Revista da Misericórdia #36

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O aspeto emocional tem profunda influência sobre o desenvolvimento integral do ser humano, pois este é basicamente um ser emocional. As emoções desempenham um papel fundamental no desenvolvimento da personalidade e na formação do caráter da criança. Aqueles que tiveram a oportunidade de ler as confidências da grande escritora americana Pearl Buck acerca da sua filha, não deixaram certamente de se sentir emocionados. Essa criança deixou, de repente, de se desenvolver psicologicamente, embora continuasse normalmente o seu crescimento físico até à idade adulta. Durante longos anos, a mãe debruçou-se sobre ela com uma paciência e um amor sem limites, tentando compreender os seus sentimentos, as suas necessidades e as suas capacidades. Finalmente, tendo dado conta de que a sua filha seria sempre infeliz na companhia das pessoas “ditas normais”, não recusou diante de nenhum sacrifício para encontrar o lugar ideal onde a filha pudesse viver entre os seus semelhantes, segundo o seu nível intelectual. Contrariamente a tantos pais que teriam procurado primeiro o máximo de bem-estar material, ela concluiu que não havia nada mais necessário para um caso destes do que a bondade e a boa vontade pessoal. Qualquer criança, seja normal ou não, só se consegue desenvolver verdadeiramente num clima de amor e compreensão. As emoções influenciam o nosso comportamento de várias formas: podem levar-nos da passividade para um envolvimento ativo; podem dirigir o curso das nossas ações, aproximando-nos ou distanciando-nos dos nossos objetivos; podem ainda dificultar a nossa perceção da realidade, levando-nos a agir inadequadamente. Pais, que sois atingidos no fundo do vosso coração por uma tal infelicidade, sabei que o vosso filho vale tanto como os outros. Não há diferença moral entre uma perna partida e alguns nervos paralisados. O


valor íntimo do ser humano não depende da sua integridade física ou psicológica. Se viveis o drama de ter um filho assim, procurai assegurar-lhe o melhor, os sentimentos e emoções são forças poderosas para aperfeiçoar e tornar a nossa personalidade mais forte. Eles dão cor e variedade à vida! Não são faróis para nos guiarem, mas forças poderosas que devem ser dirigidas com sabedoria, numa atmosfera de calma e amor sinceros, dentro do lar ou numa Instituição. As Instituições, tal como a nossa, atuam no sentido de ajudar, no caso dos mais idosos, a estimular a confiança e autoestima de maneira a que, dentro do possível, se mantenham autónomos. O maior problema dos idosos é, sem dúvida, o isolamento, a solidão, as insónias e a depressão. Eles podem viver com a família e ainda assim sentirem-se sós. Há também aqueles que preferem, ou não têm outra solução, viver sozinhos, na sua casa. Ali, há uma vida inteira a recordar, a casa está repleta de recordações do casamento, dos filhos, dos pais, a quem a casa pertencia, das dificuldades, lutas perdidas ou ganhas, tempos passados, que ninguém pode compreender! Os idosos têm necessidades próprias, características e peculiaridades, que devem ser olhadas e atendidas. O idoso tem de sentir que é amado, acarinhado, compreendido e estimado e deve ser tratado e ajudado como ser humano que é. Há que respeitar, mas há também o dever de ajudar, orientar, ouvir, aconselhar e, principalmente, amar e acompanhar. Atualmente, existem Centros de Dia, Associações, Instituições que promovem e combatem os problemas maiores dos idosos, fazendo com que não se isolem e vivam em sociedade, ocupando os tempos livres a fazer passeios, quer a pé quer de autocarro, ginástica, convívios e tantas outras atividades… É crucial promover o bem-estar físico e intelectual dos mais idosos.


SUMÁRIO /// ATUALIDADES / ENTREVISTA A MARINE ANTUNES - TODOS OS SONHOS NUM SORRISO P.06 / OBSERVATÓRIO NACIONAL DE LUTA CONTRA A POBREZA P.14 / NOVO VIDEO INSTITUCIONAL P.15 / CORPOS SOCIAIS PARA O QUADRIÉNIO 2019-2022 P.16 / PLANO DE ATIVIDADES 2019 P.17 / MISERICÓRDIA A PINTAR HISTÓRIAS DESDE 1885 P.20 / JUNTOS NO DESFILE DE ASSOCIAÇÕES P.22 / II PEREGRINAÇÃO NACIONAL DAS MISERICÓRDIAS PORTUGUESAS EM FÁTIMA P.24 /// SAÚDE / ENTRE O RISO E O CHORO - VAMOS FALAR DE EMOÇÕES? P.26 /// AÇÃO SOCIAL E COMUNIDADE / PROGRAMA DE ESTIMULAÇÃO COGNITIVA NOS LARES RESIDENCIAIS P.29 / DESPERTAR EMOÇÕES - O PODER E A MAGIA DOS ANIMAIS P.30 / VENCER A ADVERSIDADE PELOS AFETOS P.33 / DIAMANTINO TEIXEIRA DOS SANTOS - DE AGRICULTOR A POETA P.34 / EMOÇÕES NO VOLUNTARIADO P.37 / RUGAS QUE DIZEM EMOÇÕES P.38 / ESTA MENINA SIM ROSÁRIO PINHEIRO P.42 / EMOÇÕES NO FEMININO - AGITAR ÁGUAS, INCENTIVAR A DISCUSSÃO, PROVOCAR MUDANÇA! P.45 /// FORMAÇÃO / AS EMOÇÕES E A MÚSICA P.48 /// AÇÃO EDUCACIONAL / PENSO PORQUE SINTO! P.50 / HISTÓRIAS PARA LER COM O CORAÇÃO P.52 /// CULTURA / MÉDICOS TIRSENSES - UMA EVOCAÇÃO DA GRANDE GUERRA P.56 / CONCERTO VINHO II - 20 ANOS DO CORAL DA MISERICÓRDIA P.60 / POEMAS P.62 /// REVELAÇÕES ILDA MEIRELES P.64


Obs: a Revista da Misericórdia obedece ao novo acordo ortográfico.

PROPRIEDADE IRMANDADE DA SANTA CASA DA MISERICÓRDIA DE SANTO TIRSO // DIRETORA CARLA MEDEIROS // SECRETARIADO HUGO MARTINS // AVELINO RIBEIRO // COLABORADORES ALBERTINA MARQUES // ANA ALVARENGA // ANA SILVA // AY TA // CARLA CABRAL // CARLA NOGUEIRA // CÉU MACHADO // ELISABETE NETO // EMÍLIA MARQUES // JOÃO LOUREIRO // JOSÉ PINTO // Mª JOÃO FERNANDES // Mª MANUELA MACHADO // MANUELA CARNEIRO // MIGUEL DIAS // NUNO OLAIO // SANDRA QUEIRÓS // SARA ALMEIDA E SOUSA // SÍLVIA RIBEIRO // SOFIA MENDES // ZÉLIA SOUTO // TIRAGEM 1100 EXEMPLARES // EDIÇÃO DEZEMBRO 2018 // DEPÓSITO LEGAL 167587/01 PERIODICIDADE SEMESTRAL // IMPRESSÃO NORPRINT // DESIGN SUBZERODESIGN

2010/CEP.3635


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ENTREVISTA A MARINE ANTUNES TODOS OS SONHOS NUM SORRISO

Marine Antunes tem 28 anos e um sorriso contagiante. Ela é mesmo assim alegre e durante a nossa conversa foi com entusiasmo que falou dos seus projetos, do seu percurso e do cancro. É blogger, escritora, palestrante, comunicadora. Diz sem vacilar que o cancro obrigou-a a crescer mas não a fez perder os sonhos, bem pelo contrário, quer ajudar os outros a acreditarem neles e a concretizá-los. O seu percurso mostra que os obstáculos não a fazem ficar de braços cruzados. Autora do livro “Cancro com o Humor” que já conta com uma segunda parte recentemente publicada, mostra através das suas crónicas como é possível utilizar a alegria para lidar com a doença, a perda e o medo. O seu blogue e a sua página de facebook têm milhares de seguidores. É uma pessoa de hábitos simples. Nos seus passatempos é aficionada por futebol e sempre que pode gosta de assistir a jogos. Adora dançar, fazer jantaradas com amigos, rir e de contemplar o mar, Marine não acredita em pessoas perfeitas, nem em planos ideais mas os seus projetos “Cancro com Humor” e mais recentemente “Podes Sonhar, Podes Concretizar” são feitos de genuíno amor ao próximo. Marine Antunes esteve há dois anos no auditório da Santa Casa da Misericórdia, em Santo Tirso, com a sua palestra “Cancro com Humor” onde partilhou a sua história e motivou outros a fazerem-no também. Num auditório cheio, em que se encontravam algumas pessoas que também se tornaram suas amigas, o riso e a boa disposição imperaram. Nas suas palavras foi um momento bonito de

partilha de vivências. Recorda que no meio da audiência estava o seu amigo Jorge que, semanas depois viria a morrer de cancro, e que terá comentado para a plateia que estava “há mais de uma hora a fazer xixi e ninguém se tinha ainda apercebido”. Este é um episódio que ficou e guarda com carinho e assim o faz em relação às “suas pessoas” que já faleceram: preservar na memória os bons momentos. E rir, descomplicar, relativizar, reagir são para Marine Antunes as melhores respostas.


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Numa frase quem é Marine Antunes? Eu sou a pessoa mais esperançosa do mundo, por isso é que tenho feito tantas coisas e mesmo que algumas não tenham corrido muito bem, tenho este otimismo incurável de acreditar que o amanhã será sempre um pouco melhor. E é isso que às vezes me tem valido. Sou toda emoções.

isso acontecer, pois mesmo nas maiores catástrofes eu consigo rir. E de facto o riso é um respirar, às vezes uma catarse para me libertar da tristeza.

E o humor é uma ferramenta, uma segunda pele ou é um escudo? Eu antes pensava que o humor era uma espécie de pele, um O que predomina é sempre a emoção? Ou a razão também escudo. Mas o humor para mim serve para transformar a dor, está presente? não é para escondê-la, é para transformá-la. Eu era daquelas Eu consigo ser muito racional em pessoas que estava triste e usava o humor momentos de crise e coloco as emoções para mostrar que estava contente. Isso é em caixinhas. Eu tenho a capacidade de uma farsa, não é o que se quer, assim (...) costumo dizer que andei na racionalizar as emoções. Não se trata de não se cresce, não funciona. O humor Cancer School. frieza embora o possa parecer. Todas as que utilizo é para me ajudar a relativizar, decisões que tomei na vida, foram mais a desconstruir. Sempre que brinco com o pela intuição, pela emoção ao invés da razão e quando não o meu problema torna-se bem mais pequenino. Já não sou fiz, não me dei bem. aquela pessoa que vai para a casa de banho lavar a cara, secar as lágrimas e depois regressa como se nada fosse. O cancro mudou a sua vida? Quando estava doente fazia isso todos os dias. Eu não quero Sim, sem dúvida, costumo dizer que andei na Cancer School que o humor seja mais isso. Depois do processo do cancro (risos). A essência já lá estava, mas eu era uma miúda muito percebi que isso era muito violento para mim, porque eu não alegre, muito assertiva, achava que sabia tudo. Sou a mais mostrava às pessoas o quão triste estava. Ainda é algo que nova de três irmãs, um poço de mimo. De facto o cancro trabalho diariamente, pois o humor é algo que tem de ser ajudou-me a criar a minha personalidade. Perdi muitas muito puro e genuíno. defesas, muitas certezas, foi uma lição de humildade extraordinária. O cancro trouxe-me à terra, mas não me fez “É possível ser feliz no caos” - esta é uma frase sua. Como perder os sonhos. se faz isso? Antigamente andava atrás da felicidade; agora já não ando. A O humor é mesmo a melhor solução para tudo? felicidade e a tristeza são estados de espírito que vão e vêm. Eu Para mim é. Se calhar já tive um dia sem rir, mas é muito difícil quero a paz porque é permanente. Acima da saúde é ter


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serenidade o que mais quero e ambiciono. Mas eu fui feliz em todas as fases da minha vida, até no meu luto, morreram pessoas muito próximas de mim. Um momento de felicidade pode ser ouvir uma música por exemplo; eu sei qual o momento que quero destacar. Toda a gente escolhe a forma como quer levar a sua vida; claro que há pessoas que têm mais ferramentas que outras, mas é muito opcional estar mal. A dor é um bicho que se alimenta dos nossos medos, do que é mau. Temos de fazer florescer o que é luz, o que é bom.

pessoas vão-me dando a sua opinião, o seu depoimento. Dizem-me muitas vezes “eu não era pessoa para falar de cancro com humor e agora sou eu que gozo com o meu cancro, com a minha doença”. Eu também aprendi muita coisa. Antes não percebia o silêncio das pessoas, mas agora sei que estão a ouvir e a interiorizar. Há pessoas que são mais contidas, preferem falar comigo só no final.

