessoal, de maior proximidade, mais humana individuais ou empresas, entidades parceiras, incluindo o e tão importante na economia social. governo. E a capacidade de uma organização é formada pelas A comunicação é fundamental na gestão das pessoas, competências humanas, pelas suas pessoas, pelos das competências humanas (remuneradas ou voluntárias), recursos materiais ou financeiros, pelas relações que desde logo na formação, área em que se tem cada vez estabelece com o exterior, que devem ser eficazes e por mais de apostar, e na promoção do debate interno das uma atitude de aprendizagem e melhoria contínua. E um questões que as afetam, enriquecendo a informação, desempenho superior só pode ser alcançado se forem facilitando, e sustentando, a tomada de decisão. As dadas respostas, de forma contínua, às expectativas e tecnologias dão um forte contributo, já que a formação necessidades dos seus diferentes stakeholders, pode ser facilitada quando realizada à distância, facilitam
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COMUNICAR É UMA ARTE A ARTE DA RELAÇÃO
o contacto entre pares no seio da organização ou entre organizações. O conhecimento de outras práticas enriquece estes processos de capacitação. Os processos de comunicação permitem também a uma organização dar visibilidade à sua causa, à sua intervenção, através dos quais podem captar voluntários, dotando a organização de mais e/ou diferentes competências humanas. Ao contrário do setor empresarial, as organizações da economia social estão muitas vezes dependentes do trabalho voluntário, que têm motivações, expectativas distintas das dos colaboradores remunerados. Mesmo os colaboradores destas organizações, têm muitas vezes motivações diferentes das dos restantes setores. De registar que em Portugal os colaboradores da economia social, nomeadamente das IPSS, são remunerados de forma inferior aos colaboradores de outros setores, sendo muitas vezes motivados por razões não económicas, como por exemplo a identificação com a causa da sua organização. Por isso, os processos de comunicação interna e externa assumem relevo na gestão das pessoas, porque permitem informar, promover o seu sentido de pertença e, dessa forma, a sua fidelização. Para além de possibilitar a captação de novos colaboradores. As organizações sem fins lucrativos estão quase sempre dependentes de apoio de entidades externas, que são os seus financiadores ou doadores. Sendo importante manter relações de confiança e que as organizações
implementem processos de comunicação promotores da transparência e facilitadores da prestação de contas. As IPSS têm que dedicar muita da sua atenção à sua estrutura de financiamento, procurando alternativas, já que não deve ser de excessiva dependência de uma só fonte de financiamento. Trabalhar de forma proativa, dinâmica e criativa a angariação de fundos é essencial nas organizações sem fins lucrativos. O que nos conduz ao domínio das relações com entidades externas, onde se incluem os financiadores, mas também a comunidade, os parceiros, os organismos públicos, entre outros, com quem as organizações podem estabelecer parcerias ganhadoras com vantagens para todas as partes. As novas tecnologias são uma excelente ferramenta na promoção e desenvolvimento destes processos de colaboração e prospeção. É verdade que são muitas as solicitações de instituições sem fins lucrativos às empresas. Mas também o é que são cada vez mais as empresas a procurar como apoiar instituições sem fins lucrativos. É importante por isso que as entidades da economia social aumentem a informação disponível de que necessitam de apoio, qual o apoio de que necessitam e sobre a sua capacidade para gerir bem os fundos recebidos. Para que os doadores decidam a quem dar. Num contexto em que são cada vez mais as entidades da economia social, menores os apoios do governo, assiste-se a uma maior concorrência por doações, sendo as solicitações em maior número. É importante que as instituições desenvolvam processos
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COMUNICAR É UMA ARTE A ARTE DA RELAÇÃO
estruturados de comunicação, planeados, eficazes. Com eles podem dar visibilidade à sua intervenção, aumentar a sua notoriedade, podendo resultar numa maior satisfação dos seus beneficiários. Se for comunicado que uma OSFL está a cumprir a sua missão, ao satisfazer as necessidades dos seus beneficiários, o reconhecimento desta instituição vai aumentar podendo ter como consequência um aumento de recursos. Por outro lado, os financiadores querem sentir cada vez mais que escolheram bem a causa a apoiar. O que nos conduz à importância da implementação de processos de prestação de contas (accountability) para os quais a comunicação é fundamental. Porque cada vez mais existem preocupações por parte dos financiadores com o fim dado aos recursos que disponibilizam. Aliás a prestação de contas deve ser dirigida a todos os públicos da organização, e não apenas aos doadores. Pode, e deve, ter como destinatários todos os seus stakeholders. A prestação de contas deve ser uma atitude nas organizações, num processo envolvente, numa lógica de responsabilidade partilhada entre as organizações e os seus públicos. Trata-se de estabelecer pontes, da correspondência de expectativas, que prolonguem no tempo as relações de confiança tão vital para a sustentabilidade de uma organização numa comunidade. Por isso as novas tecnologias, as redes sociais, a listagem de contactos a quem se poderá enviar informação periódica, a existência de sites devem
proporcionar informação que comunique a organização de forma esclarecedora. Por isso se pode afirmar que as tecnologias permitem às organizações do terceiro sector alcançarem maior impacto social, seja porque melhoram os processos, crescendo a eficácia e a eficiência, libertando tempo para o processo criativo e gerador de novas ideias, seja porque permite um maior alcance em termos de dimensão e ao nível da diversidade de atividades. Realçando que todo o processo de comunicação tem que ter subjacente princípios da ética, da moral, acompanhados por políticas de proteção de dados e dos direitos dos diferentes públicos, que terão que estar explanados nas políticas de privacidade e códigos de conduta das organizações. Não obstante tudo o que foi referido, não podemos deixar de partilhar que no nosso País as OSFL enfrentam graves obstáculos à implementação de uma estratégia de transição digital, de implementação de planos de comunicação externa ou marketing, porque não possuem nas suas equipas recursos qualificados, os equipamentos necessários, porque se debatem com graves limitações orçamentais, já que esta necessidade não é ainda valorizada seja pelo governo que as tutelam, por muitas dos dirigentes dessas organizações e também por muitos dos financiadores. • POR GILDA TORRÃO (DIRETORA GERAL DA ASAS)
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ONDE TUDO COMEÇA E ACABA NA HUMANIZAÇÃO DAS NOSSAS ORGANIZAÇÕES
Neste artigo pretendo aprofundar temas que todos os dias Por outro lado, a minha curiosidade venceu sempre os me pedem para abordar nos meus cursos e/ou palestras, meus maiores receios perante o desconhecido e o tópicos pelos quais tenho um apreço muito especial, oposto. Nesta minha ânsia de descobrir mais sobre as ciente que podem fazer a diferença na qualidade de vida pessoas que me rodeavam, aprendi a apreciar as das pessoas e das organizações, já que estas são diferenças e a desenvolver um profundo respeito por construídas pelas mesmas. todas as pessoas que se cruzaram na minha vida. Desta Todos os dias, o número de emigrantes no nosso país forma, partilho com vocês a minha receita para superar aumenta e, com a chegada destas pessoas começam os qualquer barreira à comunicação nas vossas vidas problemas de comunicação, sendo a primeira barreira a pessoais ou profissionais, pratiquem o RESPEITO pelo língua em muitos casos. Observamos os filhos destes outro e pelas suas diferenças. emigrantes a integrar as nossas Quando entrei na escola, escolas e, pela facilidade de recordo-me que estava muito (...) a minha receita para superar aprendizagem, associada à entusiasmada por aprender a qualquer barreira à comunicação nas idade e, pela convivência diária ler e escrever, via a minha irmã vossas vidas pessoais ou profissionais, com o idioma superam mais velha a ler livros e facilmente esta dificuldade, sonhava com aquela pratiquem o RESPEITO pelo outro (...) contudo para os adultos, esta habilidade. Infelizmente nos compreensão do nosso primeiros meses da minha português é muito difícil. Qual será a razão? entrada neste novo mundo fui diagnosticada com As explicações são muitas e variadas, mas irei focar-me dislexia, ficando retida logo no primeiro ano da escola numa única dimensão deste problema e, na minha primária. O estigma da criança “burra” acompanhou-me opinião, a maior barreira à comunicação de todos os durante muitos anos, lutando sozinha para superar os tempos. Estou a falar do preconceito e julgamento, padrões que a escola tradicional nos obriga, obter as sustentado pelo medo do desconhecido. melhores notas para ser alguém neste mundo. Não tenho nenhuma memória de algum amigo de turma me ajudar a Nos meus 50 anos de existência, tive a oportunidade, superar as minhas dificuldades de aprendizagens. As e a sorte, de viver em muitos países e conviver com únicas pessoas disponíveis eram os professores e os muitas culturas diferentes, tendo construído uma educadores de ensino especial, onde a escola falhou? plena consciência que me tornei uma pessoa muito Qual a competência fundamental que nunca aprendi e mais sábia no convívio com tantas pessoas diferentes. nenhuma criança tem oportunidade de desenvolver?
