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Mundiais Superbike no Estoril

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BMW R18

BMW R18

Jonathan Rea campeão

numa ronda de muitas despedidas

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De 16 a 18 de outubro, os Mundiais Superbike regressaram a Portugal, desta feita no Autódromo Fernanda Pires da Silva (Estoril). Foi a ronda final da temporada, em que se iriam decidir os títulos do WSBK e do WSSP300, havendo apenas contas fechadas no WSSP.

Graeme Brown/GeeBee Images

A pandemia criou diversos constrangimentos ao calendário dos Mundiais Superbike. Sete das rondas inicialmente programadas não puderam ser disputadas, mas Portugal não só manteve o seu lugar, como teve direito a dupla visita: a segunda no Estoril, assistindo ao término de uma época muito atípica. No WSBK, a questão era essencialmente matemática: Jonathan Rea (Kawasaki) liderava com mais 59 pontos do que Scott Redding (Aruba.it Ducati), vantagem que o deixava muito tranquilo e sem precisar de arriscar. Já Redding estava com uma vantagem semelhante sobre o colega Chaz Davies e estava a caminho de ser vice-campeão na época de estreia. Um pouco mais animada estava a luta pelo terceiro lugar: o britânico seguia apenas com mais 19 pontos do que Michael van der Mark (Pata Yamaha). Este era um traçado novo para a grande maioria dos pilotos, pelo que tinham a tarefa adicional de adaptação e estudo. No WSBK, destaque para Sheridan Morais, com o luso-sul-africano a ser a aposta da Orelac VerdNatura para o lugar do lesionado Maximilian Scheib. Quanto ao WSSP, Andrea Locatelli (BARDAHL Evan Bros./Yamaha) selara já o título, procurando apenas aumentar o seu registo vitorioso no Estoril depois de não ter ganho qualquer das corridas de França na jornada anterior. Lucas Mahias (Kawasaki Puccetti Racing) também já estava garantido na segunda posição. O seu colega Philipp Öttl ainda visava ultrapassar o terceiro classificado Jules Cluzel (GMT94 Yamaha). No WSSP300, a luta pelo título estava em aberto. Jeffrey Buis liderava, mas com apenas mais 28 pontos do que Scott Deroue. Os homens da MTM Kawasaki Motoport eram os únicos com hipóteses matemáticas de chegarem ao título. A colorir o pelotão com a bandeira portuguesa estavam Pedro Fragoso (Machado Came SBK), Tomás Alonso (Kawasaki Rame Moto Racing Team) e o estreante absoJonathan Rea campeão na penúltima corrida principal do ano.

TEXTO: Bernardo Matias

luto Miguel Santiago (Yamaha MS Racing).

WSSP300, TREINOS LIVRES: IERACI MAIS FORTE

O Mundial de Supersport 300 marcou o começo da ação em pista no Estoril, com a primeira sessão de treinos livres dividida nos habituais grupos A e B. Os mais rápidos estiveram no grupo A, onde perto do fim da sessão Nick Kalinin (Battley-RT Motorsports by SKM-Kawasaki) assinou o melhor tempo em 1m52,146s para bater Bruno Ieraci (Kawasaki GP Project) por 0,084s. Alonso assinou o 17.º tempo mesmo na frente de Santiago depois de ter chegado a comandar, enquanto Fragoso foi 21.º. Ieraci liderou o FP2 do grupo A e no combinado, 0,092s na frente de Mika Pérez (Prodina Ircos Team/ Kawasaki). Dos lusos, o melhor do FP2 foi Alonso em 18.º, sendo Fragoso 21.º (único dos três a melhorar) e Santiago 23.º. Os FP3 foram os mais rápidos de ambos os grupos. Ieraci assinou o melhor tempo de todos, ficando 0,366s na frente de Pérez no grupo A. No somatório de ambos os grupos, Kevin Sabatucci (Kawasaki GP Project), mais rápido do grupo B, foi segundo a 0,211s de Ieraci. Alonso acabou os treinos em 39.º, Fragoso em 42.º e Santiago em 44.º depois de ser o único luso a não progredir sábado de manhã.