Há todo um planeamento no que faz? Como é que tudo As pessoas reagiam no início de forma estranha por usar o começou. Fez o curso de Comunicação Social e pensou não humor para falar de cancro? vou ser jornalista, não vou ser assessora de comunicação. Sim algumas vezes e ainda hoje também acontece, mas com Vou ajudar os outros...foi assim? menor frequência. Eu compreendo a O meu primeiro voluntariado foi aos 15 anos, estranheza para alguns mas é a minha forma sempre tive este amor pelas causas. Por Primeiro sonhas depois de encarar a doença, de ver para além das exemplo, no meu 10 º ano organizei a minha coisas más que o cancro traz. No início tive primeira marcha de sensibilização pelo concretizas algumas reações menos boas, mas sempre Tibete, reuni os alunos da escola, depois fiz pensei que fosse mais duro e complicado e outro voluntariado em Fátima. por acaso não foi, nem tem sido. Sempre gostei de comunicar, de escrever, aliás esse foi sempre o sonho da minha vida, a escrita. Também gostava muito da Os portugueses ainda são um bocadinho rígidos? É uma oralidade, de comunicar com as outras pessoas. dificuldade, é preconceito, é tudo um pouco? A escrita esteve sempre muito presente. Quando era pequena Eu acho que é mesmo uma questão cultural. Nestes últimos comecei por escrever poesia, tinha também o meu diário, que anos tem melhorado muito é muito emocionante porque é muito bonito e tem muitos erros e posso dizer sem qualquer tipo de pretensão que em parte ortográficos. (risos) O diário pertence a uma fase tão passado e contribui para isso. Antes uma conferência sobre cancro era é a coisa mais infantil do mundo mas que gosto muito de rever. uma coisa muito formal, cinzenta e muitas vezes as pessoas Mais tarde, quando tirei Comunicação Social foi com o objetivo ainda saíam mais em baixo do que já estavam. Faço palestras de seguir jornalismo, pois gostava muito de criar conteúdos. há cinco anos e apercebo-me da diferença, até porque as Rapidamente apercebi-me que era demasiado opinativa e que


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não ia dar certo (risos). Fiz também um curso de stand up comedy e pouco depois de terminar o curso comecei a trabalhar com o humor de uma forma empresarial. Trabalhei numa empresa de criação de conteúdos onde fazia de tudo um pouco: participava e vendia espetáculos e fazia assessoria. Estive em stand up comedy três anos e aprendi muita coisa. Acabei por me despedir e criei o projeto Cancro com Humor. Eu sabia que queria trabalhar na área da comunicação, nomeadamente na área escrita, mas que tinha de ter por detrás uma meta e foi aí que nasceu o projeto onde eu faço isso tudo. O “Cancro com Humor” tem cinco anos e já fiz palestras para milhares de pessoas. Agora também tenho outro desafio onde mais uma vez faço tudo aquilo que gosto. No “Podes Sonhar Podes Concretizar”, em parceria com o meu namorado, o Tiago Castro, a experiência tem sido espetacular. Existe há tão pouco tempo, desde setembro, e já falamos para milhares de jovens e para públicos completamente diferentes, doentes, sobreviventes, médicos, crianças, jovens e idosos.

Qual o balanço destes meses com este novo projeto? Estamos a gostar muito de trabalhar juntos. Começamos há poucos meses e a recetividade tem sido mesmo muito boa. Temos feito dezenas de palestras por todo o país e temos tido públicos tão diversos desde miúdos mesmo pequenos a adultos (do 5º ano ao 12º ano a nível de escolas ou adultos no âmbito empresarial). As palestras têm uma duração de 60 a 70 minutos e focam temas muito diversos desde preconceito, bullying, resiliência, amor próprio e saúde, partimos da nossa experiência, vivência para abordar estes temas, pois há pontos que são recorrentes nas nossas vidas e acabamos todos por passar por situações similares. Sente que neste processo de compromisso, de dedicação há alguma coisa que ficou por realizar? Gosto muito de uma máxima, foca-te numa coisa, sê melhor nisso e delega as outras. Há algumas coisas que eu ainda não realizei, mas não me posso queixar pois tenho feito tudo aquilo que gosto. Mas sem


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dúvida que quando fui para Comunicação Social atraía-me que tem o patrocínio de uma empresa de biotecnologia muito a escrita de guiões e a ideia de um dia estar ligada ao OncoDNA, as pessoas encomendam por email e todos os livros cinema. E como trabalhei tanto no Cancro com Humor a parte vendidos vão sempre com uma dedicatória minha. de ficção ficou para trás. Mas no início ainda consegui fazer algumas coisas em áreas mais criativas. Escrevi uma peça de Tem sido também uma inspiração para os outros. Foi teatro “É cancro, é, pois é” para a associação que fundei e o criada recentemente uma associação sem fins lucrativos projeto que começou com uma exposição, teve outras “Careca Power” que que dá apoio a doentes oncológicos e iniciativas, como a criação de uma banda desenhada com uma os seus familiares que se baseou um pouco do movimento designer, a Cristiana Costa. Foi muito bonito este período em que deu origem há uns anos atrás com o mesmo nome. que andamos pelos hospitais pediátricos. Fico mesmo feliz com isso porque o que eu quero é que, Em 2013 lancei o meu primeiro livro quando morrer velhinha com 140 “Cancro com Humor” e o segundo anos (risos), sentir que deixei alguma em 2017. Durante esse período coisa de positivo e a pensar nos Odeio e fico ofendida quando leio, pensava que não era capaz de fazer outros. O projeto cresce por si só e “perdeu a luta contra o cancro”; houve muito bem duas coisas, mas eu desapego-me. É muito bonito um combate e a pessoa falhou (...) A consegui. Dediqueisermos mentores, ter ideias, criar. verdade é que nunca se perdeu, viveu-me bastante às palestras e quando Mas as coisas não são para serem senti que as coisas já andavam quase nossas, isto é tão mais rico se houver se gloriosamente com a doença. sozinhas pude dedicar-me envolvência, crescimento, novas novamente ao livro. ideias. E como tem reagido o público aos seus livros “Cancro com Humor” 1 e 2? É muito boa a reação das pessoas que me leem, são os doentes, os cuidadores, os profissionais na área da saúde que partilham comigo a sua experiência, as suas histórias, é algo único, muito especial. É realmente extraordinário. Por exemplo, esta semana vendi mais quatro livros a uma senhora que já me comprou uns 15 livros no total. É muito boa esta proximidade. Trata-se de uma edição de autor, da editora Livros de Ontem,

O cancro é uma doença que nem sempre tem um desfecho feliz. Como se lida com isto? Odeio e fico ofendida quando leio, perdeu a luta contra o cancro; houve um combate e a pessoa falhou. É como se a morte fosse ultrapassável para alguns. A verdade é que nunca se perdeu, viveu-se gloriosamente com a doença. Na última página do meu livro, Cancro com Humor 1, reflito nisso, se morrerem as minhas pessoas. E após esse livro perdi pessoas muito, muito próximas. E posso dizer que o humor


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salvou-me nesses momentos, nomeadamente nos períodos mais dolorosos. Se estivermos zangados com a doença não conseguimos viver. Tem medo do cancro, de voltar a ter? Claro que sim, é um medo para a vida, acho que se fica um pouco hipocondríaco. O Cancro com Humor é o meu exorcismo, a minha forma de lidar com a doença. É um trabalho diário. Fico sempre com crises de ansiedade antes de ir a uma consulta. E começo a sentir e a imaginar dores, depois passa. Continuar a ter uma crónica mensal na imprensa? Já colaborei com o jornal I e com a plataforma Capazes, agora estou a escrever para a revista Zen Energy. O conteúdo da minha crónica é “A vida não está para rir”, um título que é o oposto do que penso e sinto (risos) e os temas nada têm a ver com o cancro, é sobre o quotidiano, temas muito diversos, sempre numa vertente de humor. Onde vai buscar tanta energia, criatividade, dinamismo - é blogger, palestrante, escritora, humorista…Não tem momentos de preguiça? Nem imagina. Eu e o Tiago tivemos de aprender a trabalhar juntos, estamos a gostar imenso, mas houve necessidade de criar regras. A primeira coisa que lhe disse é que as pausas são preciosas e o marasmo é importante, porque depois sei que regressamos sempre com mais força e mais ideias. Como estamos sempre muito ocupados, estes momentos de pausa e preguiça são mesmo essenciais, são o nosso equilíbrio,


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E o que costuma fazer no seu tempo livre? Nós vivemos numa zona privilegiada em Oeiras, estamos mesmo muito perto do mar. O Tiago adora andar de patins e eu aproveito para correr. Fazemos jantares com amigos; isto é a vantagem de ser free-lancer, fazermos a nossa gestão do tempo. Adoro ir ao futebol, dançar, mas não sou muito de sair à noite. Sou pessoa de ter as pessoas em casa e de conviver.

tive direito a um presente, uma música. Levei os meus livros e 50% da venda dos mesmos reverteu para a associação Cabo-Verdiana de Luta Contra o Cancro. Este ano vou estar no Luxemburgo a convite da comunidade portuguesa.