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ONDE TUDO COMEÇA E ACABA NA HUMANIZAÇÃO DAS NOSSAS ORGANIZAÇÕES
A minha reposta é simples: ao entrar na escola, as crianças deveriam aprender algumas competências comportamentais que irão precisar ao longo da sua vida profissional e pessoal, como por exemplo, a comunicação interpessoal, a empatia, o trabalho em equipa e tantas outras competências que deveriam contribuir para o seu desenvolvimento pessoal enquanto ser humano. Mas aquilo que observamos é que estas matérias não fazem parte do currículo académico. Quando falamos, por exemplo, de trabalho em equipa e observamos as nossas crianças numa sala de aula, tomamos consciência que a única competência que desenvolvemos neste sistema educativo é saber bater a oposição através de um sistema de pauta, onde o prémio pela melhor nota individual é o único caminho para o sucesso. Em adulto, quando entramos no mundo do trabalho, ouvimos as nossas lideranças “pregar” algo totalmente diferente, “precisamos de trabalhar para a meta comum”, o contributo individual é o menos relevante, mas sim a soma de todos os contributos é o caminho para o sucesso.
currículos académicos, é a empatia. Mas afinal o que é a empatia? A literatura fala na capacidade de se colocar no lugar do outro, para entender os seus sentimentos, as suas emoções, os seus pensamentos e a sua perspetiva. Esta capacidade empática implica conseguirmos escutar o outro sem julgamentos. Temos de aprender a deixar de falar de nós e passar a ouvir o outro, é aqui que começa a conexão interpessoal e genuína com os outros. Tenho de me anular para estar conetado com o outro, sendo esta a habilidade que deve ser desenvolvida ao longo da nossa vida, que deve ser trabalhada logo no pré-escolar com atividades que promovam o reconhecimento e entendimento dos sentimentos e o respeito pelas emoções dos outros. Acredito sinceramente que a prática e o incentivo para desenvolvermos o nosso poder empático na escola é uma forma de prevenir a exclusão e agressividade nos jovens, do qual é exemplo o bullying, pois os alunos tornam-se mais próximos e deixam de entender as diferenças como algo ameaçador e negativo, mas sim algo complementar.
Mas afinal em que ficamos? Qual o caminho certo? Não precisamos de grandes estudos científicos para termos a certeza que a soma de todas as nossas competências, alinhadas e afinadas, podem-nos levar para patamares de excelência que o trabalho individual nunca será capaz de alcançar. Então, do que estamos à espera para rever o nosso sistema de ensino? Outra competência que deveria ser ensinada nos bancos da escola, mas passa muito longe dos
Termino o meu artigo com uma reflexão: o desenvolvimento das competências comportamentais que acabei de abordar, e todas aquelas que faltam abordar serão o segredo para entender melhor o outro, conseguir colocar-me no lugar do outro, conseguir chegar ao outro. Afinal todos temos uma competência estrutural pronta para desenvolvermos estas capacidades: somos todos HUMANOS. • POR FÁTIMA FLORES (CONSULTORA E FORMADORA)
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ENVELHECER ATIVAMENTE PRÉMIO BPI FUNDAÇÃO “LA CAIXA”
Ação Social e Comunidade
A Misericórdia de Santo Tirso foi este ano uma das instituições premidas pela 9ª edição do Prémio BPI Seniores 2021, financiado pelo Banco BPI e a Fundação “la Caixa”. O Prémio BPI Sénior tem como objetivo privilegiar projetos que promovam a autonomia pessoal e bem-estar da população com mais de 65 anos, este ano 2021 com especial enfoque no impacto da pandemia da COVID 19 no seu quotidiano, na mobilidade física e na saúde mental. “O confinamento e o distanciamento social exigidos para reduzir a taxa de contágio vieram aumentar as dificuldades das pessoas mais velhas em aspetos chave, como a atividade física, a acessibilidade digital e as relações sociais o que implicou um agravamento das situações de fragilidade, de doença e dependência.” Um estudo (2021) da Universidade Católica e da Confederação Nacional das Instituições Particulares de Solidariedade Social (IPSS) revela que os/as idosos/as, entre os quais os/as utentes das IPSS, foram o grupo mais afetado ao nível do impacto da pandemia COVID-19, pelo isolamento a que estiveram sujeitos. Os resultados salientam consequências ao nível psicológico: solidão, perdas relacionais e de socialização, desgaste, stress/ /ansiedade tristeza e medo e consequências ao nível da condição física associadas ao agravamento da doença mental ou cognitivas preexistentes, regressão da capacidade locomotora e agravamento do estado geral de saúde.
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ENVELHECER ATIVAMENTE PRÉMIO BPI FUNDAÇÃO “LA CAIXA”
No que concerne ao fomento da população idosa no envolvimento comunitário prevenindo situações e isolamento e privilegiando a inclusão social, destacamos um dos objetivos prioritários da Organização Mundial de Saúde (OMS) 2021: combate ao idadismo através da interação idoso/jovens em diferentes contextos. Em concordância com o priorizado pela OMS, durante a execução do projeto estão previstas ações que permitam fomentar redes relacionais com jovens e comunidade pela prática do desporto. O projeto Envelhecer Ativamente será desenvolvido com os/as utentes do Lar José Luiz d’ Andrade, e visa a mitigação dos efeitos da pandemia nos/as idosos/ /as institucionalizados/as, através de ações que promovam o envelhecimento ativo saudável. Com base no diagnóstico de necessidades efetuado previamente, desenhamos atividades com ações prioritárias dos domínios: incentivo à prática de atividade física e fomento das redes relacionais. Assim, Envelhecer Ativamente no Lar José Luiz d’Andrade irá contemplar as seguintes atividades: ATIVAMENTE SAUDÁVEL: • Rotinas diárias de atividade física adaptadas às características funcionais dos vários utentes, através do uso de equipamento específico de reabilitação e reforço físico;
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Treino e jogos de Boccia, em sala de atividades e nos jardins da instituição; Rentabilização do Jardim Geriátrico com atividades de ativação e reabilitação (força muscular, equilíbrio e coordenação).