WSSP300, SUPERPOLE E LAST CHANCE RACE: KALININ RUBRICOU POLE POSITION; LUSOS FORA DAS CORRIDAS

No início da tarde de sábado (17 de outubro) disputou-se a última sessão de superpole da época do WSSP300, no Estoril. Foram vários os homens a passar pela liderança, com trocas constantes durante os primeiros 13 minutos. Kalinin acabou por ser mais rápido do que todos rubricando a pole position

0,054s na frente de Pérez. Ieraci foi terceiro após ser mais veloz nos treinos. Dos protagonistas da luta pelo título, Deroue foi o melhor em 18.º logo na frente do líder do campeonato, Buis. Seguiu-se a corrida Last Chance, em que os pilotos não apurados para a qualificação perseguiam as seis últimas vagas nas corridas principais: entre eles os três portugueses. Porém, a sorte não esteve do lado de nenhum deles. A vitória na prova foi de Thomas Brianti (Prodina Ircos Team/Kawasaki), que liderou boa parte da corrida e no fim impôs-se perante Blin (Biblion Motoxracing Yamaha) por 0,162s. Marco Gaggi (Machado Came SBK/Yamaha), Oscar Núñez Roldán (Scuderia Maranga Racing/ Kawasaki), Alessandro Zanca (GP Project/Kawasaki) e Sylvain Markarian (Yamaha MS Racing) também consumaram o apuramento. Santiago foi sétimo e falhou o objetivo por apenas 2,832s, com Fragoso em oitavo. Alonso não evitou o abandono na terceira das dez voltas.

WSSP300, CORRIDAS: JEFFREY BUIS CONSAGRADO COMO CAMPEÃO

Ainda no sábado, 17 de outubro, houve a primeira corrida. Foi uma prova que consagraria o campeão antecipadamente e foi intensa. Um quarteto escapou na frente, composto por Pérez, Koen Meuffels (MTM Kawasaki Motoport), Booth-Amos e Ieraci. Destes, os três primeiros destacaram-se de Ieraci na reta final, com uma luta ao photo-finish: Pérez triunfou 0,013s na frente de Meuffels, com Booth-Amos logo a seguir a 0,055s. Buis recuperou até sexto, suficiente para celebrar desde logo o título já que o rival Deroue quedou-se em oitavo. Já com campeão conhecido, a época do WSSP300 chegou ao fim com a segunda corrida do Estoril. Depois de uma interrupção com bandeira vermelha, a prova teria Meuffels e Samuel di Sora (Leader Team Flembo/Kawasaki) em destaque. Os dois distanciaram-se do restante pelotão para batalharem entre ambos pelo triunfo. Meuffels levou a melhor no encerramento de uma temporada favorável para as cores holandesas, batendo di Sora por 0,219s. Pérez teve de suar para conservar o terceiro posto à frente de Bahattin Sofuoglu (Biblion Motoxracing Yamaha), com Kawakami a levar as cores do Brasil ao quinto posto. Buis, já consagrado campeão, foi 18.º. O campeonato terminou com Buis como campeão com mais 34 pontos do que Deroue, sendo Sofuoglu terceiro a 78 pontos.

WSSP, TREINOS LIVRES: ÖTTL CHEGOU À FRENTE NO FP3

Com as contas da frente já decididas, o WSSP teve um FP1 no Estoril muito útil para os pilotos conhecerem uma pista nova para muitos. O melhor tempo foi da autoria de Lucas Mahias, com o francês da Kawasaki Puccetti a rodar em 1m41,193s antes de sofrer uma pequena queda. Isaac Viñales (Kallio Racing/Yamaha), que também liderara, ficou a 0,054s, com Raffaele de Rosa em terceiro a bordo da MV Agusta. A segunda sessão acabou por ser mais rápida no dia inaugural. Impôs-se de Rosa, que com as cores da MV Agusta não mais cedeu. Hannes Soomer (Kallio Racing/Yamaha) ficou a 0,052s, sendo Mahias terceiro a 0,118s. No sábado de manhã, os pilotos ultimaram as suas preparações no FP3. Foi uma sessão com muitos homens a passarem pela liderança ao longo dos seus 20 minutos, Locatelli e Mahias acabaram trajetória no WSSP com triunfos.

Jeffrey Buis sagrouse campeão do WSSP300 no Estoril.

mas quem imperou foi Philipp Öttl (Kawasaki Puccetti), com a melhor volta do fim de semana até então: 1m40,230s. Superou Soomer por 0,311s. Estes foram também os melhores registos dos treinos livres, com de Rosa em quarto do combinado graças à sua marca no FP2.

WSSP, SUPERPOLE: LOCATELLI ARREBATOU A POLE POSITION

O início da Superpole do WSSP no Estoril ficou marcado pela queda de Soomer, que teve a sua sessão comprometida. Nos primeiros minutos, passaram pela dianteira pilotos como Jules Cluzel (GMT94 Yamaha), Mahias e Öttl, antes de Andreea Locatelli (BARDAHL Evan Bros./Yamaha) assumir o controlo. Posteriormente foi superado por de Rosa, que ao fim de cerca de cinco minutos não foi capaz de suster a melhoria de Mahias. Determinado em ficar com a pole position, Locatelli reagiu e alcançou o objetivo deixando Mahias a 0,146s. Öttl obteve o terceiro posto à partida, com de Rosa em quarto e o surpreendente Danny Webb (WRP Wepol Racing/Yamaha) a fechar o top cinco.