Todos estes projetos têm um tempo, um período cronológico - início/fim - mas são para manter, prolongar no tempo. Há alguma coisa que mudava? O “Cancro com Humor” já se internacionalizou. Não penso assim no dia-a-dia porque sou muito bem resolvida, Sim já estivemos bem longe. Estive no Brasil a fazer palestras e se voltasse atrás fazia tudo melhor, mas às vezes é preciso fazer estava aterrorizada, pois era a primeira vez que ia estar fora as pazes, aceitar. Para mim o importante é fazer. Não dou do país e fiquei surpreendida porque o importância ao perfeccionismo, embora acolhimento não poderia ter sido melhor. goste que vejam o meu empenho e Quero que as pessoas vivam a Estivemos em Maringá numa dedicação em tudo aquilo que faço. doença como estímulo e sejam universidade em que fiz várias palestras Quero que as pessoas vivam a doença para um universo de 600 estudantes. O como estímulo e sejam felizes; brinquem, felizes; brinquem, falem sobre público era muito espontâneo, falem sobre isso. É para isso que quero isso. participava imenso, com perguntas e contribuir: descomplicar e ajudar. Tenho muita alegria. Senti-me completamente uma vida inteira de sonhos e ainda há em casa. Gostaria de repetir a experiência sem dúvida. muita coisa que quero concretizar, escrever letras para músicas Também estive em Bruxelas a convite da Sociedade e escrever para teatro. Internacional de Oncologia Pediátrica. Levei o “Cancro com Humor” para apresentar a gala dos Gold Ribbon Awards em que foram homenageadas várias personalidades na área de oncologia pediátrica. Foi muito difícil e espetacularmente bom porque foi uma experiência mesmo única, especial, uma noite inesquecível. Mais recentemente estive em Cabo Verde a apresentar as palestras nas várias ilhas e posso dizer que foi “a” experiência da minha vida, quem me dera voltar. Fui tão bem acolhida e


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INSTANTÂNEOS O melhor livro “Cem anos de solidão”de Gabriel García Márquez O melhor filme “A vida é bela”, de Roberto Benigni O maior sonho Ter filhos O maior amor O amor dos meus sobrinhos O melhor amigo O meu namorado, o Tiago O melhor prato Esparguete à bolonhesa O melhor da vida A paz O melhor música “Bom destino”, Márcia O melhor defeito A ingenuidade - faz-me acreditar sempre • POR CARLA NOGUEIRA (JORNALISTA)


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OBSERVATÓRIO NACIONAL DE LUTA CONTRA A POBREZA

No dia 9 de outubro, na Assembleia da República, decorreu a assinatura de um Protocolo de Colaboração entre a Rede Europeia Anti-Pobreza e a Misericórdia de Santo Tirso com vista à construção e manutenção de um Observatório Nacional de Combate à Pobreza (ONCP). A criação de um Observatório Nacional de luta contra a Pobreza obedece à necessidade de dar visibilidade a estes processos e a estas medidas, atores e intervenções, cuja orientação estratégica poderá mais facilmente ser concertada a partir de um conhecimento mais aprofundado sobre o fenómeno da pobreza e da exclusão social. Este Observatório terá como missão observar o fenómeno da pobreza e exclusão social na sociedade portuguesa, sem deixar de examinar criticamente as estratégias de luta pela sua erradicação e respetivos impactos. A Misericórdia de Santo Tirso, representada em Lisboa pelo seu Provedor, José dos Santos Pinto, foi uma das poucas Misericórdias a aderir a este projeto nacional. Compromete-se, assim, a apoiar financeiramente a constituição do Observatório Nacional (ONCP), a divulgar os seus produtos, bem como os resultados do mesmo. • POR CARLA MEDEIROS (DEP. FORMAÇÃO, IMAGEM E RELAÇÕES EXTERIORES)


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NOVO VIDEO INSTITUCIONAL

“As raízes da Misericórdia de Santo Tirso resistem imponentes na memória coletiva de toda a região. A grande viagem começou há mais de 120 anos.” (In Vídeo Institucional) E é assim que inicia a narração do novo vídeo institucional, recentemente disponibilizado online. Num curto espaço de tempo, este vídeo conta a história da Misericórdia desde 1885. Descreve a nossa dinâmica numa versão mais atualizada, a nossa missão, a visão e os valores. Tal como aconteceu na criação do primeiro vídeo (lançado em 2011), procuramos novamente evidenciar os nossos gestos, sorrisos e partilhas. São 6 minutos de imagens carregadas de história, rostos que acolhem e que são acolhidos e também de emoções vividas num dia a dia sempre a pensar nos sorrisos dos utentes e na nossa relação com a comunidade. Visualize o novo vídeo e conheça-nos melhor, pois uma imagem vale mais do que mil palavras. Encontra-se disponível em www.misericordia-santotirso.org e nas nossas páginas do Youtube e do Facebook. • POR CARLA MEDEIROS (DEP. FORMAÇÃO, IMAGEM E RELAÇÕES EXTERIORES)

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CORPOS SOCIAIS PARA O QUADRIÉNIO 2019-2022

Na sequência do ato eleitoral ocorrido a 10 de dezembro de 2018, foram eleitos os novos Corpos Sociais para o quadriénio 2019-2022, cuja constituição é a seguinte: MESA DA ASSEMBLEIA GERAL Presidente - Joaquim Barbosa Ferreira Couto – Dr. Vice-Presidente - José Pedro Castro C. Morêda Miranda – Dr. Secretário - António Lereno Sousa Machado – Engº MESA ADMINISTRATIVA Provedor - José dos Santos Pinto Vogais - Manuel Luciano da Costa Gomes – Engº - Maria Teresa Andrade Polónia – Dra. - Helder Roberto Vilela Araújo – Engº - Ricardo José Salvador Batista – Dr. - Maria Lídia de Faria Ramalho Gonçalves – Dra. - Fernanda Isabel Faria Lages Torres – Dra. Substitutos

- José Luis de Sousa Marques - Duarte Manuel de Faria Gonçalves – Dr. - Lucília Maria Costa Afonso – Dra.

CONSELHO FISCAL Presidente - António Jorge Pereira Ribeiro – Dr. Vice-Presidente - Artur Manuel C. Guimarães Santoalha – Engº Secretário - Albino Agostinho Martins Sousa – Engº Substitutos

- Sérgio Miguel Azevedo Carneiro - Emílio Castelar Oliveira - Paulo Jorge Almeida Ferreira Dias


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PLANO DE ATIVIDADES 2019

“Tudo é possível! O impossível apenas demora mais…” 2019 é o primeiro ano de uma nova Mesa Administrativa. Será uma Mesa Administrativa cessante, mais uma vez, a aprovar um Plano de Atividades e Orçamento de um novo executivo. É assim por imperativo legal e não existe outra alternativa eficiente. Contudo, numa estrutura organizada e da nossa dimensão, estes instrumentos de gestão têm pilares basilares e que devem contemplar um horizonte temporal alargado. O desenvolvimento de novos projetos e investimentos exigem um conjunto de meios e burocracias que se prolongam no tempo, muitas vezes, para além dos 12 meses do ano. É o caso de algumas propostas que passaram em sucessivos Planos de Atividades e que esperamos finalmente poder concretizá-las. A aguardar a aprovação da A.R.S. – Norte e já objeto de Assembleia Geral Extraordinária, esperamos desenvolver, no antigo edifício da ARCO Têxteis, o projeto de criação de mais uma Unidade de Cuidados Continuados, com a capacidade de 36 camas, sendo 34 objeto de contratualização com a A.R.S. – Norte, ficando 2 camas para negociação com privados, nomeadamente seguradoras.

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Estamos agora em condições para avançar com a remodelação e reabilitação do Bairro da Misericórdia. Estão projetadas, para já, 8 moradias de tipologia T2 e 2 moradias de tipologia T1. Foram objeto de concurso e adjudicação 4 destas moradias de tipologia T2, que estarão no mercado de arrendamento em 2019. A nossa aposta na qualidade passa pela constante renovação e remodelação dos espaços atualmente existentes. Proporcionar a melhor comodidade, conforto e assistência aos nossos utentes é um objetivo permanente. Mantemos a disponibilidade de, no Edifício do antigo Liceu, abraçar qualquer projeto que poderá passar pelo social até ao dito lucrativo, explorado por nós ou em parceria, como IPSS ou mediante a constituição de uma outra entidade. Reiteramos o que tem sido transmitido em Planos de Atividades e Orçamento anteriores: temos a firme convicção de que o Estado necessita e necessitará sempre de um substituto na implementação das suas políticas sociais e de saúde. Teremos de estar disponíveis para responder a qualquer projeto ou desafio, desde o social à saúde, passando pela educação, sempre com espírito criativo e inovador, procurando satisfazer as necessidades da população que servimos. A cultura é para nós uma área de referência, pretendemos avançar com a remodelação e renovação do Auditório “Centro Eng.º Eurico de Melo”.


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PLANO DE ATIVIDADES 2019

O nosso Grupo Coral continuará a ser um divulgador do nome da Misericórdia e do concelho de Santo Tirso, dentro e fora do país. Atendendo às condicionantes atuais, continuaremos a tentar encontrar mecenas que ajudem a financiar esta atividade, não podemos deixar de referir que, até à presente data, não houve qualquer outro tipo de apoio.

Rendimentos € 7.171.350,00

RENDIMENTOS 2019

Como já é habitual, disponibilizaremos e dinamizaremos eventos através das nossas estruturas (Auditório, Sala Multiusos, Revistas, etc.). Os valores e princípios orientadores da ação da instituição são inspirados nas catorze obras de Misericórdia de proteção e promoção da humanidade, na dimensão espiritual e corporal.

OUTROS REND. GANHOS

VENDAS

852 250,00

0,00 PREST. SERVIÇOS 3 549 800,00

SUBSIDIOS À EXPLORAÇÃO

A nossa atuação baseia-se no respeito pela dignidade humana; ética, responsabilidade e competência profissional; humanização dos serviços prestados; idoneidade, isenção, rigor e sustentabilidade; criatividade, inovação e qualidade.

2 769 300,00

RENDIMENTOS 2019 EM %

A instituição e todos os que dela beneficiam exigem uma política de rigor, contenção, qualidade e empenho por parte de todos os que colaboram com esta Santa Casa.

OUTROS REND. GANHOS

VENDAS

12%

0,00 PREST. SERVIÇOS 49%

SUBSIDIOS À EXPLORAÇÃO 39%


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Gastos € 7.806.600,00

GASTOS 2019 OUTROS GASTOS PERDAS 8 100,00

CUSTO MERC. VEND. MAT. CONS. AMORTIZAÇÕES 669 000,00

649 400,00

FORNECIMENTOS SERVIÇOS EXTERNOS 1 202 500,00

GASTOS C/ PESSOAL 5 277 600,00

GASTOS 2019 EM % OUTROS GASTOS PERDAS 0%

CUSTO MERC. VEND. MAT. CONS. AMORTIZAÇÕES 9%

8%

FORNECIMENTOS SERVIÇOS EXTERNOS 15%

GASTOS C/ PESSOAL 68%

Notas: Rendimentos = € 7.171.350,00 Gastos = € 7.806.600,00 Resultado Liquido do Periodo= - € 638.450,00 Amortizações = € 669.000,00 Cash Flow = € 30.550,00 • POR JOÃO LOUREIRO (DIRETOR GERAL)


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Atualidades

#36

MISERICÓRDIA A PINTAR HISTÓRIAS DESDE 1885

A Misericórdia de Santo Tirso comemorou mais um ano de vida. Já lá vão 133 anos desde a sua fundação que remonta a 3 de julho de 1885. Fiel à sua história e ao seu principal instituidor, cumpriu-se a tradição de colocar uma coroa de flores junto ao jazigo daquele que foi o primeiro Irmão Benemérito da Misericórdia: o Conde S. Bento. Esta homenagem foi prestada tanto pelo provedor da Instituição, José dos Santos Pinto, como pelo diretor geral, João Loureiro, representando-se assim um agradecimento conjunto dos órgãos socias e dos colaboradores, unidos no reconhecimento daquele que impulsionou uma grande missão que se mantém até aos dias de hoje (traduzida em mais de 350 colaboradores que prestam apoio nas áreas da saúde, terceira idade, infância e comunidade). Seguiu-se a realização de uma Eucaristia, pelas 11h00, no Auditório “Centro Engo. Eurico de Melo” dirigida a toda a família institucional. Celebrada pelo reverendíssimo Padre Luís Mateus, contou com a participação ativa de funcionários, utentes e voluntários, destacando-se ainda as simpáticas vozes do Coral dos Pequenos Cantores de Santo Tirso.


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Atualidades

Conforme vem sendo hábito, estes momentos de confraternização e celebração da vida servem para lembrar a importância que a Misericórdia assume junto da comunidade desde o século XIX: cuidando, ajudando e promovendo sorrisos de confiança nos diferentes serviços que presta no âmbito da prossecução dos seus fins. E que continue a desenhar e a pintar histórias de vida em prol dos outros, conforme o tem feito ao longo destes anos. Sempre mais e melhor. • POR CARLA MEDEIROS (DEP. FORMAÇÃO, IMAGEM E RELAÇÕES EXTERIORES)


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Atualidades

JUNTOS NO DESFILE DE ASSOCIAÇÕES

Pelo segundo ano consecutivo, os Colaboradores da Instituição fizeram-se representar no Desfile das Associações do Concelho de Santo Tirso. Contou com a participação de cerca de 35 elementos representando as diferentes valências ao serviço da comunidade. O evento decorreu no dia 8 de julho e representou uma tarde de convívio recheada de sorrisos. Somos Misericórdia!