COMBATE AO IDADISMO: ações comunitárias e de voluntariado, com o envolvimento de jovens da área do desporto, para prática da modalidade com os/as idosos/as e participação em torneios de Boccia locais e regionais. Durante um ano, com o apoio dos Prémios BPI Fundação “la Caixa”, prevemos uma melhoria da qualidade de vida, dos níveis de bem estar e satisfação e da condição de saúde dos/ /as utentes da Misericórdia de Santo Tirso.• POR SOFIA MOITA (COORDENADORA DO LAR JOSÉ LUIZ D’ANDRADE)
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CENTRO DE EMERGÊNCIA IRIS NÚMEROS QUE DIZEM O PROJETO
Enquanto houver uma mulher vítima de violência doméstica não vai ficar tudo bem. Assim se enunciou mais uma campanha da Comissão para a Igualdade de Género e da Secretaria de Estado para a Cidadania e a Igualdade, no passado dia 25 de novembro, pelo Dia Internacional pela Eliminação da Violência contra as Mulheres. Numa clara alusão à situação pandémica, partindo do slogan e da imagem que neste período difícil configurou a esperança, esta campanha devolve-nos um arco-íris que carrega também as preocupações relativas ao fenómeno da violência doméstica e ao risco de escalada das situações de violência neste contexto particular de pandemia. Em Portugal, em 2021, foram mortas 14 mulheres em contexto de violência doméstica. Números que continuam a mobilizar o trabalho neste domínio da prevenção e da eliminação da violência contra as mulheres e fundamentam a necessidade de uma aposta contínua na Rede Nacional de Apoio às Vítimas de Violência Doméstica (RNAVVD) e na capacitação das estruturas que a integram. Norteada por este mesmo propósito e para a proteção das vítimas, a Casa Abrigo D. Maria Magalhães, propriedade da Misericórdia de Santo Tirso, tem vindo a garantir duas respostas de acolhimento temporário para mulheres e crianças, uma das quais destinada a situações de emergência. Neste âmbito importa destacar a atividade do Centro de Emergência Iris. Financiado pelo Programa Operacional Inclusão Social e Emprego, e em funcionamento por 32 meses, entre 01 de janeiro de 2019 e 31 de agosto de 2021,
este projeto permitiu o acolhimento de emergência e o acompanhamento multidisciplinar de 168 mulheres vítimas de violência doméstica e seus filhos/as a cargo. Para lá das narrativas das vítimas e das suas histórias de vitimação que tanto nos dizem sobre o problema da violência doméstica, também os números retratam sumariamente o fenómeno e o projeto. Centremo-nos neles. Estes foram alguns dos números que marcaram o Centro de Emergência Iris durante o seu período de funcionamento: • 97 mulheres acolhidas, entre os 18 e os 70 anos de idade (média de idades: 40 anos); • 71 crianças/jovens acolhidas/os, entre os 0 e os 23 anos de idade (média de idades: 7 anos); • 84% das vítimas apresentavam nacionalidade portuguesa, oriundas, na sua maioria, do norte e centro do país; • 64% das mesmas eram residente no distrito do Porto, mas apenas 3% do concelho de Santo Tirso; • Em todos os casos o agressor era do sexo masculino, estabelecendo com a vítima uma relação de intimidade atual (90% dos casos o agressor era o cônjuge, companheiro ou namorado) ou passada (8% eram ex-parceiros); • A esmagadora maioria das vítimas apresentava-se em situação de grande fragilidade económica, sendo que 68% se encontrava em situação de desemprego e na dependência do agressor; • 22% das vítimas foram encaminhadas por estruturas de atendimento a vítimas de violência doméstica, mas maioritariamente pelos serviços competentes da
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Ação Social e Comunidade
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Segurança Social (71%). Neste contexto, cabe referir que a Linha Nacional de Emergência Social (LNES) foi responsável pelo encaminhamento de 65% dos casos; No que respeita ao período de acolhimento, o tempo médio de permanência foi de 56 dias, tendo-se registado acolhimentos com o tempo mínimo de 1 dia e um acolhimento com o tempo máximo de 134 dias; Após o período de acolhimento, 44% recorreu à rede informal de apoio, 25% integrou Casa Abrigo, 13% das mulheres regressou a casa e à relação abusiva e 12%
recorreram a outras soluções (integração em outras respostas sociais ou de saúde, regresso ao país de origem, etc). Importa porém sublinhar que os números apresentados resumem e diluem profundas assimetrias que muito dizem do contexto pandémico que assolou o país e, por conseguinte, do apoio às vítimas de violência doméstica. Não transparecem as diferenças, dificuldades e particularidades registadas a partir de Março de 2020 e em relação direta com a pandemia por
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CENTRO DE EMERGÊNCIA IRIS NÚMEROS QUE DIZEM O PROJETO
COVID-19. De facto, a pandemia trouxe dificuldades maiores à execução física deste projeto, sendo de referir global e resumidamente: 1) a redução drástica dos pedidos de encaminhamento possivelmente associados à menor capacidade das vítimas de violência doméstica para denunciar e pedir ajuda; 2) o aumento de tempo de permanência das mulheres e famílias nesta estrutura de acolhimento (com menor rotatividade de vagas e inviabilizando novos acolhimentos); 3) a necessidade de adotar novos procedimentos na admissão de novos utentes, cumprindo com as orientações da DGS e de acordo com o Plano de Contingência da Instituição com redução do número de vagas efetivas e atraso no acolhimento de novos casos. Assim, e se em 2019 se registaram 104 acolhimentos, nos anos subsequentes verificou-se uma queda abrupta desse número. Contrariando a história deste Centro e os números registados nos anos anteriores, em 2020 e 2021 o número de acolhimentos não ultrapassou as 32 integrações (64 no total dos dois anos). Não obstante estas dificuldades, o projeto foi concluído no passado mês de Agosto com uma taxa de execução de 105%. No sentido de dar continuidade a esta resposta de acolhimento de emergência, em Outubro passado, a Misericórdia de Santo Tirso submeteu nova candidatura ao Programa Operacional Inclusão Social e Emprego, tendo recebido recentemente confirmação da sua aprovação. O Centro de Emergência Iris
poderá assim prolongar esta intervenção de primeira linha por mais 16 meses e até 31 de dezembro de 2022. Rumo à igualdade, continuando a garantir o acolhimento temporário de vítimas de violência doméstica, proporcionando as condições necessárias à segurança e bem-estar físico e emocional das mesmas e promovendo o seu acompanhamento multidisciplinar numa perspetiva de capacitação e empoderamento. Enquanto houver uma mulher vítima de violência doméstica não vai ficar tudo bem. Trabalharemos por e para ela(s).• POR MARIA JOÃO FERNANDES (COORDENADORA CASA ABRIGO D. MARIA MAGALHÃES)
Ganha coragem e pede ajuda!
Pede ajuda!
Denuncia!
Tem muita força, não desistas e não penses que a culpa é
Não tenhas medo.
tua.
Ao início parece difícil, mas foi a escolha mais acertada que eu fiz.
Lembra-te do teu amor-próprio e do amor pelos teus filhos.
Ele vai-te pedir sempre desculpa, dizer que vai mudar, mas não
Não nasceste para passar por isto.
acredites. Ele não vai mudar e as coisas vão piorar cada vez mais! Coloca a tua segurança e a dos teus filhos em primeiro lugar!
Pede ajuda!
Foge enquanto podes!
A culpa não é tua!
Pede ajuda a quem deves!
Tem coragem!
Leva contigo o que consegues!
Contacta a linha 144. Não desistas! Tem força! Pensa que não és a única a passar pelo mesmo.
Ganha força e toma uma atitude! Contacta a APAV!
Quem constrói a vida uma vez, consegue construir a segunda!
DIA INTERNACIONAL DA VIOLÊNCIA CONTRA AS MULHERES APELO À MUDANÇA E SUPERAÇÃO PELAS MULHERES DA CASA ABRIGO
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Ação Social e Comunidade
#42
COMUNICAR ATRAVÉS DOS CUIDADORES INFORMAIS
No âmbito do dia do cuidador informal (05.11), o Serviço de Apoio Domiciliário, desafiou os seus familiares e clientes a comunicar com o Serviço de Apoio Domiciliário da Misericórdia, partilhando o que sentem em serem Cuidadores. A palavra CUIDAdor, apresenta dupla conotação, visto que quem CUIDA é obrigado muitas vezes a prescindir da sua vida para cuidar do outro, no entanto fazem-no por “dedicação” e por “amor”. Partilho convosco o desafio em imagens.• POR ANDREIA MACEDO (COORDENADORA SERVIÇO DE APOIO DOMICILIÁRIO)
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Ação Social e Comunidade
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Ação Social e Comunidade
#42
COMUNICAR NA DEMÊNCIA
O declínio da comunicação é uma manifestação inevitável da demência, pelo que o comprometimento da comunicação não só acarreta repercussões negativas para o próprio, designadamente ao nível da autoexpressão de necessidade e pensamentos, interação social e bem-estar emocional, mas também para o seu cuidador, que se confronta com maiores níveis de sobrecarga e menor qualidade de vida. Perder a capacidade de comunicar pode ser um dos problemas mais frustrantes e difíceis para as pessoas com demência, bem como para as famílias e cuidadores. À medida que a doença progride, a pessoa com demência experiencia uma perda gradual da sua capacidade de comunicar, sentindo dificuldades cada vez maiores para se expressar com clareza e compreender aquilo que os outros dizem. Cada pessoa com demência é única e as dificuldades na comunicação dos pensamentos e sentimentos podem variar de pessoa para pessoa e podem originar barreiras comunicacionais – na resposta aos estímulos, na compreensão da informação que se recebe e na capacidade de se fazer entender. Contudo, a comunicação é fundamental na prestação de cuidados centrados na pessoa com demência, daí a necessidade de aprendermos a comunicar com elas e tirar partido de competências que se vão mantendo relativamente preservadas – atenção, linguagem, postura corporal e expressão emocional.
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Ação Social e Comunidade
Medidas simples para comunicar com pessoas com demência:
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Atenção • Assegure-se que tem a atenção da pessoa a quem se dirige; • Limite as distrações e o barulho; • Identifique-se pelo seu nome e refira quem é (por exemplo: sou a sua filha, sou o seu enfermeiro, etc.); • Tente manter o contacto visual; • Tenha em atenção défices auditivos ou de visão; • Simplifique as atividades; • Peça uma tarefa simples de cada vez; • Tente passar a decisão para o doente, ainda que lhe dê escolhas limitadas (sempre que possível); • Direcione a sua atenção para outro assunto e volte a tentar mais tarde quando a tentativa de comunicação perturbar o doente.