WSSP, CORRIDAS: LOCATELLI E MAHIAS DESPEDIRAM-SE COM TRIUNFOS

A corrida começou com de Rosa a assumir o comando na primeira volta, relegando Locatelli a segundo. O italiano recuperou logo na segunda volta e na terceira um incidente de Peter Sebestyen (OXXO Yamaha Team Toth) obrigou a interromper a prova para limpar a gravilha da pista. No reatar, de Rosa e Mahias colidiram um com o outro na curva dois do Estoril e abandonaram. Daí em diante, Locatelli não teve mais rivais à altura e venceu tranquilamente. Öttl concluiu em segundo a 1,591s, batendo Soomer na animada disputa pelo terceiro posto. Viñales e Steven Odendaal (EAB Ten Kate/Yamaha) completaram o top cinco. No dia 18 de outubro, deu-se por encerrado o WSSP, edição 2020. Foram 18 últimas voltas intensas e dramáticas, apesar de as contas já estarem encerradas de antemão. Mahias assumiu a liderança na primeira volta e aparentou ter argumentos para se escapar, mas os rivais conseguiram-no apanhar e perdeu mesmo a liderança para Öttl na quinta volta. Reagiu e recuperou logo na volta seguinte, antes de De Rosa passar para o topo na volta sete. A prova estava frenética, com constantes mudanças de líder e Locatelli a aproximar-se do trio da frente. Tudo se decidiu na última volta, quando Mahias passou em definitivo para o topo. Locatelli acabou em segundo a 0,886s, sendo de Rosa terceiro. Odendaal acabou em quarto na frente de Öttl, que à entrada da última volta era o líder. Nas contas finais do campeonato, Locatelli ficou em primeiro com mais 104 pontos do que Mahias. Öttl conseguiu acabar em terceiro, superando Cluzel por dois pontos. Odendaal segurou o quinto posto um ponto à frente de De Rosa.

WSBK, TREINOS LIVRES: DOMÍNIO ABSOLUTO DE REDDING

A primeira sessão do Mundial de Superbike no Estoril teve um só sentido: o de Scott Redding. Sylvain Barrier (Brixx Performance/Ducati) ainda foi o primeiro a completar uma volta lançada, mas daí em diante só o homem da Aruba.it Ducati liderou. Garantiu em definitivo o primeiro lugar nos derradeiros minutos rodando em 1m37,181s. Quem ficou mais próximo foi Garret Gerloff (GRT Yamaha) a 0,438s,

ao passo que Loris Baz (Ten Kate Yamaha) e o duo da Pata Yamaha Toprak Razgatlioglu e Michael van der Mark fecharam o top cinco. Em 21.º colocou-se o luso-sul-africano Sheridan Morais (Orelac Racing VerdNatura/Kawasaki). O segundo treino livre voltou a ser liderado por Redding, mas não com a supremacia demonstrada na primeira sessão. Baz foi líder durante grande parte do FP2 depois de uma entrada forte, estando vários minutos no topo antes de ser batido por Razgatlioglu. Este não se aguentou muito tempo na dianteira, com Redding a ser 0,089s mais veloz. Até ao fim, o britânico não viria a ser ultrapassado, para liderar o treino. Baz foi terceiro, Jonathan Rea (Kawasaki) quarto e Alex Lowes (Kawasaki) quinto. Morais concluiu em 21.º. Diversos pilotos haviam de melhorar no sábado de manhã no FP3, que mais uma vez foi liderado por Redding. O #45 assumiu a dianteira ainda nos primeiros cinco minutos para nunca mais a largar, acabando 0,102s na frente de Razgatlioglu. Rea foi terceiro a 0,216s, com van der Mark e Gerloff nas posições subsequentes a quatro décimas. No top cinco combinado, apenas Baz, em quarto, não fez a sua melhor marca no FP3. Apesar de melhorar, Morais quedou-se em 21.º dos treinos livres.