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Atualidades

#36

II PEREGRINAÇÃO NACIONAL DAS MISERICÓRDIAS PORTUGUESAS EM FÁTIMA

A II Peregrinação Nacional das Misericórdias em Fátima aconteceu no dia 15 de setembro de 2018. Respondendo ao apelo da União das Misericórdias Portuguesas, enquanto entidade organizadora, a Misericórdia de Santo Tirso marcou a sua presença com cerca de 70 peregrinos, destacando-se a presença do Provedor, José dos Santos Pinto, do Diretor Geral, João Loureiro, da Diretora de Serviços Sociais, Liliana Salgado, entre outros Colaboradores e Irmãos da instituição. Para o Presidente da UMP, Manuel de Lemos “depois da mobilização extraordinária na primeira Peregrinação, realizada para celebrar o Jubileu dedicado à Misericórdia, as Santas Casas reúnem-se, mais uma vez como peregrinas para reforçar, em número e em fé, a força e a vitalidade da nossa missão assente nas 14 obras de misericórdia”. Cumprindo assim com o espírito de missão em percorrer o caminho da verdade, paz e justiça, marcou-se presença às 11h00 da manhã num dos principais momentos do evento que foi o desfile de bandeiras e estandartes das 78 Misericórdias presentes no Santuário: saíram em cortejo, desde a Capela das Aparições até à entrada principal da Basílica da Santíssima Trindade. Simbolizando a tradição e antiguidade desta instituição secular, a Misericórdia de Santo Tirso fez-se representar com as opas e com a sua primeira bandeira. Seguiu-se uma Eucaristia presidida por Sua excelência Reverendíssima D. José Traquina, Bispo de Santarém.

Este dia ficou também marcado pelo momento de união e partilha vivenciado entre Colaboradores e Irmãos que com muito boa disposição corresponderam à solenidade que norteou este encontro. • POR CARLA MEDEIROS (DEP. FORMAÇÃO, IMAGEM E RELAÇÕES EXTERIORES)



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Saúde

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ENTRE O RISO E O CHORO VAMOS FALAR DE EMOÇÕES?

O ser humano é por natureza um ser emocional: as emoções estão na essência da relação do ser humano com o mundo que o rodeia, e vários autores, de diversas áreas, (antropologia, sociologia, neurociências, psiquiatria) têm-se vindo a debruçar sobre a temática, desde Darwin a Damásio, todos concordando com a sua extrema complexidade e apresentando diferentes perspetivas, da mais neurobiológica à mais culturalista.

vez, mais compreendido na mulher que no homem. Não raras vezes, chorar é interpretado, ainda nos dias de hoje, como “fraqueza de espírito”, sobretudo no contexto masculino, em que o padrão comportamental é o da contenção da emoção, tal como observado possivelmente no avô ou no pai. Felizmente, as Sociedades estão a evoluir. Os conhecimentos da Psicologia e da Psiquiatria, paralelamente aos desafios do nosso quotidiano, nomeadamente o aumento exponencial das perturbações mentais, puseram a descoberto a fragilidade humana e a necessidade de equilibrar as nossas emoções: O que sabemos hoje, comprovado nunca como nos últimos anos se diariamente nos consultórios de muitos falou tanto de inteligência emocional, a capacidade de psiquiatras e psicólogos, é a importância identificar os nossos próprios fundamental da expressão emocional, sentimentos e os dos outros, de especialmente a libertação das emoções nos motivarmos e de gerir bem as negativas, como a tristeza, o ódio e a raiva emoções dentro de nós e nos (...) nossos relacionamentos (Goleman, 1998).

A área da Psicologia identifica 4 emoções básicas ou primárias, de onde derivam todas as restantes: Alegria, Tristeza, Raiva e Medo. Segundo Damásio (2000), as emoções são um meio natural de avaliar o ambiente que nos rodeia e de reagir de forma adaptativa; as primárias são inatas, evolutivas e partilhadas por todos, enquanto as secundárias são sociais e resultam da aprendizagem. Numa perspetiva mais sociológica, há uma linguagem da emoção específica, própria de cada cultura, reconhecida por aqueles que dela fazem parte: rir ou chorar é vivenciado e interpretado de forma distinta na cultura ocidental versus oriental, por exemplo, e a forma como gerimos as emoções passa de geração em geração.

Na cultura portuguesa, designada de brandos costumes, o rir é ainda socialmente melhor aceite que o chorar, e este por sua

O que sabemos hoje, comprovado diariamente nos consultórios de muitos psiquiatras e psicólogos, é a importância fundamental da expressão emocional, especialmente a libertação das emoções negativas, como a tristeza, o ódio e a raiva, que uma vez retidas a um nível mais inconsciente poderão estar na génese de traumas, bloqueios e consequentemente do sofrimento psíquico. A contribuição das teorias de Freud, e posteriormente da perspetiva psicodinâmica mais contemporânea, revelou-se fundamental para validar a



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Saúde

#36

ENTRE O RISO E O CHORO VAMOS FALAR DE EMOÇÕES?

importância da expressão e libertação das emoções, sob pena de adoecermos física e psicologicamente. É com Freud que surgem termos como recalcamento e repressão, e com ele percebemos que as emoções reprimidas, ou a sua representação, mais cedo ou mais tarde, emergem à vida consciente.

Somos os únicos do Reino Animal capazes de chorar, característica relacionada com a capacidade de comunicação eficaz e nosso instinto de defesa. Choramos sobretudo por tristeza, angústia, raiva, medo e dor física, externalizando as emoções negativas. A repressão do choro e da exteriorização das emoções, muitas vezes transmitida culturalmente, poderá acarretar problemas de inibição emocional, que muitas vezes derivam para quadros depressivos-ansiosos graves e doenças psicossomáticas com impacto significativo na vida do indivíduo.

“O homem que não ultrapassa o inferno das suas paixões, também não as supera. Elas mudam-se para a casa vizinha e poderão atear o fogo que atingirá a sua casa sem que ele perceba. Se abandonarmos, Foram descobertos vários tipos de lágrimas, deixarmos de lado, e de algum com diferentes composições químicas, e modo esquecermo-nos identificaram-se nas lágrimas de natureza excessivamente de algo, emocional uma maior quantidade de corremos o risco de vê-lo prolactina à base de proteínas hormonais, reaparecer com uma violência redobrada.”(Carl Jung) que funciona como analgésico natural; O choro, à luz da Neurobiologia atual é considerado um fenómeno complexo, que vai muito além do derrame das lágrimas, via canal lacrimal. Foram descobertos vários tipos de lágrimas, com diferentes composições químicas, e identificaram-se nas lágrimas de natureza emocional uma maior quantidade de prolactina à base de proteínas hormonais, que funciona como analgésico natural; fisicamente, removem substâncias tóxicas do organismo e psicologicamente proporcionam conforto emocional, permitindo a libertação de substâncias como a leucina-encefalina, noradrenalina e serotonina.

Quando choramos, como resposta a emoções intensas desagradáveis ( há quem chore de “alegria”), sentimos um alívio emocional e a diminuição dos níveis de stress, o que nos reconforta e ajuda a ultrapassar dificuldades, pelo que os outrora considerados “fracos” ao chorar, são hoje , à luz da Psicologia Moderna, os mais resilientes, os mais inteligentes emocionalmente, os mais empáticos. Talvez me atreva a dizer… os mais felizes. E quando o nosso filho perguntar “estás a chorar, pai?”, simplesmente possamos dizer, “sim, filho, emocionei-me, faz parte da Vida, faz bem…” Choremos mais, então. Para bem da nossa Saúde Mental. •

POR SANDRA SABRINA QUEIRÓS (ASSISTENTE HOSPITALAR GRADUADA EM PSIQUIATRIA, NOVO HOSPITAL DE AMARANTE)


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PROGRAMA DE ESTIMULAÇÃO COGNITIVA NOS LARES RESIDENCIAIS

Ação Social e Comunidade

Iniciado em outubro de 2017, o Programa de Estimulação Cognitiva, desenvolvido nas valências residenciais da Misericórdia de Santo Tirso e no Centro Comunitário de Geão, visa essencialmente minimizar os efeitos da deterioração cognitiva nos idosos, melhorando a sua autonomia funcional e, consequentemente, a sua qualidade de vida. Nesta fase, foram já dinamizados 8 grupos, nas valências Lar José Luiz d’ Andrade, Casa de Repouso de Real e Centro Comunitário de Geão. Todos os participantes são sujeitos a uma avaliação neuropsicológica antes e depois da implementação do Programa, com o propósito de aferir o seu efeito e permitir uma análise comparativa dos resultados. O Programa, desenvolvido ao longo de 12 a 14 sessões, consoante o grupo, incide nas áreas chave do funcionamento cognitivo, privilegiando aquelas que estão mais implicadas nas rotinas dos idosos. Com base na análise dos resultados obtidos, considera-se um balanço positivo dos efeitos do programa, quer ao nível da melhoria das competências cognitivas, ainda que ligeiras, quer ao nível da adesão e recetividade às tarefas. Para além da promoção das competências cognitivas, objetivo central do Programa, foram trabalhadas outras áreas como a socialização e a autoestima. Iniciará entretanto uma segunda fase do Programa, com os mesmos grupos, no sentido de dar continuidade ao trabalho iniciado. Nesta nova fase do Programa, prevê-se ainda a

estimulação cognitiva individual, em casos em que este tipo de abordagem se revele mais adequada. Perspetiva-se, em breve, um alargamento deste serviço à comunidade, de forma a dar resposta a pessoas que não estando integradas em respostas sociais, pretendam frequentar este serviço. • POR CARLA CABRAL (PSICÓLOGA NA ISCMST)


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#36

DESPERTAR EMOÇÕES O PODER E A MAGIA DOS ANIMAIS

As intervenções assistidas por animais têm ganho popularidade nos últimos anos junto dos idosos e em especial no plano terapêutico, com pessoas que apresentam quadros demenciais. Um dos grandes desafios no trabalho com pessoas com demência, sobretudo em estádios mais avançados do problema, é precisamente a motivação do doente. A dificuldade está em captar a atenção e resgatar o doente de uma existência só, desinvestida e alheada do meio-envolvente.

memórias pessoais significativas da vida em casa e junto de animais de estimação que tantas vezes ficam para trás no processo de institucionalização. São estas particularidades das intervenções assistidas por animais que parecem garantir melhores resultados. O cão como ferramenta motivacional promove uma maior disponibilidade e motivação para as atividades pedagógicas e terapêuticas e, por conseguinte uma maior orientação para os objetivos delineados.