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Linguagem e Postura Corporal • Fale pausadamente; • Faça frases curtas; • Utilize um tom de voz apropriado, associado a expressões faciais e a linguagem corporal que ajudem a entender a sua mensagem; • Use palavras simples, bem pronunciadas e espaçadas; • Tente formular as questões de modo a que a resposta seja simples ou dê 2 opções de resposta para escolher 1 (por exemplo, quer vestir a blusa verde ou a blusa azul?);
Estimule as respostas usando pistas verbais e visuais (por exemplo, imagens, objetos ou mensagens escritas); Utilize gestos e expressões faciais para se fazer entender; apontar ou demonstrar pode ser uma ajuda;
Afeto • Trate o doente com respeito; • Seja simpático e afetuoso; • Se é familiar ou amigo do doente, trate-o da forma como sempre fez; • Se não é familiar ou amigo do doente, trate-o da forma como ele estava habituado. Nessas circunstâncias: não use o nome próprio, a não ser que este seja o único reconhecido pelo doente; • Dirija-se e fale com o doente de acordo com o seu grau de proximidade e relacionamento; • Adeque o contacto físico ao seu tipo de relacionamento com o doente, pois este pode ser interpretado de forma muito variável. • Tocar e segurar a mão da pessoa pode ajudar a manter a sua atenção e mostrar que se preocupa com ela. Um sorriso caloroso e uma gargalhada partilhada podem, frequentemente, comunicar mais do que as palavras.
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Ação Social e Comunidade
#42
COMUNICAR NA DEMÊNCIA
As pessoas com demência, mesmo quando não conseguem compreender o que está a ser dito, conservam os seus sentimentos e emoções e, por isso, é importante manter sempre a sua dignidade e autoestima.
correspondentes; “canções da minha vida”; “troca de segredos” – expressão de tensões e emoções; manipulação de jogos e puzzles; trava-línguas; rimas, etc.
Nesta fase de isolamento social que estamos a viver, O desequilíbrio do sistema comunicacional pode parece-nos de particular importância compreender como provocar desarmonia no indivíduo e vice-versa. Sendo a é que a comunicação com pessoas portadoras de esfera social um sistema de relações contínuas e demência surge como uma ferramenta relevante, capaz interligadas, está sujeita a apreciações e influências em de se ajustar de forma todo o processo adaptativa a uma realidade comunicativo. • As pessoas com demência, mesmo quando não que exige tanto em termos conseguem compreender o que está a ser dito, POR SUSANA MOURA E MANUELA físicos, mentais, emocionais CARNEIRO (EQUIPA TÉCNICA DO CENTRO e relacionais. conservam os seus sentimentos e emoções e, DE DIA) As funções executivas por isso, é importante manter sempre a sua parecem constituir as mais dignidade e autoestima. complexas do cérebro humano, sendo responsáveis pela coordenação de todas as restantes funções cognitivas. Paralelamente, a função comunicativa apresenta-se como um excelente veículo de transmissão de sentimentos como amor, valorização, vínculo, conforto, inclusão e segurança, entre outros. Em Centro de Dia pretendemos explorar o tema em questão, através de dinâmicas promotoras de descontracção e bem-estar, que vamos realizando: construção de frases, vocalizações, gestos; associação de sons e palavras/símbolos às imagens
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Ação Social e Comunidade
SHARING IS CARING
“When we share something with someone else it is equal to caring - we show care and our interest by sharing.” É uma expressão em inglês que define bem o que acreditamos e é em bom português que vos contamos que sem dúvida nenhuma, contar as histórias das nossas missões, divulgando-as de forma eficaz potencia o trabalho de todos e ajuda-nos a cuidar ainda melhor das pessoas. É urgente haver um maior reconhecimento comunitário/social do trabalho incrível que se faz no nosso setor e comunicarmos é o primeiro passo para que isso aconteça. Vamos elevar as causas sociais através da magia de comunicar digitalmente? A comunicação digital está presente no nosso quotidiano e é hoje um desafio para o setor social, tornando-se um veículo imprescindível para chegar às pessoas e concretizar a missão de cada instituição através da ligação à comunidade. Quase todas as ferramentas são grátis e estão ao alcance de todos. Delinear uma estratégia de comunicação para que as entidades do terceiro setor encontrem a sua personalidade e a sua voz, chamando e envolvendo as comunidades para as suas causas, missões e valores é cada vez mais o desafio a cumprir. Os resultados são evidentes: comunicar traz-nos transparência, motivações e compromisso das organizações e profissionais; contacto e envolvimento dos stakeholders; apoios da sociedade; uma melhor reputação da organização; uma sociedade mais informada e consciente.
Comunicar é ligarmo-nos a todos e um desafio cada vez mais assumido por muitas instituições com exemplos concretos de sucesso que nos devem inspirar a todos. O nosso workshop “Sharing is Caring | Como potenciar a comunicação no setor social”, que a Interage promove há 2 anos já passou por quase uma centena de instituições, são abordadas estratégias e ferramentas essenciais para a comunicação digital e tem sido fantástico perceber como de facto, comunicar tem ajudado tantas missões a serem concretizadas e tornado tantas pessoas, ainda mais felizes. Querem potenciar a vossa comunicação connosco? • POR ÂNGELO VALENTE, SOFIA NUNES E SHY (INTERAGE)
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Ação Social e Comunidade
#42
OS DESAFIOS DA COMUNICAÇÃO VIRTUAL
Indiscutível e transversal a todas as épocas e povos é a necessidade do ser humano para se relacionar e estabelecer comunicação com o outro. Ao longo da história e do desenvolvimento das espécies, fomos desenvolvendo novas formas e padrões comunicacionais. Desde as formas mais rudimentares de comunicação que remontam à época pré-histórica, em que os humanos comunicavam através de grunhidos, gestos e traços básicos, à atualidade onde comunicamos através de sistemas de comunicação tecnológicos altamente sofisticados.
Não estaremos nós cada vez mais sozinhos? Será que não estamos a criar um falso conceito de partilha, de abertura ao mundo, quando, cada vez mais negligenciamos as relações de proximidade? Faz acreditar que quanto mais elaboradas são as tecnologias da comunicação, menos comunicamos e menos partilhamos no sentido pleno do conceito.
Recentemente a crise provocada pela Covid-19 ensinou-nos algo, podemos fazer quase tudo à distância, trabalhar, ensinar, aprender, comprar, dar carinho, A tecnologia permite-nos hoje dar atenção, confraternizar, mas… As redes sociais banalizaram conceitos ultrapassar muitos obstáculos à não é a mesma coisa, faltou-nos o como ‘amigo’ e ‘seguidor’. Mas, posso eu comunicação, nomeadamente os essencial: o contacto humano, a que se relacionam com a distância afetividade das relações ser ‘amiga’ ou ‘seguir’ alguém que não e com a velocidade. Posso presenciais, o toque, o abraço. conheço? comunicar com qualquer pessoa Por outro lado, a comunicação que esteja em qualquer parte do virtual trouxe-nos outros desafios. planeta, ou mesmo fora dele, e em tempo real, o que traz No mundo virtual eu posso ser o que escolher ou, o que eu muitas vantagens ao processo, seja no domínio pessoal ou no gostaria de ser ou mesmo o que eu acho que os outros setor empresarial. gostariam que eu fosse. A desejabilidade social determina muitas vezes o comportamento nas redes sociais o que pode Indiscutíveis as vantagens destes meios que revolucionaram os retirar autenticidade ao processo de comunicação gerando processos de comunicação em todos as áreas, mas não inseguranças e desconfianças que certamente prejudicam as estaremos nós a descurar alguns elementos fundamentais do nossas interações. processo de comunicação? O contacto ocular, a expressão As redes sociais banalizaram conceitos como ‘amigo’ e facial, o toque, os afetos e até mesmo os silêncios enriquecem, ‘seguidor’. Mas, posso eu ser ‘amiga’ ou ‘seguir’ alguém que completam e validam a linguagem verbal. Diz o ditado que os não conheço? Será coerente partilhar informações pessoais e olhos são o espelho da alma, não estaremos nós a retirar participar na vida de alguém com quem eu não interajo, alma ao processo comunicacional? mesmo que me encontre presencialmente?