WSBK, SUPERPOLE: RAZGATLIOGLU NA POLE POSITION APÓS SESSÃO ATÍPICA

A Superpole do WSBK no Estoril teve contornos pouco habituais, sendo até interrompida por uma bandeira vermelha. Vários pilotos caíram, entre eles Redding, Rea e Barrier que foi até encaminhado ao centro médico do circuito. Na luta pela pole poisition, Razgatlioglu acabou por superar Leon Haslam (Team HRC) nos instantes finais, ao ser 0,702s mais rápido. Gerloff foi quarto, com Chaz Davies (Aruba.it Ducati) em quarto e Michael Ruben Rinaldi (Team GoEleven/Ducati) em quinto. Rea não foi além de 15.º e Redding nem chegou a fazer um tempo depois da queda ficando relegado ao fundo da grelha de partida. Envergando a bandeira portuguesa, Morais assinou o 18.º tempo.

WSBK, CORRIDAS 1: JONATHAN REA CONSAGROU-SE CAMPEÃO

Como habitualmente, o sábado à tarde teve a primeira corrida do WSBK. Arrancando da pole position, Razgatlioglu não desperdiçou a chance de ficar na frente. Mais atrás, Redding conseguiu ganhar seis lugares e Rea oito, com ambos a terem alinhado de uma zona recuada na grelha de partida. Gerloff rodou inicialmente em segundo, mas com duas voltas cumpridas foi ultrapassado por Rea, que assim chegava ao top três. Na frente, Razgatlioglu não deu quaisquer chances aos rivais, escapando-se do restante pelotão. Entretanto, Redding abandonou com problemas na sua Ducati, o que entregou desde logo o título a Rea. Este viria a perder de novo o lugar para Gerloff, quando, entretanto, já fora superado por Chaz Davies (Aruba.it Ducati). Nas últimas cinco voltas, nada mais se alterou

Despedida vitoriosa de Davies da Aruba.it Ducati.

Kawasaki e Rea comemoraram títulos no Estoril.

nas posições cimeiras. Razgatlioglu venceu com 3,039s de avanço sobre Davies, com Gerloff em terceiro a estrear-se no pódio. Rea foi quarto e Haslam quinto. Mais abaixo, Morais concluiu em 16.º, ficando a 8,169s do último ponto.

WSBK, CORRIDA SUPERPOLE: YAMAHA SUPERIORES COM RAZGATLIOGLU NO TOPO

O derradeiro dia da temporada do WSBK colocou os pilotos pela frente pela segunda vez no fim de semana com a corrida Superpole. Razgatlioglu partiu da pole position e destacou-se rapidamente na frente. Gerloff foi o seu principal perseguidor e cortou a meta em segundo a 1,928s. Numa corrida dominada pelas Yamaha, van der Mark completou o top três a 2,940s. Assim, estava definida a primeira linha da grelha da segunda corrida principal. Seguiram-se Davies, Rea e Redding. Ao cair ainda na primeira volta, Lowes acabou por se ver relegado ao fundo da grelha. Morais concluiu em 19.º.

WSBK, CORRIDA 2: DAVIES DISSE 'ADEUS' À DUCATI A TRIUNFAR

Na tarde de domingo, dia 18 de outubro, aconteceu a segunda corrida do Estoril, última da temporada do WBSBK. A pole position era de Razgatlioglu, que só se manteve na frente até ser ultrapassado por Davies na volta dois. O turco passou então a disputar o segundo posto com Rea e os dois tocaram-se quando Rea tentou a ultrapassagem na curva três. O britânico conseguiu seguir em frente, mas longe da frente. Quem aproveitou foi Redding, que passou para a frente de Razgatlioglu. O #45 foi o principal perseguidor de Davies ao longo de boa parte da corrida, mas não chegou a estar em posição de atacar o colega de equipa. Davies venceu com 1,951s de Redding para se despedir da Aruba.it Ducati liderando uma dobradinha da equipa. Razgatlioglu concluiu em terceiro a 2,556s. Van der Mark não foi além de quarto na última corrida com a Pata Yamaha. Álvaro Bautista encerrou a sua primeira época ao lado da Team HRC em quinto lugar da prova lusa. Quanto a Morais, fechou a participação em 18.º. Uma vez conquistado o título, Rea assumiu ao site oficial do WSBK que em 2020 tudo foi mais complicado, com a competitividade a crescer no pelotão: ‘A Ducati é mais forte este ano, a Yamaha é mais forte, a Honda saiu-se bem e agora há vários pilotos bons. […]. Este ano as outras equipas e pilotos estão agora a perceber como fazer isso e são mais consistentes. O WSBK é agora muito competitivo e todos os outros são agora mais consistentes ao longo de uma temporada’. O WSBK terminou com Rea como campeão. Ficou 55 pontos à frente do rookie Redding, sendo Davies terceiro na sua derradeira época com as cores da Aruba.it Ducati. Razgatlioglu foi quarto e van der Mark terminou a sua aventura na Pata Yamaha com o quinto lugar.

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