A mais-valia desta intervenção Neste contexto, diversos não-farmacológica está estudos tem vindo a As intervenções assistidas por animais precisamente na presença do documentar os benefícios têm ganho popularidade nos últimos anos animal como incentivo novo e deste tipo de intervenção com junto dos idosos e em especial no plano ferramenta terapêutica. O cão pessoas demenciadas na terapêutico, com pessoas que apresentam desperta o interesse e chama a promoção de competências e quadros demenciais. atenção da pessoa com tratamento de problemas demência, favorecendo a sua físicos, funcionais, cognitivos, concentração e o envolvimento afetivos ou sociais. O aumento na tarefa. Por outro lado, toda a interacção com o animal da interação comunicativa (o sorriso, o riso, o contacto está facilitada. Assente na linguagem corporal (não ocular, o toque e a verbalização), a melhoria do humor, a verbal), e à margem dos becos discursivos, a redução dos níveis de stress, depressão e ansiedade, a comunicação é pouco exigente e espontânea. Acresce diminuição de comportamentos disruptivos e agressivos, o ainda o retorno afetivo das atividades. De facto, sendo a aumento do envolvimento ativo com o ambiente, a memória afetiva a última a deteriorar-se torna-se possível melhoria das funções motoras e a maior adesão aos a criação de um vínculo emocional positivo com o animal processos terapêuticos são apenas alguns deles. que pode proporcionar grande bem-estar aos utentes com demência, sobretudo nos casos em que houve No passado dia 04.Out.2018 o Lar José Luiz d’Andrade interesse passado por animais. A interação com estes celebrou o Dia Mundial do Animal com a Dogs animais poderá ainda ajudar a recuperar o passado e Training Concept, uma empresa que trabalha no


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#36

DESPERTAR EMOÇÕES O PODER E A MAGIA DOS ANIMAIS

desenvolvimento de intervenções assistidas por animais. Durante cerca de 90 minutos foram demonstradas as potencialidades dos cães de assistência e o seu papel na manutenção da autonomia e no apoio às atividades de vida diária. A sessão decorreu com 3 cães terapeutas e dois guias caninos. De forma lúdica, e através destes amigos de quatro patas, foi possível ativar emoções positivas, recuperar memórias, promover a afetividade e a socialização, numa demonstração clara das vantagens inequívocas da inclusão de animais nos processos terapêuticos e educacionais. Os utentes aderiram em massa à atividade, envolvendo-se com notória satisfação e interesse. Nesta experiência-piloto, que permitiu avaliar o grau de aceitação dos utentes à presença de cães, a Maggie, o Tobias e o Cooper foram cãovidados especiais e fizeram magia num momento que se fez de bem-estar individual e coletivo. • POR MARIA JOÃO FERNANDES (COORDENADORA LAR JOSÉ LUIZ D’ANDRADE)


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VENCER A ADVERSIDADE PELOS AFETOS

No âmbito da complexidade das vulnerabilidades sociais, da inclusão e das estruturas voltadas especificamente para dar respostas a grupos sociais mais fragilizados, permitam-me que partilhe convosco o caso de Joaquim (nome fictício).

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no homem doce a que nos acostumamos. Era fácil gostar deste homem singular que se desdobrava em afetos.

Numa tarde de outono, partiu

Para tal, não bastaram medidas avulsas, de efeito placebo, foi necessário uma estratégia mais ousada, de ruturas e compromisso, para finalmente conseguir encontrar a tranquilidade e a segurança longe do seu meio natural. Numa tarde de outono, partiu como os grandes, de tanta simplicidade e bondade! Faz-nos bem cativar um pouco da alma dos grandes, ajuda-nos a sermos maiores!

Joaquim foi um homem sem passado, como os grandes, de tanta acolhido em resposta social nesta simplicidade e bondade! Faz-nos Instituição. Consciente e orientado, havia bem cativar um pouco da alma sido abandonado num hospital na sequência de internamento prolongado dos grandes, ajuda-nos a sermos por AVC, com prognóstico de não maiores! recuperação, apresentando comprometimento funcional severo, sobretudo a nível da marcha e da comunicação verbal. É fácil fazer-lhe elogios, difícil é olhar para o legado da sua Na bagagem, trazia apenas documentação pessoal, parca vida e dar-lhe sentido e continuidade… • informação referente ao período de internamento e uma mão cheia de sonhos desfeitos. POR MANUELA CARNEIRO (TÉCNICA SUPERIOR DE SERVIÇO SOCIAL DO LAR DRA. LEONOR BELEZA)

Comportamentos hostis e instáveis marcaram a fase de acolhimento, acinzentados pelo desenraizamento, pela impossibilidade de reestabelecer laços familiares e pela dependência. Temeu o pior! A vida foi mudando ao longo dos anos, dando lugar a atitudes de resignação e aceitação. A força de vontade, a coragem a cada pedaço de vida e a gratidão por cada experiência, ensinaram-no a reerguer-se, transformando-o


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DIAMANTINO TEIXEIRA DOS SANTOS DE AGRICULTOR A POETA

«Fiquei velhinho aos cinco anos de idade…» é assim que tem início a biografia do Sr. Diamantino Teixeira dos Santos, filho de Ana Maria e Joaquim dos Santos e utente do Lar José Luís de Andrade, desde 04 de Março de 2010. «Nasci em fevereiro, no Concelho de Chaves, distrito de Vila Real – Trás-os-Montes, tive um nascimento agradável, rodeado pelos meus seis irmãos, mas teve a minha sorte teve pouca duração; passados cinco anos, a assistir a uma diversão de outras crianças, fiquei imobilizado para sempre». Foram estas as emoções transmitidas à posteriori num relato consciente e muito sentido que nos transmite os seus sentimentos de um menino num corpo de adulto. «Numa bela tarde de Verão, numa eira de fazer as malhadas de centeio, um tanto inclinada, havia ali um rodeio de um carro de bois já inutilizado, mas esse dito rodeio, mesmo velho, sem o argolão tinha a ferragem de o segurar…» e este palco secular talhado para as malhadas dos cereais, foi testemunha de um acidente ocorrido entre crianças simples de aldeia que não imaginam o perigo que os espreita a qualquer momento. Aqui e, nesta hora, o provérbio “ao menino e ao borracho põe Deus a mão por baixo” não se cumpriu. «Dois colegas, pouco mais velhos do que eu, começaram a brincar com ele, opostos um ao outro, a fazer força (…) eu que estava mais em baixo a observar, encostado a uma parede, o rodeio veio e tive a infelicidade que um dos cravos espetou-se na minha cabeça. Claro que o sangue apareceu rapidamente, como era de esperar, os autores do crime, vendo-me banhado em sangue, retiraram o rodeio e abandonaram-me.”

«Nessa época de Verão, como os lavradores a essa hora andavam nos campos, simplesmente só estava a minha avó materna em casa. Quando anoiteceu todos regressaram e encontraram-me naquele estado! Chamaram o barbeiro que por sinal era meu tio do lado da minha mãe, raparam-me a cabeça, lavaram-ma e começaram-me a tratar com remédios caseiros». Era esta a sorte de todos os meninos que moravam «numa aldeia a dez quilómetros de Chaves, com caminhos de cabras, não era fácil irem lá táxis». Mas, «dez dias depois, quando tudo parecia ter voltado à minha vida normal, tive um AVC e fiquei paralisado do lado direito, a partir daí deixei de andar… Recordo-me de me levarem ao hospital transportado num burro». «Ao longo do tempo limitei-me à dependência de alguém, usando a cama, ou que me trouxessem para a varanda. Recordo ainda estar na varanda com uma ansiedade de voltar a andar… tentava fazer “tem, tem”, para me agarrar aos balaústos e assim começava a mudar os pés … . «Fiz o exame de quarta classe». «O meu pai foi importante no combate à ignorância e não sendo professor primário, fez a vez dele». E, muitos anos passaram cheios de emoções fortes, sofredoras e incontidas perante as adversidades que a vida prepara a qualquer ser humano, sobretudo do interior e nos anos cinquenta, época de um Portugal marcado pela pobreza e pela simplicidade.


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A partir de certos momentos «passamos a ser órfãos de pai e mãe; tínhamos um tio do lado do meu pai, passou ele a ser nosso tutor» (…) é de referir que somos quatro rapazes e duas raparigas (…). À boa maneira transmontana, toda a família ajudou. «Uma minha irmã veio com a nossa tia para Santo Tirso, para trabalhar no hospital…!» Estavam os dados lançados para que o destino do Diamantino se cruzasse com a Santa Casa da Misericórdia de Santo Tirso.

Foto: Sandra Ventura

«Para mim foi grande surpresa quando no dia treze de agosto de 1962, apareceu-me lá a minha irmã para me levar para Santo Tirso». «Agora vais ficar aqui no hospital e amanhã o Armando que é nosso irmão vem para baixo e ides à Senhora da Assunção e no fim ides os dois para a quinta… a tal que as irmãs Franciscanas compararam…” E o Diamantino continuou a sua vertente de agricultor no Convento da Bela em Fontiscos. Esta etapa da sua vida foi mais risonha. “ Entrei na quinta a 15 de agosto de 1962. Nos dois primeiros anos não ganhei nada, começaram a ver o meu trabalho e então passei a ganhar cinquenta escudos por mês, só que não ficou por aqui, o meu trabalho começou a dar nas vistas e continuaram a aumentar-me até igualar aos outros.» Eis aqui as primeiras impressões que colheu no primeiro passeio por Santo Tirso: «Vim nessa estrada, a passar à ponte da passagem e entrei na estrada que vai para Agrela. Passei à Cooperativa dos Vinhos, logo a seguir aparece a placa Valinhas, a seguir à igreja, lugar de Quinchães, freguesia de Monte Córdova e mais acima os sete sobreiros. Nessa altura a estrada ainda era em terra; cheguei ao mosteiro de Nossa Senhora da Assunção, ainda estava em obras, limitei-me a apreciar e


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DIAMANTINO TEIXEIRA DOS SANTOS DE AGRICULTOR A POETA

vim embora pelo contrário. Passei por S. Miguel do Couto, Areal e vim pelo Tapado, passei pela Fonte Maria Velha. Depois, vim pela rua onde hoje existe a Central das camionetas, a sair à Fábrica do Arco e assim continuando até casa. Há momentos extraordinários e para mim este foi um deles!»

De guardador de vacas e agricultor, passou o Diamantino a escrever. As suas quadras sempre prontas para imortalizar as festividades da Misericórdia, encerram pensamentos, sonhos, sentimentos puros e sentidos que jamais cairão no nosso esquecimento.

«Quero ser feliz «Na época do Natal e porque minhas Com muita esperança As suas quadras sempre prontas irmãs estavam no Hospital de Santo Seguir na vida para imortalizar as festividades da Tirso, eu e os outros dois irmãos Embora ainda seja criança» Misericórdia, encerram pensamentos, juntávamo-nos lá para fazer a sonhos, sentimentos puros e consoada. Posso dizer que vivíamos Sempre que havia qualquer evento, o sentidos que jamais cairão no nosso com alegria, só podemos dar muitas Sr. Diamantino lá estava, sorridente, graças a Deus. E porque a vida não é muito atento e, na sua timidez, esquecimento. só feita de trabalho, travei participava sempre com uns versos conhecimento com muita gente e fiz adequados à situação. Sr. Diamantino muitos amigos. Passei férias com os irmãos e sobrinhos e a vida muito obrigada pela maneira como me acolheu ao longo tornou-se menos pesada. O tempo foi passando e quando fiz destes oito anos no Lar José Luiz d’Andrade. Um grande quarenta anos de descontos, pedi a reforma por invalidez. Fui bem-haja! • reformado. Depois, comecei a pensar em entrar para o lar de idosos. Junto dos meus irmãos procurámos e encontramos um POR ALBERTINA MARQUES (MESÁRIA NA ISCMST) lar que satisfaz qualquer utente que queira aderir. Bom Provedor, boa organização, bons funcionários, bons passeios, muita limpeza e boa comida. Já sou utente do Lar José Luiz d’Andrade há sete anos e sou muito feliz aqui!»