Da necessidade de preservar o nosso espaço pessoal passaram, alguns de nós, à compulsão para divulgar e “partilhar” tudo o que nos acontece: o bom, o mau e o desnecessário. A acrescentar a estes, outro desafio, o da exclusão daqueles que não dominam as tecnologias e que não gerem a sua vida em torno do seu smartphone ou PC que, neste momento correm um sério risco de serem acusados de personalidade anti-social. Mas, como não devo terminar este artigo sem uma pincelada de otimismo, fica a minha modesta recomendação: considero que devemos usar todos os recursos tecnológicos ao dispor, mas sem restringir a comunicação a isto, porque a comunicação envolve muito mais do que uma troca/partilha de informação e, sobretudo, devemos ensinar as nossas crianças de que a vida não gira à volta de meia dúzia de ecrãs. • POR CARLA CABRAL (PSICÓLOGA DA ISCMST)
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Ação Educacional
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O IMPACTO DA PANDEMIA NO DESENVOLVIMENTO DA COMUNICAÇÃO, LINGUAGEM E FALA DAS CRIANÇAS
O mundo tal como o conhecíamos mudou por causa da demasiadas horas, a jogos e vídeos brasileiros de conteúdo Covid-19 e, desde março de 2020, que nós portugueses infantil. É enriquecedor os mais pequenos conhecerem e passamos a ter de nos adaptar a uma nova realidade. Para diferenciarem as variantes e regionalismos da Língua combater a pandemia foram implementadas medidas de Portuguesa, todavia não é expectável que usem no seu confinamento, onde creches e escolas tiveram de encerrar, dia-a-dia de forma consistente termos como “banheiro”, existindo a necessidade de recorrer às aulas online. Muitos dos “policial”, “geladeira”, “ônibus”, “marrom”, entre outros. Esta pais também foram obrigados a adotar um regime de situação está a comprometer o desenvolvimento da linguagem teletrabalho. Os telemóveis, tablets e computadores passaram a das crianças até porque a construção frásica nas duas ser os melhores amigos das variantes do Português é famílias e, se por um lado, bastante diferente. Se não for permitiram continuar com as alvo de intervenção, a longo A máscara utilizada pelos adultos deixa obrigações escolares e laborais, prazo, falar “abrasileirado” visível apenas os olhos e restringe por outro aumentaram poderá conduzir a dificuldades importantes sinais visuais (...) exponencialmente o tempo de de leitura e escrita, ou seja, em exposição aos ecrãs. É associar o grafema (letra) ao comprometendo a eficácia da comunicação perfeitamente compreensível respetivo fonema (som) e vicee a perceção da fala. que com as crianças em casa e -versa. No entanto, é perante todos os afazeres imprescindível consciencializar profissionais, os pais tivessem de as entreter, de forma passiva os pais para esta situação e orientá-los no sentido de e solitária, durante um bom período de tempo, recorrendo estabelecerem regras, restringirem certos conteúdos e para isso aos aparelhos eletrónicos. Este tempo de exposição diminuírem ao tempo que as crianças passam sozinhas em aos ecrãs teve um aumento drástico e só agora estão a vir ao frente a um ecrã. de cima as suas consequências. Em consulta tenho verificado o aumento de casos de crianças Como Terapeuta da Fala, venho-me a deparar na minha com atrasos na aquisição de competências comunicativas e prática clínica com diversos casos, sobretudo com crianças linguísticas, com impacto direto nas competências de em idade pré-escolar, com total ausência do Português socialização e interação, sendo cada vez mais frequentes em Europeu. Algo que estamos a assistir é o vocabulário e o idades mais precoces. Muitas dessas crianças têm sérias sotaque do Português do Brasil estar cada vez mais dificuldades em se relacionarem com o outro, respeitarem presente nas nossas crianças, por estas estarem expostas, regras, em estabelecerem o contacto ocular, em manter a
atenção ou uma conversa, associando-se ainda uma baixa tolerância à frustração. De acordo com vários estudos, apenas 7% da informação é dita oralmente e 93% da comunicação depende de aspetos não-verbais (expressões faciais, gestos, movimentos corporais, entoação, distância física, entre outros). Ora, com o intuito de combater a propagação do coronavírus, o distanciamento social e o uso de máscaras faciais fazem com que se perca uma grande parte da informação não-verbal muitíssimo importante para o processo comunicativo. A máscara utilizada pelos adultos (pais, educadores, professores, terapeutas, etc.) deixa visível apenas os olhos e restringe importantes sinais visuais além de alterar as propriedades acústicas da fala, comprometendo a eficácia da comunicação e a perceção da fala. Deste modo, não permite à criança observar e replicar os movimentos orofaciais necessários para a correta produção dos sons da fala e “esconde” as expressões faciais associadas às emoções, como o sorriso, que ajudam a integrar o que ela ouve. Se pensarmos em crianças mais pequenas, em que muitas apresentam otites recorrentes e é frequente existir alguma alteração auditiva, com o uso de máscaras, a interpretação da mensagem transmitida pelo adulto ainda fica mais comprometida. Desta forma, compreende-se que o desenvolvimento da comunicação, linguagem e fala poderá ficar afetado com a utilização de máscaras. Em crianças nos primeiros anos de escolaridade, a aprendizagem da leitura e da escrita também poderá ser influenciada negativamente, pois
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Ação Educacional
#42
O IMPACTO DA PANDEMIA NO DESENVOLVIMENTO DA COMUNICAÇÃO, LINGUAGEM E FALA DAS CRIANÇAS
ao não conseguirem fazer a leitura labial, torna-se mais difícil a conversão fonema-grafema, logo poderão surgir diversos erros ortográficos. Neste sentido, torna-se necessário os adultos, nomeadamente os pais/cuidadores, adotarem algumas estratégias que potenciem a comunicação e estimulem o desenvolvimento da linguagem nas crianças, entre as quais: • Reduzir o ruído ambiente ao máximo possível; • Posicionar-se de frente para a criança, para facilitar o contacto ocular; • Falar devagar, com um discurso simples mas sem infantilizar (Ex: “popó”, “miau”); • Durante as rotinas diárias e brincadeiras, narrar o que a criança está a fazer; • Deixar a criança iniciar e finalizar uma conversa; • Fazer perguntas simples e pausas para que a criança possa responder, evitando falar na vez dela; • Reforçar positivamente as interações da criança (Ex: “Boa!”, “Muito bem!”); • Reformular e expandir os enunciados da criança (Ex: Se a criança disser “É um policial”, o adulto poderá responder “É um polícia. Ele prende os ladrões”. Desta forma corrige-se pela positiva e acrescenta-se mais informação); • Fazer perguntas abertas (Ex: “O que fizeste hoje?”, “E depois o que aconteceu?”, “Porquê?”), de forma a pedir mais informação à criança; • Recorrer a palavras novas, à partida desconhecidas para a criança, explicando-lhe o seu significado (através de exemplos, imagens);
• •
Utilizar histórias, canções, rimas e lengalengas para expandir o vocabulário da criança; E, sobretudo, BRINCAR! É importante variar os brinquedos e atividades das crianças para despertar nelas o fascínio por novas descobertas, a criatividade, a resolução de problemas, proporcionar-lhes o manuseamento de diferentes objetos e, assim, aprender.
Em caso de suspeita de alguma perturbação no desenvolvimento comunicativo de uma criança, deverá ser consultado um Terapeuta da Fala que ajudará a compreender o que faz parte de um desenvolvimento dito normal e o que realmente necessita de uma intervenção profissional. • POR VANESSA SILVA (TERAPEUTA DA FALA DA UNIDADE DE FISIATRIA)
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ENFERMAGEM ARTE DE ESCUTAR O UTENTE
Comunicar faz parte da “arte” de SER ENFERMEIRO. A maior parte de nós, pensa que comunicar é só falar/exprimir palavras, mas é muito, mas muito mais do que isso! Esta comunicação pode ser através do toque, do olhar, de um sorriso, de um abraço, de uma lágrima sincera… Escutar o utente também faz parte desta comunicação!
Saúde
a falta do tal abraço, começamos a comunicar mais com o olhar. Ficamos a perceber, que muitas vezes, um simples olhar diz tudo, ou quase tudo, pois o rosto escondido atrás da máscara não demonstra a nossa expressão facial (que também é uma forma de comunicar). Já diz o ditado: “Um gesto vale mais do que mil palavras”. Melhor do que qualquer tratamento ou medicamento, é sem dúvida, COMUNICAR!
Quantas e quantas vezes é que o utente está à espera do nosso sorriso, por vezes como forma de “aprovação”, de algo Esperam pelo nosso olhar reconfortante, que está a acontecer de bom na sua recuperação? para acalmar a dor, a alma… e assim Esperam pelo nosso olhar confirmam que não estão sozinhos na reconfortante, para acalmar a dor, a sua luta. alma… e assim confirmam que não estão sozinhos na sua luta.
Isto é só um resumo “de meia dúzia de palavras” sobre as diferentes formas de comunicar, para um Enfermeiro (este tema daria uma livro). • POR JOANA ANDRADE (ENFERMEIRA NA UNIDADE DE MÉDIA DURAÇÃO E REABILITAÇÃO)
E aquela mão que transmite segurança? Quando estão frias, causam um despertar no utente (não de amargura), dizem logo: “Mãos frias, coração quente…”, e o resto já sabem… Nós, Enfermeiros, também brincamos muito ao “faz de conta”, fazemos de conta que somos a amiga, ou a tia, etc, e envolvemo-nos nas histórias que os utentes, desorientados, “inventam”, mas para eles aquilo é tudo verdade. Esta é a melhor forma de comunicarem connosco. Podemos estar horas e horas a falar de um assunto, que muitas vezes, nem “ao diabo lembra”! Eles ficam felizes e nós também. E aquele abraço, não há nada melhor do que aquele abraço! Sabemos que muitos de nós nesta pandemia sentimos
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Saúde
#42
COMUNICAR NA SAÚDE
A comunicação faz parte do ser humano desde o seu primeiro minuto de vida e permanece até ao seu último suspiro. É possível comunicar de diversas formas, seja através da comunicação verbal ou da comunicação não verbal, como exemplo temos as expressões faciais ou da linguagem gestual. O toque, o silêncio, o olhar e a própria postura são formas de comunicar, que devem ser interpretadas e valorizadas. A comunicação em saúde é uma ferramenta fundamental para que se possa atingir o bem-estar e a qualidade de vida dos utentes. Esta é uma ferramenta-chave para prevenir a doença e promover a saúde. Podemos considerar que os principais objetivos da comunicação em saúde são sensibilizar a população para possíveis ameaças, promover a adoção de comportamentos protetores, utilizar os recursos de forma adequada e responsável e tomar decisões informadas. Para que o utente adira ao plano de cuidados proposto pela equipa multidisciplinar, é necessário existir uma comunicação eficaz, em que o próprio compreende os objetivos a atingir e o seu potencial de reabilitação. A comunicação surge como principal aliada da estimulação e adesão e, se eficaz, obtêm-se resultados positivos e significantes na reabilitação do utente. Desde muito cedo, surgiram teorias e estudos que mencionam a importância da relação enfermeiro-utente, como é o caso da teoria das relações interpessoais, criada em 1952 por Hildegrad Peplau. Nesta teoria, o indivíduo é considerado um ser biopsicosocioespiritual e a Enfermagem surge como um dos quatro conceitos-chave desta teoria. Para a autora, a Enfermagem define-se como uma relação entre uma
pessoa que se encontra doente ou a necessitar de cuidados de saúde e o enfermeiro que se encontra capacitado para reconhecer, compreender e solucionar as necessidades encontradas. Posto isto, surge aqui uma questão que nos leva à reflexão: apesar de defendermos um modelo biopsicossocioespiritual, quantas vezes atuamos sobre o modelo biomédico, ao sobrepor a informação aos aspetos relacionais? Muitas vezes, a organização de tarefas é priorizada e a comunicação que temos com o utente fica um pouco esquecida. O fator “gestão de tempo” é uma das principais variáveis que prejudica esta relação terapêutica. Surge aqui um desafio para nós, profissionais de saúde. Quando realizamos ou planeamos os cuidados ao utente, devemos manter como intervenção: vigiar a comunicação, vigiar comportamentos e observar o mesmo como um todo, considerando o cuidado holístico, valorizado por Florence Nightingale, pioneira da Enfermagem. Se a comunicação sempre foi um desafio diário para os profissionais de saúde, a situação atual de pandemia colocou-nos novas barreiras e desafiou-nos ainda mais. Foi necessário reformular e reinventar as estratégias que até então eram implementadas. A barreira primordial na comunicação foi a máscara, que se tornou de uso obrigatório. Esta surge como uma barreira, uma vez que nos impede de observar o sorriso e expressões do outro e transforma os discursos menos compreensíveis. Acresce ainda mais dificuldade quando falamos em comorbilidades associadas aos idosos, como a perda de audição. Intervenções como adequar o tom de voz, falar pausadamente, utilizar
palavras adequadas à literacia de cada um, discursos curtos e um olhar atento e sereno permitem melhorar a comunicação. As pessoas que se encontram institucionalizadas viram as suas visitas suspensas, obrigadas a permanecer no seu quarto, em prol da segurança. O distanciamento e o isolamento determinaram novas formas de comunicação. As chamadas telefónicas e videochamadas são realizadas mais frequentemente e estas foram estratégias para que fosse possível manter a comunicação ativa com os familiares e assim diminuir receios, promover o bem-estar psicológico e humanizar as relações nesta situação atípica. Podemos realçar que o que Nightingale demonstrou há dois séculos vigora atualmente: uma enfermagem promotora de mudanças, que atua ativamente na linha de frente e mesmo com as dificuldades e os riscos aos quais se expõe, exerce e representa sua função: CUIDAR (GEREMIA et al., 2020). • POR JOANA FREITAS E MARTA PIAIRO (ENFERMEIRAS NA UNIDADE DE MÉDIA DURAÇÃO E REABILITAÇÃO)
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Formação/GRH
#42
AVALIAÇÃO DA SATISFAÇÃO DOS/AS COLABORADORES/AS CONSIDERAR QUEM NOS CONSIDERA
Todos os anos, a Misericórdia de Santo Tirso ausculta os/as seus/suas colaboradores/as relativamente à sua satisfação com a Instituição e motivação relativamente às funções que desempenha. Esta avaliação é feita através de um questionário (de natureza pessoal e confidencial) de preenchimento facultativo, com o objetivo de perseguir a melhoria contínua dos serviços. Em 2021, o questionário de avaliação criado para o efeito foi disponibilizado através de um link para que os/as colaboradores/as pudessem aceder online, de forma individual, salvaguardando-se a privacidade das respostas dadas. De modo a garantir maior adesão e atingir colaboradores/as com baixa literacia informática/digital, manteve-se a opção excecional de resposta em formato de papel. O nível médio de adesão na Instituição rondou os 50% (serviço com valor mínimo = 26%; serviço com valor máximo = 100%).
Mesmo num período difícil e conturbado, foram obtidos resultados globalmente positivos em todos os parâmetros avaliados: Parâmetro
% de Satisfação Global
Contexto Organizacional
84%
Cooperação e Comunicação
89%
Mudança e Inovação
88%
Reconhecimento e Recompensa
71%
Relações com Chefias
82%
Política e Estratégia
86%
Posto de Trabalho
91%
Qualidade
91%
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Formação/GRH
No que concerne à Avaliação Global, registou-se um aumento de 16% no número de respondentes relativamente a 2020, apresentando uma satisfação global no valor total de 87%.
TOTALMENTE SATISFEITO 6% MUITO SATISFEITO 28%
NADA SATISFEITO 2% NS/NR POUCO SATISFEITO 1% 10% SATISFEITO 53%
Os dados globais de satisfação claramente positivos, não retiram valor àqueles/as que, de alguma forma, demostraram a sua insatisfação. As suas apreciações e os seus comentários são sempre alvo da nossa melhor atenção, porque também esses nos impulsionam na persecução da melhoria contínua e de condições de excelência. A Misericórdia de Santo Tirso considera e louva os/as seus/ suas colaboradores/as: a satisfação individual é melhor potenciador do sucesso Institucional.• POR SARA ALMEIDA E SOUSA (RESPONSÁVEL DE RECURSOS HUMANOS)
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Formação/GRH
#42
FLEXIBILIDADE E APRENDIZAGEM CONTÍNUA CHAVES PARA O SUCESSO
A “Era Covid” veio cimentar uma certeza conhecida mas que Não tenho tempo. Não sei onde posso aprender matérias novas parecia merecer comprovativo, certificação: as carreiras que sejam úteis.” profissionais são projetos em permanente construção, porque O nosso dia-a-dia oferece-nos significativas oportunidades os/as profissionais mudam de papéis e funções com mais de aprendizagem. frequência e fluidez. E o que quer isto dizer? Que estamos tão mecanizados para Hoje em dia, a nossa capacidade para aprender é a melhor cumprir tarefas, que não nos apercebemos do potencial ao moeda de troca no meio profissional. Os cursos profissionais e nosso redor. O desafio está em investirmos no nosso superiores não dão garantias, são “apenas” pontos de partida, desenvolvimento pessoal diariamente, de forma intencional. já que em tempos íamos para o trabalho executar, mas hoje Como? Com quem? Onde? trabalhar é aprender permanentemente. As pessoas com quem convivemos (familiares, amigos, Desenvolver a capacidade de aprender, desaprender e colegas, chefias, utentes, …) são fontes diversificadas de reaprender é vital para sucesso a conhecimento. Claro que há longo prazo. A predisposição conhecimento validado e Desenvolver a capacidade de aprender, para a aprendizagem contínua significativo, e informação para a potencia a disponibilidade para qual não devemos voltar a nossa desaprender e reaprender é vital para a mudança, a flexibilidade, a atenção – cabe-nos a tarefa de sucesso a longo prazo. capacidade de adaptação, e a sermos cuidadosos na distinção. resiliência. Nesta sequência, é fácil depreender que chegam Por outro lado, alargarmos a nossa “mais longe” os seres adaptativos e proativos, aqueles que mais rede de convivência pode trazer novas perspetivas e reduzir o preparados se encontram para a mudança, que são os que risco do sentimento de “mais do mesmo”. Contactar com mais facilmente tiram proveito das oportunidades que os alguém fora do nosso círculo habitual pode ser uma boa forma desafios trazem. de abrir horizontes, conhecer outras realidades. Por exemplo, Assim, quando investimos na nossa aprendizagem criamos uma vez por mês, convide um/a colega de outra valência ou vantagem a longo prazo para o nosso desenvolvimento (pessoal outro serviço/departamento para beber um café. Talvez tenha e profissional). a oportunidade de ver a Instituição por outra lente (perspetiva). O dilema que se impõe: Isto também é aprender. “Eu gosto de aprender, mas como consigo fazer da No Mundo de hoje, como sempre foi mas nem sempre o aprendizagem um hábito diário? percebemos, todos/as somos professores/as e todos/as somos alunos/as.