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EMOÇÕES NO VOLUNTARIADO

Voluntariado é sinal profético no nosso tempo. Gostei de ser voluntária na Misericórdia. Disponibilizei algum do meu tempo ao serviço dos utentes que muitas vezes me enriqueceram. Proporcionaram-me a alegria de me pôr ao serviço dos outros e de Deus. No fim, apesar do tempo e dos sacrifícios envolvidos, considero que foi muito mais o que recebi do que aquilo que dei. Emoções, tive várias e todas elas contribuíram para a minha felicidade que se refletiu no carinho para dar aos outros. Ouvi muitas palavras bonitas de agradecimento, mais um motivo de emoção. A par disso, como Vice Provedora, e ainda que com menos disponibilidade, mantive o meu papel, papel esse que abandono com alguma nostalgia. Visando o futuro, ofereço-me para aquilo a que puder atender… • POR MARIA MANUEL MACHADO (VICE PROVEDORA NA ISCMST)

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RUGAS QUE DIZEM EMOÇÕES

“Rugas que dizem” trata-se de um Atelier que visa a realização de retratos fotográficos aos utentes, em diferentes situações e contextos, com a colaboração de profissionais da comunidade. Nesta edição da revista, as emoções foram captadas pela lente do fotógrafo voluntário Tiago Queirós. “Rugas que dizem Emoções” retratou utentes e colaboradores das valências Lar José Luiz d’Andrade e Centro de Dia. A capa da revista também reflete as diferentes formas em que as emoções destes protagonistas se podem expressar.





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#36

ESTA MENINA SIM ROSÁRIO PINHEIRO

Da janela do ateliê, no seu apartamento no último andar de um prédio no centro de Viseu, vê o primeiro local onde existiu. Rosário Pinheiro nasceu em 1988 no Hospital de São Teotónio, edifício majestoso que é hoje uma pousada histórica de charme. A cidade e o ano em que nasceu estão impressos no cartão de visita em que Rosário se apresenta como ilustradora, apesar de não se resumir a uma profissão – é também cozinheira profissional. A designer acrescenta ainda que “cresceu 4 cm aos 23 anos”. A estranheza da afirmação inibe muitas questões mas não deixa de ecoar no nosso pensamento. Talvez seja essa a intenção de Rosário Pinheiro, a de fazer pensar quem consigo se cruza. A explicação está na cirurgia que lhe foi imposta devido a uma grave escoliose, cirurgia que lhe permitiu crescer os consideráveis 4 cm, mas a verdade é que aos 30 anos continua a crescer. Exemplo disso é a exposição “Uma menina não” que aconteceu pela primeira vez em julho de 2018 em Viseu nos Jardins Efémeros, um projeto interdisciplinar que teve nessa edição como fio condutor o corpo. Numa lógica que Rosário Pinheiro não aceita, o corpo não pertence à mulher, não sem cumprir certas regras. Daí a linguagem irónica e desafiadora que imprime às ilustrações que faz a frases como uma menina não assobia, uma menina não anda sozinha na rua, uma menina não diz palavrões, uma menina não pode seduzir, uma menina não… A exposição teve a sua segunda edição no Tribunal Judicial de Santo Tirso no âmbito das comemorações do Dia Internacional pela Eliminação da Violência Contra as Mulheres

que se celebra a 25 de novembro. Numa iniciativa promovida conjuntamente pela Câmara Municipal de Santo Tirso, a Rede Social e a Irmandade e Santa Casa da Misericórdia de Santo Tirso, “Uma menina não” foi inaugurada a 23 de novembro e manteve-se até 7 de dezembro, com entrada gratuita. 50% do valor dos trabalhos reverteu para a Casa Abrigo da Irmandade e Santa Casa da Misericórdia de Santo Tirso. Num tempo em que se impõe ouvir as mulheres, Rosário Pinheiro permite-o de forma irrepreensível, já que as frases ilustradas são as respostas dadas por meninas/mulheres (a maioria delas utentes da Casa Abrigo) entre os 15 e os 60 anos à pergunta “o que é que já te disseram que não podias fazer só por seres menina/mulher?”, conduzindo à reflexão sobre as infinitas regras que são impostas à mulher só porque o é e à


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#36

ESTA MENINA SIM ROSÁRIO PINHEIRO

problemática das desigualdades de género. E mais do que a reflexão, Rosário pretende uma mudança de paradigma porque, na sua perspetiva, não há nada que uma menina não possa só por ser menina. As frases ilustradas, que Rosário reuniu num bloco pequeno, pouco maior que a palma da sua mão, tornaram-se grandes com a expressividade que lhes conferiu. Todas elas foram representadas por desenhos que o lápis na mão esquerda de Rosário traçou quer no papel quer em panos de linho. A tinta de água para o papel e os acessórios têxteis para o linho fizeram o resto, culminando em 26 peças que conferiram uma nova dinâmica à casa da Justiça durante 2 semanas. No espaço onde se cultiva a Justiça, a exposição permitiu a quem a visitou questionar o que precede tantas injustiças. Como tantas coisas na vida da designer, o caminho que trilha não é óbvio mas percorre a lógica da arte como pensamento e intervenção. Afinal, Rosário Pinheiro só se sente realizada quando as suas ilustrações vão para lá de um rasgo criativo.• FOTOREPORTAGEM POR ANA ALVARENGA (JURISTA CASA ABRIGO)


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EMOÇÕES NO FEMININO AGITAR ÁGUAS, INCENTIVAR A DISCUSSÃO, PROVOCAR MUDANÇA!

Assédio Sexual | Breast Ironing | Mutilação Genital | Crime de honra | Femicídio | Aborto seletivo | Coerção reprodutiva | Infanticídio feminino | Violência obstétrica | Esterilização forçada | Violação | Abuso sexual | Lapidação | Flagelação | Tráfico humano | Prostituição forçada | Controlo | Coação | Ameaça | Intimidação | Isolamento | Stalking Formas de violência que, entre outras, são praticadas sobre as mulheres. A maioria (também) pode ser praticada sobre os homens, mas diz-nos a estatística (essa forte ciência probabilística) que continua a tratar-se de violência de género. E o que distingue outras nações das ocidentais é a visibilidade. Apenas e tão somente. Minimizamos a violência que bate à porta de uma em cada 3 mulheres portuguesas, enquanto atribuímos um sublinhado diferente a práticas que consideramos bárbaras (como o breast ironing); sublinhado que nos distancia e desresponsabiliza. Por isso é que alguns lugares comuns persistem em incomodar. “Por que é que não há um dia do homem?!” “Porque é que o 25 de novembro é contra a violência sobre as mulheres e não contra todo o tipo de violência?” Podia falar da luta pelo direito ao voto ou das irmãs Mirabal, mas seria tão redutor… porque falamos de História, da que aconteceu e continua a escrever-se todos os dias… No ocidente a violência de género esconde-se dentro de portas e quem teima em não a ver escuda-se nas conquistas já feitas ou ataca aquilo a que chama de “histerias feministas”. E, de repente, tudo se confunde: conquistas com igualdade efetiva, feminismo com sede de poder sobre os homens, ...

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EMOÇÕES NO FEMININO AGITAR ÁGUAS, INCENTIVAR A DISCUSSÃO, PROVOCAR MUDANÇA!

A violência contra as mulheres continua a ser uma realidade, de todos os dias, de todas as nações, que impacta a vida de homens e mulheres, o presente de meninos e meninas e o futuro da Humanidade. Negá-lo, é como persistir no lixo debaixo do tapete: parece que incomoda menos porque não o vemos, mas nem por isso desaparece, e um dia acaba por cheirar mal… Este ano, a Misericórdia de Santo Tirso desafiou a Rede Social do concelho a associar-se às comemorações do Dia Internacional pela Eliminação da Violência Contra as Mulheres. Nesta sequência, surgiu um programa com atividades diversificadas que decorreram entre os dias 19 de novembro e 7 de dezembro. Rosário Pinheiro, designer/ilustradora de Viseu, trouxe ao Tribunal de Santo Tirso trabalhos de sua autoria sobre o tema “Uma Menina não...”. Irreverentes e desafiadores, os trabalhos retratam frases de meninas e mulheres utentes da Casa Abrigo em resposta ao repto lançado de perceber o que culturalmente lhes é imposto, sem que se apercebam. 50% do valor da venda dos trabalhos reverteu a favor da valência: um reflexo do comprometimento social da autora, nobre mulher de causas. “Femina” foi exibida no Centro Eng.º Eurico de Melo pelo Grupo de Teatro Aviscena. Um espetáculo que nasceu da dramatização de poemas da autoria de poetisas portuguesas e que retrata o dia-a-dia de um escritório. Nele pretende-se representar a vida da mulher na sociedade atual.


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Ação Social e Comunidade

O envolvimento dos professores levou ao contacto direto da nossa equipa de técnicas especializadas com mais de 40 turmas (aproximadamente 800 alunos). Algumas escolas assumiram o tema, prolongando a discussão e promovendo iniciativas próprias. Debater as questões da violência e da igualdade em contexto escolar é sempre promissor e surpreendente. • POR SARA ALMEIDA E SOUSA (COORDENADORA CASA ABRIGO)

O espetáculo espelha a realidade com uma intensidade que chega a emocionar os presentes. Mais, capta e envolve o público, constituindo efetivamente um momento de reflexão individual. Em várias Escolas Secundárias do Concelho foram realizados sketchs de improviso (com a colaboração do Grupo de Teatro Aviscena), que retrataram situações de assédio sexual e sexting. Os/as alunos/as que se amontoavam nos intervalos das aulas foram surpreendidos com situações de tensão e alguma violência, com o objetivo de lhes despertar a atenção e os impulsionar a intervir. Meta atingida! As aulas seguintes foram de debate sobre riscos, alternativas e formas de proteção.


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Formação

#36

AS EMOÇÕES E A MÚSICA

Todas as emoções são essenciais e estão associadas à nossa vivência, sendo o nosso corpo o palco de atuação. Podemos definir-nos emocionalmente como uma pauta musical, onde cada som e cada ritmo se transformam em emoções. Se estou triste, o meu corpo transforma-se numa guitarra a gemer as notas de um fado nostálgico, se estou irritada, sou uma bateria a martelar uma música pesada e metálica, mas se estou bem e em paz sou as teclas de um piano com um saxofone ao fundo a soltar notas de um jazz melodioso. Afinal sou uma pauta musical, onde os ritmos e os sons se alteram conforme as minhas emoções. A música pode influenciar cada pessoa e potenciar os seus aspetos positivos, reduzindo o stress e a depressão. A Musicoterapia é uma terapia cujo objetivo principal é a aplicação da música de forma a apoiar, tratar e mesmo prevenir problemas de foro psicológico e emocional. Neste sentido, e no âmbito dos Grupos de Trabalho, metodologia criada na sequência da definição do Plano de Gestão Estratégico desta Instituição, foi levada a cabo a iniciativa de proporcionar aos seus colaboradores a experiência de usufruir dos benefícios desta terapia tendo como principais pressupostos a dinâmica de grupo, a partilha de sentimentos, a confiança, o relaxamento e, a não menos importante, diversão e partilha de um momento de inter-ajuda e aprendizagem onde todos exploram as suas próprias emoções e sentimentos.