No trabalho diário podemos propor novas formas de executar determinadas tarefas, de organizar o serviço, de aprender com colegas (troca de experiências e conhecimentos). É natural que nem todas as ideias ou propostas se concretizem, mas experimentar é uma excelente forma de aprender, desaprender e reaprender. Evoluímos sempre que aprendemos uma nova competência (p.e. lavar corretamente as mãos), desaprendemos hábitos que não são funcionais (p.e. tossir para a mão) e reaprendemos outras formas de atuar (p.e. tossir para o cotovelo). Deixo para o fim o “modelo tradicional” de aprendizagem, formação e desenvolvimento pessoal, mas não por estar desatualizado ou não ser relevante. Pelo contrário, a formação contínua adquirida através da frequência de workshops e cursos de curta, média ou longa duração, constitui um excelente motor de reciclagem/consolidação de conhecimentos, de aquisição de know-how, de partilha de experiências, de capacitação para as funções que desempenhamos. Aquele/a que sabe estagna. Aquele/a que aprende evolui. • POR SARA ALMEIDA E SOUSA (RESPONSÁVEL DE RECURSOS HUMANOS)
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Cultura
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MOUSIKÉ AQUELE MOMENTO
Do mesmo modo que há muitas pessoas que não sabem o que significa o seu próprio nome – porque nunca lho disseram, porque nunca quiseram saber ou simplesmente porque nunca pensaram nisso -, isto é, que a etimologia do seu nome próprio aponta para um significado último, ainda que muitas vezes sob a égide da mitologia, também se torna extremamente oportuno buscar a etimologia de qualquer conceito sobre o qual se pretenda discorrer. Nesse sentido, quando falamos de música, saibamos que esta deriva etimologicamente do grego mousiké, e que na origem do termo está a mousa (musa) que desenvolvia a sua techné (técnica) cantando e tocando para agradar aos deuses do Olimpo. Não obstante, histórica, social e culturalmente, a Grécia Antiga é também considerada por muitos estudiosos como o berço da música ocidental, uma vez que aí se foi consolidando e ganhando os contornos de arte performativa que lhe reconhecemos hoje. Não pretendendo, de todo, fazer aqui uma apologia proselitista de estabelecer uma relação estreita entre divino e música, até porque a crença ou adesão a um Deus/deus pressupõe a liberdade, o facto de a etimologia do conceito música, por ela mesma, remeter para uma dimensão transcendente (divina), absolver-nos-ia à partida de tal pretensão. No entanto, num rápido percurso pela História da Humanidade, vemos como a música está presente nas demais culturas, civilizações e tradições religiosas; residindo aqui mais uma particularidade, ou não apontasse igualmente a palavra religião para um re-ligare, ou seja, ligar o ser humano à divindade. Mais a oriente ou a ocidente, de caráter mais sacro ou profano, mais
ou menos esotérico, ritual, político ou étnico, a música reveste-se de uma metalinguagem e metafísica próprias. Mesmo para os não crentes, mas honestamente intelectuais, a música move-se no domínio intangível das categorias, das combinações; ou seria absolutamente necessário ser-se crente para acreditar na matemática?! Qualquer ouvinte, ainda que não necessariamente um melómano, um músico, um musicólogo, um poeta, filósofo, matemático, o que seja (!), sabe, porque sente, que a música tem um princípio e natureza especiais. A música obedece à esfera do racional e do irracional, e isso é certamente um dado adquirido não só do senso comum, mas de todo o homem pensante, vulgo homo sapiens. Sabemos que a música se realiza (performance, daí arte performativa) em tempo e espaço concretos, em indivíduos concretos e com corpo biológico, em instrumentos humanos concretos (vozes humanas) mas também em instrumentos físicos e corruptíveis. Mais, ela é racional porque o ser humano é capaz de pensar a coisa, de torná-la inteligível e abstrata, conferindo-lhe acima de tudo um sentido. Todavia, a música tem uma dimensão suprarracional, de outro domínio, aquilo a que comummente designamos de inspiração ou impulso. De onde vem? Para onde vai? A título de exemplo: tal como uma pessoa muito versada numa qualquer língua – seja inclusivamente o maior linguista! – poderá nunca habilitar-se a escrever um poema, porque lhe falta a inspiração, assim também o mais virtuoso ou instruído dos músicos poderá nunca chegar a compor uma canção. É claro que a razão pode escrever poemas e fazer música, mas na maior parte dos casos
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Cultura
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MOUSIKÉ AQUELE MOMENTO
ela é o brilhantismo humano que trabalha aquele impulso legislado pela fonte que lhe queiramos atribuir. Não é assim? Perguntai aos artistas. Mas então qual é o domínio da música, é mais racional ou irracional? Bem, a música é… a música é aquele momento!
viajamos dentro de nós próprios, e simplesmente acreditamos nesse momento porque o sentimos; dessa experiência não há quem nos retire, e é por isso que ninguém pode retirar a música às pessoas. Aquilo que a música é verdadeiramente é um momento, esse momento mágico que não se quer compreender, mas viver. Não importa se ela é mais inspiração ou transpiração, se ela é mais fé ou razão, o que sabemos, e nos é permitido saber, é que ela é aquele momento em que se realiza plenamente, um momento clarividente de pertença, de encontro e de certeza do próprio momento.
Movendo-se por entre esses dois universos, um mais imaterial e eterno (kairológico), e outro mais racional e corpóreo (chronológico), esta é mais uma analogia mitológica com a qual A música é da inclusão social porque há nos atrevermos a decifrar o sentido da música, o dizermos Do ponto de vista mais lugar para todos os timbres (e o timbre que ela participa de uma e outra epistemológico ou científico, o que de voz não se compra); toda a gente dimensão para se tornar naquele é que pode ser ou não considerado canta, e quem não canta toca (...) momento único de fusão e de música? Quem tem legitimidade e pertença. A música não participa autoridade para definir o que é a mais do seu lado intangível do música ou o que é música? Enfim, que do tangível, não. O momento musical, aquele momento também estas são questões muito difíceis de responder, pois certo em que se canta, toca/executa ou simplesmente se ninguém sabe muito bem onde ela começa e onde acaba. escuta, é de tal modo incarnado que abandona essas Afinal, há séculos e séculos que se faz música e as premissas anteriores para se tornar num momento possibilidades musicais continuam a proliferar como um poço existencial ímpar, o qual não se explica e se vive apenas. E sem fundo! Mas, por certo, mais ou menos racionalmente, mais este momento tem provas reais da sua existência, ou não ou menos emocionalmente, todos concordamos que a choraríamos a ouvir música, não riríamos, não ficaríamos música é sem dúvida uma forma de expressão com “pele de galinha”, não fossem evocadas certas especialmente eloquente, logo, impossível de não memórias e outras emoções (lugares, amores, comunicar. Ela torna-se eficaz no tempo em que se acontecimentos,…) ao escutarmos determinada música. desvela, para dizer o que não pode ser dito de outra forma. Tudo isto porque a música é aquele momento que A música é aquele momento! verdadeiramente nos faz transcender no tempo, em que
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Cultura
A música é a única capaz de derrubar certas barreiras porque está muito para além das palavras do diálogo ordinário. A música é o refúgio de tantos misantropos! A música é terapia, a música faz acontecer o impossível porque nos transcende. Ao som de música clássica, extrai-se mais leite das vacas! A música esconde-se nos mais frágeis, a música não é dos ricos nem dos pobres. A música não traz menos felicidade só porque não sou músico; sou feliz só de escutar! Alegra-nos a música dos outros e não nos desperta a cobiça nem a inveja. A música é da inclusão social porque há lugar para todos os timbres (e o timbre de voz não se compra); toda a gente canta, e quem não canta toca, compõe, interpreta, rege! Quem não serve vai para o bombo! Há espaço para todos e a música é lugar para toda a gente, porque a música é veículo de causa maior. E quando por vezes na vida somos confrontados com aqueles momentos festivos que com alguma prodigalidade certas instituições realizam para os seus utentes, por mais simples que seja a tal festinha, haverá sempre um momento… musical. E sabemos como esse momento é tão normal quanto excecional.
UM SIMPLES PENSAMENTO É a música, este romper do escuro. Vem de longe, certamente doutros dias, doutros lugares. Talvez tenha sido a semente de um choupo, o riso de uma criança, o pulo de um pardal. Qualquer coisa em que ninguém sequer reparou, que deixou de ser para se tornar melodia. Trazida
A música é um momento, aquele momento de presença real impossível de não comunicar e ao qual todos somos dignos de pertencer. • POR MIGUEL MOUTINHO (TEÓLOGO E MÚSICO)
por um vento pequeno, um sopro, ou pouco mais, para tua alegria. E agora demora-se, este sol materno, fica contigo o resto dos dias. Como o lume, ao chegar o inverno. Eugénio de Andrade
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A FOTOGRAFIA E O PERCURSO ATÉ AO SEU SIGNIFICADO
Há muito que se discute se a Fotografia é um processo meramente mecânico ou um processo de criação, mas, independentemente do posicionamento de cada um quanto à questão, certo é que a Fotografia é uma importante forma de comunicar.
outubro, para assinalar o Dia Internacional para a Erradicação da Pobreza. Nessa exposição estava compilada a visão dos técnicos/as que trabalham diariamente com pessoas em situação de pobreza e exclusão social, como forma de partilha e reflexão sobre a problemática.
A Fotografia não existe sem o autor da imagem nem sem o destinatário da mesma. Há uma relação de interpretação que permite ir para lá da imagem em si, dando-lhe sentido, destino e intenção a partir de diversos contextos e quadros de referência. Como num conto que se lê, numa pintura que se aprecia, numa música que se ouve… Na relação de partilha entre o autor e o destinatário da fotografia está a comunicação. Sendo uma forma de comunicação, importa pensar nas questões que se colocam à imagem contemporânea do ponto de vista ético, no fundo, importa refletir acerca do ato de ver e daquilo que se pretende dar a ver. O fotógrafo deve ter uma preocupação sobre o processo interpretativo realizado por quem vê, porque as imagens podem ter uma relação com valores e levantar uma série de questões éticas. As intenções do fotógrafo no momento em que produz a imagem não determinam o significado da fotografia, que seguirá o seu curso ao sabor das realidades, contextos e intenções de quem a vê.
De uma forma mais simbólica e numa linguagem respeitadora de quem vivencia esta problemática, a Misericórdia de Santo Tirso procurou representar através das fotografias “Clausura”, “Abandono” e “Itinerância” as fragilidades que identificam a exclusão de mulheres, crianças, famílias e idosos, grupos com os quais intervém nas suas diferentes respostas sociais. Comunicando através das fotografias apresentadas, a Misericórdia procurou ampliar a consciência quanto à pobreza e exclusão social, combatendo a indiferença pessoal e institucional quanto ao tema. •
É neste ponto que faz sentido introduzir a escolha que a Misericórdia de Santo Tirso fez das fotografias que compuseram o coletivo (IN)DIGNIDADES, apresentado na Casa da Arquitetura de Matosinhos no passado dia 18 de
POR ANA ALVARENGA (JURISTA NA ISCMST)
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Cultura
CLAUSURA by ANA ALVARENGA in EXPOSIÇÃO (IN)DIGNIDADES
ABANDONO by ANA ALVARENGA in EXPOSIÇÃO (IN)DIGNIDADES
ITINERÂNCIA by ANA ALVARENGA in EXPOSIÇÃO (IN)DIGNIDADES
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Cultura
POEMAS
COMUNICAR Comunicar é trazer muitas vezes dentro de nós um silêncio difícil de se fazer ouvir mais urgente do que responder é necessário entender o que as palavras querem dizer qual a intenção por de trás de... ouvir com o coração e sentir com a Alma aquilo que não foi proferido... afinal o que é que nós esperamos uns dos outros? aprovação, reconhecimento, tocar a Alma de alguém... alegria, que por vezes encontramos espalhada em migalhas aqui ou além?! comunicamos, muitas vezes por um quase nada, que pode devolver-nos a vida comunicar é muito mais do que falar... é comunhão de Almas quantas vezes o silêncio foi mais útil do que as palavras porque mais certas ou erradas que as palavras são as interpretações que fazemos delas... uma Palavra marca o nosso dia... isto acontece quando falamos com alguém, lemos um livro ou ouvimos um poema uma só, apenas uma Palavra... que o amor largou, para que nós a pudéssemos escutar... comunicar é carregar uma infinidade de emoções! • POR CÉU MACHADO (VOLUNTÁRIA NA ISCMST)
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Cultura
QUANDO ME APONTASTE O DEDO NA RUA Quando me apontaste o dedo na rua, não entendeste que me acertaste. Não é que a minha vida seja tua, nem que mereças que seja eu a justificar-te mas quando me apontaste o dedo na rua, a ferida que ainda sangra, rebentou. E não, não foi ela que se descoseu, foi o teu dedo manhoso que a friccionou e a rompeu. Quando me apontaste o dedo na rua, os meus olhos encheram-se de lágrimas. Não por ti pois nem te conheço, mas porque naquele momento não virei a página e não impus o lugar que eu mereço.
“Escrevi este poema há tantos anos (2003). Foi a minha careca à mostra que o impôs que o escrevesse. Continua a ser um dos meus poemas favoritos, talvez por ter sido um rasgão sentido. Um grito.” • POR MARINE ANTUNES (CANCRO COM HUMOR)
Quais são os 3 locais favoritos em Portugal? Não gosto de passear, o meu local favorito é Santo Tirso, é onde está a minha família. O que o deixa cheio de orgulho no concelho de Santo Tirso? É um concelho calmo. Tenho tudo o que preciso aqui para viver e ser feliz. E na Misericórdia? Gosto das pessoas e penso nos mais frágeis que precisam da ajuda da Misericórdia. Nós também podemos vir a precisar... Sinto ainda muito orgulho em ter conseguido cumprir tudo o que me pediram, todas as ordens ao longo destes anos, com todos os Provedores que passaram pela Misericórdia desde que vim para cá trabalhar. Quais as duas músicas que tem ouvido recentemente? Não tenho ouvido nenhuma música especial, mas gosto de ouvir Quim Barreiros, Toni Carreira e o Rancho Folclórico de Monte Córdova. E o filme que marcou a sua vida? Não quero referir um específico, mas gosto de filmes de Cowboys. Um livro para ler antes de dormir? Não gosto de ler, não tenho paciência. Prefere praia ou cidade?
RE VE LA ÇÕES... O que lhe ocorre, quando recorda a 1ª vaga da pandemia, vivida aqui na Misericórdia? Medo. Tinha medo que a doença chegasse também aos porteiros. A minha mulher esteve a trabalhar num dos lares, esteve exposta ao vírus e tive muito receio do contágio.
Prefiro cidade, não gosto de praia. Se pudesse escolher a vista de sua casa, como seria? Seria uma paisagem virada para o campo. Antigamente gostava da lavoura e essa paisagem iria trazer-me recordações de infância. Em criança estava sempre a cultivar…
Foi fácil gerir as entradas e saídas de pessoas e viaturas nessa fase, em segurança? Sim, tanto os nossos funcionários como todas as outras pessoas “de fora” entenderam muito bem as novas regras e souberam respeitar as orientações que tínhamos de dar. NOME JOSÉ FERNANDO VIEIRA DOS SANTOS
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