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Formação

Muito melhor que descrever o sucesso da referida iniciativa, será o de transmitir e reescrever o testemunho de alguns dos 48 colaboradores presentes: “A música é uma arte, a musicoterapia é a arte de nos fazer feliz! Foi de facto gratificante participar nesta sessão juntamente com outros colegas. Foi um momento de harmonia, ritmo, paz e tranquilidade. Foi acima de tudo divertido, um momento de descontração coletiva, como se tudo ao redor parasse no tempo para nos libertar da rotina e nos fazer ir ao encontro da natureza. Grata! (Colaboradora, Lar José Luiz d’Andrade)

“Boa tarde! Venho agradecer ao Grupo de Apoio pela espetacular sessão de relaxamento que nos foi proporcionada hoje, às 10h30. Um momento de alegria, divertimento, muito boa disposição, relaxamento e uma coisa que não é fácil muitas vezes de se conseguir: TRABALHO EM EQUIPA. Todas as colaboradoras interagiram de igual para igual, com uma intensidade de entrega fabulosa! Atrevo-me mesmo a dizer INCRÍVEL! Não são precisas horas para se sentir tão boa energia. Não me alongo mais…Apenas agradecer de coração cheio à Elisabete Neto. Parabéns por conseguir tamanha leveza e descontração nas nossas cabeças e nos nossos músculos. Bem hajam! Mais uma vez, OBRIGADA! Seria muito bom que pudéssemos ter este tipo de energia boa regularmente! (Colaboradora, Lar José Luiz d’Andrade)

“Nesta atividade de MUSICOTERAPIA foram muito bons os momentos de descontração, boa disposição, relaxamento e trabalho de equipa. À nossa querida Elisabete Neto, um muito obrigada pela experiência! Adorei! (Colaboradora, Departamento de Compras) • POR SÍLVIA RIBEIRO (TÉCNICA DE APOIO À GESTÃO) E ELISABETE NETO (FORMADORA)


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Ação Educacional

#36

PENSO PORQUE SINTO!

Num universo carregado de estímulos o ser humano absorve tudo o que é bom ou mau sendo capaz de sentir de forma distinta perante várias situações. As emoções fazem parte do nosso dia a dia e são traduzidas de acordo com as nossas vivências, com as nossas aprendizagens… Desde o nascimento que o ser humano está exposto a situações agradáveis e desagradáveis e é desde cedo que aprendemos a controlar as nossas emoções de acordo com as diferentes etapas da nossa vida. Quando criança, as emoções devem ser trabalhadas com o apoio dos adultos de forma a que a criança consiga expressar-se de acordo com aquilo que está a sentir (euforia, desânimo, pânico, paixão…). Faz parte do ser humano pensar e sentir… sentir a tristeza ou a alegria; sentir medo ou coragem… faz parte reagir de forma diferente às situações que vamos vivenciando. São as emoções e os sentimentos que nos permitem estabelecer relações saudáveis com os outros fortalecendo amizades e vínculos. Na infância as emoções tornam-se confusas fazendo com que as crianças tenham dificuldade em autocontrolar-se. O papel do adulto nas idades precoces é muito importante pois permite à criança refletir sobre os seus sentimentos e emoções que se traduzem em comportamentos. É difícil explicar às crianças o porquê de nos sentirmos tristes ou eufóricos; o porquê de sentirmos medo ou coragem, no entanto, apenas poderão autocontrolar-se se passarem pelas situações ainda que estas sejam desagradáveis.


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Ação Educacional

Vamos permitir que as crianças exprimam as suas emoções de acordo com o que sentem no momento e, um dia, serão capazes de perceber que pensar é a tradução de sentir! • POR ANA SILVA (COLABORADORA DO JARDIM DE INFÂNCIA)


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Ação Educacional

#36

HISTÓRIAS PARA LER COM O CORAÇÃO

A competência de uma pessoa para compreender os seus sentimentos e o dos outros é uma das capacidades mais importantes do ser humano.

emocional para que, desde cedo, nos possamos (re)conhecer, situar no mapa afetivo, somar, multiplicar e dividir afetos e experimentá-los em todas as suas diferentes combinações.

Saber identificar os sentimentos pessoais e alheios, a Neste contexto, os livros infantis podem ser uma boa ajuda. capacidade de nos motivarmos, de nos expressarmos Entre a ficção e a realidade, de forma objetiva ou fantasiada, convenientemente, de gerirmos bem as nossas emoções e os livros constituem excelentes recursos para que as crianças os nossos relacionamentos são possam falar sobre os seus competências estruturais no sentimentos, experimentar emoções, desenvolvimento da chamada apreender novos contextos afetivos (...) os livros constituem excelentes inteligência emocional. e ensaiar as suas respostas.

recursos para que as crianças possam falar sobre os seus sentimentos, experimentar emoções, apreender novos contextos afetivos e ensaiar as suas respostas.

É aliás, este uso eficaz das emoções que permite um maior controlo sobre os nossos impulsos, uma gestão adequada dos nossos comportamentos e, por conseguinte, o desenvolvimento de relações mais saudáveis ao longo da vida. Por outro lado, diversos estudos documentam também que as pessoas emocionalmente inteligentes são mais ágeis na procura de soluções para os seus problemas e que conseguem responder mais eficazmente às adversidades da vida. Não obstante a sua importância, esta competência tem vindo a ser subvalorizada na educação das crianças e a sua aprendizagem não tem encontrado expressão nos conteúdos e metas curriculares, tão objetivamente centradas nos resultados académicos. No entanto, a par da história, da geografia, da matemática ou da química, também é importante a literacia

Os três livros seguidamente apresentados têm um denominador comum: narrativas simples e ilustrações grandiosas, capazes de dizer o indizível. São histórias universais, sem tempo nem idade, adequadas para crianças, mas indicadas para jovens e adultos também. São enfim, histórias para se ler com o coração…


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Ação Educacional

Era Uma Vez Uma Raiva Autoria: Blandina Franco Ilustração: José Carlos Lollo Edição: Nuvem de Letras “No início era só uma raivinha à toa. Uma coisa tonta, que nem tinha razão de ser, mas que, mesmo assim, era.” Assim começa um livro que aborda a raiva na sua dimensão total e avassaladora: “uma raiva que começa pequenina e que acaba por tomar proporções dramáticas”. Este livro é um ponto de partida para conversar sobre os afetos negativos e sobre a sua função comunicativa; sobre o que está certo e o que está errado; sobre o impato do modo como nos expressamos naqueles que nos rodeiam; sobre aquilo que nos causa indignação…uma ferramenta igualmente útil para falar da expressão comportamental da raiva - tantas vezes vestida de excessos, aparatosas birras ou de agressividade – e treinar o autocontrolo. Dominar a raiva, antes que esta nos domine a nós. Dirigido a crianças em contexto pré-escolar e 1º ciclo do ensino básico, mas também adequado para leitores mais velhos.


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Ação Educacional

HISTÓRIAS PARA LER COM O CORAÇÃO

O Monstro das Cores Autoria e Ilustração: Anna Llenas Edição: Nuvem de Letras “A alegria é contagiosa. Brilha como o sol, cintila como as estrelas” Um monstro confuso, perdido nas suas emoções, procura ajuda para compreender o que se passa com ele. Um livro educativo, à volta de 5 emoções básicas - alegria, tristeza, raiva, medo e calma - cada uma com a sua cor. Com imagens vivas dos sentimentos, este livro permite às crianças organizar, identificar, diferenciar, medir e regular as emoções… compreender como nos assaltam o coração, como se misturam ou como se sucedem. Como funcionam na ordem ou no caos. Para que as crianças descubram em si um arco-íris, explorem todas as tonalidades afetivas e rabisquem sem medo com todas as cores. Uma boa ajuda para as crianças que, tal como o monstro, se possam sentir confusas e num turbilhão de emoções e para os seus pais e educadores para que, tal como a amiga do monstro, os possam ensinar a lidar com elas. Indicado para crianças do ensino pré-escolar e primeiro ciclo. Também em versão pop-up e versão cartonada (mais curta) para os mais pequenos. Para usar em complementaridade com este livro, a autora disponibiliza ainda, gratuitamente, através do seu site (www.annallenas.com) materiais didáticos e sugestões de atividades úteis para explorar o tema com as crianças.

O Diário das Emoções (Editorial Planeta), da mesma autora, cumpre a mesma função com crianças mais velhas e integra já vários exercícios para que estas possam conectar-se com os seus sentimentos e trabalhar o auto-conhecimento.


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Ação Educacional

Medo do quê? Autoria e Ilustração: Rodrigo Abril de Abreu Edição: Editorial Presença “Tenho medo dos monstros! Mas os monstros também precisam de amigos.” “Todos temos medos. Mas, e se o medo tiver algo valioso para nos ensinar?” Assim se enuncia este livro que se desenvolve pela experiência de um pequeno herói (sem nome e por isso com todos os nomes) na sua travessia por medos muito comuns como desconhecido, as alturas, a escuridão, a solidão e a dor. Medos grandes e medos pequenos. Ora paralisadores, ora mobilizadores. As ilustrações crescem na sombra da mão do autor, representando o medo assombra, mas integram também traços de superação. Há escuridão e cor. Um livro muito bonito, que permite desmistificar os medos, angústias e preocupações infantis. Um bom instrumento para a compreensão e normalização dos medos. Medo do Quê é um livro para pequenos leitores até aos 6 anos que, pela sua originalidade e qualidade de texto e ilustração, é adequado a qualquer idade. • POR MARIA JOÃO FERNANDES (PSICÓLOGA)


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Cultura

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MÉDICOS TIRSENSES UMA EVOCAÇÃO DA GRANDE GUERRA

Assinala-se em 2018 o centenário do fim da Primeira Guerra Mundial. Este conflito moldou a Europa do séc. XX e trouxe consigo a semente de futuros conflitos, redesenhando o mapa político mundial no estertor de vários impérios. Mas foi igualmente um momento transfigurador de mentalidades e de hábitos sociais, assistindo-se ao aparecimento de movimentos artísticos e o desenvolvimento das ciências, entre as quais, a Medicina. Portugal, jovem república, entrou oficialmente no conflito em 1916, com a declaração de guerra da Alemanha, a 9 de março, no entanto, desde 1914 este conflito seria travado nas colónias ultramarinas, nas zonas de fronteira com o império alemão: no sul de Angola e no norte de Moçambique, junto do rio Rovuma. A República Portuguesa começaria em 1916 a convocar jovens por todo o país, tendo o Exército falta de oficiais, e entre estes, de profissionais formados em áreas técnicas, como a saúde. O Corpo Expedicionário Português, a força militar destacada para a Flandres francesa, receberia em Tancos uma formação militar básica, a qual se revelou insuficiente para o tipo de guerra travada, devido a novas armas, novas táticas militares e aos avanços tecnológicos ocorridos na frente europeia. Foi necessária uma formação suplementar ministrada pelos britânicos em várias áreas, como na Medicina, onde os nossos médicos foram enquadrados nas estruturas médicas do Exército Britânico, dotadas de uma distinta formação e prática de trabalho. Entre os médicos que lutaram na Flandres francesa e em África, figuram vários alferes, jovens formados pela Escola Médico-cirúrgica do Porto e oriundos de Santo Tirso, como o caso de António Cardoso Fânzeres,

Raul Augusto Castro Fernandes, Manuel Ferreira da Silva Fonseca e José Cardoso de Miranda. Faziam parte de uma geração de médicos tirsenses, que pelo nascimento ou percurso de vida fizeram em Santo Tirso a sua carreira profissional e envolveram-se na sociedade tirsense. Estes jovens médicos teriam um papel importante na saúde pública local contribuindo para o combate a várias epidemias que cresceram e alastraram com a guerra, como o Tifo, a Gripe Pneumónica e a Varíola. Mas igualmente emprestaram a sua experiência e dinamismo às estruturas locais integrando o quadro clínico do Hospital Conde de S. Bento, tornando-se facultativos do partido municipal (médico municipal) e autoridades locais, em representação do Estado para a área da saúde (Sub-Delegado de Saúde). Mas Santo Tirso já tinha uma tradição no auxílio médico à população e aos mais necessitados, fruto de uma classe médica estabelecida na vila que, devido ao apoio da sociedade local, soube mobilizar-se para as questões da saúde pública. A 27 de maio de 1877 seria criada uma Casa de Saúde na Rua Cirilo Machado (atual Rua Prof. Dr. Joaquim Pires de Lima), devido ao dinamismo de um conjunto de senhoras tirsenses, lideradas por D. Maria do Carmo Azevedo. A 3 de julho de 1885 essa vontade era renovada com o compromisso e criação da Irmandade e Santa Casa da Misericórdia de Santo Tirso. Este caminho daria bons resultados com a construção em Santo Tirso do primeiro hospital, para o qual concorreu de forma decisiva o grande benemérito tirsense Manoel José Ribeiro, Conde de S. Bento. O edifício foi inaugurado a 28 de agosto de 1891 na Praça


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Cultura


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Cultura

#36

MÉDICOS TIRSENSES UMA EVOCAÇÃO DA GRANDE GUERRA

Conde de S. Bento, atual Parque D. Maria II. O médico José António Alves Ferreira de Lemos, facultativo do partido municipal, foi um dos primeiros clínicos que acompanhou estas mudanças: a formação da Irmandade e a construção do hospital.

Em 1913 era já manifesta a falta de espaço e condições no antigo hospital, tendo o provedor da Santa Casa da Misericórdia de Santo Tirso, Domingos Wenceslau Moreira da Silva apresentado uma proposta para a edificação de novo hospital. Este desafio e propósito da Irmandade levou vários anos a cumprir, com uma guerra mundial pelo meio, que Por vontade testamental de José Luiz d’Andrade começou a dificultou a concretização do projeto, encarecendo as prestar serviço médico regular na matérias-primas e as dificuldades de Santa Casa da Misericórdia de financiamento. Uma indómita Santo Tirso. Na época, a valorização vontade da Irmandade e Santa Casa Este hospital participou ativamente na da função profissional e social do permitiu tornar realidade algo que política de saúde pública da primeira médico granjeou adeptos e fez se afigurava um sonho, a república, sendo uma referência e uma aparecer em Santo Tirso outros inauguração do novo hospital a 26 escola para médicos, e na prática de médicos, sendo figuras de relevo os de outubro de 1919. A sua médicos António Augusto Rodrigues construção demorou 6 anos e a enfermagem no início do séc.XX. Ferreira, Arnaldo Baptista Coelho e mobilização da sociedade tirsense. José Coelho de Andrade. Foi constituída uma comissão para angariar donativos, o O Hospital Conde de S. Bento tornou-se um lugar de lançamento de uma lotaria, o concurso das instituições locais, referência, disponibilizando cuidados de saúde e constituindocom a Fábrica de Santo Thyrso e o mais importante; o apoio se como espaço de formação, em complemento ao trabalho dos irmãos brasileiros, com destaque para a comunidade realizado pelos médicos contratados pelo município. Nesta emigrante no Rio de Janeiro e em especialmente a figura de área as autarquias detinham várias responsabilidades na Albino de Sousa Cruz. prestação de cuidados de saúde pública, cuja função foi reforçada pela legislação republicana. Na região o Hospital Este hospital participou ativamente na política de saúde tornou-se uma referência no apoio ao operariado têxtil, em pública da primeira república, sendo uma referência e uma acolher casos de acidentes de trabalho e devido a incêndios, escola para médicos, e na prática de enfermagem no início do assim como, um apoio perene no combate às grandes séc.XX. No seu primeiro corpo clínico figuravam os médicos epidemias que assolaram a região do Porto no início do séc. Arnaldo Baptista Coelho, veterano desta prática e o jovem Raul XX. Augusto Castro Fernandes, um dos militares que participou na


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Cultura

Grande Guerra, na Brigada do Minho. Foi médico parteiro e mais tarde diretor clínico do Hospital. Foi igualmente médico municipal e posteriormente, da Caixa de Previdência. Mas por onde andaram os outros médicos tirsenses que combateram na Grande Guerra? António Cardoso Fânzeres, foi médico municipal e posteriormente diretor do laboratório e banco de sangue do Hospital Santo António; Américo Pires de Lima foi médico, botânico e professor universitário na cidade do Porto. No caso de José Cardoso Miranda, médico expedicionário em Moçambique, desenvolveu uma longa carreira como médico sendo Sub-delegado de Saúde, médico municipal e do Hospital Conde de S. Bento. Foi ainda um tirsense interventivo no seu tempo, como Vice-presidente da autarquia e diretor do Clube Tirsense. A Irmandade e Santa Casa da Misericórdia de Santo Tirso decidiria mais tarde elevar este médico à condição de irmão benemérito. O presente texto surge no âmbito da realização da exposição Portugal e a Grande Guerra. Organizada pela Câmara Municipal de Santo Tirso para assinalar o centenário do fim da Primeira Guerra Mundial, a exposição constituiu uma evocação, e homenagem, aos 180 militares tirsenses que participaram neste conflito, entre os quais, vários jovens médicos. • POR NUNO OLAIO (HISTORIADOR)


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Cultura

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CONCERTO VINHO II 20 ANOS DO CORAL DA MISERICÓRDIA

Concerto e vinho verde! Vinte Anos de um Coro! Uma Adega! Música, canções, cânticos…. vozes afinadas, elegância, disciplina, competência: um Concerto belíssimo! O sítio, a acústica, a imagem, a interação dos Coros e do público, a empatia que circulava continentes e sonoridades, as mensagens dos textos e dos poemas, a graça disfarçada em competência, o humor solidário e certinho, a disciplina ensaiada em conjunto, os músicos adaptáveis aos tempos dos coralistas, os meninos grandes e as crianças crescidas, as vozes femininas e as masculinas, os fundadores e dirigentes, os de todas as semanas e os precários...e aquelas lembranças, aqueles sítios onde o Coro atuou, o grupo que se fez, os sonhos realizados, os parabéns ao amado Maestro: José Manuel Pinheiro; um Concerto assim teve que ter vinte anos de preparação! Concerto/Adega, músicas, cânticos, … canções de Portugal e de outros continentes – Zeca Afonso, Beatles; o Brasil e a Libéria…Coros: Grupo Coral da Santa Casa da Misericórdia de Santo Tirso, EVPM – Ensemble Vocal Pro Música, AMTROL VOCALFA – Guimarães, Coro dos Pequenos Cantores de Santo Tirso. Com um Verde de Honra se homenageou o Dr. Jaime Oliveira e o Eng. António Sousa Cruz que tiveram a feliz ideia de criar o Coro. Associou-se, a este concerto a Santa Casa da Misericórdia de Santo Tirso, a Adega Cooperativa de Santo Tirso e Trofa e a escultora Olga Marques.


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Cultura

CONCERTOS COM ORQUESTRA 29.12.2018 às 21H30 Concerto de Natal - Igreja Matriz de Santa Cristina do Couto. 04.01.2019 às 21H00 Sarau de Reis promovido pela União de Freguesias de STS 05.05.2019 às 21H30 Encontro de Coros Internacional

A canção do “Verde Vinho” (adaptada) alegrou o momento final: agradecer a todos os elementos dos grupos corais, dos músicos convidados, dos responsáveis/dirigentes, dos homens e mulheres que colaboraram para que tão belo e importante evento acontecesse. A adega esteve cheia de gente feliz, música, magia… PARABÉNS! Felicidades! Sucesso para os anos vindouros. • POR ZÉLIA SOUTO (CORALISTA)


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POEMAS EMOÇÕES

Procuro-me nesta vida de estar e não estar, de encanto e desencanto, de tristeza e alegria, e tento encontrar intactas as minhas emoções a cada dia. Tenho na alma a saudade de emoções sentidas, de tempos passados, de sonhos que fui sonhando, de histórias que fui vivendo, de vidas que fui ajeitando. Emília Marques (Ajudante de Lar na Casa Abrigo)

Emoções, caminham livres e soltas como aquelas flores que no alto da montanha vivem e a quem ainda ninguém deu um nome habitam e incendeiam os dias e as noites encontram vontades e limites de quem empedernido resiste em deixar o coração pulsar emoções presas geram mal estar experiência las faz bem ao corpo e à mente deixemos que elas aconteçam em nós emoções são poemas, detalhes vividos ou não...mas sentidos!

Imagens guardadas em foto Instantâneos onde o tempo parou Provoca desatinos no coração Algo do muito que marcou Numa linguagem d’entrega Mão cheia de sensação Por ser ou não sonhadora Na poesia minha paixão Emocionada a ouvir o mar Pergunto pelas minhas pegadas Pelos pés na areia marcadas Que nas ondas resolveu levar Difícil querer ser diferente Como moldada por cinzel Vivo com os moldes de nascença Com emoções à flor da pele

Céu Machado (Voluntária na ISCMST) Anyta (Irmâ da ISCMST)


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POEMA OLHAR EM FRENTE

Ainda penso em ti. Sรฃo pensamentos turbulentos que o tempo irรก clarear. Do passado ficou o aprendizado, o grito sufocado, o nรณ desatado. Ainda dรณi! Daquele nada que fui encontrei um rumo. Feridas tratadas! Sorriso aberto! Olho em frente. Estou aqui. Sou presente! Sofia Mendes (Ajudante de Lar na Casa Abrigo)

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Cultura Cultura


Quais são os 3 locais favoritos em Portugal? Portugal encanta-me pela sua beleza natural, daí os meus locais de eleição serem o Parque Natural da Peneda Gerês, o Douro e o Parque Natural de Montesinho. O que a deixa cheia de orgulho no concelho de Santo Tirso? Não sendo de Santo Tirso, orgulho-me da calma que esta cidade nos transmite, mas sobretudo das amizades que conquistei ao longo destes anos. E na Misericórdia? Orgulho-me dos sorrisos sinceros que conquisto todos os dias dos meus idosos. Quais as duas músicas que tem ouvido recentemente? “Quem me dera” - Marisa e “A Miúda Gosta” Carolina Deslandes E o filme que marcou a sua vida? Dirty Dancing, de Emile Ardolino, quando era ainda uma adolescente. Um livro para ler antes de dormir? “O Pequeno Príncipe” de Antoine de Saint Exupéry. Este livro, não é somente um livro mas uma gigantesca lição de vida. Prefere praia ou cidade? Por esta ordem: Campo, campo e campo.. Se pudesse escolher a vista de sua casa, como seria? Como já deu para perceber adoraria viver algures num espaço de turismo rural, abrir a janela e deparar-me com a bela paisagem envolvente. O que mais valoriza no ser humano? A sinceridade aliada à verdadeira solidariedade.

RE VE LA ÇÕES... O tema desta revista é “Emoções”. Emociona-se facilmente com quê? Emociono-me muito facilmente com a ausência de afeto e de sentimento pelo outro. Emociono-me também com os pequenos gestos que conquistam sorrisos e exprimem a felicidade dos idosos. É o que me motiva todos os dias! NOME ILDA MEIRELES CATEGORIA PROFISSIONAL TÉCNICA AUXILIAR DE SERVIÇO SOCIAL 1 ANTIGUIDADE NA INSTITUIÇÃO 22 ANOS






CLÍNICA DE MEDICINA FÍSICA E REABILITAÇÃO

A Clínica de Medicina Física e Reabilitação dispõe das seguintes áreas de especialidade:

Terapia da Fala Terapia Ocupacional Fisioterapia Psicologia Nutrição Dispomos de uma unidade infantil em todas as especialidades

ACORDOS: ARS // ADSE // SAD / GNR // PSP // ADM / IASFA // PORTUGAL TELECOM // CGD // TRANQUILIDADE // AXA // SAÚDE PARTICULAR //

Horário de funcionamento: 2ª a 6ª feira das 08h00 às 20h00 Rua Cinco de Outubro, 4780-383 Santo Tirso Telefone 252 808 265 Email fisiatria@misericordia-santotirso.org www.misericordia-santotirso.org

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HOTEL CIDNAY Rua Dr. Joรฃo Gonรงalves, Apartado 232 4784-909 Santo Tirso TEL 00 351 252 859 300 FAX 00 351 252 859 320 E-MAIL reservas@hotel-cidnay.pt comercial@hotel-cidnay.pt

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